Você está na página 1de 18

INJUSTIÇAS SOCIAIS

Uma Abordagem Social e Teológica

(Dissertação)

RAÚL JOAQUIM GERMANO

(4º Ano do Curso Superior Modelar de Teologia)

Trabalho apresentado em
cumprimento das exigências da
da cadeira de Ética, orientado
pelo Professor Msc. José Lando Badukila.

INSTITUTO TEOLOGICO EVANGELICO CHARLES HARVEY EM ANGOLA


Fevereiro – 2019

1
PENSAMENTO

“A desconsideração total pela formação


integral do ser humano e sua redução a
puro treino fortalecem a maneira
autoritária de falar de cima para baixo”.

Paulo Freire

2
INTRODUÇÃO

Considerando que os Estados membros da ONU, no mundo todo, se


comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações
Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do Homem e das liberdades
fundamentais, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos
direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana,
na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a
favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de
uma liberdade mais ampla.

A dignidade da pessoa humana clama por justiça, onde quer que ela esteja, e
seja ela quem for. Transigir com o desrespeito à supremacia da sensibilidade do
ser humano, negando-lhe essa qualidade, é, acima de tudo, abrir mão de
qualquer sentimento moral, negando ao homem o direito de existir. A superação
da indiferença e uma postura responsavelmente empática são fundamentais
para a superação da frieza da materialidade imposta pelo mundo individual e
materialista. A esse respeito, muito própria é a lição de Alceu Amoroso Lima, em
sua monumental obra Os direitos do homem e o homem sem direitos, onde
comenta a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Nesse livro, Alceu Amoroso Lima, também conhecido como Tristão de Athayde,
faz importante distinção entre individualidade e personalidade, citando Jacques
Maritan, que diz:

“O nome pessoa é reservado às substâncias que possuem essa coisa


divina, o espírito, e por isso constituem, cada uma por si só, um mundo
superior a toda a ordem dos corpos, um mundo espiritual e moral que,
propriamente, não é uma parte desse universo e cujo segredo é inviolável,
mesmo ao olhar natural dos anjos”.

Ao passo que o nome do indivíduo é comum ao homem, ao animal, à planta, ao


micróbio, ao átomo. Enquanto a personalidade repousa sobre a subsistência da
alma humana, a individualidade é fundada, como tal, sobre as exigências
próprias da matéria, princípio da individuação, como indivíduos, somos apenas
um fragmento da matéria, estamos submetidos aos outros. Como pessoas, nós

3
os dominamos. Que é o moderno individualismo? Um engano, um quiproquó:
a exaltação da individualidade mascarada de personalidade.

Segundo Azevado (1999), a ordem social, a cidade moderna sacrifica a pessoa


ao indivíduo. Dá ao indivíduo o sufrágio universal, a igualdade de direitos, a
liberdade de opinião e (ao mesmo tempo) entrega à pessoa todas as potências
devoradoras que ameaçam a vida da alma, às acções e reações implacáveis dos
interesses e dos apetites. A questão crucial da justiça está exatamente em fazer
valer os direitos inerentes à personalidade humana, a todo tempo relegados em
detrimento do individualismo e da corruptibilidade do homem.

O holocausto social existente hoje não deriva de más leis, pois a simples
observação do Artigo I da Declaração dos Direitos do Homem seria suficiente
para o estabelecimento de uma convivência harmônica. O que deve fazer o
cidadão, e, especialmente o operador do Direito, é lutar não apenas contra a
injustiça social, mas, sobretudo, contra a sua banalização. Sempre que algo
atentar contra a dignidade da pessoa humana, devemos nos indignar, cobrar e
lutar. Não obtendo sucesso, não podemos achar normal, porque já aconteceu
outras vezes, mas, ao contrário, devemos nos manifestar de modo mais incisivo,
visto que a repetição da injustiça e a aceitação dessa, pode fazê-la normal e
banal, e a banalização do mal é o fim de todos os princípios (Lima, 200).

Objectivos:

1. Conhecer as injustiças sociais no contexto social bíblico teológico milenar;


2. Questionar os artefatos teológicos bíblicos e das injustiças sociais para
melhor compreensão dos factos, e suas evidencias sociais e da Eclésia;
3. Estudar as injustiças sociais para interpretação dos históricos da
problemática da humanidade para o fortalecimento da nossa fé e
daqueles que creem vivem em Jesus Cristo nosso Senhor;
4. Comparar as demais bibliografias disponíveis a respeito das injustiças e
da justiça social, e da doutrina da justificação e escatológica para
fundamentar o conjunto de primícias disponíveis para a sinopse em
estudo.

4
Direitos fundamentais

A Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 representa inegavelmente


o fim de um longo processo ético que, iniciado com a Declaração de
Independência dos Estados Unidos da América e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, levou ao reconhecimento da
igualdade essencial de todo o ser humano, em sua dignidade de pessoa, isto é,
como fonte de todos os valores, independentemente das diferenças de raça, cor,
sexo, língua, religião, origem nacional ou social, opinião, riqueza, lugar de
nascimento ou quaisquer outras condições. De facto, esse reconhecimento
universal da igualdade humana só foi possível quando ao fim da mais
desumanizadora Guerra de toda a história da Humanidade, percebeu-se que a
ideia de superioridade de uma raça, de uma classe social, de uma cultura ou de
uma religião sobre todos os demais, coloca em risco a sobrevivência do Homem
na Terra. Por isso a DUDH, no seu artigo primeiro consagra que todos os
Homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com o espírito de
fraternidade. O que está subjacente a este artigo é a ideia de que quando se dá
o devido lugar à pessoa humana, é possível construir-se uma sociedade justa.
Hodiernamente, e por causa da chamada relação de recepção, todos os países
democráticos incluíram nos seus ordenamentos jurídicos as normas dos Direitos
Humanos da DUDH. Refira-se que a doutrina jurídica mais consensual considera
direitos fundamentais aqueles reconhecidos como tal pelas autoridades às quais
se atribui o poder político de editar normas tanto no interior dos Estados quanto
no plano internacional (Queiroz, 2011).

Direitos humanos

De um modo geral, podemos afirmar que a preocupação universal acerca dos


direitos humanos surgiu no período posterior à II Guerra Mundial como resposta
da Comunidade Internacional às atrocidades cometidas contra a pessoa humana
que não desejava ver repetidas na história da Humanidade. Estes direitos
nascem essencialmente como direitos negativos, ou seja, como obrigações de
omissão ou abstenção por parte do Estado em face de certas condutas dos
cidadãos. É assim o Estado chamado para respeitá-los. Na verdade, a

5
consciência ética colectiva sobre a necessidade que se impõe da defesa dos
direitos sociais, enquanto direitos humanos amplia-se e aprofunda-se a cada dia
que surge. A exigência de condições sociais aptas a propiciar a realização de
todas virtualidades do ser humano é assim intensificada no tempo e traduz-se
necessariamente pelo surgimento de novos direitos. Por conseguinte, é esse
movimento histórico de ampliação, promoção e aprofundamento que justifica o
princípio da irreversibilidade dos direitos já declarados oficialmente, isto é, do
conjunto de direitos sociais fundamentais em vigor. Os direitos sociais enquanto
direitos humanos impõem-se, pela sua própria natureza, não só aos poderes
públicos constituídos em cada Estado como a todos os Estados no plano
internacional, sendo assim também ao próprio poder constituinte, à ONU e a
todas as Organizações Regionais de Estados, e por isso é, parece-nos,
juridicamente inválido suprimir direitos fundamentais por via de novas regras
constitucionais ou convenções internacionais, visto que se está diante de direitos
indisponíveis e a sua defesa resulta de deveres insupríveis. Enquanto direitos
humanos, os direitos sociais são ainda qualificados, tal como universais,
indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. Dito de outro modo os
diversos direitos humanos devem ser entendidos e interpretados como um
conjunto harmonioso. Num Mundo como o nosso em que há muita gente a
padecer de fome, urge a necessidade de cada vez mais tornar realidade a
solidariedade proclamada pelo Pacto Internacional Sobre Direitos Económicos,
Sociais, e Culturais, pois o direito de se alimentar suficientemente faz parte do
núcleo essencial dos direitos humanos, pois representa mera extensão do direito
à vida. Apenas desta forma, julgamos nós, deixaremos de assistir à vergonhosa
situação da fome por que passa uma boa parte da Humanidade (Queiroz, 2011).

Justiça social

Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado ideal de interação


social em que há um equilíbrio, que por si só, deve ser razoável e imparcial entre
os interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas envolvidas em
determinado grupo social. Trata-se de um conceito presente no estudo
do direito, filosofia, ética, moral e religião. Suas concepções e aplicações práticas
variam de acordo com o contexto social e sua perspectiva interpretativa, sendo
comumente alvo de controvérsias entre pensadores e estudiosos.

6
Para Rousseau (1986), existem “...duas espécies de desigualdades: uma, que
chamo natural ou física, porque foi estabelecida pela natureza, e que consiste
na diferença das idades, da saúde, das forças corporais e das qualidades do
espírito ou da alma; outra, a que se pode chamar de desigualdade moral ou
política, pois que depende de uma espécie de convenção e foi estabelecida, ou
ao menos autorizada pelo consentimento dos homens. Consiste está nos
diferentes privilégios desfrutados por alguns em prejuízo dos demais, como o de
serem mais ricos, mais respeitados, mais poderosos, ou mesmo mais
obedecidos”.

Segundo Lacoste (1992), na posição inicial as pessoas livres e iguais deverão


abandonar simpatias e ódios, colocando-se numa situação de imparcialidade,
denominada pelo autor “véu da ignorância”, na qual desconhecem tanto sua
posição social original quanto suas capacidades e preferências. Segundo Rawls
(1985), as pessoas livres, iguais e racionais, assumindo o “véu da ignorância”
como ponto de partida, chegariam a definir, na carta fundadora de sua
associação, os seguintes princípios:

1. “Cada pessoa deve ter um direito igual ao sistema mais amplo possível de
liberdades básicas; todos os societários têm direitos à mais extensa liberdade
compatível com a liberdade dos demais.

2. As desigualdades econômicas e sociais devem ser tais que:

a) Sirvam ao maior benefício dos mais desfavorecidos, dentro dos limites de um


justo princípio de repartição;

b) Devem estar relacionadas a funções e posições abertas a todos, em acordo


com o princípio de justa igualdade de oportunidades”.

Injustiça extrema

Em sua abordagem da injustiça extrema no direito, Alexy não apresenta uma


definição preliminar. Antes, ele parte do clássico caso do Nacional-socialismo,
mencionando a Regulamentação 11 da Lei de Cidadania do Reich, de 25 de
novembro de 1941, que retirou a cidadania alemã de judeus imigrados, e que foi
declarada, pelo Tribunal Constitucional Federal alemão, após a guerra, nula
abinitio, por seu caráter extremamente injusto. O argumento do Tribunal fora o

7
de que algumas leis nazistas, incluída a Regulamentação 11, violaram os
princípios da justiça em um grau tão intolerável que não poderiam ser
consideradas de direito (ALEXY, 1992).

Alexy afirma que tal passagem citada pode ser lida de várias formas, e então
constrói sua versão do argumento da injustiça, afirmando que normas isoladas
de um sistema jurídico perdem, quando ultrapassam determinado limiar de
incorreção ou de injustiça, seu caráter jurídico. Mas qual deve ser esse limiar?
Alexy recorda que Radbruch usa os termos “intolerável” (unerträglich) e
“horrenda” (horrend). Contudo, para ele, o termo “extrema” parece mais
adequado, pois expressa a ideia de um limite localizado na terminação superior
de uma escala. Para ele, “a versão mais curta que se pode conceber da fórmula
de Radbruch rezaria então: a injustiça extrema não é direito”. Antes de investigar
a relação entre o argumento da injustiça e o conceito de direito de Alexy cumpre
averiguar em que medida o argumento da injustiça afeta, na visão de Alexy, a
validade não apenas de normas jurídicas isoladas, mas também de ordens
jurídicas globalmente consideradas. Alexy afirma que o argumento da injustiça,
de Radbruch, constitui uma tese que se refere a normas jurídicas isoladas, e não
a ordens jurídicas globalmente considerada. No Livro Conceito e Validade do Di-
normas (extremamente) injustas perde sua validade como um todo. Alexy aborda
duas possíveis teses, a tese da extensão e a tese do colapso (ALEXY, 1992).

O significado de injustiça

O significado de injustiça decorre, naturalmente, do significado de justiça. Não é


possível, nos limites deste ensaio, sequer enumerar as várias concepções de
justiça já desenvolvidas na filosofia ocidental, quanto menos explicá-las e
determinar seus problemas e virtudes. Felizmente, para se delimitar o significado
de “injustiça” no contexto do argumento da injustiça não é necessário realizar
essa tarefa. Para se delimitar um pouco mais o conceito de injustiça extrema
bastará diferenciar dois tipos de concepções sobre a moral, um deles defendido,
de modo geral, por não-positivistas, e outro defendido, de modo geral, por
positivistas. Como se perceberá, a distinção entre essas duas concepções
desempenha um papel essencial na fixação do conceito de direito. Embora
existam, na história da filosofia ocidental, diversas concepções sobre moral,
duas tendências gerais parecem destacar-se. Para alguns autores, entende-se

8
por moral um conjunto de normas positivas diverso do direito, que tem como
fonte os costumes ou uma autoridade religiosa. Os defensores desse tipo de
concepção geralmente atribuem um caráter relativo e subjetivo à moral (ALEXY,
1992).
Neoliberalismo e a banalização das injustiças sociais

Segundo Hannah (1999) o grande trunfo do neoliberalismo, que o faz bem


sucedido na sua implementação da política de banalização da injustiça social, é
a precarização do trabalho, que se dá através da competição por um lugar no
mercado de trabalho. O neoliberalismo se difere do nazismo apenas nos seus
métodos, pois, enquanto no nazismo, como em outros sistemas políticos
totalitários, a violência se impõe pelo terror e pela força, no neoliberalismo a
violência se dá pela intimidação e pela exclusão social.

Portanto, nesse diapasão, a tão propalada flexibilização das leis trabalhistas


nada mais é que a positivação da banalização da injustiça social e o
sepultamento dos direitos humanos, no que concerne às relações de trabalho.
Mas a referida flexibilização não nos é mostrada em sua face verdadeira.
Aqueles que a querem impor a justificam como a salvação para a situação
catastrófica que se principiou e ainda não concluiu por ter esbarrado em algumas
normas protetivas, dizendo, no caso brasileiro, que a CLT é culpada pelo
desemprego e pela miséria.

A educação ocupa posição de destaque nos processos de desenvolvimento e


construção da sociedade. De facto, sua função se compõe em duas vertentes
principais: (1) instruir profissionais, tornando-os qualificados e capazes de
atender às demandas e às necessidades da sociedade, e, principalmente, (2)
formar cidadãos comprometidos com a relevância, a efetividade, e a qualidade
do seu trabalho1-3 e capazes de refletir sobre sua própria inscrição no mundo
(Rasângela, 2007).

A saúde no contexto das desigualdades sociais e da pobreza

O estado de saúde dos indivíduos resulta das trajetórias de desenvolvimento


pessoal ao longo do tempo, conformadas pela biografia de uma referida ao
contexto social, econômico, político e tecnológico das sociedades nas quais tais
trajetórias se desenvolveram. Assim, os mesmos processos que determinaram

9
a estrutura da sociedade são os que geram as desigualdades sociais e produzem
os perfis epidemiológicos de saúde e doença, tendo em vista que a saúde pode
ser considerada como um fenômeno produzido socialmente e que algumas
formas de organização social são mais sadias do que outras (Rasângela, 2007).

Novos termos usados no NT da Justificação

O verbo diakaioo. Este verbo significa, em geral, “declarar que uma pessoa é
justa”. Ocasionalmente se refere a uma declaração pessoal de que o caráter
moral da pessoa está em conformidade com a lei, Mt 12.37; Lc 7.29; Rm 3.4.
Nas epístolas de Paulo, é evidente que o significado soteriológico do termo
ocupa o primeiro plano. É, “declarar em termos forenses que as exigências da
lei, como condição de vida, estão plenamente satisfeitas com relação a uma
pessoa”, At 13.39; Rm 5.1, 9; 8.30-33; 1 Co 6.11; Gl 2.16; 3.11. No caso desta
palavra, exatamente como no hitsdik, o sentido forense do termo é comprovado
pelos seguintes factos: (a) em muitos casos ela não se presta para outro sentido,
Rm 3.20-28; 4.5-7; 5.1; Gl 2.16; 3.11; 5.4; (b) é posta em relação antiética com
o termo “condenação” em Rm 8.33, 34; (c) expressões equivalentes e
intercambiáveis veiculam uma ideia judicial ou legal, Jo 3.18; 5.24; Rm 4.6,7; 2
Co 5.19; e (d) se não tivesse este sentido, não haveria distinção entre justificação
e santificação (Berkhof, 1949).

Segundo Berkhof, (1949) a palavra dikaios. Esta palavra, ligada ao verbo que
acabamos de comentar, é peculiar em que nunca expressa o que uma coisa é
em si mesma, mas sempre o que é em relação a alguma outra coisa, a algum
padrão que está fora dela, ao qual ela deveria corresponder. Nesse aspecto,
difere de agathos. No grego clássico, por exemplo, o termo dikaios é aplicado a
um carro, a um cavalo ou a qualquer outra coisa, com o fim de indicar que a
coisa referida é própria para o uso pretendido. Agathos expressa a idéia de que
uma coisa corresponde em si mesma ao ideal. Na Escritura, um homem pode
ser chamado dikaios quando, no juízo de Deus, a sua relação com a lei é o que
deve ser, ou quando a sua vida é tal como se requer que sejam por sua relação
judicial com Deus. Isto pode incluir a idéia de que ele é bom, mas somente de
um certo ponto de vista, a saber, o da sua relação judicial com Deus. O
substantivo dikaios, justificação. Vê-se apenas em dois lugares do Novo
Testamento, a saber, Rm 4.25 e 5.18. Denota o ato de Deus pelo qual Ele declara
10
os homens livres da culpa e aceitáveis a Ele. O estado resultante é indicado pela
palavra dikaiosyne.

As Injustiças no contexto das referências bíblicas e teológicas

A injustiça desagrada a Deus. Deus é um Deus justo. A injustiça é pecado e


ofende a Deus. Quem ama Jesus quer agradá-lo, por isso se afasta da injustiça.
Deus recompensará cada pessoa de acordo com seu procedimento: quem
escolhe a justiça terá uma boa recompensa mas quem segue a injustiça será
castigado. “Deus retribuirá a cada um conforme o seu procedimento. Ele dará
vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e
imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam
a verdade e seguem a injustiça”, Romanos 2:6-8.

Mas ainda há uma esperança para quem faz injustiça: Jesus morreu e
ressuscitou para lhe salvar. Deus dá uma segunda chance para quem se
arrepende e aceita Jesus como seu salvador, escolhendo o caminho da justiça.

 Os injustos não hão de herdar o reino de Deus, 1 Cor. 6:9–10.


 Jesus Cristo pode purificar-nos de toda injustiça, 1 Jo. 1:9.
 Um rei injusto perverte os caminhos de toda retidão, Mos. 29:23.
 O alicerce da destruição é estabelecido pela injustiça de vossos advogados
e juízes, Al. 10:27.

 É a natureza de quase todos os homens começar a exercer domínio


injusto, D&C 121:39.

Justiça Original

A imagem de Deus, na qual foi criado o homem, certamente inclui o que


normalmente se denomina “justiça original”. Esse termo diz respeito a condição
do homem, que foi criado sem pecado. Esse facto tem grande respaldo
escriturístico. Em Gn.1.31, após a criação do homem fala que tudo o que Deus
fizera eram muito bom. Salomão também faz uma boa observação do homem
com criatura especial de Deus quando diz:

“Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem recto, mas ele se meteu
em muitas astúcias”, (Ec.7.29). O Novo Testamento testemunha de maneira
semelhante, mas o faz retratando a condição do salvo como uma volta a um

11
estado anterior. Paulo, em sua epístola aos colossenses faz a seguinte
observação:
“Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com
seus feitos, e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl.3.10). Em Efésios,
Paulo faz semelhante afirmação: “...e vos revistais do novo homem, criado
segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef.4.24),
(Berkhof, 1949).
Justificação

Martin Luther uma vez plenamente realizados a verdade da justificação pela fé,
ele se tornou um cristão e foi repleta de nova alegria do evangelho. O principal
problema da Reforma Protestante foi a controvérsia com a Igreja Católica
Romana sobre a justificação. Se quisermos salvaguardar a verdade do
evangelho para as gerações futuras, temos de compreender a verdade da
justificação. Ainda hoje, uma compreensão correta da justificação é a linha entre
o evangelho bíblico da salvação pela fé (Gl 2:16), e todos os falsos evangelhos
de salvação com base em boas obras (Grudem, 1992).

Qual é então a justificação? Podemos definir a seguinte: Justificação é um ato


instantâneo legal de Deus pelo qual Ele declara que os nossos pecados são
perdoados e a justiça de Cristo é nossa, e nos declara justos, em seu Olho
(Grudem, 1992).

Na Septuaginta, quando traduzido tsadak, 'justify') oferece suporte a esse


entendimento. Por exemplo, lemos que os juízes decidam um caso de "absolver
[justificar] os inocentes e condenar os culpados". (Dt 25:1) Portanto, neste caso
"justificar" deve significar "para declarar que é justo ou não culpado", assim como
"condenar" significa "condenar". Não há sentido em dizer que "justificar" aqui
significa "fazer alguém internamente bom," porque os juízes não fazem, ou
podem fazer, que alguém é bom dentro dele. Nem a ação do juiz para condenar
o ímpio faz com que a pessoa é ruim nele, é simplesmente afirmando que aquela
pessoa é culpada em relação a um delito, foi apresentado com o Tribunal de
Justiça ( [Cf.Êxodo 23:7, 1 Reis 8:32; 2 Crônicas 6:23). Da mesma forma, Job
recusa-se a dizer que ele consolou seus amigos estavam certos no que disse:

12
"Eu nunca vou admitir que você está certo" (Jó 27:5, usando as mesmas palavras
em hebraico e grego que significa "justificar".) A mesma idéia é encontrada em
Provérbios: "Encontrado o culpado e condenar o inocente são duas coisas o
Senhor odeia" (Pr 17:15). Aqui a idéia da declaração legal é especialmente forte.
Claro que seria uma abominação ao Senhor se "justificar" significa "] fazer
alguém bem ou direito em seu ser interior. "Nesse caso, "justifica o ímpio" seria
muito bom aos olhos do Senhor. Mas se "justificar" significa "declarar justo" é
perfeitamente claro por que "justifica o ímpio" é uma abominação ao Senhor. Da
mesma forma, Isaías condena "aqueles que justificam ao ímpio por recompensa"
(Is 5:23), e novamente, "justificar" "estado que é apenas" médio (usado aqui no
contexto de uma declaração legal) (Grudem, 1992).

A justificação inclui uma declaração legal de Deus

O uso da palavra justificado na Bíblia indica que a justificação é uma declaração


jurídica de Deus. O verbo para justificar no Novo Testamento (gr. dikaioo) tem
uma gama de significados, mas o senso comum é o de “declarar justo”. Por
exemplo, lemos: “E todas as pessoas e os publicanos, quando ouviram de Deus,
justificado, tendo sido batizados com o batismo de João” (Lucas 7:29) (Grudem,
1992).

Deus pode declarar que somos justos, porque a justiça de Cristo


creditada

Quando dizemos que Deus nos dá a justiça de Cristo para dizer que Deus vê a
justiça de Cristo como o nosso, ou acreditar que ele pertence a nós. Ele creditou
nossa conta. Nós lemos: "Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como
justiça" (Romanos 4:3, citando Gênesis 15:6). Paulo explica: "Aquele que não
trabalha, mas confia em Deus que justifica o ímpio, sua fé leva em conta como
justiça. Davi diz a mesma coisa quando ele fala da bem-aventurança do homem
a quem Deus credita justiça, independentemente de obras "(Rm 4:5-6). Desta
forma, a justiça de Cristo se torna nossa. Paulo diz que são "aqueles que
recebem a abundância da graça eo dom da justiça" (Romanos 5:17) (Grudem,
1992).

Segundo Grudem (1992) diz que essa doutrina nos dá confiança de que Deus
nunca vai pagar pelos pecados que são perdoados com base nos méritos de

13
Cristo. Claro, nós continuamos a sofrer as consequências comuns do pecado
(como um alcoólatra parar de beber ainda pode ter fraqueza física pelo resto de
sua vida, e um ladrão que se justifica ainda pode ter que ir para a cadeia para
pagar por seu crime). Além disso, Deus pode nos disciplinar se agirmos de
maneiras que são de desobediência a ele (veja Hebreus 12:5-11), e faz isso por
amor e para o nosso bem. Mas Deus não pode e nunca, voltar-nos para os
pecados passados e fazer-nos pagar a punição devida para eles e não nos punir
por causa de sua raiva e, a fim de nos prejudicar. “Portanto, não há agora
nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1).
Este fato deve nos dar uma sensação de alegria e confiança diante de Deus
porque nós aceitamos e estão em sua presença como "não culpado" e "justo"
para sempre.

As injustiças sociais no contexto teologia bíblica milenar

Jesus julgara as nações na sua segunda vinda

A opinião dominante é que, nesse tempo, Cristo não descerá à terra, mas
permanecerá nas alturas. Os que morrem no Senhor ressuscitarão dos mortos,
os santos vivos serão transfigurados, e juntos recolhidos para encontrar-se com
o Senhor nos ares. Daí, esta vinda é também denominada “vinda para os Seus
santos”, 1 Ts 4.15, 16. Seguir-se-á um intervalo de sete anos, durante o qual o
mundo será evangelizado, Mt 24.14, Israel se converterá, Rm 11.26, ocorrerá a
grande tribulação, Mt 24.21,22, e o anticristo ou homem do pecado será
revelado, 2 Ts 2.8-10. Depois destes eventos, haverá outra vinda do Senhor com
os seus santos, 1 Ts 3.13, chamada “revelação” ou “dia do Senhor”, no qual Ele
descerá à terra. Esta vinda não pode ser iminente, porque terá que ser precedida
por diversos eventos preditos. Quando desta vinda, Cristo julgará as nações
existentes, Mt 25.31-46, e introduzirá o reino milenar.

14
Julgamento
A Escritura diz com frequência que haverá um grande julgamento final de crentes
e descrentes. Comparecer perante o tribunal de Cristo em corpos ressuscitados
e ouvir o anúncio do seu destino eterno.

O julgamento final é descrita claramente na visão de João no Apocalipse: “Eu vi


um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, fugiu a terra e o
céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé
diante de Deus, e os livros foram abertos: e outro livro foi aberto, que é o livro da
vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros
segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia, e a morte e o
inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as
suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a
segunda morte. E alguém não foi achado inscrito no livro da vida foi lançado no
lago de fogo” (Ap 20:11-15), Da mesma forma, Paulo fala sobre o "dia da ira,
quando Deus revelou Seu julgamento justo" (Romanos 2:5). Outras passagens
falam claramente de que vem um dia de julgamento (ver Mateus 1): 15; 11:22,
24; 12:36, 25:31-46, 1 Coríntios 4:5, Hb 6:2, 2 P 2: 4, Judas 6, e outros.).
Perspectiva dispensacionalista, a passagem de Mateus 25:31-46, não se refere
ao julgamento final (o "grande trono branco" do juízo de que fala Ap 20:11-15),
mas sim um julgamento que vem depois da tribulação e antes do início milênio.
Eles dizem que este será um "julgamento das nações" em que as nações são
julgados de acordo com a forma como trataram o povo judeu durante a
tribulação. (Grudem, 1994).

Segundo Grudem (1994), apresenta a dois momentos:

a) O momento do Juízo

O julgamento final ocorrerá após o milênio e da rebelião que acontece no final


deste. João descreve o reino milenar e a remoção da influência de Satanás sobre
a terra em Apocalipse 20:1-6 e, em seguida, diz que "quando os mil anos,
Satanás será solto da prisão e vai para enganar as nações ... para os congregar
para a batalha "(Ap 20:7-8). Depois de derrotar na final rebelião Deus
(Apocalipse 20:9-10), João nos diz que segue um julgamento: "E vi um grande
trono branco e o que estava assentado sobre Ele" (v. 11).

15
b) Natureza do Julgamento

1. Jesus Cristo será o juiz. Paulo fala de Jesus Cristo "vai julgar os vivos e os
mortos" (2 Tm 4:1). Pedro diz que Jesus Cristo "foi nomeado por Deus como juiz
dos vivos e dos mortos" (Atos 10:42, comparar 17:31, Mt 25:31-33). Este direito
de agir como juiz sobre todo o universo é algo que o Pai confiou ao Filho: "O Pai
... deu-lhe autoridade para julgar, uma vez que é o Filho do homem" (Jo 5:26-
27).

2. Os incrédulos serão julgados. É claro que todos os incrédulos serão exibido


antes de Cristo para serem julgados, para este ensaio inclui "os mortos, grandes
e pequenos" (Ap 20:12), Paulo diz que "no dia da ira, quando Deus revelou Seu
julgamento justo ... "Deus recompensará cada um segundo suas obras" ...
aqueles que rejeitam a verdade para egoísta para segurar o mal, haverá ira de
Deus "(Rm 2:5-7).

16
REFERÊNCIA BIOGRÁFICA

1. RASÂNGELA. (2007). Pobreza, Injustiça, e Desigualdade Social: repensando


a formação de Profissionais de Saúde. Visitado em 20 de Abril de 2019,
Acessado em: http://www.fnepas.org.br/pdf/artigo_educacaomedica.pdf;
2. AZEVEDO, Plauto Faraco de. (1999). Direito, justiça social e neoliberalismo.
São Paulo: Revista dos Tribunais;
3. LIMA, Alceu Amoroso. (2000). Os direitos do homem e o homem sem direitos.
2. ed. Petrópolis: Vozes.
4. ARENDT, Hannah. (1999) Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a
banalidade do mal. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das
Letras.
5. ALEXY, Robert. (1992) Begriff und Geltung des Rechts. Freiburg/München:
Alber.
6. LACOSTE, Jean (1992). A filosofia no século XX. — Campinas, São Paulo:
Papirus.
7. RAWLS, John. (1985) Teoria da la Justicia México. Fondo de Cultura
Econômica.

17
8. QUEIROZ, Cristina. (2011). Direito Constitucional Internacional, Edifício
Coimbra Editora, 1ª Edição, Novembro. Portugal.
9. BERKHOF, L. (1949). Teologia Sistemática. Trad. Filipe Delgado Cortes.
Grand Rapids. Michigan: TELL;
10. GRUDEM. (1994). Teologia Sistemática. Trad. Miguel Messias, José Luís
Martinez;

18

Você também pode gostar