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Publicações sobre violência vivenciada por mulheres

Introdução

A Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência


contra a mulher, “Convenção de Belém do Pará” (1994), definiu que a violência
contra a mulher é qualquer ato ou conduta, baseada no gênero, que cause
morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na
esfera pública como na esfera privada1.
Violência contra a mulher é definida como aquela praticada contra a
pessoa do sexo feminino, simplesmente pela condição de mulher, com a
finalidade de intimidá-la para que o agressor exerça o papel de dominador e
disciplinador2.
A violência praticada contra as mulheres é conhecida como violência de
gênero porque relaciona-se à condição de subordinação da mulher na
sociedade, incluindo se nesse contexto a agressão física, sexual e a
psicológica3.
A violência física é quando uma pessoa tenta causar dano não acidental
por meio de força física ou algum tipo de arma, provocando lesões externas,
internas e ambas4.
A violência sexual é todo o ato no qual uma pessoa em relação de poder
e por meio da força física ou intimidação psicológica para com a outra executa
ato sexual contra a sua vontade. A violência psicológica pode ser conceituada
como toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano à autoestima, à
identidade ou ao desenvolvimento dos indivíduos, por agressões verbais ou
humilhações constantes5.
Em pesquisas de base populacional, realizadas em todo o mundo, entre
10% e 64% das mulheres afirmaram terem sido objeto de agressão física por
parte do parceiro masculino em algum momento de sua vida 6.
Estima-se que o número de casos não notificados de mulheres em
situação de violência praticada por parceiro íntimo seja muito grande. Fatores
como medo do agressor e vergonha da sociedade fazem com que estas
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mulheres não denunciem seus companheiros. Por outro lado, muitas não
reconhecem a situação vivida como violência 7.
A dificuldade de denunciar e de dizer não à violência, como já foi dito,
decorre do medo da violência sofrida, por vergonha, por culpa, por medo do
agressor ou, ainda, pelo sentimento de responsabilidade por tal violência 8.
A violência conjugal manifestada pelas agressões físicas e psicológicas
entre marido e mulher no ambiente doméstico foi considerada por muito
tempo, como um problema privado do casal. A partir dos anos 1980, a
violência entre cônjuges passou a ser considerada como um problema social e
de saúde pública. As mobilizações do movimento feminista contribuíram para o
surgimento de espaços de apoio destinadas às mulheres que enfrentavam
situações de violência9.
A violência contra as mulheres repercute de forma significativa sobre a
saúde das pessoas a ela submetidas, configurando-se como um problema de
saúde pública10.
Apesar de atingir as mulheres em diferentes partes do mundo, dados e
estatísticas sobre a dimensão do problema da violência ainda são bastante
escassos e esparsos11.
No Brasil, a violência ganhou maior importância com a entrada em vigor
da Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, também conhecida como “Lei Maria
da Penha”, que foi uma homenagem à mulher que se tornou símbolo de
resistência a sucessivas agressões de seu ex-esposo 12.
A produção científica sobre violência acompanha o novo perfil de
problemas de saúde no mundo e no Brasil, que associa as morbidades
crônico-degenerativas com as violências e os acidentes 13.
A produção científica em enfermagem no Brasil intensificou-se e passou
a buscar embasamento teórico metodológico a partir da década de 70, fruto da
reforma Universitária de 196814.
As pesquisas sobre violência contra a mulher fornecem informações
sobre a magnitude do problema, constituindo a chave para o
desenvolvimento de programas para a sua eliminação 15.
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Retrata-se a lacuna existente na formação acadêmica e educação


permanente, que repercute na identificação dos casos de violência e na
atenção a saúde dessas mulheres16.
Dada à magnitude da problemática está pesquisa teve como objetivo
levantar o quantitativo de publicações sobre tipos de violência mais vivenciados
por mulheres no período de 2003 a 2013, classificar os tipos de violência
encontrados nos artigos e verificar os anos que mais se publicaram artigos
sobre o tema.
Está pesquisa torna-se importante por trazer informações sobre o
quantitativo de publicações referentes à violência vivenciada por mulheres e
por identificar os tipos de violência mais vivenciados por mulheres.

Métodos

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada na Biblioteca Virtual de


Saúde (BVS-BIREME) na base de dados eletrônica Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), essa busca procedeu-se em
fevereiro de 2014, a delimitação temporal foi de 2003 a 2013.
O levantamento bibliográfico realizado pela internet utilizou-se de
descritores baseados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Violência
contra a mulher, Enfermagem e Violência doméstica.
O estudo resultou em um levantamento de 33 artigos, dos quais
passaram por uma pré-seleção por meio da leitura de títulos e resumos, a fim
de selecionar pesquisas que respondessem a questão norteadora.
Os critérios de inclusão foram: artigos publicados no período de 2003 a 2013
em língua portuguesa e com disponibilidade do texto completo. Os critérios de
exclusão foram: artigos não disponíveis em bancos de dados brasileiros e
artigos que não respondiam a questão norteadora.
A amostra final foi composta de 19 artigos.
Para melhor compreensão e visualização dos resultados da pesquisa,
os dados foram categorizados em categorias temáticas.
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Resultados e Discussão

Foram encontrados 19 artigos publicados sobre os tipos de violência


mais vivenciados por mulheres, os artigos foram agrupados nas seguintes
categorias: violência física, sexual, psicológica, conjugal, econômica,
patrimonial, assédio moral e doméstica (Tabela 1).

Tabela 1- Categorias temáticas de tipos de violência abordados nos artigos de


2003 a 2013.
Tipos de violência Nº %

Física
15 30
Sexual
11 22
Psicológica
13 26
Conjugal
3 6
Econômica
5 10
Patrimonial
1 2
Assédio moral
1 2
Doméstica
1 2
Total 50 100

Nos achados deste estudo, verificou-se que violência física (30%) foi o
tipo de violência mais vivenciado por mulheres e estudado nos últimos anos,
seguido de violência psicológica (26%) e violência sexual (22%),
respectivamente.
Dentro de 19 artigos pesquisados a violência física apareceu em 15
artigos publicados, a psicológica em 13 artigos, a sexual em 11 artigos, a
conjugal em 3 artigos, a econômica em 5 artigos, a patrimonial, assédio moral,
e doméstica apareceram somente uma vez nos artigos publicados.
O artigo Prevalência de violência por parceiro íntimo relatada por
puérperas, falava sobre violência física, psicológica e sexual.
O tema identificação da violência na relação conjugal a partir da
estratégia saúde da família abordava a violência física e conjugal.
5

Perfil sociodemográfico de mulheres em situação de violência assistidas


nas delegacias especializadas trata da violência física, psicológica e sexual.
O estudo sobre Homens e mulheres em vivência de violência conjugal:
características socioeconômicas relatou a violência conjugal e econômica.
No tema Cotidiano e implicações da violência contra as mulheres:
Revisão Narrativa da Produção Científica de Enfermagem. Brasil, 1994-2008
pesquisou sobre a violência física, psicológica e sexual.
A pesquisa sobre Intencionalidades de mulheres que decidem denunciar
situações de violência falou sobre violência física, psicológica e sexual.
Típico da Ação das Mulheres que denunciam o vivido da violência:
Contribuições para Enfermagem relatou a violência física, psicológica e
econômica.
Perspectivas para o cuidado de enfermagem às mulheres que
denunciam a violência vivida abordou a violência econômica, psicológica e
física.
Já o tema Assistência à vítima de violência sexual: a experiência da
Universidade de Taubaté falou sobre a violência sexual.
Representações sociais da violência contra a mulher na perspectiva da
enfermagem pesquisou sobre violência psicológica e sexual.
Percepções dos profissionais de saúde de Angola sobre a violência
contra a mulher na relação conjugal relatou a violência física, psicológica,
sexual, econômica e conjugal.
A violência contra a mulher atendida em unidade de urgência: Uma
contribuição da Enfermagem pesquisou sobre a violência física e econômica.
O estudo sobre O cuidado de enfermagem a vítimas de violência
doméstica falou sobre violência psicológica, física, sexual, patrimonial e
assédio moral.
Na tese sobre violência conjugal sob o olhar de gênero abordava a
violência física, sexual e psicológica.
O processo histórico do arquétipo familiar contemporâneo e a invenção
do incesto falou sobre a violência sexual.
6

Já na tese Repercussões da violência sob a gestação percebidas pelas


gestantes com síndromes hipertensivas fala sobre a violência física e
psicológica.
O tema violência vivenciada pelas adolescentes em situação de rua:
bases para o cuidado de enfermagem em cidadania relatou sobre violência
física, psicológica e sexual.
Violência de gênero contra trabalhadoras de enfermagem em hospital
geral de São Paulo (SP) tratou de violência psicológica, física e sexual.
Responsabilidade do profissional de saúde sobre a notificação de casos
de violência doméstica abordou a violência doméstica.
Os anos que obtiveram maior número de publicações sobre o tema
violência vivenciadas por mulheres foram 2009 (21,0%), 2008 e 2012 (15,7%),
já os anos com um menor número de publicações foram 2006, 2007, 2010
(5,2%), no período de 2003 a 2005 não obteve nenhuma publicação sobre o
tema.

Tabela 2- Ano de publicação dos artigos de 2003 a 2013.


Ano Nº %

2003
0 0
2004
0 0
2005
0 0
2006
1 5,2
2007
1 5,2
2008
3 15,7
2009
4 21,0
2010
1 5,2
2011
4 21,0
2012
3 15,7
2013
2 10,5

Conclusão
7

O estudo desta pesquisa demonstrou que a violência física foi a mais


vivenciada por mulheres e mais pesquisada nos artigos..........................

Referências bibliográficas

1. CONVENÇÃO Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência


Contra a Mulher Convenção de Belém do Pará. 1994.

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agressor brasileiro: Estudos sobre a construção da masculinidade e a
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8

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12. Dias MB. A impunidade dos delitos domésticos. Palestra proferida no IX


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14. Collet N, Schieider JF, Correa AK. A pesquisa em enfermagem: avanços e


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