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FACULDADE ESAMC UBERLÂNDIA

PGE 2
PLANEJAMENTO JURÍDICO

DÉBORA THEREZA SILVA


GABRIELLA DA SILVA ROCHA
KETHULLYN REIS BRASILEIRO
LAISSA FERNANDA MOREIRA
PHELIPE AQUINO CAMBRAIA DA SILVA
VICTOR KAMORY TOLENTINO PACHECO

UBERLÂNDIA-MG
2019
FACULDADE ESAMC UBERLÂNDIA

Trabalho apresentado como requisito parcial na


disciplina de PGE 2, do curso de Direito Noturno, da
Escola Superior de Administração, Marketing e
Comunicação, sob a orientação do Prof.Me. Vinicius de
Paula Rezende.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________
Prof. Vinicius de Paula Rezende (Orientador)

____________________________________
PROFESSOR CONVIDADO

____________________________________
PROFESSOR CONVIDADO

Trabalho aprovado ( ), aprovado com considerações ( ) ou reprovado ( )

UBERLÂNDIA-MG
2019
SUMÁRIO

1. Escritório
2. Cliente e Caso
3. Resumo do PGE 1
4. Peças Jurídicas
4.1 Peças Judiciais
4.2 Peças Extrajudiciais
4.3 Peças Inovadoras
5. Referências Bibliográficas
1. ESCRITÓRIO

Sediado em Uberlândia-MG, a banca Reis e Pacheco advogados associados possui


estrutura para o atendimento ao cliente em diversas áreas do Direito, de modo coordenado e
integrado. Dessa forma, logramos em alocar os recursos para atender demandas específicas,
trabalhando sempre em grupos multitarefa.
Todavia, o reconhecimento maior advém do serviço prestado ao terceiro setor,
mediante consultoria especializada, planejamento trabalhista e administrativo, assessoramento
contratual e representacional em audiências junto às autoridades públicas, como também na
via judicial.
Dessa forma, busca como equipe, promover a prestação de serviços jurídicos de forma
proba, ímpar e direcionada para a construção de uma relação transparente com o cliente, a fim
de concretizar o interesse particular de cada um com respeito e eficiência.

2. CLIENTE E CASO
A ICASU (Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia), é ONG
(Organização Não Governamental) concebida como uma instituição filantrópica, assistencial,
beneficente e sem fins lucrativos. Diante do inconformismo com a situação de pobreza e
mendicância nas ruas da cidade, em Novembro de 1967 nasceu a Icasu, com o objetivo de
promover o desenvolvimento humano por meio de ações para atendimento às famílias em
situação de risco e vulnerabilidade social.
Para tanto, desenvolve vários projetos sociais com ações específicas para toda a
família, no resgate à cidadania, recuperação dos direitos sociais e reinserção na sociedade e no
mercado de trabalho. Abaixo, explicamos um pouco mais sobre cada projeto:

• Lavanderia industrial

Uma forma que a Instituição encontrou para se auto sustentar, pois a maior receita da
Icasu vem desta atividade. Criada em 2003, são lavadas cerca de 7 toneladas de roupas
diariamente, atendendo aos maiores hospitais, Unidades de Saúde e clínicas de Uberlândia e
região, além de indústria e frigorífico. Toda a renda gerada por esta atividade é dividida em
prol da manutenção dos seus outros projetos sociais.

• Compra de medicamento para as Unidades de Saúde (UAI)

A ICASU, por indicação do Ministério Público, voltou em maio de 2017 a administrar


o serviço da Zona Azul. Uma nova gestão de um serviço com mais compromisso com a
sociedade, e desta vez com a saúde. Tem como objetivo ampliar o número de vagas e facilitar
o estacionamento na área central e bairros de Uberlândia. O Rotativo Zona Azul conta com
uma equipe de monitores treinados e capacitados para assessorar os usuários. A receita do
Rotativo Zona Azul é destinada à compra de medicamentos para a melhoria da saúde pública
de Uberlândia. Em 2017, no primeiro ano de gestão da Zona Azul, a Icasu conseguiu
disponibilizar por mês uma média de R$130 mil para a Secretaria de Saúde. A Central de
Farmácia faz o pedido do medicamento e a Icasu compra diretamente do fornecedor que faz a
entrega. As unidades de saúde são atendidas mais rapidamente e por meio da compra direta é
possível economizar, realizando a compra de medicamentos pelo menor preço do mercado.

• Atendimento às pessoas em situação de rua


No Centro de Referência, localizado na unidade Jardim Célia, atendemos pessoas em
situação de rua. Os profissionais acolhem, organizam a documentação, oferecem apoio e
inserem o cidadão acolhido no mercado de trabalho e na sociedade. Geralmente ficam
acolhidos por até 3 meses, tempo para conseguirem estabilidade no novo emprego.

• Atendimento a dependentes químicos


Na Comunidade terapêutica Vida Nova a Icasu acompanha homens que
voluntariamente se apresentam para receberem apoio terapêutico no controle da dependência
química. Funciona no espaço conhecido como Fazendinha. Na Comunidade Terapêutica estão
sendo inseridos programas de esporte, psicossocial, laborterapia, acompanhamento familiar e
profissional no que for de acordo do acolhido seguindo as recomendações legais e de saúde
que regem as comunidades terapêuticas.

• Ressocialização do Albergado (a)

A parceria com os presídios tem como objetivo atender indivíduos que cumprem pena
em regime semiaberto, oportunizando trabalho e convívio social, visando assim resgatar a
cidadania e a dignidade dos mesmos, por intermédio de sua profissionalização. A ICASU
emprega o beneficiado pelo programa na Lavanderia Industrial da Instituição, com valor de
salário determinado por Legislação Federal Própria.
Ainda por meio de parceria com a Defensoria Pública, a Icasu oferece apoio
psicossocial e jurídico para mães que estão albergadas e para os filhos delas. Programa que
prevê fortalecimento do vínculo mãe e filhos.

• Formação de Jovens para o mercado de trabalho

O Programa de Formação foi criado em 1974, surgiu da necessidade identificada pelas


empresas que empregavam nossos jovens. Era preciso preparar o jovem quanto ao
comportamento nas empresas, obediência às regras, entendimento das obrigações e direitos.
Na parte emocional são oferecidas aulas para desenvolvimento das habilidades com
foco na desinibição com técnicas de teatro e de oratória. Na capacidade intelectual são
oferecidas aulas das matérias básicas tais como: português, matemática e ciências. E ainda um
acompanhamento de perto com as famílias para o fortalecimento do vínculo familiar e
emocional dos jovens. Tudo oferecido gratuitamente. O Curso de Formação tem duração de 6
meses e prepara o aluno para o Programa Jovem Aprendiz. O ano de 2017 terminou com 500
alunos matriculados.

• Jovem aprendiz – Contratação pelas empresas parceiras

Apoiada na Lei de Aprendizagem 10.097/2000, a ICASU implantou o Programa


Jovem Aprendiz, um programa voltado para a preparação e inserção de jovens no mercado de
trabalho. O curso tem duração determinada pelo Ministério do Trabalho, enquanto o jovem é
aluno do Programa ele fica empregado por empresas parceiras, via CLT, com regras próprias
e remuneração compatível com a carga horária do aluno na empresa. A faixa etária atendida é
de 14 a 24 anos de idade.
Como já visto a Icasu é uma ONG que presta diversos serviços de Assistência Social.
A maioria dos seus projetos é subsidiada pela renda gerada através da lavanderia industrial. O
projeto de atendimento aos moradores de rua e o projeto de acolhimento às mulheres em
situação de violência doméstica, são, especificamente, subvencionados pela Prefeitura
Municipal de Uberlândia.
A diretoria da referida Instituição, deseja promover mudanças legais de forma que a
referida instituição se torne apta a receber incentivos públicos governamentais, advindos da
esfera municipal, estadual e federal. Para tanto, visam a possibilidade de transformar a ONG
em OSCIP, oportunizando a celebração de termos de parcerias com o Poder Público. Portanto,
devemos encontrar os caminhos legais, para que instituição atinja tal fim.
Recebendo investimentos do governo, de forma geral, a Icasu pretende promover o
crescimento e aperfeiçoamento dos seus projetos, permitindo assim, que o lucro da lavanderia
industrial possa ser aplicado para a sua própria modernização e ampliação.
A falta de recursos é o problema mais grave que tem assolado a Instituição, o que se
intensifica com o grande número de demandas trabalhistas, que geram diretamente, altas
despesas. Na questão ambiental, a Icasu tem recebido reclamações de vizinhos da sua
instalação, devido à fuligem expelida por uma caldeira que atualmente funciona sem as
devidas licenças.
3. RESUMO DO PGE 1

Embora a temática e a conceituação do Terceiro Setor seja afeta ao ramo do Direito


Administrativo, que terá tratativa especial neste projeto, guarda, também, estreita conexão
com o Direito Constitucional.
Basicamente, o aludido setor é composto de entes paraestatais, dotados de natureza
jurídica de direito privado, alheios à estrutura da administração pública, mas que colaboram
para o gerenciamento do interesse público, promovendo ações e políticas de desenvolvimento
humano e social, a fim de fazer valer os fundamentos e objetivos da República Federativa do
Brasil albergados nos arts. 1º e 3º da Carta Magna, bem como a efetivação dos direitos
sociais.
Nesse contexto, cite-se como exemplo, as Organizações Não Governamentais (ONGs),
associações e fundações, entidades filantrópicas e assistenciais, sem fins lucrativos, como
representativas desse sistema.
Dito isto, o cliente (ICASU), embora detenha a qualidade de uma ONG dado o
contexto dos serviços prestados, em seu estatuto, adota a forma de associação civil, o que traz
à lume uma prerrogativa constitucional voltada à autonomia da vontade dos sujeitos ao se
unirem em prol do bem comum, consubstanciando-se na liberdade de associação.
Por óbvio, o conceito de associação no seu sentido lato ressalta a importância dessa
comunhão de esforços na democracia participativa em que vivemos, visto que, o Estado falha
deliberadamente na prestação de serviços básicos ao cidadão, criando um abismo entre a
utopia do texto constitucional e sua efetiva aplicabilidade.
Traçando um paralelo com o direito francês, o contexto das ONGs é o mesmo, seja na
conceituação, seja na dinâmica. O que difere, é a forma de registro da entidade, que se dá
mediante registro nas prefeituras. Por outro lado, na Itália, também de forma semelhante ao
que ocorre no Brasil, a disciplina legal das ONGs é esparsa, não existindo um diploma
concentrado e específico.
Nesse espeque, por exemplo, não se vislumbra nas escolas públicas qualidade
desejável no ensino, tampouco um serviço público de saúde condigno, ou ação governamental
de resgate à moradores de rua, de tal sorte que a carência de investimento e esforços nesses
setores consiste nos principais fatores de fragmentação social. E é com base na inércia estatal
que surgem pessoas interessadas na propagação de um trabalho voltado à comunidade vítima
do descaso público.
Entidades como a Icasu surgem com o fito de fomentar políticas e ações sociais de
cunho constitucional, através de seus projetos de 1) - capacitação do jovem aprendiz e sua
inserção no mercado de trabalho; 2) - atendimento à pessoas em situação de rua; 3) - apoio a
dependentes químicos; 4) - ressocialização do albergado, oportunizando trabalho e convício
social; 5) - a compra de medicamentos destinados às unidades de Saúde Pública; 6) -
lavanderia industrial de roupas hospitalares; dentre outros.
Todavia, é de se ressaltar que assim como o poder público, o setor privado tem suas
dificuldades, que no caso concreto materializam-se na falta de recursos advindos do Estado
em todas as esferas, haja vista que os esforços privados não conseguem arcar com tudo. Sendo
assim, a organização não consegue modernizar seus serviços, e por consequência, se vê
impedida de cumprir com excelência os ditames constitucionais dos quais se propôs a
desenvolver.
Por tais razões, buscaremos ao longo deste projeto conceber soluções concretas a fim
de efetivar o campo de atuação do cliente, para que ao final cumpra sua função.
Delimitado o contexto do terceiro setor, ao primeiro olhar sobre o caso em comento, o
direito à educação, à saúde, ao trabalho e a assistência aos desamparados é o que salta, haja
vista consistirem no cerne das atividades prestadas pela Icasu.
Tratam-se de direitos sociais estampados no artigo 6º e no Título VIII da Constituição
Federal, pertencentes à segunda dimensão dos direitos fundamentais, indissociáveis do
princípio da igualdade e da isonomia, caracterizados como sendo de aplicação positiva, isto é,
que dependem da ação estatal para sua efetivação.
Pois bem, a máxima que reina no âmbito dos direitos sociais é a promoção da igualdade e da
isonomia, sendo a igualdade no seu sentido material, posto que a formal ou ideológica é
herança dos direitos fundamentais de primeira geração e a isonomia como meio de acesso aos
recursos materiais de forma igualitária e sem distinções.
Cumpre salientar que, embora tais direitos tenham cunho positivo, ficam adstritos à
duas balizas norteadoras, quais sejam o mínimo existencial e a reserva do possível.
No primeiro caso, busca-se prover o mínimo necessário para que o sujeito viva com
dignidade, já no segundo, deve-se analisar se o Estado detém capacidade financeira ou
orçamento disponível para fomentar a prestação exigida pelo povo. Com efeito, o óbice
encontrado na efetivação prática dos direitos sociais reside nessa disposição de recursos, visto
que, o país divide muito mal a aplicação do dinheiro público e o rateio de suas prioridades.
Prova disso é o investimento de cerca de 9 bilhões de reais na construção de estádios para a
copa do mundo de 2014, ao passo que centenas de escolas e hospitais espalhados pelo
território nacional careciam de apoio e investimento.
Destarte, sabe-se que o problema é bem mais complexo e abrangente, todavia,
situações como essa impactam diretamente nos hipossuficientes de cada esfera da federação
que dependem sobremaneira do Estado. São milhares de pessoas em situação de rua, que não
conseguem emprego e que são vítimas da desigualdade material, que não veem outra
alternativa senão ir para as ruas praticar a ilicitude e é nesse prisma que entendemos quão
falha é a eficiência na promoção dos direitos sociais.
Avançando no tema, o princípio do valor social do trabalho consiste num dos pontos
centrais da atuação do cliente. Seus projetos de formação de jovens para o mercado de
trabalho e de jovens aprendizes trouxeram à lume grande parte da fama que lhe é atribuída na
atuação social. Vê-se que a instituição trabalha para suprir a falta de ação do Estado,
promovendo qualificação aos jovens que não tiveram acesso à educação de qualidade nem
oportunidades de crescimento no meio social.
No tocante ao princípio da livre iniciativa, por outro lado, é de se reconhecer sua
conexão com a liberdade de associação em seu sentido stricto (utilizada nesse caso para
entidades sem fins lucrativos, haja vista que seu em seu sentido lato refere-se a entidades que
visam lucro), outrora mencionada nestas linhas, como pressuposto de criação de um grupo de
pessoas interessadas na concretização de ações para o bem geral.
Ao relacionarmos tal questão ao tema abordado podemos dizer que, o combate às
desigualdades sociais é de livre iniciativa popular, pois como não há suporte total do governo,
cabe ao grupo que compõe a instituição mantê-la, de modo a concretizar a liberdade das
empresas jurídicas de direito privado quanto a sua livre iniciativa sob previsão constitucional.
Vê-se que, a todo momento, a atuação do cliente é voltada para a máxima efetividade
das normas constitucionais, objetivando fornecer o máximo de investimentos em cada projeto
social, entretanto, por vezes, seus recursos próprios se veem mitigados perante a grandeza do
trabalho, de tal sorte que para que se alcance o êxito almejado, é necessário apoio estatal não
só do âmbito municipal, como também estadual, federal e até mesmo internacional.
Em verdade, a deficiência na garantia dos direitos sociais consubstancia o conceito de
retrocesso. O país se vê saturado, embora detenha uma das maiores economias do mundo e é
com base nesse incentivo que os grupos de ação social buscam se firmar. Cabe ao Estado
oferecer suporte, já que sozinho não consegue cumprir com as suas obrigações
constitucionais.
Assim como as pessoas naturais, o Estado, em sentido Lato, é uma pessoa jurídica
detentora de direitos e obrigações. No que tange às estas, o art. 6º da CF/88 elenca os direitos
sociais, que perfazem claramente o que nós, cidadãos, devemos receber do Estado,
demonstrado assim, a força do contrato social.
No entanto, como é sabido, o Estado nem sempre tem condições de cumprir
diretamente com suas obrigações, e é nesse momento, que surge o trabalho desempenhado
pelas entidades pertencentes ao Terceiro Setor. Esta omissão estatal gera lacunas e, é neste
momento, que as ongs, como a Icasu, disponibilizam a prestação de serviços sociais que não
constituem atividade exclusiva do Estado.
Desta maneira, como dito alhures, o Direito Administrativo é matéria basilar, no que
diz respeito aos assuntos e regulamentações das entidades do Terceiro Setor. Isto porque,
tratam-se de pessoas jurídicas de Direito Privado, constituídas pelas normas do Direito Civil,
mas que se envolvem nos assuntos do Direito Público, uma vez que celebram de diversas
maneiras, acordos com o Poder Público.
No Brasil, um problema comum entre as ongs é a falta de recursos, visto que, são
entidades filantrópicas, sem fins lucrativos e que devem se desdobrar afim de conseguirem
recursos financeiros. No entanto, o Direito Administrativo elenca institutos próprios que
asseguram algum tipo de investimento público para as entidades que cumprirem alguns
requisitos trazidos pela legislação.
Dentre estes institutos temos: termo de parceria, acordo de cooperação, termo de
fomento, convênios, termo de colaboração, etc. De forma simplificada, todos se assemelham à
contratos, em que os signatários são, de um lado, uma entidade do terceiro setor e, de outro
lado, uma pessoa jurídica de direito público interno. Para celebrar qualquer tipo de acordo
com o Poder Público, em qualquer de suas esferas, a lei traz requisitos a serem preenchidos.
Em uma análise do Direito Comparado, percebemos que o assunto concernente às
Ongs, em países como França, Itália e Portugal, é tratado de forma minguada e por legislações
esparsas, assim como no Brasil. No entanto, nesta análise, encontramos na Argentina uma
legislação única e exaustiva sobre o assunto.
À Icasu não coube uma realidade diferente das outras ongs brasileiras, isto é, o nosso
cliente enfrenta sérios problemas com a obtenção de recursos, o que lhe dificulta a
modernização e a ampliação da prestação dos seus serviços. Atualmente, a instituição conta
com algumas subvenções municipais, usadas para financiar alguns de seus diversos projetos.
O recebimento da referida verba pública se tornou possível ao nosso cliente, pela adequação
aos termos da Lei das Organizações da Sociedade Civil (Lei 13.019/2014).
No entanto, analisando as opções trazidas pelo Direito Administrativo e, conforme
solicitação do nosso cliente, percebemos que outros caminhos podem ser tomados, legalmente
falando, para que outros tipos de recursos pudessem ser disponibilizados à Icasu. Para tal, a
qualificação da Instituição como uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público), foi a alternativa mais viável, no que concerne à obtenção de recursos públicos.
A referida qualificação, que tem os seus requisitos estatuídos pela Lei 9.790/99, não
onera a Icasu, que já possui a maioria dos requisitos legais cumpridos, uma vez que possui
outros investimentos públicos que reclamam requisitos semelhantes, precisando, apenas, de
pequenas alterações. Conforme explicitado na lei supramencionada, faremos um pedido
administrativo de qualificação como Oscip, endereçado ao Ministério da Justiça,
acompanhado de todos os documentos necessários para o ato. Trata-se de um pedido
simplório, solicitando a qualificação e comprovando os requisitos legais.
Neste ponto não há porque titubear, visto que, a concessão da qualificação como
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, conforme dicção legal, é um ato
vinculado, devendo o Poder Público deferi-la caso estejam comprovados todos os requisitos.
Por outro lado, caso haja a negativa do referido pedido, estando presentes os requisitos, cabe a
impetração de Mandado de Segurança.
Nesta hipótese, teríamos claramente o Diretor do Departamento de Promoção de
Políticas de Justiça (responsável pelo deferimento da qualificação), como autoridade coatora,
proferindo decisão administrativa manifestamente ilegal opondo-se à direito líquido e certo.
Ademais, considerando a atual urgência do nosso cliente, caberia ainda o pedido de tutela
provisória de urgência de natureza antecipada, demonstrando o fumus boni juris e o periculum
in mora.
A indagação que surge neste momento é o que se busca atingir com a qualificação
como Oscip, ou melhor, de que forma esta qualificação ajudaria o nosso cliente. A resposta se
encontra na Lei 9.790/99 e no Decreto 3.100/99 que institui e regula, respectivamente, o
instrumento jurídico denominado Termo de Parceria. Este, como explicado anteriormente,
nada mais é do que uma espécie de contrato que poderá ser celebrado entre um órgão do
Poder Público e o nosso cliente já qualificado como Oscip.
Frise-se a palavra “poderá”, pois neste momento, o ato da celebração do Termo de
parceria é discricionário, isto é, a Administração Pública realiza uma análise de conveniência
e oportunidade, decidindo se celebra ou não o referido compromisso. Decidindo a
Administração pela conveniência da celebração, abre-se um concurso de projetos, regulado
por um edital, onde diversas Oscips disputam por meio da apresentação de um plano de
trabalho, pelo qual devem demonstrar como pretender executar o serviço de interesse público.
Passada esta fase, a instituição escolhida celebrará o termo de parceria como o órgão
da Administração Pública e, desta forma, ocorrerá a transferência de recursos financeiros para
a Oscip. Insta salientar que órgãos pertencentes às três esferas podem participar da celebração
do termo, isto é, municipal, estadual e federal. A qualificação como Oscip, disponibiliza ao
nosso cliente um leque de opções que o possibilita receber recursos de todos os entes
públicos.
Um ponto muito importante é que, quando ocorre a transferência de recursos públicos,
a Oscip deve ter os seus atos regidos por alguns princípios do Direito Público, quais sejam,
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência. Algo
compreensivelmente óbvio, já que estamos falando de dinheiro público e interesse público.
Por último, a qualificação é algo que pode ser perdido, caso a entidade deixe de
preencher algum dos requisitos estabelecidos pela lei, no entanto, como decorrência da
disposição constitucional, tal ato somente pode ocorrer mediante processo administrativo,
onde devem ser oportunizados o contraditório e a ampla defesa. Neste caso, entendendo ser a
decisão ilegal, também pode ser impetrado o remédio constitucional do Mandado de
Segurança, afim de resguardar o direito de permanecer com a qualificação.
As atividades desempenhadas pelo nosso cliente não se relacionam só com o Direito
Administrativo, mas com diversas outras áreas jurídicas, como o Direito Penal, por exemplo.
Dentre os seus projetos, a instituição desenvolve um voltado para a ressocialização do
albergado, que tem por finalidade promover a reintegração do condenado na sociedade,
através dos valores extraídos do trabalho.
Vale ressaltar que mesmo sendo um condenado, o indivíduo é portador de direitos
assegurados pela Lei de Execução Penal, e dentre eles, os direitos assistências que se
subdividem em assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. O
Estado muita das vezes não consegue disponibilizar tudo isso ao indivíduo, e aqui temos o
trabalho da Icasu suprindo uma omissão estatal.
Ainda dentro da área penal, os condenados que prestam serviços para a Icasu,
cumprem o regime de semiliberdade, ou seja, regime semiaberto. Na nossa cidade, como na
maioria das cidades brasileiras, este regime é cumprido possibilitando ao recluso sair durante
o dia para trabalhar e retornar para o presidio a noite para dormir. Desta forma, conforme
disposição legal, a cada 3 (três) dias de trabalho o preso tem direito à remição de 1 (um) dia
de pena.
Analisando os principais pontos abordados no PGE 1 em relação ao Direito do
Trabalho, buscamos abordar os relevantes problemas trabalhistas que a instituição tem
vivenciado em seus últimos anos.
Atualmente a Icasu possui uma relação de trabalho com aprendizes que além de
prestarem serviços para as empresas conveniadas com a instituição, trabalham diretamente em
seus setores administrativos, e também com os professores que ministram os cursos dos
jovens aprendizes possuem uma jornada de trabalho de 8 horas por dia e um salário conforme
acordado na convenção coletiva.
Além destes, insta salientar que a instituição possui o maior número de colaboradores
no setor de lavanderia industrial, onde são lavadas cerca de toneladas de roupas hospitalares
semanalmente, atendendo diversos hospitais do Triângulo Mineiro, gerando assim,
rendimentos que são revertidos para os seus projetos sociais.
O setor de lavanderia é subdivido em algumas áreas, como a área que recebe as
roupas hospitalares contaminadas com resíduos, e a parte que remete as roupas limpas e
descontaminadas aos seus respectivos hospitais. Atualmente a Icasu paga adicional de
insalubridade em grau médio de 20% para os trabalhadores que ficam no setor com roupas de
resíduos hospitalares, todavia a instituição vem sofrendo com um grande número de
reclamações trabalhistas, nas quais alguns magistrados vem reconhecendo o grau máximo de
insalubridade ou reconhecendo a insalubridade para funcionários do setor descontaminado,
tão somente por se tratar de roupas hospitalares.
A instituição também possui trabalhadores com jornada de trabalho 12x36, haja vista
o fato de a lavanderia ter uma grande demanda de lavagem das roupas hospitalares,
necessitando funcionar 24 horas por dia. Diante disso, a Icasu vem enfrentando inúmeras
demandas trabalhistas por conta das horas extras geradas pela não observância do intervalo
mínimo entre jornadas de trabalho.
Nas atividades diárias da instituição temos também os professores que cumprem a
jornada de 8 horas por dia, sendo 6 horas nas salas de aulas instruindo os jovens aprendizes
em cursos profissionalizantes e 2 horas realizando atividades extras classe, ou seja, atividades
como planejamento de projetos, mentorias, correção de atividades realizadas pelos alunos e
entre outras. Os professores realizam as horas extras e a instituição na maioria das vezes não
tem o controle sobre elas, o que gera na folha de pagamento uma quantidade exorbitante de
horas extraordinárias.
Diante dos problemas trabalhistas que a instituição vem enfrentando, buscamos como
inovação a criação de um conselho, que trará uma assessoria jurídica para a instituição,
visando a diminuição de demandas trabalhistas e a consequente oneração que elas implicam.
Vislumbramos que por se tratar de uma instituição sem fins lucrativos, a mesma não possui
renda suficiente para arcar com a assessoria tanto em sua parte jurídica, administrativa e
departamento pessoal, sendo assim propomos também a alteração do contrato social prevendo
a atividade da advocacia pro bono.
Para a criação do referido conselho, proporemos a alteração estatutária, o incluindo
como sendo um órgão pertencente à instituição, alterando a sua estrutura organizacional, e
regulamentando a sua composição e funcionamento.
Considerando os atuais problemas enfrentados pelo nosso cliente, propomos a
criação de peças jurídicas, quais sejam: Ação de consignação em pagamento, utilizada quando
a instituição deve pagar ao empregado verbas trabalhistas e o mesmo recusa-se a receber o
valor. Utilizamos também com intuito de reduzir as reclamações na justiça do trabalho o
parecer trabalhista, que enfatiza os principais problemas que a Icasu vem enfrentando nas
demandas trabalhistas como adicional de insalubridade, jornada 12x36, horas extras, dentre
outros, trazendo a legislação pertinente, bem como, jurisprudências e fundamentos que podem
ser utilizados para maior elucidação das dúvidas trabalhistas que nosso cliente possui.
E por fim, nos valermos também da ação de homologação de acordo extrajudicial,
utilizada em situações de acordo entre as partes, onde o mesmo é levado ao juízo do trabalho
com finalidade de ser homologado, evitando assim, uma demanda trabalhista. A reforma
trabalhista traz várias formas de se realizar acordo, seja por meio de acordo homologado,
câmara de arbitragem, com intuito de resolver a questão entre as próprias partes, empregado e
empregador, evitando o envolvimento do órgão jurisdicional.
A ação supramencionada, revela o caráter de política preventiva que buscamos
implantar na estrutura organizacional do nosso cliente, objetivando a diminuição, ao mínimo
possível, da quantidade de ações trabalhistas. Como o problema central da Icasu é a falta de
recursos, a diminuição das referidas demandas, revela-se como uma forma de solução à esse
problema, uma vez que, evita o gasto de verbas com ações judiciais.

4. PEÇAS JURÍDICAS
4.1 PEÇAS JUDICIAIS
4.1.1 Ação de Consignação em Pagamento Trabalhista
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DO TRABALHO DA
__ VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

CONSIGNANTE: (É quem está pagando a obrigação, neste caso o empregador).

CONSIGNATÁRIO: (É quem está recendo a obrigação, neste caso o empregado).

ICASU INSTITUIÇÃO CRISTÃ DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE UBERLÂNDIA,


estabelecida no endereço Avenida Nicomedes Alves dos Santos, nº 4000, Morada da Colina,
CEP 38411-106, Uberlândia/MG, inscrito no CNPJ sob o nº. 25.642.455/0001-31, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, por meio de seu procurador conforme
procuração juntada em anexo, com base no disposto do artigo 890 do Código de Processo
Civil, propor

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face de CONSIGNADO/EMPREGADO, (estado civil), (profissão), (CPF), (RG), portador


da Carteira de Trabalho e Previdência Social nº.............., Série ..............., residente e
domiciliado na (endereço completo), na (cidade-estado), pelos seguintes fatos e fundamentos:

I – FATOS

Relatar quando o contrato de trabalho foi realizado com data de admissão e rescisão,
com as informações referentes à função que o colaborador exerce na empresa.

Informar como foi realizado o pagamento, demonstrando objeto principal do acordo


se foi através de acordo extrajudicial ou processo judicial (audiência de conciliação),
ressalvado que o motivo da consignação se da por conta do empregador não reconhecer o
valor acordado entre a instituição e o mesmo.

Acordo extrajudicial, informar data/hora/dia e assinatura do acordo de ambas as


partes e dos respectivos patronos constituídos, mostrar a formalidade do acordo reconhecido
em juízo.
Acordo realizado em processo em trâmite, demonstrar em qual parte do processo o
acordo foi realizado (conhecimento, execução ou até mesmo em audiência de conciliação),
juntar os documentos necessários para demonstrar o consentimento das partes no acordo.

Ressalvando que o acordo será pago avista/parcelado, na data/mês/ano através da


conta/agência/operação.

Tendo em vista que o CONSIGNANTE buscou adimplir com sua obrigação de pagar
e o CONSIGNADO ter se recusado a receber as verbas trabalhistas acordadas, por
ressalvado motivo venho propor a presente ação.

II – DIREITO

A consignação em pagamento constitui ação de rito especial, admitida na Justiça do


Trabalho por força do artigo 769 da CLT, tendo como objeto o depósito de quantia ou da
coisa devida que o credor se recusa a receber, a fim de desonerar o devedor da obrigação e
estando regida pelo artigo 335, do Código Civil. (TRT-17 - RO: 01759002320135170008,
Relator: DESEMBARGADOR JOSÉ LUIZ SERAFINI, Data de Julgamento: 17/05/2016,
Data de Publicação: 25/05/2016)

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo
e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

A Instituição Icasu já qualificada nos autos requer a autorização para que seja
realizado depósito por meio judicial da presente quantia acordada conforme acordo juntado
nos autos, para que a mesma seja exonerada das obrigações trabalhistas, já que o consignado
recusa-se a receber o valor devido e atualizado das verbas trabalhistas.

Demonstra o art. 477, §6º, da CLT, que o pagamento das verbas rescisórias deve ser
realizado 10 dias contados a partir do término do contrato, independentemente se o aviso
prévio seja trabalhado ou indenizado.

Desta forma, caso o consignante seja impedido de arcar com o pagamento das verbas
devidas, devido à recusa do consignado em querer receber a respectivas verbas rescisórias ou
até mesmo, demais verbas, poderá neste caso o consignante entrar com a respectiva ação em
busca de não incorrer em multa, conforme o disposto no art. 477, § 8° da CLT, tendo em
vista que as verbas rescisórias não foram quitadas por motivos alheios a vontade do
consignante.

Cumpre destacar, que a ação em questão visa preservar os interesses do consignante,


conforme os meios legais mencionados.

Diante da recusa do consignatário, o consignante se vê obrigado a propor a presente


ação de consignação em pagamento visando realizar o depósito, no importe de R$ _________
(________________), referente aos débitos mencionados.

Art. 334, CC: Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o


depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida,
nos casos e forma legais.

O disposto no artigo supracitado demonstra que a lei autoriza o consignante a se


liberar da obrigação, desde que realize o pagamento de respectivas verbas através de
depósito bancário e se exonere da obrigação que lhe é imposta. Assim, o consignante irá
propor a respectiva ação em busca de que o consignatário levante a quantia que lhe é devida
por meio do depósito realizado, ou que ofereça contestação fundamentando o motivo da
recusa e até mesmo contestando os valores que lhe foram depositados, conforme mencionado
no artigo exposto a seguir.

Art. 542, CPC: Na petição inicial, o autor requererá:

“II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer


contestação.”

De acordo com os dispositivos legais requer que a presente ação de consignação em


pagamento seja julgada procedente, para que o consignante seja liberado da relação
obrigacional, nos moldes do art. 546, do Código de Processo Civil. Vejamos:

Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a


obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários
advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o
credor receber e der quitação.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e
der quitação.

III – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante ao exposto, requer:


1. O deferimento liminar para que possa efetuar o depósito judicial da quantia
correspondente ao valor atualizado da dívida, considerando-se quitada a dívida, a qual no
momento alcança R$ ____________, oficiando-se, em seguida, ao SERASA S/A, pessoa
jurídica de direito privado, a fim de que suspendam inscrição do nome do CONSIGNANTE
relativa a esta dívida de seus cadastros;

2. A citação do CONSIGNADO para responder, querendo;

3. A procedência do pedido, dando-se por quitada a dívida cobrada pelo CONSIGNADO, e,


em consequência, extinguindo-se a referida obrigação do CONSIGNANTE em relação ao
mesmo;

4. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas;

5. A condenação do CONSIGNADO ao pagamento de honorários advocatícios e custas em


20%, nos parâmetros previstos no art. 546 e 85, §2º do CPC, em casos que o valor não seja
levantado em audiência, requerendo por fim, a procedência dos pedidos declarando extinta a
obrigação.

Dá-se à causa o valor de R$ ____________

Nestes termos, pede deferimento.


Local, data.

_____________________________
Débora Thereza Silva
OAB/MG

_____________________________
Gabriella da Silva Rocha
OAB/MG

_____________________________
Kethullyn Reis Brasileiro
OAB/MG

_____________________________
Laissa Fernanda Moreira Queiroz
OAB/MG

_____________________________
Phelipe Aquino Cambraia da Silva
OAB/MG

_____________________________
Victor Kamory Tolentino Pacheco
OAB/MG

ANEXOS

1. Documentos de identidade do Autor, RG, CPF, Comprovante de Residência.

2. Procuração

3. Declaração de Pobreza

4. Provas do negócio jurídico (CONTRATO DE TRABALHO)

5. Provas da tentativa de solução diretamente com o consignado - tentativa do pagamento

6 – Acordo extrajudicial ou judicial realizado entre as partes.


4.1.2 Mandado de Segurança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ SEÇÃO


JUDICIÁRIA DE UBERLÂNDIA

INSTITUIÇÃO CRISTÃ DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE UBERLÂNDIA


(ICASU), pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº...,
lucas.comercial@icasu.org.br, sediada a Rua Nivaldo Guerreiro Nunes, 951, Distrito
Industrial - Uberlândia, MG, vem, por seu advogado (instrumento de mandato incluso), nos
termos do artigo 5º, LXIX da Constituição Federal e da Lei 12.016 de 2009, impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA com pedido LIMINAR, em desfavor do MINISTÉRIO
DA JUSTIÇA, pessoa jurídica de direito público, com endereço para citações ..., endereço
eletrônico ... e, no tocante ao ato vergastado, figurando como autoridade coatora o Senhor
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE PROMOÇÃO DE POLÍTICAS DE JUSTIÇA,
pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I – DO SURGIMENTO, NATUREZA JURÍDICA, COMPETÊNCIA, CABIMENTO E


TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, é cediço ressaltar que o Mandado de Segurança, pode ser considerado


criação eminentemente brasileira. Em 1914, Alberto Torres sugestionava pela adoção de um
“mandado de garantia”, além disso, em 1926, Muniz Barreto debatia em congresso jurídico,
teses sobre o conteúdo. Quatro anos depois, o deputado Gudesteu Pires, natural de Minas
Gerais, apresentou, para inclusão no ordenamento jurídico, um projeto criador de uma
garantia individual inspirada nos antecedentes pátrios do remédio constitucional habeas
corpus e da ação sumária especial, assim como nos writs anglo-americanos e no recurso de
amparo mexicano. (ACQUAVIVA, 1993, p. 804).
O Mandado de Segurança, consolidado em meados de 1934, é resposta de uma
conceituada doutrina que clamava por um instituto o qual garantisse uma prestação
jurisdicional célere e eficaz, no momento em que diversas situações de conflitos não
comportassem a utilização das medidas do Habeas Corpus ou Habeas Datas, conhecidos como
remédios constitucionais. Apenas com a Carta Magna de 1934 foi que o mandado de
segurança se cristalizou no texto constitucional, a princípio defendendo todo e qualquer
direito “certo e incontestável”, nomenclatura esta que foi alterada em 1946 para direito
“líquido e certo”, ratificada e confirmada nas próximas constituições em 1967 e em 1988.
Assim leciona Grinover (2006, p.326):
“a ordem judicial da sentença mandamental e a eficácia própria da
sentença executiva lato sensu não dependem, para sua
caracterização, de processo de execução autônomo, como ocorre
para a sentença condenatória pura.”

Desta forma, considerando que seja expedida a decisão in limine, a mesma tem força
mandamental e executiva, vez que faz com que o objeto almejado com a presente demanda
mandamental seja conferido ao autor, nesse caso, o impetrante, podendo este vir a usufrir de
seu direito reclamado, ainda que não perdure por tempo indeterminado.
Desta forma, alude Alexandre de Moraes:
“Trata-se de uma ação constitucional civil, cujo objeto é a proteção
de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou
omissão de autoridade Pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do poder público.” (Moraes,
Alexandre/Direito Constitucional, 2002, p.164).

Assim, insta salientar que a presente demanda ensejou-se pelo ato vergastado
perpetrado por Diretor do Departamento de Promoção de Políticas de Justiça. Nesse sentido,
em vista do âmago desta ação, compete à Justiça Federal apreciar a demanda, máxime
porquanto existe interesse direto da União. (CF, art. 109, inc. I).
Como observa, pontualmente Hely Lopes Meirelles:
“deve-se distinguir autoridade pública do simples agente público.
Aquela detém, na ordem hierárquica, poder de decisão e é
competente para praticar atos administrativos decisórios, os quais, se
ilegais ou abusivos, são suscetíveis de impugnação por mandado de
segurança quando ferem direito líquido e certo; este não pratica atos
decisórios, mas simples atos executórios e, por isso, não responde a
mandado de segurança, pois é apenas executor de ordem superior.
Exemplificando: o porteiro é um agente público, mas não é
autoridade; a autoridade é o seu superior hierárquico, que decide
naquela repartição pública. O simples executor não é coator em
sentido legal; coator é sempre aquele que decide, embora muitas
vezes também execute a sua própria decisão; que rende ensejo à
segurança. Atos de autoridade, portanto, são os que trazem em si
uma decisão e não apenas uma execução”(22).
Além disso, Pedro Lenza afirma que:
“a competência para processar e julgar o mandado de segurança
dependerá da categoria da autoridade coatora e sua sede funcional,
sendo definida nas leis constitucionais, bem como na própria
Constituição Federal. ”

Desta forma, o ato coator hostilizado é revelado em face da negativa do requerimento


feito pela Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia ao Ministério da Justiça para
obter a qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Nesse
sentido, é cabível a presente ação contra a autoridade coatora, vez que compete
ao Departamento de Promoção de Políticas de Justiça instruir e analisar os procedimentos
relacionados com a concessão, a manutenção, a fiscalização e a perda da qualificação de
organização da sociedade civil de interesse público, conforme preceitua o artigo 16, inciso
VII, alínea “a” do Decreto n.9.662 de 2019.
A respeito da tempestividade, afirma Gilmar Mendes:
"o prazo para impetrar mandado de segurança é de 120 dias, a contar
da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado. Este prazo é de decadência do direito à impetração - e
como tal, não se suspende nem se interrompe desde que iniciado ".

Por fim, é necessário ressaltar que o acontecimento se sucedera na data _/_/_ (prova
carreada aos autos), sendo está a data do indeferimento do ato impugnado, conforme artigo 6º
da Lei da Lei n. 9.790, de 23 de Março de 1999.
Além disso, a súmula 632 do STF reconhece a constitucionalidade do prazo
decadencial do artigo 18 da antiga lei 1.533/1951, cujo teor foi mantido no artigo 23 da
lei 12.016/2009:
“SÚMULA 632, STF. É CONSTITUCIONAL LEI QUE FIXA O
PRAZO DE DECADÊNCIA PARA A IMPETRAÇÃO DE
MANDADO DE SEGURANÇA.”.

Desta forma, este writ há de ser tido por tempestivo, porquanto impetrado dentro do
prazo decadencial (Lei n° 12.016/09, art. 23).

II – DO ATO COATOR

Primeiramente, vale ressaltar que considera-se ato de autoridade todo aquele que for
praticado por pessoa investida de uma parcela de poder público.
Assim, leciona DIÓGENES GASPARINE:
“(...) todos os que consubstanciam uma ação ou omissão da
Administração Pública, ou de quem lhe faça as vezes, no
desempenho de suas funções ou a pretexto do seu desempenho. Por
outro lado, entende-se como autoridade coatora aquela que pratica o
ato impugnado.(...).”

No caso em comento, o impetrante, ICASU, é uma Organização Social sem fins


lucrativos a qual optou em obter a qualificação da Sociedade Civil de Interesse Público, tendo
em vista, a Instituição ter como objetivos sociais as finalidades previstas em lei.
Neste aspecto, VICENTE GRECO FILHO, aponta uma diferença importante entre o
mandado de segurança e demais ações em geral:
“Estas, quando são propostas contra o Estado por ato de seus agentes,
o são contra a pessoa jurídica de direito pública (União, Estado e
Município) que eles representam ou em nome de quem atuam. O
mandado de segurança, porém, será proposto contra autoridade .”

Assim para se qualificar como OSCIP, a impetrante formulou requerimento escrito ao


Ministério da Justiça, ora impetrado, instruída com cópias autenticadas dos documentos
necessários para seu deferimento. Ocorre que, o Diretor do Departamento de Promoção de
Políticas de Justiça, responsável por instruir e analisar os procedimentos relacionados com a
concessão, a manutenção, a fiscalização e a perda da qualificação de organização da
sociedade civil de interesse público, praticou ato coator de indeferimento ao pedido de
concessão de qualificação de OSCIP, mesmo está estando com toda a documentação exigida
para que fosse deferida o seu requerimento.
Nesse sentido, tal indeferimento pedido de concessão afronta direito líquido e certo da
ICASU, ora impetrante, vez que a outorga da qualificação como OSCIP é ato vinculado ao
cumprimento dos requisitos que a lei determina, o qual foi cumprido pela ICASU, conforme
passará este impetrante a detalhar.

II – DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

O presente “writ” versa sobre o indeferimento do pedido de concessão de qualificação


como OSCIP pelo Ministério da Justiça, através da decisão do Diretor do Departamento de
Promoção de Políticas de Justiça, que entendeu estar incompleta a documentação apresentada,
bem como por não atender os requisitos previstos em lei.
É o instrumento de mandado de segurança perfeitamente cabível na espécie. O mando
de segurança, examinada a previsão constitucional, está sempre ligado ao habeas corpus, e
visa a proteção de direito líquido e certo não amparável por aquela outra via heroica, o que
induz à possibilidade de sua utilização até mesmo contra ato iminente ou futuro.
Destarte, no caso concreto o ato coator em espécie, certamente afeta a direito líquido e
certo do impetrante, vez que o requerimento de qualificação de OSCIP pela ICASU foi feito
com a juntada dos documentos imprescindíveis para sua concessão, conforme documentos em
anexo.
No presente caso, o artigo 5º da Lei 9.790 de 1999 é claro:
Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito
privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei, deverá
formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias autenticadas dos
seguintes documentos:

I - estatuto registrado em cartório;


II - ata de eleição de sua atual diretoria;
III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício;
IV - declaração de isenção do imposto de renda;
V - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes

Ora, além do Impetrante carrear ao requerimento feito ao Ministério Público as cópias


autenticadas documentos acima identificados, conforme se faz prova em anexo, o Impetrante
é uma Organização Social sem fins lucrativos a qual um dos seus objetivos sociais tem como
finalidade a promoção da assistência social, conforme instituído no ato constitutivo em anexo.
Assim preceitua o art. 3ª da Lei de OSCIP:
Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio
da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente
será conferida às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos
sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:

I - promoção da assistência social;


Desta forma, cumprido a ICASU com o sua finalidade assistencial, vez que
desenvolve seus projetos sociais com ações específicas para toda a família, no resgate à
cidadania, recuperação dos direitos sociais e reinserção na sociedade e no mercado de
trabalho, conforme estatuto social da instituição em anexo. Além disso, houve alteração do
estatuto social da Impetrante para a sua devida adequação as normas expressamente dispostas
na Lei de OSCIPs em seu artigo 4ª e incisos.
Assim sendo, resta claro que a decisão do Impetrado, negando, ainda, o direito líquido
e certo do Impetrante, não deve prosperar, tendo em vista que Impetrante atende aos
requisitos descritos noos arts. 3º e 4º da Lei de OSCIP, bem como juntou aos pedido de
requerimento de qualificação todos os documentos necessários para sua concessão.
Com isso, o artigo 1ª, § 2º da Lei 9.790 de 1999 dispõe que a outorga da qualificação
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público é ato vinculado ao cumprimento
dos requisitos instituídos por esta Lei.
Diante disso, fica demonstrado a violação ao direito líquido e certo do Impetrante, não
restando dúvidas quanto a necessidade de deferimento do pedido de concessão da qualificação
de OSCIP a Impetrante.

IV - DA LIMINAR

Há nesse caso claríssima prova de um ato emanado por autoridade coatora, de uma
situação atual que vem evidenciar uma violação ao direito líquido e certo do Impetrante em se
qualificar como OSCIP.
Assim, leciona SÉRGIO FERRAZ que a liminar:
“Repousa ele na consideração fundamental de que o mandado de segurança
é não só um remédio judicial, que tem o fito de garantir a realização e observância
do direito líquido e certo ameaçado ou lesado por ato (comissivo ou omissivo) e
autoridade pública (ou seus delegados), eivado de ilegalidade ou abuso de poder.
Além disso, Teresa Celina de Arruda Alvin Pinto, com relação a concessão liminar em
sede de Mandado de Segurança, ensina:
“É pressuposto de preservação da possibilidade de satisfação do
direito do impetrante, na sentença. Objetiva obstar que o lapso de
tempo, que medeia a propositura da ação e a sentença, torne o
mandamento, que possa vir a ser contido, inócuo, do ponto de vista
concreto.”
Ainda, há o receio de dano irreparável e de difícil reparação, pois a única forma
possível de obter a qualificação como OSCIP é a partir do deferimento do pedido pelo
Departamento de Promoção de Políticas de Justiça, sendo este um ato vinculado ao
cumprimento dos requisitos previstos em lei.
Conforme, elucida Hely Lopes Meirelles:
"Para a concessão da liminar devem concorrer os dois requisitos
legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o
pedido na inicial e a possibilidade de ocorrência de lesão
irreparável ao direito do impetrante se vier a ser reconhecido na
decisão de mérito - fumus boni juris e periculum in mora".

Diante do cumprimento de todo os requisitos conforme se evidencia nos documentos


carreados aos autos, a ICASU possui o direito de se qualificar como OSCIP e receber os
benefícios que advindos da qualificação.
Assim, mister a concessão da LIMINAR, determinando-se ao Ministério da Justiça o
DEFERIMENTO do pedido feito pela impetrante, emitindo assim, o certificado de
qualificação da ICASU como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

V – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

a) concessão da LIMINAR, determinando-se ao Ministério da Justiça o DEFERIMENTO do


pedido feito pela impetrante
b) deferimento do pedido de concessão da qualificação de OSCIP
c) a confirmação da liminar em caráter definitivo, para ao final seja CONCEDIDA a
qualificação de OSCIP

Dá-se à presente causa o valor de R$...

Nestes termos, pede deferimento.

Uberlândia/MG, .. de .. de 2019.

_____________________________
Débora Thereza Silva
OAB/MG

_____________________________
Gabriella da Silva Rocha
OAB/MG

_____________________________
Kethullyn Reis Brasileiro
OAB/MG

_____________________________
Laissa Fernanda Moreira Queiroz
OAB/MG

_____________________________
Phelipe Aquino Cambraia da Silva
OAB/MG

_____________________________
Victor Kamory Tolentino Pacheco
OAB/MG

4.2 PEÇAS EXTRAJUDICIAIS


4.2.1 Requerimento de qualificação como Oscip

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

O requerimento da qualificação da entidade como Organização da Sociedade Civil de


Interesse Público é um pleito que se dá, a priori, tão somente pela via administrativa, por
meio de um procedimento administrativo. A referida qualificação é tratada pela doutrina da
seguinte maneira:
A denominação Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público constitui uma qualificação jurídica dada a pessoas jurídicas
de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de
particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do
Estado como incentivo e fiscalização do Poder Público. (DI
PIETRO, Maria Sylvia Zanella, 2017, p. 704)

No que diz respeito ao procedimento para que o referido pleito seja apreciado pela
Poder Público, temos a instauração de um processo por intermédio da via administrativa,
como dito anteriormente. Neste diapasão, vejamos a seguinte lição doutrinária:

Procedimento administrativo ou processo administrativo é uma


sucessão itinerária e encadeada de atos administrativos que tendem,
todos, a um resultado final e conclusivo. Isto significa que para
existir o procedimento ou o processo cumpre que haja uma
sequência de atos conectados entre si, isto é, armados em uma
ordenada sucessão visando a um ato derradeiro, em vista do qual, se
compôs esta cadeia, sem prejuízo, entretanto, de que cada um dos
atos integrados neste todo conserve sua identidade funcional própria,
que autoriza a neles reconhecer o que os autores qualificam como
“autonomia relativa”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira, 2015, p.
487)

Desta forma, entende-se que o procedimento administrativo, é o meio, composto por


diversos atos, que busca alcançar uma finalidade específica. Na pretensão em epígrafe, a carta
de requerimento da qualificação como Oscip, endereçada ao Ministro da Justiça, é o primeiro
ato que inaugura o referido procedimento administrativo. Ainda sobre o tema, temos o
seguinte:
O processo administrativo, que pode ser instaurado mediante
provocação do interessado ou por iniciativa da própria
Administração, estabelece uma relação bilateral, “inter partes”, ou
seja, de um lado, o administrado, que deduz uma pretensão e, de
outro, a Administração que, quando decide, não age como terceiro,
estranho à controvérsia, mas como parte, que atua no próprio
interesse e nos limites que lhe são impostos por lei. (DI PIETRO,
Maria Sylvia Zanella, 2017, p. 695)

Conforme o trecho retro transcrito, no processo administrativo, não há uma relação


triangular, como no processo judicial, onde o juiz, estranho à causa, deve decidir sobre a
mesma. A Administração é parte e tem o poder de decisão, no entanto, como é sabido, toda
conduta administrativa deve ser pautada em lei, isto é, os entes públicos fazem o que a lei
determina.
No caso em questão, a concessão da qualificação como Oscip é um ato vinculado, ou
seja, estando presente os requisitos estatuídos pela Lei, a Administração Pública está obrigada
a deferir o pedido. Concernente ao tema, temos a Lei 9.790/99 e o Decreto nº 3.100/99. O art.
1º, §2º, da supracitada traz a seguinte redação:

Art.1º. Podem qualificar-se como Organização da Sociedade Civil


de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que tenham sido constituídas e se encontrem em
funcionamento regular há no mínimo 3 (três) anos, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
requisitos instituídos por esta Lei.
§2º. A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado
ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei

Percebe-se que a Lei traz diversos requisitos, que devem ser demonstrados de forma
cumulativa, para quem deseja qualificar-se como Oscip. Ainda neste sentido, o Decreto nº
3.100/99 trouxe em seu 1º artigo:
Art. 1º. O pedido de qualificação como Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público será dirigido, pela pessoa jurídica de
direito privado sem fins lucrativos que preencha os requisitos dos
arts. 1º, 2º, 3º e 4º da Lei 9.790 de 23 de Março de 1999, ao
Ministério da Justiça por meio de preenchimento de requerimento
escrito e apresentação de cópia autenticada dos seguintes
documentos:
I - Estatuto registrado em Cartório;
II – ata de eleição atual de sua atual diretoria;
III – balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício;
IV – declaração de isenção de Imposto de Renda;
V – Inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes/Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas e;
VI – declaração de estar em regular funcionamento há, no mínimo,
três anos, de acordo com as finalidades estatutárias.

Este dispositivo é um dos mais importantes no que tange ao processo de obtenção da


qualificação, isto porque, o mesmo define o órgão e a autoridade competente para o
julgamento do pedido e quais os documentos são aceitos como prova do preenchimento das
condições legais. Estando tudo em conformidade com a Lei, a decisão deve ser favorável ao
pleito da Icasu, obedecendo ainda, o prazo de 30 (trinta) dias para sua prolação e, 15 (quinze)
dias para sua publicação no Diário Oficial da União, conforme art. 3º do Decreto nº 3.100/99.
A qualificação como Oscip é, de certa forma, perene, podendo ser perdida no caso de
qualquer de requerimento da própria instituição ou em caso de decisão proferida em processo
administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou do Ministério Público. Insta salientar, que
por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988, o contraditório e ampla defesa
devem ser assegurados aos litigantes. A perda de qualquer um dos requisitos legais, por
consequência lógica, pode ensejar a desqualificação da entidade. Neste sentido, vejamos o
seguinte acórdão proferido em julgamento de Recurso Especial perante o Superior Tribunal
de Justiça:
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
MANDADO DE SEGURANÇA. [...] RECORRENTE
QUALIFICADA COMO INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, COM
FINS LUCRATIVOS, PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS, À
LUZ DAS PROVAS DOS AUTOS E DO ESTATUTO DA
IMPETRANTE. ALEGAÇÃO DA RECORRENTE DE QUE SE
TRATA DE ASSOCIAÇÃO CIVIL, SEM FINS LUCRATIVOS.
QUALIDADE DE ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE
INTERESSE PÚBLICO - OSCIP. [...]. SÚMULAS 5 E 7/STJ.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO, E,
NESSA EXTENSÃO, IMPROVIDO. I. Versam os autos sobre
Mandado de Segurança impetrado por Instituição Comunitária de
Crédito Blumenau Solidariedade - ICC BLUSOL, em que pretende
ver assegurado seu direito líquido e certo de ser declarada isenta da
COFINS, sobre quaisquer receitas por ela auferidas, a partir de
01/02/99, com base na MP 2.158-35/2001, ao argumento de que se
trata de associação civil, sem fins lucrativos, que não remunera seus
dirigentes e que reverte, para a sua finalidade, toda a receita obtida
em decorrência das atividades que desenvolve. [...] III. A Primeira
Seção do Superior Tribunal de Justiça, em sede de Recurso Especial
representativo de controvérsia repetitiva, decidiu que "as receitas
auferidas a título de mensalidade dos alunos de instituição de ensino
sem fins lucrativos são decorrentes de 'atividades próprias da
entidade', conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da
Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.158-35/2001)" (STJ,
REsp 1.353.111/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 18/12/2015). Todavia, no
presente caso, a postulada condição de associação civil, sem fins
lucrativos, da recorrente, não foi reconhecida, pelas instâncias
ordinárias, em face das provas dos autos, de modo que se mostra
prejudicado o debate a respeito da aplicação do entendimento
firmado nos autos do aludido Recurso Especial repetitivo. [...] VII.
O reconhecimento como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público - OSCIP, pelo Ministério da Justiça, assegura, à
entidade beneficiada, o direito de celebrar Termo de Parceria com o
Poder Público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre
as partes, para o fomento e execução de determinadas atividades,
nos termos dos arts. 3º e 9º da Lei 9.790/99. Ou seja, essa
qualificação não se relaciona, nos termos da lei, diretamente, com a
concessão de benefícios fiscais, tampouco vincula, em caráter
obrigatório, a atividade jurisdicional. VIII. Em nosso ordenamento
jurídico vige o princípio do livre convencimento motivado ou da
persuasão racional, segundo o qual o magistrado analisa a prova
livremente, mas deve expor as razões do seu convencimento. O
Tribunal de origem atuou em conformidade com essa diretriz,
ao asseverar que, apesar da qualidade de Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, os demais
elementos probatórios coligidos nos autos, em especial o estatuto
social, demonstram que a ora agravante atua como instituição
financeira e com objetivo de auferir lucro. [...] (STJ - REsp:
1129750 SC 2009/0144035-7, Relator: Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, Data de Julgamento: 06/02/2018, T2 - SEGUNDA
TURMA, Data de Publicação: DJe 15/02/2018)

Conforme o julgamento supra, uma determinada instituição detinha a qualificação de


Oscip e pleiteava a isenção de um determinado imposto. No entanto, no curso do processo, as
instâncias ordinárias perceberam que, apesar de possuir a referida qualificação, a entidade
atuava como instituição financeira e com o objetivo de auferir lucro.
Desta forma, restou prejudicado o julgamento à respeito da isenção tributária, uma vez
que o pedido tinha como fundamento a condição de Oscip que a entidade ostentava e,
conforme, disposição do art. 1º, da Lei 9.790/99, é um dos requisitos não ter fins lucrativos.
Neste panorama, os julgadores poderiam, por exemplo, ordenar a notificação do
Parquet para que pleiteasse, mediante processo judicial, a perda da qualificação de Oscip da
referida instituição financeira.

Requerimento para qualificação como OSCIP

Uberlândia-MG, 11 de fevereiro de 2019.


Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Justiça,

A Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia – ICASU, fundada aos 27


(vinte e sete) dias do mês de novembro de 1967 (mil novecentos e sessenta e sete) sob a forma
de associação civil sem fins lucrativos, com sede na Avenida Nicomedes Alves dos Santos, nº
4000, bairro Morada da Colina, na cidade de Uberlândia/MG, vem por meio deste,
representada por seu procurador, requerer à Vossa Excelência a qualificação como
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, estatuída pela Lei 9.790, de 23 de
Março de 1999 e, posteriormente regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 30 de Junho de
1999, por se tratar de entidade dedicada à promoção da Assistência Social.
Em homenagem ao disposto na Lei supracitada, aproveita para reiterar que cumpre
todos os requisitos exigidos.
Para tanto, apresenta a documentação anexa (estatuto autenticado, ata de eleição da
atual diretoria, declaração de regular funcionamento, balanço patrimonial, declaração de
isenção de IR e inscrição no CNPJ).

Atenciosamente,

_______________________________
(Representante Legal)

4.2.2 Alteração do Estatuto Social para Inclusão do Conselho PJUR

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

Como mencionado por diversas vezes, a falta de recursos financeiros é um dos


maiores problemas que assolam a Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia –
ICASU. Além disso, o grande número de ações trabalhistas existentes contra ela, fazem com
que o problema seja agravado.
Atualmente a Instituição não conta com uma assessoria jurídica, capaz de exercer um
trabalho contencioso, isto é, tratar o mal pela raiz, evitando o surgimento de novos problemas
que, eventualmente, se transformarão em novas ações, sobretudo no âmbito da Justiça do
Trabalho.
Portanto, conclui-se que a carência de uma assessoria jurídica faz com que muitas das
vezes a entidade sofra algumas consequências por não saber agir em determinados cenários.
Desta maneira, a falta de recursos impossibilita a contratação direta de advogados ou de
assessoramento jurídico, o que corrobora a necessidade da criação de um setor interno, capaz
de prestar orientação jurídica e dirimir conflitos, sem que isso se esbarre na dificuldade da
falta de recursos financeiros.
Assim, vislumbrou-se a necessidade da criação de um Conselho Jurídico, composto
por Advogados e Estagiários de Direito, para que o referido assessoramento jurídico pudesse
ser prestado em caso de demandas na justiça, visando principalmente, a utilização de métodos
alternativos de solução de conflitos, admitidos em nosso ordenamento jurídico.
Isso teria um impacto grandioso e que resultaria na almejada diminuição das demandas
trabalhistas uma vez que, a reforma trabalhista trazida pela Lei 13.467/17, incluiu no art. 652,
alínea f, a possibilidade de acordo quantos às verbas trabalhistas, instituindo a competência da
Justiça do Trabalho para a homologação do mesmo. Vejamos:

Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:


....
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria
de competência da Justiça do Trabalho;

É importante frisar, que antes da reforma trabalhista, qualquer acordo celebrado entre
o empregado e o empregador, não gozavam de nenhuma segurança jurídica, uma vez que, não
havia nenhuma chancela legal. Assim, tudo se firmava em um compromisso moral, pois, as
partes poderiam questionar os termos do acordo perante o Judiciário.
Além do dispositivo supramencionado, a Reforma institui ainda, os arts. 855-B até
855-E na CLT, os quais regulam como deve ser o procedimento para a realização do acordo e
homologação judicial. Abaixo, alguns dos artigos mais importantes:
Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá
por início petição conjunta, sendo obrigatória a representação das
partes por advogado.
§1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
§2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do
sindicato de sua categoria.
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da
petição, o juiz analisará o acordo, designará audiência se entender
necessário e proferirá a sentença.

Os dois dispositivos supra estabelecem o procedimento do acordo, em primeiro lugar,


estabelecendo que a petição deve ser conjunta, no entanto, cada parte deve ser representada
pelo seu próprio patrono. Esta disposição visa evitar que as partes sejam lesadas ou até
mesmo que façam o acordo sob algum vicio de consentimento. Ademais, restou estabelecido
o prazo de 15 (quinze) dias para que o juiz analise o acordo, marque audiência e profira a
sentença, homologando ou não o acordo.
Mesmo se tratando de uma novidade jurídica, alguns tribunais já se manifestaram à
respeito deste instituto. Abaixo, vejamos um acórdão proferido pelo Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região:
ACORDO EXTRAJUDICIAL. HOMOLOGAÇÃO. Na esteira do
art. 840 do Código Civil, somente é lícito ao empregador e
empregado prevenirem o terminarem o litígio mediante concessões
mútuas. As normas contidas nos 855-B e seguintes da CLT,
introduzidas pela Lei 13.467/17, não emprestaram à Justiça do
Trabalho a condição de mero órgão homologador de rescisões de
contratos de trabalho, tampouco retiraram a condição de
hipossuficiência do trabalhador. Encontra lugar a norma do art. 157
do Código Civil, segundo o qual ocorre a lesão quando uma pessoa,
sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta. Princípio de concessões recíprocas, pressuposto à validade
do acordo, na forma do art. 840 do Código Civil, que não se fez
presente, na espécie. Impossível a concessão da requerida chancela
judicial, à luz do quanto dispõe a norma do art. 9º da CLT. Recurso
não provido.
(TRT-4 – RO: 0020310620185040404, Data do Julgamento:
01/12/2018, 5ª Turma)

Conforme se extrai do presente julgado, a norma que positiva a homologação do


acordo extrajudicial, não deixou o trabalhador à deriva, retirando-lhe o caráter de
hipossuficiência que o mesmo possui, mas impôs que a norma fosse interpretada sob a égide
do princípio das concessões recíprocas, impedindo que haja algum tipo de vício de
consentimento. Por este mesmo motivo a lei estatuiu que as partes não podem ter advogados
em comum, garantindo ao empregado um patrono que defenda seus interesses, afastando a
ocorrência de vícios sobre o acordo.
A previsão da homologação de acordo extrajudicial representa uma grande evolução e
permite a viabilização da criação do Conselho Jurídico, uma vez que representa uma
alternativa para ambas as partes, sendo um mecanismo que evita maiores desgastes e litígios.
Para a seleção dos profissionais e estagiários, haverá um período de inscrição anual,
que será levado ao conhecimento dos mesmos através de publicidade na seccional da OAB e
em murais das faculdades e universidades do município de Uberlândia/MG.
Com a criação do Conselho Jurídico, a Instituição visará recrutar advogados com no
máximo (cinco) anos de formação, sobretudo aqueles que durante o curso superior não
tiveram a oportunidade de estagiar na área da advocacia. A prestação dos serviços jurídicos,
será de forma pro bono, ou seja, de forma gratuita, eventual e voluntária.
Neste ponto surge um questionamento perante o Código de Ética e Disciplina da
Ordem dos Advogados do Brasil, se é possível ou não a prestação de serviços jurídicos
gratuitos. Na cidade de Orlando/FL, nos Estados Unidos, o órgão de classe da advocacia,
implantou a obrigatoriedade de todos os advogados inscritos na seccional doarem o mínimo
de 50 horas anuais, de assistência judiciaria. No caso de não disporem de tempo para tal,
podem, alternativamente, contribuir em pecúnia para um fundo voltado a assistência
judiciária.
No Brasil não evoluímos a este ponto, mas temos a resposta para a indagação
supracitada, com o advento do novo Código de Ética da OAB que, finalmente, regulou, ainda
que de forma simplória, o exercício da advocacia pro bono.
Vejamos o que diz o art. 30 do referido diploma legal:
Art. 30. No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como
defensor nomeado, conveniado ou dativo, o advogado empregará o
zelo e a dedicação habituais, de forma que a parte por ele assistida se
sinta amparada e confie no seu patrocínio.

§1º Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e


voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem
fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários
não dispuserem de recursos para a contratação de profissional.

§2º A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas


naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para, sem
prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.

§3º A advocacia pro bono não pode ser utilizada para fins político-
partidários ou eleitorais, nem beneficiar instituições que visem a tais
objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de
clientela.

O caput do artigo supra já deixa claro, que não é porque o serviço não será
remunerado, que o advogado poderá agir de qualquer forma. O zelo deve ser empregado em
toda a consecução do patrocínio.
Logo, o primeiro parágrafo vem conceituando o que seria a advocacia pro bono,
deixando evidente o seu caráter gratuito, eventual e voluntário de serviços jurídicos. Em
outras palavras, o advogado realiza este tipo de advocacia, caso queira, de forma voluntária.
Ademais, devemos frisar o que mais nos interessa: as instituições sociais sem fins econômicos
são legalmente os beneficiários da advocacia pro bono, sendo esta a base mais sólida para a
criação do Conselho Jurídico.
Para permanecer dentro dos requisitos legais e não ser surpreendida com reclamação
trabalhista objetivando reconhecimento de vínculo empregatício, a Icasu deverá cuidar para
que os advogados que manifestarem interesse em fornecer serviços jurídicos gratuitos
permaneçam na eventualidade.
Para isso, o processo de seleção seria através de divulgação, por meio de redes sociais,
por exemplo, visando recrutar jovens advogados em início de carreira, sobretudo aqueles que
não tiveram oportunidade de fazer estágio na área da advocacia, para assumirem a prestação
gratuita e voluntária de serviços advocatícios, por meio da assinatura de um contrato de
prestação de serviços pro bono.
Seria formado um banco de dados com o cadastro de cada profissional que manifestou
o seu interesse e na ordem com que foram recebidas as inscrições, cada individuo seria
chamado para o patrocínio ou assessoramento em alguma questão jurídica. Isto promoveria a
agregação de experiência jurídica e também o resgata da função social da advocacia, que
restou perdida entremeio à mercantilização da profissão.
Desta forma, seguindo os ditames legais, os advogados poderão prestar serviços
jurídicos sem que isso implique novos gastos para a Instituição ao mesmo tempo que
adquirem experiência profissional.

INSTITUIÇÃO CRISTÃ DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE UBERLÂNDIA – ICASU


ESTATUTO SOCIAL

CAPÍTULO I
DENOMINAÇÃO, SEDE E FORO

Art. 1º. A Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia – ICASU, é uma instituição
filantrópica, assistencial e beneficente de natureza sócio-ambiental, educacional,
profissionalizante, cultural e produtiva, fundada aos 27 (vinte e sete) dias do mês de
novembro de 1967 (mil novecentos e sessenta e sete), na cidade de Uberlândia, estado de
Minas Gerais, constituída sob a forma de Associação Civil, sem fins lucrativos que se regerá
por este Estatuto e demais legislações aplicáveis.

§1º. A entidade poderá adotar como nome fantasia as suas iniciais, formando a sigla
“ICASU”
§2º. A instituição terá duração por tempo indeterminado.

Art. 2º. A Instituição tem sede e foro na cidade de Uberlândia, estado de Minas Gerais, na
Avenida Nicomedes Alves dos Santos, nº 4000, Morada da Colina, CEP 38411-106, inscrita
no CNPJ sob o nº 25.642.455/0001-31.

Parágrafo Único. A Instituição poderá abrir e encerrar as filiais ou escritórios em todo o País,
de acordo com suas necessidades administrativas e operacionais as quais serão regidas pelos
termos constantes neste estatuto e demais legislações aplicáveis.

CAPÍTULO II
OBJETIVOS E FORMA DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Art. 3º. Constituem objetivos sociais da instituição: a) promover o desenvolvimento humano


e a valorização do trabalho humano através da formulação e implementação de programas,
cursos profissionalizantes e de aprendizagem para o mercado de trabalho e ações
filantrópicas, assistenciais, beneficentes, produtivas e educativas voltadas para as famílias,
crianças, adolescentes, adultos e idosos, especialmente aqueles em situação de risco e
vulnerabilidade social; b) promover a saúde humana através da assistência farmacêutica à
saúde pública na condição de agente de aquisição de medicamentos e produtos de saúde à
ordem do órgão público competente em cooperação com os entes públicos, gestão e
administração de unidades de saúde pública, prestação de serviços de lavanderia, confecção e
locação de enxoval hospitalar, hoteleiro e industrial, terceirização de mão-de-obra de serviços
de lavanderia hospitalar; c) promover a educação para o trânsito, a mobilidade urbana e a
democratização do espaço público, através de programas e ações socioeducativas voltadas em
especial para a formação de crianças e adolescentes, através de prestação de serviços de
projeto e execução, gerenciamento, monitoramento de estacionamento rotativo público e
privado, projeto e execução de sinalização de trânsito horizontal e vertical; d) promover o
atendimento socio terapêutico e o tratamento de recuperação de dependentes químicos e
codependentes, bem como, a sua reintegração social; e) prestar auxílio e assistência às
instituições sem fins lucrativos e à entidades beneficentes de assistência social ou de interesse
público que tenham objetivos afins aos da ICASU; f) difundir os princípios de solidariedade e
cidadania, bem como, os princípios de preservação da vida e da dignidade humana. A
instituição se organizará por meio de Centros Gerenciais de apoio administrativos e
operacionais, a saber:

I – CENTRO DE ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS – CENAF – Este centro tem como


objetivo o atendimento às famílias que necessitam de orientação e apoio psicossocial,
formação e qualificação profissional para a inserção no mercado de trabalho.

II – CENTRO DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE – CPCA –


Este centro visa à proteção de crianças e adolescente de ambos os sexos, em situação de
abandono, insegurança e expostos à violência física ou psicológica, em caráter provisório ou
permanente.

III – CENTRO DE QUALIFICAÇÃO E CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL –


CPCQ – Este centro tem como objetivo a capacitação de jovens, adolescentes e adultos em
programas de qualificação e formação profissional, objetivando inclusive a criação de cursos
regulares, observando as diretrizes da educação nacional.

IV – CENTRO DE ENCAMINHAMENTO E INSERÇÃO AO MERCADO DE


TRABALHO – CEIMP – Este centro tem como objetivo buscar espaço no mercado de
trabalho para adolescentes e jovens qualificados na instituição, em atendimento às
necessidades das Empresas e Instituições parceiras e/ou conveniadas em conformidade com a
legislação pertinente.

V – CENTRO DE GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA – CGTR – Este centro


como objetivo desenvolver atividades produtivas através da criação de núcleos comerciais,
industriais e de serviços que visem à iniciação, qualificação e formação profissional dos
jovens e de seus familiares bem como a geração de renda interna para a sustentabilidade e
manutenção própria da Instituição.
VI – CENTRO DE APOIO À ERRADICAÇÃO DA MENDICÂNCIA E DA
DEPENDÊNCIA QUÍMICA – CAEMDQ – Este centro tem como objetivo o atendimento à
população de rua que vive de mendicância, aos dependentes químicos e às suas famílias
buscando a sua erradicação através da orientação e apoio psicossocial familiar, formação e
qualificação profissional para a sua reinserção na sociedade e no mercado de trabalho.

VII – CENTRO DE PREVENÇÃO E ATENÇÃO À SAÚDE HUMANA –


CPASH – Este centro tem como objetivo desenvolver atividades administrativas e/ou da
população em geral das localidades de atuação da Instituição através de Instalações e
Prestações de Serviços próprios e/ou da prestação de serviços através de parcerias, convênios
e/ou contratos de gestão com órgãos e instituições públicos e/ou privados de atendimento à
saúde humana.

VIII – CENTRO DE APOIO ADMINISITRATIVO E OPERACIONAL – CAAO


– Este centro tem como objetivo desenvolver as atividades administrativas e de apoio
operacional aos demais centros para o desenvolvimento das atividades fins.

§1º. Poderão ser criados ou extintos novos Centros de Apoios Gerenciais, de acordo
com necessidades e conveniência de gestão da instituição, desde que aprovados pela
Diretoria.

§2º. Todos os projetos, programas e ações desenvolvidos ou que venham a ser


desenvolvidos pela Instituição, deverão estar vinculados a um dos Centros Gerenciais de
Apoio Administrativo ou Operacional.

§3º. Os programas desenvolvidos ou que venham a ser desenvolvidos pela instituição


poderão ser mantidos, instituídos ou suprimidos a critério da diretoria.

Art. 4º. Em todas as suas ações, parcerias e alianças a instituição buscará através da
qualificação e profissionalização a sustentabilidade dos seus assistidos e da Instituição nos
seguintes aspectos:

§1º. Social: a Instituição deverá orientar seu foco de atuação, buscando a elevação dos
níveis de desenvolvimento humano através de processos educativos de qualificação e
formação profissional de adolescentes, jovens e adultos e sua inserção no mercado de
trabalho.

§2º. Econômico e Tecnológico: comprometer-se com o processo de globalização


econômica e tecnológica visando garantir a seus assistidos melhores oportunidades de
trabalho num mercado cada vez mais exigente e competitivo.

§3º. Politico: produzir e incentivar ações que fortaleçam as forças vivas da sociedade,
desenvolvendo suas capacidades de posicionamento crítico em relação aos fatos e atores
sociais relevantes em relação à Instituição e a sociedade.

§4º. Ambiental e Cultural: garantir através de seus projetos e ações que a geração atual
consiga legar as gerações futuras um meio ambiente melhor que o patrimônio cultural
recebido seja preservado e repassada às novas gerações.

Art. 5º. Para atingir seus objetivos, a Instituição poderá:

§1º. Alienar ou dispor dos produtos e serviços decorrentes das atividades


desenvolvidas, sendo que toda a renda, recursos ou resultados operacionais serão aplicados na
consecução de seus objetivos institucionais.
§2º. A Instituição aplicará as subvenções e doações recebidas nos programas e nas
finalidades à que estejam vinculadas, prestando, para tanto, serviços gratuitos, permanentes e
sem qualquer discriminação de clientela.

CAPÍTULO III
FONTES DE RECURSO E PATRIMÔNIO

Art. 6º. Constituem fontes de recursos da Instituição:

I – As doações, legados, heranças, subsídios, benefícios fiscais e auxílios de qualquer


natureza que lhe forem concedidos por pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou
privado, nacionais ou estrangeiras, associadas ou não;
II – As contribuições de seus associados;
III – Os rendimentos produzidos por seus bens, direitos, campanhas e eventos
destinados à captação de recursos;
IV – As receitas provenientes da comercialização dos produtos e serviços decorrentes
do desenvolvimento das suas atividades, bem como das suas receitas patrimoniais;
V – As receitas provenientes de contratos, convênios e termos de parceria, celebrados
com pessoas físicas e/ou jurídicas de direito público ou privado;
VI – Subvenções dos poderes públicos federal, estadual e municipal;
VII- Quaisquer outras receitas decorrentes de atos lícitos e compatíveis com as
finalidades da Instituição.

§1º. As receitas, rendas, rendimentos e eventuais superávits apurados, serão


integralmente aplicados na consecução e desenvolvimento de seus objetivos sociai.

§2º. O patrimônio da Instituição, em nenhuma hipótese, poderá ter aplicação diversa


da estabelecida neste Estatuto.

§3º. As despesas da Instituição devem guardar estreita relação com suas finalidades e
estar de acordo com o planejamento orçamentário anual aprovado pela Diretoria.

§4º. A Instituição é sem fins lucrativos, não distribui os resultados, dividendos,


bonificações, participações ou parcela do seu patrimônio, sob nenhuma forma ou pretexto.

§5º. A Instituição não remunerará ou concederá vantagens ou benefícios a seus


dirigentes, conselheiros, associados, instituidores, benfeitores, direta ou indiretamente, por
qualquer forma ou título, em razão de suas funções ou atividades que lhe sejam atribuídas
decorrentes deste Estatuto, em conformidade com o disposto no art. 29, I, da Lei 12.101/09.

§6º. A Instituição somente terá sua sociedade dissolvida, por deliberação de 2/3 (dois
terços) dos membros, se deixar de funcionar durante um ano ou por decisão judicial.

§7º. Em caso de dissolução da Instituição, o seu respectivo acervo patrimonial


disponível, será contabilmente apurado e destinado a outra pessoa jurídica qualificada nos
termos da lei e que tenha preferencialmente o mesmo objeto social de acordo com a
deliberação da Assembleia Geral e que a partir, de então, será a única responsável por todo o
passivo trabalhista e fiscal que porventura exista.

Art. 7º. O patrimônio da Instituição é constituído por bens móveis e imóveis, veículos, ações,
títulos e direitos pertencentes ou que venham a lhe pertencer.

CAPÍTULO IV
DO QUADRO SOCIAL

Art. 8º. Poderão associar-se à Instituição quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que se
propuser a contribuir para a consecução dos seus objetivos societários, desde que satisfeitas as
condições de admissão previstas nesse Estatuto, os quais serão agrupados em três categorias.

§1º. Sócios Fundadores são aqueles que participam da Assembleia de Constituição da


Instituição, assinando a ata de fundação e que tenham referendado o seu primeiro Estatuto
Social.

§2º. Sócios Honorários são aqueles que, em proposta minudentemente apresentada


pela Diretoria, ouvido o Conselho Deliberativo, hajam prestado serviços altamente relevantes
à Sociedade e/ou à Instituição.

§3º. Sócios Contribuintes são aqueles que foram admitidos em tal categoria com o
encargo de contribuírem espontaneamente e regularmente para a manutenção de projetos e
serviços sociais desenvolvidos pela Instituição.

§4º. Pode ser admitido como Sócio Contribuinte, qualquer pessoa física e/ou jurídica,
devendo para tal ser apresentada proposta à Diretoria, a qual será submetida à sua apreciação
e aprovação.

§5º. O Sócio Contribuinte terá direito a voto nas assembleias ordinárias e


extraordinárias, devendo para isto, com antecedência mínima de 48 horas das reuniões, se
habilitar e estar em dia com as suas contribuições.

Art. 9º. Para se tornar associado contribuinte, o candidato deve atender às condições:
I – Ter idoneidade moral e reputação ilibada;
II – Apresentar proposta de filiação onde constem sua qualificação completa, valor,
espécie e periodicidade da contribuição a ser efetuada;
III – Manifestar formalmente a sua concordância com o presente Estatuto;
IV – Assumir o compromisso de honrar pontualmente com as obrigações assumidas.

Art. 10. São deveres dos Sócios:


I – Acatar e cumprir as disposições do presente Estatuto e do Regimento Interno, bem
como cumprir as decisões da Diretoria e as deliberações da Assembleia Geral;
II – Comparecer às Assembleias Gerais Ordinárias e Extraordinárias;
III – Exercer com zelo e dedicação todos os cargos ou comissões para os quais se
dispõem, for eleito ou nomeado;
IV – Honrar pontualmente suas contribuições, mensalidades ou anuidades assumidas
voluntariamente;
V – Informar à secretaria da Instituição, por escrito ou por meio eletrônico, sobre todas
as alterações de seus dados cadastrais junto à Instituição.

Art. 11. São direitos dos sócios:

I – Gozar por si, por seus dependentes ou por quem indicar, de todos os direitos que
lhe são atribuídos por este Estatuto e de todos os benefícios dos Projetos, Programas e
Serviços Sociais desenvolvidos pela Instituição;
II – Exercer o direito de votar e a ser votado, desde que obedeça aos requisitos
exigidos neste Estatuto;
III – Convocar Assembleia Geral, em requerimento assinado, no mínimo, por 1/5 (um
quinto) dos sócios em pleno gozo de seus direitos, mencionando os motivos da convocação e
assunto a ser discutido.
IV – Apresentar à Diretoria sugestões compatíveis com os objetivos da Instituição.

Art. 12. Qualquer associado poderá renunciar a sua condição de sócio por meio de solicitação
formal à Diretoria e esta será considerada efetiva a partir da data do recebimento do pedido.

Art. 13. A exclusão ou suspensão de qualquer associado acontecerá nas seguintes hipóteses:
I – Não cumprimento das contribuições associativas assumidas voluntariamente;
II – Violação deste Estatuto Social ou de quaisquer outros regulamentos instituídos
pela Instituição;
III – Conduta pessoal prejudicial aos interesses da Instituição.

Parágrafo Único. As penalidades de exclusão ou de suspensão serão sempre precedidas de


requerimento apresentado por um sócio e aprovado pela Diretoria, resguardado o direito a
ampla defesa.

Art. 14. A pessoa natural que, identificando-se com os valores e princípios da Instituição e
que queria colaborar com o seu trabalho para a consecução dos seus objetivos sociais, sem
associar-se, poderá atuar como voluntário de acordo com a política de voluntariado da
Instituição.

Art. 15. Os associados e voluntários, independentemente da sua categoria não respondem


subsidiária, nem solidariamente pelas obrigações da instituição, não podendo falar em seu
nome, salvo se expressamente autorizados pela Diretoria.

CAPÍTULO V
ÓRGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO

Art. 16. A instituição conta com os seguintes órgãos:

I – Assembleia Geral
II – Conselho Deliberativo
III – Diretoria Social Estatutária
IV – Conselho Fiscal
V – Conselho Jurídico
VI – Superintendência Operacional

§1º. No desenvolvimento de suas atividades a Instituição observará os princípios da


legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência não fazendo
distinção de raça, sexo, orientação sexual, nacionalidade, idade, credo religioso, convicções
políticas e condição social.

§2º. Em todos os atos de gestão, os Órgãos da Administração deverão adotar práticas


necessárias para coibir a obtenção de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens
pessoais em decorrência da sua participação no processo decisório.

CAPÍTULO VI
DA ASSEMEBLEIA GERAL

Art. 17. A Assembleia Geral dos associados, legalmente constituída e instalada, é o órgão
máximo da instituição, podendo resolver todos os negócios e tomar quaisquer deliberações,
inclusive reformar ou modificar o Estatuto Social da Instituição.

Art. 18. A Assembleia Geral reunir-se-á, ordinariamente, até o final do mês de abril de cada
ano, para apreciar o balanço, examinar o relatório de atividades da Diretoria e da Auditoria
relativos ao exercício do ano anterior e a cada três anos para a eleição da Diretoria, do
Conselho Deliberativo, do Conselho Fiscal e do Conselho Psicojurídico. E
extraordinariamente sempre que o interesse social assim o exigir por convocação da Diretoria
ou a requerimento de 1/5 (um quinto) de seus Sócios.

Parágrafo único. A Assembleia Geral Extraordinária somente deliberará sobre


assuntos mencionados no instrumento convocatório.

Art. 19. A Assembleia Geral compete:

I- Eleger a diretoria, o Conselho Deliberativo, o Conselho Fiscal e o Conselho


Psicojurídico para o mandato de 03 (três) anos;
II- Fazer cumprir o presente estatuto;
III- Refomar o estatuto, sempre que se fizer necessário;
IV- Decidir sobre a dissolução da sociedade;
V- Julgar, em última instância, os recursos interpostos das decisões do Conselho
Deliberativo;
VI- Analisar e se posicionar sobre as contas da Diretoria no fim de cada exercício
financeiro, coincidente com o término do ano cível, após o parecer do conselho fiscal.

Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos II, III e IV é exigido
o voto concorde de dois terços dos presentes à Assembleia especialmente convocada para este
fim, só podendo se instalar e deliberar, em primeira convocação, com a maioria absoluta dos
associados, ou com mais de um terço em segunda convocação ou com qualquer número na
convocação seguinte.

Art. 20. A convocação da Assembleia deverá ser feita através da imprensa televisionada,
falada ou escrita do município, com antecedência mínima de 10 (dez) dias.

§1º. A Assembleia deliberará com o comparecimento de no mínimo 1/5 (um quinto)


de seus membros em primeira convocação, e em segunda convocação, 30 (trinta) minutos
após, com qualquer número de presentes.

§2º. As deliberações da Assembleia serão tomadas por voto da maioria dos Sócios
presentes, cabendo a cada um, só um voto.

§3º. Com exceção do disposto no artigo anterior, ao Sócio que presidir a Assembleia
caberá, em caso de empate, também o voto de desempate.

CAPITULO VII
DO CONSELHO DELIBERATIVO

Art. 21. O Conselho Deliberativo tem caráter consultivo e deliberativo e é composto de 03


(três) membros eleitos juntamente com a diretoria e de todos os sócios fundadores que
manifestarem seu interesse em compor o conselho.

§1º. Somente poderão compor o Conselho Deliberativo: Sócios fundadores ou sócios


honorários.

§2º. O mandato dos membros do Conselho Deliberativo será de 03 (três) anos, sendo
admitido à reeleição, podendo ser destituídos a qualquer tempo pela Assembleia Geral.
§3º. O presidente do Conselho Deliberativo será escolhido entre um dos seus
membros.

§4º. O Conselho Deliberativo reunir-se-á semestralmente ordinariamente e


extraordinariamente, quando convocado pelo seu presidente ou pela Diretoria Social
Estatutária com a presença de no mínimo 2/3 (dois terços) de seus membros.

Art. 22. Competirá ao Conselho Deliberativo:

I- Dar parecer sobre a gestão da Diretoria, antes de serem submetidas à Assembleia


Geral;
II- Julgar os recursos interpostos contra os atos da Diretoria;
III- Acompanhar a gestão da Instituição, podendo para tanto, solicitar informações e
documentos necessários;
IV- Propor, quando conveniente, a formação de comissão especial para acompanhar o
desempenho dos projetos em andamento;
V- Deliberar sobre a criação de novos centros de apoio gerencial e de novos projetos;
VI- Aprovar o Orçamento Anual e o Plano de Aplicação da Instituição, elaborados
pela Superintendência Operacional e Diretoria Estatutária.

Parágrafo único. As deliberações do Conselho serão tomadas por maioria simples, e


tem caráter de recomendação que poderão se necessário ser submetidas à apreciação e
referendo da Assembleia Geral.

CAPITULO VIII
DA DIRETORIA SOCIAL ESTATUTÁRIA

Art. 23. A Diretoria Social Estatutária é o órgão responsável pela gestão estratégica da
instituição composta por 09 (nove) membros, assim designados:

I- Presidente
II- Vice-presidente
III- Secretário
IV- Tesoureiro
V- 05 (cinco) Diretores sem designação

§1º. O mandato dos membros da Diretoria Social Estatutária será de 03 (três) anos,
sendo admitida a reeleição, podendo a mesma ser destituída a qualquer tempo pela
Assembleia Geral especificamente convocada para este fim.

§2º. Na ausência ou falta do Secretário ou Tesoureiro, um dos Diretores sem


designação assumirá as suas atribuições e responsabilidades, especialmente no que se refere
às transações bancárias, podendo na ausência do tesoureiro, qualquer dos diretores responder
juntamente com o presidente por estas.

§3º. Em havendo vacância dos cargos de diretores, a diretoria indicará substituto entre
os seus Sócios Fundadores ou Honorários, que se propor a ocupar a vaga, e este deverá ter seu
nome ratificado na próxima Assembleia Geral.

§4º. A ICASU não remunera, nem concede vantagens ou benefícios por qualquer
forma ou título, a seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores, benfeitores ou
equivalentes.

§5º. Os Diretores sem designação deverão responsabilizar-se pelo acompanhamento


dos Centros de Apoio Gerencial da instituição de acordo com suas afinidades.

Art. 24. A Diretoria escolherá todo início de ano, um funcionário, o qual poderá participar das
reuniões da Diretoria, sem direito a voto, representando os demais.

Parágrafo único. Na escolha deste funcionário será observado objetivamente os


requisitos de pontualidade, assiduidade, interesse e relacionamento.

Art. 25. Compete à Diretoria Social Estatutária a gestão dos negócios em geral da Instituição,
podendo para tanto praticar os atos necessários ou convenientes, ressalvados aqueles cuja
competência é atribuída à Assembleia Geral e/ou ao Conselho Deliberativo. Seus poderes
incluem, dentre outros, os necessários para:
I- Fixar e orientar o desenvolvimento das atividades da Instituição;
II- Fazer cumprir o presente Estatuto e propor quando necessário a sua reformulação;
III- Elaborar o Regimento Interno da Instituição, em conjunto com os outros órgãos de
administração;
IV- Indicar, contratar e demitir os membros da Diretoria Operacional, da
Superintendência e demais funcionários, definir seus vencimentos, que deverão ser
compatíveis com os praticados no mercado ou definidos por Convenções Coletivas;
V- Deliberar sobre a admissão e exclusão de contribuintes e fixas os valores das
contribuições;
VI- Convocar ordinária e extraordinariamente quando necessário o Conselho
Deliberativo e a Assembleia Geral;
VII- Articular-se com Instituições Públicas e/ou Privadas, buscando a integração de
ações e estratégias junto às diversas esferas do governo e organizações privadas na busca de
apoio e respaldo aos Projetos, Programas e Ações em desenvolvimento ou que venham a ser
desenvolvidas pela instituição;
VIII- Decidir sobre os casos omissos do Estatuto, e submetê-los ao referendo do
Conselho Deliberativo e à Assembleia Geral se necessário.

Art. 26. A Diretoria de reúne e delibera com a presença de no mínimo 05 (cinco) de seus
membros, e sob a direção de seu Presidente ou Substituto, mediante a convocação prévia.

I- Ordinariamente uma vez por trimestre;


II- Extraordinariamente quando convocada pelo presidente.

§1º. Deverá ser apresentado balancete mensal pelo setor de contabilidade à Diretoria
para conhecimento até o dia 15 (quinze) do mês subsequente;

§2º. A Diretoria deverá apresentar, até a última semana de outubro, orçamento anual e
plano de aplicação para o ano subsequente, o qual será submetido à aprovação do Conselho de
Administração.

Art. 27. Compete ao Presidente:


I- Representar a Instituição ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, podendo para
tanto, outorgar poderes;
II- Administrar a Instituição conjuntamente com a Diretoria Operacional e com a
Superintendência e demais cargos de confiança cuja indicação é de sua livre iniciativa;
III- Garantir uma ação articulada entre os órgãos que compõem a Instituição;
IV- Presidir os trabalhos da Diretoria, proferindo votos somente no caso de empate;
V- Emitir títulos de crédito, movimentar fundos, abrir e encerrar contas bancárias,
contas garantidas, contrair empréstimos de curto prazo junto às instituições financeiras, em
conjunto com o Tesoureiro, ou na ausência deste de um diretor;
VI- Exigir mensalmente a apresentação de relatórios financeiros, contábeis e
operacionais da Instituição, até o dia 15 (quinze) do mês subsequente;
VII- Apresentar, até a última semana de outubro, orçamento anual e plano de aplicação
para o ano subsequente, o qual será submetido à aprovação da Diretoria Social Estatutária e
do Conselho Deliberativo.

§1º. O Presidente, em conjunto com o Tesoureiro, somente pode contrair empréstimos


de médio e longo prazo para investimentos em nome da Instituição, após deliberação pelo
Conselho Deliberativo e aprovação prévia da Assembleia Geral, convocada especialmente
para este fim.

§2º. As escrituras de qualquer natureza, os cheques, autorizações de débito, as ordens


de pagamento, os contratos e, em geral quaisquer outros documentos que importem em
responsabilidade ou obrigação para a Instituição, serão obrigatoriamente assinados
primeiramente pelo Superintendente Operacional, pelo Presidente da Diretoria Social
Estatutária e por mais um dos Diretores.

§3º. As procurações serão sempre outorgadas em nome da Instituição pelo presidente


em conjunto com outro membro da Diretoria Social Estatutária, devendo especificar os
poderes conferidos e, com exceção daqueles para fins judiciais, terão prazo definido.

§4º. As movimentações financeiras da Instituição deverão ser preferencialmente


executadas por meios eletrônicos e serem efetuadas por delegação da Superintendência
Operacional em conjunto com o responsável pela Controladoria da Instituição.
§5º. Os borderôs de movimentações financeiras da Instituição antes de serem
processados deverão ser autorizados pelo Presidente e pelo Tesoureiro ou na falta de um deles
por outro Diretor.

Art. 28. Compete ao Vice-Presidente, substituir o Presidente, nas suas faltas ou impedimentos
e sucedê-lo no caso de vacância definitiva do cargo.

§1º. Na hipótese de renúncia do Vice-Presidente, será convocada Assembleia Geral


para escolha de outro Presidente.

Art. 29. Compete ao Secretário:

I- Gerir os serviços da secretaria e zelar pelo cumprimento das formalidades legais;


II- Organizar juntamente com a secretaria da Instituição, os expedientes da Diretoria e
suas correspondências;
III- Expedir certidões do que constar nos Livros de Registro da Instituição;
IV- Manter controle das certidões e dos documentos da Instituição;
V- Acompanhar diariamente os trabalhos da Superintendência Operacional e das
Gerências conferindo o cumprimento das disposições legais e estatutárias em todos os
processos de gestão da Instituição antes da apresentação à Diretoria Estatutária para assinatura
e encaminhamento.

Art. 30. Compete ao Tesoureiro:

I- O acompanhamento da gestão econômica e financeira da Instituição e sua


movimentação, assinando com o Presidente, cheques, ordens de pagamento ou o borderô de
movimentação financeira da Instituição;
II- Acompanhar e ter controle sobre o Núcleo de Controladoria da Instituição;
III- Superintender a arrecadação e conferência da receita;
IV- Acompanhar os relatórios contábeis e financeiros mensais e a elaboração do
Balanço Anual;
V- Assinar todos os documentos contábeis e financeiros da Instituição, juntamente
com o responsável pela Controladoria e/ou pelo contador.
Art. 31. Compete aos Diretores:

I- Compete aos Diretores sem designação acompanhar os Projetos, Programas e Ações


desenvolvidas pelos Centros de Apoio Gerencial da Instituição responsabilizando-se por
aquele (s) com os quais possuir maior (es) afinidade (s) e identificação;
II- Substituir o Tesoureiro e/ou o Secretário em suas ausências ou em caso de vacância
dos cargos, assumindo suas atribuições;
III- Subsidiar a gestão da Instituição participando ativamente de todos os Projetos,
Programas e Ações propondo, acompanhando e fiscalizando a sua execução.

CAPÍTULO IX
DO CONSELHO FISCAL

Art. 32. O Conselho Fiscal será constituído por 03 (três) membros eleitos juntamente com a
Diretoria, para um período de 03 (três) anos, sendo permitida a reeleição nas mesmas
condições previstas para a eleição da Diretoria.

Parágrafo único. Os membros do Conselho Fiscal elegerão um dos seus, para presidir
os trabalhos e na falta de um dos conselheiros, o Conselho Deliberativo indicará o seu
substituto dentre os diretores sem denominação que deverá ter seu nome ratificado na próxima
Assembleia Geral.

Art. 33. Compete ao Conselho Fiscal:

I- Examinar e fiscalizar todos os atos financeiros e fiscais da Instituição;


II- Conferir e visar as contas apresentadas pela Diretoria no fim de cada exercício
financeiro coincidente com o término do ano civil, encaminhando parecer para a Assembleia
Geral, para que esta aprove ou não as contas;
III- Oficiar à Assembleia Geral de qualquer ocorrência que lhe pareça contrária às Leis
do País, bem como ao estatuto da Instituição.

Art. 34. Ao Conselho Fiscal será facultado o exame de todos os livros e documentos, bem
como ser-lhes-ão fornecidos pela Diretoria, todas as informações que julgar necessárias para o
perfeito desempenho de suas atribuições.
§1º. O Conselho Fiscal deverá apresentar parecer circunstanciado sobre as prestações
de contas da Diretoria, dentro de 15 (quinze) dias da data de recebimento das contas.

§2º. As contas da Instituição estarão à disposição do Conselho Fiscal, mensalmente até


o dia 20 (vinte) de cada mês e anualmente, até o dia 20 (vinte) de janeiro do ano seguinte.

CAPÍTULO X
DO CONSELHO JURÍDICO

Art. 35. A Instituição contará com um Conselho Jurídico composto por, pelo menos, 1 (um)
advogado e 1 (um) estagiário do curso de Direito, que serão escolhidos mediante divulgação
na seccional da OAB e nas faculdades e universidades alocadas no município de
Uberlândia/MG.

§1º. Os advogados, não terão nenhum vínculo empregatício, prestando serviços de


forma eventual, assumindo assim, a responsabilidade pela prestação de serviços de fomra pro
bono, nos termos e limites estatuídos pelo Código de Ética e Disciplina da Ordem dos
Advogados do Brasil.

§2º. Os estagiários deverão comparecer nos mesmos dias em que estiver presente
algum advogado, de forma que tal comparecimento não seja superior à 2 (duas) vezes na
semana, limitada à 4 (quatro) horas diárias e 8 (oito) horas semanais.

§3. Será concedido ao estagiário certificado de todas as horas devidamente cumpridas.

Art. 36. A Instituição abrirá, uma vez ao ano, um período de inscrições para que novos
advogados, com no máximo 5 (cinco) anos de formação, e que se identifiquem com as causas
sociais elencadas neste estatuto, possam manifestar interesse na prestação de serviços pro
bono, mediante o preenchimento de uma ficha de inscrição.

Parágrafo Único. Todas as fichas serão armazenadas, pelo período de 1 (um) ano, em
ordem de inscrição, e os profissionais serão contatados afim de ratificarem seu interesse,
conforme o surgimento de novas demandas.
Art. 37. A finalidade do Conselho Jurídico é perseguir a diminuição à um número ínfimo, das
demandas jurídicas, sobretudo as concernentes à relação de trabalho, lançando mão das
diversas formas alternativas de solução de conflitos aceitas no ordenamento jurídico pátrio.

Art. 38. O advogado que corroborar o seu interesse em assumir uma eventual ação de
interesse da Instituição, assinará um termo onde declarará que aquela prestação de serviço é
gratuita, eventual e voluntária.

Art. 39. Em caso de eventual existência de honorários sucumbenciais, os mesmos serão


revertidos à Instituição, em forma de doação pelo advogado que de forma gratuita, patrocinou
a causa.

Art. 40. Todas as disposições deste Capítulo se submetem às diretrizes profissionais fixadas
pela Ordem dos Advogados do Brasil.

CAPÍTULO XI
DA SUPERINTENDÊNCIA OPERACIONAL

Art. 41. A Instituição contará com uma Superintendência Operacional composta por um
Superintendente, uma Secretária Executiva, duas Gerências, sendo uma de Projetos Sociais e
outra de Produção, com dedicação integral aos seus negócios, com a finalidade de assessorar a
Diretoria Social Estatutária na gestão da Instituição e de seus negócios.

Parágrafo único. Os cargos da Superintendência Operacional são de livre nomeação da


Diretoria Social Estatutária e terão sua remuneração fixada de acordo com valores praticados
no mercado, para cargos similares e/ou correspondentes em Empresas do mesmo porte e
complexidade da Instituição e serão regidas pelas normas da CLT – Consolidação das Leis de
Trabalho.

Art. 42. Compete à Superintendência Operacional a gestão dos negócios em geral da


Instituição, podendo para tanto praticar os atos necessários ou convenientes, de acordo com as
determinações contidas neste Estatuto Social e da Diretoria Social Estatutária e submetendo a
esta, suas decisões sempre que necessário, podendo, para tanto:
I- Propor modificações sempre que necessário ao Organograma e ao Fluxograma da
Instituição, buscando adequá-los às melhores práticas administrativas e gerenciais e às
necessidades de eficiência e eficácia no desenvolvimento dos seus Projetos Sociais, em
atendimento dos seus objetivos societários e com a aprovação prévia da Diretoria Social
Estatutária.
II- Analisar e assinar previamente todos os documentos relativos aos negócios da
Instituição antes dos Diretores Sociais Estatutários
III- Acompanhar através das Gerências de Projetos Sociais e de Produção os trabalhos
dos Centros Gerenciais de Apoio Administrativo e Operacional recebendo e consolidando
periodicamente os relatórios de desenvolvimento dos Projetos e das atividades desenvolvidas
para apreciação e deliberação da Diretoria Social Estatutária.
IV- Executar juntamente com o responsável pela Controladoria da Instituição as
movimentações financeiras e eletrônicas, autorizadas pela Diretoria Social Estatutária.
V- Cumprir e fazer cumprir todas as determinações legais inerentes à Instituição e
estabelecidas por este Estatuto, responsabilizando-se por eventuais prejuízos ou danos
causados à Instituição, por falha ou negligência na sua gestão, desde que devidamente
apuradas e resguardado o direito à ampla defesa.

Art. 43. Compete às Gerências, a gestão dos Projetos Sociais, e de Produção da Instituição.

§1º. A Gerência de Projetos Sociais é o órgão responsável pelo desenvolvimento dos


Projetos Sociais da Instituição já existentes, ou que venham a ser implantados e para isso o
seu Gerente deverá:

I- Representar a Instituição em todos os atos, reuniões, eventos e atividades ligadas


aos seus Projetos Sociais e de seu interesse;
II- Elaborar juntamente com os Centros de Apoio Gerencial ligados à sua Gerência,
orçamento detalhado dos custos de cada projeto desenvolvido ou que venha a ser
desenvolvido e acompanhar a sua execução;
III- Acompanhar e responder diariamente pelos trabalhos dos Centros de Apoio
Gerencial ligados ao desenvolvimento dos Projetos Sociais sob a sua responsabilidade;
IV- Consolidar e apresentar à Superintendência Operacional os relatórios periódicos
das atividades desenvolvidas pelos Centros de Apoio Gerencial sob sua responsabilidade;
V- Cumprir e fazer cumprir todas as determinações legais inerentes à Instituição e
estabelecidas por este Estatuto, responsabilizando-se por eventuais prejuízos ou danos
causados a Instituição por falha ou negligência na sua gestão, desde que devidamente
apuradas e resguardado o direito à ampla defesa.

§2º. A Gerência de Produção é o órgão responsável pelo desenvolvimento das


atividades produtivas da Instituição, já existentes ou que venham a ser implantados, e para
isso o gerente deverá:

I- Representar a Instituição em todos os atos, reuniões, eventos e atividades ligadas às


atividades de produção e comercialização de seu interesse;
II- Elaborar juntamente com os Centros de Apoio Gerencial ligados à sua
Superintendência, orçamento detalhado dos custos de cada projeto desenvolvido ou que venha
a ser desenvolvidos e acompanhar sua execução;
III- Acompanhar e responder diariamente pelos trabalhos dos Centros de Apoio
Gerencial ligados ao desenvolvimento das atividades de produção e comercialização sob a sua
responsabilidade;
IV- Consolidar e apresentar à Superintendência Operacional os relatórios periódicos
das atividades desenvolvidas pelos Centros de Apoio Gerencial sob sua responsabilidade;
V- Cumprir e fazer cumprir todas as determinações legais inerentes à Instituição e
estabelecidas por este Estatuto, responsabilizando-se por eventuais prejuízos ou danos
causados à Instituição por falha ou negligência na sua gestão, desde que devidamente
apuradas e resguardado o direito à ampla defesa;

§3º. A Instituição contará com tantos Centros de Apoio Gerenciais quantos forem
necessários para o desenvolvimento de seus negócios, atividades sociais e produtivas, e estes
obrigatoriamente deverão estar ligados a uma das Gerências ou à Superintendência
Operacional e tem como finalidade executar as ações Administrativas e Operacionais
necessárias ao seu funcionamento.

§4º. Os Centros de Apoio Gerencial se organizarão e estruturarão física e


profissionalmente de acordo com suas vocações e com os projetos que desenvolvem ou que
venham a desenvolver, de acordo com a aprovação da Superintendência e Diretorias da
Instituição.
CAPÍTULO XII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRASITÓRIAS

Art. 44. A entidade é sem fins lucrativos e não distribui resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcela de seu patrimônio, sob nenhuma forma ou pretexto.

Art. 45. O Regimento Interno detalhará as atribuições da Superintendência Operacional, das


Gerências e dos Centros de Apoio Gerenciais, estruturando seu quadro funcional e demais
atividades internas e externas da Instituição, devendo este ser revisto sempre que necessário,
evitando sua desatualização.

Art. 46. Fica autorizada pela Assembleia Geral a reeleição dos membros da Diretoria eleita
para o triênio 2015/2018, em razão dos compromissos assumidos pela Diretoria e do seu
envolvimento em vários projetos novos que estão em andamento.

Art. 47. As Entidades, instituições que tenham seu funcionamento atestado e pessoas físicas
que integravam os quadros da Instituição, quando de sua fundação, mantêm-se na qualidade
de Sócios Honorários.

§1º. As Entidades e Instituições acima somente poderão ser representadas por seus
representantes legais ou por procuração específica, bem como indicar representantes para
figurar nos quadros da Diretoria ou Conselho Deliberativo e Fiscal.

§2º. As pessoas físicas fundadoras da Instituição receberão o Título de Conselheiros


Fundadores e farão parte do Conselho Deliberativo desde que manifestem o seu interesse
formalmente junto à Diretoria Social Estatutária.

Art. 48. O processo eleitoral da Instituição terá início com a publicação do edital de
convocação com 30 (trinta) dias de antecedência da data de realização das eleições em jornal
de grande circulação local pelo período de 03 (três) dias.

§1º. Só poderão concorrer às eleições os Sócios que não tiverem débito com a
Instituição, além de não responderem a processo criminal ou à ação civil de prestação de
contas da Instituição, e que não estejam proibidos de transacionar com a Administração
Pública Direta ou Indireta.

§2º. O Edital de Convocação estabelecerá as condições de participação e a data limite


de inscrição das chapas interessadas em concorrer ao pleito.

§3º. A Diretoria da chapa vencedora das eleições será empossada na última semana do
mês de março do ano eleitoral, em data a ser designada pela atual Diretoria, para o período de
03 (três) anos, iniciando a gestão na última semana de março e findando três anos após, no
mês de março.

Art. 49. A Instituição observará as normas de prestação de contas, que deverão contemplar no
mínimo:

I- A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas


Brasileiras de Contabilidade;
II- A realização de auditoria, por auditores externos independentes sobre o relatório de
atividades e das demonstrações financeiras e contábeis da Entidade;
III- A publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao
relatório de atividades e das demonstrações financeiras e contábeis da Entidade, incluindo-se
as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para
exame de qualquer associado;

Art. 50. É vedado à Instituição participar de campanhas de interesse político-partidário ou


eleitoral, sob quaisquer meios ou formas.

Art. 51. É expressamente proibido o uso da denominação social da Instituição em atos que
envolvam em obrigações relativas a negócios estranhos ao seu objetivo social, especialmente
a prestação de avais, endossos, fianças e caução.

Art. 52. Aos casos omissos ou duvidosos aplicar-se-ão as disposições legais pertinentes e
vigentes.
Art. 53. As adequações do presente Estatuto foram aprovadas em Assembleia Geral Ordinária
realizada no dia __/__/____.

Uberlândia, __/__/___
Antônio Naves de Oliveira
Presidente

4.2.3 Termo de Compromisso de Estágio – Conselho Jurídico

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

O estágio caracteriza-se como uma relação especial, não considerada como relação
empregatícia. Acerca deste tema, Maurício Godinho se posiciona:
É que não obstante o estagiário possa reunir, concretamente, todos
os cinco pressupostos da relação empregatícia (caso o estagiário seja
remunerado), a relação jurídica que o prende ao tomador de serviços
não é, legalmente, considerada empregatícia, em virtude dos
objetivos educacionais do pacto instituído.
Esse vínculo sociojurídico foi pensado e regulado para favorecer o
aperfeiçoamento e complementação da formação acadêmico-
profissional do estudante. (DELGADO, Maurício Godinho, p. 353)

Desta forma, trata-se de uma relação jurídica regida por normas próprias,
especificamente pela Lei 11.788/08, também conhecida pela Lei do Estágio, que por
determinação legal impôs que a relação do estagiário com o concedente não representa
relação empregatícia. O legislador, buscou beneficiar ambas as partes, uma vez que de certa
forma desonera a entidade com
cedente do estágio e proporciona ao estudante o aperfeiçoamento e complementação da sua
formação, já que lhe possibilita aplicação prática de seus conhecimentos.
Nesta esteira, abaixo temos o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª
Região:
CONTRATO DE ESTÁGIO X VÍNCULO DE EMPREGO. A
validade do contrato de estágio requer alguns elementos como a
existência de acordo de cooperação e do termo de compromisso de
estágio firmados pelas partes intervenientes, com d

emonstração do efetivo acompanhamento do estagiário pela


instituição de ensino. No caso presente, não se vê dois requisitos
necessários à validação do contrato de estágio, quais sejam, o
complemento do ensino e aprendizagem e a supervisão da
instituição superveniente, razão pela qual resta desnaturado
contrato de estágio, com a sua consequente nulidade, e
caracterizando o liame empregatício entre as partes ora litigantes.
Recurso conhecido, mas desprovido.
(TRT-7 – RO: 00012782420175070033, Relator: FRANCISCO
JOSÉ GOMES DA SILVA, Data de Julgamento: 23/04/2018, Data
da Publicação: 25/04/2018)

Conforme o julgamento, percebe-se que o caráter educacional é muito forte no


contrato de estágio, sendo um requisito inerente à sua própria existência, de forma que, não
estando presente torna o contrato nulo, caracterizando assim, uma relação empregatícia
convencional.
Em relação à jornada de trabalho dos estagiários, a carga horária máxima será de 8
(oito) horas semanais e conforme a Lei 11.788/08 (Lei do Estágio), por se tratar de estágio
obrigatório para a conclusão de curso superior, podem não ser remunerados. A referida lei,
conceitua o estágio como sendo obrigatório e não obrigatório. Para o caso dos estagiários que
integrarão o Conselho, trazemos abaixo a descrição do art. 2º da Lei 11.788/08:
Art. 2º. O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório,
conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa,
modalidade e área de ensino do projeto pedagógico do curso.

§1º Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do


curso, cuja carga horária é requisito para a aprovação e obtenção de
diploma.

Como sabido, o curso de Direito requer a realização de estágio obrigatório, sendo este
um requisito para a obtenção do diploma de bacharel, portanto, este será o tipo de estágio
oferecido pelo Conselho Jurídico. Para a concretização do estágio, serão cumpridos os
requisitos para que não seja considerado vínculo empregatício, quais sejam: I) matricula e
frequência regular do educando em curso de educação superior; II) celebração do termo de
compromisso entre o estagiário e a Icasu e, III) compatibilidade entre as atividades
desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso.
Quanto a carga horária a ser executada pelo estagiário, a lei traz a seguinte dicção:
Art. 10. A jornada de atividade de estágio será definida de comum
acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno
estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de
compromisso, ser compatível com as atividades escolares e não
ultrapassar:
I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de
estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino
fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e
adultos;
II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de
estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível
médio e do ensino médio regular.
Desta maneira, como visamos estudantes graduando em Direito, a Lei do Estágio
delimita que diariamente não sejam ultrapassadas 6 horas e, semanalmente, não se
ultrapassem 30 horas. No entanto, conforme o caput, a jornada pode ser negociada entre as
partes e, levando em consideração o volume de trabalho, o estagiário do conselho não
cumprirá mais do que 4 (quatro) horas diárias e 8 (oito) horas semanais, devendo comparecer
2 (duas) vezes na semana na instituição.
Por último, no que tange à bolsa estágio, o estagiário será não remunerado. Sobre este
tema, temos o seguinte artigo da Lei 11.788/08:
Art. 12 O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de
contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua
concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estagio
não-obrigatório

Desta forma, a lei deixou claro que a bolsa estágio ou outra forma de contraprestação
somente é obrigatória, isto é, de concessão compulsória, quando se tratar de estágio não-
obrigatório. O estágio a ser cumprido na Icasu, como dito anteriormente, é obrigatório e,
portanto, não tem a obrigação de ser remunerado.
Assim, a criação do Conselho agirá de forma contenciosa, fazendo com que não haja
gastos desnecessários, isto é, que gastos que podem ser evitados com o emprego mínimo de
cautela e conhecimentos jurídicos.

TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Entre:

a Pessoa Jurídica Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia -ICASU, CNPJ


25.642.455/0001-31, com sede na cidade de Uberlândia, estado de Minas Gerais, na Avenida
Nicomedes Alves dos Santos, nº 4000, Morada da Colina, CEP 38411-106, neste ato
representada, conformes poderes especialmente conferidos, por:

(Nome)_______, (CPF)_______, (Carteira de Identidade) _______, expedida por _______,


doravante denominado CONCEDENTE

e:
(Nome)_______, (Nacionalidade)_______, (Estado Civil)_______, (Carteira de
Identidade)_______, expedida por _______, (Endereço)_______, doravante denominado
ESTAGIÁRIO, regularmente matriculado na modalidade de ensino superior regular em

(Nome e Razão Social da Instituição de Ensino) _______, (CNPJ)_______,


(Endereço)_______, neste ato representada por:

(Nome)_______, (Cargo)_______, (CPF)_______, (Carteira de Identidade) ________,


expedida por _______, doravante denominada INSTITUIÇÃO DE ENSINO, firma-se o
presente termo de compromisso de estágio obrigatório, de acordo com a Lei n. 11.788, de
25 de setembro de 2008, conforme as cláusulas a seguir:

CLÁUSULA 1ª – DO OBJETO

O presente Termo de Compromisso tem por finalidade formalizar a realização de estagio


obrigatório entre o CONCEDENTE e o ESTAGIÁRIO, com interveniência e anuência da
INSTITUIÇÃO DE ENSINO.

CLÁUSULA 2ª – DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O ESTAGIÁRIO realizará as seguintes atividades:

Confecção de peças jurídicas de baixa complexidade, análise de documentos, pesquisas em


doutrinas, legislações e jurisprudências, alimentação de software jurídico e acompanhamento
processual.

§1º As atividades acima serão supervisionadas pelo CONCEDENTE, com formação na área
de conhecimento desenvolvida no curso do ESTAGIÁRIO.

§2º A CONCEDENTE se compromete a enviar um relatório das atividades desenvolvidas no


estágio, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses.

§3º O ESTAGIÁRIO se compromete a cumprir integralmente as atividades propostas no


plano de estágio.
CLÁUSLA 3ª – JORNADA DE ESTÁGIO

O ESTAGIÁRIO deverá cumprir a carga horária de 8 (oito) horas semanais, sendo


distribuídas em 2 (duas) vezes na semana, sendo 4 (quatro) horas diárias.

Parágrafo único. A jornada de estágio será cumprida em horário compatível com a jornada
escolar do ESTAGIÁRIO e será reduzida em 50% (cinquenta por cento) em dias de provas,
mediante comprovação.

CLÁUSULA 4ª – DA BOLSA ESTÁGIO

O ESTAGIÁRIO não receberá qualquer valor a título de bolsa estágio ou qualquer outra
forma de contraprestação pelas atividades desempenhadas.

CLÁUSULA 5ª – DO ACOMPANHAMENTO

A INSTITUIÇÃO DE ENSINO declara que o estágio está de acordo com a proposta


pedagógica do curso, horário e calendário escolar, bem como adequado à etapa e à
modalidade de formação do ESTAGIÁRIO, designando _______ como professor (a)
orientador (a), responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário.

CLÁUSULA 6ª – DO SEGURO

É de responsabilidade do CONCEDENTE a contratação de seguro contra acidentes pessoais


em favor da pessoa do ESTAGIÁRIO, cuja apólice seja compatível com os valores
praticados pelo mercado e com as atividades desenvolvidas.

CLÁUSULA 7ª – DA DURAÇÃO

O estágio terá a duração de 24 (vinte e quatro) meses, tendo início em (data)__/__/__.

§1º O prazo de duração não poderá ser, em nenhuma hipótese, prorrogado, visto que já
atingida a sua duração máxima legal.
§2º Após o término do estágio, sem prorrogação, o ESTAGIÁRIO será desligado
automaticamente.

CLÁUSULA 8ª – DA AUSÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Em conformidade com a Lei Federal 11.788/08, o estágio não cria vínculo empregatício de
qualquer natureza entre o ESTAGIÁRIO, o CONCEDENTE e a INTITUIÇÃO DE
ENSINO.

CLÁUSULA 9ª – DO RECESSO

É assegurado ao ESTAGIÁRIO um recesso de 30 (trinta) dias a cada período de 1 (um) ano


de estágio cumprido, a ser cumprido preferencialmente no período de suas férias escolares.

CLÁUSULA 10ª - DA RESCISÃO

Antes do término do estágio, o presente termo poderá ser rescindido:

I – a qualquer tempo, por interesse do CONCEDENTE ou do ESTAGIÁRIO;

II – em razão do descumprimento de qualquer compromisso assumido por este Termo de


Compromisso e seus termos aditivos;

CLÁUSULA 11ª – DO CERTIFICADO DE ESTÁGIO

Ao final do estágio ou em caso de desligamento do ESTAGIÁRIO, o CONCEDENTE


deverá entregar certificado de realização do estágio com indicação resumida das atividades
desenvolvidas, bem como do período cumprido e da avaliação de seu desempenho.

E por estarem, assim, justas e acordadas, as partes assinam o presente instrumento em __ vias
de idêntico e conteúdo e forma, na presença de 2 (duas) testemunhas, abaixo arroladas.
_________________, ____ de _____________ de _________

CONCEDENTE:

____________________________

(Carimbo responsável/assinatura)

Neste ato representando a pessoa jurídica Instituição Cristã de Assistência Social de


Uberlândia – ICASUS

ESTAGIÁRIO:

____________________________

INSTITUIÇÃO DE ENSINO:

____________________________

(Carimbo responsável/assinatura)

Neste ato representando a Instituição de Ensino

TESTEMUNHAS:

____________________________
(assinatura)

Nome Completo .............................

CPF............................

____________________________

(assinatura)

Nome Completo .............................

CPF............................

4.2.4 Parecer Jurídico

PARECER JURÍDICO TRABALHISTA Nº ________

Requerente: ICASU – Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia

Ementa: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE – HORAS EXTRAS – CONSOLIDAÇÃO


DAS LEIS TRABALHISTAS – MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA – ICASU –
TRABALHADOR – ACORDO COLETIVO

DO RELATÓRIO

Trata-se de um relatório formulado pela Instituição Cristã de Assistência Social de Uberlândia


– ICASU, o respectivo relatório tem como fundamento analisar a situação do
TRABALHADOR (A), brasileiro (a), estado civil, profissão, CPF nº xxx.xxx.xxx-xx,
residente e domiciliada na Rua xxx, nº xx na cidade de xxx, em xxx, que propôs a ação de
pagamento de adicional de insalubridade e horas extras, em face da Instituição Cristã de
Assistência Social de Uberlândia – ICASU.
Neste tópico devemos transcrever os fatos que são objetos deste relatório, ou seja, devemos
trazer apenas fatos trazidos pelo cliente/requerente, que no caso será a Instituição Cristã de
Assistência Social de Uberlândia – ICASU.

É possível, neste tópico também destacarmos dúvidas, perguntas e até mesmo opiniões que
são formuladas pelo REQUERENTE/CLIENTE, ao autor (a) da ação que está sendo relatada.

Cumpre destacarmos também qual, o motivo pelo qual a ação que está sendo relatada foi
pleiteada na seara trabalhista.

É o relatório. Passamos a opinar.

DA FUNDAMENTAÇÃO

A Instituição ICASU conta com cerca de 14% de ações trabalhistas em andamento no


judiciário, a maioria destas demandas são referentes ao pedido do pagamento de adicional de
insalubridade em grau mínimo, considerando que a Instituição é subdividida em área de
lavagem de roupas hospitalares e em área de dobragem, embalagem e passagem das roupas
hospitalares.

É importante elucidarmos que para que seja comprovado o grau de insalubridade vivenciado
por cada trabalhador na instituição é necessário que seja realizada uma perícia, ou seja, é
importante que a instituição tenha um laudo técnico para que seja possível demonstrar toda a
insalubridade que cada trabalhador está sendo exposto durante todo o pacto laboral no que diz
respeito à lavagem das roupas hospitalares, se enquadrando assim ao princípio da primazia da
realidade que determina que a verdade dos fatos impera sobre os contratos, ou seja, caso tenha
um conflito entre o que ocorreu de fato e o que foi transcrevido no contrato, prevalecerá o que
ocorreu realmente de fato, conforme análise jurisprudencial abaixo.

PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE.


HALOGENADOR. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE EM
GRAU MÍNIMO. LAUDO PERICIAL ELUCIDATIVO.
PERÍODO LABORAL ATESTADO. DEMONSTRAÇÃO
INEQUÍVOCA DE TRABALHO INSALUBRE.
ACOLHIMENTO INTEGRAL DA PROVA TÉCNICA. Ante a
prova técnica pericial, objetiva e conclusiva quanto à exposição
contínua do reclamante, por via ocular, dérmica e respiratória, sem
a proteção adequada, a agentes químicos deletérios, quais sejam,
vapores de acetato de etila, contidos na NR 15, conforme seu
anexo 11, durante todo o período laboral atestado, impõe-se o
pagamento do adicional de insalubridade em grau mínimo (10%),
no período em que o autor trabalhou como halogenador, com
esteio no laudo pericial, que se mostrou elucidativo e
verossimilhante, preconizando o princípio da primazia da
realidade. Recursos ordinários patronal e obreiro não providos.

(TRT-13 - RO: 02471005620135130023 0247100-


56.2013.5.13.0023, Data de Julgamento: 10/02/2015, 2ª Turma,
Data de Publicação: 13/02/2015)
Contudo, é importante fundamentar que o adicional de insalubridade pago pela instituição
ICASU apenas é pago para os trabalhadores do setor de lavagem, ou seja, o setor de grande
risco de contaminação. Acontece que grande parte dos trabalhadores que trabalham no setor
de área limpa (passagem, dobragem e embalagem das roupas) entram com a respectiva ação
com o intuito de auferir lucro, no fundamento de que o simples fato de terem contato com
roupas hospitalares mesmo que tenham sido lavadas ainda existe um grande risco de se
contaminarem, devido aos resíduos que ainda podem estar ingeridos nas roupas hospitalares.

Neste caso, é viável que a Instituição estabeleça uma porcentagem a ser paga em adicional de
insalubridade aos seus funcionários tanto do setor de área limpa (setor de dobragem,
embalagem e passagem das roupas), como no setor de área contaminada para que seja menor
o índice das demandas no Judiciário.

Trazemos em questão, que a instituição ICASU também sofre por diversas demandas
trabalhistas que são fundamentadas no pagamento de horas extras, devido ao fato da
instituição funcionar 24 horas por dia e ter uma alta demanda de serviços no setor da
lavanderia de roupas hospitalares. Diante disso, seus trabalhadores trabalham na jornada
12x36 para conseguir atender a alta demanda de lavagem de roupas e acabam passando da sua
carga horária estipulada no contrato de trabalho, gerando assim horas extraordinárias, além
das 2 horas que são permitidas de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas. Vejamos:

Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras,
em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

§1º A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por
cento) superior à da hora normal.

Sendo assim, desde que os trabalhadores tenham horas extraordinárias em seu banco de horas,
poderão fazer jus ao pagamento de horas extras, conforme dispõe o entendimento
jurisprudencial abaixo, que demonstra que os tribunais vêm admitindo as horas extras aos
trabalhadores com jornada 12x36, desde que respeite as condições estipuladas na
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, na convenção ou acordo coletivo.

HORAS EXTRAS – ESCALA DE 12 X 36 – PREVISÃO EM NORMA


COLETIVA - VALIDADE AMPLA – ADICIONAL INDEVIDO - Em
decisão recente, a SBDI-1 da Corte, por intermédio do E-RR-443/1998-013-
10-00.5, concluiu pela validade ampla do regime de compensação de jornada
12X36, porque previsto em Acordo Coletivo de Trabalho, ou seja, porque
decidido soberanamente pelas partes, não se havendo falar, por isso, em
pagamento de horas extras ou do adicional de horas extras além da 10ª
diária. Recurso de Embargos conhecido parcialmente e provido. (R) (TST.
Processo E-ED-AIRR n° 996/1998- 00217-00.6. SBDI-1. Relator: Ministro
Carlos Alberto Reis de Paula. DJU 13/03/2009).

Em busca de uma solução para evitar demandas neste âmbito trabalhista, seria necessário que
a Instituição estabelecesse que todos os trabalhadores que trabalham nessa escala de 12x36,
compensassem suas horas que ficam acumuladas no banco de horas, que são horas além das
duas horas que são permitidas pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Levando em
consideração que só desta forma a Instituição não teria a obrigação de arcar com tanto ônus
em relação as demais horas que não são permitidas, conforme está ocorrendo diariamente na
ICASU.

Diante do assunto em questão, podemos relacionar o entendimento jurisprudencial com as


possíveis reclamações trabalhistas que vem a surgir acerca do tema relacionado das horas
extraordinárias aos trabalhadores com jornada de trabalho 12x36, buscando de maneira
preventiva arcar com as possíveis indenizações que a instituição vem a sofrer no judiciário,
devido a procedência das respectivas ações. Vejamos:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. GRAU MÁXIMO. Hipótese em que


demonstrado o isolamento adequado entre a parte suja e parte limpa da
lavanderia do hospital, sendo insalubres no grau máximo apenas as
atividades realizadas em contato com os objetos de uso dos pacientes, não se
estendendo aos empregados responsáveis pela manipulação das roupas
previamente lavadas. (TRT-4 - RO: 00000959620135040241. Data de
Julgamento: 07/07/2016, 7ª. Turma).

Conforme a jurisprudência destacada, a instituição poderá utilizar a mesma para ações


trabalhistas existentes ou possíveis reclamações que vem a existir sobre o pagamento do
adicional de insalubridade, pois de acordo com este entendimento o grau do pagamento de
insalubridade pode ser diminuído aos empregadores que trabalham com roupas hospitalares
nas partes limpas do setor, como acontece na ICASU.

Quanto a essas ações é necessário trabalhar com uma política preventiva, por conta do grande
número de demandas trabalhistas que a instituição ficou como vencida em processos tendo
que arcar com as condenações. Ressalvando que para ser reconhecimento o adicional de
insalubridade o mesmo deve constar na Norma Regulamentadora NR-15 registrado pelo
Ministério do Trabalho e Emprego e laudo pericial, podendo ser médico do trabalho ou
engenheiro do trabalho, para que seja verificado o agente insalubre no local da prestação de
serviço, conforme disposto:

Art. 192, CLT: O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos


limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a
percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20%
(vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região,
segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.

Por fim, vislumbramos que o autor (a) tem direito ao pagamento de adicional de insalubridade
e ao pagamento de horas extras, conforme a fundamentação exposta.

CONCLUSÃO

Diante o exposto, podemos vislumbrar que o autor (a) tem direito ao pagamento de adicional
de insalubridade e ao pagamento de horas extraordinárias, conforme dispõe os artigos 59 e 61
da Consolidação das Leis Trabalhistas, e também o artigo 7º, inciso XVI da Constituição
Federal.

Deverá, porém neste tópico ter uma conclusão de toda a fundamentação que foi relatada no
respectivo parecer, deverá conter também as respostas das perguntas que foram trazidas pelo
REQUERENTE, ao autor (a) no relatório.

É o parecer.

[Local, dia, mês, ano]


_____________________________
Débora Thereza Silva
OAB/MG

_____________________________
Gabriella da Silva Rocha
OAB/MG

_____________________________
Kethullyn Reis Brasileiro
OAB/MG
_____________________________
Laissa Fernanda Moreira Queiroz
OAB/MG

_____________________________
Phelipe Aquino Cambraia da Silva
OAB/MG

_____________________________
Victor Kamory Tolentino Pacheco
OAB/MG

4.3 PEÇAS INOVADORAS


5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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