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 Atenas e seu novo processo educativo

O capítulo nomeado de “A Educação na Filosofia de Sócrates” nos mostra a transformação


educacional que ocorreu em Atenas. Naquela época, Atenas estava voltada para uma Aretê
com o intuito de treinar cidadãos para guerra, cidadãos fortes de corpo e de alma. Contudo,
essa base educacional mantinha-se acessível somente a aristocracia.

Mas ao decorrer dos tempos, a cidade de cidadãos atenienses já não mais necessitava desse
tipo de educação. Atenas passava por um amadurecimento, o que carecia, também, de um
amadurecimento educativo.

Já havia evoluído para uma pólis mais urbana, isto é, iniciaram-se ali centros urbanos,
artesanato, o comércio e não menos importante, a democracia. Logo, a Aretê que satisfizesse a
necessidade do homem da pólis se mostrou presente.

A educação que se inaugura busca incluir os cidadãos na política da pólis. Com tal
transformação, foi preciso à busca por novas virtudes, dentre elas a que mais se sobressaía
entre as demais era a cívica: Condição de inclusão de todos nas atividades políticas.

Para a realização da busca por tal virtude, o instrumento de maior importância era a palavra.
Foi incumbido ao povo o poder do debate. Com isso, todas as crenças, as indagações às
divindades vieram à tona. Essas, quando levadas ao público estavam sujeitas às críticas, a
maiores indagações e conseguintemente às controvérsias.

 Sofistas

Com a chegada da palavra, surgem os Sofistas, que por muitos eram considerados sábios em
determinadas áreas. Andavam de cidades em cidades, isto é, itinerantes, com o intuito de
ensinar aos demais. Eram muito hábeis na retórica, discorriam sobre determinado assunto de
maneira estupenda. Causava espanto, mas ao mesmo tempo, admiração a aqueles que o
ouviam.

A característica que marcam os marcava era a agonística, onde, por meio do debate, quem se
apropriasse do melhor discurso, da melhor argumentação, por mais que ela estivesse atrelada
aos absurdos, sempre ganharia.

Argumentavam sobre uma coisa não como ela de fato era, mas sim como ela parecia melhor
aos olhos dos demais. Moldavam seus argumentos de acordo com aquilo que lhes mais parecia
útil.
A educação sofística trouxe aos homens o contrário da visão cosmológica do universo; trouxe
aos homens a visão de que as novidades decorridas do universo partiam da pólis. Tal educação
rompia os limites impostos até então, era uma educação que não ficava ali na infância, visava
além da infância, visava formar um homem como um todo.

 Sócrates

Podemos o considerar o pai da filosofia, de consideração ao menos. Também podemos dizer


que era o maior oposicionista no que se diz respeito aos sofistas. Não era de seu feitio cobrar
pelos ensinamentos (ao contrário dos sofistas, que perambulavam de cidade em cidade
cobrando por suas palavras).

Apoderava-se de um estilo muito característico. Sócrates era o “médico filosófico”; por meio
de questionamentos, perguntava ao “paciente” até que o mesmo recordasse do primeiro
ponto de seu pensamento.

“Conhece-te a ti mesmo”
“Só sei que nada sei”

Era seu dilema; era o que o mantinha com os seus pés no chão. Ao consultar no Oráculo dos
Delfos para ver quem era o mais sábio dentre todos, descobriu que ele se tratava de ser o mais
sábio. Não por deter de toda a inteligência cabível ao homem (até porque ele não tinha), mas
justamente por ter a ciência de que carregava certa ignorância. Cada novo elemento, cada
novo conhecimento descoberto, abria uma nova ignorância.

Outro ponto que difere Sócrates dos sofistas é que Sócrates não toma a frente dos demais,
não se intitula professor. Educava ao ar livre, aqueles que chegassem poderiam ouvir suas
palavras. Colocava obstáculos, apontava falhas nas colocações de seus ouvintes, e
consequentemente, convidava-os para uma revisão dialética.

Sua ironia a sua disposição: Convidava o cidadão para discorrer sobre determinado assunto,
com o desenrolar da conversa, ia dando contrapontos, perguntas de modo com que o
interlocutor chegasse à conclusão de que sua colocação se tratava de uma colocação
supérflua.

Tal fato nem sempre agradava a quem o ouvia, porém, Sócrates ia abrindo novos caminhos
para seus interlocutores até chegar à definição, ou então, a maiêutica: “a arte de dar
nascimento às ideias”.

Aos que se entregassem de corpo de alma à reestruturação do pensamento, saberia, também,


que jamais chegariam ao conceito propriamente dito, pois são seres imortais, seres finitos.
Saberiam também de suas limitações, de suas ignorâncias, recusando aquilo que estava à
frente de si próprio.
Por fim, o mais importante para a nova Paidéia era a formação para o expirar da vida, uma
educação que formasse o homem por completo, que não salientasse somente o transmitir de
conhecimento. O desejo de Sócrates era induzir aos outros o caminho para achar a essência do
verdadeiro; “[...] atingir o pleno desenvolvimento nos indivíduos [...]”

 Opinião do Resenhista

Tal amadurecimento racional realmente se mostrou necessário, e se mostra necessário em


muitos aspectos diários. O fato de, muitas vezes, não pensarmos juntamente com a razão nos
clímax de nosso dia a dia dá ladeia a um arquétipo racional “anti-socrático”. Infelizmente, isto
é algo que abrange do micro ao macro. Uma democracia sem antes uma base racional válida,
decente, pode colocar, não só o dono da irracionalidade em problemas, mas, fatidicamente,
uma sociedade inteira (uma pólis).

Falando mais sobre a democracia, diria eu que a mesma é diretamente proporcional a outro
fator. Não há como passar da infância para a fase adulta sem antes precisar de um suporte. No
caso da democracia, a educação. Tais estão atreladas uma a outra, sem ela, todo esse processo
democrático se mostra inválido. De modo que tal significa um poder exercido pelo povo, esse
povo necessita da educação para saber validar aquilo que é justo. Do que adianta colocar
alguém para vigiar ovelhas se o mesmo não sabe pastorear?

 Referências Bibliográficas

CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo:


Brasiliense. 1994. v. I.

JAEGER, J. Paidéia. Trad. Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

MATOS. O. F. C. Filosofia, a polifonia da razão: filosofia e educação. São Paulo: Scipione, 1997

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