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Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da investigação em Psicologia, na


especialização Social, que na qual procurou-se perceber sobre as Implicações
Psicossociais da Criminalidade juvenil do Bairro da Catepa Zona 5, no Município Sede
de Malanje.

Hoje ao questionar a juventude actual sobre os medos individuais, grande parte


das respostas faz referência à violência da qual são vítimas, mas o senso comum atribuia
violência somente ao agressor, sem conseguir identificar situações históricas
psicossociais que corroborem os actos de agressão.

A problemática envolvendo a criminalidade e a juventude tem preocupado


autoridades, bem como toda a sociedade Malanjina. De facto, um rápido exame
das sondagens de opinião pública indica que o crime constitui, na actualidade, uma
das principais preocupações da agenda dos mais urgentes problemas sociais com
que se defronta o cidadão angolano.

É de realçar que a criminalidade é um fenómeno presente em todas as sociedades. É


infelizmente comum e indisfarçável, seja porque, nesta sociedade actual,
caracteristicamente informacional, os meios de comunicação social encontra no relato de
comportamentos criminosos matéria de interesse para os seus consumidores, seja pelo
contacto eminentemente presencial e pessoal, diretamente ou indiretamente, com situações
de assaltos, de homicídios, de abuso de menores, de corrupção, de ofensas à integridade
física e de tantos outros crimes que criam insegurança, medo e desconfiança à restante
população.

O interesse pela temática surge em função de que nas sociedades actuais, a


criminalidade e agressividade fazem parte do dia-a-dia. Todos os dias somos inundados
através da televisão, redes sociais, do rádio e dos jornais por notícias que nos relatam
cenários de actos criminosos, como furtos, roubos, violência extrema, crimes sexuais e
crimes contra a vida em vários lugares do país.

A investigação foi guiada através da seguinte pergunta científica: Quais as


implicações psicossociais que estão na base do elevado índice da criminalidade
Juvenil no Bairro do Catepa Zona 5? Diante desta questão, objectivou-se em
Conhecer os factores que estão na base do elevado índice de criminalidade no bairro
Catepa Zona 5; Identificar os principais factores psicossociais que influência na
criminalidade juvenil no Bairro Catepa Zona 5; Analisar os principais elementos
teoricos e metodologico que sustentam a problemática das implicações psicossociais da
criminalidade juvenil do Bairro da Catepa Zona 5.

A abordagem teórica deste trabalho teve como as teorias de base o Behaviorismo


e a Psicossocial. Para a coleta dos dados da pesquisa, empregou-se a metodologia
qualitativa.

A escolha do tema partiu da realidade experiências vividas acadêmica


despertada na aula de Criminologia, Sociologia, Direito Penal e Processual Penal,
quando, invariavelmente,
instalou-se a polêmica sobre as causas do crime.

Portanto, os efeitos da pobreza, do desemprego, da baixa escolaridade ou sua


ausência, de baixos salários, de condições económicas precárias, contribuem para a
formação de quadrilhas de delinquentes que buscam sobrevivência através do crime
organizado, da corrupção, roubos, assaltos à mão armada, violações e outras formas de
crimes.

Este trabalho justifica-se também pelo facto de o local em estudo ser uma zona
periférica e oferece pouquíssima oportunidade para que a juventude se ocupe, viu-se
ainda que a desestruturação das famílias, a pobreza, o desemprego nesta zona tem
permitido que os jovens ingressam no mundo da criminalidade com facilidade.

O tema é importante por ser uma tentativa para testar as teorias da criminalidade
no nosso contexto, com o objectivo de vermos até que ponto podem servir de modelo
explicativo sobre a nossa realidade social e académica e ajudar na prevenção de actos
criminosos.

Justifica-se a importância do trabalho por tratar de tema intimamente


relacionado a questões psicossociais, pois a criminalidade vem sendo apontada como
um dos principais problemas que afligem as pessoas em suas relações diárias.

A pesquisa em realização contribuirá de maneira exaustiva na minha vida


profissional. Sendo uma temática caliente e chamativo, ajudara-me a conhecer
maneira e costumes de modo vida de muitas famílias Malanjinas. Esperamos nos
que o tema, venha a contribuir nas novas pesquiza e que a massa académica tire
maior proveito para resolução de alguns problemas. Nas sociedades atuais,
sobretudo em Angola, a questão da pobreza tem suscitados legos, investigadores,
governantes e a sociedade civil o nível de famílias Neste caso, que a agressividade é
um dos mal que afectam diversas personalidades e que tem vindo a desestruturar
muitas famílias.

Para o contexto social e académico esperamos nós que o trabalho contribua de


uma maneira significativa, visto que a criminalidade é realmente um fenômeno que vêm
preocupando as autoridades, famílias e a sociedade em geral.

Contudo, o epigráfo trabalho investigativo, está constituído por elementos pré-


textuais e pós-textuais três capítulos:

O primeiro capítulo é o Enquadramento Teórico Conceptual no qual se


procurou alvorar certos termos e conceitos subjacentes ao tema em estudo e que foram
fundamentados por diversos autores que já falaram sobre o assunto.

Já no segundo capítulo, a Fundamentação Metodológica, abordou-se questões


relacionadas à caracterização do campo de estudo, modelo de pesquisa, população e
amostra, características dos participantes, variáveis, técnicas e instrumentos,
procedimentos e dificuldades na aplicação das técnicas.

No terceiro e último capítulo debruçou-se sobre a Apresentação, Análise e


Interpretação dos resultados obtidos de acordo a entrevista aplicada aos participantes.

Por fim, as considerações finais, sugestões, referências bibliográficas, anexo e os


apêndices.
CAPÍTULO I –ENQUADRAMENTO TEÓRICO-CONCEPTUAL

Neste capítulo será levado acabo Pensamentos históricos e conceptuais, buscou-


se a compreensão de terminados teóricos que fundamentaram acerca do tema.

1.1. Definição dos termos e conceitos

1.1.1. Significado etimológico e conceito de psicossocial

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editor (2014, p.1377)


a expressão “psicossocial provém de dois vocábulos” um grego “psukhe” que significa a
mente ou alma e outro latino “socialis” relativo à sociedade, sociável, ou seja, aquilo
que convém a sociedade, logo ela é um ramo do conhecimento que se encarrega em
estudar os fenómenos do comportamento do homem na sociedade.

1.1.2. Criminalidade

À luz do Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora (2014, p.459), o termo


criminalidade é de origem latina Criminalitãte, «idem» que é definida como, "qualidade
ou estado de criminoso; o conjunto ou o grau dos crimes num determinado meio;
perpetração de um crime".

Crime

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora (2014, p.459), "crime


do latim Crimen, «idem», é definida como, todo acto o delito previsto e punido por lei
penal".

1.1.3. Juventude

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editor (2014, p.1377)


Juventude do latim Juventus, “juventude”, de juvenes, “novo, jovem, recente”, origem
também de “jovem”. Juventus também era o nome de uma deusa pagã que protegia os
jovens. No português, as palavras ligadas à juventude ou dela derivadas foram
mescladas com outras, de outra origem, mas ligadas igualmente a deuses pagãos, como
o deus Jovis, origem de jovem e jovial.
Dentro do processo do desenvolvimento cognitivo ou intelectual, encontra-se na
Teoria de Piaget a principal referência, indicando a juventude como resultado de
profundas mudanças qualitativas do pensamento, sem esquecer que as transformações
afetivas e sociais se interagem devidamente. Segundo Piaget (1976), a incidência do
meio social no jovem vai depender da sua maturidade para que seja capaz de assimilar
as contribuições da sociedade. Piaget adverte, ainda, que o jovem ao realizar o processo
de desenvolvimento cognitivo, ou seja, o pensamento considera não só o que é o facto
em si, mas, também, o que deveria ser.

Segundo Becker (2000) a juventude deveria ser analisada como a passagem de


uma atitude de simples espectador para outra activa, questionadora (1989, p.10).

De acordo como Abramoway (2006), ser jovem é ser autônomo e fazer com
segurança a travessia da ponte que parte do ser criança e termina no ser adulto. A autora
arrisca definir juventude como

“(...) o período da vida em que as pessoas passam da


infância à condição de adultos, e durante o qual produzem
mudanças biológicas, psicológicas, sociais e culturais, que
se realizam em condições diferenciadas, segundo as
sociedades, as culturas, as etnias-raça, as classes sociais e
o gênero, bem como outras referências objetivas e
subjetivamente relevantes para os que a vivenciam”.
(Abramoway, 2006, slide 3).

Sendo assim, podemos considerar a juventude como resultante de uma vivência


em determinado período histórico e social, que traz os dados da cultura onde ela é
estabelecida e o tempo pelo qual ela é concebida. Imersos nos conceitos hegemônicos
da sociedade contemporânea, depara-se com jovens assustadoramente inseguros e
bravamente imediatistas.

Partindo da definição consensual de que juventude é construída histórica e


culturalmente, pode-se arriscar dizer que ser jovem, na sociedade contemporânea, é
vivenciar uma experiência inédita. Se a história não se repete e os processos culturais
sofrem suas devidas e necessárias alterações, também a experiência de juventude não
pode ser a mesma ao longo dos anos e por isso, merece atenção e cuidados especiais no
que tange à reflexão e à criação de novos conceitos de identidade.

Breve historial da criminalidade

Desde as primeiras civilizações, ao cunhar a lei, esteve presente um dos seus


objetivos primordiais que é limitar e regular o procedimento das pessoas diante de
condutas amplamente consideradas como nocivas e reprováveis.

Um dos escritos mais antigos é o código sumeriano de "Ur-Nammu" que data de


aproximadamente 2100 a.C. no qual se vêm arrolados 32 artigos alguns dos quais
preconizando penas para atos delitivos. O Código de Hamurabi que é compilação maior
e posterior, dentre outros regramentos penais contra o crime, adota a chamada Lei de
Talião ou a conhecida lei do olho por olho, dente por dente, que concedia aos parentes
da vítima o direito de praticar com o criminoso a mesma ofensa e no mesmo grau por
ele cometido (Museu de París, 1993).

Cabe ressaltar, primeiramente, as opiniões e os conceitos dos pensadores gregos


que foram revestidos de fundamento ou inspiração sobre à criminalidade.
Sócrates (470-399 a. C.) citado por Nascimento (2003,p.65) sustentou "que se
devia ensinar aos indivíduos que se tornavam criminosos como não reincidirem no crime,
dando a eles a instrução e a formação de carácter de que precisavam".

Platão (427-347 a. C.) citado por Fernandes (2002 p.61), na obra "A República",
pretendeu evidenciar que os factores econômicos desencadeavam em crimes por meio
da ambição, da ganância, da avidez, logo, davam origem à criminalidade.
Aristóteles (384-322 a. C.), citado por Fernandes (2002 p.62),autor da famosa
obra "A Política", também visualizou os factores econômicos em certos delitos
ocasionados pela miséria.
Em sua Retórica Aristóteles estudou o caráter dos delinqüentes, observando
uma freqüente tendência à reincidência, e analisou as circunstâncias que deveriam ser
levadas em conta como atenuantes dos delitos. Outrossim, concluía que as paixões
humanas eram mais importantes que as razões econômicas na etiologia delinqüencial.
Cesare Lombroso
Em 1876, lançou o livro L'uomo Delinqüente, que representou um marco inicial
da criminologia, onde classificava o criminoso como nato, louco, por paixão e por
ocasião93.
Cesare Lombroso, citado por Santos (2005, p.27) o precursor do estudo da
Antropologia Criminal e o fundador da Criminologia, sustentava que certos
indivíduos já nasciam com predisposição para delinquência, sendo tal disposição
revelada por sua aparência física, ou seja, "ante as características fisionômicas seria
possível conhecer o indivíduo capaz de delinquir".
Ainda Lombroso preocupava-se quase exclusivamente com o contingente
pessoal, afirmando que o delito resultava de condições decorrentes da constituição
peculiar de certos indivíduos (causas endógenas). Sua tese principal era a do
delinquente nato.

Origem do comportamento criminoso

Para Carvalho, citado por Manuel, (2017) afirma que o comportamento criminoso
tem as seguintes origens:

a) Mesocriminoso-atuação antissocial por forças das injunções do meio exterior


como se o indivíduo fosse mero agente passivo. Exemplo; Silvícola.
b) Mesocriminoso Preponderante-maior prepondência de factores ambientais;
c) Mesobiocriminoso-determinantes tanto ambientais, quando biológico.
d) Biocriminoso prepoderante-portador de anomalia biologica insuficiente para
leva-lo ao crime, mas capaz de torna-lo vulneravél a uma situação exterior,
respondendo a ela com facilidade.
e) Biocriminoso puro- atua em virtude de incitações endógena, como ocorre em
algumas pertubações mentais.
Possiveis causas do comportamento criminoso

As diversas fontes literárias descrevem como possíveis causas do comportamento


criminoso factores biologico, psicológico e social.

Para Carvalho, citado por Manuel (2017), afirma que as possíveis causas podem ser
os seguintes:

a) Biológico-factor de ídole genético


Estudo revelam que existe maior correlação para o comportamento criminoso
em gémeo em relação a irmão não gémeos; comparando os monozigotos e
dizigóticos os primeiros apresentam o dobro de correlação.
b) Factore de natureza bioquimica
O alcool reduz o açucar no sangue e pode ser apontado como factor facilitador
do crime, outros estudos mostram criminosos com maior nivél de testestorona
em relação a não criminoso.
c) Factores psicofisiologicos
Experimentos laboratoriais mostram que o criminoso apresenta em média menor
ritmo cardiaco, maior tempo de resposta nas actividades electrica de reação
salvánia.
d) Eliologia psicologica
Estudo revelam que o criminoso, é portador de uma anomalia moral e psíquica,
uma especie de lesão ética e esta é responsavel pela pratica de acções criminosa.
Para Eysenk (1977), afirmou que o comportamento criminal é resulutado da
interação entre factor ambiental e aspectos hereditários.
e) Eleologia social
Entre os factores de natureza social que podem ser considerados como causas do
crime, a literatura de forma consensual aponta: Desemprego, o crescimento
demografico desordenado, a desestruturação do núcleo básico da sociedade, a
ociosidade do jovem a superpupolação de marginalizados, a ineficacia nas
politicas de combate ao trafico de drogas e de luta contra o alcoolismo , altos
niveis de abusos de crianças e jovens por parte dos familiares, ausencias de
politicas e programas de inserção psicossocial das populaçºoes vitimas de
conflitos, crianças de rua hoje, potenciais criminosos amanhã, desequilibrio da
destribuição de renda (assimetria, injustiça, desormonia, instabilidade social).
Factores psicossociais da criminalidade

Por primazia, é importante referir-se que os factores psicossociais são


decorrentes da variedade de factores psicológicos e sociais, por isso aqui analisarse-á a
relação entre determinadas condições psicológicas e de vida social do homem com a
prática dos crimes, para assim esclarecer se a criminalidade está associada aos factores
psicossociais.

Para Martins (2004), os factores psicossociais referem-se a grande variedade de


factores psicológicos e sociais que se relacionam com a saúde e a doença mental, bem
como as características da pessoa, tais como: traços de personalidade, mecanismos de
defesa, estados emocionais e cognitivos. Sendo assim, passaremos a apresentar e
discutir alguns dos factores psicossociais associados à prática de crimes, tais como:

Atitude

Atitude é uma tendência adquirida e relativamente estável para agir, pensar ou


sentir de uma determinada forma positiva ou negativa face a um objecto, pessoa,
situação, grupo social, instituição, conceito ou valor. Ou seja, "nada mais é do que a
resposta do nosso carácter em relação aos acontecimentos" (Júnior, O. K., 2008).

Quanto a isto podemos dizer que, se um determinado individuo não tiver suas
atitudes devidamente formada no âmbito do seu processo de aprendizagem e
socialização elas podem se tornar um factor de risco para à prática dos crimes.

No pensar de Maxwell (2006), atitude é vista como " um sentimento interior


que se expressa pelo comportamento exterior. Para o referido autor, as pessoas sempre
projectam no exterior o que sentem no interior. Quer isto, podemos dizer que, se um
individuo interiorizar conceitos positivos a respeito de um objecto, uma pessoa, uma
situação, grupo social ou instituição tendência é se comportar ou ter atitudes positivas,
mas se interiorizar conceitos negativos ao longo da formação das atitudes a tendência é
agir de forma negativa perante a sociedade.

Quanto a isto, trouxemos Júnior, O. K. (2008, p. 7) que nos conta que: "para se
ter um bom carácter e consequentemente atitudes coerentes, conscientes temos que no
mínimo ter respeito, serenidade, maturidade, sobretudo bom senso". Isto significa que,
se as atitudes do um indivíduo não lhe proporcionarem o conhecimento, a identidade, a
auto estima, a defesa do ego e motivação, a forma como o individuo vai agir , ou
reacção que terá frente aos obstáculos da vida será desviante do padrão aceitável pela
sociedade.

Agressividade

Agressividade "é um processo humano, inato, que provoca na pessoa uma


complexa sensação de expansão, de ir além de si mesma, de correr riscos, de ampliar
limites, de terminar o começado" (Ribeiro, 2006, p. 59).

Significa que, a agressividade por ser natural ela influência a forma como o individuo se
comporta ou age perante determinada situação, objecto ou coisa, um individuo com
instintos agressivos está propenso a agir de modo diferente diante dos desafios da vida.

Para Ribeiro (2006), a agressividade é um instinto benéfico à vida de todo ser


humano e actua em dois níveis: um interno, que cuida da energia a cada instante; e
outro, externo que cuida dos estímulos que vêm de fora e possam ser ameaçadores do
equilíbrio da pessoa. Ela instrumentaliza e regula as relações de pessoas ou coisas
diferentes de si, e está, quase sempre, associada ao medo, à baixa auto-estima, a
desesperança e sobretudo, `necessidade de se respeitar ou ser respeitado.

Nesta perspectiva Landau (2002, p.135-136) assegura que, a agressividade é


próprio da espécie, que condiciona e admite aprendizagem, tornando os relacionamentos
possíveis. A mesma autora afirma que, a agressividade não é somente uma reacção
cujos objectivos sejam destrutivos ou violentos; mais que isso, ela é o alicerce para
qualquer realização.

Frustração

A frustração está definitivamente relacionada com a excitação da raiva, na


presença de um factor cognitivo. A frustração ocorre quando a pessoa tem uma
expectativa que não é compreendida. A experiência do desapontamento requer
cognições com a memória e a imaginação, (Mckay at all., 2001, p.28).

Desde esta análise pode afirmar mesmo que qualquer frustração levaria a
agressão, ainda que invisível e, qualquer agressão, resultaria de uma frustração, mesmo
que invisível. Pois, a frustração é tida como a insatisfação devido à recusa de um agente
externo de entender a exigência libidinal, quanto a insatisfação ligada a factores
internos, como inibição e defesas do eu, que leva a formulação hesitantes [...], (Farias,
2005, p. 205).
Significa que, a frustração está estritamente ligado a uma decepção,
desapontamento ou mesmo desilusão, que o individuo enfrenta; uma pessoa frustrada é
alguém que não conseguiu realizar determinado objectivo ou lhe foi negado algo que
impediu a sua realização da satisfação, e nesta situação de desconforto essa pessoa pode
enveredar às práticas consideradas inadequadas ou criminosas tudo por que pretende
que sua expectativa seja compreendida e respeitada.

Portanto, Mckay at al (2001, p.29) esclarecem que, uma pessoa frustrada não se
comportará de maneira agressiva a menos que o contexto seja percebido como
apropriado para a manifestação de hostilidade. Quer no campo de batalha quer numa
discussão doméstica, a agressão só ocorre se for considerada apropriada ou aceitável
dentro daquela situação.

Teoria comportamental

A teoria comportamental entende o comportamento criminoso sob dois


conceitos-cheves; o Condicionamento e os Comportamentos modelo. Nesta perspectiva
a personalidade anti-social se constitui nessess dois processos.

“O condicionamento deriva da exposição a situação similares desde a infância,


que ensinaram o indivíduo a obter vantagens a apartir de comportamentos de
agressão. A criança descobre que, prvocando dor, física ou psicológica, na mãe,
no pai, em irmãos conquista o objecto de seus desejos” (Fiorell; Mangini, p.223,
2009).

Nesta concepção o criminoso de forma num processo de aprendizagem, o sujeito


aprende a agir em desconformidade com as normas.

“O condicionamento constitui factor marcante: o indivíduo, continuamente


submetido a experiências em que a violência constitui o diferencial, com o
tempo integra-a ao seu esquema de comportamento; o cérebro desenvolve
padrões de respostas para estímulos violentos e o individuo comporta-se de
maneira não apenas destinadaa responder a tais estímulos, mas, mas, também, a
provocá-los.” (Fiorell; Mangini, p.223, 2009).

O sujeito pode ainda constituir uma personalidade criminosa na observação de


modelos de comportamentos;

“a imitação de modelos acontece nas situações em que o pai, mãe ou alguma


pessoa significativa causava dor em outras pessoas e conseguia benefícios com
essa estratégia perveesa. A criançaa observa e replica o comportamento, mais
tarde, condiciona-se a praticá-lo.” (Fiorelli; Mangini, p.223,2009).

O condicionamento e imitação de modelos de comportamento se reforçam para


formar uma personaliadde anti-social, a conduta delituosa acaba por se tornar um
hábito, um vício, com tendências a se intensificar com o tempo. (Fiorelli; Mangini,
p.225,2009).

Teoria psicossocial

O problema das pertubações internas do sujeito, que o levam a cometer delitos,


não exclui os factores externos ao sujeito como causas para a existência da delinquência
como condição patológica. Este problema não encontra todas as respostas no ámbito do
íntimo do indíviduo, deve-se levar também em conta os facores economicos e sociais
que estão na gênese da personalidade anti-social, é o que propõe a perspectiva
psicossocial. O individuo não se encerra, nem se justifica, ou se entende em si mesmo,
ele está ligado ao meio, inevitalmente.

Pesquisas comprovam que as personalidades criminosas se forma com mais


frequencia entre os economicamente desprivilegiados e nos meios urbanos. A pobreza
tem alguma influência sobre o comportmaento desviantes ma medida em que frusta o
exercício das funções parentais e aumentaas adversidades na fámilia. (RUTTER APUD
BENAVENTE, 2009).

Na mesma perspetica Costa afirma (apud Benavente, 2009) que:

“ o aparecimento da criminalidade juvenil, em maior número entre


populações desfavorecidas e etnicamente minoritárias como resultado do
enfraquecimento institucional dos factores tradicionais de socialização,
do deficiente processo de integração e do aumento do desemprego.”

Já sobre os ambientes urbanos, cabe ressaltar as diferenças étnicas e a concentração


populacional são os ingredientes ideiais para a explosão do sob-culturalismo,
provocando sobre o indíviduo, especialmente o adolescente, forte sentimento de perda
de identidade.

Ainda sob esta perspectiva, deve-se ter em importância a influência do grupo sobre o
comportamento dos sujeitos e para a formação de sua personalidade (principalmente
entre os jovens). A partir dos processos de aprendizagem social, o indivíduo, na
carência de referências familiares ou pelos menos sólidas, integra-se ao grupo,
assumindo seus valores e hábitos. Conforme afirma Matos (apud Benevente, 2009):

“é importante considerar o grau de inserção grupal do criminoso, que


muitas vezes apresenta um comportamento perfeitamente adequado às
leis do grupo em que se integra, podendo existir conduta criminosa sem
haver alteração psíquica na formação de doente mental”.

O problema da criminalidade na adolescência

O comportamento criminoso surge com maior frequência na idade entre 12 e 18


anos, momento em que o individuo passa por reorganização interna e afirma os valores
que nortearam sua personalidade adulta, a adolescência é condição de crescimento que
possibilita o desenvolvimento da personalidade. (Steffen, 2009).

Neste momento a transgressão torna-se algo comum, inclusive necessário para o


desenvolvimento e aprendizagem, o delito é uma forma de “aquisição de novas fromas
de socialização”. (Benavente, 2009) afirma que esta condição do adolescente não
necessariamnte traduz uma condição patologica, a ação dilituosa muitas vezes é uma
busca por limites e referencias normais nesta fase. Pingeon (apud Benevente, 2009)
afirma que o criminoso juvenil é um processo normal de socialização.

Para Benavente (2009) diz que a adolescente é um momento de mudanças intra psíquica
em que se da a negociação de novos laços com os objectos da infância e o
estabelecimento de ligações a novos objectos, e que pode culminar em desvio.

O problema se quando o adolescente, por infringir as normas, recebe da


sociedade o estgma de criminoso sem levar em conta as inquietações dessa fase que o
levaram a cometer o delito, e que não necessariamente o configuram como criminoso
patológico. Muitas jovens são tratados como verdadeiros criminosos, com personalidade
formada, que cometem crime na perfeita convicção de seus actos, mas o adolescente
constamente testa de suas acções para o final de processo definir sua personaliadde.

Personalidade criminosa

Do ponto de vista da personalidade do criminoso, Círtková (2004), citado por


Manuel 82010) diz que a personalidade criminosa parte do princípio de que
determinadas caracteristicas se combinam e criam assim constelações tipicas, segundo
as quais podemos classificar o individuo insirindo-se em alguns grupos. Esta
classificação é um instrumento de uma análise especifica da personalidade do criminoso
e pode ser utilizada para prever ou influenciar de forma eficaz o comportamento do
mesmo. A classificação serve como ferramenta de reconhecemento da personalidade de
um criminos especifico e é uma linha de orientação para ângulos diferenciados sobre o
criminoso na condição de condenado ou preventivo, neste caso a autora propõe os
seguintes tipos de personalidade criminosa:

a) O tipo social tem um pensamento saudável e todas as dinãmicas utilizadas


são compreensíveis, a consciência está formada e a reacção ao acto
criminoso cometido é uma resposta a uma imagem comum. O acto cometido
tem um carácter episótico, não está em linha com o caminho de vida trilhado
até esse momento e a motivação do acto é transparente, por exemplo, uma
forte pressão contextual. O individuo não apresentar marcas mais
preponderantes de distúrbios e é um criminoso ao qual podemos apelar do
ponto de vista moral.
b) O tipo neurótico apresenta sinais de distúrbios neuróticos como por
exemplos uma ansiedade elevada, elevado nível de irritablidade, humor
depressivos e intrusivos. Estes elementos neúroticos, de alguma forma,
acabam por surgir também no acto criminosso, a amaioria destes indivíduos
possui uma consciência funcional, por isso podemos apelar ao lado positivo
da sua personalidade e recorrer a valores e normas morais para sua
reabilitação.
c) O tipo psicopático estamos a pressupor que a persoanilidade deu uma
contribuição significativa ao acto criminoso. As características de
temperamento e de caracter desempenham um papel importante, tanto no
contexto da motivação para o acto como na forma de o concretizar; os
factores situacionais ficam, pelo contrário, em pano de fundo. Este tipo de
indivíduo tem uma forma de comportamento e de experência peculiar,
proeminente e fora do vulgar, não respeita as regras e viola-as. Neste grupo
inclui-se um grande número de reincidentes-, falham aqui as abordagens com
um estímulo positivo, tal como o apelo aos valores morais, à consciência, ao
sentimento de culpa, etecetera.
d) O tipo retardado mental (oligofrénico) esta personalidade distingue-se por
uma inteligência reduzida-, os actos criminosos cometido por estes
indivíduos não foram premetitados, eles apresentam uma simplicidade e
linearidade incomuns. Dentro dos grupos de criminosos, estes apresentam, os
executores das ideias de outrém. Ora, neste grupo de criminosos,
encontramos uma elevada sugestibilidade aparente e uma maior
influenciabiliadade no snetido de uma aceitação não crítica das ideias de
outrém.
e) O tipo psicótico no momento em que cometeu o acto, o criminoso estava a
sofrer de alguns dos sintomas compatíveis com doença mental grave. O acto
cometido chama a atenção por ser uma acção bizarra, incompreensível e, por
vezes, de forma excepcional, também pela sua brutalidade. A motivação é
marcadamente opaca, perversa e incompreensível numa escala normal de
valores.

Os grupos mais perigosos são constituídos por indivíduos com uma grande força
criminal e uma adaptabilidade social elevda. A sua tendência anti-social não é revelada
ao exterior apesar das suas inclinações criminosas. São indivíduos basicamente
socializavéis, mesmo que do ponto de vista da sociedade sejam sobretudo indivíviduos
patológicos (Círtková, 2004, p.49-50).

Substâncias Psicoactivas e suas influências nos actos criminosos

O fenomeno em torno da substancias psicotropicas e sua relação com actos


criminosos têm atraido uma grande atenção nos últimos anos, como se confirma por
uma série de projectos de investigação e relatórios realizados por instituições de várias
latitudes do universo.

Os resultados de muito estes estudos mostram a existência de uma forte relação


entre o consumo de substâncias psicotrópicas e os actos criminosos. A prática de actos
criminosos sob influência de substância psicoativa é um acontecimento muito
significativo, não apenas de ponto de vista da própria acção criminosa, mas tamb+em no
diz respeito à sua gravidade e à segurança da própria sociedade.

Os resultados de estudos realizados nas princiapis instalações


prisionais em Portugal mostram que mais de 70% dos
indivíduos que fizeram parte da amostra analisada consumiral
pelo menos um tipo de substância psicotrópica de forma regular
no período que antecedeu o acto criminoso (AGRA, 2008,
citado por MANUEL, p. 76, 2010).

Para Hartl (2004), citado Manuel (2010), afirma que as substâncias psicoativas
são aqueles elementos que influência a consciência, o comportamento e o humor; se
forem consumidas de forma abusiva ou inadequada existe perigo de criarem
dependência.

Já para Pavlovsky (2004), citado por Manuel (2010), as substância psicoativa é


toda e qualquer substância que após ser absorvida pelo organismo influencia os
processos ,mentasi (cognitivo, afectivo, estado de cconsciência,etc).

As gangues: o papel que assumem no âmbito da criminalidade

O termo gangue é a versão em português da palavra inglesa gang que significa:


turma ou grupo (Encyclopedia of Gangs, 2007).

Inicialmente o conceito não designava grupo de pessoas ligadas necessariamente


ao crime, mas sim apenas um aglomerado de gente que se unia, fosse qual fosse o
objetivo comum que os ligasse.

Para Pimenta (2010, p. 30)afirma que os gangue são grupos de pessoas que se
juntam para cometer actos criminosos de forma organizada.

Para mesma autora acrescenta que a delinquência juvenil surge muitas vezes no
âmbito de um grupo de amigos que se junta com o objetivo de praticar actos de
vandalismo, consumir drogas, álcool e praticar actos delituosos. Desta junção,
inicialmente inocente, surgem depois os gangues.

O objetivo fundamental destes grupos é, em primeiro lugar, o de


(rei)vindicarem os seus “direitos” socioafetivos, a fim de
punirem os pais, professores e toda a sociedade, que não soube
dar-lhes “tudo o que a criança merece” e, em segundo lugar,
obterem reconhecimento e respeito da sociedade (PIMENTA,
2010, P.33).

Kontos&Brothrton (2007, p. 223),paraestesdoisautoresafirmamquepara


distinguir um gangue de um outro grupo de pessoas temos de ter presentes as
características do primeiro. Assim, os gangues são geralmente formados por pessoas
provenientes da mesma região geográfica e de estratos sociais socioeconómicos e
grupos etários semelhantes. O gangue possui sempre um ou dois elementos que
assumem o papel de líderes. Usam também uma linguagem específica para se
comunicarem entre si.

Estes grupos geralmente efetuam assaltos à mão armada, para obtenção de bens,
sejam viaturas, telemóveis, dinheiro ou artigos pessoais (como joias, relógios).
Comummente efetuam também assaltos a residências, bancos, estabelecimentos
comerciais, com o objetivo de se apropriarem do dinheiro em caixa, de
electrodomésticos e de objetos pessoais de valor.

O problema da criminalidade juvenil em Angola

À semelhança do resto do mundo, Angola apresenta nos dias de hoje níveis de


criminalidade bastante elevados, que a tornam num dos países com um índice de
criminalidade mais elevados do mundo.

Este é um fenómeno que muito tem preocupado a população angolana bem


como as autoridades que se mostram incapazes de o combater.

Pimenta (2010, p. 41) diz que o consumo de bebidas alcoólicas e de


estupefacientes contribui significativamente para o elevado nível de criminalidade,
principalmente nas áreas de maior aglomerado populacional, onde o número de
desempregados é elevado, destacando-se nesta temática os crimes contra o património
(com e sem violência), os crimes de ofensas à integridade física, bem como os crimes
contra a liberdade e autodeterminação sexual.

Mas por detrás deste fenómeno social também se encontra a crise de valores
morais que outrora contribuíam para uma harmonia social em que regra geral os jovens
eram mais obedientes, os pais mais atentos e mais próximos da família havendo acima
de tudo um respeito mútuo entre os membros da comunidade.

Para mesma autora, à ausência de um crescimento equilibrado e harmonioso


juntam-se disfunções cognitivas e emocionais que os torna incapazes de assimilar novos
valores (que entretanto se foram perdendo) e os leva a mergulhar em crenças irracionais,
em comportamentos de intolerância extrema onde por vezes apenas se aplica “ a lei da
selva” e “ da sobrevivência a qualquer custo” e com profundo desprezo pela vida
humana.
Nas famílias mais pobres as crianças defrontam-se ainda com a ausência de
esperança num futuro melhor, crescendo numa espécie de mundo onde só existem
sentimentos de pouca sorte, desgraça, revolta e desânimo.

Medidas para o combate à criminalidade juvenil

A criminalidade juvenil estendem-se por todo o mundo. Nenhum país fica


impune a este problema, cada vez mais difícil de combater.

É entendimento comum que é necessário agir rápido e eficazmente no sentido de


prevenir a criminalidade e de o combater.

O sociólogo angolano Paulo de Carvalho entende que o melhor combate da


delinquência é a prevenção, e não a polícia, aliás segundo o mesmo “é preciso haver
políticas públicas, que conduzam a uma maior inclusão social das pessoas”82.

A nossa opinião vai também no sentido de o melhor combate ser a prevenção.


Especificamente na criminalidade juvenil a prevenção assume o papel essencial. Assim,
o combate à delinquência juvenil começa em casa, na convivência familiar. Os pais
devem desde cedo incutir valores morais aos filhos, ensina-los a distinguir o bem do
mal, dando-lhes bons exemplos evitando eles mesmo assumir comportamentos
antissociais que possa levar a criança a querê-lo imitar. Uma criança que vive em
ambiente familiar violento, desrespeitoso, desonesto e de criminalidade, tem muitas
mais probabilidades de vir a tornar-se um adolescente ou adulto delinquente que um que
viva num ambiente sadio, calmo e próprio de um ambiente familiar considerado
“normal”.

Assim deve existir um esforço dos pais por acompanhar todas as atividades
escolares e extra escolares dos filhos, controlar algumas amizades, algumas saídas, sem
que claro se caia em excesso e se exerça uma pressão excessiva sobre eles.

Por outro lado, a sociedade civil, também assume um papel de relevo no


combate à criminalidade juvenil. A escola e as igrejas são duas destas principais
instituições que socialmente mais contribuem para a formação de crianças e jovens.
As igrejas têm um importante papel na implementação e execução de programas
que visam o combate à criminalidade juvenil, bem como na institucionalização nos
jovens de valores morais, éticos, cívicos, culturais e patrióticos.

Estes Valores que a igreja pretende incutir, como por exemplo aconselharem os
jovens a absterem-se do uso de drogas, bebidas alcoólicas, assim como o recurso ao
vandalismo.

A intervenção da igreja em idades ainda jovens causa mais efeito do que em


idades mais avançados, já que mais facilmente se conseguem moldar mentalidades de
crianças inocentes, sem vícios e se pode ensinar a criança a distinguir o bem do mal, do
que em idades mais avançados onde jovens já foram muitas vezes marginalizados, já
tiverem nalguns momentos da sua vida atos criminosos e outros comportamentos
desviantes.
CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
Neste capítulo apresentamos a caracterização do campo de estudo, modelo de
pesquisa, população e amostra, características dos participantes da pesquisa, variáveis,
técnicas e instrumentos, procedimentos e dificuldades.

2.1. Caracterização do campo de estudo

De acordo com a fonte oral “o nome de Catepa seria originalmente, o nome de um rio
do curso permanente no bairro que, no passado, sem referência de datas, havia apenas
quatro (4) casas, onde um grupo de camanguistas faziam as vendas de diamantes.Assim,
com o desaparecimento desse grupo, já em 1977 o soberano deste, Paulo Mapupula
funda o bairro e assim dividiu-se em zonas:1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

Neste item, importa-nos dizer que o bairro da Catepa (comunidade) faz parte dos
18 (dezoito) bairros aproximadamente existentes no município de Malanje, com uma
extensão territorial de aproximadamente 6.301 km2. Está localizado a Norte, faz
fronteira com o Bairro da Vila Matilde; a Sul com o Bairro da Canâmbua; a Este com os
Bairros Azul e da Encosta e a Oeste com o Bairro da Voanvoala do Meio.

Quanto ao contexto humano, vale dizer que actualmente o Bairro conta com
cerca de 2748 habitantes. Catepa zonas 4 e 5, é um Bairro do Município de Malanje que
controla 6 autoridades tradicionais, destes dois (2) são regedores e quatro (4) regedores
adjuntos; cinco (5) sobas.

Já ao contexto material, o Bairro tem um controlo de 9 zonas. Possui dois


campos desportivos, 1º de Maio e o pavilhão multiuso Arena; três e escolas superiores
(a ESPM, ISPCAN e ISCAT); Nove (9) escolas comparticipadas do Ensino Primário
(Complexo Escolar Dom Quixote, Complexo de São Francisco de Assis, Escola
Bomboko, Complexo Nsa. Sra. de Fátima nº 14, Patrice Lumumba, Fernando Mukixi,
Instituto 22 de Novembro, Américo Boa vida, Escola da Feira Alberga ainda a Escola
Hoji Ya Henda); um posto médico situado ao lado da escola Hoji Ya Henda, um Centro
de Saúde, uma esquadra policial localizados na Voanvoala, sem se esquecer do mercado
municipal da Catepa.

2.2. Modelo de pesquisa

Ramos & Naranjo (2014), Pesquisa é um conjunto de acções, propostas para


encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais e
sistemáticos.
Logo entendemos que a pesquisa é realizada quando se tem um problema e não
se tem informações para solucioná-lo.
Com bases os objetivos traçados, percebe-se que a pesquisa é de natureza
qualitativa tipologicamente, descritiva achamos como a mais acertada para a efectivação
do epigrafo trabalho, porque descreve as situações e eventos, as características de
determinada população ou fenómeno. Envolve o uso de técnica padronizada de colecta
de dados proveniente do modelo de pesquisa qualitativa: a entrevista.

Segundo Silva & Menezes (2001) considera que há uma relação dinâmica entre
o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa
qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os
pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado
são os focos principais de abordagem.
Deste modo, pode-se afirmar que interpretar os factos minuciosamente é de
suma importância para um bom resultado das relações entre sujeito e objecto.

Como expressam Taylor & Bogdan:

Os métodos da abordagem qualitativa dão ênfase à validez da


investigação, e permitem permanecer próximos ao mundo empírico.
Estão destinados a assegurar um estreito ajuste entre os dados e o que
a gente realmente diz e faz. Observando às pessoas em sua vida
quotidiana, as escutando falar e vendo os documentos que produzem,
pode-se obter um conhecimento directo da vida social, não filtrado por
conceitos, definições operacionais e escalas classificatórias (1999, p.
7).

População e Amostra

Segundo Marconi & Lakatos (2003, p.207) definem a população como um


“conjunto de seres animados que apresentam pelo menos uma característica em comum,
sendo o número total de elementos ou universo”.

Ainda para Marconi & Lakatos (2003, p.247), amostra é “o conjunto de unidades
de análise provenientes de uma população”.

Na selecção da amostra utilizou-se o método de amostragem aleatória simples,


onde todos os elementos da população tiveram uma chance igual de serem escolhidos.

A população abrangida pelo estudo foi constituída pelas as duas madres


responsáveis do Lar e os 20 adolescentes do respectivo lar, totalizando 22 elementos.

A amostra é constituída por seis(6) elementos, dos quais uma (1) responsável do
lar e cinco adolescentes.

Características dos participantes da pesquisa

Dos seis participantes da pesquisa, cinco são do sexo masculino e uma do sexo
feminino.

Os participantes do sexo masculino, nesse caso, os adolescentes, têm idade


compreendida entre 14 a 22 anos. Dos quais três estão na adolescência intermédia e dois
na fase final. O nível académico dos cinco adolescentes que participaram na pesquisa
varia da Quinta à Décima Primeira classes. Na sua maioria, são provenientes de família
desestruturada sem poder económico para sustentá-los.

Em relação a participante do sexo feminino, ela exerce o cargo de madre


superior adjunta do Lar Kudyelela das Irmãs Mercedárias, é de nacionalidade
equatoriana, graduada em Filosofia e Ciências da educação, tem 69 anos de idade.

Técnicas e instrumentos de pesquisa

Segundo Marconi e Lakatos (2003), as técnicas são consideradas como um


conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência.
Ainda para os mesmos autores as técnicas são também a habilidade para usar
esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos; correspondendo, portanto, à
parte prática de colecta de dados.

Segundo Fortin (1999), dizia que instrumento de pesquisa é o material utilizado


para a colecta de dados, ou seja, é estabelecido efectivamente o que será utilizado no
desenvolvimento do estudo para obtenção das informações pertinentes ao trabalho.

Assim, a técnica ou procedimento utilizado para obtenção de informações


essenciais a respeito do problema colocado nesse trabalho foi a Entrevista.

A entrevista foi aplicada à madre e aos adolescentes do respectivo lar.


Para Gil (2010), a entrevista é a técnica que envolve duas pessoas numa situação face a
face, e em que uma delas formula questões e a outra responde.
Ao passo que Chizzotti (1995) refere que a entrevista é uma técnica de recolha de dados
que exige a relação entre entrevistado e entrevistador.

Por sua vez, Marconi e Lakatos, (2003) afirmam que entrevista é uma
comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação
previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa. As
perguntas são feitas oralmente e as respostas são registadas pelo pesquisador, por escrito
ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir.

A entrevista é considerada como o instrumento por excelência da investigação


social. Quando realizado por um investigador experiente, é muitas vezes superior a
outros sistemas de obtenção de dados.

A entrevista tem como objectivo principal a obtenção de informações do


entrevistado, sobre determinado assunto ou problema.

Mas quanto ao conteúdo, Selltiz citado por Marconi & Lakatos (2003) apresenta
seis tipos de objectivos:
a) Averiguação de fatos. Descobrir se as pessoas que estão de posse de certas
informações são capazes de compreendê-las.
b) Determinação das opiniões sobre os fatos. Conhecer o que as pessoas pensam
ou acreditam que os fatos sejam.
c) Determinação de sentimentos. Compreender a conduta de alguém através de
seus sentimentos e anseios.
d) Descoberta de planos de acção: descobrir, por meio das definições individuais
dadas, qual a conduta adequada em determinadas situações, a fim de prever qual seria a
sua. As definições adequadas da acção apresentam em geral dois componentes: os
padrões éticos do que deveria ter sido feito e considerações práticas do que é possível
fazer.
e) Conduta actual ou do passado: Inferir que conduta a pessoa terá no futuro,
conhecendo a maneira pela qual ela se comportou no passado ou se comporta no
presente, em determinadas situações.
f) Motivos conscientes para opiniões, sentimentos, sistemas ou condutas:
Descobrir quais factores podem influenciar as opiniões, sentimentos e conduta e por
quê.
Ainda para Selltiz citado por Marconi & Lakatos (2003) Quanto aos tipos de
entrevistas pode dizer-se que existem diferentes tipos de entrevistas, que variam de
acordo com o propósito do entrevistador:
a) Padronizada ou Estruturada: É aquela em que o entrevistador segue um roteiro
previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas. Ela se
realiza de acordo com um formulário elaborado e é efectuada de preferência com
pessoas selecionadas de acordo com um plano.

O motivo da padronização é obter, dos entrevistados, respostas às mesmas


perguntas, permitindo que todas elas sejam comparadas com o mesmo conjunto de
perguntas, e que as diferenças devem reflectir diferenças entre os respondentes e não
diferenças nas perguntas. O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas à
determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas.

b) Despadronizada ou não estruturada: O entrevistador tem liberdade para


desenvolver cada situação em qualquer direcção que considere adequada. É uma forma
de poder explorar mais amplamente uma questão. Em geral, as perguntas são abertas e
podem ser respondidas dentro de uma conversação informal.

Esse tipo de entrevista, segundo Ander-Egg citado por Marconi & Lakatos
(2003), apresenta três modalidades: - Entrevista focalizada: Há um roteiro de tópicos
relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as
perguntas que quiser: sonda razões e motivos, dá esclarecimentos, não obedecendo, a
rigor, a uma estrutura formal. Para isso, são necessária habilidade e perspicácia por
parte do entrevistador. Em geral, é utilizada em estudos de situações de mudança de
conduta. - Entrevista clínica: Trata-se de estudar os motivos, os sentimentos, a conduta
das pessoas. Para esse tipo de entrevista pode ser organizada uma série de perguntas
específicas. -Não dirigida: Há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá
expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de incentivo,
levando o informante a falar sobre determinado assunto, sem, entretanto, forçá-lo a
responder.

c) Painel: Consiste na repetição de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas


pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas
devem ser formuladas de maneira diversa, para que o entrevistado não distorça as
respostas com essas repetições.

Baseando-se nos pontos de vistas dos autores acima citados, a entrevista pode
ser entendida como um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de um determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a
colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.

De acordo com Marconi & Lakatos (2003) & Gil (2010), como técnica de
colecta de dados, a entrevista oferece várias vantagens e limitações.

Vantagens: 1ª a entrevista pode ser utilizada com todos os segmentos da


população: analfabetos ou alfabetizados.
2ª Fornece uma amostragem muito melhor da população geral: o entrevistado
não precisa saber ler ou escrever.
3ª Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecer
perguntas, formular de maneira diferente; especificar algum significado, como garantia
de estar sendo compreendido.
4ª Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes, condutas, podendo o
entrevistado ser observado naquilo que diz e como diz: registro de reacções, gestos etc.
5ª Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes
documentais e que sejam relevantes e significativos.
6ª Há possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser
comprovadas, de imediato, as discordâncias.
Desvantagens ou Limitações: a entrevista apresenta algumas limitações ou
desvantagens, que podem ser superadas ou minimizadas se o pesquisador for uma
pessoa com bastante experiência ou tiver muito bom senso. As limitações são:
1ª Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes.
2ª Incompreensão, por parte do informante, do significado das perguntas, da
pesquisa, que pode levar a uma falsa interpretação.
3ª Possibilidade de o entrevistado ser influenciado, consciente ou
inconscientemente, pelo questionador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, ideias,
opiniões etc.
4ª Disposição do entrevistado em dar as informações necessárias.

Desse modo, a entrevista utilizada para a coleta de dados necessários para a


efectivação do presente trabalho é o tipo de entrevista padronizada ou estruturada cujas
características já foram descritos nos parágrafos anteriores. A entrevista foi aplicada à
madre e aos adolescentes do Lar Kudyelela feita com o consentimento prévio dos
entrevistados. (Apêndices A, B e C).

As entrevistas, de acordo com Chizzotti (1995), foram transcritas e analisadas por meio
da técnica de análise do discurso dos sujeitos pesquisados.

Franco citado por Chioia (2014) defende a ideia de que não existem fórmulas
mágicas que possam orientá-lo nem aconselhar o estabelecimento de passos apressados
ou muito rígidos. Em geral, o pesquisador segue o próprio caminho baseado em seus
conhecimentos e guiado por sua competência, sensibilidade e intuição.

Feita a apresentação do método e da técnica usada neste trabalho e os teóricos


que os defendem, no próximo ponto tratar-se-á dos procedimentos usados e das
dificuldades encontradas na elaboração do mesmo.

Procedimentos e dificuldades

Para o acesso à área de pesquisa e a obtenção dos dados, os procedimentos


utilizados foram, em primeiro lugar, redigir uma carta de petição que permitisse a
pesquisa, em segundo lugar, foi ter contactado a responsável do Lar Kudyelela.

Depois da autorização contactou-se a responsável do Lar Kudyelela,


apresentando-lhe os objectivos da pesquisa. Feita a selecção, aplicou-se a entrevista aos
participantes da pesquisa. A entrevista foi feita no próprio Lar, sempre com o
consentimento dos entrevistados.

No decorrer da pesquisa encontraram-se algumas dificuldades entre as quais


alguns desencontros com a responsável do Lar devido ausência dela no lar, a resistência
de alguns adolescentes para o acto da entrevista, dificuldades na obtenção de livros e
artigos fidedignos sobre o tema em estudo. E a outra foi sobre a entrega da
caracterização do lar, o lar não tem um documento oficial que o caracteriza, teve-se que
redigir enquanto decorria a pesquisa.

CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS
3.1. Apresentação dos resultados do inquérito por entrevista à madre do lar
Kudyelela

3.2. Apresentação dos resultados do inquérito por entrevista aos adolescentes do


lar Kudyelela
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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