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Revoltas do Período Regencial - Conceito Ilustrado

CABANAGEM

A província do Grão-Pará era formada pelos atuais estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima
e Rondônia, possuía cerca de 90 mil habitantes. Essa província sempre teve um forte domínio
português, fazendo com que mesmo depois da independência do Brasil essa influência
portuguesa ainda fosse mantida. A situação na província era de miséria, fome e desemprego.
Na política, a província não tinha relevância no cenário nacional, os governadores indicados não
entendiam dos problemas daquela região e não se importavam com os mais pobres. Dessa
forma, índios, mestiços e escravos se revoltaram por melhores condições de vida, eles eram
conhecidos como cabanos, por morarem em cabanas à beira de rios. A elite local (fazendeiros e
comerciantes) também se juntaram aos cabanos, o objetivo da elite era conseguir uma maior
participação nas decisões políticas e administrativas da província.

Foi então que, em 1835, os cabanos liderados por Antônio Vinagre, assassinaram o atual
presidente da província e instituíram Félix Malcher como o novo presidente. Malcher era
fazendeiro e quando a população pediu por mudanças mais radicais ele acabou traindo o
movimento, fazendo acordos com o governo regencial. Ele foi assassinado e em seu lugar entrou
Francisco Vinagre, ele também traiu o movimento e quem entrou no seu lugar foi Eduardo
Angelim. Com a ajuda de tropas europeias o governo regencial consegue acabar com a revolta
em 1840.

BALAIADA

A província do Maranhão era formada pelos atuais estados do Maranhão, Piauí e uma parte do
Ceará. No Maranhão havia uma forte disputa política entre os Liberais, conhecidos como
Cabanos (não tem relação com os cabanos da cabanagem), e os Conservadores, conhecidos com
bem-te-vis. Até 1837 os liberais estavam no poder, porém com a ascensão de Araújo Lima como
regente os conservadores começaram a ganhar espaço. Na regência de Araújo Lima foi instituída
a Lei dos Prefeitos, que fazia com que os governadores das províncias pudessem escolher quem
seriam os prefeitos dos municípios. Em meados de 1838, o Maranhão, também passava por uma
crise econômica, pois seu principal produto de exportação, o algodão, vinha sofrendo forte
concorrência do algodão dos Estados Unidos. Nessa época os grandes fazendeiros usavam seu
poder econômico para influenciar em decisões políticas. Devido a esses fatos, o vaqueiro
Raimundo Gomes, o artesão Manoel Francisco que fabricava cestos de palha conhecidos como
balaio e o ex-escravo Cosme Bento tomaram liderança no movimento em busca de resolver tais
problemas.

O estopim ocorreu quando Raimundo Gomes libertou seu irmão da prisão juntamente com
outros prisioneiros, seu irmão havia sido preso por divergências políticas. Em 1839, os balaios
(como eram chamados os revoltosos) tomaram a Vila de Caxias e receberam o apoio de 3 mil
escravos fugitivos liderados por Cosme Bento. O coronel Luís Alves Lima e Silva (futuro Duque
de Caxias) foi nomeado pelo Império como governador da província do Maranhão com o
objetivo de pacificar a revolta. Após alguns combates os balaios já estavam enfraquecidos,
principalmente pelo fato do que em 1840 o imperador oferece anistia aos balaios que se
renderem, mais de 2500 balaios se renderam. Em 1841 já não havia mais nenhum foco de
revolta, sendo decretado o fim da Balaiada.

REVOLTA DOS MALÊS

Em 1835 quase metade da população de Salvador, na Bahia, era formada por escravos e
fugitivos. Os “negros de ganho” eram escravos que possuíam certa liberdade, eles podiam
circular pela cidade, esses escravos eram alugados por seus senhores para alguém que estivesse
precisando de sua mão-de-obra, e o escravo ficava com uma pequena parte do dinheiro dado
ao seu senhor pelo serviço. Aos poucos juntando dinheiro, esses escravos conseguiam comprar
sua alforria e até mesmo comprar escravos. Uma boa parte dos “negros de ganho” eram de
origem islâmica, conhecidos como “malês”, o termo "malê" tem origem na palavra imalê, que
significa "muçulmano" no idioma Iorubá. Os escravos malês em geral sabiam ler e escrever em
árabe. Aqui no Brasil eles não podiam professar sua religião, já que eram obrigados a seguir o
catolicismo.

Esses escravos, então, arquitetaram um plano para acabar com o catolicismo, libertar todos os
escravos islâmicos, confiscar os bens dos brancos e mulatos e criar uma república islâmica. A
revolta estava planejada para acontecer dia 25 de janeiro de 1835, porém, o plano foi
denunciado na noite anterior e as autoridades conseguiram se preparar contra os revoltosos.
Participaram cerca de 1500 escravos malês e foram liderados por: Pacífico Licutan, Manuel
Calafate, Luis Sanim, entre outros. Temendo mais revoltas como essa, os senhores de escravos
e o governo local passou a proibir a circulação de escravos à noite e impedir, de forma mais
rígida, que os escravos praticassem outra religião que não fosse o catolicismo.

SABINADA

A Sabinada foi uma revolta ocorrida na Bahia no ano de 1837, foi feita por militares e pela classe
média, sendo liderados pelo médico Francisco Sabino. Entre as principais causas da revolta
estava a falta de autonomia política e administrativa na província da Bahia, por conta do governo
regencial centralizador. O estopim da revolta ocorreu quando o governo regencial estabeleceu
o alistamento obrigatório para combater a Guerra dos Farrapos. Em 7 de novembro de 1837 os
revoltosos foram para as ruas e tomaram o poder instituindo a República Bahiense, essa
república tinha caráter provisório, os revoltosos estabeleceram que ela duraria até a maioridade
de Dom Pedro II, com isso vemos que a insatisfação dos revoltosos era justamente com o
governo regencial. O governo central reprimiu fortemente a revolta, chegando ao fim em 1838,
deixando cerca de mais de mil pessoas mortas.

GUERRA DOS FARRAPOS / REVOLUÇÃO FARROUPILHA

No século XIX o Rio Grande do Sul era o grande fornecedor de charque, couro e sebo para o
restante do país. Porém, algumas províncias reclamavam que esses produtos fornecidos pelo
Rio Grande do Sul possuíam preços elevados, então o governo central diminuiu a taxa cobrada
para produtos similares que viam da Região do Prata, ou seja, que vinha de fora do país, e
aumentou os impostos sobre esses produtos no Rio Grande do Sul. Indignados com essas
atitudes do governo central, os donos de grandes propriedades de rurais usadas para criação de
gado, chamados de estancieiros, se revoltaram e liderados por Bento Gonçalves tomaram Porto
Alegre e proclamaram a República de Piratini ou República Rio-Grandense, isso em 1836. O
italiano Giuseppe Garibaldi, um dos líderes da unificação italiana, também cooperou com o
movimento. Em 1839 o movimento chegou em Laguna, na província de Santa Catarina, onde foi
proclamada a República Juliana. Os revoltosos ficaram conhecidos como farrapos devido ao fato
de usarem pedaços de pano vermelho para indicarem que faziam parte do movimento. Em 1840,
Dom Pedro II ofereceu anistia aos revoltosos que se rendessem, mas poucos se renderam. Em
1843, Luiz Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, foi nomeado para liderar tropas
contra os revoltosos. Depois de muitos combates e negociações a Guerra dos Farrapos chegou
ao fim em 1845, com a assinatura do Tratado de Poncho Verde, que concedeu alguns benefícios
aos farrapos, como a anistia aos presos de guerra, redução dos impostos e liberdade aos
escravos que serviram como soldados.

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