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ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto

Departamento de Engenharia Electrotécnica

Trabalho n.º 1
Indução electromagnética – Fenómenos.
(Campo magnético constante e variável)

Objectivos do trabalho:
• Rever os princípios físicos associados aos fenómenos de indução
electromagnética;
• Verificar a produção de fluxo magnético quando uma bobina quando está
alimentada com corrente contínua e com corrente alternada. Analisar os
efeitos. Clarificar a noção de campo magnético constante e variável;
• Verificar os diferentes níveis de fluxo no circuito magnético;
• Verificar e compreender o efeito de saturação do circuito magnético.

NOTA: Deve ir registando tudo o que for acontecendo ao longo do trabalho e


explicar o que for solicitado. Não esquecer de enunciar as leis electromagnéticas
em jogo.

Introdução:

Nas máquinas eléctricas, a conversão de energia eléctrica para mecânica e de


energia mecânica para eléctrica baseia-se em fenómenos explicados pelas leis da
indução electromagnética. O campo magnético é o principal mecanismo pelo qual
a energia é convertida de uma forma para a outra.
Quatro princípios básicos descrevem a forma como os campos magnéticos são
utilizados nas máquinas eléctricas:

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1. Um condutor percorrido por uma corrente eléctrica produz um campo


magnético à sua volta;
2. Um campo magnético variável no tempo induz tensão numa espira ou
bobina que por ele seja atravessada (transformador);
3. Se colocarmos um condutor percorrido por uma corrente no seio de um
campo magnético, vai exercer-se sobre esse condutor uma força (motor);
4. Quando um condutor é colocado em movimento no seio de um campo
magnético, aparece aos seus terminais uma força electromotriz induzida
(gerador).

Lei de Faraday ou da Indução Electromagnética:

A indução electromagnética é um
fenómeno descoberto por Michael Faraday
por volta de 1831 e consiste no facto da
variação de um fluxo magnético que
atravessa um circuito eléctrico produzir
uma f.e.m. nesse circuito, independente
da causa da variação do fluxo. Este é o
princípio básico de funcionamento dos
transformadores.
Uma corrente eléctrica pode ser criada,
em determinadas condições, por um fluxo
magnético. Se o campo magnético variar
ao longo do tempo, pode produzir-se um
campo eléctrico.
Qualquer variação da envolvente
magnética de um condutor ou espira vai
induzir uma f.e.m. nesse condutor ou
espira que, segundo a lei de Lenz, vai
opor-se à causa que lhe deu origem.

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Essa alteração pode ser provocada por uma alteração do valor do campo
magnético, aproximando-o ou afastando-o da espira, por movimento da espira
relativamente ao campo magnético, movendo um íman permanente
relativamente à espira, rodando a espira relativamente ao íman, etc.

Quando um íman permanente está estacionário em relação a uma espira fechada,


não se verifica qualquer corrente eléctrica no galvanómetro. No entanto, quando
o íman se desloca relativamente à espira, é-lhe induzida (na espira) uma corrente
eléctrica. O sentido dessa corrente é determinado pela direcção do movimento do
íman. Faraday verificou experimentalmente que essa força electromotriz
induzida na espira depende da taxa de variação do fluxo magnético através dela.

r r
Considerando o plano da imagem (seguinte), podemos escrever que A = A n , onde
r
A é a área da superfície e n é o vector unitário normal ao plano S.

Nesta situação, o fluxo do campo magnético através do plano S é dado por:


r r
Φ B = B ⋅ A = B A cos θ

onde a unidade de Φ B é o weber (ou T.m2 = 108 maxwells) e θ é o ângulo entre o


r r
campo B e A . Da expressão anterior pode verificar-se que o fluxo do campo
r r
magnético é máximo quando B e A forem paralelos (θ =0).
r
Se o campo B for não uniforme o fluxo será dado pela expressão geral:
r r
Φ B = ∫∫ B ⋅ dA
S

A lei de indução de Faraday pode então ser escrita da seguinte forma: a força
electromotriz induzida numa espira ε é proporcional ao simétrico da taxa de
variação do fluxo magnético relativamente ao tempo:

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d ΦB
ε =−
dt

Para um solenóide com N espiras, a força electromotriz E total induzida será


simplesmente
d ΦB
E = −N
dt

Lei de Laplace:

Se um condutor rectilíneo de comprimento l, percorrido por uma corrente I, for


colocado no seio de um campo magnético de indução B, é exercida sobre ele uma
força F que faz com que o condutor se desloque num determinado sentido.
A força F terá uma direcção perpendicular ao plano definido pelos vectores B e I.
O valor da força F será igual ao produto de l (comprimento do condutor) pelo
produto vectorial de B e I, ou seja:
F = l ⋅ BxI = l ⋅ B ⋅ I ⋅ senα
Onde α é o ângulo entre B e I e as unidades são:
F – newton [N]
B – tesla [T]
I – ampere [A]
l – metro [m]
Se o ângulo α for de 90º a força será igual a:
F =l⋅B⋅I
O sentido do movimento é dado pela regra da mão direita aplicada ao produto
vectorial.
Numa espira percorrida por uma corrente, ver figura abaixo, os condutores em
que o vector I é paralela ao vector B, a força F é nula. Nos dois condutores em que
o vector I é perpendicular ao vector B a força F é máxima e contribui para a
existência de um binário.

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Os motores eléctricos baseiam-se no princípio da lei de Laplace, mas também os


galvanómetros, utilizados para medir correntes eléctricas, onde o binário motor é
contrariado por uma mola em hélice que cria um binário antagonista.

“Lei de ohm do circuito magnético”: Lei de Hopkinson

Quando a bobina que abraça um circuito magnético é percorrida por uma


corrente eléctrica, cria no circuito magnético uma força magnetomotriz que
origina um fluxo através desse circuito magnético. O valor do fluxo será
directamente proporcional à causa que o originou (força magnetomotriz), e
inversamente proporcional à relutância que apresenta o circuito magnético:
i → f.m.m → Ф com Ф = f.m.m / R
logo a força magnetomotriz fica:
f.m.m = R . Ф
Esta relação é semelhante à lei de Ohm relativa aos circuitos eléctricos
mostrando haver uma dualidade entre as leis que gerem os fenómenos
magnéticos e eléctricos.

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Na figura anterior o circuito magnético constituído por um anel de material


ferromagnético (“toroide”) é percorrido por um fluxo produzido pela corrente que
circula nas N espiras do circuito eléctrico. É de notar que o toroide tem uma
configuração que minimiza o fluxo de fugas que é produzido pelas N espiras e que
se fecha pelo ar e não pelo circuito magnético. A força magnetomotriz também se
obtém através do conhecimento do número de espiras e da corrente que as
atravessa:
f.m.m= N.i

FLUXOS PRODUZIDOS POR ENROLAMENTOS (ELECTROÍMANES)

¾ MATERIAL

Máquina Desmontável:

- Armação (carcaça);
- Pólos Estatóricos (2);
- Enrolamentos Estatóricos (2) – ref. L9;
- Bússola (1).

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Alimentação e Aparelhagem de Medida:

ƒ alimentação DC:

- Fonte DC (6 V) – ref. 60-105;


- Amperímetro DC, gama de medição: 0-1 A – ref: 68-110.

ƒ alimentação AC:

- Utilização de grupo (Motor DC + Gerador Síncrono) com excitação e


velocidade reguláveis.

Procedimentos para o ensaio com alimentação DC:


1. Alimentar uma bobina (L9) da máquina desmontável com uma tensão
contínua até atingir a corrente de 1A;
2. Ligar outra bobina (L9) ao miliamperímetro de zero ao centro;
3. Com uma bússola, analisar os pólos magnéticos da bobina alimentada;
O que verifica? Faça um esboço da bobina alimentada, indicando a posição dos
pólos magnéticos.
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Reparar que a indicação da bússola pode


ser confirmada pela regra da mão direita,
conforme ilustrado na figura.

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4. Aproxime e afaste a segunda bobina relativamente à que está alimentada.


O que verifica? Explique o fenómeno.
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5. O que observa quando as duas bobinas estão encostadas e estáticas?
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6. Verificar o que acontece ao introduzir um material ferromagnético (pólo
estatórico) no interior das bobinas. Explique o fenómeno.
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Procedimentos para o ensaio com alimentação AC:


1. Alimentar uma bobina (L9) da máquina desmontável com uma tensão
alternada até atingir a corrente de 1A;
2. Ligar a outra bobina (L9) a um amperímetro AC;
3. Aproxime as duas bobinas.
4. Com uma bússola, analisar os pólos magnéticos da bobina;
O que verifica? Onde estão localizados os pólos magnéticos na bobina
alimentada?
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5. O que observa quando as duas bobinas estão encostadas e estáticas?
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6. Verificar o que acontece ao introduzir um material ferromagnético (pólo


estatórico) no interior das bobinas. Explique o fenómeno.
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Na máquina desmontável, coloque as bobinas n.º 9 nos pólos estatóricos e efectue


as ligações conforme indicado na figura. Ligue a fonte de alimentação e, com
ajuda da bússola, verifique que os campos magnéticos têm o mesmo sentido
quando as ligações são feitas de modo correcto.

FLUXOS E CIRCUITOS MAGNÉTICOS – LEIS DE FARADAY E DE LENZ

¾ MATERIAL

Máquina Desmontável:
- Armação (carcaça);
- Pólos Estatóricos (2);
- Enrolamentos Estatóricos (2) – ref: L9;
- Rotor em Gaiola de Esquilo (1).

Alimentação e Aparelhagem de Medida:


- Fonte DC (6 V) – ref: 60-105;
- Amperímetro DC, gama de medição: 0-1 A – ref: 68-110.

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ƒ PROCEDIMENTOS (ver figura seguinte)

1. Fixar os pólos estatóricos ao núcleo magnético com os enrolamentos L9 em


torno dos núcleos dos pólos do estator. Proceder à montagem do rotor em
gaiola de esquilo.

2. Ligar os terminais de saída da fonte de alimentação DC (6 V) a um dos


enrolamentos estatóricos; o amperímetro é ligado aos terminais do segundo
enrolamento.

3. Ligar e desligar a fonte de alimentação. Registar os fenómenos observados.


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4. Explicar as razões que levam a que as deslocações do ponteiro do amperímetro


apenas se verifiquem nos momentos em que se liga, ou desliga a alimentação.
Relacionar as razões anteriores com o sentido de deslocação do ponteiro.
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5. Não sendo colocado o rotor em gaiola de esquilo entre os pólos indutores, é de


prever alguma alteração nos fenómenos anteriores? Justifique.
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VERIFICAÇÃO DO FENÓMENO DA SATURAÇÃO MAGNÉTICA

¾ MATERIAL

Máquina Desmontável:
- Armação (carcaça);
- Pólos Estatóricos (2);
- Pólos Rotóricos (4);
- Enrolamentos Estatóricos (2) – ref: L4;
- Enrolamentos Estatóricos (2) – ref: L5;

Alimentação e Aparelhagem de Medida:


- Fonte AC, 0-120 V – ref: 60-105
- Amperímetro AC, gama de medição:0-5 A – ref: 68-117
- Voltímetro AC, gama de medição:0-300 V – ref: 68-117

ƒ PROCEDIMENTOS (ver figura seguinte)

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1. Fixar os pólos estatóricos ao núcleo magnético com os 2 conjuntos de


enrolamentos estatóricos (L4 e L5) em torno dos núcleos dos pólos do estator;
2. Ligar os terminais de saída da fonte de alimentação AC aos terminais do
conjunto [amperímetro + série dos enrolamentos estatóricos (L5)];
3. Ligar o voltímetro aos terminais acessíveis do conjunto dos enrolamentos
estatóricos (L4);
4. Aumentar o valor da corrente aplicada aos enrolamentos L5, em intervalos de
0,2 A, até ao valor máximo possível. Para cada intervalo, deverão ser
registados os valores lidos no amperímetro (corrente de excitação) e no
voltímetro (tensão na saída):

5. Explicar a origem dos valores de tensão lidos no voltímetro e de que forma se


relacionam com os valores de corrente lidos no amperímetro.
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6. Na figura registada anteriormente, a respectiva característica apresenta
sempre um andamento linear? Comente a sua resposta.
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