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1 Introdução
1
Docente do Departamento de Educação da UFG/CAC e do Colégio Estadual “Dona Iayá” – Subsecretaria de
Educação e Cultura de Catalão/GO. Mestre em Educação pela UNIMEP Piracicaba/SP, Brasil, E-mail:
elaniamb@gmail.com
2
Mestranda em Educação pelo PPGEDUC/UFG/CAC. Catalão/GO, Brasil. E-mail:
camila.rochacardoso@gmail.com
3
Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Departamento de Educação da UFG/CAC. Mestre
e Doutora em Educação pela UNIMEP e Pós-Doutoranda em Educação Especial do Programa de Pós-Graduação
da Universidade Federal de São Carlos - PPGEEs/UFSCar, São Carlos/SP, Brasil, E-mail:
dutartuci@brturbo.com.br
4
Docente na Educação Infantil – Creche Municipal “Ana Maria Guimarães de Macedo Montenegro” de
Catalão/GO. Graduada em Pedagogia pela UFG/CAC. E-mail: marciarosis@zimail.com.br
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Magna (Constituição Brasileira em 1988) que legitima a educação das pessoas com
necessidades educacionais especiais:
Art.1º. (...)
§1°. Escolas devem incluir todas as pessoas independentemente de suas condições
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas, econômicas, culturais ou
outras e, ainda, as pessoas com deficiências, com transtornos globais de
desenvolvimento, com altas habilidades/superdotação, em situação de risco e de rua,
que trabalhem, de origem remota ou de população nômade, pessoas pertencentes a
minorias lingüísticas, étnico-raciais ou culturais, e pessoas empobrecidas,
discriminadas ou marginalizadas
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culminância desta década no que diz respeito à educação foi a aprovação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDB (9.394/96), lei que redefine o sistema educativo
brasileiro, levantando a bandeira do respeito à diferença e à diversidade, como símbolo da
valorização das potencialidades e especificidades da criança.
Essa legislação reconhece a Educação Especial como uma modalidade de ensino e demanda
um novo paradigma educacional. Vejamos:
Art. 58. Entende-se por Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade
de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para os
educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º Haverá quando necessário, serviços de apoio especializados, na escola regular,
para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais:
I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos
para atender às suas necessidades (BRASIL, 1996).
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2 Metodologia
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3 Resultados
Na sistematização dos dados, tomamos para análise apresentada neste trabalho, a questão
respondida pelos professores de apoio disposta no questionário: Descreva, no mínimo, três
dificuldades e três perspectivas de atuação do professor de apoio para inclusão do aluno com
necessidades educacionais especiais.
O Brasil tem vivenciado inúmeras discussões sobre a inclusão de alunos com necessidades
educacionais especiais no sistema regular de ensino. Sem dúvida a presença desses alunos tem
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Quadro 2: Dificuldades de atuação do professor de apoio na inclusão do aluno com necessidades educacionais
especiais.
Falta de saberes e de
2,72% 12,24% 14,96%
formação acadêmica
Dimensão
14,97% 21,09% 36,06%
pedagógica
Desvalorização do
1,37% 5,44% 6,80%
profissional
Dificuldades do
aluno no processo de
5,44% 4,76% 10,20%
ensino e
aprendizagem
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4 Discussão
Excerto 1:
O pouco preparo para os profissionais, pois o MEC só realiza cursos a distância e, estes não
te da uma base para atuar em sala (Resposta do professor 12).
Excerto 2:
Não ter tido preparação na universidade para trabalhar com alunos com necessidades
educacionais especiais (Resposta da professora 13).
Excerto 3:
Que haja nos cursos e projetos para regentes e também, apoio, para que tenha melhor
interação e construção na educação inclusiva (Resposta da professora 10).
Percebemos que os professores anseiam por aprimoramento profissional, por acreditarem que
a falta de conhecimentos sobre a Educação Especial influencia na sua atuação e na
dinamização de suas práticas educativas. Apesar dos professores de apoio ter uma formação
no ensino superior, observamos em seus relatos a ausência de discussões acerca da educação
de alunos com necessidades educacionais especiais no âmbito dos cursos de formação de
professores, assim como, a inexistência de cursos presenciais de formação continuada. Logo,
atitudes que fortaleçam a sua formação docente podem ser alcançadas a partir de discussões e
cursos, como é o caso das atividades que têm sido realizadas no espaço do Observatório
Catalano de Educação Especial.
É sabido que ensinar alunos com necessidades educacionais especiais é uma atividade que
demanda saberes por parte dos professores e estes apontam a ausência de conhecimentos.
Porém, esta condição pode ser superada e possibilitar melhores resultados juntamente com o
estudante com necessidade educacional especial, uma vez que a equipe trabalhe em conjunto,
principalmente, o professor regente e o professor de apoio. O comprometimento de todo a
equipe escolar poderá possibilitar a construção de saberes a partir de estudos e reflexões sobre
a realidade e de um projeto de inclusão para a instituição de ensino. Nesta perspectiva, a
escola tem o intuito de:
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A partir dos relatos dos educadores fica claro também que há desencontros entre o professor
de apoio e a comunidade escolar. Além disso, outros elementos somam-se a este agravante,
como pode ser verificado nos excertos (4 e 5).
Excerto 4:
Não ter sala de recursos na U.E., encaminho a aluna, com surdez e dificuldade de fala para
outra unidade com sala de recurso. Eu a levo, juntamente com a mãe (Resposta da professora
16).
Excerto 5:
i) Por ser temporário, não é feito um acompanhamento a longo prazo, um professor sai e aí
entra outro para trabalhar com uma prática totalmente diferente. ii) O trabalho não acontece
em conjunto com todos da escola, o professor de apoio, no meu caso fica isolado (Resposta
da professora 13).
Com base nas informações apresentadas, é possível perceber que a ausência de serviços de
apoio, como é o caso das salas de recursos, dificulta o trabalho do professor e da família.
Também é apontado o fato do professor não ser efetivo e não permanecer por um período que
garanta a construção de um trabalho coletivo. Também um dos grandes problemas
encontrados e que tem dificultado a organização pedagógica na educação inclusiva é a falta de
comunicação e planejamento da equipe profissional da escola, que inclusive é previsto na
legislação. Em Goiás, a RESOLUÇÃO CEE N. 07 (2006) estabelece normas e parâmetros
para a educação inclusiva e educação especial no sistema educativo de Goiás. Dentre elas
destaca-se no Art. 15, Inciso VIII, que:
§ 2o. O professor de apoio das escolas inclusivas deve atuar de forma integrada com
o professor regente da sala de aula à qual está lotado, participando ativamente do
planejamento e de todas as atividades desenvolvidas nas séries de sua atuação.
Sendo assim, o trabalho do professor de apoio só alcançará seus objetivos uma vez que for
realizado por toda comunidade escolar, que estando informada e preparada sobre o assunto
poderá buscar alternativas para solucionar os problemas do cotidiano. Problemas estes que
acabam por prejudicar o desempenho do docente diante das adversidades propostas pela
pedagogia de ensino.
A desvalorização profissional é um fator que pode contribuir negativamente no processo de
ensino-aprendizagem e, consequentemente, acarretará prejuízos aos alunos, principalmente
aos que possuem necessidades educacionais especiais. Este é um forte indicativo de
problemas na atuação do professor de apoio, como podemos examinar nos excertos (6 e 7).
Excerto 6:
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Excerto 7:
O professor de apoio é visto pelos funcionários da escola como alguém que não faz nada.
(Resposta da professora 9).
O professor de apoio tem exercido papéis que não diz respeito a sua atuação em salas de
ensino regular,
(...) uma vez que este vem para contribuir com o processo de inclusão,
desmistificando algumas funções que ainda são delegadas de forma indevida a estes
sujeitos, muitas vezes desqualificando seu trabalho e enfraquecendo sua importância
(PEREIRA NETO, 2009, p.39).
Assim, como não existe uma valorização do professor pelos governantes, também não existe
por parte da escola uma compreensão do papel do professor de apoio. Muitas vezes ele é visto
como alguém que trabalha pouco ou menos que os outros. Não existe uma compreensão que
as crianças e jovens com necessidades educacionais especiais apresentam demandas que
precisam ser atendidas por profissionais de apoio, no sentido de garantir o processo de ensino
aprendizagem, uma vez que é comum na escola não acreditarem nas possibilidades de
aprendizagem destes alunos.
Além das dificuldades vivenciadas pelos professores de apoio em relação a rejeição de outros
profissionais da escola, às vezes eles encontram dificuldades na interação com os alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais e em garantir a aceitação e o respeito destes
alunos pelos seus colegas que não possuem necessidades especiais, como pode ser observado
nos excertos (8, 9 e 10).
Excerto 8:
A adaptação, rejeição e agressão por parte dos alunos (Resposta da professora 5).
Excerto 9:
i) No primeiro momento o aluno tem dificuldades em aceitar o professor de apoio. ii) Muita
resistência na hora de fazer tarefas muitas vezes não a concluem (Resposta da professora 13).
Excerto 10:
Levar aos alunos não deficientes a aceitar, entender as dificuldades do aluno deficiente. A
minha principal perspectiva e que a inclusão seja realmente efetivada no âmbito escolar
(Resposta da professora 6).
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promover condições para que estes alunos se percebam como “atores” do conhecimento e
como protagonistas capazes de se desenvolverem efetivamente.
No caso dos alunos de anos iniciais, muitas vezes esta condição se agrava devido uma maior
rejeição por parte de seus colegas, que percebem esta atenção especial como algo necessário.
Além disso, a presença destes profissionais muitas vezes marca esta diferença. Conforme
Tartuci (2005), esta é uma contradição presente no processo de escolarização destes alunos,
pois se de um lado existe a necessidades de serviços de apoio desenvolvidos por outros
agentes educativos no interior das classes comuns, por outro lado sua presença pode acentuar
a diferença. Condição, que pode ser agravada no caso dos anos finais do ensino fundamental
em relação aos adolescentes, conforme é apontado pela professora desta etapa (Excerto, 10).
A dinâmica educativa da escola inclusiva é alterada tanto em relação aos sujeitos como em
relação a seus papéis e atuações. A atuação do professor com a presença destes alunos
demanda alterações de práticas e ressignificações de saberes (TARTUCI, 2005). Deste modo,
a formação continuada de professores deve fazer parte do plano de desenvolvimento
institucional do projeto pedagógico da escola.
É preciso entender que a necessidade educacional especial não deve ser a referência no
planejamento de ações educativas, pois poderão ser utilizadas como limitadores da
aprendizagem do aluno. Segundo Góes (2002), não é o déficit em si que traça o destino da
criança. Ele se constitui conforme a deficiência é significada, resultado de experiências que
lhe são oferecidas.
Enfim, são as condições sociais e educacionais que serão promovidas e que demarcarão o
sucesso ou fracasso destes estudantes e não a sua “deficiência”. Portanto, é importante que
seja propiciado condições de atuação do professor de apoio tanto na sua relação com este
aluno, como no trabalho colaborativo com o professor regente e a escola.
Sintetizando as ideias apresentadas, podemos dizer que mesmo estando no século XXI e há
várias décadas de discussões sobre a educação inclusiva, ainda existem muitos objetivos a
serem atingidos no campo das políticas públicas específicas de educação, na obtenção de
informações a cerca do assunto e na perspectiva de enfrentar a acomodação dos “atores” deste
ensino.
5 Conclusões
6 Referências
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GÓES, Maria Cecília R. de. A formação do indivíduo nas relações sociais: Contribuições
teóricas de Lev Vigotski e Pierre Janet. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 71, p. 116-
131. julho de 2000.
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