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DIREITO ELEITORAL

28º CPR

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Sumário
1.a. Alistamento eleitoral e voto. .................................................................................................................................................... 3
1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos. .............................................................................................................. 5
1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos. ............................................................................................................................. 6
2.a: Voto universal, direto e secreto. .............................................................................................................................................. 7
2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro nato. ............................................................... 8
2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular. .............................................................................................................................. 10
3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais. ............................................................................................................................ 11
3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado. ....................................................................................................... 12
3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras. Fiscalização. ................................................................................................... 13
4.a. Jurisdição e competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções, administração e contencioso. .......... 16
4.b. Juntas, Juizes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral. ........................................................................ 18
4.c. Recursos eleitorais. ............................................................................................................................................................... 20
5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. LC 135/2010. ................................................................................... 22
5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Direito de resposta. Pesquisas e testes pré-eleitorais. ...................... 25
5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade. .......................................................................................................... 27
6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares. Símbolos e imagens semelhantes às de órgãos
do governo. .................................................................................................................................................................................. 29
6.b. Condições de elegibilidade. .................................................................................................................................................. 31
6.c. Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação de investigação judicial eleitoral. ........ 31
7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e mediante outdoors. Comícios. Alto-falantes e distribuição de material de
propaganda política. Distribuição proporcional de horários gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais. ....................... 34
7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo. ........................................................................... 37
7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação ilícita de sufrágio. ....................................... 42
8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação. Vedações. Fusão e incorporação. ........ 48
8.b Personalidade jurídica dos Partidos Políticos. Registro e funcionamento. Estatutos. Fundo Partidário. Propaganda partidária.
.................................................................................................................................................................................................... 50
8.c Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias. .................................................................. 52
9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência. ........................................................................................................................ 54
9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código Eleitoral e legislação esparsa. Natureza e
tipicidade dos crimes eleitorais. ................................................................................................................................................... 55
9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos............................................................................. 56
10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria Regional Eleitoral. Ministério Público Estadual. ................. 58
10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral. Fiscalização, processos, ações e recursos. Legitimidade.
.................................................................................................................................................................................................... 60
10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações. .......................................................................................................... 62

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1.a. Alistamento eleitoral e voto.

Alistamento eleitoral: é a primeira fase do processo eleitoral e decorre de um procedimento cartorário que se
perfaz pelo preenchimento do requerimento eleitoral (RAE), na forma da Resolução TRE 21.538/2003. Consiste no
reconhecimento da condição de eleitor (que é cidadão), que corresponde à aquisiçãoPda cidadania, determinando a
inclusão do nome do alistando no corpo eleitoral. Formaliza, portanto, a inscrição eleitoral, para que possa ser exercida a
obrigação ou a faculdade do voto. A qualificação resume-se à comprovação de que o indivíduo atende a todos os requisitos
legais para se alistar e votar. De outra banda, a inscrição resume-se no registro do nome e dados do eleitor perante a
Justiça Eleitoral. O processo de alistamento é iniciado por requerimento do interessado. O rígido controle sobre o processo
de alistamento justifica-se por ser esse ato o primeiro componente do sistema eleitoral, e eventuais fraudes verificadas
nessa fase podem comprometer a lisura do futuro pleito. Naqueles casos em o voto é obrigatório (alfabetizados, entre 18 e
70 anos), o requerimento de inscrição constitui-se em dever. O pedido deve ser feito dentro de um ano, a contar do
atingimento da idade mínima, ou da nacionalização, sob pena de multa. O artigo 8 do CE, que disciplina essa multa, diz
que ela será́ imposta pelo juiz e cobrada no ato da inscrição eleitoral. OBS: o alistamento eleitoral não possibilita o exercício
de todos os direitos políticos, uma vez que a obtenção da capacidade eleitoral passiva depende do preenchimento de outros
requisitos constitucionalmente previstos. NATUREZA JURÍDICA: segundo Marlon Reis, o alistamento tem natureza jurídica
de ato jurídico complexo, integrado por duas fases: a) verificação do preenchimento das condições constitucionais e legais
para votar (qualificação) e b) também a inscrição no cadastro eleitoral. Na verdade quando se ressalta o caráter declaratório
do alistamento está se fazendo referência ao fato de que a justiça eleitoral somente verifica a existência ou não destes
requisitos (ato vinculativo) gerando assim um caráter meramente declaratório (item a), quando, na verdade, também é ato
constitutivo da inscrição do eleitor no cadastro da justiça eleitoral, gerando por consequência também a aquisição de sua
capacidade eleitoral ativa. ALISTAMENTO FACULTATIVO: (a) analfabetos; (b) maiores de 70 anos; (c) maiores de 16 e
menores de 18 anos. OBS: o analfabeto que venha a ser alfabetizado não está sujeito à multa prevista no artigo 15 da
Resolução TSE n° 21.538/2003, caso não efetue o alistamento eleitoral no prazo legalmente fixado. OBS: Pontos do CE
não recepcionados: os inválidos (CE) e para aqueles que se encontrem fora do país. Estas disposições, contudo, não foram
recepcionadas pela Constituição Federal de 1988. Como consignado no item acima, alistamento eleitoral e o voto são
obrigatórios para os relativamente incapazes em decorrência de deficiência mental e excepcionais, ressalvada a
possibilidade de a pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das
obrigações eleitorais requerer ao juiz eleitoral a expedição de certidão de quitação eleitoral, com prazo de validade
indeterminado. Quanto àqueles que se encontrem fora do país, a obrigação de alistamento eleitoral e do voto pode ser
cumprida por meio das representações diplomáticas ou consulares. OBS: É permitido o alistamento de pessoa com 15
anos? Os menores entre 16 e 18 anos incompletos (CF), o artigo 14 Resolução TSE n° 21.538/2003 faculta o alistamento,
no ano em que se realizarem as eleições, do menor que completar 16 anos até a data do pleito, inclusive. Ressalte-se que
o título de eleitor emitido nesta condição somente produzirá efeitos com o implemento da idade de 16 anos. INALISTÁVEIS:
o alistamento é vedado para: (a) estrangeiros; (b) conscritos; (c) os que tenham perdido os direitos políticos em razão de
cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado, por prática de atividade nociva ao interesse nacional;
(d) os que tenham perdido os direitos políticos em razão de aquisição de outra nacionalidade voluntária, salvo nos casos
de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis; (e) os que tenham seus direitos políticos suspensos nos casos de: incapacidade civil absoluta;
condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta
ou prestação alternativa; improbidade administrativa. OBS: Pontos do CE não recepcionados: os que não saibam exprimir-
se na língua nacional (previsão do artigo 5, II, do Código Eleitoral - Pela jurisprudência do TSE, esta exigência não foi
recepcionada, sob o argumento de que “Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto
na Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a inexigibilidade de fluência da língua pátria
para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro possam alistar-se eleitores”); OBS: Conforme ensina José Jairo Gomes,
embora a Constituição Federal seja silente, os apátridas também não podem ser inscritos como eleitores. OBS: Ante a
possibilidade de o conscrito ter realizado seu alistamento eleitoral antes de ser incorporado ao serviço militar (já que é
facultado o alistamento eleitoral do maior de 16 e menor de 18 anos), o TSE entendeu que o conscrito deve ser impedido
de votar, por estar com seus direitos políticos suspensos durante o período de serviço militar obrigatório, embora esta causa
de suspensão não esteja elencada no artigo 15 da Constituição Federal (Resolução TSE n° 20.165, de 7 de abril de 1998).
PROCESSO: incumbe aos partidos políticos, na pessoa de seus delegados, e ao MPE, na pessoa do Promotor de Justiça
Eleitoral, a fiscalização do procedimento. O eleitor deve comparecer ao cartório ou outro local previamente definido, para
subscrever o formulário. O requerimento de alistamento eleitoral é preenchido apenas por servidor da Justiça Eleitoral
(Res.21538/03) que digitará as informações pessoais do eleitor, que deverá estar presente no momento desse
preenchimento. Faculta-se ao eleitor escolher o local de votação com a disponibilização de relação de todas as seções que
pertencem a sua zona eleitoral. O pedido será submetido à apreciação do juiz eleitoral, nas 48h subsequentes. Poderá o
juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro requisito para o alistamento, converter o
julgamento em diligência para que o alistando esclareça ou complete a prova ou, se for necessário, compareça
pessoalmente à sua presença. Depois de sanadas quaisquer dúvidas, o juiz deferirá o pedido, datando e assinando o título
e a folha individual. Se o pedido for indeferido: caberá recurso ao TRE (Resolução TSE n° 21.538/2003). Do despacho que
indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso interposto pelo alistando no prazo de cinco dias. O parquet também
tem legitimidade para recorrer na qualidade de custus legis se o indeferimento for ilegal. Se o pedido for deferido: também
é cabível recurso para o TER do deferimento do alistamento, do qual poderá recorrer qualquer delegado de partido político
no prazo de dez dias, contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o que deverá ocorrer nos
dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas
e mesmo que os partidos não as consultem (Lei n° 6.996/82, art. 7°). A possibilidade de interposição de recurso pelo
delegado de partido contra decisão que deferir o requerimento de alistamento eleitoral tem como objetivo retirar do corpo
eleitoral os eleitores que não possuam verdadeiro interesse na circunscrição eleitoral em que forem inscritos, para garantir

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que o resultado das eleições corresponda à vontade legítima dos eleitores da localidade. Cabe observar, ainda, que o
membro do Ministério Público que oficiar perante o juízo eleitoral terá legitimidade para recorrer e o prazo será igual àquele
deferido ao delegado de partido. A interposição de recurso transforma a natureza do procedimento de alistamento eleitoral
de administrativa para judicial, porquanto surge conflito de interesses que deve ser resolvido pelo Estado-juiz. PRAZO: o
artigo 91 da Lei 9504/97 determina que “Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou de transferência será recebido
dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição”. CANCELAMENTO E EXCLUSÃO: de início, importa
esclarecer a diferença entre cancelamento e exclusão. Em face de irregularidades expressamente previstas no Código
Eleitoral, o título de eleitor será cancelado e, consequentemente, o eleitor terá seu nome excluído do banco de dados da
JE. As inscrições eleitorais são permanentes, habilitando o eleitor ao direito de sufrágio nos pleitos que se realizarem dentro
da área política a que pertence. Essa condição persiste até que sobrevenha decisão judicial impondo o cancelamento da
inscrição e a exclusão do eleitor. As causas de cancelamento de inscrição estão no artigo 71 do CE.

VOTO: sufrágio corresponde ao direito de votar e ser votado. O voto é o ato material que concretiza o direito de
sufrágio. Escrutínio é a forma pela qual o voto se exterioriza, podendo ser público ou secreto. O sufrágio pode ser universal
ou restrito. O primeiro possibilita, de forma ampla, o exercício do voto aos nacionais. A segunda forma possui restrições,
tais como, em face da fortuna (censitário, como estabelecia a Constituição do Império), sexo, capacidade intelectual, etc. A
CF/88 estabelece como cláusula pétrea o voto direto, secreto, universal e periódico (art. 60, § 4, II).

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1.b. Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.

DOMICÍLIO ELEITORAL: no Direito Eleitoral, o conceito de domicílio eleitoral é mais amplo do que aquele do
Direito Civil. “Agravo de instrumento. Recurso especial. Revisão eleitoral. Domicílio eleitoral. Cancelamento de inscrição.
Existência de vínculo político, afetivo, patrimonial, e comunitário. Restabelecimento da inscrição. 1. Demonstrado o
interesse eleitoral, o vínculo afetivo, patrimonial e comunitário da eleitora com o município e não tendo ocorrido qualquer
irregularidade no ato do seu alistamento, mantém-se o seu domicílio eleitoral. 2. Precedentes. 3. Recurso conhecido e
provido.” (Ac. no 2.306, de 17.8.2000 e, no mesmo sentido, o Ac. no 16.305, de 17.8.2000, rel. Min. Waldemar Zveiter.)”.
CONCEITO LEGAL: conceito legal de domicílio eleitoral (art. 42, § ún. do CE): “Para o efeito da inscrição, é domicílio
eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio
qualquer delas”. DOMICÍLIO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO: há casos em que a lei não dá margem à escolha do domicílio
civil (hipóteses de domicílio legal ou necessário: entre outros, o do incapaz, do servidor público, do militar, do marítimo e do
preso (art. 76 do CC). É o caso do funcionário público, cujo domicílio será obrigatoriamente o local de seu ofício. Todavia,
admite-se que o funcionário público transferido deixe de requerer sua transferência de inscrição eleitoral, mantendo
inalterada sua inscrição de origem, pois não lhe é imposta, obrigatoriamente, a transferência. Por outro lado, se o funcionário
público requerer transferência eleitoral para um lugar diferente daquele onde exerce suas funções, esse pedido não pode
ser deferido, pois seu domicílio deverá ser o da sede da repartição. Nesse caso, faltar-lhe-ia condição para requerer a
transferência, pois não poderia fazer prova de que reside em local diferente da repartição. CRIME DO ART. 289 do CE:
inscrever-se fraudulentamente como eleitor. PROVA DO DOMICÍLIO: dá-se por certidão de alistamento, para fins de
transferência. Já para fins de alistamento (qualificação + inscrição), a prova pode dar-se por qualquer outro meio idôneo.
“Domicílio eleitoral. Prova robusta de residência. Esparsas contas de luz e posse de imóvel insuficiente. Simples inscrição
no cartório eleitoral insuficiente. O domicílio eleitoral deve ser provado de forma robusta, não bastando contas de luz
esparsas e simples aquisição de imóvel no local pretendido. TRANSFERÊNCIA E PRAZOS: conceito de Transferência: ato
de natureza administrativa pelo qual, a requerimento do eleitor, o juiz eleitoral autoriza seja o eleitor inscrito em outra seção,
zona ou circunscrição eleitoral, com a perda do domicílio eleitoral anterior. São quatro os requisitos cumulativos para a
transferência: no mínimo 1 ano da inscrição no antigo domicílio. Não se aplica quando se tratar de transferência de título
eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência);
residência mínima de 3 meses no novo domicílio (não se aplica quando se tratar de transferência de título eleitoral de
servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência); até 150
dias da eleição (91 da Lei 9504/97) e estar quite com a Justiça Eleitoral. OBS: a transferência deverá ser requerida pelo
eleitor ao juiz eleitoral do novo domicílio.

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1.c. Perda ou suspensão dos direitos políticos.

Perda ou suspensão dos direitos políticos: o direito de votar (capacidade eleitoral ativa) e o direito de ser votado
(capacidade eleitoral passiva) estão incluídos nos direitos políticos atribuídos ao cidadão. A perda e a suspensão dos
direitos políticos são hipóteses que atingem, respectivamente, a titularidade para negá-los e o exercício para restringi-los
temporariamente. Têm como fundamento constitucional o art. 15 e, no CE, art. 71. NATUREZA JURÍDICA: Antônio Carlos
Mendes acentua que a perda ou suspensão dos direitos políticos não constituem sanção penal, mas sanção constitucional
de natureza não-penal. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: Trata-se de privação temporária dos direitos políticos.
Atinge não a titularidade, mas o exercício dos direitos políticos de forma temporária. (a) Condenação criminal transitada em
julgado, enquanto durarem seus efeitos (art. 15, III): a hipótese atinge a condenação criminal por crime, doloso ou culposo,
ou contravenção penal. Quanto ao sursis, somente suspende a execução da pena privativa de liberdade, permanecendo
os demais efeitos da condenação criminal. Assim, ocorre a suspensão dos direitos políticos durante o período de
cumprimento das condições. Súm.-TSE 9/92: “A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal
transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de
reparação dos danos”. Ac.-TSE nos 13.027/96, 302/98, 15.338/99 e 252/2003: para incidência deste dispositivo, é
irrelevante a espécie de crime, a natureza da pena, bem como a suspensão condicional desta. (b) Recusa de cumprir
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5, VIII (art. 15, IV): O serviço militar é obrigatório nos
termos da lei (art. 143, CF/88). Compete às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de
convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar (art. 143, §1°). A
regulamentação da regra constitucional foi feita pela Lei 8.239/91, a qual dispõe sobre serviço militar obrigatório e prevê a
possibilidade de serviço alternativo (art. 3°, §§1° e 2°). (c) improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4 (art. 15,
V): Na Lei 8.429/92, o art. 12 prevê, entre outras sanções, a suspensão de direitos políticos. PERDA DOS DIREITOS
POLÍTICOS: (a) o cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, em virtude de atividade nociva ao
interesse social (art. 12, §4°, I, CF/88). (b) As hipóteses de incapacidade civil absoluta, previstas no art. 3°, I e III, CC,
podem envolver situações que só têm relevância para os efeitos dos direitos políticos se ocorrerem após os 16 anos. As
demais situações dos incisos II e III do Código Civil podem envolver ou situação de suspensão (quando for provisória a
causa de incapacidade civil) ou de perda (quando dor definitiva a causa da incapacidade). (c) Antônio Carlos Mendes chama
a atenção para outra hipótese de perda que não está expressamente prevista no rol do art. 15, CF/88. Trata-se da perda
da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade (art. 12, §4°, CF/88), ressalvados os casos das alíneas “a”
e “b” do inciso II.

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2.a: Voto universal, direto e secreto.

Sufrágio e voto: sufrágio é o direito público subjetivo de participar da formação da vontade política do Estado.
Possui duas dimensões, ativa (direito de votar) e passiva (direito de ser votado, de ser eleito). O voto é o ato pelo qual
o direito de sufrágio é concretamente exercido. O sufrágio pode ser universal ou restrito, igual ou desigual. Sufrágio
universal é aquele em que o direito de votar é atribuído ao maior número possível de nacionais, excluídos apenas
aqueles que, por motivos razoáveis (vg, idade), não podem participar do processo político eleitoral. Sufrágio restrito
é aquele concedido somente a alguns nacionais, com base em critérios discriminatórios e irrazoáveis. O sufrágio
restrito pode ser censitário (baseado na capacidade econômica do indivíduo), capacitário/cultural (fundado na aptidão
intelectual do indivíduo) ou masculino (fundado no sexo, com exclusão das mulheres). Sufrágio igual é aquele fundado
no princípio da isonomia, de modo que o voto de todos os cidadãos possui idêntico peso político (one man, one vote).
Sufrágio desigual é aquele caracterizado pela superioridade de certos votantes. Exemplo é o voto familiar, em que o
pai de família detém número de votos correspondente ao de filhos. No Brasil, foi adotado o sufrágio universal e igual,
nos termos do art. 14 da CRFB. Há, porém, quem entenda que a inelegibilidade dos analfabetos configura resquício
do sufrágio capacitário/cultural.

Voto: o voto concretiza o direito de sufrágio. Natureza jurídica: direito ou dever? A doutrina da soberania popular
entende que o voto é um direito. A doutrina da soberania nacional entende que o voto é um dever, uma função política em
benefício da coletividade e do Estado. J. Jairo, assim como a maioria da doutrina brasileira, adota posição sincrética,
entendendo que o voto é um direito público subjetivo dotado de função social e política, função esta que legitima sua
obrigatoriedade. O voto no Brasil é pessoal (vedado o exercício mediante representante), obrigatório (não exercício deve
ser justificado), livre (liberdade de escolha), secreto (conteúdo não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral), direto (em
regra, representantes são escolhidos sem intermediários), periódico (princípio republicano) e igual (igual valor numérico
e político). O voto direto, secreto, periódico e universal é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB). Atenção: a obrigatoriedade
não é protegida por cláusula pétrea.

Voto universal: ver acima o que foi dito sobre o sufrágio universal. É cláusula pétrea.

Voto múltiplo: é aquele em que o eleitor pode votar mais de uma vez em circunscrições diferentes.

Voto Plural: é uma variação do voto múltiplo, que permite ao eleitor votar mais de uma vez na mesma
circunscrição.
Voto direto: é aquele mediante o qual o eleitor escolhe seus representantes de modo imediato, sem
qualquer mediação por instância intermediária ou colégio eleitoral. É regido pelo princípio da imediatidade do
voto. É cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e visa a garantir o princípio democrático. Não retira o caráter direto do voto
a adoção do sistema proporcional, pois, neste sistema, o voto do eleitor é que é decisivo para a atribuição do mandato,
não qualquer decisão a ser tomada por intermediário ou órgão colegiado. O voto indireto constitui exceção e é previsto
para o caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente nos últimos dois anos do período presidencial (art.
81, §1°, da CRFB). Neste caso, a eleição será feita pelo Congresso Nacional, em 30 dias da última vacância, devendo ser
observadas as condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade. A votação deve ser aberta, para que o eleitor
conheça o voto de seu representante (STF, ADI 4.298/TO). Esta hipótese de voto indireto não configura norma de
reprodução obrigatória, mas pode ser aplicada no âmbito dos Estados, desde que exista previsão na Constituição
Estadual, e dos Municípios, desde que exista previsão na Lei orgânica e não exista vedação na respectiva Constituição
Estadual (STF, ADI 3.549/GO).

Voto secreto: o conteúdo do voto não pode ser revelado pela Justiça Eleitoral. O segredo é direito do
eleitor, sendo que só ele, querendo, pode revelar seu voto. O sigilo do voto é cláusula pétrea (art. 60, §4°, II, CRFB), e
visa a garantir a liberdade do eleitor e a lisura do pleito. É nula a votação quando preterida formalidade essencial do
sigilo do voto (art. 220, IV do CE.). Sobre sigilo e o voto eletrônico, ver arts. 59, §4° e 61,LE. Na ADI 4543/DF o STF, por
entender vulnerado o sigilo do voto e a segurança do sistema, julgou procedente pedido formulado em ação direta para
declarar a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 12.034/2009, que dispõe sobre o voto impresso.

Voto e escrutínio: “enquanto o voto é o exercício do sufrágio, dos direitos políticos, o escrutínio designa a
maneira como esse processo se perfaz, isto é, como o voto se concretiza” Gomes.p.51. O escrutínio no Brasil é secreto e
informatizado, pois com isso se procura resguardar a autenticidade da manifestação do eleitor, garantindo o sigilo da
votação.

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2.b. Nacionalidade e Cidadania. Direitos políticos. Cargos privativos de brasileiro nato.

A nacionalidade é o vínculo jurídico-político que une uma pessoa física a um Estado, do qual decorre
uma série de direitos e obrigações.
Aquisição de nacionalidade pode ser:
Originária ou primária: esse tipo, em geral, não está relacionado a um ato de vontade, pois decorre de
um fato natural, o nascimento. Dois critérios predominam para definição da nacionalidade primária: o jus solis e o jus
sanguinis. O jus solis, ou critério territorial, determina a nacionalidade pelo lugar do nascimento, sem influência da
nacionalidade dos ascendentes. É adotada em países que formaram seu povo com grande influência de imigrantes.
Nos países onde predomina a emigração, o critério predominante é do jus sanguinis, que atribui a nacionalidade
pelos ascendentes, é o critério mais antigo.
Secundária ou adquirida: é adquirida por fato posterior ao nascimento, em geral por um ato de vontade,
esse elemento é muito importante, uma vez que o Direito Internacional repugna a atribuição forçada de nacionalidade
secundária, que é por excelência a naturalização, onde o indivíduo manifesta sua vontade em adquirir uma determinada
nacionalidade e o Estado, por ato discricionário, pode concedê-la ou não (expectativa de direito). Existem outros critérios
como casamento (não adotado no Brasil); do vínculo funcional (Ex. Vaticano pode conceder nacionalidade a seus
servidores, também não adotado no Brasil1); desaparecimento de um Estado, seja por anexação, cessão ou
unificação; nacionalização unilateral (atribuída por mero ato do Estado ou vontade da lei, como ocorreu na CF brasileira de
1981).
Apatridia é um conflito negativo de atribuição de nacionalidade, ocorrendo pela sua perda arbitrária,
em geral por motivos políticos, ou não incidência de qualquer critério de atribuição de nacionalidade a uma pessoa.
Essa situação fere o direito humano à nacionalidade.
A Polipatria ou plurinacionalidade é um conflito positivo na atribuição da nacionalidade devido à coincidência
de critérios para uma mesma pessoa.
Muito embora a nacionalidade seja, primariamente, assunto de Direito interno (Convenção de Haia Concernente
a Certas Questões Relativas aos Conflitos de Leis sobre Nacionalidade, de 1930), o direito internacional regula alguns
dos seus aspectos, importa aqui mencionar essa regulamentação no âmbito das normas referentes à perda da
nacionalidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (art. XV, § 2°) afirma que “ninguém será arbitrariamente
privado de sua nacionalidade”, ou seja, é possível a perda da nacionalidade, contanto que seja em decorrência de
regras previamente estabelecidas e compatíveis com as normas internacionais de direitos humanos. O Direito
Internacional repugna a retirada da nacionalidade por motivos políticos, raciais ou religiosos, ou a partir de considerações
de caráter meramente discricionário (PORTELA, 2011:261).
O Estatuto da Igualdade Brasil-Portugal(Dec. 3.927/2000) fundamentalmente determina que os brasileiros
em Portugal e os portugueses no Brasil gozarão dos mesmos direitos e estarão sujeitos aos mesmos deveres dos
nacionais desses Estados, exceto os direitos expressamente reservados pela Constituição de cada uma das partes aos
seus nacionais (PORTELA,2011:317). Tais benefícios não são automáticos e exigem que os brasileiros e portugueses
que o requisitarem sejam civilmente capazes, tenham residência habitual no país que pleiteiam (para direitos políticos a
residência deve ser de pelo menos 3 anos), e serão atribuídos mediante decisão dos órgãos internos com competência
para tanto 2. Rezek entende, ao contrário da maior parte da doutrina, que brasileiro naturalizado e português beneficiário
do Estatuto não se identificam, visto que o cidadão de Portugal pode ser extraditado (só para Portugal) e expulso, e conta
apenas com a proteção diplomática do Estado de origem.
Não há prerrogativas de nacionais entre as diferentes nacionalidades ligadas ao Mercosul. Algumas medidas
de caráter social podem ser citadas, como o Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do
Mercosul(Dec.6.964/09) que visa facilitar a circulação de pessoas dentro do bloco, amenizando regras para a concessão
da residência aos nacionais dos Estados mercosulinos; regras trabalhistas mais uniformes como as constantes da
Declaração Sócio-laboral do Mercosul(1998).
A nacionalidade é um verdadeiro direito fundamental que une o indivíduo a um Estado. Segundo Gilmar
Ferreira Mendes a “nacionalidade configura vínculo político e pessoal que se estabelece entre o Estado e o indivíduo,
fazendo com que este integre uma dada comunidade política, o que faz com que o estado distinga o nacional do
estrangeiro para diversos fins” (MENDES, 2007, p. 679).
Cidadania, ao seu turno, é a condição jurídica por meio da qual se permite que o nacional exerça seus direitos
políticos de votar e ser votado. A cidadania pressupõe a nacionalidade, ou seja, para que se possa ser cidadão de um
determinado Estado é imprescindível que a pessoa também seja um dos nacionais deste Estado.
Verifica-se, deste modo, que é justamente a possibilidade de exercer direitos políticos que diferencia o
nacional cidadão do nacional destituído de cidadania. Existem duas modalidades de direitos políticos: os direitos políticos
ativos e direitos políticos passivos. Enquanto os primeiros asseguram a pessoa o direito subjetivo de participação no
processo político e nos órgãos governamentais, os direitos políticos passivos facultam que ela possa ser votada.
“Chama-se de cidadão o [nacional] detentor de direitos políticos. Trata-se do nacional admitido a participar da
vida politica do País, seja escolhendo os governantes, seja sendo acolhido para ocupar cargos politico-eletivos. Conforme
averba Silva (2006,p.347) “a cidadania se adquire com a obtenção da qualidade de eleitor que documentalmente se
manifesta na posse de titulo de eleitor valido” Jose Jairo Gomes. Op. Cit. p.45.
Cidadania X Nacionalidade3: “É comum a confusão entre os conceitos de cidadania e nacionalidade.(...) A

1
O casamento e vínculo funcional, para o Estatuto do Estrangeiro, pode ensejar a diminuição do prazo mínimo de
residência no Brasil para obter a naturalização.
2
Para aprofundar ler artigos 12 e 22 da Dec. 3.927/00.
3
O tema da nacionalidade será abordado diretamente nos tópicos 10-B de Direito Constitucional e 6-A de Direito

8
cidadania é um status ligado ao regime político; identifica os detentores de direitos políticos. Já a nacionalidade é um status
do indivíduo perante o Estado. Indica que uma pessoa encontra-se ligada a determinado Estado. (...) A cidadania constitui
atributo jurídico que nasce no momento que o cidadão se torna eleitor” Gomes. p.45/46. ATENCAO: o indivíduo adquire a
cidadania por intermédio do alistamento eleitoral (que possui natureza jurídica de ato administrativo declaratório).
Direitos Políticos: “É o ramo do Direito Público cujo objeto são os princípios e as normas que regulam a
organização e o funcionamento do Estado e do Governo, disciplinando o exercício e o acesso ao poder estatal. Encontra-
se, pois, compreendido no Direito Constitucional(...)”.
“Denominam-se direitos políticos ou cívicos [aqueles] inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar
direta ou indiretamente, da organização e do funcionamento do Estado.” “(...) os direitos políticos disciplinam as diversas
manifestações da soberania popular, a qual se concretiza pelo sufrágio universal, pelo voto direito e secreto (com valor
igual para todos os votantes), pelo plebiscito referendo e iniciativa popular” Gomes. p.3/ 4. Existem duas modalidades de
direitos políticos: os direitos políticos ativos e direitos políticos passivos.
Enquanto os primeiros asseguram a pessoa o direito subjetivo de participação no processo politico e nos órgãos
governamentais, os direitos políticos passivos facultam que ela possa ser votada. “Extrai-se do Capítulo IV, do Título II, da
Constituição Federal, que os direitos políticos disciplinam as diversas manifestações da soberania popular, a qual se
concretiza pelo sufrágio universal, pelo voto direito e secreto (com valor igual para todos os votantes), pelo plebiscito,
referendo e iniciativa popular.” Gomes. p.4.

Cargos Privativos de Brasileiros Natos: Destaque-se que apenas a Constituição pode estabelecer distinção
entre os brasileiros natos e naturalizados, sendo que ela o fez somente em quatro aspectos: ocupação privativa de certos
cargos, exercício privativo de funções, propriedade de empresa jornalística e tratamento diferenciado para a extradição.
Interessam-nos, no presente ponto, apenas os dois primeiros. O rol de cargos privativos de brasileiros natos está previsto
no art. 12, § 3° da CR:
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.
Lembre-se que essa exigência não é feita para o cargo de Ministro das Relações Exteriores.
A Constituição também estabelece em seu art. 89, inciso VII, que os seis cidadãos que integram o Conselho da
Republica devem ser brasileiros natos, maiores de 35 anos, sendo que dois deles serão nomeados pelo Presidente da
Republica, dois serão eleitos pelo Senado Federal e outros dois eleitos pela Câmara dos Deputados.

Casuística: O Estatuto da Igualdade Brasil-Portugal (Dec. 3.927/2000) fundamentalmente determina que os


brasileiros em Portugal e os portugueses no Brasil gozam dos mesmos direitos e estarão sujeitos aos mesmos deveres dos
nacionais desses Estados, exceto os direitos expressamente reservados pela Constituição de cada uma das partes aos
seus nacionais. Isso abrange o direito de não se extraditado, salvo quando requerida a extradição pelo estado da
nacionalidade.

PALAVRAS-CHAVE: NACIONALIDADE COMO VINCULO POLÍTICO. CIDADANIA COMO CONDIÇÃO


JURÍDICA. QUASE-NACIONALIDADE.

Internacional Público.

9
2.c. Plebiscito e referendo. Iniciativa popular.

A CRFB, no intuito de atenuar o formalismo da democracia representativa, inovou na adoção de instrumentos


da democracia direta ou semidireta. Aproximou-se, assim, do ideal da democracia participativa.
“No sistema brasileiro a democracia representativa é temperada com mecanismos próprios de democracia direta,
entre os quais citem-se: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (CF, art 14, I, II, III e art. 61§ 2º)” Gomes. p. 40.

Plebiscito e referendo: a realização de plebiscito e referendo depende de autorização do Congresso


Nacional (art. 49, XV da CRFB), excetuados os casos expressamente previstos na Constituição (art. 18, §§3º e 4º da
CRFB), para alteração territorial de Estados e Municípios, e no art. 2º do ADCT, sobre a forma e sistema de governo. A
diferença entre plebiscito e referendo concentra-se no momento de sua realização.
O plebiscito configura consulta prévia, já o referendo é uma consulta posterior sobre determinado ato
ou decisão governamental, seja para atribuir-lhe eficácia que ainda não foi reconhecida (condição suspensiva), seja
para retirar a eficácia que lhe foi provisoriamente conferida (condição resolutiva).
O plebiscito e o referendo estão submetidos à reserva legal expressa (art. 14, caput da CRFB). A matéria está
hoje regulada na Lei nº 9.709/98. O art. 3º do aludido diploma consagra que o plebiscito e o referendo serão convocados
por meio de decreto legislativo proposto por no mínimo 1/3 dos votos dos membros que compõem uma das Casas do
Congresso Nacional. Não se admite a convocação de plebiscito ou referendo mediante iniciativa popular. De acordo com
a Lei 9.709/98, plebiscito e referendo devem ser convocados para questões de relevância nacional, bem como para
formação e alteração territoriais de Estados e Municípios (art. 18, §§ 3º e 4º da CRFB). A primeira experiência ordinária
com o referendo deu-se com a Lei nº 10.826/2003 (art. 35 do Estatuto do Desarmamento).
O Brasil já realizou um referendo sobre o sistema de governo, em 6 de janeiro de 1963, durante a gestão de Joao
Goulart. Em 21 de abril de 1993 foi realizado plebiscito sobre a forma e o sistema de governo no Brasil (monarquia
parlamentar ou republica; parlamentarismo ou presidencialismo). Em 23 de outubro de 2005 foi realizado referendo sobre
a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, com vistas a aprovação ou não do disposto no art. 35 da Lei
no 10.826, de 23 de dezembro de 2003, conhecida como Estatuto do desarmamento. Nesta consulta, maioria do eleitorado
optou pela não proibição. ATENCAO: ha quem sustente, como Ivo Dantas, que o sistema presidencialista e a forma
republicana de governo adquiriram o status de cláusulas pétreas apos o plebiscito de 1993.
No caso de plebiscito para fins de desmembramento ou alteração de limites de estado ou município, deve haver
consulta a toda a população do Estado-membro ou do Município, e não apenas da população da área a ser desmembrada
(STF ADI 2.650).

Iniciativa popular: A iniciativa popular está prevista no art. 61, §2º da CRFB e poderá ser exercida pela
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído
em pelo menos cinco Estados, com não menos 3/10 por cento de cada um deles. A iniciativa popular também é regulada
pela Lei nº 9.709/98. Esta lei estabeleceu que o projeto de iniciativa popular deve restringir-se a um único assunto e que
não se pode rejeitar proposição decorrente de iniciativa popular por vício de forma (art. 13, §2º). A doutrina majoritária
não admite iniciativa popular em sede de emendas constitucionais, por entender que o rol do art. 60 da CRFB é taxativo,
mas existem vozes em sentido contrario entendendo que por um critério de razoabilidade e admissível iniciativa popular de
PEC com base na ideia de que o titular do Poder Constituinte e o povo, concepção inexoravelmente ligada a noção de
soberania popular.
A LC 135/2010, apelidada de lei do ficha-limpa, que alterou a LC 64/90, é um célebre exemplo de iniciativa popular,
com o intuito de combater a corrupção eleitoral. Antes disso, outro projeto de iniciativa popular resultou na aprovação da
Lei nº 9.840/99, denominada Lei Contra a Compra de Votos, que prevê a cassação de mandatos por compra de votos e
uso eleitoral da máquina administrativa.

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3.a. Seções, zonas e circunscrições eleitorais.

O CE dividiu o eleitorado brasileiro em circunscrição eleitoral, zona eleitoral e seções eleitorais.


CIRCUNSCRIÇÃO ELEITORAL: O conceito de circunscrição eleitoral é encontrado no art. 86 do Código
Eleitoral. É uma divisão territorial que tem em vista a realização do pleito. Nas eleições municipais, cada município constitui
uma circunscrição. Nas eleições gerais (Governador, Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado da Federação. Já
nas eleições presidenciais, a circunscrição é o território nacional.
Questões que envolvam eleições: Circunscrição municipal – juiz eleitoral; Circunscrição estadual – TRE;
Circunscrição nacional – TSE
OBS: A circunscrição tem importância na fixação do domicílio e inelegibilidade parental.
ZONA ELEITORAL: A zona eleitoral é unidade de jurisdição eleitoral – equivale, mutatis mutandis, às varas da
justiça comum. A cada zona corresponde um juiz eleitoral. São organizadas dentro de cada circunscrição, conforme
organização, de modo que o território dos Estados é dividido em diversas zonas.
OBS: a Zona eleitoral não se confunde com os limites do município. Há zonas eleitorais que abrangem mais de
um município e há municípios com mais de uma zona eleitoral.
Compete privativamente aos Tribunais Regionais Eleitorais dividir a respectiva circunscrição em zonas,
submetendo, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do TSE (CE, art. 30, IX).
Compete ao TSE aprovar a divisão da circunscrição dos Estados em Zonas Eleitorais ou a criação de novas
Zonas (CE, art. 23, VIII).
Segundo o art. 88 do CE, não é permitido registro de candidato, embora para cargos diferentes, por mais de uma
circunscrição ou para mais de um cargo na mesma circunscrição.
SEÇÃO ELEITORAL é uma subdivisão da zona e constitui a menor unidade de organização eleitoral,
permitindo facilitar os trabalhos eleitorais. Cada seção eleitoral corresponde a uma unidade de votação, sendo que os
eleitores são organizados a votar considerando a zona e a seção na qual estão inscritos. Nela funcionará a mesa receptora,
composta de seis mesários nomeados pelo juiz eleitoral. Cada seção eleitoral terá no mínimo duas cabinas de votação.
Cabe ao juiz eleitoral da zona a tarefa de dividi-la em seções, sendo que as seções eleitorais da capital devem
ter entre 50 e 400 eleitores, e as demais localidades, entre 50 a 300, podendo ter mais conforme juízo de conveniência e
oportunidade da justiça eleitoral. Devem ser providenciadas seções específicas para cegos, as quais, não atingido o número
mínimo exigido, poderão ser completadas com outros eleitores (CE, art. 117, §2º).
A força armada encarregada da segurança das eleições deverá conservar-se a cem metros da seção eleitoral e
não poderá aproximar-se do lugar de votação ou nele penetrar sem ordem do presidente da mesa (CE, art. 141).
Questões de prova: [Atenção: observe como as questões se repetem. A segunda pergunta é da prova oral do
26º concurso e a última é da prova oral do 27º concurso].
Conceitos de seção, zona e circunscrição. Quem define as zonas eleitorais.
A zona coincide sempre com o município?
A zona coincide sempre com o Município? E com comarca?
Hipóteses para a revisão eleitoral. Diferenciar as duas: a originária, de fraude, e a complementar, hipóteses mais
objetivas (o TSE tem entendido que são requisitos cumulativos). Quem determina a revisão?
Palavras-chave: Organização do eleitorado – unidade de aglutinação de eleitor (Seção) – área de delimitação
espacial da justiça eleitoral (Zona) – divisão territorial (Circunscrição)

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3.b. Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado.

Conceito: Segundo Rodrigo Zílio, o alistamento eleitoral consiste em ato voluntário de manifestação de vontade
do indivíduo nacional (nato ou naturalizado) que objetiva habilitá-lo ao exercício dos direitos políticos.
A ocorrência de fraude no alistamento eleitoral pode desencadear a revisão do eleitorado, que consiste em
procedimento administrativo, de competência da Justiça Eleitoral, que tem como finalidade reexaminar o cadastro dos
eleitores de uma Zona ou Município, seja para determinar que o cidadão comprove que mantém o domicílio eleitoral na
respectiva zona, seja para cancelar as inscrições irregulares. Assim, todos são convocados a comparecer perante a Justiça
Eleitoral para confirmar seus domicílios e a regularidade de suas inscrições, sob pena de terem suas inscrições canceladas,
sem prejuízo das sanções cabíveis, se constatada irregularidade.
A revisão eleitoral encontra fundamento no artigo 71, § 4º, do Código Eleitoral, no artigo 92 da Lei nº 9.504/97 e
nos artigos 58 a 76 da Resolução TSE nº 21.538/2003.
Há dois tipos de revisão:
a) artigo 71, § 4º, do CE “Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou
município, o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e, provada a fraude em proporção
comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado obedecidas as Instruções do Tribunal Superior e as recomendações
que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não forem
apresentados à revisão”.
A correição referida em tal dispositivo não é obrigatória, não sendo condição prévia à revisão. O TRE, ao
examinar a denúncia, pode entender desnecessária a realização de correição, se, desde logo, considerar comprovada a
fraude em proporção comprometedora.
b) artigo 92 da Lei nº 9.504/97: O Tribunal Superior Eleitoral, ao conduzir o processamento dos títulos eleitorais,
determinará de ofício a revisão ou correição das Zonas Eleitorais sempre que: I - o total de transferências de eleitores
ocorridas no ano em curso seja dez por cento superior ao do ano anterior; II – o eleitorado for superior ao dobro da população
entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a setenta anos do território daquele Município; III - o eleitorado for
superior a sessenta e cinco por cento da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE.
Entende-se que os requisitos para a revisão previstos no artigo 92 da Lei nº 9.504/97 devem ser preenchidos
cumulativamente. Nesse sentido se manifestou o TSE (Res. ns. 22.162, 22.125 e 22.126).
Não será realizada revisão de eleitorado em ano eleitoral, salvo em situações excepcionais, quando autorizada
pelo TSE (Res. TSE 21.538/2003).
Vale ressaltar que, apesar de ser determinada pelo TRE ou TSE, a revisão eleitoral é sempre presidida pelo juiz
eleitoral da zona em que esta será ultimada e sua realização conta com a fiscalização do Ministério Público e dos partidos
políticos.
O Tribunal Regional Eleitoral, por intermédio da Corregedoria-Regional Eleitoral, inspecionará os serviços de
revisão.
O Juiz Eleitoral deverá dar conhecimento da revisão aos partidos políticos, já que eles também têm a prerrogativa
de acompanhar e fiscalizar os trabalhos.
Prazo para início dos trabalhos de revisão: Depois de aprovada a revisão de eleitorado pelo Tribunal competente,
o Juiz da Zona Eleitoral terá o prazo de 30 (trinta) dias para dar início aos serviços.
Atividades da revisão: A revisão deve ser precedida de intensa divulgação, indicando datas e locais onde
ocorrerá. A critério do Juiz, poderá haver postos de revisão fora dos cartórios eleitorais. O período de revisão de eleitorado
não pode ser inferior a 30 (trinta) dias. Caso seja necessário prorrogá-lo, o magistrado deve requerer fundamentadamente
ao Presidente do Tribunal, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência do término do período inicialmente estabelecido.
O eleitor deve comparecer nos locais divulgados munido de comprovante de domicílio eleitoral e de identidade, para assinar
o caderno de revisão após os servidores da Justiça Eleitoral compararem os dados dos documentos apresentados com os
constantes do caderno. Mesmo que os dados constantes do caderno de revisão não coincidam completamente com os
documentos apresentados, o eleitor será considerado revisado e assinará o caderno de revisão se conseguir comprovar a
sua identidade e o domicílio eleitoral. Apenas não assinará o caderno de votação o eleitor que não comparecer ou que,
comparecendo, não conseguir comprovar a identidade ou o domicílio eleitoral.
Término da revisão de eleitorado: Terminados os trabalhos revisionais, o Juiz Eleitoral deverá ouvir o Ministério
Público e, após, no prazo de 10 (dias), proferir sentença determinando o cancelamento das inscrições irregulares e aquelas
cujos eleitores não compareceram à revisão. Se houver indícios de infrações penais, o Ministério Público, que será ouvido
antes da sentença, promoverá a apuração. Contra essa sentença cabe recurso do interessado para o TRE no prazo
de 03 dias. Se a sentença em vez de cancelar inscrição aparentemente incorreta, ratificar a inscrição como legitima,
tem se entendido que não há recurso dessa decisão (José Jairo Gomes)
Com efeito, o TSE já decidiu que “[...] para a configuração do delito do art. 350 do Código Eleitoral é necessário
que a declaração falsa, prestada para fins eleitorais, seja firmada pelo próprio eleitor interessado. 2. Assim, não há
configuração do referido crime em face de declaração subscrita por terceiro de modo a corroborar a comprovação de
domicílio por eleitor, porquanto suficiente tão-somente a própria declaração por este firmada, nos termos da Lei nº 6.996/82.
[...]”(Ac. de 21.8.2008 no RHC nº 116, rel. Min. Arnaldo Versiani; no mesmo sentido o Ac. de 2.5.2006 no RESPE nº 25.417,
rel. Min. José Delgado.)
Palavras-chave: Fraude no alistamento eleitoral – Revisão do eleitorado

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3.c. Votação. Voto eletrônico. Mesas receptoras. Fiscalização.

Voto: O voto é um dos mais importantes instrumentos democráticos, pois enseja o exercício da soberania popular
e do sufrágio. Cuida-se de ato pelo qual os cidadãos escolhem os ocupantes dos cargos politico-eletivos. O voto é
personalíssimo, obrigatório, livre, secreto, direto, periódico e igual.
Votação: Votação, por sua vez, é a série de atos para o exercício do direito de voto. (Sufrágio é o direito de
participar das decisões políticas, expressando sua vontade na escolha dos ocupantes de cargos público-eletivos ou em
deliberações em referedum ou plebiscito. O voto é o meio jurídico de expressão da vontade, materializando o sufrágio). A
votação compreende os seguintes atos: apresentação e identificação do eleitor perante o órgão da Justiça Eleitoral, no
caso, a mesa receptora de votos; emissão de voto pelo eleitor; entrega do comprovante de votação ao eleitor.
Voto de presos provisórios e adolescentes internados: O TSE expediu instruções para a instalação de seções
eleitorais em estabelecimentos prisionais e em unidades de internação a fim de garantir o direito de voto de presos
provisórios e adolescentes internados (Res. 22712 e 23219).
Voto eletrônico: O voto eletrônico foi criado pela Justiça Eleitoral do Brasil com a finalidade de prevenir as fraudes,
antes existentes na votação e na totalização dos votos, através de preenchimento manual. O Brasil adota prioritariamente
o sistema eletrônico de votação, então, em todo território nacional, a votação é feita por meio do voto em urnas eletrônicas,
salvo situação excepcional, ou seja, motivo de força maior que impeça a votação eletrônica e seja conveniente a utilização
do voto através de cédulas (votação manual), cabendo ao TSE a avaliação das circunstâncias para fins de autorização da
votação manual, nos termos do art. 59 da Lei 9.504/97 (a cuja leitura se remete) que regula o procedimento nestas
hipóteses. A votação e a totalização dos votos serão feitas pelo sistema eletrônico de votação, como regra geral. ATENÇÃO:
No sistema eletrônico de votação, computam-se para a legenda partidária: a) os votos em que não seja possível a
identificação do candidato, desde que o número identificador do partido seja digitado de forma correta; b) quando o eleitor
assinalar o número do partido no momento de votar para determinado cargo e somente para este será computado (arts 59,
§ 2º e 60 da Lei 9.504/97).
Local de votação: o local de votação será preferivelmente em prédios públicos, mas nada impede o uso de
propriedade particulares se faltarem locais públicos. É vedado o uso de propriedade pertencente a candidato, membro
de diretório de partido político, delegado ou coligação, bem como de seus cônjuges ou parentes, consanguíneos
ou afins até o 2º grau, inclusive.
Impressão do voto eletrônico: A Lei 12.034/09 introduziu mudanças na votação, a saber: “Art. 5º: Fica criado, a
partir das eleições de 2014, inclusive, o voto impresso conferido pelo eleitor, garantido o total sigilo do voto ( ...) ”.O STF
deferiu medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4543), ajuizada pelo Procurador Geral da República,
para suspender os efeitos do art. 5º da Lei 12.034/2009, que dispõe sobre a criação, a partir das eleições de 2014, do voto
impresso. Em 06/11/2013 o Pleno do STF julgou como inconstitucional a impressão do voto eletrônico sob o
argumento de que haveria maiores possibilidades de violação ao sigilo dos votos, além de potencializar falhas e impedir o
transcurso regular dos trabalhos nas diversas seções eleitorais.
Voto em trânsito nas eleições presidenciais: segundo o disposto no art. 233-A do CE, introduzido pela referida
Lei, aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente
e Vice-Presidente da República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos estados e na forma regulamentada
pelo TSE (Na Resolução nº 23.215 do TSE estabelecida para as eleições de 2010, o eleitor deveria se habilitar em qualquer
cartório eleitoral do país, entre 15 de julho e 15 de agosto de 2010, informando a capital do estado brasileiro em que estaria
presente no dia da eleição, não sendo admitida a habilitação por procurador). Desta forma, o eleitor faria uma “transferência
provisória” do seu título para as citadas seções especiais, mantendo, no entanto, o domicílio eleitoral.
O que é zerésima? Antes de permitir que o primeiro eleitor vote, o presidente da mesa receptora deve
providenciar a emissão da zerésima, isto é, um documento emitido pela urna eletrônica que é comprobatório de que não
consta nenhum voto nela inserido até aquele momento.
Mesas receptoras: As mesas receptoras são órgãos eventuais da Justiça Eleitoral, com a função administrativa
de colher os votos e proceder a apuração eletrônica nas eleições. A votação se realiza perante a mesa receptora que vai
receber os votos dos eleitores. A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos. Compete aos juízes
eleitorais designar os lugares de votação onde funcionarão as mesas receptoras, 60 dias antes das eleições, devendo ser
publicada a designação (art. 135 do CE). Essas mesas são constituídas de um presidente, dois mesários, dois secretários
e um suplente, chamados indistintamente de ‘mesários’. O Presidente da Mesa tem atribuições para decidir imediatamente
todas as dúvidas e dificuldades que ocorrerem (art. 127, II, do CE), tem o poder de polícia dos trabalhos da seção (arts.
127, III, e 139 do CE) e a autoridade para expedir salvo-conduto em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na
sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado (art. 235 do CE), cuja desobediência acarreta prisão em flagrante do
agente. Na lei 9.504/97, estão previstos algumas peculiaridades das mesas receptoras: “Art. 63. Qualquer partido pode
reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de cinco dias, da nomeação da Mesa Receptora, devendo a decisão ser proferida em
48 horas. § 1º Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de três dias, devendo
ser resolvido em igual prazo. § 2º Não podem ser nomeados presidentes e mesários os menores de dezoito anos. Art. 64.
É vedada a participação de parentes em qualquer grau ou de servidores da mesma repartição pública ou empresa privada
na mesma Mesa, Turma ou Junta Eleitoral.
OBS: se o nome do eleitor não consta da lista de votação de sua seção por exclusão indevida de seu nome do
cadastro geral não é permitido o voto em separado. Ele ficará sem votar. [vários precedentes do TSE nesse sentido]
Fiscalização: com o objetivo de garantir a lisura na votação, os partidos ou coligações têm o direito subjetivo
eleitoral de fiscalizar os trabalhos das mesas receptoras, designando pessoas para atuarem como fiscal ou delegado.
Enquanto o fiscal atua em uma seção ou mais de uma (Lei 9.504/97, art. 65, § 1º), o delegado representa o partido
tendo acesso a todas as seções. Os fiscais e delegados atuam em todo o processo de votação e apuração participando
do preenchimento dos boletins de urna e observando o processamento eletrônico da totalização dos resultados (art. 66 –
Lei 9504/97), podendo formular protestos e denunciar formalmente qualquer ato irregular por parte dos membros da Mesa
receptora (art. 132 CE). Algumas regras importantes sobre a fiscalização das eleições: Art. 65. A escolha de fiscais e

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delegados, pelos partidos ou coligações, não poderá recair em menor de dezoito anos ou em quem, por nomeação do Juiz
Eleitoral, já faça parte de Mesa Receptora. § 1º O fiscal poderá ser nomeado para fiscalizar mais de uma Seção Eleitoral,
no mesmo local de votação. § 2º As credenciais de fiscais e delegados serão expedidas, exclusivamente, pelos partidos ou
coligações. § 3º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, o presidente do partido ou o representante da coligação
deverá registrar na Justiça Eleitoral o nome das pessoas autorizadas a expedir as credenciais dos fiscais e delegados. § 4o
Para o acompanhamento dos trabalhos de votação, só será permitido o credenciamento de, no máximo, 2 (dois) fiscais de
cada partido ou coligação por seção eleitoral. Art. 66. Os partidos e coligações poderão fiscalizar todas as fases do processo
de votação e apuração das eleições e o processamento eletrônico da totalização dos resultados. § 1o Todos os programas
de computador de propriedade do Tribunal Superior Eleitoral, desenvolvidos por ele ou sob sua encomenda, utilizados nas
urnas eletrônicas para os processos de votação, apuração e totalização, poderão ter suas fases de especificação e de
desenvolvimento acompanhadas por técnicos indicados pelos partidos políticos, Ordem dos Advogados do Brasil e
Ministério Público, até seis meses antes das eleições. (...) § 7o Os partidos concorrentes ao pleito poderão constituir sistema
próprio de fiscalização, apuração e totalização dos resultados contratando, inclusive, empresas de auditoria de sistemas,
que, credenciadas junto à Justiça Eleitoral, receberão, previamente, os programas de computador e os mesmos dados
alimentadores do sistema oficial de apuração e totalização.
OBS: O que é “teoria da própria conta e risco” e “teoria dos votos engavetados”? O candidato que não tem seu
registro deferido pode prosseguir na campanha eleitoral, sendo apto para fazer propaganda eleitoral, participar de
comícios, debates, mas por sua conta e risco (teoria da conta e risco), ou seja, se no dia da votação ele não tiver
registro, seus votos serão considerados nulos. Assim, o candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da
decisão e prosseguir por sua conta e risco, enquanto estiver sub judice, em sua campanha e ter seu nome mantido na urna
eletrônica, ficando a validade de seus votos condicionada ao deferimento de seu registro por instância superior. Isso porque,
“transitada em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado o registro, ou
cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido” (art. 15 da LC 64/90). Em fase de
recurso, este não será substituído; todavia, se a decisão recorrida se confirmar pela instância superior (leia-se TSE,
e não STF, ou seja, não precisa de trânsito em julgado) e o candidato vencer as eleições, os votos atribuídos a ele
serão nulos (teoria dos votos engavetados), regras válidas para as eleições majoritárias e proporcionais.
A Lei n. 9.504/1997, em seu art. 16-A, cria a possibilidade de um candidato concorrer mesmo que seu registro
esteja sub judice, ou seja, sem decisão final favorável do TSE. Ele poderá fazer a campanha normalmente enquanto estiver
nessa condição, inclusive no rádio e na TV. Trata-se da adoção da teoria da conta e risco, aplicada pelo TSE em várias
eleições, ou seja, efeito suspensivo do indeferimento de registro (art. 15 da LC 64/90).
Assim, caso a decisão não tenha sido apreciada pelo TSE, em sede de Embargos de Declaração em
REspe, até a eleição, seu nome também deverá figurar na urna eletrônica. Todavia, os votos recebidos por ele só
serão válidos se o pedido de registro for aceito definitivamente pelo TSE, o que se denominou de “teoria dos votos
engavetados” (após a eleição, o efeito do recurso não será mais suspensivo, e os votos são nulos, para todos os efeitos,
enquanto o TSE não decidir o tema — art. 257 do CE). Uma vez indeferido o registro, o candidato não mais poderá
assumir seu cargo, caso vença as eleições, devendo, nesse caso, assumir o 2º colocado (no caso de eleição
majoritária), e não o Vice, uma vez que, indeferido o registro do candidato a titular, não pode ser deferido o do Vice,
já que a chapa é “única e indivisível”. Caso a nulidade resultante da teoria dos votos engavetados, leia-se dos votos
atribuídos aos candidatos (e não os chamados votos apolíticos, isto é, aquele em que o eleitor digita número inexistente na
urna eletrônica e confirma), ultrapasse 50% + 1 dos votos, o TSE entendeu que devem ser realizadas novas eleições, nos
termos do art. 224 do CE que se aplica para AIRC (cf. Consulta n. 1.657/2008), sendo eleições diretas, se estiverem nos 2
primeiros anos do mandato, e eleições indiretas (no Legislativo), se estiverem nos 2 últimos anos do mandato. Se o TSE
não acolher a decisão que impugnar o registro de candidatura, deferindo-o, os votos que estavam “engavetados” são
tornados válidos, e, como tal, o candidato assume o cargo, caso tenha vencido a eleição, independentemente de
outros recursos no próprio TSE ou no STF.
No caso de eleição proporcional, assume o próximo que conseguir atingir o quociente eleitoral e partidário, ou
seja, os votos não vão para a legenda, como determina o art. 175, § 4º, do CE, pois, do contrário, bastaria colocar “candidato
inelegível” que este teria o seu registro impugnado, mas “daria votos à legenda dele”. Por isso, foi criada a teoria dos votos
engavetados. Assim, o partido ou coligação, quando percebe uma decisão judicial que INDEFERE o registro de
candidatura, pode manter seu candidato, pela teoria da conta e risco, e aguardar até a decisão do TSE, o que poderá
ocorrer ou, não querendo assumir o risco do que possa ocorrer, poderá substituir o candidato, na forma e nas regras do art.
13 da Lei Eleitoral.
OBS: Explicação de porque não há efeito suspensivo para a teoria dos votos engavetados: Não há efeito
suspensivo do recurso contra decisão que indeferir o registro de candidatura, pois, após as eleições, aplica-se a teoria dos
votos engavetados, ou seja, os votos são considerados nulos para todos os efeitos até decisão final do TSE. Assim, somente
se aplica a teoria dos votos engavetados se houver alguma decisão judicial que indefira o registro, pois, enquanto estiver
deferido, ainda que sub judice, não se aplica tal teoria, e sim assume o vencedor até decisão final do TSE, inclusive podendo
diplomar e tomar posse até tal decisão.
Os processos que cuidam dos candidatos a cargo majoritário (por exemplo: Prefeito/Vice-Prefeito) deverão ser
julgados conjuntamente, e o registro da chapa majoritária somente será deferido se ambos os candidatos forem
considerados aptos, não podendo este ser deferido sob condição. Se o juiz (eleição municipal), TRE (eleição geral) ou TSE
(eleição presidencial) indeferir o registro da chapa, deverá especificar qual dos candidatos, ou ambos, não preenchem as
exigências legais e deverá apontar o óbice existente, podendo o partido político ou a coligação, por sua conta e risco,
recorrer da decisão ou, desde logo, indicar substituto ao candidato que não for considerado apto, na forma do art. 13 da Lei
n. 9.504/97.
[Importante inclusão legislativa na lei no final de 2013: Coloco os artigos aqui apenas para leitura, pois eles não
alteram o dito acima. Art. 16-A. O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à campanha
eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão e ter seu nome mantido na urna eletrônica
enquanto estiver sob essa condição, ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento de seu

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registro por instância superior. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009). Parágrafo único. O cômputo, para o respectivo partido
ou coligação, dos votos atribuídos ao candidato cujo registro esteja sub judice no dia da eleição fica condicionado ao
deferimento do registro do candidato. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009). Art. 16-B. O disposto no art. 16-A quanto ao
direito de participar da campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito, aplica-se igualmente ao candidato
cujo pedido de registro tenha sido protocolado no prazo legal e ainda não tenha sido apreciado pela Justiça Eleitoral.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)]
Justificativa: no dia da eleição, o eleitor que estiver fora de seu domicílio poderá comparecer em qualquer seção
eleitoral para justificar sua ausência no pleito. Se não o fizer, poderá realizar a justificativa em até 60 dias após o pleito, por
requerimento dirigido ao juiz eleitoral. Se o eleitor estiver fora do país na data da eleição, terá 30 dias após o seu retorno
para justificar sua ausência.
Palavras-chave: votação – voto eletrônico – mesas receptoras – fiscalização

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. 4.a. Jurisdição e competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas, instruções,
administração e contencioso.
A Justiça Eleitoral foi criada pelo Decreto n.º: 21.076, de 21/02/1932 (Código Eleitoral de 1932) e constou na Constituição
Federal de 1934, pela primeira vez. Compõe a justiça especializada da União e, diferentemente das demais, além de exercer
atividade jurisdicional, no contencioso eleitoral, exerce atividade tipicamente administrativa a preparar as eleições, seja na
fase pré-eleitoral até a diplomação dos eleitos.
Sua competência é compreendida pelas funções:
1) administrativa/executiva: prepara, organiza e administra todo o processo eleitoral. O Juiz age independentemente de
provocação do interessado, possui poder de polícia administrativa necessário para condução das atividades no processo
eleitoral. Há função administrativa na expedição de título eleitoral, na inscrição de eleitores, na transferência de domicílio
eleitoral, etc. (o juiz não pode, de ofício, impor multa no caso de propaganda irregular - sempre perguntado no MPF).
2) jurisdicional: decide as contendas que lhe são submetidas – princípio da demanda – ou as lides originadas das
impugnações admitidas de procedimentos administrativos, caso em que a atividade administrativa convola-se em atividade
jurisdicional (ex: transferência de domicílio eleitoral impugnado por delegado de partido).
3) normativa: a atividade legislativa da Justiça Eleitoral resta consubstanciada no poder normativo inerente a todo e
qualquer órgão judicial, ao proceder o disciplinamento interno de seus serviços, além disso, cabe ao colegiado do TSE
expedir resoluções, conforme art. 1º, parágrafo único, do Código Eleitoral e art. 23, IX, CE. O artigo 61 da LPP tem norma
em idêntico sentido. As resoluções se limitam a regulamentar a legislação eleitoral, não podendo inovar a ordem jurídica,
como se leis fossem, não sendo admitido restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas na legislação
eleitoral (GOMES, 2010, p. 63). Artigo 105, Lei 9.504: “Até o dia 5 de março do ano da eleição, o TSE, atendendo ao caráter
regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as
instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou
representantes dos partidos políticos. § 1º O TSE publicará o código orçamentário para o recolhimento das multas eleitorais
ao Fundo Partidário, mediante documento de arrecadação correspondente. § 2º Havendo substituição da UFIR por outro
índice oficial, o TSE procederá à alteração dos valores estabelecidos nesta Lei pelo novo índice. § 3º Serão aplicáveis ao
pleito eleitoral imediatamente seguinte apenas as resoluções publicadas até a data referida no caput.”
As resoluções podem ser: a) Temporárias: se referem a apenas regulam uma eleição específica. Ex. resolução que
define o calendário eleitoral, ou b) Permanentes: regulam o cotidiano da Justiça Eleitoral durando mais do que uma única
eleição específica. Exemplos: Resolução 21.538/03, que disciplina o alistamento eleitoral. Resolução 22.610/07, que regula
a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária.
Podem também ser classificadas quanto a autonomia como tendo: a) caráter secundário: se destinam-se a
regulamentar, complementar e interpretar a legislação eleitoral. Não inovando na ordem jurídica; ou B) caráter primário: são
as resoluções autônomas por Conterem normas gerais e abstratas que inovam na ordem jurídica. Têm força de lei ordinária,
embora não possam contrariá-la. Essas resoluções buscam seu fundamento de validade não em uma lei, mas na própria
Constituição. exemplo disso é a Resolução 22.610/07 (fidelidade partidária), que foi submetida a controle pelo STF, que
declarou a sua constitucionalidade.
4) consultiva: O Código Eleitoral atribui competência para responder consulta sobre matéria eleitoral, a serem
formuladas por autoridade pública ou partido político, ao Tribunal Superior Eleitoral (art. 23, inciso XIII) e aos Tribunais
Regionais Eleitorais (art. 30, inciso VIII). A legitimidade para formular consultas junto ao TSE é de autoridade pública,
com jurisdição federal, ou partido político, através de seu órgão de direção nacional, ao passo que, perante o TRE
a legitimidade é do órgão de direção estadual do partido político, além de autoridade pública. As consultas devem
sempre ser feitas em tese sem conexão com situações concretas. As respostas dadas pela JE decorrentes das consultas
formuladas não possuem caráter vinculante, mas podem servir de fundamente para decisões administrativas e
judiciais da JE. Como somente é possível conhecer de consulta formulada em tese, o entendimento é que a JE
somente responde consultas até o período anterior à realização das convenções partidárias. Ex, Consulta
112.026/10, Os partidos tinham dúvida sobre a incidência imediata ou não dessa lei, visto que ela entrou em vigor a menos
de um ano das eleições de 2010 e formularam uma consulta ao TSE que entendeu que a lei tinha aplicação imediata, pois
(i) não alterava o processo eleitoral por essa lei não ser de direito processual, mas de direito material, portanto não observa
o art. 16 da CF; (ii) essa lei não é casuística. A jurisprudência do STF já entendia que para observar o princípio da anualidade
a lei deveria ser casuística (uma lei que altera aspectos pontuais e/ou que tem destinatários certos). O TSE entendeu que
a Lei da Ficha Limpa não é casuística, pois contém um comando geral, abstrato, que alcança todos os pretendentes a cargo
eletivo. Entretanto, o STF se pronunciou sobre isso no controle difuso e entendeu que além de ter que observar o art. 16
da Constituição, a aplicação imediata violaria o princípio da proteção da confiança, que nada mais é do que uma dimensão
subjetiva do princípio da segurança jurídica
Peculiaridades:
a) Ausência de quadro próprio de juízes. Justificativa, pelo baixo número de processos, não justifica estrutura própria. Para
evitar prejuízo à dinâmica eleitoral, que exige rápido cumprimento, o art. 26-B da LI e art. 94 da LE, coloca como atuação
prioritária dos juízes que exercem cumulativamente a judicatura de outro setor, exceto HC e MS, sob pena de
responsabilidade.
b)Temporariedade. Biênio. No máximo 2 consecutivos. A justiça eleitoral em si é perene, só o exercício é temporário. No
exercício, os juízes gozam de pleno exercício.
c) Ausência de quadro próprio de MP – também acumulam funções regulares com as eleitorais e devem dar prioridade aos
feitos eleitorais, sob pena de crime de responsabilidade. EX. TSE – PGE (PGR) / TRE – PRE (PRR) /Juiz – promotor
estadual (MPE)

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D) Poder de polícia – juízes eleitorais podem determinar medidas necessárias a inibir a realização de propaganda eleitoral.
E)Dinâmica bastante acelerada – prazos curtos, fluindo durante sábados, domingos feriados, etc.

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4.b. Juntas, Juizes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral.

Nos termos do art. 118 da Constituição Federal, são órgãos da Justiça Eleitoral: I – o Tribunal Superior Eleitoral; II –
os Tribunais Regionais Eleitorais; III – Os Juízes Eleitorais; e IV – as Juntas Eleitorais.

Do TSE – Compõe-se, no mínimo, por 07 (sete) membros, sendo: - 03 (três) juízes dentre os Ministros do STF (escolhidos
mediante eleição, pelo voto secreto); - 02 (dois) juízes dentre os Ministros do STJ (também escolhidos mediante eleição,
pelo voto secreto); - 02 (dois) juízes dentre 06 (seis) advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral (indicados
pelo STF e nomeados pelo Presidente da República).
O presidente e o vice serão eleitos pelo próprio TSE dentre os Ministros do STF; o Corregedor será eleito dentre os
Ministros do STJ; O TSE delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros
(art. 19 do Código Eleitoral); Suas decisões são irrecorríveis, salvo as que contrariarem a CF (caberá RE no prazo de 03
dias – súmula 728 do STF) e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança (caberá ordinário para o STF,
nos termos do art. 102, inc. II da CF);
O rol de competências do TSE está previsto no Código Eleitoral, dentre as quais se destacam o processamento e o
julgamento do Registro e da Cassação de Registro de partidos políticos, seus diretórios nacionais e de candidatos à
Presidência e Vice-Presidência da República e do conflito de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de
Estados diferentes. Também compete ao TSE responder, sobre matéria eleitoral, à consultas que lhe forem feitas em tese
por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político.
Compete a TSE julgar recurso contra decisão do TRE quando: I - forem proferidas contra disposição expressa desta
Constituição ou de lei; II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; III - versarem
sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; IV - anularem diplomas ou decretarem
a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data
ou mandado de injunção.
Não é demais lembrar que o TSE possui competência para regulamentar as leis eleitorais, o fazendo, em regra, por
meio de Resoluções. Assim, foi atribuída ao TSE a competência privativa para expedição de instruções, visando a
regulamentação e execução do Código Eleitoral (inc. IX do art. 23 do Código Eleitoral).

Dos TRE’s: O art. 120 da CF prevê que haverá um TRE na capital de cada Estado e no DF. São compostos por 02 (dois)
juízes dentre desembargadores do TJ (escolhidos mediante eleição e por voto secreto); 02 (dois) juízes dentre juízes de
direito, escolhidos pelo TJ (eleição com voto secreto); 01 (um) juiz do TRF com sede na capital do Estado/DF, ou, não
havendo, um juiz federal escolhido pelo TRF respectivo; 2 (dois) juízes dentre seis advogados com notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo TJ e nomeados pelo Presidente da República. Seu presidente e vice serão eleitos dentre
os desembargadores.
As competências do TRE estão previstas no Código Eleitoral, dentre as quais destacam-se o processamento e o
julgamento do registro e do cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como
de candidatos a Governador, Vice-Governador, membro do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas e responder
às consultas em matéria eleitoral feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político.
Obs. De acordo com o CNJ o advogado que foi membro do TSE ou do TRE tem que obedecer o período de quarentena de
3 anos, perante os órgãos jurisdicionais em que atuaram.
Obs. O Adv. no período em que fizer parte do tribunal o advogado não pode atuar na área eleitoral.

Juízes Eleitorais: Nos termo do art. 32 do Código Eleitoral, a jurisdição em cada zona eleitoral será exercida por um juiz
de direito em efetivo exercício (ou, na falta deste, por substituto legal). Suas competências estão elencadas no Código
Eleitoral, destacando-se: processar e julgar os crimes eleitorais, ressalvadas as competências do TSE e dos TRE’s; expedir
títulos eleitorais; dividir a zona em seções eleitorais; mandar organizar em ordem alfabética a relação dos eleitores; ordenar
o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais.
Competências: estão elencadas no Código Eleitoral, destacando-se: processar e julgar os crimes eleitorais, ressalvadas as
competências do TSE e dos TREs (a competência penal originária do TSE não foi recepcionada pela CR/88 - ver art. 105,
I, a da CR); expedir títulos eleitorais; dividir a zona em seções eleitorais; mandar organizar em ordem alfabética a relação
dos eleitores; ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais.

Juntas Eleitorais: São compostas por um juiz de direito (que será o Presidente), e de 02 (dois) ou 04 (quatro) cidadãos de
notória idoneidade. Compete à Junta a apuração das eleições realizadas nas zonas eleitorais sob sua jurisdição; resolver
impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos de contagem e apuração; expedir boletins de apuração
e expedir diploma aos eleitos para os cargos municipais.
Competências: a apuração, no prazo de 10 dias, das eleições realizadas nas zonas eleitorais sob sua jurisdição; resolver
impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos de contagem e apuração; expedir boletins de apuração
e expedir diploma aos eleitos para os cargos municipais. OBS: e no município em que tem mais de uma zona eleitoral?
Compete à Junta que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo.
Não pode ser nomeado membro de juntas eleitorais: 1) os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o
segundo grau, inclusive, e bem assim seu cônjuge; 2) os membros de diretórios de partidos políticos devidamente
registrados e cujos nomes tenham sido oficialmente publicados; 3) as autoridades e os agentes policiais, bem como os
funcionários no desempenho de cargos de confiança do Executivo; 4) os que pertencem ao serviço eleitoral; 5) os membros
do Ministério Público; 6) os fiscais e delegados de partidos políticos ou coligações; 7) os menores de 18 anos.
OBS: As juntas eleitorais podem ser desdobradas em turmas? Sim. Por decisão de seu presidente as juntas eleitorais
podem ser desdobradas em turmas.
OBS: É possível uma zona eleitoral ter mais de uma junta eleitoral? Excepcionalmente, sim. O presidente do TRE, com a
aprovação deste, designará juízes de Direito da mesma ou de outras Comarcas para presidi-las.

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4.c. Recursos eleitorais.

Pressupostos: A respeito dos seus pressupostos, quanto ao cabimento, vige o princípio da taxatividade,
podendo ser interpostos os recursos que têm previsão na CF/88, no Código Eleitoral (CE) e na legislação eleitoral
extravagante (v.g LC 64/90), aplicando-se subsidiariamente o CPC e o CPP. Além do mais, a decisão tem que ser recorrível
[As decisões interlocutórias proferidas pela Justiça Eleitoral são irrecorríveis. As decisões do TSE também são irrecorríveis,
salvo se contrariar a CF (cabe RE) ou se denegarem MS ou HC julgados em única instância (cabe ROC)]; quanto à
legitimidade recursal predomina que se restringe ao candidato, coligação, partidos políticos e MP (TSE), excluído o eleitor,
nada obstante exista doutrina em sentido contrário; quanto a tempestividade a regra é 3 dias, salvo disposição em contrário
(art. 258, CE) [Atenção: Não há prazo diferenciado para o MPE. Porém, a defensoria pública tem prazo em dobro]; e quanto
ao preparo há isenção, nos termos do art. 373 do CE [Não há pagamento de custas e honorários advocatícios na Justiça
Eleitoral].
Efeitos: Na Justiça Eleitoral a regra é que os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo. Porém, a parte
poderá requerer, através de medida cautelar inominada, a concessão de efeito suspensivo, a fim de impedir a ocorrência
de dano grave e de difícil reparação (art. 257, CE). Quando recebido apenas em seu efeito devolutivo, a parte vencedora
pode executar provisoriamente a decisão. Atenção: existe um recurso eleitoral que possui efeito devolutivo e suspensivo.
Trata-se da apelação criminal ou recurso eleitoral criminal. Atenção: Quando a AIJE é julgada procedente por juiz eleitoral,
o recurso obsta os efeitos da inelegibilidade, suspensão do registro ou nulidade do diploma (art. 15, LC 64/90).
Quanto ao efeito preclusivo, vale salientar que, embora ocorra preclusão das matérias não impugnadas, o efeito
preclusivo não incide sobre matérias constitucionais, as quais poderão ser objeto de novo recurso, em momento posterior
(art. 259, CE). É permitido o efeito extensivo, pois se apenas um dos litigantes interpuser o recurso o resultado poderá
beneficiar os litisconsortes. O efeito regressivo é cabível no recurso inominado e no recurso em sentido estrito, pois cabe o
juízo de retratação em ambos. O efeito translativo ocorre quando o juízo ad quem puder examinar questões não suscitadas
nas razões recursais, ou mesmo não apreciadas pelo juízo a quo. Ex: questões de ordem pública, como condições da ação
e pressupostos processuais. Ex 2: no processo penal eleitoral o recurso eleitoral criminal (apelação criminal), além do efeito
devolutivo e suspensivo, também possui o efeito translativo quando interposta pelo réu, pois o TRE pode apreciar qualquer
matéria em favor do apelante, mesmo que não formulada na sua peça recursal (pois a liberdade de ir e vir é um direito
indisponível). O efeito substitutivo ocorre, pois o acórdão do TRE substitui e prevalece sobre a sentença do juiz eleitoral.
Desistência do recurso: MP: vedado pelo princípio da indisponibilidade. Parte: em regra, pode desistir do
recurso e não precisa da anuência da parte ex adversa. Porém, se o recurso eleitoral abordar matéria de interesse público,
a parte recorrente não poderá desistir do recurso. Isso é uma peculiaridade única do processo eleitoral [há vários
precedentes do TSE nesse sentido].
Recursos em espécies:
1) Apelação criminal ou Recurso eleitoral criminal (REC): Art. 262, CE. Julgada pelo TRE. Prazo: 10 dias a partir
da publicação da decisão. Legitimidade: Candidato, eleitor, não-eleitor (com o objetivo de mudar a fundamentação) ou MPE
(independente se atuou como parte ou como custos legis). OBS: no caso de competência originária do TRE não cabe REC
para o TSE. Caberá REsp ou HC, apenas. Efeitos: devolutivo, suspensivo e, se interposto pelo réu, translativo. OBS: se o
réu estiver preso, a decisão absolutória somente terá efeito devolutivo, devendo o réu ser solto imediatamente.
2) RESE: Art. 364, CPP. Deve ser interposto mediante petição para o juiz de 1º grau, mas com razões dirigidas
ao TRE. Julgado pelo TRE. Hipóteses: artigo 581, CPP. Efeitos: devolutivo, mas permite o juízo de retratação (efeito
regressivo). Prazo: 3 dias + Contrarrazões em 3 dias. Cabível retratação da decisão.
3) Recurso eleitoral inominado: (i)Art. 264, CE. É oponível contra atos, resoluções ou despachos do presidente
do TRE ou TSE, quando não cabível recurso específico. (ii) Art. 265, CE. Julgado pelo TRE. Cabimento: É cabível o recurso
eleitoral inominado contra todos os atos, resoluções e despachos de juízes eleitorais ou juntas eleitorais, desde que não
relativos a matéria criminal e desde que não haja recurso específico. Ex: contra despacho de juiz eleitoral que deferir ou
indeferir inscrição eleitoral, decisão que indeferir ou deferir a transferência eleitoral, decisão que acolher impedimento de
mesário etc. Efeitos: devolutivo. Prazo: 3 dias (24 horas no caso das representações do art. 96).
4) Embargos de declaração: Cabível em hipóteses de obscuridade, contradição, dúvida e omissão. Não é
admitido quando houver simples dúvida de interpretação do julgado, tendo em vista seu caráter estritamente subjetivo. Não
é cabível em sede de consulta (TSE). Prazo: 3 dias. Cabível contra decisões do juiz ou TRE
5) Recurso Parcial: É cabível contra decisão de Junta eleitoral (ou de TRE) sobre matéria concernente à
contagem e apuração de votos (está em desuso, pois hoje o sistema é eletrônico). Legitimidade: Candidato, partido político,
coligação, delegado ou fiscal de partido ou de coligação. Prazo: deve ser interposto de imediato. Forma: pode ser interposto
verbalmente ou por escrito, porém, as razões recursais devem ser interpostas por escrito.
6) Agravo regimental ou Agravo interno: É para o próprio tribunal (TRE ou TSE). Previsto no regimento interno.
Prazo: 3 dias (se for direito de resposta é de 24 horas). Cabimento: seve para agravar decisão monocrática de membro do
TRE ou TSE. O mérito é julgado pelo pleno.
7) Agravo de instrumento eleitoral ou Agravo: Cabimento: é cabível sempre que o presidente do TRE negar
seguimento ao REspE ou quando o presidente do TSE negar seguimento ao RE. Efeito: devolutivo. É possível obter o efeito
suspensivo na instância superior mediante o uso de ação cautelar inominada nos casos de lesão grave e difícil reparação.
Prazo: 3 dias, contados da intimação da denegatória de seguimento (ou 24 horas se for direito de resposta ou representação
por propaganda irregular). Igual prazo para as contrarrazões. Atenção: em nenhuma hipótese, o presidente do TRE ou TSE
poderá negar seguimento a agravo, mesmo que ele tenha sido interposto fora do prazo legal. O processamento do agravo
é realizado nos mesmos autos. OBS: Agravo de instrumento: Predomina o entendimento jurisprudencial de não ser cabível
o recurso de agravo contra decisão interlocutória no processo eleitoral, em que pese a crítica da doutrina (Tito Costa).
Registre-se alguns poucos precedentes do TSE no sentido de admitir a interposição do agravo na modalidade retida.

8) Recurso ordinário eleitoral (ROE): Cabimento: Cabível contra acórdão do TRE que (i) versa sobre
inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; (ii) anula diploma ou decreta a perda de

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mandato eletivo federal ou estadual; (iii) denega habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de
injunção (art. 121, § 4º, inc. III a V, CF c.c art. 276, II, CE); (iv) infidelidade partidária (Resolução TSE 22.610), (v) Prestação
de contas partidárias (Lei 9.504/97, art. 37). Atenção: não cabe ROE contra matéria estritamente administrativa (REspe
21.587/MA). Prazo: O prazo é de 3 dias. Efeito: meramente devolutivo. Porém, é possível obter o efeito suspensivo por
meio de cautelar inominada perante o TSE. OBS: Não há juízo de admissibilidade, apenas o oferecimento de razões e
contrarrazões, devendo o recurso subir em seguida. Igualmente aplicável o disposto no art. 270, CE, que dispõe: “se o
recurso versar sobre coação, fraude, uso de meios de que trata o art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou
captação de sufrágios vedado por lei dependente de prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao impugná-lo, o Relator
no Tribunal Regional deferi-la-á em vinte e quatro horas da conclusão, realizando-se ele no prazo improrrogável de cinco
dias”. OBS: Não exige o pré-questionamento. OBS: como é recurso ordinário, a parte recorrente poderá fundamentá-lo em
fatos e, se quiser, fazer juntar documentos novos, para reexame fático probatório pelo TSE.
9) Recurso especial eleitoral (REspE): Cabimento: Cabível contra acórdão de TRE que (i) contraria disposição
expressa da CF ou lei federal; e (ii) diverge (dissídio pretoriano) na interpretação de lei com outro(s) tribunal(is) eleitoral(is)
(art. 121, § 4º, I e II CF c.c art. 276, I, CE). Prazo: O prazo é de 3 dias (se for direito de resposta ou propaganda eleitoral
irregular é de 24 horas). Após o oferecimento de razões e contrarrazões, ocorre o juízo de admissibilidade em 48 horas,
uma vez admitido, abre-se 3 dias para as contrarrazões. Requisitos: o REspE tem que preencher dois requisitos (o RE
contra decisão do TSE também tem que preencher esses mesmos requisitos): pré-questionamento e não rediscutir ou
reexaminar matéria fático probatória. Efeito: meramente devolutivo (pode ser concedido efeito suspensivo mediante manejo
de ação cautelar inominada para tal fim). Se negado seguimento ao REspE, cabe agravo para o TSE no prazo de 3 dias.
10) Recurso ordinário constitucional (ROC): Cabimento: É cabível em decisões de única instância que denegar
HC, MS, HD ou MI. Efeito: meramente devolutivo. É possível ao STF atribuir efeito suspensivo. Prazo: 3 dias. OBS: Pode
reexaminar fatos e provas.
11) Recuso extraordinário (RE): Cabimento: Cabível nas hipóteses do art. 102, III, a, b, c e d, CF . O prazo é de
3 dias, conforme súmula 728, STF. Não é cabível contra acórdão dos TRE’s. É o que se extrai do disposto no art. 121,
caput, e seu § 4º, I, da CF de 1988, e nos arts. 22, II, e 276, I e II, do CE (STF). Jurisprudência: CF/88, art. 102, II, a, e III:
cabimento de recurso ordinário e extraordinário; e art. 121, § 3º: irrecorribilidade das decisões do TSE. Após o oferecimento
de razões, ocorre o juízo de admissibilidade, de forma idêntica aos recursos extraordinários não eleitorais. Prazo: 3 dias
[Súmula STF nº 728/2003: "É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra decisão do Tribunal
Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos
termos do art. 12 da Lei nº 6.055/1974, que não foi revogado pela Lei nº 8.950/1994]. Efeito: meramente devolutivo. Cabe
medida cautelar inominada em busca do efeito suspensivo. Requisitos: tem que preencher dois requisitos: pré-
questionamento e não rediscutir ou reexaminar matéria fático probatória. OBS: Exige repercussão geral das questões
constitucionais.
Observações finais:
(1) Lei 9.096/95, artigo 37, § 4º: Da decisão que desaprovar total ou parcialmente a prestação de contas dos
órgãos partidários caberá recurso para os Tribunais Regionais Eleitorais ou para o Tribunal Superior Eleitoral, conforme o
caso, o qual deverá ser recebido com efeito suspensivo.
(2) § 5º. As prestações de contas desaprovadas pelos Tribunais Regionais e pelo Tribunal Superior poderão ser
revistas para fins de aplicação proporcional da sanção aplicada, mediante requerimento ofertado nos autos da prestação
de contas.
(3)Lei 9.096/95, artigo 45, § 5º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais que julgarem procedente
representação (por propaganda partidária irregular), cassando o direito de transmissão de propaganda partidária, caberá
recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, que será recebido com efeito suspensivo.
(4) Recurso adesivo – é admissível na seara do contensioso eleitoral o recuso adesivo (GOMES, 2010, p. 591).
(5) representação do art. 96 da lei 9.504/97 (representação por propaganda eleitoral ilícita) – nas eleições
municipais, cabe recurso inominado para o TRE, interposto no prazo de 24 horas, da data da publicação da decisão em
secretaria, salvo quando a parte for intimada anteriormente á publicação ou quando a decisão for publicada fora do prazo;
nas federais e estaduais, cabe agravo regimental da decisão proferida pelo juiz auxiliar do TRE; na eleição presidencial,
cabe agravo regimental da decisão proferida pelo ministro-auxiliar. As decisões do TSE em propaganda eleitoral são
irrecorríveis.
(6) Ação de investigação judicial eleitoral (genérica e especiais) – eleições municipais – cabe recurso
eleitoral para TRE no prazo de 3 dias, sendo admissível efeito regressivo; eleições estaduais e federais – cabível recurso
ordinário, no prazo de 3 dias, uma vez que versa sobre inelegibilidade; eleições presidenciais – recurso extraordinário, no
prazo de 3 dias, nas hipóteses constitucionais admissíveis.
(7) Ação de impugnação de mandado eletivo – as decisões interlocutórias proferidas no bojo da AIME é
impugnável via agravo de instrumento, no prazo de três dias (TSE, AC. 217), caso se trate de eleições municipais, e via
RESP retido, caso se trate de eleições federais ou estaduais. Regime dos recursos: a) pleito municipal = recurso eleitoral,
em 3 dias; pleito estadual e federal = recurso ordinário, em 3 dias (CF, art. 121, §4º, IV); pleito presidencial = recurso
extraordinário nos casos previstos na Constituição.

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Ponto 5.a. Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais. LC 135/2010.
Conceito de inelegibilidade: é inelegível a pessoa que, embora regularmente no gozo de seus direitos políticos,
esteja impedida de exercer temporariamente sua capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser
candidato e, consequentemente, de poder ser votado. A inelegibilidade é uma condição obstativa do exercício passivo
da cidadania. Atenção: a inelegibilidade não é pena.

Espécies de inelegibilidade:

Qual é a diferença entre as inelegibilidades constitucionais e legais?


1. Constitucionais não precluem.
Caso Sem. Arruda: As inelegibilidades supervenientes ao requerimento de registro de candidatura
poderão ser objeto de análise pelas instâncias ordinárias no próprio processo de registro de candidatura,
desde que garantidos o contraditório e a ampla defesa. Votação por maioria. (Recurso Ordinário nº 15429,
Acórdão de 26/08/2014, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão,
Data 27/08/2014)

Inelegibilidades reflexas: estão previstas no art. 14, §7º da CRFB.


Inelegibilidade reflexa e Heterodesincompatibilização: A desincompatibilização do chefe do executivo para se
eleger a outro cargo eletivo é hipótese de autodesincompatibilização, pois permite o afastamento da própria
inelegibilidade funcional. Porém, o ato de desincompatibilização do chefe do executivo pode beneficiar um terceiro que
está reflexamente inelegível em razão do fato de ele ser chefe do Poder Executivo, sendo esse caso chamado de
heterodesincompatibilização. Assim, segundo orientação do TSE, se o titular do mandato se afastar definitivamente do

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cargo 6 meses antes das eleições e não se candidatar à reeleição (afastamento esse que não era necessário para sua
reeleição), evitará a inelegibilidade dos respectivos parentes.
II) Inelegibilidades legais:
As inelegibilidades legais estão previstas em lei complementar, art. 14, §9º da CRFB c/c LC n° 64/90. Devem ser
arguidas no período do Registro, sob pena de preclusão, salvo as supervenientes (Ver o caso Arruda supra em que a causa
de inelegibilidade foi posterior ao pedido de registro).
A LC nº 135/10 (Lei da Ficha Limpa) alterou a LC n° 64/90 tornando inelegíveis aqueles que foram condenados por
órgão colegiado ou decisão transitada em julgado e aumentando o período de inelegibilidade para 8 (oito) anos.
A LC nº 135/10 observou o princípio da anualidade? Resposta: O TSE, em sede de consulta, entendeu inicialmente
que se aplicaria a LC nº 135/10 imediatamente, pois seria norma de direito material. O STF decidiu em sentido oposto:
decidiu que a lei não poderia ser aplicada nas eleições de 2010 em razão do princípio da anualidade e em nome do princípio
da proteção da confiança. (vide RE 633.703, ADC 29 e 30, ADI 4.578)
Estrutura da lei da ficha limpa: As situações de inelegibilidades legais estão expressas no art. 1º da LC nº 64/90,
quais sejam: A) Absoluta: a pessoa fica inelegível para qualquer cargo (art. 1º, I); B) Relativa (também chamadas de
incompatibilidades): estão ligadas a alguém que ocupa um cargo e está incompatível a concorrer algum cargo, devendo se
desincompatibilizar. São elas: B.1) Presidente da república (art. 1º, II); B.2) Governador (art. 1º, III); B.3) Prefeito (art. 1º,
IV); B.4) Senador (art. 1º, V); B.5) Deputado federal, estadual e do distrito federal (art. 1º, VI); B.6) Vereador (art. 1º, VII)
Prazo para a desincompatibilização: Pode ser de 6 (seis), 4 (quatro) ou 3 (três) meses a depender do cargo
pretendido e qual ocupa.
Inelegibilidade legal absoluta:
1) Renúncia do mandato: se renunciar ao mandato para evitar a perda do cargo gera a inelegibilidade (Art. 1º, I, k
da LC nº 64/90) [Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: [...] k) o Presidente da República, o Governador de Estado
e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa,
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)]. OBS: No passado, a condenação à perda do mandato tornaria inelegível por 3
(três) anos. Portanto, atualmente, a renúncia gera inelegibilidade, desde que haja alguma representação capaz de gerar a
perda do mandato (exceção art. 1º, §5º da LC nº 64/90). Atenção: não é qualquer renúncia que gera a inelegibilidade: Art.
1º, [...] § 5º A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de
mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto
nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010).
2) Abuso do poder político ou econômico: (art. 1º, I, “d” e "h" da LC nº 64/90) O art. 1º, I, d se refere aquele que
cometeu o abuso, mas não é titular de cargo na Administração direta ou indireta. Ressalte-se que não se exige que a
potencialidade lesiva afete o resultado das eleições para decretação de inelegibilidade decorrente de abuso de poder
político, econômico ou do uso indevido dos meios de comunicação social. Assim, a LC 135/2010 alterou consolidada
jurisprudência das cortes eleitorais, que fixavam tal exigência. Basta a gravidade da conduta. OBS: A representação que
fala a letra “e” é a ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) que se destina a afastar abuso de poder político e
econômico [conteúdo mais abrangente], a outro turno a ação de impugnação do mandato eleitoral (AIME) é mais restrita
e se restringe a abuso do poder econômico. OBS: O tempo de inelegibilidade se aplica a eleição que concorreu e para os
8 anos subsequentes (vide súmula n° 19 do TSE) [Logo, se a condenação acontecer 8 anos após a eleição, a decisão
retroagirá à data da eleição, e como o tempo já passou, a decisão fica ineficaz. Como atualmente basta a decisão de
colegiado, não necessitando mais do trânsito em julgado, é mais difícil acontecer isso, mas é juridicamente possível].
3) Prática de captação ilícita de sufrágio, captação ou gasto ilícito de recursos em campanhas eleitorais e conduta
vedada em campanhas eleitorais: (artigo 1, I, j e, respectivamente, art. 41-A, 30-A e art. 73 a 77 todos da Lei n° 9.504/97).
Essas condutas estão previstas no art. 1º, I, j da LC nº 64/90 e o pedido será a cassação ou do registro ou diploma.
4) Decorrente de condenação criminal: (art. 1º, I, e da LC nº 64/90) Não basta a condenação criminal, devendo ser
preenchidos dois requisitos: (i) condenação proferida por órgão colegiado ou com trânsito em julgado por um dos
crimes especificados em lei; [condenação de juiz de primeiro grau não significa nada] e (ii) não tenha havido suspensão
cautelar da inelegibilidade (c/c art. 26-C da LC nº 64/90). Atenção 1: Crimes que não geram inelegibilidade: A
inelegibilidade não se aplica aos crimes culposos, aos crimes de menor potencial ofensivo e aos crimes de ação
penal privada (art. 1º, §4º da LC nº 64/90). Atenção 2: A decisão do conteúdo da moralidade é aferida pelo juiz no caso
concreto ou está reservado à lei essa definição? Anotações criminais, inquéritos criminais em curso ou processo criminal
em tramitação podem ser consideradas como vida pregressa e imoralidade para fins de elegibilidade? Existe discussão
doutrinária sobre a abrangência da expressão “vida pregressa” constante do art. 14, §9º da CRFB. Marcos Ramayana e o
Min. Ayres Brito entendem ser norma autoaplicável e caberá ao Judiciário valorar os fatos para verificar a satisfação do
requisito moralidade para fins de elegibilidade. A outro turno, o entendimento do STF e da súmula nº 13 do TSE é no sentido
de que o art. 14, §9º da CRFB não é autoaplicável. Nesse sentido, o princípio da moralidade não é autoaplicável, ou seja,
faz-se necessária a produção legislativa para explicitar quais casos que ensejam imoralidade para fins de elegibilidade.
Entendimento consagrado pelo STF na ADPF 144.
5) Rejeição das contas: (art. 1º, I, g da LC nº 64/90).

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5.b. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Direito de resposta. Pesquisas e
testes pré-eleitorais.

1. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão: (a) é vedado propaganda paga (compensação fiscal); (b) foram
suspensas, por liminar em ADI, as disposições das “normas do inciso II e da segunda parte do inciso III, ambos do art. 45,
bem como, por arrastamento, dos §§ 4º e 5º do mesmo artigo, todos da Lei 9.504/97”, admitindo-se a veiculação de
programas humorísticos, mesmo que satirizem o candidato, após 1º de julho do ano das eleições: “Dando-se que o exercício
concreto dessa liberdade em plenitude assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que
em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado.
Respondendo, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, e sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a
Constituição em seu art. 5º, inciso V”. (STF. ADI 4451 MC-REF/ DF -. Relator(a): Min. AYRES BRITTO . Julgamento:
02/09/2010). Por outro lado, essa conduta será vedada se houver intuito de favorecer determinado candidato. (c) busca-se
privilegiar a isonomia e o equilíbrio entre os candidatos no acesso à TV e ao rádio. (d) confecção e definição do conteúdo
do programa são de responsabilidade do candidato.
Rádio e TV: é restrita ao horário eleitoral gratuito. Ocorre nos 45 dias anteriores à eleição.
Havendo 2º turno nas eleições majoritárias, o tempo de propaganda eleitoral será distribuído igualmente. Serão dois
períodos diários de 20 minutos a ser divididos entre os candidatos.
Gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos especiais: Foram
permitidos pela Lei 12.891/13. Atenção. Antes, a lei 9.504 proibia tais condutas no artigo 51, IV. Agora o referido artigo
tem a seguinte redação, a qual está suprimida a parte que proibia: na veiculação das inserções, é vedada a divulgação
de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação, aplicando-se-lhes, ainda,
todas as demais regras aplicadas ao horário de propaganda eleitoral, previstas no art. 47.
Veiculações idênticas: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação, exceto
se o número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em
sequência para o mesmo partido político. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
Propaganda eleitoral gratuita desblocada: as emissoras de TV e rádio têm que destinar 30 minutos diários em
inserções de até 60 segundos de propaganda eleitoral, a critério do partido ou coligação, distribuídos ao longo do dia entre
8h e 24h
Candidato que é apresentador de TV ou rádio: a partir do resultado da convenção, é vedado às emissoras de
rádio e TV transmitirem programas apresentados ou comentados por candidatos escolhidos em convenção.
OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por infração à legislação
eleitoral? Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação normal da emissora que deixar de cumprir as
disposições legais eleitorais sobre propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A responsabilidade pelo pagamento
de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando
outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Propaganda de candidatura diversa: Art. 53-A: Vedada.
DEBATES: podem ser realizados nas campanhas majoritárias ou proporcionais, sendo obrigatório o convite
daqueles partidos que tenham representação na Câmara dos Deputados.
2. DIREITO DE RESPOSTA: consiste no direito que o candidato, partido ou coligação têm de se defender de uma
ofensa, direta ou indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica,
difundidas por qualquer veículo de comunicação social (art. 58 da Lei nº 9.504/97). Tendo o candidato, partido ou coligação
se sentido lesado pela crítica ou ofensa, é-lhe assegurada demanda na qual se postule o direito de responder à injusta
agressão, de sorte a privilegiar o princípio da informação e da veracidade.
LEGITIMAÇÃO ATIVA: candidato, partido ou coligação atingidos de forma direita ou indireta. Atenção: é a única
ação eleitoral que o MPE não tem legitimidade ativa, porém é obrigatória sua oitiva como fiscal da lei.
CABIMENTO: cabível somente a partir da escolha de candidatos em convenção, se for veiculada propaganda, por
qualquer meio de comunicação social, contendo imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente
inverídica.
PRAZO: a ação em busca do direito de resposta tem que ser interposta nos seguintes prazos, sob pena de
decadência: 24h da ofensa veiculada no horário eleitoral gratuito; 48h da veiculação da ofensa, quando praticada no bojo
da programação normal das emissoras de rádio e TV; e 72h, contados da veiculação da ofensa em órgão de imprensa
escrita.
PROCEDIMENTO: a notificação deverá ser expedida imediatamente para defesa que terá o prazo de 24 horas para
se defender. Com ou sem defesa, o MPE deve ser ouvido como custus legis. No máximo em 72 horas da formulação do
pedido tem que haver decisão judicial. Caso a decisão não seja prolatada em 72 (setenta e duas) horas da data da
formulação do pedido, a Justiça Eleitoral, de ofício, providenciará a alocação de Juiz auxiliar [Regra incluída pela Lei
12.891/13]. Cabe recurso em 24 horas, com contrarrazões em igual prazo. Atenção: o pedido de direito de resposta e as
representações por propaganda irregular em rádio, televisão e internet tramitarão preferencialmente em relação

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aos demais processos eleitorais.
CUSTOS: os custos do direito de resposta correrão por conta do ofensor.
PEDIDO PREJUDICADO: após as eleições, os pedidos do direito de resposta ainda não apreciados estarão
prejudicados, já que se destinam ao equilíbrio da disputa eleitoral.
3. PESQUISAS E TESTES PRÉ-ELEITORAIS: Definição: pesquisas e testes pré-eleitorais não são espécie de
propaganda eleitoral. Consiste no “levantamento e a interpretação de dados atinentes à opinião ou preferência do eleitorado
quanto aos candidatos que disputam as eleições” (GOMES, 2010, p. 292). Tipos: interna (circunscrita as instâncias do
partido) e externa (submetida à divulgação e disciplinada pelo direito eleitoral). Critérios: veracidade e confiabilidade.
Obrigatoriedade do registro: é obrigatório o registro na justiça eleitoral 5 dias antes da divulgação. Juízo de registro: eleições
municipais: juiz eleitoral; eleições estaduais e federais: TRE; eleições presidenciais: TSE. MOMENTO DA DIVULGAÇÃO:
podem ser divulgadas a qualquer tempo, até mesmo no dia da eleição, desde que a empresa responsável pela pesquisa
ou teste pré-eleitoral a registre na Justiça eleitoral com 5 dias de antecedência de sua publicação. Porém, a pesquisa
realizada no dia da eleição somente poderá ser divulgada após as 17h do dia do pleito. OBS: A justiça eleitoral pode proibir
a divulgação de pesquisa eleitoral? Não. O registro da pesquisa não está sujeito a deferimento ou indeferimento. Se houver
irregularidade no prazo de 5 dias, a justiça eleitoral poderá aplicar multa, apenas.
OBS: Nota fiscal de pesquisa: A Lei 12. 891/12 determina que haja nota fiscal com nome de qual pagou a realização
da pesquisa. [texto da lei: art. 33, VII: nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.].
ENQUETE ou SONDAGEM: Atenção!! Foi vedado totalmente a realização de enquete no período de campanha
eleitoral pela Lei 12. 891/12.

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5.c. Registro de candidaturas. Impugnação. Legitimidade.

Registro de candidatura (RCAN): procedimento de formalização da candidatura, em regra iniciado por pedido de
partido ou coligação, na qual são aferidas as condições de elegibilidade, as causas de inelegibilidade e as “condições de
registrabilidade”.
A condição de candidato e a candidatura só surgem com o registro. Antes disso, aquele que foi indicado em
convenção partidária goza do status de pré-candidato. Só em dois casos o pedido de registro de candidatura pode ser feito
sem prévia escolha em convenção partidária: i)substituição de candidato (art.13, LE) e ii) indicação suplementar das vagas
remanescentes (art. 10, §5° da LE), hipóteses em que a escolha do pré-candidato será feita pelo órgão de direção do
partido. Tais hipóteses não se confundem com a “candidatura nata”, privilégio concedido aos candidatos à reeleição nas
eleições proporcionais, que lhes garantia o direito de pedir o registro sem passar pelo crivo das convenções partidárias,
conforme previsto no art. 8°, § 1° da LE, dispositivo que teve sua eficácia suspensa em virtude de liminar proferida na ADI
2.530-9, ajuizada pelo PGR.
Natureza jurídica do RCAN: três posições: a) natureza administrativa (Rodrigo L. Zílio), b) natureza
jurisdicional/jurisdição voluntária (Adriano Soares da Costa) e c) natureza mista. O STF já assentou a natureza
administrativa do RCAN (QO na Ação ordinária 510/1998).
Aferição das condições: no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as
alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (art. 11, §10 da LE).
Momento de aferição ≠ Momento de perfeição. As condições devem ser aferidas no momento de registro, mas tendo
em vista data da eleição, quando deverão estar presentes (exceção: idade mínima, cujo exame deve ter em vista a data da
posse, nos termos do art. 11, §2° da LE). Caso determinada condição possa ser preenchida até a eleição pelo advento de
simples termo, evento futuro e certo, o RCAN não deve ser indeferido.
Procedimento: pedido de registro de candidatura (até 5 de julho, às 19:00)→ publicação de edital com lista de
candidatos (pedido suplementar de RCAN pelo pré-candidato preterido pelo partido/coligação, em até 48 h e impugnação
via AIRC, em até 5 dias) → diligências (72h) → decisão (3 dias) → recurso ao TRE (3 dias) → recurso ao TSE (3 dias) →
recurso ao STF (3 dias). O processo é desdobrado em duas vertentes: processo geral, que objetiva analisar a regularidade
do partido/coligação, e processo individual, que examina o pedido de cada postulante em particular.
Competência: a) Juízes Eleitorais: candidatos a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores; b) Tribunais Regionais
Eleitorais: candidatos a Governador, Vice-governador, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais; c) Tribunal
Superior Eleitoral: candidatos e Presidente e Vice-Presidente da República.
Prazo: Os partidos e coligações devem solicitar à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as 19h do dia
05 de julho do ano das eleições.
Número de candidatos e reserva de sexo: cada partido político pode registrar candidatos até 150% do número de
vagas a preencher na respectiva casa legislativa. Já a coligação pode registrar até 200% das vagas em disputa. Nas
unidades da federação com menos de 20 lugares a preencher na Câmara dos Deputados, cada partido poderá registrar até
200% das vagas em disputa para Deputados Federal, Estadual e Distrital, podendo as coligações registrar até 250% das
vagas em disputa Cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada
sexo (art. 10 da LE).
Substituição de candidatos: é facultado ao partido/coligação substituir o candidato que for considerado inelegível,
renunciar ou falecer após o termo final do prazo de registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido (procedência de AIRC)
ou cancelado (em virtude expulsão do candidato do respectivo partido político, art. 14 da LE).
Ação de impugnação de registro de candidatura (AIRC): ação que tem por finalidade obter o indeferimento do
pedido de registro de candidatura, em virtude da ausência de condições de elegibilidade, da incidência de causas de
inelegibilidade ou da falta de condições formais de registro (“condições de registrabilidade”). A AIRC constitui incidente no
procedimento de RCAN, que é principal em relação a ela. Daí porque RCAN e AIRC devem ser decididos na mesma
sentença.
Rito: ordinário, art. 3° a 16 da LC 64/90.
Prazo: até 5 dias após a publicação do edital que divulga a lista dos registros pedidos.
Os prazos são contínuos, peremptórios, correm em cartório e, a partir do fim do prazo de registro, não se suspendem
aos sábados, domingos e feriados (art. 16 da LC 64/90). Por força do princípio da especialidade, esta regra vale também
para o MP, constituindo exceção à regra que garante a intimação pessoal, com vista dos autos (art. 18, II, “h” da LC75/93
e art. 236, §2° do CPC).
Competência: a mesma do RCAN, art. 2° da LC 64/90.
Legitimidade ativa: a)MP, impedido o membro que tiver exercido atividade partidária ou disputado eleição nos últimos
4 anos; b) Partido Político, desde que não coligado (art. 6°, §4° da LE); c)Coligação e d) Candidato. A legitimidade do
candidato independe do cargo disputado, podendo, eg, candidato a vereador impugnar registro de candidato a prefeito
(neste sentido, J. Jairo e R.L. Zílio, contra, A. Soares da Costa). “Candidato” que teve o RCAN indeferido também tem
legitimidade ativa para impugnar RCAN dos demais candidatos. O TSE admite a legitimidade do “pré-candidato” derrotado
na convenção para impugnar o RCAN do candidato escolhido, com base em vícios da convenção. Candidatos de outros
partidos também têm legitimidade para impugnar o RCAN de seus adversários, vedada, porém, a invocação de matéria
interna corporis do outro partido (eg, vícios da convenção). É possível o litisconsórcio facultativo ativo. Quanto à fase
recursal, dispõe a súmula 11 do TSE que partido político que não tenha impugnado o RCAN não tem legitimidade para
recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional. Esta súmula não se aplica ao MP. Por fim,
frise-se que o cidadão não tem legitimidade, podendo apenas apresentar “notícia” aos órgãos legitimados para agir (o art.
97, §3° do CE foi revogado pelo art. 3° da LC 64/90).
Legitimidade passiva: pré-candidato, ou seja, aquele que pede o RCAN. Não há litisconsórcio passivo necessário
entre pré-candidato e seu partido/coligação. A lei não impõe e nem há unidade de relação jurídica material. Admite-se a
assistência simples do partido/coligação (interesse jurídico). Nas eleições majoritárias, não se admite o litisconsórcio
passivo necessário entre titular e vice ou suplente, pois as condições de elegibilidade e causas de inelegibilidade têm caráter

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personalíssimo.
Ademais, é possível pedir a substituição do titular ou do vice que tiver seu RCAN indeferido (art. 13 da LE).
Capacidade postulatória: a) eleições municipais: AIRC dispensa advogado, salvo em grau recursal; b) eleições
estaduais, federais e presidencial: exige-se advogado desde o início, pois a AIRC será proposta diretamente perante
tribunal. Neste sentido, J. Jairo e TSE. Contra, Adriano Soares da Costa, que sempre exige advogado.
Causa de pedir: ausência de condições de elegibilidade, incidência de causas de inelegibilidade ou falta condições
formais de registro (“condições de registrabilidade”). Atenção: a AIRC não se presta à decretação de inelegibilidade por
abuso de poder. A AIRC só pode ter como causa de pedir a inelegibilidade originária ou a inelegibilidade cominada já
reconhecida em processo específico anterior.
Preclusão: as inelegibilidade devem ser arguídas na primeira oportunidade possível, sob pena de preclusão (art.
259, CE). Não alegadas na AIRC, só não precluem as inelegibilidades constitucionais e as supervenientes (legais ou
constitucionais), que poderão ser posteriormente invocadas em recurso contra a expedição de diploma.
Indeferimento de ofício do RCAN: não propositura, extinção ou indeferimento da AIRC não impedem o indeferimento
de ofício do RCAN, uma vez que se trata de procedimento administrativo, não sujeito ao princípio dispositivo.
Desistência: é possível, observadas as regras do CPC. J.Jairo, porém, aplicando analogicamente o art. 9° da Lei de
Ação Popular, entende que o MP deve assumir o pólo ativo ou justificar porque não o assumirá.
Campanha à conta e risco: o candidato cujo registro esteja sub judice pode efetuar atos relativos à campanha,
ficando a validade dos votos a ele atribuídos condicionada ao deferimento do registro por instância superior (art. 16-A da
LE). Nas eleições proporcionais, a validade dos votos dados ao candidato também fica condicionada ao deferimento
definitivo do registro. Porém, serão computados em favor do partido ou coligação os votos atribuídos ao candidato cujo
registro esteja deferido, embora sub judice, no dia da eleição, ainda que o registro venha a ser posteriormente indeferido
nas instâncias superiores (art. 16-A, p.único da LE). Isto se dá pois, nas eleições proporcionais, o voto tem caráter dúplice,
valendo tanto para o candidato quanto para o seu partido/coligação.
Sentença: a sentença de procedência da AIRC tem eficácia declaratória negativa. Se se o impugnado ainda não
obteve o registro, este será negado; se já obteve o registro, será indeferido. Como já dito, a sentença de improcedência da
AIRC não impedirá o indeferimento de ofício do RCAN.
Recurso: prazo de 3 dias, sempre. Termo inicial eleições municipais:ver arts. 8, 9 da LC 64/90 e súmula 10 do TSE.
Termo inicial nas eleições estaduais, federais e presidencial: dia da publicação do acórdão em sessão do tribunal.

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6.a. Propaganda eleitoral em geral. Início. Bens públicos e bens particulares. Símbolos e
imagens semelhantes às de órgãos do governo.

O direito de antena consiste no direito dos partidos políticos de terem acesso gratuito aos meios de comunicação (art.
17, parágrafo 3º, da CRFB/88).
A propaganda, entendida como o conjunto de técnicas utilizadas para sugestionar pessoas na tomada de
decisões, na medida em que se revela como um fator fundamental para o deslinde dos pleitos eleitorais, vem sendo fruto
de intensa preocupação e regulamentação pelo Direito Eleitoral brasileiro.
Dentre os princípios que disciplinam à propaganda eleitoral no Brasil podem ser elencados: a) princípio da
legalidade; b) princípio da liberdade (toda e qualquer propaganda é permitida respeitadas as restrições legais, vide art. 39,
caput da Lei de Eleições e art. 248 do Código Eleitoral); c) princípio da responsabilidade (O art. 241 do CE impôs
responsabilidade solidária aos partidos e candidatos pelos excessos cometidos – atentar que não atinge a coligação); d)
princípio da igualdade; e) princípio do controle judicial da propaganda; f) princípio da informação, pois os eleitores possuem
o direito de serem informados de todas as qualidades – positivas ou negativas – dos candidatos; g) princípio da veracidade
(art. 45, II, Lei 9504/97).
As propagandas políticas existentes no Brasil são de três diferentes espécies: i) propaganda partidária, ii)
propaganda intrapartidária; e iii) propaganda eleitoral. Interessa-nos, no presente verbete, apenas a propaganda eleitoral,
a qual se diferencia das demais na medida em que é dirigida à conquista de voto dos eleitores, estando disciplinada nos
artigos 36 a 57-I da Lei de Eleições (Lei n. 9.504/97).
Nos termos do art. 36 e art. 16-A da Lei 9.504/97, a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 05 de julho
do ano da eleição, sendo que qualquer propaganda eleitoral realizada antes desta data será considerada “propaganda
antecipada” e, nesta medida, considerada irregular, sujeitando o responsável pela divulgação da propaganda, e também o
seu beneficiário, quando for comprovado o seu prévio conhecimento, à multa, nos termos do art. 36, §3°da Lei 9.504/97.
Segundo o TSE, o pedido de voto não é requisito essencial para a configuração da propaganda antecipada, desde que haja
alusão à circunstância associada à candidatura, ainda que de forma subliminar (AgR – RESPE 155116).
Em decorrência da recente reforma eleitoral (Lei n. 12.034/09) foi acrescentado o art. 36-A à Lei das
Eleições, o qual trouxe alguns critérios objetivos para a exclusão de determinados atos da categoria de propaganda
antecipada, ou seja, autorizando-os. O Grupo de estudos do MPF entende que houve uma maior amplitude à disseminação
da candidatura, tanto que foi suprimida a expressão “desde que não se mencione a possível candidatura” da anterior redação
do artigo. Também foi suprimida a expressão “desde que não haja pedido de votos”. Ou seja: houve uma ampla liberação
dos atos de pré-campanha.
Bens públicos: o art. 37 da Lei 9504/97 veda a realização de propaganda eleitoral nos bens cujo uso dependa de
cessão ou permissão do Poder Público (bancas de jornal, ônibus) ou que a ele pertençam (hospitais, unidades de ensino,
museus), e nos de uso comum (no Direito Eleitoral seu significado é mais extenso do que no Direito Civil, pois compreende
os bens privados que a população em geral tem acesso, tais como cinema, clube, lojas, centros comerciais, ginásio, nos
termos do art. 37, parágrafo 4º, da Lei 9504/97), inclusive postes de iluminação pública, passarela, viaduto, pontes, paradas
de ônibus, ainda que de propriedade privada. O parágrafo 5º do art. 37 ainda veda a publicidade nas árvores e nos jardins
localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas, tapumes divisórios, mesmo que não cause dano. É permitida
a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas,
desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos (colocação e a retirada dos
meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas) – parágrafos 6º e 7º - não cabe mais utilização de cavalete.
Não obstante as referidas alterações denotem boas intenções do legislador no que tange ao combate de
propagandas eleitorais irregulares, verifica-se em outros dispositivos uma flexibilização incompatível com tal desiderato.
Ressalte-se, por exemplo, as brandas consequências do descumprimento das proibições acima mencionadas, que
primeiro sujeitam o responsável à restauração do bem, e, somente em caso de não cumprimento, lhe imputam multa
(art. 37, §1°). No mesmo sentido a permissão de propaganda eleitoral no interior de casas legislativas à critério da
mesa diretora (art. 37, §3°).
Bens particulares: Depende apenas do consentimento do proprietário ou possuidor, sendo desnecessária a obtenção
de licença municipal ou oautorização da Justiça Eleitoral (art. 37, parágrafo 2º da Lei 9504/97). O consentimento deve ser
espontâneo e a cessão gratuita (parágrafo 8º). A veiculação de propaganda fica limitada a 4m2, obstaculizando que por via
transversa se realize propaganda por meio de outdoor.
Meios de veiculação da propaganda eleitoral: 1) Outdoor: é vedado; 2) Imprensa escrita: é permitido até 10 anúncio
por veículo, em datas diversas, a partir de 06/07 até a antevéspera das eleições, desde que não ultrapasse 1/8 de página
de jornal ou 1/4 de página de revista ou tabloide. É modalidade de propaganda paga. É obrigatório constar de forma visível
o valor pago, bem como quem foi o responsável pela inserção. 3) Rádio e TV: é restrita ao horário eleitoral gratuito. Ocorre
nos 45 dias anteriores à eleição. Distribuição do tempo: a) dois terços proporcionalmente ao nº de representantes na Câmara
dos Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma de todos os partidos que a integram; b) do restante,
1/3 (um terço) distribuído igualitariamente e 2/3 (dois terços) proporcionalmente ao número de representantes eleitos no
pleito imediatamente anterior para a Câmara dos Deputados. Antes, para que o partido ou coligação tivesse horário no rádio
e TV para propaganda, era necessário que tivesse ao menos um representante na Câmara dos Deputados. A Lei
12.875/2013 acabou com essa exigência. Vale ressaltar que o STF já havia declarado inconstitucional a expressão “e
representação na Câmara dos Deputados”, contida no § 2º do art. 47 da Lei n.° 9.504/97 (ADI 4430/DF). Desse modo, a
alteração legislativa apenas atendeu ao que já havia decidido o STF. O STF (ADI n. 4430) também havia dado interpretação
conforme a Constituição ao § 2º do art. 47, com o fim de assegurar aos partidos novos, criados após a realização de eleições
para a Câmara dos Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda eleitoral no rádio
e na televisão, considerada a representação dos deputados federais que migrarem diretamente dos partidos pelos quais
tiverem sido eleitos para a nova legenda na sua criação. No entanto, a Lei nº 13.107/2015 assevera que serão
desconsideradas as mudanças de filiação partidária em quaisquer hipóteses. É uma forma de financiamento público de
campanha, porque seu custo é arcado através de compensação tributária; 4) Internet: arts. 57-A a 57-I da Lei 9504/97.

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Manifestação voluntária de pessoas a favor de determinado candidato através de blog, sites e home page – livre a
manifestação do pensamento, porem é vedado o anonimato durante a campanha eleitoral. São vedadas às pessoas
relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos,
partidos ou coligações, bem como é proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos.
Propaganda eleitoral gratuita desblocada: as emissoras de TV e rádio têm que destinar 30 minutos diários em
inserções de até 60 segundos de propaganda eleitoral, a critério do partido ou coligação, distribuídos ao longo do dia entre
8h e 24h.
OBS: A Justiça Eleitoral pode suspender a programação normal de uma emissora por infração à legislação eleitoral?
Sim. Pode determinar a suspensão por 24h de programação normal da emissora que deixar de cumprir as disposições legais
eleitorais sobre propaganda, duplicado tal período em cada reiteração de conduta ilícita.
OBS: Responsabilidade pelo pagamento de multas: artigo 6º, §5º, Lei 9. 504/97: A responsabilidade pelo pagamento
de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando
outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Propaganda cruzada: Art. 53-A: É vedado aos partidos políticos e às coligações incluir no horário destinado aos
candidatos às eleições proporcionais propaganda das candidaturas a eleições majoritárias ou vice-versa, ressalvada a
utilização, durante a exibição do programa, de legendas com referência aos candidatos majoritários ou, ao fundo, de cartazes
ou fotografias desses candidatos, ficando autorizada a menção ao nome e ao número de qualquer candidato do partido ou
da coligação.
Saliente-se, por fim, que, de acordo com o art. 40 da Lei das Eleições, na propaganda eleitoral é vedado o uso de
símbolos, frases ou imagens associadas ou semelhantes às empregadas por órgãos de governo, empresas públicas ou
sociedades de economia mista, sendo que tal, conduta, acaso verificada, configurará crime, punível com detenção de 06
meses a 1 ano, além do pagamento de multa.

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6.b. Condições de elegibilidade.

Capacidade eleitoral passiva: é o direito subjetivo público, atribuído ao cidadão, de disputar cargos públicos
eletivos. A aquisição da capacidade eleitoral passiva depende a) da presença das condições de elegibilidade, b) da
ausência de causas de inelegibilidade. A capacidade eleitoral passiva é alcançada de modo gradual e progressivo,
sendo que alguns cidadãos nunca a alcançam plenamente, como os naturalizados.
Condições de elegibilidade: são requisitos positivos essenciais para a aquisição da capacidade eleitoral
passiva, direito de ser votado e ocupar determinado cargo público (ius honorum). A doutrina clássica, adotada pelo
TSE e pelo STF, distingue condições de elegibilidade, requisitos positivos previstos na CRFB e regulados por lei ordinária,
e causas de inelegibilidade, requisitos negativos previstos na CRFB e em lei complementar. As condições de elegibilidade
são taxativamente previstas no art. 14, § 3° da CRFB e podem ser reguladas por lei ordinária (reserva legal simples).
Saliente-se, porém, que a lei ordinária não pode criar novas condições.
Nacionalidade: Por nac ionalidade entende-s e o vínc ulo jurídico-polític o que liga o indivíduo a
determ inado Estado. Apenas o nac ional detém c apac idade eleitoral pass iva. Os portugueses equiparados
configuram exceção a esta condição, pois, independentemente de naturalização, podem gozar de direitos políticos no Brasil.
Plenitude dos direitos políticos: Denotam a capacidade de votar e ser votado e são adquiridos com o
alistamento. A suspensão e a perda de direitos políticos afeta a elegibilidade (art. 15 da CRFB).
Alistamento: condiciona à aquisição da cidadania ativa e passiva. Através do alistamento eleitoral que se adquire a
cidadania. A prova de alistado é feita pelo título eleitoral.
Domicílio eleitoral na circunscrição: no mínimo, 1 ano antes da eleição (art. 9º, LE). Circunscrição: nas eleições
municipais, é o município; nas eleições gerais, exceto presidencial, é o estado; e, por fim, na eleição presidencial, é o
território nacional. Domicílio eleitoral é o local da residência ou moradia e, havendo mais de uma, o de qualquer delas (art.
42, p.u., Código Eleitoral). Domicílio eleitoral não se confunde com domicílio civil: Domicílio civil é o local no qual a pessoa
estabelece residência com ânimo definitivo. O conceito de domicílio eleitoral é um conceito bem elástico, porque alcança o
domicílio e a residência. Atenção: O TSE elasteceu ainda mais o conceito de domicílio eleitoral. Segundo o TSE, a
configuração do domicílio eleitoral requer a comprovação de pelo menos um dos seguintes vínculos: patrimonial, laborativo
ou social. Observe que com o requisito patrimonial a pessoa não precisa ter domicílio na circunscrição, nem residência,
bastando ter um patrimônio no local.
Filiação partidária: no mínimo, 1 ano antes da eleição (art. 9º, LE). Estatutos partidários podem exigir tempo
maior o qual não poderá ser alterado em ano de eleição (arts. 18 e 20 Lei dos Partidos Políticos, lei n. 9.096/1995). Membros
do MP, do Judiciário e dos Tribunais de Contas: filiação, no mínimo, 6 meses antes do pleito, quando deve ocorrer a
desincompatibilização (LC nº 64/90, arts. 1º, II, a, 8, 14 e j). Militares: não é exigida a filiação partidária do militar da
ativa, bastando o alistamento e o registro de candidatura. O militar da reserva pode se filiar. Suspensão de direitos
políticos: a filiação não é cancelada, mas só suspensa, sendo possível o aproveitamento do tempo anterior à suspensão
para fim de comprovação do prazo mínimo de filiação. OBS: a candidatura nata era prevista na Lei das Eleições e garantia
o direito àqueles que já eram titulares de cargos eletivos de serem indicados para concorrer à reeleição. O STF declarou a
inconstitucionalidade desse artigo. Ficou assentada a orientação que mesmo aqueles detentores de cargos devem ser
escolhidos em convenção, sob o fundamento de que o cargo pertence ao partido que o elegeu, e não ao filiado. OBS: O
registro da candidatura será realizada pelo próprio partido, ocorrerá até 5 de julho do ano eleitoral, e se o partido for omisso,
caberá ao candidato fazê-lo em 48 (quarenta e oito) horas. OBS: A comprovação da filiação partidária se dará por
comunicação dos próprios partidos que devem remeter ao juiz eleitoral a relação de nomes dos seus filiados, conforme art.
19 da Lei nº 9.096/95. Em caso de omissão do partido, é facultado ao prejudicado requerer diretamente a justiça eleitoral a
inclusão do seu nome na lista. A filiação pode ser provada por qualquer meio, não só pelas listas enviadas à justiça
eleitoral (súmula 20 do TSE). A CRFB adotou democracia partidária, inexistindo candidatura avulsa. Pluralidade de filiação:
Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente, devendo a Justiça Eleitoral determinar o
cancelamento das demais (art. 22, parágrafo único, da Lei nº 9.096 com a redação dada pela Lei nº 12.891/2013). Atenção:
não existe mais a regra de dupla filiação.
Idade mínima: 35 anos (Presidente, Vice e Senador), 30 anos (Governador e Vice), 21 anos (Deputado
Federal ou Estadual, Prefeito e Vice e juiz de paz) e 18 anos (Vereador). A idade mínima pode ser preenchida até a data
da posse (art. 11, §2º,LE). OBS: O substituto não precisa ter a mesma idade do substituído. Ex: É possível alguém ser
Presidente da República com idade inferior a 35 (trinta e cinco) anos, desde que seja deputado federal presidente da câmara
e venha a substituir o Presidente.
Momento de aferição: em regra devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da
candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade (art.
11, §10 da Lei n. 9504/97) – o TSE tem entedimento de que essa ressalva final aplica-se apenas à inelegibilidade e não à
condição de elegibilidade como o não pagamento de multa por não comparecimento às urnas (Info TSE 3/2013). Porém, o
domicílio eleitoral e a filiação partidária se auferem na data da eleição. O juiz realiza uma análise prospectiva. OBS: O TSE
entende por fato superveniente “aquele que ocorre depois da propositura da demanda, sobre o qual não se tinha controle,
tampouco conhecimento de sua existência, como acontece nos casos em que se obtêm liminares ou antecipações de tutela
que afastem provisoriamente a condenação ou o fato, ou mesmo decisão definitiva que acarrete a extinção da causa
geradora da inelegibilidade, não constituindo alteração fática ou jurídica superveniente o eventual transcurso de prazo de
inelegibilidade antes da data de realização das eleições” (Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 380-59/PR,
rel. Min. Arnaldo Versiani, em 6.11.2012). Ressalva-se que a análise da idade mínima, deve ter em vista a data da posse,
nos termos do art. 11, §2° da Lei n. 9504/97.
6.c. Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação Social. Ação de
investigação judicial eleitoral.

O combate aos chamados “abusos” tem fundamento constitucional (art.14, §§ 9º e 10º) e hoje se encontra

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sistematizado basicamente no âmbito da LC 64/90, com as achegas do CE, arts. 237, 222 e 262, IV. A noção de abuso é
controvertida. Emerson Garcia conceitua abuso de poder como sendo o “uso indevido ou exorbitante da aptidão para a
prática de um ato, que pode apresentar-se inicialmente em conformidade ou desde a origem destoar do ordenamento
jurídico”. Poder é a aptidão que possui um ente de modificar a realidade, é a capacidade que tem um sujeito de concretizar
faticamente sua vontade. Tais práticas desequilibram indevidamente a eleição e mitigam a igualdade de chances.
Para a configuração do ato abusivo, não sera considerada a potencialidade do fato alterar o resultado da eleição, mas apenas
a gravidade das circuntâncias que o caracterizam (art. 22, XVI, da LC64/90, alterado pela LC 135/2010 que exigia a
potencialidade lesiva a eleição).

Abuso de poder econômico: Refere-se à utilização excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de
recursos materiais ou humanos que representem valor econômico, buscando beneficiar candidato, partido ou coligação,
afetando, assim, a normalidade e legitimidade das eleições. Casuística: distribuição de combustível em troca de
propaganda eleitoral nos automóveis (art. 37, §8º, da Lei 9504), excessiva contratação de cabos eleitorais (art. 100-A da
LE), assistencialismo, propaganda irregular reiterada, distribuição de vantagens sem negociação direta do voto (porque aí
seria captação ilícita do voto), constrangimento de empregados dentro uma empresa para votar em determinado candidato
(TSE: a coação pode possuir caráter econômico quando incute ao eleitor que, na hipótese de ele não votar no candidato,
perderá uma vantagem, o que evidencia nítido conceito patrimonial).

Abuso de poder político: É o uso indevido de cargo ou função pública com a finalidade de obter votos para
determinado candidato, partido ou coligação. Caracteriza-se, dessa forma, como desvio de finalidade do uso do cargo para
attender anseios pessoais. Exemplos: uso de verbas públicas, de servidores públicos ou de bens públicos em campanhas
eleitorais. Como diferenciar as hipóteses do art. 19 da LC64/90, que legitimam a AIJE, e as formas de desvio da LE (condutas
vedadas a agentes públicos)? No caso das condutas vedadas (LE) basta a prática da conduta, embora se admita juízo de
proporcionalidade para levar à cassação e exige adequação típica; no caso de abuso de poder político (LC64) exige-se que
a conduta seja grave o suficiente para afetar a normalidade e a legitimidade das eleições e pode ser genérica (sem
tipicidade).

Abuso de poder político-econômico. Em uma mesma circunstância fática, podem estar presentes o abuso do
poder político e o econômico, embora não seja obrigatório. Nesse sentido: “o abuso de poder econômico entrelaçado com
o abuso de poder político pode ser objeto de AIME, porquanto abusa do poder econômico o candidato que despende
recursos patrimoniais públicos ou privados, dos quais detém o controle ou a gestão em contexto revelador de desbordamento
ou excesso no emprego desses recursos em seu favorecimento eleitoral” (TSE – AAI nº 11.708/MG, 2010).

Abuso dos meios de comunicação social: Ocorre quando há utilização indevida, excessiva ou
deturpada dos meios de comunicação social no processo eleitoral. A legislação eleitoral sofreu alterações para obstar
a utilização indevida dos meios de comunicação pública, com a finalidade de permitir o uso sadio e igualitário dos meios de
comunicação, permitindo que os eleitores conheçam os candidatos, partidos e coligações e que esses mostrem suas
plataformas. Exemplos: divulgação, na televisão ou no rádio, oferecendo tratamento privilegiado a algum candidato,
mesmo que em uma tentativa discreta em matéria jornalística; uso indevido de propaganda eleitoral; desobediência às
restrições para a propaganda institucional. TSE: “jornais e demais veículos impressos podem assumir posição em relação
aos pleitos eleitorais, sem que tal, por si só, caracterize propaganda eleitoral ilícita”. Os jornais podem, diferentemente da
TV e do rádio (estas são concessões de serviço público), assumir posições políticas; o que o jornal não pode é servir de
veículo de propaganda do candidato.

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE)


Previsão: arts. 19 e ss. da LC 64/90.
Bem jurídico tutelado: é a normalidade, a legitimidade da eleição.
Finalidade: é medida de caráter jurisdicional destinada a coibir a prática dos chamados abusos em matéria
eleitoral, protegendo a regularidade do pleito e a higidez da disputa. Segundo decisão do TSE: “na apuração de abuso
de poder, não se indaga se houve responsabilidade, participação ou anuência do candidato, mas sim se o fato o
beneficiou” (Agravo Regimental em RESPE nº 3888128, DJE 07/04/2011).
Prazo: A lei não fixa termo inicial ou final. Foi consagrado o entendimento que a AIJE pode ser intentada após o
pedido de registro de candidato, mesmo que pendente de recurso, até a data da diplomação dos eleitos. Após essa data,
deve ser extinto, eis que presente a decadência. OBS: segundo posição majoritária, a AIJE pode apurar atos anteriores ao
período de início. Nesse sentido, TSE: “admite-se a AIJE fundada no art. 22 da LC 64/90 que tenha como objeto abuso
ocorrido antes da escolha e registro do candidato” (RO nº 722/PR, 2004).
Legitimado ativo: partidos políticos que não formaram coligações, coligações, candidato, pré-candidato (foi
escolhido na convenção, mas ainda não teve o pedido de registro deferido pela Justiça Eleitoral) e MP. O partido coligado
não tem legitimidade para agir isoladamente (art. 6º, §1º, LE).
Legitimado passivo: candidato, pré-candidato e qualquer pessoa que haja contribuído para a prática abusive
(há litisconsórcio facultativo nesse caso – TSE), inclusive autoridades públicas. Frisa-se que partido, coligação ou pessoa
jurídica não podem figurar no polo passivo da AIJE, já que não podem sofrer as consequências próprias da ação
(inelegibilidade e cassação), conforme entendimento do TSE. OBS 1: O TSE, alterando seu posicionamento, passou a
entender que nas ações eleitorais que possam implicar perda do registro ou diploma, há litisconsócio passivo necessário
entre titular e vice da chapa majoritária. OBS 2: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em
processos que visem à perda de diploma ou de mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes, segundo
entendimento do TSE.
Litispendência: Não há litispendência entre as ações eleitorais, ainda que fundadas nos mesmos fatos, por
serem ações autônomas, com causa de pedir própria e consequências distintas, o que impede que o julgamento favorável

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ou desfavorável de alguma delas tenha influência sobre as outras, segundo entendimento do TSE (RECD nº 696, DJE
Volume 62, 05/04/2010, Página 207).
Desistência: Em caso de desistência do autor da AIJE, o Ministério Público deve assumir a titularidade da ação,
em decorrência do interesse público existente. Precedente TSE: Recurso Contra Expedição de Diploma nº 661, Acórdão de
21/09/2010, DJE Tomo 033, 16/02/2011, Página 49).
Competência: eleições municipais: juiz eleitoral; eleições estaduais: Corregedor-Regional instrui e relata o feito,
TRE julga; nas eleições presidenciais: Corregedor-Geral instrui e relata o feito, TSE julga. Pode acontecer cumulação de
pedidos entre abuso de poder e a prática de condutas vedadas ou de captação ilícita de sufrágio, que não se incluem na
competência do corregedor, mas sim do juiz auxiliar do TRE (ou ministros auxiliares do TSE). Sublinhe-se: ao corregedor
eleitoral (do TRE ou do TSE) cabe processar as ações de investigação judicial por abuso de poder; aos juízes e ministros
auxiliares cabe processar as ações relativas à violação da LE. Se houver cumulação de pedido entre abuso de poder e
qualquer infração prevista na LE existem duas possibilidades: ou o corregedor processa ele próprio essas duas ações (o
examinador concorda com essa posição) e depois submete ao tribunal para julgamento ao final da instrução, ou o corregedor
determina o desmembramento do processo para que as violações à LE sejam julgadas pelo juiz auxiliar.
Rito: previsto no artigo 22, LC 64/90 (sumário) e se aplica a todas as ações que implicam cassação de registro
ou de diploma. Ajuizada a inicial, cabe ao corregedor: a) indeferi-la liminarmente (art. 22, I, c, LC64/90); b) exercer seu poder
geral de cautela (art. 22, I, b); c) ordenar a notificação (citação) do representado, para que, querendo, formule sua defesa
no prazo de cinco dias. É possível o manejo de ação cautelar preparatória ou incidental. Oferecida a defesa, passa-se, em
cinco dias, à realização da oitiva das testemunhas (até 6 por fato). Logo após, em três dias, serão realizadas as diligências
necessárias, inclusive aquelas requeridas pelas partes. TSE: entende que a gravação ambiental é prova ilícita por falta de
autorização judicial; prova emprestada é lícita em processo eleitoral. O TSE, com base no art. 105-A da LE, estabeleceu
que a prova produzida pelo MP em inquérito civil é ilícita, porque não são aplicáveis os procedimentos previstos na LACP
em matéria eleitoral. Para o examinador, o inquérito civil não é procedimento previsto exclusivamente na ação civil pública,
mas sim procedimento destinado a regular a atividade probatória do MP em ações não criminais de fundamento
constitucional.
Antecipação de tutela: entende-se que esse instituto não é cabível.
Medida Cautelar: encontra previsão no art. 22, I, “b”, da LC 64/90.
Efeitos: (I) antes da diplomação: será cassado o registro e será declarada a inelegibilidade dos responsáveis
pelo ato; TSE: a cassação do registro é possível quando o julgamento de procedência da ação de investigação judicial
eleitoral ocorre até a data da diplomação; (II) depois da diplomação: não é mais possível a cassação do registro, mas apenas
do diploma; aqui também há inelegibilidade declarada como sanção.
Causa de pedir: a utilização indevida, o desvio ou o abuso do poder econômico; do abuso do poder político ou
de autoridade; a utilização indevida dos meios de comunicação; o uso indevido dos veículos de transporte.
Recursos: em se tratando de eleições estaduais, o recurso é dirigido ao próprio TRE, sendo recurso ordinário,
embora o TSE tenha admitido recurso especial com respaldo na fungibilidade recursal, no prazo de 03 dias; não há juízo de
admissibilidade no tribunal a quo.
Prioridade: os processos de desvio ou abuso de poder econômico ou poder de autoridade até que sejam julgados
terão prioridade sobre quaisquer outros, ressalvados HC e MS. Membro do MP e magistrados obrigatoriamente têm que
cumprir os prazos previstos na lei de inelegibilidades. Não podem alegar acúmulo de trabalho.
STF em decisão monocrática do Min. Barroso em 2015 (AC 3778): A tese em discussão versa sobre a
possibilidade de aplicação retroativa da Lei Complementar nº 135/2010 quanto ao prazo de inelegibilidade de que trata o
art. 22, XIV, da LC nº 64/1990. A aplicação retroativa desse dispositivo ensejou a retomada do prazo já extinto ao tempo do
requerimento de registro de candidatura, considerando o transcurso do triênio previsto na legislação vigente ao tempo da
condenação e aumentada para para 8 anos com a LC 135/2010. Desse modo, restou definido que se a condenação tivesse
ocorrido antes da reforma promovida pela LC 135/2010, os votos recebidos poderiam ser contabilizados para a Coligação.
A ADC 29 não teria examinado essa situação, porque a inelegibilidade não seria sanção autonôma no caso do art. 1º da LC
64/90, diferentemente da AIJE.

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7.a. Propaganda eleitoral na imprensa, na internet e mediante outdoors. Comícios. Alto-
falantes e distribuição de material de propaganda política. Distribuição proporcional de horários
gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais.
Legislação básica: arts. 43 a 58 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições).
Propaganda eleitoral na imprensa escrita: A propaganda eleitoral na imprensa escrita (jornais, periódicos e a reprodução
na internet do jornal impresso) é autorizada, limitando-se a até 10 anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em datas
diversas. Tal veículo de comunicação pode ser utilizado até a antevéspera das eleições. Cada edição não pode ultrapassar
1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão ou ¼ (um quarto) de página de revista ou tabloide para cada candidato, partido
ou coligação. A inobservância da prescrição legal sujeita os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos,
coligações ou candidatos ao pagamento de multa ou equivalente ao da divulgação da propaganda paga, se este for maior.
Trata-se de modalidade de propaganda eleitoral paga, devendo constar no anúncio o valor da inserção e de quem o
financiou (Lei n. 43, §1 º, 9.504/97).
Propaganda eleitoral na internet: A Lei 12.034/09 acresceu os arts. 57-A a 57-I à Lei de Eleições (Lei n. 9.504/97),
traçando regras específicas para o uso da internet nas eleições.
Na internet, é permitido realizar propaganda eleitoral:
a) em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em
provedor de serviço de internet estabelecido no País;
b) em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou
indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País;
c) por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação. As
mensagens eletrônicas, enviadas por qualquer meio, deverão dispor de mecanismo que permita seu descadastramento
pelo destinatário, obrigando o remetente a providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas. Caso seja enviada mensagem
após o término do prazo, os responsáveis ficam sujeitos ao pagamento de multa por mensagem.
d) por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou
editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.
O TSE entende que o “twitter se insere no conceito de ‘sítios de mensagens instantâneas e assemelhados’, previsto no art.
57-B da Lei 9.504/97, e é alcançado pela referência a ‘qualquer veículo de comunicação social’ contida no art. 58 da Lei
das Eleições” (Representação nº 361895, Acórdão de 29/10/2010, Relator(a) Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 29/10/2010), por isso “é meio apto à divulgação de propaganda eleitoral
extemporânea, eis que amplamente utilizado para a divulgação de ideias e informações ao conhecimento geral, além de
permitir interação com outros serviços e redes sociais da internet” (Recurso em Representação nº 182524, Acórdão de
15/03/2012, Relator(a) Min. ALDIR GUIMARÃES PASSARINHO JUNIOR, Relator(a) designado(a) Min. MARCELO
HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 094, Data 21/05/2012, Página
101/102 ).
De outro vértice, veda-se:
a) Qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet;
b) Propaganda eleitoral, ainda que gratuita, veiculada em site de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;
c) Propaganda eleitoral veiculada em sites oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta
ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
A Justiça Eleitoral pode suspender por 24 horas (duplicada a cada reiteração) o acesso a todo o conteúdo informativo de
sites que deixarem de cumprir as disposições da lei eleitoral. Deverá ser informado que o site encontra-se temporariamente
inoperante por determinação da Justiça Eleitoral.
O provedor de conteúdo e de serviços multimídia que hospeda a divulgação da propaganda eleitoral de candidato, de
partido ou de coligação pode sofrer penalidade, se, no prazo determinado pela Justiça Eleitoral, contado a partir da
notificação de decisão sobre a existência de propaganda irregular, não tomar providências para a cessação dessa
divulgação. O provedor de conteúdo ou de serviços multimídia só será considerado responsável pela divulgação da
propaganda se a publicação do material for comprovadamente de seu prévio conhecimento.
É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral na internet. É assegurado o
direito de resposta, inclusive por meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica.
A utilização, doação, cessão ou venda de cadastro eletrônico (lista de emails) é vedada a partido e candidato.
Propaganda eleitoral em outdoors: já foi permitida a realização de propaganda eleitoral em outdoor. Tratava-se de
modalidade paga, de custo elevado e de acesso restrito a poucos. A Lei n. 11.300/2006, que alterou a Lei n. 9504/97, vedou
expressamente a realização de propaganda eleitoral em outdoors (art. 39, §8º). É vedada a propaganda eleitoral mediante
outdoors, inclusive eletrônicos [outdoor eletrônico proibido pela lei Lei nº 12.891, mas atenção que a jurisprudência já
proibia]. O descumprimento impõe a retirada imediata e sujeita à empresa responsável, os partidos políticos, as coligações
e os candidatos ao pagamento de multa. A legislação eleitoral também veda usar uma faixa ou uma pintura em muro
particular com as dimensões de um outdoor. A Lei n. 9.504/97, em seu artigo 37, §1º, autoriza a afixação, em bens
particulares, de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m2 (quatro metros quadrados).

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Propaganda na TV: Gravações externas, montagens ou trucagens, computação gráfica, desenhos animados e efeitos
especiais: Foram permitidos pela Lei 12.891/13. Atenção. Antes, a lei 9.504 proibia tais condutas no artigo 51, IV. Agora
o referido artigo tem a seguinte redação, a qual está suprimida a parte que proibia: na veiculação das inserções, é vedada
a divulgação de mensagens que possam degradar ou ridicularizar candidato, partido ou coligação, aplicando-se-lhes, ainda,
todas as demais regras aplicadas ao horário de propaganda eleitoral, previstas no art. 47.
Veiculações idênticas: É vedada a veiculação de inserções idênticas no mesmo intervalo de programação, exceto se o
número de inserções de que dispuser o partido exceder os intervalos disponíveis, sendo vedada a transmissão em
sequência para o mesmo partido político. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Comícios. Alto-falantes e distribuição de material de propaganda política:
Carretas e passeatas: é permitido até as 22h do dia em que antecede as eleições. É preciso comunicar com 24h de
antecedência a autoridade policial para que haja segurança e evite transtornos ao trânsito. Não é necessário comunicar à
Justiça Eleitoral.
Mesas e bandeiras móveis: são permitidos, desde que sejam móveis e não dificultem o bom andamento do trânsito e das
pessoas. Também é permitida a distribuição de bandeirinhas para colocar em carro particular. Atenção: A Lei 12.891/13
proibiu o uso de cavaletes, bonecos e cartazes ao longo de vias públicas.
Homem-cartaz: inexiste vedação aos cartazes carregados por pessoas na rua, desde que não atrapalhem o trânsito
(Resolução TSE 21.610 , art. 14).
Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral: a veiculação de propaganda eleitoral
pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a responsabilidade
do partido, coligação ou candidato, independe de obtenção de licença municipal ou de autorização da Justiça Eleitoral.
Adesivo: Os adesivos poderão ter a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta) centímetros.
(Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
Veículos: É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-
brisa traseiro e, em outras posições, adesivos até a dimensão máxima de 50 (cinquenta) centímetros por 40 (quarenta)
centímetros. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013).
Adesivos podem ser afixados em veículos particulares.
Comícios: Os comícios são permitidos entre 06/07 e dois dias antes das eleições, desde que não haja distribuição de
brindes, sorteio de bens ou realização de shows artísticos. A realização de comícios e a utilização de aparelhagens de
sonorização fixas são permitidas no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas, com exceção do
comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas [prorrogação de horário
estabelecido pela Lei nº 12.891]. Vale ressaltar que é crime realizar comício no dia das eleições (art. 39, §5º, da Lei das
Eleições). A realização de comício deve ser comunicada à autoridade policial com antecedência mínima de 24 horas, mas
não precisa de autorização da Justiça Eleitoral. A utilização de trio elétrico é permitida somente para sonorizar o evento
[pois a utilização de trio em si é vedada].
Alto-falantes: Os amplificadores de som móveis são permitidos, desde que observados alguns parâmetros: (a) devem ser
instalados em veículo do partido, da coligação ou do candidato; (b) utilizado entre as 8 e 22 horas, até a véspera das
eleições, sendo que em comícios podem ser usados até as 24h; (c) não podem ser utilizados a menos de 200 metros de
hospitais, escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros (quando em funcionamento), de quartéis e das sedes de repartições
dos três poderes.
Carros de som e minitrios: É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde
que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do veículo,
e respeitados os limites de adesivagem para o veículo. (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013. Comentário GENAFE: A lei
nova disciplinou com critérios objetivos o uso do carro de som, determinando a necessidade de utilização de aparelho de
decibelímetro pela fiscalização).
Limite de gastos: Artigo 26, Parágrafo único, Lei 9.504/97: São estabelecidos os seguintes limites com relação ao total do
gasto da campanha: I - alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais: 10% (dez
por cento); II - aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento). (Incluído pela Lei nº 12.891, de 2013)
Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de
serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR, o uso de alto-falantes e
amplificadores de som.
Distribuição de material de propaganda política: A propaganda impressa (santinhos) pode ser utilizada, desde que não seja
apócrifa. Deve constar o CPF/CNPJ do responsável por sua elaboração, quem contratou sua confecção e a correspondente
tiragem. Somente podem ser utilizados até às 22 horas da véspera das eleições.
Propagandas vedadas: Não se pode elaborar, em hipótese alguma, qualquer material que possa proporcionar vantagem
ao eleitor (bonés, canetas, chaveiros, brindes, etc.).
Resumindo: é vedado qualquer propaganda paga no rádio ou na TV; é vedado o uso de outdoor; é vedado showmício; é
vedado propaganda em outro idioma; é vedado boca de urna; é vedado aglomeração de pessoas no dia da eleição, portando
bandeiras, camisas ou qualquer instrumento de propaganda; é vedado a propaganda em postes, árvores, cercas, tapumes
ou qualquer área pública; é vedado ao candidato comparecer a inauguração de obra pública nos três meses que antecedem

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o pleito; é vedado utilizar cavaletes, bonecos e cartazes ao longo de vias públicas.
Cabos eleitorais: A Lei 12.891/2013 fixou critérios objetivos para a contratação, remunerada de cabos eleitorais com o novel
artigo 100-A. Agora, os contratantes são obrigados a indicar o nome e o CPF dos contratados na prestação de contas.
Criou também mais uma modalidade de corrupção eleitoral no seu §5º, a qual será estudada no ponto próprio do edital.
Comentários do GENAFE: Para o MPF a inovação legislativa abre margem para burla das regras que ela mesma criou,
pois em seu §6º exclui do cômputo do limite de contratação a militância não remunerada, pessoal contratado para apoio
administrativo e operacional, fiscais e delegados credenciados para trabalhar nas eleições e os advogados dos candidatos
ou dos partidos e coligações [traduzindo: político dá com uma mão e tira com as duas].
Distribuição proporcional de horários gratuitos pelos meios de comunicação audiovisuais: As emissoras de rádio e
TV reservarão, nos 45 dias anteriores à antevéspera das eleições, horários destinados à propaganda eleitoral gratuita.
Os horários reservados à propaganda de cada eleição serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que tenham
candidato e representação na Câmara dos Deputados, observados os seguintes critérios, segundo o art. 47, §2o, da Lei n.
9504/97: I - um terço, igualitariamente; e dois terços, proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos
Deputados, considerado, no caso de coligação, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos
que a integram.
OBS: O STF, em recente julgamento (ADI n. 4430), declarou a inconstitucionalidade da expressão “e representação na
Câmara dos Deputados”, contida no § 2º do art. 47, da Lei n. 9540/97 e deu interpretação conforme a Constituição ao inciso
II do § 2º do art. 47, com o fim de assegurar aos partidos novos, criados após a realização de eleições para a Câmara dos
Deputados, o direito de acesso proporcional aos 2/3 do tempo destinado à propaganda eleitoral no rádio e na televisão,
considerada a representação dos deputados federais que migrarem diretamente dos partidos pelos quais tiverem sido
eleitos para a nova legenda na sua criação.
No segundo turno das eleições majoritárias, o tempo há de ser distribuído igualmente entre os dois candidatos
remanescentes, pouco importando a representação na Câmara dos Deputados: cada candidato fica com 50% do tempo.
Obrigatoriedade de divulgação de gastos: Art. 28, §4º, Lei 9.504/74: Os partidos políticos, as coligações e os candidatos
são obrigados, durante a campanha eleitoral, a divulgar, pela rede mundial de computadores (internet), nos dias 8 de agosto
e 8 de setembro, relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para
financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim,
exigindo-se a indicação dos nomes dos doadores e os respectivos valores doados somente na prestação de contas final
de que tratam os incisos III e IV do art. 29 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.891, de 2013).
Questões de prova:
É admitida a propaganda eleitoral paga na imprensa escrita? (Sim, mas há limites).
Propaganda na internet, pode ser feita pelo candidato? Pode ser feita por qualquer pessoa?
Distribuição de panfletos, pode ser feita na rua? (Sim, mas há limites).
O candidato pode entrar numa universidade, escola, e distribuir santinhos? (Discutível, mas dizer que não, luta do MPE).
Pode em estabelecimentos comerciais? Onde o público tenha livre acesso? E em prédios públicos?
Perguntou sobre a recente alteração na mini reforma eleitoral que explicitou, ainda mais, a proibição dos outdoors. Pediu
para eu explicar como funciona a repartição do horário na TV? De que modo as TVs são ressarcidas pela Administração
Pública? É em dinheiro ou por benefícios? Quais benefícios? Como é feita a propaganda pela internet? Em que é permitida?
Vedações?
Propaganda eleitoral: como é feita a distribuição de horários na TV e no rádio? A distribuição nas eleições pra vereador
tinham por base a representação na Câmara?

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7.b. Recurso contra a Diplomação. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo.

Legislação básica: arts. 258 a 262 do Código Eleitoral e 14, §§ 10 e 11 da CF.

1) Recurso contra a Diplomação (RCD):


Linhas gerais: previsto no artigo 262, CE. Trata-se de instrumento jurídico-legal destinado à arguição de inelegibilidade ou
incompatibilidade de candidato diplomado. Deve ser manejado no prazo de 03 (três) dias, contados da realização da sessão
de diplomação.
Natureza jurídica: A despeito de ser denominado como recurso e ter recebido tal tratamento pelo Código Eleitoral, tal
instrumento não tem natureza recursal, pois a diplomação não é decisão judicial e sim ato administrativo certificatório e
declaratório. Prevalece que se trata de ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação.
Destaque-se, a propósito, que a diplomação não é decisão judicial, mas sim ato administrativo declaratório da conclusão
da última fase do processo eleitoral.
Legitimidade ativa: Podem ajuizar os candidatos, os partidos políticos que não tiverem formado coligação, coligações,
suplentes e o Ministério Público Eleitoral. A propositura de RCD por outro legitimado, não impede a atuação do MP.
Legitimidade passiva: Deve ser proposta em face do candidato eleito e diplomado.
O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas ações eleitorais que possam implicar perda do registro
ou diploma, há litisconsórcio passivo necessário entre titular e vice da chapa majoritária (Ac. de 29.4.2010 no AgR-REspe
nº 35.762, rel. Min. Arnaldo Versiani). Assim como entre senador e suplente.
OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que visem à perda de diploma ou de
mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes, segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº
2.349, rel. Min. Fernando Gonçalves e Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)
Cabimento: O art. 262 do Código Eleitoral enumera taxativamente as hipóteses de cabimento:
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato. Somente pode ser alegada inelegibilidade infraconstitucional
superveniente ao deferimento do registro da candidatura ou inelegibilidade constitucional, nos termos do art. 259 do Código
Eleitoral e do entendimento do TSE (Recurso Contra Expedição de Diploma nº 1384, Acórdão de 06/03/2012, Relator(a)
Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 70, Data 16/04/2012, Página 25-26).
II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional;
III - erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente eleitoral ou partidário, contagem de
votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação sob determinada legenda (de pouca utilização prática
atualmente, em razão da totalização eletrônica dos votos);
IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos.
Anota-se que os casos descritos nos incisos II e III encontram-se praticamente em desuso, tendo em vista o sistema
eletrônico de apuração e votação que minimiza as discussões acerca dos temas.
Competência: O RCD sempre será julgado na instância superior.
O TRE é competente no que se refere à diplomação realizada pela Junta Eleitoral. O ajuizamento é feito na primeira
instância perante o juiz eleitoral, devendo ser endereçado ao juiz que presidir a Junta Eleitoral. Após as contrarrazões em
3 dias e vista ao autor acerca de novos documentos em 48 horas, o Juiz Eleitoral deve remeter os autos para o TRE.
O TSE é competente no que se refere à diplomação realizada pelos TREs. O ajuizamento é feito perante o TRE. Após as
contrarrazões em 3 dias e vista ao autor acerca de novos documentos, o relator deve remeter os autos para o TSE em 48
horas.
Há polêmica no que toca as eleições presidenciais, pois não houve previsão legal de RCD de Presidente da República,
existindo várias correntes: a) competência do STF; b) manejo do mandado de segurança; c) cabimento de recurso
extraordinário, desde que preenchidos os requisitos de admissibilidade; d) não ser cabível RCD ou recurso extraordinário
contra a expedição de diploma nas eleições presidenciais, por ausência de previsão constitucional; e) competência do
próprio TSE. [não há posição majoritária].
Hipóteses de cabimento: O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade
superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.891,
de 11/12/2013)
Desnecessidade de prova pré-constituída: O TSE firmou o entendimento “... pela possibilidade de produção, no Recurso
contra Expedição de Diploma, de todos os meios lícitos de provas, desde que indicados na petição inicial, não havendo o
requisito da prova pré-constituída. (Recurso Contra Expedição de Diploma nº 745, Acórdão de 24/06/2010, DJE
24/08/2010).
Eficácia: A eficácia do julgamento do RCD só ocorre após o trânsito em julgado da decisão, pois o candidato eleito e
diplomado tem o direito líquido e certo ao pleno exercício do mandato eletivo (art. 216 do CE).

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2) Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME):
Linhas gerais: Trata-se de ação civil-eleitoral de natureza constitucional destinada a impugnar mandato eletivo obtido com
abuso de poder econômico, corrupção ou fraude.
Abuso de poder econômico: Refere-se à utilização excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos materiais
ou humanos que representem valor econômico, buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, dada ou ofertada a
uma coletividade de eleitores, indeterminada ou determinável. Segundo o TSE, “o abuso de poder político com viés
econômico pode ser objeto de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME)”. (Recurso Especial Eleitoral nº 1322564,
Acórdão de 15/05/2012, Relator(a) Min. GILSON LANGARO DIPP, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo
113, Data 18/06/2012, Página 30).
Corrupção: consiste no oferecimento de vantagens ao eleitor, viciando a sua liberdade.
Fraude: Segundo o TSE, “a fraude eleitoral a ser apurada na ação de impugnação de mandato eletivo não se deve restringir
àquela sucedida no exato momento da votação ou da apuração dos votos, podendo-se configurar, também, por qualquer
artifício ou ardil que induza o eleitor a erro, com possibilidade de influenciar sua vontade no momento do voto, favorecendo
candidato ou prejudicando seu adversário”. (AGRAVO DE INSTRUMENTO nº 4661, Acórdão nº 4661 de 15/06/2004,
Relator(a) Min. FERNANDO NEVES DA SILVA, Publicação: DJ - Diário de Justiça, Volume 1, Data 06/08/2004, Página 162
RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 15, Tomo 3, Página 248).
Está prevista no art. 14, §§ 10 e 11 da CF, dispositivos que ainda não receberam regulamentação infraconstitucional.
Consumação: A consumação da infração é de natureza formal, não sendo necessário que o resultado seja alcançado.
Prazo: até 15 dias após a diplomação. Trata-se de prazo decadencial, que não se suspende, tampouco se interrompe. O
TSE entende que: “o prazo para a propositura da AIME, conquanto tenha natureza decadencial, submete-se à regra do art.
184, § 1º, do CPC, segundo a qual se prorroga para o primeiro dia útil seguinte se o termo final cair em feriado ou dia em
que não haja expediente normal no Tribunal”. (Agravo Regimental em Ação Cautelar nº 428581, Acórdão de 15/02/2011,
Relator(a) Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
14/03/2011, Página 13/14).
Legitimidade ativa: Pode ser proposta pelo Ministério Público, por partido político que não tiver formado coligação, por
coligação ou por candidato. Se o MP não for o ator, deve atuar obrigatoriamente como custos legis. O TSE entende que o
eleitor não tem legitimidade.
Legitimidade passiva: Devem figurar como réus os diplomados que cometeram o abuso do poder econômico, político, fraude
ou corrupção ou foram por eles beneficiado.
OBS: há litisconsórcio passivo necessário com os suplentes do diplomado senador e os vice de presidente, governador ou
prefeito, sob pena de indeferimento da inicial.
OBS: partido político não é litisconsorte passivo necessário.
Portanto, a posição atual do TSE é: Tanto em RCD, AIME, AIJE ou Representações a ação deve ser promovida com
formação de litisconsórcio passivo necessário entre o titular e vice ou entre senador e suplente.
Competência: é fixada pelo parágrafo único do art. 2º da LC 64/90 (Inelegibilidades): TSE, se o diplomado for o Presidente
ou Vice-Presidente da República; TRE, se o diplomado for Governador e Vice-Governador, Senador, Deputado Federal ou
Deputado Distrital; Juízes Eleitorais, se o diplomado for Prefeito, Vice-Prefeito ou Vereador.
Procedimento: Segundo o TSE, deve tramitar segundo o procedimento da ação de impugnação do pedido de registro de
candidaturas encartado na Lei Complementar 64/90 (Resolução nº 21634/2004)
Não são cabíveis a antecipação dos efeitos da tutela e a concessão de medida cautelar preparatória.
Deve tramitar sob segredo de justiça. O julgamento, no entanto, deve ser público.
O autor responde, na forma da lei, se a ação for temerária ou de manifesta má-fé.
Não há cobrança de custas ou honorários advocatícios, salvo comprovada litigância de má-fé.
A AIME não pressupõe o ajuizamento da AIJE. A AIME é ação autônoma.
Eficácia: Aplicando-se o art. 257 do Código Eleitoral, a decisão tem eficácia imediata, aguardando-se apenas a publicação,
no entendimento do TSE (AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR nº 1833, Acórdão de 28/06/2006, Relator(a)
Min. JOSÉ GERARDO GROSSI, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 22/08/2006, Página 115). Eventual efeito
suspensivo, através de medida cautelar imediata, somente será concedida em casos excepcionais, cabendo ao recorrente
comprovar, de plano, os vícios da decisão recorrida.
Sanções: Além da responsabilidade penal, temos as seguintes sanções: Multa + cassação do registro ou diploma +
inelegibilidade por 8 anos.

Questões de prova:
Comparar o recurso contra a diplomação e AIME? Qual o prazo, a sua natureza jurídica e as consequências que decorre

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da natureza jurídica da AIME? Qual o rito dessa última? Se em ambas as ações é necessária a prova pré-constituída?
Diferenças, aspectos processuais?
Cotejar RCD e AIME. Competência: partiu da primeira instância e seguiu até TSE. Explicar porque para as eleições
presidenciais a competência para o RCD e AIME coincide no TSE.
Recurso contra diplomação, inelegibilidade superveniente de governador, qual órgão julga? (TSE)
Condutas vedadas e abuso de poder político, qual a diferença? Representação por conduta vedada x AIJE por abuso de
poder politico. (questiona atos anteriores, mas precisa de gravidade)
Quais as mudanças trazidas pela LC 135. Os crimes que estão previstos como condenação nesta lei, são dolosos e
culposos, ou só dolosos? Quais as inelegibilidade constitucionais?

PONTO EXTRA:
Como no edital os instrumentos processuais eleitorais estão espalhados pelos pontos, isso não nos permite ter uma visão
panorâmica sobre seu desenrolar no tempo durante o processo eleitoral. O Thales Tácito tem uma parte excelente sobre
isso e que nos permite ter essa visão global, situando cada coisa no seu devido lugar. Por este motivo, crio o ponto extra
com considerações do livro dele.

O TSE entende que, dos 10 instrumentos jurídicos citados, apenas cinco servem para declarar a inelegibilidade: AIJE,
AIME, RCD, Ação Rescisória Eleitoral e recursos desses quatro citados.
O primeiro instrumento é administrativo-eleitoral para o TSE, função preventiva tão somente.
A AIRC serve para declarar a existência ou não de condição de elegibilidade.
E, finalmente, as representações pelos arts. 30-A, 41-A e 73/77 são, para o TSE, “sanções eleitorais” e, para estes autores,
“condição de elegibilidade implícita”.
Os prazos de ações eleitorais são os seguintes:
(1) AIRC: prazo de 5 dias de ajuizamento, a contar da publicação dos editais no cartório eleitoral (eleições municipais) ou
no Diário Oficial (eleições gerais ou presidencial).
(2) AIJE: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a sessão de diplomação (veicula abuso —
art. 22 da LC 64/90).
Nota: O Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar no Habeas Corpus (HC) 107.869,
para suspender o depoimento pessoal do deputado federal Filipe Pereira (PSC-RJ) perante o Tribunal Regional Eleitoral
do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A oitiva do parlamentar, suspensa pela decisão, estava marcada para o dia 5 de abril em
processo de investigação judicial eleitoral que tramita naquela corte.
Ao conceder a liminar, o ministro se baseou em precedente firmado no julgamento do HC 85.029. De acordo com esse
entendimento, as autoridades citadas pelo Código de Processo Civil (art. 411) têm a prerrogativa de designar o local e a
data de seu depoimento, seja como parte do processo, seja como testemunha. Ainda de acordo com o precedente, a
disciplina legal da investigação judicial (art. 22 da LC 64/90) não contém a previsão de depoimento pessoal do investigado.
(3) R. 30-A: prazo de ajuizamento: a partir da diplomação até 15 dias dessa (exclui o dia da diplomação). Entendemos que
é possível a representação pelo art. 30-A desde o registro até 15 dias da diplomação (posição doutrinária — conferir o

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motivo quando do estudo do art. 30-A na obra Reformas Eleitorais Comentadas). Portanto, pela Lei n. 12.034/2009, a R.
30-A é uma ação contra candidato-vencedor, sendo que, para estes autores, é para candidato (a lei fala em “negar
diploma”).
(4) R. 41-A: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a diplomação.
(5) R. 73/77: prazo de ajuizamento: a partir do pedido de registro de candidatura até a diplomação.
(6) AIME: prazo de ajuizamento: 15 dias a contar da diplomação (exclui o dia da diplomação).
(7) RCD: prazo de ajuizamento: 3 dias a contar da diplomação (exclui o dia da diplomação)
Nota: Litisconsórcio necessário passivo em todas ações eleitorais: No RCD n. 703/SC1 (“Caso Luiz Henrique —
Governador de SC”), o TSE entendeu que existe litisconsórcio necessário passivo (art. 47 do CPC) entre titular e Vice;
portanto, sugerimos ser isso observado nas ações eleitorais similares (AIJE e AIME, bem como nas Representações n. 30-
A, n. 41-A e ns. 73/77), sob pena de nulidade, pois, sendo a chapa una e indivisível (art. 91 do CE), os efeitos da coisa
julgada atingem o Vice (art. 472 do CPC), razão pela qual ele deve ser citado para se defender.
O TSE entendeu, ao julgar o RCD n. 703 (julgado em 21.2.2008), que era necessária a citação do Vice e permitiu, somente
nesse caso, em face da inversão da jurisprudência dominante, que fosse feita a citação do Vice. Porém, em obter dictum
(dito ao final) do RCD n. 703/2008, o TSE manifestou que, daquele julgado em diante, em todas as ações eleitorais nas
quais poderia haver perda do mandato (AIJE, AIME, representações pelos arts. 30-A, 41-A e 73/77 da LE), seria obrigatória
a citação do Vice, sob pena de “decadência eleitoral”.
Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador, seria necessário citar o suplente.
Assim, após o RCD n. 703/2008, há litisconsórcio necessário entre o chefe do Poder Executivo e seu Vice em todas as
ações cujas decisões possam acarretar a perda do mandato, devendo o Vice necessariamente ser citado para integrá-las.2
Como a AIRC também tem “potencialidade de perda de mandato”, caso julgada após a eleição pelo TSE (em competência
originária ou competência recursal), por força do art. 16-A da LE (teoria dos votos engavetados), recomendamos a citação
do Vice na AIRC em litisconsórcio necessário passivo, uma vez que, apesar de a Lei n. 12.034/2009 ter fixado prazo de 45
dias para julgamento de todos os registros de candidatura, inclusive os sub judice (art. 16, § 1º, da LE), pode acontecer de
o julgamento ultrapassar as eleições e a decisão final do TSE (“trânsito em julgado eleitoral”)3 importar a cassação do
diploma e perda do mandato, razão pela qual entendemos a citação do Vice ser obrigatória, também, em sede de AIRC.
Portanto, o TSE, na ocasião do julgamento do RCD n. 703/2008, estabeleceu que as ações ajuizadas antes daquela data
sem a citação do Vice seriam aceitas, porquanto ajuizadas com base no entendimento anterior. No entanto, dali em diante,
a presença do Vice na lide seria obrigatória.
Da mesma forma, após essa decisão do TSE, no caso de Senador, Deputado ou Vereador, faz-se necessário citar o
suplente.
Concluindo, muitas ações referentes às eleições de 2008 foram ajuizadas sem a citação do candidato a Vice. No mês de
outubro de 2009, o TSE começou a julgar essas ações ao firmar o seguinte entendimento no REspe 35.292/2009:
RECURSOS ESPECIAIS ELEITORAIS. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE).
CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. ART. 41-A DA LEI N. 9.504/97. ABUSO DE PODER ECONÔMICO.
ART. 22 DA LC N. 64/90. VICE-PREFEITO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. PROVIMENTO.
1. Há litisconsórcio necessário entre o chefe do Poder Executivo e seu vice nas ações cujas decisões possam
acarretar a perda do mandato, devendo o vice necessariamente ser citado para integrá-las. Precedentes:
AC n. 3.063/RO Min. Arnaldo Versiani, DJE de 8.12.2008; REspe n. 25.478/RO Min.
2. A eficácia da sentença prevista no art. 47 do Código de Processo Civil é de ordem pública, motivo pelo
qual faz-se mister a presença, antes do julgamento, de todas as partes em relação às quais o juiz decidirá a
lide de modo uniforme. Precedente: ED-RO n. 1.497/PB, Rel. Min. Eros Grau, DJE de 24.3.2009.
3. No caso dos autos, o vice-prefeito não foi citado para integrar a lide, tendo ingressado na relação
processual apenas com a interposição de recurso especial eleitoral, quando já cassado o diploma dos
recorrentes. Ademais, da moldura fática do v. acórdão regional, extrai-se que a captação ilícita de sufrágio
teria sido praticada diretamente pelo vice-prefeito que, frise-se, não foi citado para integrar a lide.
4. Recursos especiais eleitorais providos.
Portanto, as ações nas quais o candidato a Vice não foi citado em eleições pretéritas serão extintas sem julgamento do
mérito, e a Justiça Eleitoral poderá fazê-lo de ofício, mesmo que a parte prejudicada não tenha alegado a “decadência
eleitoral”, uma vez que se trata de matéria de ordem pública. Os Ministros entendem que a citação posterior do Vice somente
seria possível se o prazo para ajuizamento da ação ainda estivesse em aberto (por exemplo: AIME — até 15 dias da
diplomação); caso contrário, o feito será arquivado, ou seja, a falta de citação do Vice não pode ser sanada.
Já para novas ações eleitorais referentes às eleições de 2010 em diante, é importante destacar que a Justiça Eleitoral (por
seu órgão competente) pode aplicar a chamada intervenção iussu iudice (art. 47 do CPC) e determinar a citação do Vice
de ofício, por se tratar de litisconsórcio necessário passivo, devendo assim agir desde que o prazo da ação em particular
não tenha sido escoado, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito por “decadência eleitoral”.
(8) Ação Rescisória Eleitoral: prazo de ajuizamento: 120 dias do trânsito em julgado de decisão somente do TSE (em

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competência originária ou recursal) e somente em matéria de inelegibilidade.
Nota: Ação Rescisória Eleitoral: O art. 22, I, j, do CE determina como competência originária do TSE a ação rescisória, nos
casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de 120 dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o
“exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado”. Essa alínea (j) foi acrescida pelo art. 1º da LC 86/96. Porém,
o Ac.-STF, de 17.3.1999, na ADI 1.459, declarou inconstitucionais o trecho destacado em negrito e itálico citado e a
expressão “aplicando-se, inclusive, às decisões havidas até cento e vinte dias anteriores à sua vigência”, constante do art.
2º da LC 86/96. Conforme os Acórdãos do TSE n. 106/2000 e n. 89/2001, o TRE não é competente para o julgamento de
ação rescisória. A LC 86/96, ao introduzir a ação rescisória no âmbito da Justiça Eleitoral, incumbiu somente ao TSE seu
processo e julgamento, originariamente, contra seus próprios julgados. Já, no Acórdão n. 124/2001, há cabimento de ação
rescisória contra decisão monocrática de juiz do TSE, e, nos Acórdãos n. 19.617/2002 e n. 19.618/2002, há cabimento de
ação rescisória de julgado de TRE em matéria não eleitoral, aplicando-se a legislação processual civil, e não a eleitoral.

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7.c. Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais. Captação ilícita de
sufrágio.

Legislação básica: arts. 41-A, 73 a 78 da Lei 9.504/97 (Lei das Eleições).

1. Condutas vedadas aos agentes públicos:


Linhas gerais: Diversas condutas dos agentes públicos são vedadas com a finalidade de evitar a ocorrência de
abuso de poder político, especificamente a utilização de bens ou recursos públicos em benefício de candidatos ou partidos
ou coligações próximas ao Governo. O conjunto destas condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais
encontra-se previsto nos art. 73 a 78 da Lei de Eleições.
Agente público: O art. 73, §1º, Lei n. 9.504/97 define agente público como aquele que “exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta,
indireta ou fundacional”. Como se vê, é um conceito amplo, abrangendo os detentores de mandato eletivo.
Rol de condutas vedadas:
- Ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes
à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada
a realização de convenção partidária. OBS: Segundo o TSE, essa conduta pode configurar-se como conduta vedada
mesmo antes do pedido de registro de candidatura (Recurso Ordinário nº 643257, Acórdão de 22/03/2012, Relator(a) Min.
FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 81, Data 02/05/2012, Página 129);
- Usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas
consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram. OBS: Segundo o TSE, essa conduta pode configurar-se
como conduta vedada mesmo antes do pedido de registro de candidatura (Recurso Ordinário nº 643257, Acórdão de
22/03/2012, Relator(a) Min. FÁTIMA NANCY ANDRIGHI, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 81, Data
02/05/2012, Página 129);
- Ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do
Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação,
durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;
- Fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita
de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;
- Realizar despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas
entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos últimos três anos que antecedem o pleito ou do
último ano anterior à eleição;
- Distribuir gratuitamente bens, valores ou benefícios por parte da administração pública, exceto nos casos de
calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária
no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira
e administrativa.
Rol de conduta vedada a partir de abril do ano eleitoral:
- Fazer, na circunscrição do pleito, aumento real ou revisão geral da remuneração dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do período destinado para as
convenções partidárias até a posse dos eleitos. OBS: é permitida a recomposição de perdas. OBS: Roberto Almeida afirma
que é vedado é a revisão geral, apenas, sendo possível que a revisão alcance apenas uma parte dos servidores, como dar
aumento para os professores (2013, p. 560). OBS: a proibição se refere à circunscrição, logo durante uma eleição municipal
é possível se fazer revisão geral de servidores federais.
Rol de conduta vedada nos três meses que antecedem o prélio eleitoral até a posse dos eleitos:
- Nomear, contratar, demitir, remover ex officio, transferir ex officio, exonerar ex officio servidores públicos ou por
outros meios impedir o exercício funcional, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecede e até a posse dos
eleitos. . OBS: as vedações se aplicam apenas no âmbito da circunscrição na qual se realizam eleições. OBS: Estão
excluídas da vedação: i) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e a designação ou dispensa de funções de
confiança; ii) a nomeação para cargos do Ministério Público, Judiciário, tribunais de contas e órgãos da Presidência da
República; iii) nomeação de aprovados em concursos públicos homologados até o início do prazo de três meses; iv)
nomeação necessária ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, desde que expressamente e
previamente autorizadas pelo chefe do Executivo; e v) transferência ou remoção de militares, policiais civis e agentes
penitenciários
- Realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios,
sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para
execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de
emergência e de calamidade pública;

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- Autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, com exceção da propaganda de
produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim
reconhecida pela Justiça Eleitoral;
- Fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério
da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;
- Contratar shows artísticos pagos com recursos públicos na realização de inaugurações;
- Participar de inauguração de obras públicas. OBS: a vedação se dá no âmbito da circunscrição da eleição, logo
um candidato a prefeito na cidade X pode participar de inauguração de obra pública em outra cidade [TSE, REspe 24.122,
2004].
OBS: Um mesmo fato pode caracterizar propaganda extemporânea e conduta vedada, não podendo se falar em
bis in idem, pois o mesmo fato pode ser analisado e sancionado por fundamentos diferentes.
OBS: A configuração de conduta vedada ocorre com a mera prática do ato, independente da potencialidade
lesiva de influenciar o resultado do pleito, havendo presunção de que a conduta tende a afetar a igualdade de oportunidades
[Info TSE 11/2012].
Sanções: a) suspensão imediata da conduta vedada; b) multa, a ser imposta aos agentes públicos responsáveis
pelas condutas vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que delas se beneficiarem; e c) cassação do registro ou
do diploma do candidato beneficiado, agente público ou não.
As multas eleitorais compõem receita para o fundo partidário. Contudo, o partido político que deu origem a multa
decorrente das condutas vedadas não se beneficiará dessa receita, ficando excluído do rateio (art. 73, §9º da Lei n.
9504/97).
O TSE “já firmou entendimento no sentido de que, quanto às condutas vedadas do art. 73 da Lei nº 9.504/97, a
sanção de cassação somente deve ser imposta em casos mais graves, cabendo ser aplicado o princípio da
proporcionalidade da sanção em relação à conduta”. (Agravo Regimental em Recurso Ordinário nº 890235, Acórdão de
14/06/2012, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo
160, Data 21/08/2012, Página 38).
Ato de improbidade administrativa: o parágrafo sétimo do art. 73 da Lei n. 9504/97 qualifica como ato de
improbidade administrativa as condutas vedadas aos agentes públicos, submetendo-as também às sanções previstas na
Lei n. 8429/92.
Visão panorâmica:

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Atenção: Os esquemas acima foram tirados do livro esquematizado do Thales Tácito. As notas foram mantidas na imagem
para marcar o que é um neologismo do autor. Pode ser que a banca se utilize dessas expressões. Eu acho difícil que eles
façam isso, mas é bom saber tendo em vista a envergadura e respeito pelo referido autor.
2. Captação ilícita de sufrágio:
Linhas gerais: Considera-se captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei 9.504/97, o candidato doar, oferecer,
prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou qualquer vantagem pessoal de qualquer natureza,
inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição. Também caracteriza a captação
ilícita de sufrágio a prática de atos de violência ou grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto. OBS: a conduta
também constitui crime previsto no artigo 229 do CE.
A definição da captação ilícita de sufrágio foi fruto de projeto de iniciativa popular.
A captação ilícita de sufrágio é hipótese específica de abuso de poder econômico.
Sob a ótica eleitoral somente é relevante se praticado entre a formalização do pedido de registro de candidatura e o dia da
eleição, inclusive. [Quanto à aferição do ilícito previsto no art. 41-A, o termo inicial é o pedido do registro da candidatura].
Caracterização: Para a caracterização de tais condutas não é preciso o pedido explícito de votos, sendo suficiente que o
oferecimento de vantagem tenha especial fim de agir, qual seja: captação de votos. Para a incidência da norma basta a
promessa ou o oferecimento de vantagem de qualquer natureza, não sendo necessária a obtenção, de fato, de vantagem
pessoal. O oferecimento de vantagem deve ser feito a eleitores determinados. Basta o oferecimento de vantagem a um
único eleitor para caracterização do fato.
Portanto, há 4 requisitos cumulativos para caracterizar a captação ilícita de sufrágio: 1) Prática da conduta punível: é preciso
dar, oferecer, prometer ou entregar bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública
a eleitor, sendo desnecessário o pedido explícito de voto, bastando a evidência do dolo no especial fim de agir; 2) A
legitimidade da conduta: tem que ser o candidato ou terceiro a mando dele, bastando a ciência do candidato. E o beneficiário
tem que ser eleitor; 3) A finalidade: tem que ter o dolo de obter o voto; 4) Lapso temporal: tem que ser após o registro de
candidatura até o dia das eleições, inclusive.
Prazo: a ação por captação ilícita de sufrágio poderá ser ajuizada, até a data de diplomação, observando o procedimento
previsto no art. 22 da Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de 1990.
Participação do candidato: Não se exige a participação direta do candidato para a caracterização da captação ilícita de
sufrágio. Basta o consentimento, a anuência, o conhecimento ou a ciência dos fatos que resultaram na prática do ilícito
eleitoral, consoante entendimento do TSE: “Resta caracterizada a captação de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei n°
9.504/97, quando o candidato praticar, participar ou mesmo anuir explicitamente às condutas abusivas e ilícitas capituladas
naquele artigo” (RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 19566, Acórdão nº 19566 de 18/12/2001, Relator(a) Min. SÁLVIO
DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Publicação: DJ - Diário de Justiça, Volume 1, Data 26/04/2002, Página 185 RJTSE - Revista
de Jurisprudência do TSE, Volume 13, Tomo 2, Página 278 ).
Legitimados passivos: O TSE, alterando seu posicionamento, passou a entender que nas ações eleitorais que possam
implicar perda do registro ou diploma, há litisconsórcio passivo necessário entre titular e vice da chapa majoritária (Ac. de
29.4.2010 no AgR-REspe nº 35.762, rel. Min. Arnaldo Versiani).

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OBS: Os partidos políticos não são litisconsortes passivos necessários em processos que visem à perda de diploma ou de
mandato, podendo atuar voluntariamente como assistentes, segundo entendimento do TSE (Ac. de 29.9.2009 no RO nº
2.349, rel. Min. Fernando Gonçalves Ac. nºgraph-definition> 3.255, de 7.5.2002, rel. Min. Fernando Neves.)
Sanções: As consequências da captação ilícita de sufrágio são a aplicação de multa e a cassação do registro ou do diploma.
A aplicação da sanção tem eficácia imediata, ou seja, eventual recurso não terá efeito suspensivo. É praxe, no entanto, o
uso de medida cautelar inominada para se obter o efeito suspensivo.

Questão de prova:
O que é captação ilícita para sufrágio? O que ela combate?

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8.a. Partidos Políticos. Princípios constitucionais a serem observados na sua criação.
Vedações. Fusão e incorporação.

Legislação básica: CR/88 (Tít II, Cap. V – Partidos Políticos); Lei n.º 9.096/95 (Lei Orgânica dos Partidos
Políticos – LOPP); Código Civil (Art. 44, V e § 3º, 2.031, parágrafo único); Lei n.º 9.504/97 (Lei das Eleições – LE); Lei n.º
12.016/09 (art. 1º, §1º); Resoluções n.º 20.034/97 e 22.610/07 do TSE.
Partido Político: pessoa jurídica de direito privado, formada por uma organização de pessoas reunidas em torno
de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e mantê-lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da
coisa pública através de críticas e oposição, pondo em prática uma determinada ideologia político-administrativa.
Os partidos políticos são canais legítimos de atuação política e social, peças essenciais para o funcionamento
do complexo mecanismo democrático.
Mandado de Segurança: a Lei n.º 12.016/09 equiparou às autoridades os “representantes ou órgãos de partidos
políticos” (art. 1º, § 1º), de modo que é possível impetrar mandado de segurança contra eles.
Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei nº 8.666/1993, tendo os partidos políticos
autonomia para contratar e realizar despesas. (Lei 9.096/95, art. 44, § 3º).
Sistemas partidários: a doutrina elenca três sistemas partidários: monopartidarismo, bipartidarismo e
pluripartidarismo. 1) Monopartidarismo: admite apenas um partido. Está em extinção no mundo. Ainda tem no oriente médio;
2) Bipartidarismo: admite a existência de dois partidos. No período da ditadura militar o Brasil tinha apenas dois partidos, a
Arena e o MDB; 3) Pluripartidarismo: admite a presença de tantos partidos quanto forem as correntes de opinião existentes.
Adotado atualmente pelo Brasil.
Princípios constitucionais a serem observados na sua criação: A CRFB/88 adotou o princípio da liberdade
de organização, de forma que, consoante o disposto em seu art. 17, os partidos políticos, enquanto protagonistas do jogo
democrático, podem ser livremente criados, fundidos, incorporados e extintos, desde que sejam resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
Limites à liberdade partidária: Determina a Constituição que tais agremiações devem observar os seguintes
preceitos: a) Caráter nacional: é vedada a criação de partidos políticos regionais, estaduais ou municipais, sob pena de não
ser deferido o pedido de registro do estatuto do Partido no TSE; b) Proibição de recebimento de recursos financeiros de
entidade ou governos estrangeiros ou de subordinação a estes: o escopo da norma é a proteção do interesse nacional; c)
Prestação de contas à Justiça Eleitoral: i) contas partidárias: os partidos devem manter, a partir de seus órgãos nacionais,
regionais e municipais, escrituração contábil, de modo que se possa conhecer a origem de suas receitas e destinação de
suas despesas. ii) contas de campanha: determina-se, inclusive, que até 180 dias após a diplomação, os candidatos ou
partidos devem conservar a documentação referente a suas contas (LE, art. 32); d) Funcionamento parlamentar de acordo
com a lei: tal funcionamento vem disciplinado por meio da LOPP.
Vedações: Os partidos políticos não podem ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de organização
da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros (art. 17, § 4º, CRFB/88 e art. 6º, LOPP). Um partido com tal
desenho representaria evidente ameaça ao regime democrático, pois levantaria perigosamente a bandeira de regimes
totalitários, além de lhes avocar a memória.
O partido que não tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral não pode participar do processo
eleitoral, receber recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 7º, § 2º, da LOPP).
Nos termos do art. 31 da LOPP, é vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou
pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie,
procedente de: I - entidade ou governo estrangeiros; II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas
no art. 38 – “Não é permitido aos partidos políticos receberem doações e contribuições de titulares de cargos demissíveis
ad nutum da administração direta ou indireta, desde que tenham a condição de autoridades, nos termos da Res. nº 22.585,
de 6.9.07, do TSE.; III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços públicos, sociedades de economia
mista e fundações instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram órgãos ou entidades governamentais; IV -
entidade de classe ou sindical.
Caso o partido político receba recursos de origem não mencionada ou esclarecida, fica suspenso o recebimento,
pelo mesmo, das quotas do Fundo Partidário, até que o esclarecimento seja aceito pela Justiça Eleitoral. Caso o partido
receba recursos vedados, fica suspensa a participação do mesmo no Fundo Partidário por um ano (art. 36, LOPP).
O tema relativo a fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, está disciplinado no art. 27 e seguintes
da Lei 9.096/95.
Fusão: dois partidos se juntam, extinguindo-se, para formar um novo partido. Para que possa ocorrer a fusão
é preciso que: a) os órgãos de direção dos partidos elaborarem projetos comuns de estatuto e programa; e b) os
órgãos nacionais de deliberação dos partidos em processo de fusão votem em reunião conjunta, por maioria absoluta,
os projetos, e elejam o órgão de direção nacional que promoverá o registro do novo partido. Na hipótese de fusão, a
existência legal do novo partido tem início com o registro, no Ofício Civil competente da Capital Federal, do estatuto e do
programa (art. 29, § 4º, LOPP), cujo requerimento deve ser acompanhado das atas das decisões dos órgãos competentes.
Assim, o novo partido passa a ser reconhecido, com todas as prerrogativas legais, antes mesmo da averbação de seu
estatuto no TSE, sendo desnecessária a comprovação do “apoiamento mínimo” exigido na criação de novos partidos
políticos.
Incorporação: um partido deixa de existir passando a fazer parte de outro. No caso de incorporação, caberá
ao partido incorporando deliberar por maioria absoluta de votos, em seu órgão nacional de deliberação, sobre a adoção
do estatuto e do programa de outra agremiação. Adotados o estatuto e o programa do partido incorporador, realizar-
se-á, em reunião conjunta dos órgãos nacionais de deliberação, a eleição do novo órgão de direção nacional. Para que
seja procedido o cancelamento do registro do partido incorporado é necessário que o instrumento que formalizou
a incorporação seja levado ao Ofício Civil competente do Distrito Federal.
Os votos obtidos, na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, pelos partidos políticos fundidos ou
incorporados, devem ser somados para efeito do funcionamento parlamentar, da distribuição dos recursos do Fundo

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Partidário e do acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 29, § 6º, LOPP). Nos termos da Res.-TSE n° 22.592/2007, o
partido incorporador tem direito à percepção das cotas do Fundo Partidário devidas ao partido incorporado, anteriores à
averbação do registro no TSE. De acordo com o § 7º do art. 29, o novo estatuto ou instrumento de incorporação deve ser
levado a registro e averbado, respectivamente, no Ofício Civil e no Tribunal Superior Eleitoral.
OBS: (1) No caso de fusão ou incorporação: os prazos de filiação serão mantidos para os fins do artigo 19 da
Lei 9.096/95. Agora, se o partido for extinto há menos de um ano da eleição, seus filiados ficarão impedidos de concorrer a
esse pleito (Res. 22089/2010). (2) A permissão para se desfiliar de partido político em caso de incorporação, levando o
parlamentar o mandato, só se justifica quando ele pertença ao partido político incorporado, e não ao incorporador (Res.
22885/08).
Extinção ou Dissolução:
Fica cancelado, junto ao Ofício Civil e ao Tribunal Superior Eleitoral, o registro do partido que, na forma de seu
estatuto, se dissolva, se incorpore ou venha a se fundir a outro (art. 27, LOPP).
LOPP, Art. 28. O Tribunal Superior Eleitoral, após trânsito em julgado de decisão, determina o cancelamento do
registro civil e do estatuto do partido contra o qual fique provado: I - ter recebido ou estar recebendo recursos financeiros
de procedência estrangeira; II - estar subordinado a entidade ou governo estrangeiros; III - não ter prestado, nos termos
desta Lei, as devidas contas à Justiça Eleitoral; IV - que mantém organização paramilitar.
O processo de cancelamento do registro e do estatuto que resultará na dissolução compulsória do partido é
deflagrado no TSE, em decorrência de denúncia de qualquer eleitor, representante de partido ou de representação do
Procurador-Geral Eleitoral (art. 28, §2º). O partido político, em nível nacional, não sofrerá a suspensão das cotas do fundo
partidário, nem qualquer outra punição, como consequência de atos praticados por órgãos regionais e municipais (art. 28,
§3º).

49
8.b Personalidade jurídica dos Partidos Políticos. Registro e funcionamento. Estatutos.
Fundo Partidário. Propaganda partidária.

Personalidade jurídica dos Partidos Políticos: Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado,
que se constituem mediante a observância dos requisitos previstos no art. 8º da LOPP (requerimento de registro dirigido a
cartório competente do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, da Capital Federal, subscrito pelos seus fundadores – pelo
menos 101 –, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos Estados; registro pelo Oficial no livro competente).
Adquirida a personalidade, o partido promove a obtenção do apoiamento mínimo de eleitores (0,5% dos votos dados na
última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de
0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles) e realiza os atos necessários para a constituição definitiva de seus
órgãos e designação dos dirigentes, na forma de seu estatuto (art. 8º, § 3º, LOPP). O apoiamento mínimo comprova o
caráter nacional do partido, que é requisito fixado na CF e condição para o registro do estatuto no TSE (art. 7º, § 1º, LOPP).
Portanto, após adquirir a personalidade jurídica termos da lei civil, o partido político deverá registrar seu estatuto perante o
TSE.
O STF, ao verificar a natureza do registro dos estatutos perante o TSE, decidiu que tal ato é meramente
administrativo e destinado a verificar a obediência ou não da agremiação partidária interessada aos requisitos
constitucionais e legais. Portanto, a decisão do registro não pode ser impugnada pela via do recurso extraordinário].
Registro e funcionamento: O registro do partido junto ao TSE deve ser realizado após a sua constituição e a
designação de seus dirigentes, na forma de seu estatuto (art. 17, § 2º, CF e art. 9º, LOPP). Somente os partidos com
registro podem: a) credenciar os delegados a que se refere o art. 11 da LOPP; b) participar do processo eleitoral, receber
recursos do Fundo Partidário e ter acesso gratuito ao rádio e à televisão (art. 7º, § 2º, LOPP); c) ter exclusividade sobre sua
denominação, sigla e símbolos, de modo a se vedar a utilização, por outros partidos, de variações que venham a induzir a
erro ou confusão (art. 7º, § 3º, LOPP).
O partido político funciona, nas Casas Legislativas, por meio de uma bancada, que deve constituir suas
lideranças conforme o respectivo estatuto, as disposições regimentais da Casa e as regras da LOPP (art. 12).
Requisitos para que uma agremiação partidária participe de uma eleição: 1) que tenha o estatuto registrado junto
ao TSE há pelo menos um ano antes da eleição; 2) que haja constituído e anotado o órgão de direção nacional nas eleições
presidenciais (perante o TSE), o órgão de direção estadual (perante o TRE) ou o órgão de direção municipal (perante o juiz
eleitoral) até a data da convenção para a escolha de candidatos.
Estatutos: Em atenção ao princípio da liberdade de organização previsto no art. 17 da CF, o art. 14 da LOPP
determina que, observadas as disposições constitucionais e as desta lei, o partido é livre para estabelecer, em seu estatuto,
a sua estrutura interna, organização e funcionamento. O art. 15 prevê um conteúdo mínimo obrigatório para os estatutos (I
- nome, denominação abreviada e sede na Capital Federal; II - filiação e desligamento de seus membros; III - direitos e
deveres dos filiados; IV - modo de organização e administração; V - fidelidade e disciplina partidárias; VI - condições e
forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas; VII - finanças e contabilidade (anualmente, o partido
envia o balanço contábil até 30 de abril. No ano eleitoral, é mensal durante os 4 meses anteriores e 2 meses posteriores
ao pleito); VIII - critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível municipal, estadual e
nacional que compõem o partido; IX - procedimento de reforma do programa e do estatuto.).
Fundo Partidário: O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário) é
previsto no art. 17, § 3º, da CF e, consoante o art. 38 da LOPP, constitui-se de: I – multas e penalidades pecuniárias; II –
recursos financeiros que lhe forem destinados por lei , em caráter permanente ou eventual; III – doações de pessoa física
ou jurídica , efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente na conta do Fundo Partidário; e IV – dotações
orçamentárias da União.
Res.-TSE n° 23.086/2009: “o partido pode receber doações de pessoas físicas ou jurídicas para financiar a
propaganda intrapartidária, bem como para a realização das prévias partidárias”.
Os recursos do Fundo Partidário deverão ser aplicados (art. 44, LOPP): I – na manutenção das sedes e serviços
do partido, permitido o pagamento de pessoal até o limite de 50% do total recebido; II – na propaganda doutrinária e política;
III – no alistamento e campanhas eleitorais; IV – na criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de
doutrinação e educação política (mínimo 20%); V – na criação e manutenção de programas de promoção da participação
política das mulheres (mínimo de 5%).
Cabe ao TSE fazer a distribuição aos órgãos nacionais dos partidos os recursos do fundo partidário.
Os recursos do Fundo Partidário não estão sujeitos ao regime da Lei no 8.666/1993, tendo os partidos políticos
autonomia para contratar e realizar despesas.
Propaganda partidária: Não está vinculada a nenhuma eleição em específico. Tem o objetivo de difundir, entre
outros temas, o programa e a ideologia político-partidária e, assim, receber da população adeptos, simpatizantes e novos
filiados. A propaganda partidária não pode ser veiculada no segundo semestre de ano de eleição. Não pode servir de
palanque para futuro candidato. Deve obrigatoriamente ser entre 19h30 e 22h.
Direito de antena: a propaganda eleitoral e a propaganda partidária, veiculadas por rádio e TV, é a forma de
exteriorização do que se chama de direito de antena, pois o partido tem por lei o direito ao acesso sem ônus aos veículos
de comunicação de massa.
Obrigatoriamente gratuito: é vedado o uso de TV ou rádio de forma paga, sendo restrito aos horários gratuitos
disciplinados por lei. As empresas de comunicação têm direito à compensação fiscal.
Havia duas espécies: os artigos 48 e 49 da lei 9.096/97 previam a propaganda partidária semestral e regular. A
propaganda partidária regular seria destinada apenas aos partidos políticos que tivessem funcionamento parlamentar. A
propaganda partidária semestral seria destinada a partido políticos que não tivessem funcionamento parlamentar. O STF
declarou inconstitucional os artigos 48 e 49 da referida lei, também declarando inconstitucional o artigo 13 que estabelecia
a “cláusula de barreira ou cláusula de desempenho” [ADI 1351 e 1354]. Passou a vigorar em caráter definitivo as regras de
transição constantes no artigo 56, III e IV e artigo 57 da lei 9.096/97, os quais estabelecem uma “cláusula de barreira
flexível”. OBS: a cláusula de barreira ia além da divisão do tempo de propaganda partidária, pois os partidos deveriam

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preencher o percentual mínimo de votos para também ter acesso à estrutura de liderança de bancada, a indicar parlamentar
seu para atuar em comissão mista no Congresso Nacional, de CPI ou para participar de Mesa diretora da casa legislativa.
Finalidades: difundir os programas partidários; transmitir a mensagem aos filiados sobre a execução do programa
partidário, dos eventos com este relacionados e das atividades congressuais do partido; divulgar a posição do partido em
relação a temas político-comunitários; promover e difundir a participação feminina, dedicando às mulheres o tempo que
será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 10%.
Vedações: são vedadas na propaganda partidária a participação de pessoa filiada a partido que não o
responsável pelo programa; a divulgação de propaganda de candidato a cargos eletivos e a defesa de interesses pessoais
ou de outros partidos; a utilização de imagens ou cenas incorretas ou incompletas, efeitos ou quaisquer outros recursos
que distorçam ou falseiem os fatos ou a sua comunicação.
Sanções: se houver desobediência à legislação eleitoral que disciplina a propaganda partidária, a Justiça Eleitoral
aplicará as seguintes sanções: a) quando a infração ocorrer nas transmissões em bloco: haverá cassação do direito de
transmissão no semestre seguinte; b) quando a infração ocorrer nas transmissões em inserções: aplica a sanção
equivalente a cassação de tempo equivalente a 5 vezes ao da inserção ilícita, no semestre seguinte.
Legitimidade para propor ação contra a propaganda irregular: Partidos políticos e MPE. OBS: a lei 9.096/97
somente atribui legitimidade a partido político, porém, o MP encontra sua legitimidade na CF.
Competência: TSE: para programas em bloco ou inserções nacionais. TRE: para programas em bloco ou
inserções nos respectivos Estados.

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8.c Autonomia dos Partidos Políticos. Normas de fidelidade e disciplina partidárias.

Autonomia dos Partidos Políticos: A Constituição assegurou aos partidos políticos autonomia (art. 17),
adotando o princípio da liberdade de organização partidária, que consiste na autonomia para a agremiação funcionar, tendo
ampla liberdade para disciplinar: a) estrutura interna; b) organização; c) funcionamento; d) liberdade para criação, fusão,
incorporação e extinção. As limitações à autonomia são as seguintes: 1) soberania nacional; 2) necessidade de
observância do regime democrático; 3) pluripartidarismo; 4) direitos fundamentais da pessoa humana; 5) vedação ao
recebimento de recursos de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 6) vedação a qualquer
conotação paramilitar (uniformes, doutrina, organização).
Normas de fidelidade e disciplina partidárias: De acordo com o § 1º do art. 17 da CR/88, é assegurado aos
partidos políticos autonomia para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
No mesmo sentido, o art. 15, V, da LOPP determina que o Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas
sobre fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das infrações e aplicação das penalidades, assegurado o
amplo direito de defesa. O artigo 25 da mesma lei estabelece a possibilidade de o Estatuto estabelecer, além das medidas
disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com desligamento temporário da bancada,
suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em
decorrência da representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que se opuser,
pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários.
A LOPP também proíbe que seja imposta medida disciplinar ou punição a filiado por conduta que não esteja
tipificada no estatuto do partido político (art. 23, § 1º), assegura ao acusado amplo direito de defesa (art. 23, § 2º) e impõe
ao integrante da bancada de partido o dever de, na Casa Legislativa, subordinar sua ação parlamentar aos princípios
doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto (art.
24).
A lei e a Constituição não instituem diretamente normas de fidelidade partidária; apenas atribuem ao estatuto do
partido político a obrigação do estabelecimento de tais normas.
Entendimento anterior: Como não existe previsão legal para a perda de mandato decorrente de infidelidade
partidária, durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que o princípio da fidelidade partidária restringia-se ao campo
administrativo, interno, regulando apenas as relações entre filiado e partido. Por isso, admitia-se que o mandatário
contrariasse a orientação do partido e até mesmo o abandonasse, sem que isso implicasse a perda do mandato. Tal
entendimento deu ensejo à tese do mandato livre, adotada pelo STF no julgamento do MS nº 20.927-5 (DJ 15/4/94).
Entendimento atual: No entanto, como observa José Jairo Gomes, tal interpretação não mais subsiste. Isso
porque o TSE fixou o entendimento segundo o qual “os Partidos Políticos e as coligações conservam direito à vaga
obtida pelo sistema proporcional, quando houver pedido de cancelamento de filiação ou de transferência do
candidato eleito por um partido para outra legenda” (Consulta n.º 1.398, respondida em 27/3/2007) Superou-se, pois,
a ideia de que o mandato pertenceria ao indivíduo eleito.
Legitimidade ativa e prazo: Segundo ela, o partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral,
a decretação da perda do cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa. Se o partido político
interessado não exercer o direito de reivindicar o mandato eletivo, no prazo decadencial de 30 (trinta) dias, poderão
fazê-lo, em nome próprio, nos 30 (trinta) dias subsequentes, quem tenha interesse jurídico [vice ou suplente], ou o
Ministério Público eleitoral. Somente aquele que poderá vir a ocupar a vaga tem legitimidade ativa como interesse jurídico.
Logo, terceiro suplente filiado a partido diverso daquele que poderia ocupar a vaga não tem legitimidade [TSE, RO 2201,
2009].
A seu turno, o mandatário pode requerer à Justiça Eleitoral “a declaração de existência de justa causa” para o
seu desligamento da organização partidária, deflagrando processo em que deverá proceder a citação desta.
Hipóteses de justa causa: A Resolução 22610/97 estabeleceu um rol taxativo de hipóteses justificadoras de
desfiliação partidária, quais sejam: I) incorporação ou fusão do partido; II) criação de novo partido; III) mudança
substancial ou desvio reiterado do programa partidário; IV) grave discriminação pessoal.
No caso da criação de um novo partido, o TSE entende que a mudança de partido deve ocorrer em até 30 dias
após a data de registro do estatuto pelo TSE [consulta 75535, 2011].
O ajuizamento de ação declaratória de justa causa para desfiliação partidária na Justiça Eleitoral não pode ser
considerado pelo partido como pedido implícito de desfiliação. Trata-se de livre acesso ao poder judiciário.
Resolução do partido determinando a expulsão ou determinando que se peça o desligamento, sob pena de
expulsão configura justa causa, não podendo o partido entrar com ação para reivindicar o cargo por infidelidade partidária.
O acordo entre os partidos para que ocorra a troca de legendas não tem o condão de afastar a Resolução 22610,
constituindo infidelidade partidária.
Competência: A competência para conhecer e julgar o pedido é do TSE (mandatos federais) ou dos TREs
(em se tratando de mandatos estaduais e municipais).
A vaga decorrente da vacância de mandato parlamentar deve ser ocupada pelos suplentes da coligação (STF,
MS n.º 30.272/MG e MS n.º 30.260/DF, ambos julgados na sessão plenária de 27/4/11).
O TSE não admite a tutela antecipada na ação de perda de cargo por infidelidade partidária.
Procedimento: há dois procedimentos administrativos: 1) procedimento administrativo eleitoral para a perda do
mandato eletivo por infidelidade partidária: ao requerente cabe provar. Tem natureza jurídico desconstitutiva ou constitutiva
negativa. 2) processo administrativo de justificação de abandono de sigla: o requerente tem que provar a justa causa. Tem
natureza declaratória.
ADI 5081: O Plenário do STF decidiu que não se aplica aos cargos do sistema majoritário de eleição (prefeito,
governador, senador e presidente da República) a regra de perda do mandato em favor do partido, por infidelidade
partidária, referente aos cargos do sistema proporcional (vereadores, deputados estaduais, distritais e federais), “sob pena

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de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor”.

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9.a. Crimes eleitorais. Jurisdição e competência.

Crime eleitoral é um delito que está tipificado no Código Eleitoral e nas leis eleitorais extravagantes e que pode
ser praticado por qualquer pessoa. De acordo com “Vera Michels são: “as condutas tipificadas em razão do processo
eleitoral e, portanto, puníveis em decorrência de serem praticadas por ocasião do período em que se preparam e realizam
as eleições e ainda porque visam a um fim eleitoral” (MICHELS, Vera Maria Nunes. Direito Eleitoral. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 2006, p. 162). Em que pese bastante discutida a natureza jurídica dos crimes eleitorais, pacificou-se junto ao
Supremo Tribunal Federal o entendimento de que se trata de espécie de crime comum e não como crime de
responsabilidade. Há crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral e em leis eleitorais extravagantes.
De acordo com o art. 121 da Constituição Federal, a competência da Justiça Eleitoral, inclusive criminal, deveria
estar definida por lei complementar federal. Ocorre, contudo, que tal lei ainda não foi editada. Não obstante tal omissão,
pacificou-se jurisprudencialmente o entendimento de que é da competência da Justiça Eleitoral o julgamento dos crimes
eleitorais e dos crimes comuns que lhe são conexos, uma vez que prevalece a regra da competência eleitoral prevalente.
Aos crimes eleitorais de menor potencial ofensivo, diante da inexistência de Juizados Especiais Eleitorais,
mesmo sendo julgados perante a Justiça Especializada, aplica-se a Lei 9.099/95, pois, nas palavras de Pacelli, “o que
realmente importa em tema de jurisdição penal é, pelo menos, a realização da igualdade de tratamento perante os
jurisdicionados.”
Embora o critério de distinção manejado (conexão, destinada a preservar a qualidade probatória, e continência,
visando a coerência e unidade das decisões das decisões judiciais sobre o mesmo fato), possa parecer por demais rigoroso,
as questões e, sobretudo, as finalidades que ali se colocam são mesmo diferentes. Se houver concurso, por conexão ou
por continência, entre a competência do Tribunal do Júri e a da Justiça Eleitoral, segundo Pacelli a solução mais adequada
será a separação de processos, diante das características inteiramente distintas da constituição do Júri e mesmo da
natureza dos crimes a ele submetidos.
Os crimes eleitorais, portanto, observadas as exceções previstas na lei e na Constituição, deverão ser julgados
perante a Justiça Eleitoral de primeira instância do lugar da prática delitiva (juízes eleitorais). Digno de nota é o fato de que
as juntas eleitorais não possuem competência eleitoral criminal.
Cumpre estudar neste ponto os casos excepcionais a tal regra.
Será de competência do Supremo Tribunal Federal o processamento e julgamento originário dos crimes eleitorais
praticados pelas seguintes pessoas, enumeradas no art. 102, I, “b” e “c” da Constituição: o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros, o Procurador-Geral da República, os Ministros
de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros
dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.
Será de competência do Superior Tribunal de Justiça o processamento e julgamento originário dos crimes
eleitorais praticados pelas seguintes pessoas, enumeradas no art. 105, I, “a” da Constituição: os Governadores dos Estados
e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do
Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
A competência originária do TSE para o julgamento de crimes eleitorais, restou esvaziada desde o advento da
Constituição da República de 1988, que ao contrário do disposto no Código Eleitoral, determinou que os Ministros do TSE
fossem julgados junto ao STF, e os membros dos Tribunais Regionais Eleitorais fossem julgados pelo STJ, pelo
cometimento de tais crimes.
Será de competência dos Tribunais Regionais Eleitorais, ao seu turno, o processamento e julgamento das
infrações penais eleitorais, praticadas pelas seguintes autoridades: juízes eleitorais de sua área de jurisdição, incluídos os
da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho (art. 108, I, “a” da CF); membros do Ministério Público da União, ressalvados
aqueles que têm exercício funcional perante Tribunais (art.108, I, “a” da CF); juízes estaduais e do Distrito Federal e dos
Territórios (art. 96, III da CF), membros do Ministério Público dos Estados, inclusive aqueles que tenham atuação perante
o Tribunal de Justiça (art.96, III da CF); Deputados Estaduais e Distritais; prefeitos municipais e juízes eleitorais.
No tocante aos crimes praticados por adolescentes, independentemente de se qualificarem como crimes
eleitorais, deverão ser processados e julgados junto à Justiça Estadual, perante o Juízo da Vara de Infância e da Juventude.
Em relação aos crimes conexos ou em continência com os crimes eleitorais vale a regra da “competência eleitoral
prevalente”, segundo a qual a Justiça Eleitoral atrai para a sua competência o crime eleitoral e o crime não eleitoral. Pendem
divergências doutrinárias e jurisprudenciais, contudo, no que se refere à solução a ser dada para a hipótese de ocorrer um
crime doloso contra a vida conexo a um crime eleitoral. Prevalece, entretanto, o entendimento no sentido de que neste caso
deverá ocorrer o desmembramento do processo, de modo que o crime eleitoral seja julgado pela Justiça Eleitoral e o crime
doloso contra a vida seja julgado pelo Tribunal do Júri.

PALAVRAS-CHAVE: CRIMES ELEITORAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. EXCEÇÃO DOS


FOROS POR PRERROGATIVA DE FUNÇAO (STF, STJ e TRE). COMPETÊNCIA ELEITORAL PREVALENTE.

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9.b. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem jurídico protegido. Código Eleitoral e
legislação esparsa. Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais.

Natureza jurídica política, compreendido no conceito de crimes políticos, porquanto são praticados contra a
ordem política e social (MICHELS, 2008, p.171).
Bem jurídico protegido. Ordem política do Estado. Importante mencionar que não há previsão de qualquer tipo
penal eleitoral na modalidade culposa, mas apenas dolosa.
A Liberdade de exercício dos direitos políticos e autenticidade das eleições é também bem jurídico protegido: A
objetividade jurídica, em se tratando de crimes eleitorais, está expressa no interesse público de proteger a liberdade e a
legitimidade do sufrágio, o exercício em suma dos direitos políticos, de modo a que os pleitos eleitorais sejam realizados
dentro da mais completa regularidade e lisura (SUZANA DE CAMARGO GOMES).
Código eleitoral e legislação esparsa. Tanto o código eleitoral quanto a legislação esparsa traz tipos penais
(LC 64/90, arts. 20 e 25; lei 9.504/97, arts. 33, 34, 39, 40, 41-A, 57, 100-A; lei 6.091/74, art. 11). Fávila Ribeiro propõe
classificação atento aos bens lesados ou colocados em perigo: I) lesivos à autenticidade do processo eleitoral (fraude
eleitoral, corrupção eleitoral, falsidade de documentos para fins eleitorais); II)lesivos ao funcionamento do serviço eleitoral;
III) lesivos à liberdade individual; IV) lesivos aos padrões éticos ou igualitários nas atividades eleitorais.

O Direito Eleitoral tem legislação criminal própria, bem como procedimento criminal específico, deslocados do
direito penal/processual comum, constante dos artigos 283 a 364 do Código Eleitoral. Tais dispositivos podem ser divididos
em três partes distintas: a) normas gerais de direito penal (arts. 283-288); b) tipos incriminadores (arts. 289-354); e c)
normas processuais (arts. 355-364).
Além destes dispositivos, há outras figuras típicas criminais espalhadas pelo Código Eleitoral e em outras leis
eleitorais extravagantes, quais sejam: a) Lei n° 6091/74 (Fornecimento gratuito de transporte no dia das eleições, a eleitores
residentes nas áreas rurais e dá outras providências); b) Lei n° 6996/82 (Processamento eletrônico de dados nos serviços
eleitorais); c) Lei n° 7021/82 (Estabelece o modelo de cédula oficial); d) Lei Complementar n° 64/90 (Estabelece, de acordo
com a CF/88, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e outras providências); e) Lei n° 9504/97 (Lei das Eleições).
Sobre a aplicação do princípio da insignificância em delitos eleitorais, o Supremo Tribunal Federal já teve a
oportunidade de decidir que não se aplica o benefício penal no caso de omissão de despesas em prestação de contas
eleitorais (Inq 3767/DF).

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9.c. Ação penal. Propositura. Titularidade. Processo e julgamento. Recursos.

Todos os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada (art. 355 do Código Eleitoral). Há casos em
que não há pena mínima para os crimes eleitorais, razão pela qual as penas a serem consideradas deverão ser de 15 dias
para hipóteses de detenção e 01 ano para as hipóteses de reclusão (art. 284, do CE). O valor do dias-multa está
compreendido entre um o no máximo trezentos.
Em síntese, os crimes eleitorais versam sobre: i) a formação do corpo eleitoral (a partir do art. 289, do CE), ii)
formação e funcionamento dos partidos políticos (a partir do art. 319, do CE), iii) arguição temerária ou de má-fé de
inelegibilidade ou impugnação de registro de candidatura (art. 25, da LC 64/90), iv) propaganda eleitoral (a partir do art.
323, do CE e na Lei 9.504/97, v) relativos à votação (a partir do art. 296, do CE), vi) garantia ao resultado legítimo das
eleições (a partir do art. 313, do CE), v) organização e funcionamento dos serviços eleitorais (a partir do art. 296, do CE) e
vi) contra a fé pública (a partir do art. 248, do CE).
Qualquer pessoa que tomar conhecimento da prática de crime eleitoral, poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicar o fato ao Juiz Eleitoral local, o qual remeterá a noticia crime ao Ministério Público ou, se entender necessário, à
polícia judiciária eleitoral, requisitando a instauração de inquérito policial ou, se o crime for de menor potencial ofensivo, de
termo circunstanciado de ocorrência.
Importante destacar que se admite, no âmbito doutrinário e jurisprudencial, a ação penal privada subsidiária da
pública.
O procedimento processual penal eleitoral está disciplinado no próprio Código Eleitoral, mas a ele se aplica,
subsidiariamente o Código de Processo Penal.
De acordo com Roberto Moreira de Almeida, “Com o advento da Lei n. 11.790/08 (...) entendemos ser
plenamente cabível a adoção pela Justiça Eleitoral de primeiro grau dos procedimentos comum ordinário, comum sumário
e comum sumaríssimo”. (ALMEIDA, Roberto Moreira de. Curso de Direito Eleitoral, 2013.p 619).
Verificada a infração penal, o Ministério Público Eleitoral oferecerá a denúncia dentro do prazo de dez dias, ou
requererá o arquivamento da comunicação. Os requisitos gerais da ação penal eleitoral foram estabelecidos,
genericamente, no art. 357, §2º do Código Eleitoral: “a denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e,
quando necessário, o rol das testemunhas”.
Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando a citação
deste e notificação do Ministério Público. O réu terá o prazo de dez dias para oferecer alegações escritas e arrolar
testemunhas. Realizada a instrução do processo, abrir-se-á o prazo de cinco dias a cada uma das partes – acusação e
defesa – para alegações finais. Decorrido este prazo e conclusos o os autos para o juiz dentro de quarenta e oito horas,
terá o mesmo prazo de dez dias para proferir a sentença.
Das decisões finais de condenação ou absolvição cave recurso para o Tribunal Regional, as ser interposto no
prazo de dez dias.
Prevalece hoje o entendimento no sentido da aplicação da transação penal aos crimes eleitorais com pena
máxima de dois anos, bem como da possibilidade de aplicação da suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei
9.099/95), mantida a competência da Justiça Eleitoral.
A ação rescisória pode ser ajuizada perante a Justiça Eleitoral.
De forma genérica, quanto à teoria geral dos recursos, importante assinalar que:
i) Os recursos eleitorais, em regra, não têm efeito suspensivo (art. 257, do CE);
ii) O prazo para interposição de recursos eleitorais, em regra, é de três dias, salvo disposição em contrário,
como no caso do art. 362, do CE;
iii) A regra é pela irrecorribilidade das decisões emanadas do TSE, salvo as que violem o texto constitucional,
deneguem a ordem em HC ou MS, cujas decisões serão objeto de recurso extraordinário para o STF (art. 281, do CE);
iv) Em regra, são irrecorríveis decisões interlocutórias, as quais deverão ser atacadas quando do recurso
contra a decisão definitiva e
v) Os recursos eleitorais dispensam preparo.
No tocante aos recursos que poderão ser manejados no processo penal eleitoral, cumpre destacar, as principais
possibilidades recursais existentes:
a) Apelação criminal: cabível das decisões finais criminais condenatórias ou absolutórias (art. 262 do CE)
proferidas pelos juízes eleitorais, no prazo de 10 (dez) dias. Possui efeitos devolutivo e suspensivo. Deve ser interposta
mediante petição, perante o juízo “a quo” (juiz eleitoral), acompanhada de razoes recursais para apreciação pelo Tribunal
Regional Eleitoral;
b) Recurso em Sentido Estrito: cabível, no prazo de 5 (cinco) dias, nas mesmas hipóteses do processo penal
comum (art. 364 do CE). Produz efeito meramente devolutivo, mas enseja juízo de retratação;
c) Embargos de declaração: cabível para atacar a decisão judicial de qualquer grau quando houver na sentença
ou acórdão obscuridade, dúvida, contradição ou omissão (art. 275 do CE). Gera a interrupção do prazo para outros recursos.
Deve ser interposto no prazo de três dias, a contar da ciência da decisão;
d) Recurso Especial Eleitoral: cabível para atacar decisão proferida pelo TRE, quando tal decisão for proferida
contra expressa disposição de lei, ou ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais (art.
276, I do CE). O julgamento cabe ao TSE. Possui apenas efeito devolutivo. Deve ser interposto no prazo de 3 (três) dias, a
contar da ciência da decisão pelo recorrente. A petição do recurso deve ser apresentada, acompanhada das razoes
recursais, ao presidente do TRE, o qual fará a apreciação dos pressupostos de admissibilidade recursal;
e) Recurso Extraordinário: cabível quando a decisão proferida pelo TSE contrariar disposição expressa da
Constituição Federal (art. 281 do CE c/c art. 121, § 3º da CF). Possui efeito meramente devolutivo. Deverá ser interposto
pela parte interessada no prazo de 3 (três) dias, a contar da ciência da decisão proferida pelo TSE. A petição do recurso
deve ser apresentada, acompanhada das razoes recursais, ao presidente do TSE, o qual fará a apreciação dos
pressupostos de admissibilidade recursal;

56
f) Recurso parcial: contra as decisões da junta eleitoral cabe o recurso parcial, interposto diante de eventuais
impugnações às urnas, cédulas e votos durante o processo de apuração das eleições;
g) Agravo de Instrumento: dirigido ao TSE, no prazo de 03 dias, diante da não admissibilidade do Recurso
Especial.

PALAVRAS-CHAVE: CRIMES DE AÇAO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. RITO BALIZADO PELO


CÓDIGO ELEITORAL E CODIGO DE PROCESSO PENAL. POSSIBILIDADE DE TRANSAÇÃO PENAL

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10.a. A função eleitoral do Ministério Público Federal. Procuradoria Regional Eleitoral.
Ministério Público Estadual.

A função eleitoral do Ministério Público Federal:


Previsão: A CF/88, ao contrário da CF/34 (art. 98) e da CF/46 (art. 125), não contém dispositivo expresso que
contemple um Ministério Público Eleitoral, próprio, com carreira específica, com quadro institucional distinto. Todavia,
conforme explica Fávila Ribeiro, a omissão, absolutamente, não coloca em dúvida a existência do Ministério Público
Eleitoral, nem é de molde a suscitar questionamento sobre o seu caráter federal, porquanto a total responsabilidade pelas
atividades eleitorais vem encaixada na exclusiva esfera da União Federal. A previsão de funcionamento do Ministério
Público Eleitoral encontra-se disciplinada preponderantemente na Lei Complementar n. 75/93 e residualmente no Código
Eleitoral.
Princípios: federalização (art. 37, I, e art. 72 da LOMPU) – pertence ao Ministério Público Federal, a princípio,
a atribuição de oficiar junto à Justiça Eleitoral, em todas as fases do processo eleitoral;
delegação (art. 78 da LC n. 75/93) – se delega aos membros dos Ministérios Públicos Estaduais (promotores de
justiça) a atribuição de oficiar junto aos juízos eleitorais de primeira instância e juntas eleitorais [são indicados pelo
Procurador Geral de Justiça e nomeados pelo Procurador Regional Eleitoral]. Esse principio não é aplicado no âmbito do
TSE e TRE, pois nos tribunais o MPF atua com exclusividade (TSE, TRE’s).
O Procurador Geral Eleitoral (PGE): O Procurador-Geral Eleitoral (PGE) é o Procurador-Geral da República
(art. 73 da LOMPU), o qual designará, para atuar como vice-Procurador-Geral Eleitoral, um dentre os Subprocuradores-
Gerais da República, com a função de substituí-lo em seus impedimentos e exercer o cargo em caso de vacância, até o
provimento definitivo. O PGE atuará nas causas de competência do TSE, podendo designar, por necessidade de serviço,
e desde que haja sua aprovação, membros do MPF para oficiarem perante o TSE, além do vice-PGE. O artigo 24 do Código
Eleitoral traz um rol de atribuições do PGE, enquanto chefe do Ministério Público Eleitoral.

A Procuradora Regional Eleitoral.


Os Procuradores Regionais Eleitorais (PRE’s) e respectivos substitutos são escolhidos pelo PGR dentre os
Procuradores Regionais da República, quando o Estado for sede de Tribunal Regional Federal, ou dentre os Procuradores
da República vitalícios. A designação ocorre para um mandato de dois anos, podendo ser reconduzido uma vez e destituído,
antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior
do Ministério Público Federal (arts. 75 e 76 da LOMPU). O caráter temporário dos mandatos guarda simetria com o
regramento constitucional dos juízes que integram os TRE’s. O art. 27, § 3º c/c art. 357, § 1º, ambos do Código Eleitoral,
estabelecem que o PRE, no âmbito do Estado em que oficiar, exercerá atribuições semelhantes às que são cometidas ao
PGE. Da mesma forma que o PGE tem a atribuição de transmitir instruções aos PRE’s, a fim de que haja uniformidade na
atuação e na adoção de providências para a fiel observância da lei eleitoral, os PRE’s cumprem o mesmo papel quanto aos
Promotores Eleitorais. Assim, nesse particular, os Promotores Eleitorais encontram-se funcionalmente (e não
administrativamente) subordinados a ele, e não ao Procurador-Geral de Justiça.
É oportuno lembrar, ainda, que em se tratando de designação de membros do Ministério Público para atuar
perante a primeira e segunda instâncias da Justiça Eleitoral, não há que se falar no Princípio da Inamovibilidade (CF, art.
128, § 5º, b). Trata-se de função, e não de cargo. A designação funda-se, exclusivamente, na confiança do chefe da
Instituição respectiva, podendo ocorrer dispensa imotivada. Todavia, é de se elogiar a parte final do art. 76, § 2º, da LC nº
75/1993, e recomendar às leis orgânicas estaduais a adoção de disposição igual, a fim de melhor preservar os supremos
interesses da Instituição
TSE: caso haja eventual ato constritivo da liberdade imputado ao PRE, a competência para apreciação do HC
será do TSE, por interpretação analógica do art. 105, I, ‘a’ e ‘c’, da CF, em face da simetria entre os órgãos judiciários (TSE,
HC nº 545).

Ministério Público Estadual


Em razão do princípio da delegação, os membros do Ministério Público Estadual terão a atribuição de oficiar
perante os juízes e juntas eleitorais, primeira instância da Justiça Eleitoral. O Promotor Eleitoral é um Promotor de Justiça
que cumula a função federal eleitoral. Essa atuação é permanente, engloba todas as fases do processo eleitoral e é
exclusiva dessas instituições.
A escolha dos membros dos Ministérios Públicos Estaduais que atuarão como promotor eleitoral foi
regulamentada pelo Conselho Nacional do Ministério Público por meio da Resolução nº 30 de 2008. Verifica-se a que a
escolha do Promotor Eleitoral é um ato complexo, pois a designação do Promotor Eleitoral é feita pelo Procurador Regional
Eleitoral, com base em indicação do Chefe do Ministério Público local. Em sentido diverso, José Jairo Gomes entende que
o ato de designação tem natureza de ato administrativo simples, pois resultante da vontade de um único órgão, qual seja,
do PRE, o qual poderá, inclusive, deixar de designar o Promotor Eleitoral indicado pelo PGJ, desde que haja motivos
razoáveis (discricionariedade regrada) (JOSÉ JAIRO GOMES, 2015, p. 88). Por meio da Resolução n. 30 determina-se,
igualmente, a realização de um rodízio entre os Promotores para exercer a função eleitoral, sendo a designação feita pelo
prazo ininterrupto de dois anos, admitindo-se a recondução apenas quando houver um único membro na circunscrição da
zona eleitoral [caso em que o exercício da função eleitoral será por prazo indeterminado].
Além dos arts. 78 e 79 da LOMPU, a Lei nº 8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) dispõe
sobre a questão no artigo 32, III – elenca que se inclui na esfera de atribuições dos Promotores de Justiça oficiar perante a
Justiça Eleitoral de 1ª instância. Já o artigo 10, IX, h, da Lei nº 8.625/1993, ao prever a competência do Procurador-Geral
da Justiça para a designação de Promotor visando oficiar junto ao PRE, quanto por este solicitado, conflita com as
disposições dos artigos 77, parágrafo único e 79, ambos da LOMPU, eis que tais dispositivos registram a possibilidade de
designação, por necessidade de serviço, de membros do MPF, e não do Parquet Estadual.
Embora não haja previsão normativa quanto à destituição do Promotor Eleitoral, em razão da lógica do sistema,
o PRE poderá destituir o representante do ministério público eleitoral antes de expirar o biênio, desde que haja ato

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fundamentado pautado no estrito interesse do serviço eleitoral (JOSÉ JAIRO GOMES, 2015, p. 88).
OBS.: O exercício de função eleitoral assegura ao promotor de justiça a percepção de gratificação, que
corresponde ao terço do subsídio de juiz federal e não entra no computo do teto remuneratório (a soma do subsídio e da
gratificação pode superar o teto) – (JOSÉ JAIRO GOMES, 2015, p. 89). O art. 2º da Res. CNMP 30/2008 veda a percepção
cumulativa desta gratificação; o art. 3º proíbe seu funcionamento por quem não tenha sido regularmente designado pelo
PRE.

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10.b. A atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral. Fiscalização,
processos, ações e recursos. Legitimidade.

Atuação do Ministério Público Eleitoral junto à Justiça Eleitoral.


Como defensor da ordem jurídica e do regime democrático, o MP possui ampla atuação na JE em todos os graus
de jurisdição e em todas as fases do processo eleitoral – alistamento eleitoral, preparatória, de eleição, de apuração ou
escrutínio e de diplomação e posteriormente a essa fase, na fase de aprovação de contas de campanha.
A natureza dessas lides e a qualidade das partes nelas envolvidas justificam, de per si, a presença e a atuação
efetivas do Ministério Público em todo o processo eleitoral (CPC, arts. 82, 83 e 499, § 2º). Não existe, em Direito Eleitoral,
ato algum – quer de jurisdição voluntária, quer da jurisdição contenciosa – que não seja de Direito Público, não se admitindo,
por conseguinte, seja ele realizado longe do alcance processual do Ministério Público.
Quando não atuar como parte, oficiará como custos legis, com a mesma legitimidade assegurada aos partidos
políticos, coligações e candidatos. Perante o TSE, oficia o Procurador-Geral Eleitoral e o Vice-PGE; no TRE, oficia o
Procurador Regional Eleitoral; na primeira instância, oficiam os membros do parquet estadual.

Fiscalização, processos, ações e recursos.


Todos os feitos concernentes ao processo eleitoral são submetidos à apreciação do parquet, no desempenho
das funções consultiva, instrutiva, administrativa e contenciosa da JE. Fiscaliza o pleito na fase pré-eleitoral, nas
propagandas, no dia da eleição, além de verificar a prestação de contas dos candidatos. São atribuições do MP eleitoral:
(I) Em época sem eleição: a atuação do MPE é reduzida, mas não menos importante. Deve, ordinariamente, o
Promotor Eleitoral, na primeira instância, entre outras funções: (i) acompanhar os pedidos de alistamento de eleitores e os
pedidos de transferência de títulos, bem como os cancelamentos de inscrição, obtendo ou pedindo vista dos processos que
apresentarem alguma particularidade, principalmente em casos do art. 45, § 2º, do Código Eleitoral, requerendo,
representando, recorrendo e contra-arrazoando, se for o caso (art. 45, § 7º, do CE), tudo como se assegura aos partidos
políticos (arts. 57, § 2º; 66 e seus incisos e no art. 71, § 1º, do CE); (ii) acompanhar a fiscalização da Justiça Eleitoral de
primeira instância na escrituração contábil e na prestação de contas dos partidos e das campanhas eleitorais, requerendo
o que entender de direito (art. 34, caput, da Lei nº 9.096/1995); (iii) velar pela correta observância e aplicação da lei eleitoral,
tomando as providências necessárias nos casos de transgressão; (iv) exercer todas as atribuições previstas para a
instauração e andamento das ações penais eleitorais, inclusive da legislação criminal eleitoral extravagante, desde o
recebimento de eventual notícia-crime, representação ou peças informativas, diretamente ou através do Juiz Eleitoral, até
a execução das respectivas sentenças e acórdãos (art. 356, §§ 1º e 2º e art. 363, parágrafo único, do CE); (v) acompanhar,
juntamente com o Ministério Público incumbido da Execução penal comum, as execuções relativas aos processos criminais
eleitorais, aplicando o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 7.210, de 11.7.1984 (Lei de Execução Penal) e art. 38, VII, da
LMPU; (vi) proceder o exame a que se refere o art. 35, parágrafo único, da Lei nº 9.096/1995, quando a prestação de contas
ocorrer perante os juízes eleitorais; (vii) requerer, no juízo eleitoral, a suspensão dos direitos políticos, principalmente em
decorrência da condenação criminal definitiva, promovendo a sua execução e restauração.
(I) Em época eleitoral [e de eleição municipal já que os exemplos se referem à atividade do Ministério Público
na primeira instância] além desse elenco normal de atividades, já enumeradas, que também ocorre em ano de eleição,
acrescenta-se mais o seguinte quadro exemplificativo de atribuições próprias dos Promotores Eleitorais: → Na fase
preparatória do pleito: (i) opinar, em vista que lhe deve ser pessoalmente concedida – e se não for deve ser requerida –
em todos os processos de pedidos de registro de candidaturas de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, haja ou não
impugnação de terceiros, atuando como fiscal da lei eleitoral, podendo, inclusive, requerer diligências imprescindíveis antes
da análise de mérito; impugnar pedido de registro de candidatura, na forma do art. 3º e seguintes da Lei das Inelegibilidades,
atuando como parte e, quando não o for, como custos legis; (ii) fiscalizar amplamente o exercício do direito de propaganda
dos partidos políticos, zelando pelo cumprimento da lei eleitoral e providenciando contra as irregularidades e seus autores
as medidas necessárias (CE, art. 245, º 3º); (iii) ingressar com o pedido de Investigação Judicial Eleitoral, quando for o
caso, na forma do art. 19 e seguintes da Lei Complementar nº 64/1990; (iv) acompanhar o processo de nomeação de
mesários, escrutinadores e auxiliares, oficiando nos pedidos de dispensa e recusa dos serviços eleitorais (arts. 39 e 120, §
4º, do CE), exercendo direito de impugnação motivada, na forma dos arts. 36, § 2º e 121, caput, do Código Eleitoral; (v)
acompanhar a nomeação dos membros das Juntas Eleitorais, exercendo o direito de representar à Procuradoria Regional
Eleitoral, sempre que for caso de impugnação dos nomeados (art. 36, §§ 1º e 2º, do CE); (vi) zelar pela boa execução dos
demais atos preparatórios do pleito, mormente os relativos às seções eleitorais, mesas receptoras e suas localizações (CE,
art. 135, § 7º); → Na fase da eleição: Fundamental e ordinariamente, é de custos legis a atuação do Ministério Público
Eleitoral no dia das eleições. Deve o Promotor Eleitoral ficar à disposição dos assuntos eleitorais, com exclusividade, e
acompanhar a marcha da votação, na sede da sua Zona Eleitoral, durante todo o dia do pleito. Normalmente, junto com o
Juiz Eleitoral – cuja presença física na Zona Eleitoral, de plantão, é também imprescindível – fiscalizam, de ofício ou quando
solicitados, as mesas eleitorais, no mínimo por amostragem. Deve ainda: (i) opinar, oralmente ou por escrito, em todos os
casos surgidos nesse dia, em sua esfera de atribuição, inclusive em matéria criminal (representação de prisão preventiva,
parecer em pedido de liberdade provisória, etc.); (ii) impugnar a atuação de mesário, fiscal ou delegado de partido político,
requerendo a sua destituição toda vez que sua atuação contrariar a lei eleitoral, mormente no que se refere à ilegal
composição da mesa receptora de votos, bem como exercer, se for o caso, o direito de impugnação à identidade do eleitor
(CE, art. 220, I e art. 147, § 1º); (iii) fiscalizar a entrega das urnas certificando-se que todas as seções encerraram o
recebimento de votos no horário legal, observando eventual caso de violação e tomando as providências necessárias (CE,
art. 165, § 1º, I a V); (iv) requerer, quando não determinado de ofício pelo Juiz Eleitoral, designação de policiamento para
guardar as urnas, em prédio seguro, desde a votação até a apuração (CE, art. 155, §§ 1º e 2º); (v) fiscalizar a correção e a
expedição do boletim de contagem a que se refere o art. 156 do Código Eleitoral, pelo Juiz Eleitoral ao TRE (CE, art. 156,
§ 3º). → Na fase de apuração: (i) fiscalizar a instalação da Junta Eleitoral e a regularidade de seu eventual
desmembramento em turmas (CE, art. 160); (ii) acompanhar, pessoalmente, o escrutínio, requerendo as providências
necessárias para coibir ilegalidades da parte dos escrutinadores e auxiliares, candidatos, fiscais e delegados; (iii) zelar pela

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concessão de direito de ampla fiscalização aos partidos políticos; (iv) impugnar fiscal ou delegado de partido político cuja
credenciação, ou atuação, contrariarem a lei eleitoral; (v) apresentar impugnações, interpor recursos, arrazoar e
contrarrazoar, tudo na forma do art. 169 e seguintes, combinados com o art. 24, IV, do Código Eleitoral; (vi) manifestar-se,
em parecer, oralmente ou por escrito, de forma sumária, antes da decisão da Junta Eleitoral sobre as impugnações de
votos formuladas por terceiros, atuando como custos legis (CE, art. 24, IV); (vii) receber, conferir e assinar boletins, mapas
e atas eleitorais emitidos pela Junta Eleitoral, requerendo o que entender necessário para coibir ou corrigir as eventuais
ilegalidades (CE, art. 179, § 4º). → na fase de Diplomação: (i) fiscalizar a expedição de diplomas eleitorais, zelando pela
coincidência de seus dados (art. 215, parágrafo único, do CE) com os resultados da totalização definitiva do pleito,
expedidos pela Junta Eleitoral; (ii) assistir à sessão de diplomação realizada pela Junta Eleitoral, com assento à direita de
seu presidente, sendo dela previamente notificado. (Lei nº 8.625/1993, art. 41, IV e XI); (iii) ajuizar Ação de Impugnação de
Mandato Eletivo ou interpor Recurso contra Diplomação, quando for o caso (CF, art. 14, § 10 e CE, art. 262). OBS.: nas
eleições municipais a atuação do Promotor Eleitoral abrange todos os atos de todas as fases do processo eleitoral; nas
eleições gerais e presidenciais, atuará a instituição em parte da fase preparatória (com exceção dos registros, formação
das Juntas e alguns casos de propaganda), na totalidade dos atos relativos às fases de eleição e da apuração e não atuará
na fase de diplomação.

Legitimidade.
É ampla legitimidade do Ministério Público para atuar, ora como parte, ora como fiscal da lei, em todo o processo
eleitoral, ainda que a legislação eleitoral muitas vezes não o tenha elencado. Não existe a figura do Ministério Público
como substituto processual em matéria eleitoral. Desde o alistamento e seus eventuais incidentes, à diplomação dos
eleitos, e às ações e aos recursos que daí podem decorrer, é imprescindível a atuação do Ministério Público Eleitoral nesses
feitos.
A LC nº 75/1993, ao dispor sobre a legitimidade do Ministério Público em matéria eleitoral, o fez de modo correto,
deixando de elencar a gama de funções a ser exercida, o que sempre é numeração incompleta. Assim, sua legitimidade é
extraída do texto constitucional, conjugado com as atribuições disciplinadas na legislação infraconstitucional comum. A
exceção à regra de ampla legitimidade do MP se observa na execução das multas eleitorais, que se dá pela PFN
com o ajuizamento de execução fiscal perante a justiça eleitoral (TSE, AAG nº 7464).

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10.c. Financiamento de campanhas. Fiscalização. Ações.

Financiamento de campanhas:
Conceito: são os recursos financeiros em dinheiro ou estimáveis em dinheiro arrecadados por partidos políticos
ou candidatos com o objetivo de serem aplicados em gastos de campanha eleitoral. Esta, por seu turno, pode ser
conceituada como o complexo de atos e procedimentos técnicos empregados por candidato e agremiação política com
vistas a obter o voto dos eleitores e logra êxito na disputa de cargo público-eletivo.
Princípios: (I) igualdade de oportunidades: as regras que disciplinam o financiamento de campanha buscam
assegurar a igualdade de oportunidades entre os candidatos na disputa eleitoral, a moralidade, transparência e a
impessoalidade no exercício dos mandatos públicos e na administração da coisa pública, obstando a influência do poder
econômico que tenda a desequilibrar o princípio igualitário; (II) legalidade: as regras da lei eleitoral servirão de orientação
segura para o entendimento da abrangência da dicotomia abusividade/regularidade, justamente por serem regras cogentes,
de ordem pública, e por isso indisponíveis e de incidência erga omnes.
Previsão: as regras legais estão estipuladas na Lei nº 9.504/97, nos arts. 17 a 27, 81 e 99. Embora tais regras
devam ser observadas pelos partidos políticos e candidatos participantes do pleito eleitoral (princípio da responsabilidade
financeira solidária – art. 17 da Lei nº 9.504/97), a Lei dos Partidos Políticos também prevê algumas regras nesse sentido,
voltadas especificamente às agremiações partidárias (Lei 9.096/95, arts. 31; 38 a 44), uma vez que podem ser feitas
doações financeiras aos partidos políticos em época não eleitoral, que podem ser aplicadas em campanhas eleitorais (Lei
9.096/95, art. 39, § 5º).
Limite de gastos: há previsão de que a lei, a cada eleição e até o dia 10 de julho do ano eleitoral, fixará o limite
de gastos dos partidos políticos com a campanha eleitoral. Ausente referida lei, ficará a cargo de o próprio partido político
fixar o limite de gastos (art. 17-A da Lei nº 9.504/97). Também haverá a estipulação de valores máximos por cargo eletivo,
informado pelo partido quando do registro de candidatura. Eventual gasto que ultrapasse tais limites, ensejará a aplicação
de multa incidente sobre o valor em excesso (art. 18 da Lei nº 9.504/97), além de possível ocorrência de abuso do poder
econômico, a desaguar em eventual impugnação do mandato eletivo. O TSE admite a retificação do limite de gastos já
registrado na JE, desde que haja demonstração de fato superveniente e imprevisível que tenha causado impacto sobre o
financiamento da campanha, em ordem a inviabilizar o limite fixado anteriormente (Res. nº 23.217/2010, art. 2º, § 6º).
ADI 4650. O STF está realizando o julgamento da ADI 4650, ajuizada pelo CFOAB, em que são questionadas
regras relativas a doações privadas para campanhas eleitorais e partidos políticos. Na ADI, são atacados dispositivos da
LE (Lei 9.504/1997) e LOPP (Lei 9.096/1995), que tratam de contribuições de pessoas jurídicas e pessoas físicas para
campanhas. A votação atualmente está em 6 a 1 por proibir a doação eleitoral de empresas, sendo que faltam 4 votos, ou
seja: a proibição já ocorreu por voto da maioria. Então, temos que aguardar o fim do julgamento para saber se haverá
modulação dos efeitos. Com a decisão, candidatos precisarão financiar suas campanhas com doações de pessoas físicas
e com verbas do fundo partidário, de origem pública.
Sistema de financiamento brasileiro: é misto, ou seja, mediante recursos tanto da via pública como da via
privada. Pela via pública, ocorre mediante: 1) Fundo Partidário, cuja constituição legalmente prevista descreve
subvenção de verbas públicas (Lei 9.096/95, arts. 38, I, II e IV; e 40), na forma dos valores recolhidos pelo erário a título de
aplicação de multas e penalidades pecuniárias eleitorais e partidárias, de eventuais recursos financeiros destinados por lei
e, ainda, de dotações orçamentárias anuais específicas; 2) custeio da propaganda partidária gratuita, no rádio e na
televisão, pois às emissoras é assegurado direito à compensação fiscal pela cessão do horário (art. 45 c.c. 52, § único,
ambos da Lei nº 9.096/95 - Decreto 7.791, de 17.08.2012); 3) custeio da propaganda eleitoral gratuita mediante o horário
obrigatoriamente reservado e cedido pelas emissoras de rádio e televisão (essa cessão compulsória de horário é custeada
pela compensação fiscal garantida pelo poder público às citadas emissoras (Lei 9.504/97 - art. 99); 4) renúncia fiscal, em
virtude da imunidade prevista no art. 150, VI, ‘c’, da CF, pois é vedado a instituição de imposto sobre o patrimônio, renda
ou serviços dos partidos políticos e suas fundações. Já o financiamento privado, que se assenta no princípio da
transparência, dá-se pela possibilidade de doações financeiras de origem privada a partidos políticos (no caso dos
partidos, inclusive por meio de doações ao Fundo Partidário) ou candidatos, tanto por pessoas físicas como jurídicas, além
da utilização de recursos próprios dos candidatos, doações oriundas do comitê financeiro ou do partido e recursos
provenientes da comercialização de bens ou realização de eventos com o fim próprio de aplicação em campanha
eleitoral.
Limite de doações: O limite do financiamento privado é de até 10% dos rendimentos auferidos por pessoas
físicas no ano anterior ao da eleição. Quanto às pessoas jurídicas, o limite é de até 2% de seu faturamento bruto no ano
anterior ao da eleição. No caso de utilização de recursos próprios dos candidatos, o limite é o valor máximo de gastos
estabelecido pela lei ou, na ausência desta, pelo seu próprio partido.
Sobra de recursos: Se, ao final da campanha, ocorrer sobra de recursos financeiros, esta deve ser declarada
na prestação de contas e, após julgados todos os recursos, transferida ao partido. As sobras de recursos financeiros de
campanha serão utilizadas pelos partidos políticos, devendo tais valores ser declarados em suas prestações de contas
perante a Justiça Eleitoral, com a identificação dos candidatos.

Fiscalização:
A fiscalização dá-se mediante a fiscalização contábil exercida pela Justiça Eleitoral, por meio das seguintes
regras: 1) Movimentação financeira exclusiva em contas bancárias específicas para fins eleitorais, abertas pelos
comitês financeiros e pelos candidatos antes de quaisquer ocorrências de arrecadação e aplicação dos recursos financeiros
eleitorais (art. 22 da Lei nº 9.504/97). Há casos que excepcionam a obrigatoriedade de abertura da conta bancária (§ 2º). A
Lei nº 9.096/95, no art. 35, prevê a possibilidade de quebra do sigilo bancário dessas contas. A origem dos recursos
financeiros é de extrema valia, tanto que o legislador eleitoral previu um rol das chamadas fontes vedadas (art. 24 da L.
9504/97), as quais não poderão ser utilizadas em campanha, sendo transferidas ao Tesouro Nacional. Por outro lado, a lei
eleitoral também elenca em rol exemplificativo os gastos eleitorais sujeitos a registro (artigo 26). 2) Constituição e
registro de comitês financeiros, órgãos partidários temporários e de constituição obrigatória, que não possuem

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personalidade jurídica própria, responsáveis pela arrecadação e aplicação desses recursos em campanhas eleitorais, as
quais serão administradas pelo próprio candidato ou por terceiro designado (arts. 19 e 20 da Lei nº 9.504/97). Aludido órgão
é sempre vinculado a partido, não sendo admitido comitê financeiro de coligação. Embora a lei tenha fixado data certa para
sua criação (até 10 dias úteis após a convenção partidária de escolha de candidatos), não há quanto à extinção. 3)
Inscrição de candidatos e comitês financeiros em Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) antes de
quaisquer ocorrências de arrecadação e aplicação dos recursos financeiros eleitorais. Tais inscrições são temporárias,
sendo canceladas ex officio pela Receita Federal do Brasil. 4) Comprovação de doações a candidatos ou partidos
mediante emissão de recibos eleitorais correspondentes aos valores doados, sendo documentos oficiais e obrigatórios,
pois viabilizam e legitimam a captação de recursos para a campanha. Sua não emissão acarreta irregularidade insanável,
por conseguinte, desaprovação das contas. 5) Prestação de contas eleitorais por partidos e candidatos e prestação de
contas anuais partidárias (arts. 28 a 32 da Lei nº 9.504/97). Visa conferir maior transparência e legitimidade às eleições,
porquanto possibilita aferir e cercear o abuso de poder econômico. Em eleições majoritárias, a prestação de contas dar-se-
á obrigatoriamente por meio do comitê financeiro. Já nas eleições proporcionais, há a legitimidade do próprio candidato,
além do comitê financeiro. Os §§ 3º e 4º do art. 22 da Lei nº 9.504/97 disciplinam que o efeito da rejeição da prestação de
contas não se encerra no próprio ato de desaprovação. Isso porque a não aprovação das contas, por si só, não impede a
diplomação. Assim, caso haja comprovação do abuso de poder econômico, ensejará o cancelamento do registro da
candidatura ou cassado o diploma, se já outorgado. Sendo inviáveis tais medidas, as quais poderiam ser levadas a efeito
através de ajuizamento de ação de impugnação do mandato eletivo ou recurso contra a expedição de diploma, ao menos
possibilitará a remessa ao MPE para fins de AIJE (art. 22 da LC nº 64/90), o que permitirá eventual inelegibilidade do
investigado nos 08 anos seguintes ao da eleição em que ocorreu a fraude na prestação das contas. OBS: A PGR ajuizou
a ADIN 4899 com pedido de MEDIDA CAUTELAR, para que o e. Supremo Tribunal Federal dê interpretação conforme a
Constituição Federal ao § parágrafo 7º artigo 11 da Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, para que a expressão
"apresentação das contas", que integra o conceito de quitação eleitoral, presente no referido dispositivo legal, seja
entendida em seu sentido substancial, em consonância com a ordem constitucional, e não apenas literal, devendo a certidão
de quitação eleitoral abranger, a apresentação regular das contas de campanha.

Ações:
AIJE: O art. 30-A da Lei das Eleições prevê que qualquer partido político ou coligação poderá representar à
Justiça Eleitoral, no prazo de 15 dias da diplomação, relatando os fatos e indicando provas, e pedir a abertura de
investigação judicial para apurar as condutas em desacordo com as normas referentes à arrecadação e gastos dos
recursos. Trata-se de instrumento que objetiva impedir a influência do abuso do poder econômico e do poder político, a fim
de que a vontade livre do eleitorado represente legitimamente a soberania popular. Embora o dispositivo legal não
contemple expressamente, José Jairo Gomes entende que o MPE e os candidatos também ostentam legitimidade ativa.
Importante registrar que não se veicula nova hipótese de inelegibilidade, mas negação ou cassação de diplomação (ato
administrativo declaratório do resultado das eleições).
PCON (Prestação de Contas): encerradas as eleições, determina a lei que os candidatos, partidos e comitês
financeiros prestem contas à Justiça Eleitoral dos recursos arrecadados e gastos efetuados com a campanha. As contas
de cada qual deles devem ser prestados de modo individualizado o instituto da prestação de constitui o instrumento oficial
que permite a realização de contrastes e avaliações, bem como o controle financeiro do certame. Para José Jairo
Gomes, embora instaurado na justiça eleitoral, o processo de prestação de contas (PCON) possui natureza
essencialmente administrativa. É público e, por isso mesmo, pode ser livremente consultado por qualquer pessoa, ainda
que não tenha participado das eleições. (JOSÉ JAIRO GOMES, 2015, p. 88). Há, porém, precedentes do TSE afirmando
que, após a edição da Lei nº 12.034/2009, os processos de prestação de contas de campanha têm natureza judicial,
com possibilidade de interposição de recursos, conforme o disposto nos §§ 5º, 6º e 7º do art. 30 da Lei das Eleições, o que
implica a necessidade de estrita observância das disposições previstas na legislação eleitoral, não havendo possibilidade
de mitigação da coisa julgada com base nos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. (Agravo Regimental no
Agravo de Instrumento nº 834-14/MG, Relator: Ministro Arnaldo Versiani. DJE em 8.2.2012). Contas parciais: antes mesmo
da instauração do PCON, o art. 28, §4º, da LE, impõe aos partidos, coligações e candidatos a obrigação de prestar contas
parciais. Prazo: as contas finais dos comitês financeiros, partidos e candidatos devem ser prestadas até o 30º dia posterior
às eleições; havendo dois turnos de votação, as contas dos candidatos que disputá-los deverão ser apresentadas de uma
só vez, no mesmo prazo aludido, computado, porém, da realização do segundo turno; sendo único o comitê para as eleições
majoritárias e proporcionais, sua prestação de contas será feita normalmente no 1º turno, devendo ser complementada
quanto ao segundo, abrangendo, porém, a arrecadação e a aplicação de recursos de toda a campanha eleitoral; o mesmo
deve ocorrer em relação a partido cujo candidato majoritário dispute o segundo turno. OBS.: é importante que o prazo seja
cumprido, porquanto sua inobservância impede a diplomação dos eleitos, eis que ninguém poderá ser diplomado sem que
suas contas de campanha estejam julgada; mas é interessante notar que a não aprovação das contas, por si só, não obsta
a diplomação (para a cassação do diploma ou do mandato, é preciso que se ajuíze ação própria); julgamento: ao julgar as
contas, poderá a justiça eleitoral: (i) aprová-las, se estiverem integralmente regulares; (ii) aprová-las com ressalvas, se
verificadas falhas formais ou se materiais, que não lhes comprometam a regularidade; (iii) não aprová-las ou rejeitá-las,
quando constadas faltas materiais não sanadas ou insanáveis que comprometam sua análise adequada ou sua
regularidade; (iv) julgar não prestadas as contas, quando não forem apresentadas espontânea e tempestivamente, quando
não forem apresentadas após notificação da justiça eleitoral (na qual conste que devem ser prestadas em 72 horas) ou
quando forem apresentadas sem a documentação necessária para análise; efeitos: (I) a desaprovação das contas de
campanha pode ensejar (i) perda do direito do partido de receber quota do fundo partidário no seguinte ao trânsito
em julgado da decisão (LE, art. 25); (ii) perda do diploma e inelegibilidade dos candidatos beneficiados caso fique
demonstrado abuso de poder econômico (LE, art. 25 c/c LC64/90, arts. 19 e 22, XIV) ou arrecadação ou gasto ilícito de
recursos na campanha eleitoral (LE, art. 30-A); (II) o julgamento das contas como não prestadas implica: (i) quanto ao
candidato, impedimento de obtenção de certidão de quitação eleitoral; (ii) quanto ao partido, perda do direito à cota do fundo
partidário no ano seguinte ao da decisão.

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Ação por doação irregular a campanha eleitoral: a doação por pessoa física é regrada no art. 23, §1º, da LE,
que limita a doação a 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição; a doação de pessoa jurídica é
prevista no art. 81, §1º, da mesma lei, devendo limitar-se a 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição. Nos dois
casos são previstas sanções para a extrapolação do teto legal, ficando o infrator sujeito à multa de 5 a 10 vezes a quantia
em excesso. O doador pessoa jurídica também pode ser proibido de participar de licitações públicas e de celebrar
contratos com o poder público pelo período de 5 anos. Ademais, tanto o doador pessoa física quanto os dirigentes da
pessoa jurídica ficam sujeitos à inelegibilidade pelo prazo de 8 anos (LC64/90, art. 1º, I, p), a qual deve ser declarada por
ocasião do processo de registro de candidatura. As sanções previstas nos arts. 23 e 81 de LE só podem ser impostas
judicialmente (não decorrem do poder de polícia, ou seja, não podem ser aplicadas de ofício). De acordo com JOSÉ JAIRO
GOMES, apesar de prevista na LE, o rito a ser seguido para esta ação é da AIJE (art. 22 da LC64/90), porque: a) se o réu
for PJ, o art. 81, §4º, da LE, impõe a sua observância; b) se o réu for PF, eventual declaração de inelegibilidade fundada
no art. 1º, I, p, da LC64/90 só será viável se tiver havido sua observância. Legitimidade ativa: qualquer partido, coligação
ou candidato, além do MP. Legitimidade passiva: apenas o doador, seja PF ou PJ; candidato beneficiado não tem
legitimidade passiva ad causam para esta ação, podendo ser demandado em ação própria (art. 30-A, LE) por abuso de
poder econômico. Prazo: inicial – em regra, após o encerramento do PCON; final – até 180 dias após a diplomação (TSE).
Competência: juízo eleitoral do local em que o doador for domiciliado ou tiver sua sede (TSE); obs.: o domicílio é o civil, e
não o eleitoral. Provimento jurisdicional: tem caráter condenatório, pois aplica multa pecuniária ao réu ou o impede de
celebrar negócios com o poder público (não há constituição de inelegibilidade).

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