Você está na página 1de 119
Antonio Sérgio Alfredo Guimaraes CLASSES, RACAS E DEMOCRACIA 2 adicto revise editoralll34 EDITORA34 ors 36 Lida, Rus Hunts, $92 Jardin Europa CEP 01455:000 So elo SP Bras Tels (13) 3811-4777 wwwaditors34.combe Copyright © Eos 34 Ldn, 2002 Clase, ase democraci © Axton Sérgio Aledo Guimeties, 2002 igo confeme oAcordo Ontogrice de Lingua Portgues apa, poe geforce [racer e Mala Produc Grin Reva: ‘Adie de Ole Fim 1° Ego - 2002 (1 Reimpresso), 2 Ea -2012 Ctalogaio ms Fonte do Deparamenca Nacional do Livro (GandagioBibiesa Nacional RJ, Basi Ne . J CLASSES, RAGAS E DEMOCRACIA Nota a2 edigio Agradeciment9snnnnnen ‘Aprecenasio 1. Castes soa O grande comes do anor 1960 indole meds (0 ed eon empress como gees scl Onestder sore formesio da case atlhadrs race — Cesar sobre a dans mia. * Oresader sobre ocampesinat 0 pcetciad Wl Noor eto de dame lame ome “cong aad nn Codie ae eee 2, Raga, core pobreza no Brasil Redondo «ens de rp we Ragen co al sa : ‘Arcus da pobress pan ea lgunar cent Conchtee 5. olives deitepragio epics de idenidade O vtoagro es stci pcs (O cnformao ner 2 alte do nonimes vo == © gulabina oa intra ‘Abas do Nascent ov oe 1980, : (tino da coco. 4. Discos e avestos da nacionalidade 7 A matic anne meine 0 58 on ‘Ants mercum o acto do pert 0 tail dene uma denser ci. ‘in nove entad nce bree? ‘Onset prsocinconk x bina B a a 2 05 109 ir 5. Democraia racial Democrat « herrqia sol ‘Arr Ramor es denosaca ( "kiero de damocrac de Rape Baas (conten cal democrsc, ‘Ono presto neio eo “ito da dems al" | dononei ai ngust ito eta lea, 6,0 mig anverso:oinsulto cai. ( queso or atari? As seas suo Insadore inane (Os insults peoerdos em siteacto de erabaho (mk no ito cen ean tian Grades Biblografia 137 i 185 179 18 we 206 NOTA A2* EDIGKO Poucos anos depois da 1" edo dese iro, dois captulos ‘stvam envehecid plas novas pesquisas que visham luz © pelo avango de minh reflexes, echados eleiars O capitulo 2, qe trata da casifiacdo racial no Beaie da conceicuagio de ‘core rapa, foi sendo pauatinamente superado por meus novos cocrits, medida que invesigava ae medangat nos aimeros cen sisrone das pesquisa de opnizo, eme envovia na discssio so bre impacto dainerodacdo de agbes airmativas para ngrosso- breo modo como o brass se lssficam por co. O capieulo 5 sobre democeacia racial, sofreu aterege ainda mais media tas, No que pes a contesio da maha linhs de interpreta as esque hstricascomecarama razr novos fos, coatrasian- doa datogo que utilis, Pade também, com o tempo, ferme Thora distngo entre a hstxia da expesstonominl ea hic da dei, Figg, poreno, no aguardo dessa oportunidad de uma 2 digi para corigieactescentar informs, News dei capi- ‘log, mexibarsnte: ler’ ordem, aerescenteipassgens, sop ri outras, O leitor encontrar neles uma exposiclo arualizada, tej da discusso sobre a vtlizagio do conceito de raga na socio Jogi, ej a evlugSo do noso sistema decasfcago rail "No restate dos eaptlos, contrariamene, pouco fi alte rad, Foram subtiidas ow acrescentadspalaiasaquieali,ape- ‘aa para preisr oeentido de cera fester, o leva em conta corse mudaneas registzadas nos tltimos dex eres. Antonio Serio Alfedo Guimartes Noa a2 alo 7 AGRADECIMENTOS Os capitulos que compdem et io resultam de projetos de pesquisa realizados com o apoio financeio de diversas inst tig eapncins de foment. Eatre elas Fundacio Ford, a vis da dotegion” 0980-1814; a ANPOCS (Asociagto Nacional 6 Pés-Graduagto em Citnciae Soci) a CAPES, através do projto "O que lens cinca socal brasileira”; o CNP, através de uma boa de produtividade de pesquss;« FAPESP, através dda conessio de uma bola pesquisa no exteriog, entre dezembro de 1999 efeveeito de 2000. Dente insiuiges que apoiaam tis projets ctio © Departamento de Sociologia da USP, através de Liseas Negro e Sedi Hirano, e Centre des Recherches st le rl Contemporaa, dda Boole des Hauees Brdes en Sciences Sociales, acavés de Ali io Garcia, "Nadya Araujo Guimaries tev paciénia para tever os oi- Binais do ive, sugeindo melhoras no estilo na argumentagho Mario Maced, Fvie Mateus Rios, Rita Hipslit eUvanderson Vitor da Silva, meus asistente de pesquisa, ajudaram na cole cde material ena organizacio da biblografia. Os mevs grades -mentot ds oueaspestoas que disatram verse anteriores dos textos que compiem ese lv esto express em cada um dos capiuos. Ness encontrs-se tami a refertaciabiblicgrtica da verso publiads om revistsacadémica ou apresentada em con- reso centfico. ‘ lanes, gt damocrca APRESENTAGAO Belvo reine artigos escrito por mim entre 1999200 (que os une so dua indagagses que me tim sido constantemente epi: prairs, qual a ela ente classes e aga” ee nda, o sue sigs, final, democraca racial? ‘A idea de que a dsceiminagio eo preconcio de qu so fem or ngioe no Bras, astm como ae desigaldades acini ent rancor enegro, im um fandameno de “lasso” Gua dia que peesiteapesir de das tentative anteriemente, po min. tu por outrs, pars demonsraro seu cate racial, Do mesmo ‘mode, dei de que a democraia racial 6 a0 fimeaocabo, ums doutrna saisfeSra ou, pelo menos, fandadora de um possve fuuro de relagBee no racias entre os grupos de cor parece re- sistent & dendncia do “mito da democracia racial”, Nos cap los que segue, nto desendar a permannca deans concep (que poderiachamar também de use) No captain dese iz, resenho a trsjetériaacadémica do concrito de “clasts coca” na soiologia brasileira. O co ‘eto de “clase”, como sabemos, anhou univesalidad ef So através dos esertos Ge Mars e dos mercss, Para demons trae que a sciedade capitalist moderna a aociedade burgues, devia sa dinmicae seu dseenvolviment & explragio dos balhadores, Marx (1967), subaiu de sua andlise da relagio social de twabalho no capitalismo todas as formas de coesio nto conSmicas que pudestem conspurcar esa elagho (0 gbsero, a ceni, aida, 2 raga, a eligi, a nacionalidad ee). Soa inte #0 era encontrar eanalsar arelacdo de explorasio entre capital Apeeseasio ’ «trabalho que fossetpicarmente capitals. O argument polit 0 erroneamente derivado dessa andlize em abstato, que tito deve ao evolucionismo do século XIX, fi o de que a classes s0- las capitalists se formam prescindind de qualquer uma daque- Jas formas de sociabildade,consideradas pari dai como for ras arcaica, a seem superadas pelo prdprio regime capitalists, (a, oconcit de clases css capitalists nade maisé que tum ecusosnaitico para refvies ese ipo de exporasio, a, ra pritca socal e no mundo real, aparece sempre mistucsdo a hrierarquins de gneco, de a5, tia ou eure forma qualquer de ‘onstugdo de outsiders (Blase Scorson, 1994). 0 problema te eo deve sercolozido como de explora on aproprasiodileen cial de cursos. Assim autlogicamentee pos defnigto, ose pod xcapar do fao de que as desigualdades rac no explana ‘ejam também desgualdades de classe (ail atase de apropri- 650 diferencia). Do mesmo modo, of preconcitos de cor ou de aga 6 sentido se resutarem em poses de ase dsingui- so brancos de negres, no caso espeifico de que extamos tratando (0 fato de que tas preconceitose desigualdadesperstam na in- terior de uma mesma clase 60 modo gic mais cava dedemons- tearaatuagiode componente picamente “aca na erag des ‘5 desigualdades. Ou sa, constanerecriago de aga, get08 ‘enias continua send un doe moe mais ficientes de ger ex plorago econémica etal “tecnologia” loge de se suplantada no ‘apitelismo tard, zm sido constancementereatvaizads [No primeieo capitulo dete lio, portnto, me dado a senhar bos pare da teratura sociolégia basa para desco- brica tajetécia do conzrco de “classe” entre née Mew objetivo, ‘mais que contextuaiar €alarpara concepsio de “laste” para sila nfo apenat como categoria anaitis, mas como grupo de pevtzaga. liso para suger qu, seguindo a inuigio native, no Basil 0 “negro formam uma “classe” No segundo capelo, 20 contri, volto-me pats exclar ‘er como a palavra “raga” pode e deve ser empzegada como con cto analitieo, Nes capil, reromo os argumentos do met li ry hae age denser eee ‘ro anterior (Guimaries, 1999), nriquecendo-o com odidlogoe debate proficuos que estabeleci com alguns dos mews cxticos. [No capitulo teresiro, sco ceincerpreta oncervalo demo- critica enre 1945 ¢ 1964 como compromise politico, a um 36 tempo racial ede lasses. Ou sea, ness capitulo avangoatese de ‘que democracia rail basilica nfo foi apenas doutina de convivéncia pacifea entre a ragas 0 ideologia de dominacko sacl, ou mesmo mite fundador da nacionalidde brasil oi tambéns e piacpalment, um pacte econdmico politico que unin a mass negra urbana (formada prncipalmente por taba- Inadores) eos intelectani negros 20 etabiebmve (lies poll as, intletuase econdmica) do Estado desenvalvimentis [No quarto capitulo, ta dreamente da formacio do ima- intio nacional do Brasil modemo e das mudancas que podem ‘er observadsereentemente na nossa *democraca racial”, mie cespeciicamnente das fisuras que expae,nessecomeg de séclo, ‘o nosso senimento de nacionlidade. Nese capitulo, invito na temporlidade istoricidade dete sensimento, abordando alga sas eenSessecentes que apercem no sto tao com os ind- ‘tenas eos negros. No final, ato dos imigranes nordstnos. Investig orig desu discrimingio, algo que antecedea gran de imigrogdo pare Sudeste, nos anos 1950, Meu argumento & ue o preconcico cones 0s "bianos” ¢*nordestinos” twceuse no século XX — apd primeira leva de madernizagfoem fina dos ctecentoe —,a patie dasubetinigio da heranga clea = sorbraciae colonial pela modemidade exropei,estignasizen oa tudo ea todos que remetiam Aquele passado. © Nordest, paricularmentea Bahia, enordestinospasaram a ser asociados ‘0 atraso, ao acsico, a0 aveso do trabalho ive evolntaior, Eis forma de eagmatizar os outros pelo que aces aibuinos de antimodern endo eropeu paece Set uma constance no n05- se mode deser,aimentando os stigmas quecalivamos também em rlagdo« outros grupos éenico, soiaisenaconas. "No quinocapilo,examino a construsioe valgarizaclo da ‘ein de demoeracia racial, assim como sua aparente disolugso Apeseaaio "

Você também pode gostar