Você está na página 1de 128

Prof.

Alê Lopes

EsPCEx
2024

AULA 08
Contemporânea II.

Prof. Alê Lopes

AULA 08 – Contemporânea II 1
Prof. Alê Lopes

Sumário
Apresentação 4

1. A Europa entre 1830 e 1848 5


1.1 Ondas de Revoltas Liberais e Nacionalistas 1830-1848 5
1.2 República Francesa, 1848 11

2. Pensamentos e Ideologias do Século XIX 14


2.1 Socialismo utópico 15
2.2 Socialismo científico 18
2.3 Anarquismo 19
2.4 Teoria Social da Igreja Católica 21

3. A Europa entre 1848 e 1870 25


3.1 Unificação Itália e Alemanha 27
3.1.1 Itália, 1861 28
3.1.2 Alemanha, 1870 30

4. Imperialismo do Século XIX 36

5. Positivismo, Evolucionismo e Darwinismo Social 41


5.1 O contexto intelectual: do iluminismo ao Positivismo 41
5.2 O positivismo 43
5.2.1 - As ideias centrais do positivismo 45

6. A dominação e a resistência na África e Ásia 48

7. Estados Unidos no século XIX e XX 53


7.1 A Guerra de Secessão 1861-1865 54
7.2 Nasce uma Potência Mundial: o imperialismo dos EUA 57

5. Lista de questões EsPCEx 59

6. Lista de questões da profe. Alê Lopes 67

7. Lista de questões para Aprofundamento 71

8. Gabarito das questões 77

9. Lista de questões EsPCEx - comentadas 77

10. Lista de questões da profe. Alê Lopes – comentadas 101


AULA 08 – Contemporânea II 2
Prof. Alê Lopes

11. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas 115

Considerações Finais 128

AULA 08 – Contemporânea II 3
Prof. Alê Lopes

Apresentação
Olá queridos alunos e alunas, futuros cadetes

Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar com vocês
nosso trabalho e participar dessa batalha dura e constante na luta pela conquista da sua vaga.

Nas aulas 4 e 6 estudamos os processos em torno dos embates entre o Antigo Regime e o Liberalismo.
Assim, estudamos as experiências ocorridas entre o final do século XVIII, na Inglaterra e Estados Unidos da
América, até meados do século XIX, Revolução Francesa, Era Napoleônica e Congresso de Viena.

Nesta aula, falaremos sobre os desdobramentos desse longo processo de transformações. Nosso foco
são as experiências ocorridas na segunda metade do século XIX caracterizadas pela consolidação dos
princípios e práticas econômicas do capitalismo liberal-industrial. Também falaremos da expansão desse
modelo político econômico para outros continentes por meio de uma série de conquistas que a historiografia
costuma chamar de Imperialismo do Século XIX, Partilha Afro-Asiática ou Era dos Impérios.

Nesse cenário inúmeras ideias e pensamentos surgiram para criticar ou justificar as práticas capitalistas
e os acontecimentos mais gerais. Falo das ideias do socialismo, comunismo, anarquismo, doutrinas sociais da
igreja, liberalismo, evolucionismo e positivismo

Por fim, esse momento tem uma importância fundamental para você entender as causas da 1ª. Guerra
Mundial. Sim, pessoal, esse momento de expansão também é conhecido como aquele que forma as causas
que colocaram as potências europeias em rota de colisão!

Perceberam que a aula é densa, né!? Mas, viu, acalme-se, pois este não é um tema que cai muito na
Prep, não. Então, cabeça fria, só não vele pular a aula, hein!

Já sabe: pega seu café e sua ampulheta e vem comigo para esse mundo Europeu da segunda metade do século
XIX. Bora!!

1830 1914

1870

AULA 08 – Contemporânea II 4
Prof. Alê Lopes

1. A Europa entre 1830 e 1848


Entre 1830 e 1848 ocorreu uma série de revoltas na Europa. Elas tiveram como características comuns
ser contra a política de restauração do antigo regime, do Congresso de Viena. Também expressaram os
primeiros descontentamentos com os limites das políticas liberais implementadas por governos moderados
que chegaram ao poder. Nesse momento, muitas ideias políticas e sociais surgem e tornam as disputas
políticas mais intensas. O liberalismo se multiplica em inúmeras interpretações e acaba por dar origem a novos
pensamentos, palavras, conceitos, ideologias. A organização política espacial da Alemanha e da Itália
começam a mudar a partir dos processos de questionamento à ordem até então estabelecida.

O capitalismo, agora como um sistema mais amplo, tornou-se mais complexo, pois se desenvolveu e
se fortaleceu como um modo de produção hegemônico. Isso também promoveu alterações nas relações entre
as classes sociais deslocando o conflito social para o embate entre burguesia e operariado.

1.1 Ondas de Revoltas Liberais e Nacionalistas 1830-1848


Diante daquele contexto explosivo, em julho de 1830, eclodiram novas rebeliões populares lideradas
pela alta burguesia. Foram as chamadas Jornadas Gloriosas ou 1ª Onda Liberal.
Nessas revoltas que agitaram a França e influenciaram movimentos em diversas partes do mundo
Ocidental, como Portugal, Espanha, Holanda, Prússia, Itália, Polônia, até mesmo, Brasil, os ideiais do Projeto
Iluminista voltaram à cena.
Essas rebeliões tiveram caráter liberal
e nacionalista e, na França, recuperaram todo
o ideal da Revolução Francesa de liberdade,
igualdade e fraternidade. Assim como naquele
processo, nas Jornadas Gloriosas diversas
classes sociais se uniram para derrubar o
Antigo Regime. A alta burguesia, mais
preparada oral e politicamente, liderou o
processo convencendo os demais grupos de
que era necessário um equilíbrio entre as
forças políticas para que, assim, o absolutismo
fosse derrotado definitivamente.
A liberdade guiando o povo, Eugene Delacroix,
1830. Museu do Louvre, França.

Essa Onda Liberal inspirou muitos


artistas, expressões do Romantismo – como Eugene Delacroix e Victor Hugo, com as respsctivas obras: A
Liberdade Guiando o Povo e Os Miseráveis.
Rapidamente vamos analisar alguns elementos:
➢ Vejam os corpos mortos/caídos ao chão. Pelas vestes podemos dizer que representam os membros das
forças reais, que foram vencidas.
➢ No primeiro plano a Mulher que representa, como o nome da obra sugere, a Liberdade. Ela guia o povo.

AULA 08 – Contemporânea II 5
Prof. Alê Lopes

➢ Em segundo plano está O Povo formado por classes e grupos sociais diversos. Vejamos:
• o menino mais novo com duas armas pode representar os estudantes, membros da média
burguesia – grupo muito atuante na Revolução (como descreve Victor Hugo em Os
Miseráveis);
• o homem de cartola e uma arma maior representa a alta burguesia. Ele está à frente do resto
do povo;
• Atrás do homem de cartola está um homem de macacão e boina e com um facão na mão e
um revólver na cintura. Ele pode representar a classe trabalhadora;
• Figura intrigante á aquela que está ajoelhada aos pés da liberdade com um lenço na cabeça,
trajes muito simples e sem qualquer arma na mão. Pode representar as classes mais pobres
da sociedade francesa, sem trabalho, completamente vulnerável
• Governo de Luís Filipe de Orleans 1830-1848
O desfecho das Jornadas de Julho foi a ascensão de um novo rei, Luís Filipe de Orleans, apelidado de
“rei-burguês” ou “o rei dos banqueiros”.

Mas Profe, rei? Toda essa briga para colocarem um novo rei?

Sim, querida e querido aluno, lembra de que o movimento foi liderado pela alta burguesia? Pois bem,
essa experiência das Jornadas Gloriosas começa a nos mostrar que a alta burguesia começava a se descolar
politicamente dos interesses da média e da pequena burguesia, muito mais dos trabalhadores do campo e da
cidade.
Na França, a alta burguesia era composta especialmente pelo setor financeiro que tinha interesse em
manter altas taxas de juros. Contudo, como a média e pequena burguesia precisavam de empréstimos
constantes para financiar a expansão econômica, principalmente os envolvidos no processo de
industrialização, as altas taxas de juros eram inviáveis.
Além disso, a alta burguesia temia o que eles chamavam de radicalismo político das outras frações da
burguesia.

E o que vem a ser esse radicalismo, Profe?

Radicalismo político, nesse momento histórico era a defesa da ideia de REPÚBLICA. Essa forma de
governo era entendida como mais democrática do que a Monarquia Constitucional, uma vez que aumentava
o grau de representatividade política dos grupos sociais. O sistema eleitoral deveria ser operacionalizado pelo
voto universal e não o censitário para que, assim, todos os grupos sociais, inclusive os menos abastados,
pudessem participar da vida política da nação. Perceba que a ideia de República se aproxima da de democracia
que também começava a ser debatida naquele momento.

AULA 08 – Contemporânea II 6
Prof. Alê Lopes

Alexis de Tocqueville foi um dos principais deputados do parlamento francês a


defender a República. Para ele, a liberdade se realizaria na democracia de forma que
igualdade (civil e material) e liberdade andariam juntas. Porém, a democracia
defendida por Tocqueville não fazia oposição somente ao absolutismo, mas também
à possibilidade de a massa descontrolada se tornar tirânica, a exemplo do que vimos
no Terror da Revolução Francesa. Assim, esse importante pensador francês alertou
para o perigo da “Tirania da Maioria”. Ou seja, mesmo uma democracia poderia levar à ditadura.
De toda forma, apenas a participação dos indivíduos na política e no sistema político, de forma
ativa (com debates, críticas, elaborações), poderia construir uma República mais igualitária.
Tocqueville, dentre outros, escreveu A democracia na América e O Antigo Regime e a Revolução.

Apesar de tudo isso, o Governo do Rei Burguês foi marcado pelo retorno de várias medidas liberais
que tinham sido revogadas pelos irmãos Luís e Carlos. Seu principal objetivo era alcançar uma ordem social
interna estável, sem conflitos, rebeliões, revoltas ou qualquer outra contestação que pudesse ameaçar os
interesses da alta burguesia.
Vejamos algumas inciativas:
✓ Reformulação da Constituição acentuando aspectos liberais
✓ Laicização da educação
✓ Sistema legislativo representativo apenas por voto censitário (o rei não indicava mais nenhum
deputado)
✓ Liberdade de Imprensa
✓ Proibição dos sindicatos

Pretendia-se, com esse controle social interno, promover o desenvolvimento do capitalismo francês.
Não esqueçam que, na França, a industrialização ainda precisava ser alavancada já que passara grande parte
da sua história envolvida em conflitos políticos.
De fato, a França cresceu durante os 18 anos do governo do Rei Luís Filipe. Mas, tal como ocorrido em
qualquer país de capitalismo recente, as condições de trabalho e salário eram muito complicadas. Os setores
médios da burguesia também não conseguiram concorrer com os ricos burgueses favorecidos por políticas de
concentração de renda via políticas tarifárias de alta taxação.
Além disso, estamos falando da França, não é mesmo, Bixo. Assim, diante de tantas dificuldades
enfrentadas pelos setores menos abastados e, também, pelos setores médios da burguesia, a falta de
representatividade política tornava-se um fardo grande demais para ser suportado por aquela sociedade que
tem revoluções populares vitoriosas inscritas na sua cultura política.
Quando chegamos na segunda metade dos anos de 1840, uma série de problemas econômicos começa
a se desenvolver.

AULA 08 – Contemporânea II 7
Prof. Alê Lopes

A produção chega a uma situação de falta de circulação de mercadorias, uma vez que o mercado interno não é
muito amplo devido aos baixíssimos salários.

Estagnação da produção.

No mercado externo é difícil competir com a Inglaterra.

Demissões em massa e diminuição dos salários

O campo tem péssimas colheitas entre 1845 e 1848- o que aumenta o custo de vida-, pois aumenta o
custo do trigo que é a base da alimentação da população pobre francesa.

Aumento do desemprego

Percebe como a situação social complicava o quadro político? Vimos isso no prelúdio da Revolução
Francesa e estamos vendo isso no prelúdio das mobilizações que, novamente, irão chacoalhar a Europa. Assim,
mais uma vez as tensões políticas se ampliaram.
Nesse cenário surgiu a Política dos Banquetes. Foram manifestações populares contrárias ao governo.
Começaram pequenas, como um “piquenique”. Cresceram e se transformaram em banquetes. Reuniam
trabalhadores, pequena e média burguesia e diversas organizações políticas.
Com o tempo os banquetes elaboraram um “programa de reivindicações comuns”. Essas exigiam do
governo o fim do voto censitário. Alguns grupos começavam a exigir o fim da Monarquia e a instalação da
República. Esta demanda ficou cada vez mais forte até se massificar completamente.
O Governo respondeu às exigências com autoritarismo e violência. Decretou a censura, fechou jornais,
prendeu opositores. Nada disso parou os “banqueiros opositores”.
Assim, marcou-se um grande Banquete para fevereiro de 1848. O Ministro Guizot, braço direito do rei,
comandante da Guarda Nacional, proibiu qualquer tipo de manifestação pública em Paris. Autorizou que a
Guarda Nacional atirasse nos manifestantes.
Chegou o dia do “Grande Banquete”. O povo armou as barricadas e aguardou a Guarda Nacional. Estas
foram para o lugar onde é a atual Praça da República. Adivinha o que houve??? Uma parte significativa da
Guarda Nacional juntou-se ao povo e realizaram um dos maiores levantes da história da França. O rei fugiu e,
no seu lugar, assumiu um Governo Provisório.

AULA 08 – Contemporânea II 8
Prof. Alê Lopes

Lamartine, em frente à Câmara Municipal de Paris, rejeita a bandeira vermelha em 25 de fevereiro de 1848 Henri Félix
Emmanuel Philippoteaux

O fenômeno foi tão marcante na História do Século XIX, e recuperou tanto a narrativa da Revolução
Francesa e dos ideais iluministas, que muitos pensadores analisaram a experiência do Banquete. Um deles,
testemunha ocular da história da França desse momento, Alexis de Tocqueville escreve em “Lembranças de
1848”:

“os homens da primeira revolução estavam vivos em todos os espíritos, seus atos e suas palavras
presentes em todas as memórias. Tudo o que presenciei nesse dia trazia a marca visível de tais
lembranças; sempre tive a impressão de que houve mais esforços para representar a revolução Francesa
que para continuá-la.”1 (grifos nossos)

1
TOCQUEVILLE, Alexis de. Lembranças de 1848. São Paulo: Cia das Letras, 1991, p. 75.
AULA 08 – Contemporânea II 9
Prof. Alê Lopes

O movimento se
espalhou por toda a França,
derrubando governos locais
aliados ao rei. Mas um dos
aspectos mais
impressionantes dessa
revolução foi sua imediata
expansão para muitos
outros países. Movimentos
nacionalistas se formaram e
fizeram centenas de
levantes pela Europa,
derrubando reis ou
impondo medidas e
constituições liberais.
Assim, essa 2ª Grande Onda
Liberal ficou conhecida
como Primavera dos Povos.

Jornadas Revolucionárias
de 1848 - Primavera dos
Povos

Para treinar e memorizar!


Tem havido um bom número de grandes revoluções na história do mundo moderno, e certamente a
maioria bem-sucedida. Mas nunca houve uma que tivesse se espalhado tão rápida e amplamente, se
alastrando como fogo na palha por sobre fronteiras, países e mesmo oceanos. 1848 foi a primeira
revolução potencialmente global, cuja influência direta pode ser detectada na insurreição de 1848 em
Pernambuco (Brasil) e poucos anos depois na remota Colômbia
HOBSBAWM, Eric. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 30. (Adaptado)
A onda revolucionária de 1848 estava ligada, inicialmente, à delicada conjuntura sociopolítica da França
que, entre outros aspectos, caracterizava-se
a) pela consolidação, durante o reinado de Luís Felipe, das conquistas burguesas, o que gerou a revolta
do proletariado.
b) pela instabilidade institucional, resultante das promessas não cumpridas do republicanismo francês e
da ascensão das camadas populares.
c) pelo protagonismo político do movimento operário que, apesar de sua importância, ainda se mostrava
desorganizado e sem lideranças expressivas.
d) pela aliança política entre os setores conservadores e a Igreja Protestante, principal força religiosa da
França, para conter o crescimento do proletariado.
Comentário

AULA 08 – Contemporânea II 10
Prof. Alê Lopes

Questão de análise de contexto. Veja que, diferentemente da questão anterior, aqui a pergunta não é
sobre os efeitos ou desdobramentos de 1848, mas questiona o contexto geral desse final da primeira
metade do século XIX.
Na França do século XIX, uma série de instabilidades políticas possibilitou algumas revoluções, como as
de 1830 e 1848. A de 1848 foi caracterizada por grande participação popular e instaurou uma República
na França, após um período de restauração monárquica no país. Essa revolução ficou conhecida como
Primavera dos Povos.
Contudo, como falamos antes, a instalação da República não significou exatamente ganhos imediatos
para as camadas mais pobres e, em especial, para os trabalhadores operários. Por isso novas rebeliões
surgiram e marcaram a ruptura política entre o projeto da burguesia e do proletariado, como apontaram
Alexis de Tocqueville e Karl Marx.
Apesar disso, cuidado com o item C, pois apesar dessa ruptura, o movimento operário não foi
protagonista nessa etapa histórica, apenas conquistando esse papel no final do século XIX e começo do
XX.
Portanto, o item correto é B.
Gabarito: B

1.2 República Francesa, 1848


Logo após a fuga do rei, estabeleceu-se um governo provisório formado por representantes dos diferentes
grupos políticos.
As primeiras medidas foram:

1- Proclamação da República, chamada de 2ª República, pois a 1ª teria sido a Jacobina entre 1791 e 1795.
2- Liberdade de imprensa.
3- Sufrágio universal masculino (as mulheres não tiveram acesso a esse direito – conquistado apenas
após a II Guerra Mundial. Lamentável, novamente).
4- Abolição da escravidão nas colônias francesas.
5- Organização das Oficinas Nacionais: órgãos sob o controle dos trabalhadores que serviam para
organizar a distribuição dos empregos entre os trabalhadores, bem como oferecer formação
profissional para quem não tivesse. Também serviu como oficinas produtivas estatais. O Palácio de
Luxemburgo foi escolhido como a sede administrativa e organizativa das oficinas ou Fábricas
Nacionais.
6- Eleição para Assembleia Constituinte (órgão responsável por redigir a nova constituição republicana)
que ocorreu em 23 de abril de 1848.

AULA 08 – Contemporânea II 11
Prof. Alê Lopes

O governo provisório era composto por setores populares representando os interesses dos
trabalhadores e das classes desfavorecidas, por setores da média e pequena burguesia e pelos bonapartistas
(liberais, contudo mais elitistas). Esses grupos não conseguiam chegar a acordos políticos sobre quais medidas
deveriam ser implantadas na França. Os interesses divergentes começaram a ficar mais claros entre eles. Veja
um pouquinho da posição de cada grupo
Preste atenção!! Começamos a perceber que estas classes sociais, antes unidas contra um inimigo comum
e em defesa da mesma bandeira republicana, divergiam nos rumos mais estruturais da sociedade. Assim,

estudiosos dos sistemas políticos afirmam que estava em jogo a disputa entre dois modelos de República:

República de República de
democracia democracia
liberal. social

Voltando a nossa história da carochinha, em 23 de abril de 1848 foram realizadas eleições para a
formação da Assembleia Constituinte. Uma eleição para a escolha de deputados cuja missão seria escrever a
constituição do país. Nesse sentido foi uma forma democrática de fazer as leis, pois ela seria escrita pelos
representantes do povo. Ademais, nesse caso o voto foi universal, ou seja, independentemente da renda.
Todavia, o homem eleitor precisava ser alfabetizado.

AULA 08 – Contemporânea II 12
Prof. Alê Lopes

O resultado eleitoral deu maioria aos bonapartistas reunidos em um partido chamado “Partido da
Ordem”. Depois foram os burgueses e, por último, os socialistas utópicos, que só ganharam em Paris, onde
estava a maioria dos trabalhadores operários. Assim, a Assembleia constituinte não deu sequência às leis de
proteção do trabalho, tal como queriam os socialistas e as lideranças dos trabalhadores. Uma série de medidas
foram revogadas, como, por exemplo, o controle dos preços dos alimentos.
Entre Maio e Junho de 1848 várias rebeliões operárias eclodiram em Paris e em cidades mais
industrializadas. O movimento operário crescia na França e, crescia junto com ele, a ideia do socialismo.
Em junho daquele ano de 1848, uma verdadeira revolução popular tomou conta de Paris, pois a
Assembleia votou o fechamento das Oficinas Nacionais e a destituição dos operários que administravam o
Palácio de Luxemburgo.
A rebelião foi organizada e liderada por setores das classes populares e de trabalhadores. As mesmas
velhas técnicas de barricadas usadas antes pela burguesia contra reis absolutistas, agora, eram usadas pelos
trabalhadores contra a burguesia no poder. Os populares se sentiram traídos pelas lideranças burguesas da
Revolução de Fevereiro, pois, juntos, derrubaram o rei Luís Filipe. Todos haviam participado da Revolução,
mas, agora, na hora de fazer e aplicar as leis, os trabalhadores sentiam que, na prática, para eles nada havia
mudado.
A resposta do governo foi pôr fim às rebeliões e impor a ordem por meio da violência. A Assembleia
destituiu o governo provisório e delegou amplos poderes para o General Eugène Cavaignac. Comandando as
forças de segurança, ele promoveu um massacre! Os dados são incompletos, mas historiadores estimam a
morte de 10 mil trabalhadores e cerca de 40 mil prisões.
Esse massacre contra os trabalhadores comandando por um general sob um governo formado
majoritariamente por burgueses marcou a história desses dois grupos. Aqui ocorreu a ruptura da unidade
entre essas duas classes que até fevereiro de 1848 haviam lutado junto contra o Antigo Regime. É como se a
burguesia tivesse se aproveitado da força social dos trabalhadores para, em seguida, descartá-los.
Como afirmou Alexis de Tocqueville, em seu livro Memórias de 1848: esse foi o primeiro embate de
classes. Assim, esse fato histórico marcou o rompimento entre os projetos políticos da burguesia e dos
trabalhadores.

Não foi uma coincidência que, em 1848, tenha sido publicado um panfleto escrito por Karl Marx e
Frederich Engels analisando o papel político da burguesia nas transformações do mundo. Naquele
texto os autores argumentam que a burguesia teve um papel revolucionário até então, mas que
perdeu esse papel ao assumir o poder do Estado e tornou-se uma classe conservadora. Portanto,
se os operários quisessem novas conquistas em direção à igualdade, liberdade e fraternidade
precisariam caminhar sozinhos até tomarem, eles mesmos, o poder do Estado. Esse panfleto
político publicado em 1848 foi o que ficou conhecido como Manifesto Comunista.

AULA 08 – Contemporânea II 13
Prof. Alê Lopes

Barricada na rua Soufflot. Horace Vernet, 1848. Trabalhadores se enfrentam com a Guarda
Nacional.

2. Pensamentos e Ideologias do Século XIX


O desenvolvimento do capitalismo e as lutas políticas do ano de 1848 na Europa marcaram a ruptura
entre os projetos políticos da burguesia e dos trabalhadores, como estudamos acima.
Nesse processo histórico, muitas reflexões surgiram e deram origem a novas formas de pensar a
organização da sociedade e as necessidades do gênero humano. De certa forma, essas novas reflexões, teorias
e sistematizações políticas influenciaram a organização dos trabalhadores pelo mundo, quer seja na forma de
sindicatos, quer seja na forma de partidos políticos. Essas organizações do mundo do trabalho expandiam-se
proporcionalmente à expansão do capitalismo.
De certa forma, essas reflexões foram o desdobramento dos limites do liberalismo colocado em prática.
Nesse sentido, podemos inferir que se tratou de pensar a terceira dimensão do projeto iluminista: a
fraternidade. Disso decorreram importantes contribuições para a noção de solidariedade e justiça social.
Ao longo das nossas próximas aulas veremos os desdobramentos dessas teorias na prática. Por hora,
veja alguns pontos relevantes das mais relevantes para seu vestibular. Só mais um aviso: todas as teorias
apresentadas são formuladas por inúmeros grupos de pensadores. Seria algo profundamente anticientífico
acreditar que seríamos capazes de resumir tudo aqui. Assim, os pontos apresentados são uma simplificação
que visa abarcar o conteúdo cobrado no vestibular!

AULA 08 – Contemporânea II 14
Prof. Alê Lopes

2.1 Socialismo utópico


Os chamados socialistas utópicos eram liberais que tinham uma visão romântica do capitalismo como
um sistema que poderia levar progresso e desenvolvimento a todos (burgueses, operários, camponeses etc.).
Contudo, no início da industrialização, como já estudamos, as condições de trabalho eram precárias: muitas
horas de trabalho, salários insuficientes à manutenção da vida familiar a ponto de todos os membros da
família, inclusive as crianças terem que trabalhar em condições bastante ruins para a saúde e para o
desenvolvimento do intelecto.
Diante das circunstâncias reais do desenvolvimento capitalista, os socialistas utópicos conclamavam
acordo entre as classes sociais para que todos pudessem usufruir em situação de igualdade com os benefícios
das descobertas científicas e da produção de riqueza gerada. Defendiam a ideia de que a riqueza produzida
coletivamente fosse mais bem distribuída. Nesse sentido contribuíram para a noção de “justiça social”.

Mas como atingir tal modelo de sociedade, Profe?

Para os utópicos, como Charles Fourrier (1772-1837), deveria existir propriedades comunais; o campo
e a cidade deveriam ser um todo orgânico. A essa organização ele deu o nome de “falanstérios” - algo como
uma vila agroindustrial.
Ainda no campo da política e da organização da sociedade, Saint-Simon (1760-1837) defendia que a
sociedade deveria ser dividida em 3 grupos:

O governo deveria ficar sempre na mão dos


sábios, pois, estes seriam isentos de interesses e
poderiam, então, mediar os conflitos de interesses
entre os grupos de proprietários e não-
proprietários. Com isso a sociedade seria justa!
Perceba que são teorias.
Assim como os iluministas do final do século
XVII e começo do XVIII desenvolveram
filosoficamente as ideias liberais, os chamados
socialistas utópicos estavam elaborando as
primeiras críticas aos problemas e efeitos
indesejáveis que o capitalismo começava a produzir.
Quero ressaltar que a maioria desses teóricos
e políticos eram parte da burguesia, em geral, da
alta burguesia ou mesmo da aristocracia. Assim,
alguns deles usavam suas fortunas para tentar colocar em prática algumas de suas ideias.

AULA 08 – Contemporânea II 15
Prof. Alê Lopes

Foi o caso de Robert Owen (1771-1858).

Owen foi um grande industrial escocês. Ele comoveu-se com a


situação de seus empregados e usou parte de sua fortuna para
criar um bairro operário chamado New Lanark, lugar onde
instalou sua fábrica, a maior de fiação do Reino Unido. O bairro
de alto padrão oferecia assistência aos empregados da sua
fábrica. Casas, assistência média, escolas, creches. Crianças
até 10 anos não trabalhavam e os salários eram muito acima
da média.
Essa situação não só melhorou as condições de trabalho em
sua fábrica, como também introduziu o que chamamos hoje
de “avaliação de desempenho”. Ou seja, mais felizes, mais
saudáveis e mais produtivos.
Naquele contexto da primeira metade do século XIX, ele foi
boicotado por outros industriais uma vez que outros empregados começaram a exigir as mesmas
condições de trabalho e vida a que os trabalhadores das indústrias Owen. Os demais industriais
usaram práticas de truste e cartel para fechar o mercado aos produtos das fábricas de Owen.
Assim, ele foi obrigado a fechar suas portas. Milhares ficaram desempregados.
Robert Owen, então, começou buscar uma terra de maior liberdade para investir seu capital
conforme os valores que acreditava. Foi para os Estados Unidos da América. Lá ele montou suas
fábricas, ganhou mercado e inaugurou o mesmo modelo de tratamento para seus funcionários,
na comunidade chamada New Harmony. Contudo, seu modelo morreu com ele e não foi
replicável, a não ser pela boa vontade de alguns outros empresários - que não conseguiram
sobreviver à concorrência dos monopólios formados no século XIX (como veremos na aula sobre
imperialismo).
Hoje em dia, nos estudos sobre administração e economia, afirma-se que Owen foi um precursor
do tema sobre a responsabilidade social do setor privado da economia, afinal, Robert Owen nunca
delegou ao Estado a responsabilidade sobre seus próprios funcionários.
Hoje em dia, nos estudos sobre Ciência Política, afirma-se que os socialistas utópicos, ao
desenvolverem as teses sobre justiça social foram precursores da elaboração sobre Estado social
ou democracia social nos quais os direitos civis e políticos são indissociáveis em relação aos
direitos sociais, formando o que alguns autores chamam de cidadania plena.

AULA 08 – Contemporânea II 16
Prof. Alê Lopes

(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)


A reação operário aos efeitos da Revolução Industrial fez surgir críticos ao progresso indústria, que
propunham reformulações sociais e a construção de um mundo mais justo – os teóricos, que se
dividiram em grupos distintos: os socialistas utópicos (Robert Owen, Saint Simon e Charles Fourier), os
socialistas científicos (marxistas) e os anarquistas.
(VICENTINO, Claudio. História para o Ensino Médio: geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2005. p. 296)
As ideias que caracterizam o pensamento conhecido como "humanizador do capitalismo" estão
associados a qual crítico do capitalismo:
a) Friederich Engels.
b) Adam Smith.
c) Robert Owen.
d) Proudhon.
e) Jean-Jacques Rousseau.
Comentários
a) errado, pois Engels era comunista, assim como Karl Marx, portanto, não defendiam “humanizar o
capitalismo”, mas sim destruir o sistema e construir outro, pois, a lógica do sistema seria produtora de
desigualdades sociais intrínsecas à foram de organização da sociedade capitalista.
b) errado, pois Smith foi um dos propulsores das ideias que ajudaram a estruturar o modelo capitalista
de sociedade. Ele defendia, por exemplo, que a competitividade do mercado não seria destruidora, mas
criadora, já que obrigava a inovações tecnológicas para que a competitividade fosse melhor
desenvolvida.
c) correto, pois o industrial inglês Robert Owen (1771-1858) tentou construir um modelo de trabalho
que fugisse da lógica da exploração excessiva que caracterizou o processo produtivo industrial do séculos
XVIII e XIX. Ele tentou criar cooperativas em que os trabalhadores pudessem conduzir os negócios e, com
igualdade de condições materiais, chega-se à igualde. Owen migrou para os EUA onde fundou a cidade
New Harmony, baseada nas ideias que defendia, uma comunidade cooperativista-socialista.
d) errado, pois Proudhon era anarquista e, dessa forma, também defendia a destruição do capitalismo,
com os comunistas. A diferença entre eles está na forma de geria a sociedade.
e) errado, pois Rousseau foi um filósofo iluminista, um dos teóricos do liberalismo político, sendo que
ele não vivenciou o processo de industrialização.
Gabarito: C

AULA 08 – Contemporânea II 17
Prof. Alê Lopes

2.2 Socialismo científico


Socialismo científico foi uma teoria surgida do liberalismo, mas que rompeu com ele ao estabelecer a
crítica ao capitalismo com o objetivo de superá-lo por outro sistema baseado na inexistência de classes sociais
e na igualdade social. Dialogou com os teóricos do socialismo utópico demonstrando os limites de suas
elaborações
Trata-se de um conjunto de ideias destinadas a explicar os mecanismos de exploração do sistema
capitalista e descobrir, portanto, a origem dessa exploração para, assim superar as desigualdades entre as
classes sociais.
Nessa teoria, a propriedade privada dos meios de produção é considerada a origem das desigualdades
e, portanto, da capacidade de dominação de um homem sobre o outro. Ou melhor, de uma classe sobre a
outra, já que, a teoria se desprende do individualismo marcante do liberalismo e estabelece suas análises a
partir da ideia de classes sociais.
Perceba que o antagonismo entre as classes sociais não é explicado como elemento moral ou ético, no
sentido dos bons contra os maus. O que antagoniza as classes sociais é o fato de uns serem proprietários dos
meios de produção e os outros terem apenas o controle sobre sua força de trabalho. Isso geraria interesses
distintos e inconciliáveis, pesar de serem, contraditoriamente, dependentes.
Os principais precursor dessa teoria foram Karl Marx e seu amigo, o industrial Frederich Engels.

Essa teoria foi ampliada e reformulada ao longo do século XIX e XX por outros pensadores. Durante o
século XIX, no contexto da situação conflituosa na França, Marx e Engels cunharam o nome de comunismo a
essa teoria. Assim, comunismo seria a sociedade organizada sem propriedade privada, sem classes sociais e,
portanto, sem Estado.
Falaremos mais dessa teoria no momento histórico em que ela se torna relevante para os rumos da
vida humana, no começo do século XX, com a Revolução Russa.

AULA 08 – Contemporânea II 18
Prof. Alê Lopes

2.3 Anarquismo
O anarquismo também
compreende que o problema do
capitalismo é a exploração dos
trabalhadores e a existência da
propriedade privada. Contudo, o
centro do problema para os
anarquistas é o do poder. O poder
gera a autoridade ou o autoritarismo.
Assim todo o sistema é gerador de
pequenas autoridades que se
reproduzem como se fosse um ciclo
de violência e autoritarismo.
Assim o sistema de competição
do mercado é violento com os
proprietários que são violentos com
os gerentes que são violentos com os
funcionários que ´são violentos com
suas esposas que são violentas com
seus filhos que são violentos com seus
pets.
Nesse sentido, o anarquismo
desenvolve uma teoria contra todo
tipo de hierarquia e autoridade,
qualquer que seja ela. Segundo esta
teoria o Estado é a instituição que legitima e organiza todo o sistema de autoridade ao proteger a propriedade
privada. Logo, o Estado seria derrubado quando as propriedades privadas fossem substituídas por
propriedades coletivas autogestionadas, ou seja, administradas por quem trabalha na propriedade, seja uma
fábrica ou terra. Palavras chaves dessa forma de compreender a organização da sociedade é mutualismo,
cooperativismo e coletivismo.
Diferentemente dos socialistas e comunistas, rechaçam a participação no Parlamento, por isso, em
regra, não existem partidos anarquistas. Os principais pensadores anarquistas foram Proudon – com quem
Karl Marx mantinha constante debate de ideias –, Bakunin e Kropotkin. Este último desenvolveu a ideia de
que a educação é a única capaz de realmente transformar o mundo.

AULA 08 – Contemporânea II 19
Prof. Alê Lopes

(EsPCEx/2001/4000039472)
“A revolução social do século XIX não pode extrair a sua poesia do passado, mas antes do futuro. (...) As
revoluções anteriores tiveram necessidade das reminiscências históricas para se iludir quanto ao próprio
conteúdo. (...) Dantes era a frase que superava o conteúdo, agora é o conteúdo que supera a frase”.
MARX, Karl, O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Lisboa: Nosso Tempo, 1971, p. 18
O texto acima de Karl Marx alude ao golpe realizado por Luís Bonaparte que resultou na
instauração do Segundo Império Francês. Longe de ser uma ocorrência fortuita, foi o resultado
das lutas que a França atravessava desde os anos 1830.
A oposição ao Rei Luís Felipe, que levou à Revolução de 1848 na França era composta de várias correntes
ou partidos. Um deles era o
a) Democrata, que propunha uma maior participação do povo francês no governo.
b) Sindicalista, que lutava pela tomada do poder pelos operários franceses.
c) Imperialista, que pregava uma política de expansão colonial francesa.
d) Legitimista, que desejava a volta da dinastia dos Bourbons ao trono.
e) Anarquista, que pugnava pela extinção do governo central francês.
Comentários
Antes de tudo, repare que a o período específico abordado pela questão se dá entre 1830 e 1848, na
França. Trata-se do momento em que o país foi uma monarquia constitucional, governada por um rei-
burguês, Luís Felipe de Orleans. Esse governo foi instalado com a Revolução de 1830, que depôs o rei
Carlos X Bourbon, que tentava restaurar o Antigo Regime. A alta burguesia francesa, vinculada ao capital
financeiro, foi o setor social que liderou esse movimento e o governo instalado em seguida. O governo
burguês retomou várias medidas liberais revogadas pelos reis Bourbon. No entanto, a nova monarquia
continuou excluindo operários, camponeses e setores menos abastados da burguesia da política
institucional. Isto combinado a crises econômicas e baixas colheitas no campo gerou uma nova situação
de desemprego e fome em massa. Então, boa parte da oposição passou a articular a política dos
banquetes, que consistia na promoção de grandes comícios populares em espaços públicos, nos quais o
governo era criticado e as demandas da população eram manifestadas. Nesse contexto, foi organizado
um grande banquete em 1848, que provocou a eclosão de uma nova onda de revolução na França e na
Europa, que ficou conhecida como a Primavera dos Povos. Nessa ocasião, a monarquia foi derrubada
definitivamente na França e uma república foi proclamada, a chamada Segunda República Francesa
(1848-1851). Esta seria derrubada pelo golpe articulado por Luís Bonaparte, em 1851. Entretanto, note
que o enunciado pede que apontemos qual alternativa aponta corretamente um dos grupos que
compunham a oposição ao rei Luís Felipe de Orleans. Porém, não qualquer grupo e sim um que tenha
efetivamente participação da Revolução de 1848. Vejamos:
a) Correta! Esse grupo também era chamado de “republicanos”. Era composto por setores que se
sentiam traídos pela alta burguesia e a monarquia instalada em 1830. Sua principal pauta era o fim do

AULA 08 – Contemporânea II 20
Prof. Alê Lopes

voto censitário e a instituição do voto universal. Os mais radicais defendiam o fim da monarquia e a
instalação de uma república, o que se concretizou em 1830.
b) Incorreta. O sindicalismo era o movimento dos operários que se associavam em sindicatos para
reivindicar melhores condições de trabalho com seus patrões e com o governo. No entanto, os sindicatos
foram proibidos por Luís Felipe durante seu governo. Então, boa parte dos sindicalistas aderiu aos
republicanos ou aos socialistas.
c) Incorreta. Apesar de haver grupos favoráveis à expansão do colonialismo francês naquela época, eles
não formavam um grupo político específico que fizesse oposição à Luís Felipe. Havia imperialistas tanto
na oposição quanto na situação naquele contexto.
d) Incorreta. De fato, havia o grupo dos legitimistas na oposição ao rei Luís Felipe. Tratava-se da nobreza
francesa que desejava restaurar a dinastia Bourbon, deposta em 1830. Eles argumentavam que a
deposição era ilegítima, segundo os princípios do Congresso de Viena e das leis francesas. Todavia, os
legitimistas não aderiram à Revolução de 1848, pois esta pregava uma democratização mais ampla da
política, da economia e da sociedade como um todo, o que significava sepultar definitivamente a
monarquia e o Antigo Regime, consequentemente, os privilégios da nobreza também.
e) Incorreta. O anarquismo ainda não era um movimento muito bem definido nesse momento. Eles ainda
estavam muito vinculados ao socialismo. Somente após 1848 é que o anarquismo ganha mais autonomia
um perfil próprio, com a divulgação das obras de Proudhon e Bakunin.
Gabarito: A

2.4 Teoria Social da Igreja Católica


A doutrina social da Igreja se desenvolveu no contexto do final do século XIX, ou seja, no auge do
desenvolvimento capitalista, bem como no auge dos conflitos com a classe operária. Diante a “questão
operária”, como eram conhecidas as demandas exigidas pelos trabalhadores – como a diminuição da jornada
de trabalho, abolição do trabalho infantil e feminino noturno, férias, entre outros – a Igreja Católica procurou
intervir afirmando seu papel importante para a tentativa de solução desses conflitos.
Portanto, em um cenário com tantos projetos, propostas e debates, ela precisava posicionar-se
teoricamente, demonstrando como via o mundo.
O principal documento da teoria social da Igreja católica é a Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão,
de 1891. O Papa defende que fora dos valores da religião não há solução para a questão operária. Como
menciona Claudio Fonteles2, já na introdução do documento, o Papa demonstra suas preocupações com “a
soberania política, a liberdade humana, a constituição cristã dos estados”. Seu objetivo é buscar uma solução
conforme a justiça e a equidade. E, assim, “aproximar os ricos e os pobres”
Veja, que a teoria social da Igreja é antiliberal e antissocialista, uma vez que defende a propriedade
privada, mas compreende que ela deva se comprometer com a dimensão social dos envolvidos no processo
produtivo. Com isso podemos afirmar que ela nega a chamada “luta de classes” e propõe a colaboração entre
patrões e empregados. Afirma a o item 28 da Encíclica:

2
FONTELES, Claudio. Três momentos da doutrina Social da Igreja. Brasília: Editora Qualytá, 2016, p.
17-18.
AULA 08 – Contemporânea II 21
Prof. Alê Lopes

“Não e das leis humanas, mas da natureza, que emana o direito de propriedade individual; a
autoridade pública não pode, pois, aboli-lo; o que ela pode é regular seu uso e conciliá-lo com
o bem comum.”
Para o processo histórico isso importou muito na defesa da regulamentação das leis
trabalhistas que geraram proteção social ao trabalhador, limitando o nível de exploração e uso
das forças produtivas da classe operária.
Além disso, ressalto algo fundamental nessa teoria que é o papel que a Igreja atribui aos governantes
e ao Estado. Em nome da equidade social, a Igreja atribui ao Estado um papel de responsabilidade com os
pobres. Ou seja, na teoria liberal clássica o Estado deve ter um papel negativo, não intervir na vida particular
das pessoas, bem como na economia. Mas, para a teoria social católica, o Estado deve ter também um papel
positivo atuando na proteção dos “desafortunados”.
Por isso, as palavras chaves para entender esse pensamento são: justiça social, caridade, associativismo
e assistência social. No século XX, a Igreja Católica fará novas Encíclicas no mesmo sentido da Rerum Novarum,
conhecidas como Populorium Progressio (1967) e Caritas in Veritate (2009).

(EsPCEx – 2017)
No século XIX, uma corrente de filósofos acreditava ser possível reformar o capitalismo
por meio da ação do estado ou da associação dos trabalhadores em cooperativas
autogeridas. Esses princípios são denominados
a) Materialismo Histórico.
b) Socialismo Utópico.
c) Socialismo Científico.
d) Liberalismo.
e) Anarquismo.
Comentários:
A questão aborda uma corrente filosófica que acredita em uma reforma do capitalismo por meio da ação
do Estado ou da associação dos trabalhadores. Essas informações já nos permitem excluir a alternativa
e), já que os anarquistas se opõem as ideias de Estado e capitalismo e a alternativa c), tendo em vista
que o socialismo científico proposto por Marx e Engels defende o fim do capitalismo, não uma reforma
nesse sistema. Assim, ficamos entre as alternativas a), b) e e). Vamos continuar, essa corrente filosófica
surgiu no século XIX, logo, não pode ser o Liberalismo, visto que ele tem suas bases no século XVII com
o pensador John Locke. O Materialismo Histórico, por sua vez, é uma abordagem metodológica ao
estudo da sociedade, ele diz respeito apenas ao campo intelectual, não propondo, portanto, reformas
nos âmbitos sociais e econômicos. Dessa maneira, sabemos que a alternativa correta é letra b). O
socialismo utópico foi um movimento que pensou as contradições geradas pelo capitalismo e propôs
reformas nesse sistema
Gabarito: B
(Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)
A carta encíclica Rerum Novarum, de autoria de leão XIII, promulgada em 15 de maio de 1891, marca o
início do ensinamento social da Igreja [católica]. Tal afirmativa não é arbitrária, pois esse documento
AULA 08 – Contemporânea II 22
Prof. Alê Lopes

significa a primeira sistematização de tema social, realizada pela autoridade eclesiástica mais
representativa da igreja, o Bispo de Roma, como se verifica a partir do título da encíclica: A Condição
dos Operários.
FONTELES, Cláudio. Três momentos da doutrina Social da Igreja. DF: E. Qualytá, 2009. P. 17.
Levando em consideração o contexto em que a encíclica foi promulgada e as ideologias surgidas nesse
momento histórico, pode-se afirmar que:
A) A Igreja se posicionava contra o capitalismo e por isso contribuiu para a formação do pensamento
socialista.
B) A doutrina social da Igreja se baseou na busca prosperidade material como símbolo de salvação dos
fiéis.
C) A doutrina social da Igreja Católica desenvolvida nesse contexto baseava-se na sua concepção sobre
justiça e equidade.
D) A Igreja procurou mediar os conflitos sociais entre pobres e ricos de maneira a ficar sempre ao lado
desses últimos.
E) Os ensinamentos religiosos foram influenciados pelo socialismo utópico defendido por Proudhon.
Comentários:
A questão trata sobre as ideologias da Igreja Católica no contexto do século XIX, ou seja, de avanço do
capitalismo e dos conflitos sociais gerados pelas péssimas condições de trabalho a que estavam
submetidos os trabalhadores. Como diz a questão, um dos principais documentos da Igreja foi a Encíclica
Rerum Novarum. Na introdução do documento, o Papa demonstra suas preocupações com “a soberania
política, a liberdade humana, a constituição cristã dos Estados”. Seu objetivo é buscar uma solução
conforme a justiça e a equidade. E, assim, “aproximar os ricos e os pobres”. Veja, que a teoria social da
Igreja é antiliberal e antissocialista, uma vez que defende a propriedade privada, mas compreende que
ela deva se comprometer com a dimensão social dos envolvidos no processo produtivo. Com isso
podemos afirmar que ela nega a chamada “luta de classes” e propõe a colaboração entre patrões e
empregados por meio da noção de justiça social.
Sendo assim, vejamos os erros nas alternativas:
a) A Igreja não contribuiu para o pensamento socialista.
b) A Igreja Católica nunca propôs que bens materiais significam a salvação da alma.
c) Gabarito.
d) A Igreja não pretendi se colocar em nenhum dos lados, mas a fazer a mediação entre ele.
e) O pensamento do socialismo utópico não influenciou a Igreja. Seus ensinamentos partem de dogmas
mais antigos como a caridade e o cuidado com os pobres.
Gabarito: C
Para treinar e memorizar
No Ocidente, o período entre 1848 e 1875 “é primariamente o do maciço avanço da economia do
capitalismo industrial, em escala mundial, da ordem social que o representa, das ideias e credos que
pareciam legitimá-lo e ratificá-lo”.
E. J. Hobsbawm. A era do capital 1848-1875.
A “ordem social” e as “ideias e credos” a que se refere o autor caracterizam-se, respectivamente,
como

AULA 08 – Contemporânea II 23
Prof. Alê Lopes

a) aristocrática e conservadoras.
b) socialista e anarquistas.
c) popular e democráticas.
d) tradicional e positivistas.
e) burguesa e liberais.
Comentário
O texto remonta à segunda metade do século XIX, quando ocorreu a II Revolução Industrial, refletindo a
ascensão da burguesia ao poder em diversas nações, com um projeto político e econômico apoiado nas
ideias liberais, de origem iluminista; portanto um liberalismo que reduzia a intervenção do Estado na
economia e que se baseava no critério censitário para definição de cidadania.
Gabarito: E
____________________________________________________________________________
A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas
mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o
trabalho assalariado. [...] O desenvolvimento da grande indústria socava o terreno em que a burguesia
assentou o seu regime de produção e de apropriação dos produtos. A burguesia produz, sobretudo, seus
próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.
(Karl Marx e Friedrich Engels. “Manifesto Comunista”. Obras escolhidas, vol. 1, s/d.)
Entre as características do pensamento marxista, é correto citar
a) o temor perante a ascensão da burguesia e o apoio à internacionalização do modelo soviético.
b) o princípio de que a história é movida pela luta de classes e a defesa da revolução proletária.
c) a caracterização da sociedade capitalista como jurídica e socialmente igualitária.
d) o reconhecimento da importância do trabalho da burguesia na construção de uma ordem socialmente
justa.
e) a celebração do triunfo da revolução proletária europeia e o desconsolo perante o avanço
imperialista.
Comentário
Marx considerava que a luta de classes era o que movia a sociedade no caminho da evolução. Para Marx,
um operário consciente de sua situação social era capaz de modificar o meio em que vivia. Por isso, ao
longo do século XIX e XX, o movimento operário será muito influenciado por essa teoria.
Gabarito: B

AULA 08 – Contemporânea II 24
Prof. Alê Lopes

3. A Europa entre 1848 e 1870


A segunda metade do século XIX é a história da consolidação e da expansão do capitalismo como
sistema econômico, político e social.

Após as ondas liberais de 1830 e 1848, sobretudo, até 1870 - com a expansão dos acontecimentos e
ideais franceses para outras regiões da Europa, no processo que conhecemos como Primavera dos Povos -,
houve a consolidação dos Estados Liberais. Isso se expressa na instalação de monarquias constitucionais, com
a proclamação de Repúblicas, ou ainda, com a formação de amplos movimentos nacionalistas.

Essa consolidação política gerou condições suficientes para que a economia industrial também se
expandisse. Ocorreu o que chamamos de 2ª fase da revolução industrial, com a descoberta de novas
tecnologias, novas fontes de energia.

Além disso, setores que ainda não haviam se industrializado passaram a adotar as tecnologias
existentes. A indústria química, por exemplo, desenvolveu-se enormemente.

Ademais, a consolidação da economia industrial na Europa abriu espaço para um novo tempo e novas
relações econômicas: de conquistas de outras regiões do mundo, sobretudo África e Ásia, com potencial de
fornecedoras de insumos e mercados para abastecerem e abastecerem-se da economia europeia, de modo a
criar uma relação de desenvolvimento/dependência.

Nesse cenário, as disputas e rivalidades entre as potencias no “velho continente” ganham novas
dimensões.

Portanto, a partir de agora veremos o desenrolar desses momentos os quais o historiador inglês Eric
Hobsbawm chamou de a Era do Capital e a Era dos Impérios, ou seja, a consolidação e a expansão do
capitalismo, respectivamente.

A fim de entendermos melhor o desenrolar histórico, vou dividir esse grande processo periodicamente
da seguinte maneira:

1875 - 1914
•2a fase da Revolução industrial
•Consolidação da economia
industrial no Europa Central • Expansão da Economia
•Unificação da Itália e Alemanha Capitalista
•Consolidação dos Estados Liberais • Proteciosnismo de mercados
internos
• Busca de novos territórios fora
da Europa
1848-1875 • Rivalidades nacionalistas

AULA 08 – Contemporânea II 25
Prof. Alê Lopes

A Primavera dos Povos de 1848 foi uma reafirmação clara de uma ideia política que se transformou
em sentimento de identidade.

De qual ideia/sentimento estou tratando, queridos alunos? Falo da ideia de nacionalismo, meus caros!!
Essa ideia começou a se constituir ainda na Idade Moderna, no processo de formação dos Estados
Nacionais modernos. Contudo, a noção de pertencer a um mesmo território, falar uma mesma língua e ter
uma história coletiva comum esbarrava muitas vezes em um governo despótico que, não necessariamente,
tinha a mesma origem ou religião de seus súditos.

Naqueles estados nacionais modernos dos séculos XV ao XVIII, o Rei era o elemento unificador do
reino. As fronteiras estavam em permanente disputa. Até o século XVI, a religião também era fundamental
para determinar o pertencimento cultural. Tanto é assim, que o surgimento de outras religiões causou crises
imensas em diversos Estados ao longo de todos éculo XVI. Assim, a ideia de pertencimento era a seguinte: um
rei, uma fé, um povo. Nesse caso, o Estado se constitui na figura do Rei – soberania do rei.

Mas a partir do desenvolvimento do liberalismo e das experiências revolucionárias do século XIX, em


especial, a Revolução Francesa, a noção de nacionalismo se altera. Começa-se a pensar na unidade entre
Estado, povo, cultura e território. O Estado é a figura jurídica-política que expressa o povo e seu poder em um
determinado território.

Como define Norberto Bobbio em seu Dicionário de Política:

“Trata-se de uma ideologia unificadora, elaborada intencionalmente para garantir a coesão do povo no
Estado”
Nesse sentido, a ideia de nação constitui a nova forma liberal de compreender o papel do Estado:
como representação da soberania popular, ou seja, o Estado e seus governantes eram considerados a
expressão do poder que pertence ao povo – e não mais ao monarca ou exclusivamente à nobreza.
Disso decorre duas vertentes da noção política de nacionalismo:
1- A afirmação da nacionalidade interna que se constitui na realização da soberania popular.
2- A afirmação da nacionalidade externa que se concretiza na diferenciação com outras nações. Disso
surge a noção de soberania nacional.
Na prática, isso quer dizer, por um lado, que a soberania popular representava o direito dos povos de
lutar contra governos internos opressores e, assim, definir seus próprios governos. Por outro lado, quer dizer
que os povos nacionais tinham o mesmo direito – e dever – de proteger seu Estado Nacional contra a as
nacionalidades estrangeiras. Ou seja, irlandeses eram irlandeses e não ingleses. Tchecos eram tchecos e não
alemães, os italianos não eram austríacos e nenhum povo poderia ser explorado ou governado por outro.

Agora, articula comigo: quais seriam dois instrumentos elementares na busca da concretização
desses dois nacionalismos:

# O sistema político eleitoral.

# O exército unificado nacional.


Nesse sentido, o surgimento dos movimentos nacionalistas, sobretudo, após a Primavera dos Povos,
em países fora da França, consolidou essas duas noções.

AULA 08 – Contemporânea II 26
Prof. Alê Lopes

Como afirmam os especialistas em século XX, os movimentos nacionalistas transformaram o


nacionalismo em um programa político cujo objetivo era a unificação soberana de um território.
Os principais exemplos das disputas em torno dessa plataforma nacionalista podem ser verificados nos
processos de unificação da Itália e da Alemanha. Vamos estudá-los para entender melhor essa parte teórica.
Antes, veja algumas dicas!

Aqui é fundamental você anotar o seguinte: a expansão da ideia de nacionalismo, por meio
da ação dos movimentos nacionalistas, desenvolve-se no contexto de consolidação e
expansão da economia capitalista, na segunda metade do século XIX. Isso terá como
consequência uma forte rivalidade entre as potências europeias no sentido de proteger
seus mercados internos e conquistar novos mercados internacionais.

3.1 Unificação Itália e Alemanha


As unificações da Itália e da Alemanha demonstram a concepção de nacionalidade capaz de elaborar
programas políticos que fundamentaram a ação de diferentes grupos com objetivos de unificar territórios.

Esses programas podem ser definidos como: “a necessidade para cada povo de um Estado totalmente
independente, homogêneo territorial e linguisticamente, laico, provavelmente, parlamentar”.3
Nessas duas regiões, embora os povos se considerassem culturalmente uma nação, não ocorria um
processo que lhes fizesse estabelecer um “estado-nação”. Por isso, na primeira metade do século XIX, as
regiões onde viviam povos italianos e germânicos não se constituíram como Estados-Nacionais. Muitas vezes
isso justificou a dominação dessas áreas e povos por outras nações estrangeiras.

Por exemplo, o primeiro ministro do Império Austríaco, Metternich, afirmava que a Itália não passava
de uma “mera expressão geográfica”. Isso justificou a dominação de grande parte do norte da Itália pelos
austríacos.

Pensa comigo (dentro da lógica de Metternich): se não existe um povo na Itália, se ela
apenas constitui uma região geográfica, então, isso significa que a Áustria não estava
ameaçando a nacionalidade de ninguém. Logo, a dominação da região italiana de Trento
não era uma ameaça à soberania dos italianos. Conveniente para os austríacos, não
acham?

Então, Alê, como foi a unificação desses futuros países?

3
HOBSBAWN, Eric. A Era do Capital. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2013, p 147.
AULA 08 – Contemporânea II 27
Prof. Alê Lopes

Foram processos marcados por revoltas populares e guerras entre nações diferentes. Vejamos
separadamente cada um deles.

3.1.1 Itália, 1861


O movimento nacionalista na Itália
surgiu, sobretudo, por descontentamento
com os desígnios do Congresso de Viena
uma vez que o Congresso deu poderes
ampliados ao Império Austríaco e legitimou
a dominação desse país sobre territórios
italianos. Naquela ocasião, a dominação
sobre Península Itálica foi dividida da
seguinte maneira:
 Ao Norte: 7 Estados dominados
direta ou indiretamente pelo Império
Austríaco;
 Ao Centro: Estados Papais;
 Ao Sul: Reino das duas Sicílias
dominados por nobres franceses.
Assim, na primeira metade do
século XIX surgiu um movimento que
atuava secretamente e reunia pessoas de
tendência republicanas e
constitucionalistas. Não havia um programa
político muito definido, mas foram
fundamentais por terem disseminados as
ideias nacionalistas. Esse precursor do
movimento nacionalista italiano ficou
conhecido como os carbonários!!
Como parte da Primavera dos
Povos, ocorreram muitas rebeliões
espontâneas de caráter nacionalista. Todas
elas foram vencidas por força da ação do
Império Austríaco com apoio da Igreja.
Contudo, o movimento nacionalista não morreu e voltou a se articular a partir da década de 1860.

AULA 08 – Contemporânea II 28
Prof. Alê Lopes

Nesse momento, quatro lideranças políticas com 2 programas diferentes


para Unificar a Itália:
1- Projeto republicano
Giuseppe Garibaldi:
➢ Defendia a Unificação da Itália por meio
de um movimento popular e campesino;
➢ Defendia uma República popular;
➢ Organizou um movimento nacionalista

Giuseppe Garibaldi
no Sul, região do Reino das Duas Sicílias,
Giuseppe Mazzini
chamado Camisas Vermelhas;
➢ Era apoiado por Giuseppe Mazzini.

2- Projeto Monarquista
Rei Victor Emamnuel II e Conde Camilo Cavour.
➢ Victor Emmanuel era rei do progressista e industrializado Reino do
Piemonte-Sardenha ao Norte da Itália. Ele tinha interesses em ver a Itália
unificada sob seu comando em um regime político de Monarquia constitucional.

Rei Victor Emanuel II ➢ Camilo Benso di Cavour era um nobre


liberal e nacionalista que integrava o Movimento
Nacionalista Risorgimento. Defendia uma Monarquia Constitucional.
Atuou bravamente como liderança do movimento procurando aliados
internacionais e como articulador das elites progressistas e
nacionalistas.

Até 1860, os dois principais projetos obtiveram muitas conquistas ao Sul


e ao Norte. Observe no mapa e repare que a unificação se deu aos poucos
Camilo Benso di Cavour
porque a unificação se deu de maneira progressiva.
Basicamente foram diversas etapas:

AULA 08 – Contemporânea II 29
Prof. Alê Lopes

1919 - Trento ao
Norte
1870 - Estados
Papais ao Centro
Ate 1866 -
Estados do
1861 - Coroação Norte e Duas
de Victor Sicícias
Emmanuel como
Rei da Itália

É interessante ressaltar que em 1861, Garibaldi e Cavour se encontraram em Nápoles. Naquele


momento, a discussão era: Vamos unificar a Itália sob qual bandeira: republicana ou monarquista?
Garibaldi não era a favor de que todo movimento se alinhasse à ideia monarquista porque isso
favoreceria Victor Emmanuel II. Garibaldi queria uma República muito popular e tinha mobilizado todo um
grande e poderoso movimento campesino.
Mas era um risco a divisão entre italianos. Isso poderia enfraquecer o movimento e, assim, a Áustria
poderia derrotar tudo o que havia sido conquistado até então.
Assim, Garibaldi se retirou da guerra para que as forças nacionalistas não se dividissem. A partir disso,
foi possível dar uma unidade ao movimento de unificação sob a bandeira da formação de uma monarquia
constitucional. Isso fez com que o movimento ganhasse adeptos da elite econômica que, antes, viam com
desconfiança as propostas populares e Garibaldi.

Então, em 17 de março de 1861, Victor Emmanuel foi coroado rei da Itália!


Depois, em 1866, na Guerra Austro-Prussiana, uma parte importante do Norte italiano foi anexada,
porque os austríacos estavam ocupados demais tentando vencer a Prússia – já, já veremos os motivos dessa
guerra.
Mais à frente ainda, em 1870, a França, que protegia militarmente os Estados Papais, deixou de
proteger porque se envolveu em uma guerra com a Prússia, a chamada guerra Franco-Prussiana. Nesse
momento, as forças de Unificação invadiram Roma e anexaram os estados Papais. O papado romano não
reconheceu o estado Romano dando início ao que na historiografia chama de “Questão Romana” – caso que
só foi resolvido em 1929, a partir de um acordo entre Igreja e o Governo (veremos isso na aula de fascismo
italiano). Em 1871, Victor Emmanuel se transferiu para Roma completando o processo unificador.

Mas cuidado, a região de Trentino ainda ficou nas mãos da Áustria. Essa região só seria
entregue à Itália no fim da 1ª. Guerra Mundial.

3.1.2 Alemanha, 1870


O processo de unificação da Alemanha, assim, como da Itália, é marcado pelo período pós Congresso
de Viena. Contudo, a história dos povos germânicos é um pouco mais complexa.

AULA 08 – Contemporânea II 30
Prof. Alê Lopes

A primeira coisa que você deve lembrar é de que a região dos povos germânicos estava organizada,
até a expansão napoleônica no começo do século XIX, em Estados descentralizados, mas sob a dominação e
influência do Império Austríaco. Veja o mapa a seguir:

Contudo, com a expansão napoleônica, inclusive para enfraquecer os dois mais poderosos estados
germânicos – Áustria e Prússia – Napoleão invade e reorganiza essa região. Nesse momento, cria-se o que
imperador francês denominou de Confederação do Reno. Veja o mapa a seguir:

AULA 08 – Contemporânea II 31
Prof. Alê Lopes

Depois disso, a partir de 1815 com a derrota de Napoleão e a instalação do Congresso de Viena, o
Império Austríaco retoma seu poderio. Na cena, devido à participação na vitória militar contra Napoleão, a
Prússia também aparece como um importante Estado germânico.
Nesse momento, criou-se a Confederação dos Estados Germânicos com 39 estados soberanos. Isso
nos mostra que, mesmo com o Congresso de Viena e o poder da monarquia austríaca, a relação de poder
entre os germânicos havia se alterado. Áustria e Prússia se contrapunham porque representavam dois
projetos antagônicos. Veja o esquema:

AULA 08 – Contemporânea II 32
Prof. Alê Lopes

Diante disso, podemos afirmar


que a Prússia foi a grande
impulsionadora da ideia da construção
de um estado Germânico Unificado.
Agora, observe o mapa da Europa pós-
Congresso de Viena.

Atente-se para a Confederação Germânica.

Um passo fundamental para a unificação foi dado em 1834, quando a Prússia propôs uma união
aduaneira chamada Zollveirein. A ideia era criar um “espírito” de unidade entre os estados germânicos que,
ao mesmo tempo, dinamizasse o capitalismo germânico e criasse uma experiência de unidade maior entre

AULA 08 – Contemporânea II 33
Prof. Alê Lopes

estes estados. O Zollverein contribuiu para impulsionar o desenvolvimento econômico da região por meio da
instalação de inúmeras mineradoras, estradas de ferro, urbanização, entre outros.

Anote: propositalmente a Prússia deixava a Áustria


de fora dessa união. A estratégia foi criar
dispositivos dos quais a Áustria se negaria a aceitar.
O plano deu certo. Eles reclamaram muito, mas
ficaram de fora.

4A
partir de 1862, a Prússia iniciou um amplo
processo de modernização que contava com uma
aliança entre burguesia industrial, grandes
proprietários rurais e a aristocracia militar
governante, tendo à frente o Chanceler Otto von
Bismark. A ideia era criar um espírito e sentimento de
exaltação nacionalista por meio da industrialização e de guerras com supostos inimigos estrangeiros.
Bismark passou para a história como “O Chanceler de Ferro” porque pretendia desenvolver a
indústria... indústria bélica!! Ele não acreditava que o processo de unificação se concretizaria sem o uso da
força militar.
A partir desse momento Bismark estabelece uma estratégia militar:

• 1864: Guerra contra Dinamarca. Conquista de dois Estados, Holstein e


Schleswig.
• 1866: Guerra contra Áustria. Como parte de uma estratégia militar de
provocação, Bismark provocou um conflito administrativo que colocou a Prússia e
Áustria em rota de colisão. Nesse contexto, a Áustria declarou Guerra contra a Prússia. Era
tudo o que Bismark queria, pois, a partir da derrota austríaca, a Prússia poderia unificar os
estados germânicos sem a influência da antiga tradição de Viena. Contudo, ainda havia
obstáculos: os Estados do Sul não queriam a unificação. Estes recebiam o apoio do governo
francês, afinal, temia a criação de uma grande potência na sua fronteira oriental. Assim, a
unificação ainda precisava vencer esses obstáculos.
• 1871: Guerra contra França. Essa guerra, não prevista inicialmente nos planos de guerra de
Bismark, ocorreu a partir de um conflito de sucessão real na Espanha. Calma! Explico: o

4
Existe uma mina de carvão, criada em 1860, com o nome de Zollverein no vale do Rio Ruhr. A primeira mina de carvão
no local foi começou a funcionar em 1847; juntamente com uma indústria de coquefação, os dois estabelecimentos
se tornaram o maior e mais moderno complexo industrial na Europa. Na década de 1980 e 1990 começaram a ser
fechadas e foram adquiridas para preservação do patrimônio. Hoje é considerada patrimônio arquitetônico da
Humanidade pela UNESCO.
AULA 08 – Contemporânea II 34
Prof. Alê Lopes

trono da Espanha ficou vago e a coroa caberia ao primo do kaiser Guilherme I da Prússia.
Aí as luzes vermelhas acenderam na França e o governo do Napoleão III vetou, preocupado
com a possibilidade de gerar um cerco da família Hohenzollern à França. A partir de uma
série de intrigas bismarkianas, a França declarou guerra à Prússia. Como Bismark esperava,
os estados germânicos sulistas se uniram aos nortistas e venceram a França. Com essa
guerra, concretizava-se a unificação dos Estados alemães sob o comando do kaiser
Guilherme I – coroado em pleno Palácio de Versalhes.

CONSEQUÊNCIAS DA UNIFICAÇÃO ALEMÃ: o nascimento de uma POTÊNCIA!

→ A Alemanha nascia como potência e deixando ao seu lado uma França humilhada e
sedenta de uma revanche!
→ A Alemanha cresceu vertiginosamente a ponto de superar a Inglaterra na produção de
aço. Isso ameaçou a hegemonia dos ingleses no mercado mundial.
→ A Alemanha abria caminho para tornar sua economia umas das mais fortes do mundo
capitalista, com isso ampliava sua necessidade por mais mercados.

AULA 08 – Contemporânea II 35
Prof. Alê Lopes

4. Imperialismo do Século XIX


A expansão econômica que descrevemos anteriormente gerou uma profunda euforia na Europa.
Estabeleceu-se uma interpretação de que o continente era constituído por uma civilização evoluída cuja
ciência seria capaz de levá-la ao Progresso.

Uma rua com iluminação elétrica em Paris - símbolo de novos


padrões culturais da Belle Époque. Observe a torre Eiffel ao fundo - ela é símbolo
da Belle Époque.

Na ciência, na música, nas artes e na literatura expressava-se esse sentimento otimista de evolução e
progresso. Era o tempo da Belle- Époque – expressão francesa para fazer menção a esse tempo historicamente
definido entre 1871 (pós fim da Guerra Franco Prussiana) e 1914 (quando estourou a 1ª. Guerra Mundial).
Paris tornou-se o centro urbano e cultural referência.

AULA 08 – Contemporânea II 36
Prof. Alê Lopes

Foi nessa cidade europeia que aconteceu a chamada


Exposição Universal, realizada em 1900. A ideia foi mostrar um
mundo moderno avançado, composto de espetáculos nos campos
da ciência, das artes, da arquitetura, dos costumes e da tecnologia.
Bom exemplo é a moda, já que as inovações no campo da indústria
têxtil eram apresentadas por meio da moda.
Torre Eiffel, 1889. Paris

As ideias das exposições pretendiam demonstrar os sinais


de que a sociedade europeia havia chegado ao estágio mais
avançado da civilização ocidental – embora convivesse
cotidianamente com os problemas gerados pela desigualdade e
pela marginalização de grande parte da população. A torre Eiffel,
o palácio de cristal e a roda gigante eram os símbolos visíveis do
avanço tecnológico exibido nas feiras mundiais.
Apesar dessa euforia, no início da década de 1870, houve
uma estagnação que evidenciou a hora de expandir a economia
para além dos limites nacionais. A produção em larga escala
precisava ser vendida e os capitais até então acumulados
precisavam de novos investimentos – tudo isso para manter a expansão econômica do capitalismo.
Contudo, isso se tornava uma contradição na fase monopolista e financeira do sistema capitalista, uma
vez que os governos estavam atuando no sentido de proteger suas economias nacionais.
Assim, o caminho encontrado pelos governos e as grandes empresas foi buscar novos mercados que
fossem, ao mesmo tempo, mercado consumidor, fornecedores de matéria-prima e encontrassem mãos de
obra barata para novos investimentos. Essa demanda fez surgir uma “corrida colonial” a qual colocou as
potências europeias em rota de colisão.

Esse processo que estamos descrevendo marca o período que os historiadores chamam do
“Imperialismo do Século XIX”, Neocolonialismo ou “A Era dos Impérios”: Um tempo de flagrante
competição econômica, política e militar entre as grandes potências europeias no sentido de
expandir seus mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas.

AULA 08 – Contemporânea II 37
Prof. Alê Lopes

CORRIDA IMPERIALISTA.
Mercado

BUSCA POR 3M's


consumidor
Mão de obra
barata

Matéria-prima

Tratava-se de encontrar, ocupar e consolidar outras áreas para além do continente europeu
transformando-as em colônias. O principal alvo dessas disputas foram as regiões da África, Ásia e Oceania.
Assim, esses continentes foram integrados à dinâmica da formação dos mercados capitalistas mundiais.

Mas Profe, como esses continentes foram integrados? E o que significa falar em colônias?

Pois é, caros alunos e alunas, imperialismo é uma palavra utilizada para designar uma prática
de dominação de um país sobre o outro. Essa dominação pode ser implementada de algumas
maneiras, veja:

DOMINAÇÃO
IMPERIALISTA

Territorial: Econômica: Cultural:


Político:
intervenção militar, definição do modelo, das Inferiorização,
atividades e toda as Estabelecimento e
estabelecimento e controle do governo, desvalorização ou
controle de fronteiras decisões de ordem proibiçao de práticas
econômicas sistema administrativo
culturais. Imposição de
outros modos de viver.

A partir da década de 1870, cada potência europeia usou os recursos dos quais dispunham para
empreender conquistas coloniais. O avanço das tecnologias, como discutimos, contribuiu imensamente para
esse processo, porque diminuiu sobremaneira os custos exploratórios, ou seja, a tecnologia tornou viável e
lucrativa o “empreendimento colonial”. Por exemplo:
• O navio à vapor permitia que exploradores adentrassem os territórios, sobretudo da África, por
meio dos rios;

AULA 08 – Contemporânea II 38
Prof. Alê Lopes

• A indústria química descobriu o quinino, substância que servia como forma de evitar doenças
tropicais que acometiam os europeus;
• O desenvolvimento e barateamento das armas de carregamento automático, o rifle.

Além disso, os missionários católicos e protestantes, com sua velha saga cruzadística para espalhar o
cristianismo pelo mundo, foram fundamentais no processo de dominação cultural. Eles iam para lugares que
nenhum europeu queria ir, abriam escolas, ensinavam as línguas e as culturas europeias. Enquanto uns
dominavam pela força, outro o faziam pelas ideias. A ideia era substituir os valores tradicionais africanos pelos
valores da cultura da civilização europeia.

Com essa diminuição dos custos, com grande população disposta a encontrar novas riquezas na
Europa (lembram-se do crescimento populacional vertiginoso) e com capitais acumulados para serem
investidos, não foram apenas os governos que empreenderam o processo de exploração territorial e
conquista: corporações econômicas e homens muito rico o fizeram também.
São exemplos de companhias e pessoas:
• Bombay Presidence – abriu a rota do Mar Vermelho
• Royal Niger Comapny – conquistou parte da África do Norte
• Cecil Rhodes – investidor que encontrou uma região de outro e diamante na África do Sul que,
à época, era explorada por africaners (africanos brancos de origem holandesa). Ele fez uma
guerra contra essa população, e com o apoio do governo inglês, conquistou a região. Tornou-
se proprietário governador da região e proprietário de muitas minas
• O Rei Leopoldo, da Bélgica. Conquistou e adquiriu uma colônia que era dominada
pessoalmente (por ele), e não pelo Estado Belga. Promoveu uma das expedições mais armadas
e uma ocupação colonial das mais violentas e cruéis, até 1908, quando o Congo passou a ser
administrado pela Bélgica.

Evidentemente, os governos contavam com algo que nem empresas e nem particulares possuíam: um
exército. Isso permitiu enfrentar a resistência das populações que habitavam esses territórios. Nesse sentido,
houve uma grande associação entre interesses econômicos e políticos no processo de conquistas coloniais.

Percebem que dominar uma região tornou-se um problema de dimensão política?

Assim, em 1884, o chanceler alemão Otto von Bismark propôs uma reunião internacional cuja pauta
foi o equilíbrio europeu por meio da partilha oficial da África e Ásia.
Entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885 diversos países europeus e os EUA discutiram questões
relacionadas às disputas territoriais na Conferência de Berlim. Efetivamente, não houve o equilíbrio esperado
por Bismark já que nenhuma potência renunciou a suas possessões, sobretudo, a Inglaterra e França.
Por isso, o imperialismo do século XIX acabou por se expressar em estratégias econômicas, políticas e
militares. Não por outro motivo, esse processo foi acompanhado por uma “corrida armamentista”, na qual o
desenvolvimento da indústria bélica é, sem dúvida, sua principal expressão.

AULA 08 – Contemporânea II 39
Prof. Alê Lopes

Esses elementos promoveram uma situação tensa, porque elevou a dinâmica das disputas e rivalidades
entre as potências para outro patamar. Não se tratava apenas de proteger mercados com técnicas e práticas
econômicas protecionistas. Agora, as disputas passavam pelas estratégias militares. A conjuntura era, então,
propícia a uma confrontação de grandes escalas.

E aí, caros Cadetes, estão sentindo cheiro de guerra? Então, esse é o cenário que intensificado
por alguns problemas de ordem política levarão à 1ª. Guerra Mundial. Guarde esse bizuzaço!
Se, por um lado, o imperialismo resultou na ampliação das rivalidades entre os países europeus e na
modificação da competição de natureza econômica para militar, por outro lado, precisamos compreender as
relações que se estabeleceram entre Europa e África/Ásia, bem como os impactos disso para a formação dos
países africanos.
Segundo Eric Hobsbawm, esse é o momento em que se começam a desenvolver novas relações entre
países do “centro” e da “periferia” do capitalismo.
Essas relações caracterizam-se por uma dependência. Em economia, fala-se em países dependentes –
aqueles que se integraram à dinâmica da economia mundial a partir de uma condição de subordinação aos
países considerados mais evoluídos.
Contudo, não é errado pensarmos que o desenvolvimento tecnológico dos países europeus também
era dependente de matérias-primas que não eram encontradas no território europeu. O motor à combustão
dependia do petróleo e da borracha.
Por isso tudo, podemos afirmar que o imperialismo é o momento da formação de uma economia global
que,

“atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa de
transações econômicas, comunicações, movimentos de bens, dinheiros e pessoas ligando os
países desenvolvidos entre si e ao mundo não desenvolvido.”5

Para treinar e memorizar


As exposições universais do século XIX, sobretudo as de Londres e Paris, se caracterizavam

5
HOBSBAWM, Eric. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2013, p. 106.
AULA 08 – Contemporânea II 40
Prof. Alê Lopes

a) pelo louvor à superioridade europeia e pela apresentação otimista da técnica e da ciência.


b) pela crítica à expansão sobre a África, movimento considerado um freio ao progresso europeu.
c) pela crítica marxista aos princípios burgueses dominantes nos centros urbanos europeus.
d) pelo elogio das sociedades burguesas associadas às vanguardas da época, como o Cubismo, o
Dadaísmo e o Surrealismo.
Comentário:
Essa é uma questão bem interessante que trata do assunto sobre o cientificismo que marca a Belle
Époque, na Europa da segunda metade do século XIX. Como sabemos, esse momento foi caracterizado
por uma expansão técnica e científica com fortes influências na arte e cultura. As grandes exposições
universais que ocorreram em Paris e Londres eram formas de celebrar os avanços da ciência e de
enaltecer o poder das grandes nações industriais, capazes de dominar imensos impérios coloniais,
atestando, assim, uma suposta superioridade sobre os demais povos considerados selvagens e bárbaros.
Tendo essas informações em vista, vamos à análise das alternativas:
Bingo. Todas as informações estão corretas.
Não havia crítica ao expansionismo, mas uma ode ao caráter imperialista das conquistas. Além disso não
era um freio ao progresso, mas a possibilidade de expandi-lo.
As exposições não eram marxistas, socialistas ou de qualquer outra natureza anticapitalista.
Nem todos os estilos da vanguarda europeia estavam ligados ao espírito do progresso científico e da
superioridade cultural e racial que os europeus se auto atribuíam. O dadaísmo, por exemplo, era um
grande movimento de crítica a essa noção de progresso científico e ocorreu mais próximo o ao
acontecimento da 1ª. Guerra Mundial.
Gabarito: A

5. Positivismo, Evolucionismo e Darwinismo Social


5.1 O contexto intelectual: do iluminismo ao Positivismo
O iluminismo, no século XVIII, foi responsável por uma revolução no pensamento europeu ao valorizar
a razão como fonte do conhecimento humano e, sobretudo, como fundamento da ação do ser humano.
Nesse sentido, teve impacto profundo na forma de propor a organização política, social, cultural e
econômica do mundo. Pretendia-se construir uma sociedade laica e racional livre dos dogmas e obscurantismo
religioso que legitimava o poder despótico dos reis absolutistas. Por isso, tratava-se de criar procedimentos
de reflexão e experiência.

Veja o nome de alguns pensadores importantes que contribuíram para influenciar na formação do
pensamento social:

Robert Owen William Thompson Jeremy Bentham David Hume


(1771-1858) (1775-1833) (1748-1832) (1711-1776)

AULA 08 – Contemporânea II 41
Prof. Alê Lopes

Nesse cenário intelectual, a ascensão da sociedade urbano-industrial capitalista gerava consequências


que desafiavam as explicações mais tradicionais sobre a sociedade. Na verdade, esse modelo social surgido
com a Revolução Industrial gerou problemas até então desconhecidos.

Por exemplo, o fenômeno da fome até então tinha causas geradas por obstáculos ambientais ou
técnicos. Uma grande geada, uma grande peste ou o desgaste excessivo da terra cultivada
geravam ondas de fome que poderiam assolar toda uma região. A fome urbana é diferente. Ela é
ligada à ausência de trabalho, de moradia, de excesso de pessoas no centro urbano, fruto de
êxodo rural ou ondas de movimentos migratórios. A fome pode ser individual ou familiar, sem
atingir uma região. Na verdade, ela se associa à questão da classe social e da riqueza. Esse
fenômeno não existia na sociedade rural, por isso, é uma novidade produzida pelo novo
contexto e que exigiu inovações nas formas de olhar para novos problemas. Surgiram, então, os
problemas urbano-industriais.
Assim, pensamentos sociais foram aparecendo para dar conta de entender e de intervir na sociedade.
Muitos deles estavam vinculadas ao pensamento cientificistas surgido nesse contexto. As mais importantes
vertentes foram o evolucionismo, o positivismo e o determinismo.
Lembre-se de que o Iluminismo, no século XVIII, foi um movimento intelectual importante que propagou
muitas ideias. Apenas para refrescar sua memória, vamos a Emmanuel Kant conferir o que ele nos diz:

O Iluminismo é a saída do homem do estado de tutela, pelo qual ele próprio é


responsável. O estado de tutela é a incapacidade de utilizar o próprio
entendimento sem a condução de outrem. Cada um é responsável por esse
estado de tutela quando a causa se refere não a uma insuficiência do
entendimento, mas à insuficiência da resolução e da coragem para usá-lo sem
ser conduzido por outrem. Separe aude [coragem para aprender]! Tenha
coragem de usar seu próprio entendimento. Essa é a divisa do Iluminismo.6
O principal fator científico, ou do campo do pensamento, que contribuiu para o
surgimento do pensamento social (a Sociologia) foi a aproximação da filosofia social
com os princípios reguladores do mundo físico-natural (a Biologia, a Química e a Física).
Por que isso profe? Por que as Ciências Humanas quiseram se aproximar das ciências da natureza?
Porque, meus queridos alunos, até então, as Ciências Naturais eram as que mais apresentavam
inovações em seus experimentos sobre os problemas observáveis da vida humana. Essas Ciências já haviam
obtido êxitos no questionamento das explicações “sobrenaturais” ou metafísicas para fenômenos da vida e,
assim, trazido a RAZÃO para o centro das reflexões.
Uma das principais ciências a lograr esses êxitos foi a Biologia, sobretudo, com a obra de Darwin (1809-
1882). Naturalista inglês, ele desenvolveu a teoria da evolução das espécies por meio da seleção natural.
Um grupo de pesquisadores, depois chamados de positivistas, buscou métodos de outras Ciências, e
passou a fazer analogias da vida em sociedade com os organismos humanos e naturais em geral.
Dessa maneira, passaram a conceber a sociedade como um corpo humano, uma espécie de órgão: ora
funcionaria harmonicamente e coeso, ora manifestaria doenças que precisariam ser curadas. Portanto, tanto
as “coisas” físicas quanto as “coisas” humanas seriam naturais.

6
KANT, Emmanuel. Qu’est-ce que les Lumières? (1784). Paris: Flammarion. 1991, pp.43-45.
AULA 08 – Contemporânea II 42
Prof. Alê Lopes

Isso gerou uma perspectiva determinista, ou seja, as características da sociedade seriam determinadas
pela natureza. Também gerou uma perspectiva funcionalista, isto é, tudo na sociedade possui uma função, o
que não possui seria uma anomalia social.
Só para você ter uma ideia do que significava a tentativa de explicar a sociedade por métodos das
ciências da natureza, o pensador Condorcet (1742-1794) aplicou métodos matemáticos para estudar
fenômenos sociais. Daí surgiu o que ele denominou de “matemática social”. Não que as Ciências Humanas
deixem de utilizar as ferramentas da matemática em seus estudos; pelo contrário, é comum e deve-se buscar
esse uso, principalmente para a sistematização de dados estatísticos. Apenas quero ressaltar e chamar sua
atenção para os esforços já realizados na aproximação dos campos do conhecimento.
Essa proximidade também ficou evidente quando o fundador do termo Sociologia, Auguste Comte
(1798-1857), antes de pensar na palavra Sociologia, chegou a usar a expressão “física social”.

5.2 O positivismo
No campo das Ciências Humanas, foi Auguste Comte quem impulsionou a
formação do pensamento social científico, ou seja, como uma ciência propriamente
dita. Havia uma preocupação de estabelecer concretamente uma Ciência Social, algo
que se diferenciasse da ação meramente especulativa da filosofia e das ciências
naturais.
Comte imaginava que se encontrassem leis para explicar os fenômenos sociais
então, ele poderia desenvolver uma “ciência social”. E é bom lembrar que, no século
Auguste Comte XIX, os cientistas, buscavam “leis” para quase tudo na vida.

Leis profe, como assim?


Sim, leis capazes de reger os meios naturais e sociais.

E o que são “leis”?


Calma, não tem nada a ver com leis jurídicas escritas. As leis sociais são como a lei da gravidade: está
ali, dá para sentir que existe, mas você não as vê. Sacou? Se você quiser uma explicação mais robusta, deixo
a seguinte:
As leis são afirmações acerca de relações uniformes. A relação pode ser a de sequência entre eventos contíguos,
onde um dos eventos é a condição necessária e suficiente para a presença de outro. Uma afirmação sobre tal
relação é denominada de “lei causal”. A relação pode ser de coexistência, ou seja, a concomitância de propriedades
de uma classe de objetos ou de partes de uma classe de objetos ou sistemas. Uma afirmação sobre tal relação é
chamada de “lei sistêmica”.7

7
ABEL, Theodore. Os Fundamentos da Teoria Sociológica. Rio de Janeiro: Ed. Zahar. 1972, p. 14.
AULA 08 – Contemporânea II 43
Prof. Alê Lopes

A crença de Newton (1643-1727) de que


a natureza oculta uma ordem
inerentemente racional sob a infinita
variedade de seus fenômenos era
considerada igualmente aplicável à
sociedade (ABEL, 1972, p. 12).

Se para o “mundo natural” existiam leis, como a da gravidade, o “mundo social” também deveria ter
suas leis. Restava descobri-las e estudá-las.
Porém, para uma parte do pensamento positivista, havia diferenças essenciais entre:
o mundo físico – estudado pela Biologia, pela Química e pela Física, relacionado a questões
exteriores aos homens.
o mundo social: seria próprio/intrínseco aos homens, embora mediado pelo meio natural.
Parece óbvio, mas para tais elaborações muitos estudos e polêmicas foram desenvolvidas entre os
pensadores!
Como tudo ainda estava em elaboração, os trabalhos pioneiros desses autores se referiam à situação
social dos países como “crise”, “desordem”, “baderna”, “anarquia”, “perturbação”. Esses pensadores
propuseram, então, racionalizar a nova ordem social para encontrar soluções diante do que eles consideravam
como desorganização social.
Esses primeiros representantes do pensamento social revalorizaram determinadas instituições da
época, responsáveis por manter a integridade e a coesão da sociedade pós processos revolucionários. As
instituições que foram alvo das apreensões desses pensadores foram: a autoridade governamental, a família,
a hierarquia social, a escola. Temas muito parecidos com os já abordados pelos Iluministas.
Na perspectiva dos primeiros pensadores sociais, todas essas instituições poderiam ajudar a equilibrar
interesses na sociedade e, com isso, diminuir a “desordem” e a fragmentação social que caracterizavam
aquele contexto histórico.
Não por menos, uma das definições de Auguste Comte para a Sociologia é o “estudo da ordem e do
progresso social”8. Por sinal, Ordem e Progresso é um lema positivista. Viu, guarda isso!!
Além disso, a ideia de equilíbrio era uma forma de Comte se diferenciar tanto dos conservadores
quanto dos revolucionários. Aos conservadores, Comte dizia que seria impossível a ordem do antigo regime
ser restaurada; aos revolucionários, Comte dizia que eram irresponsáveis, pois menosprezavam a organização
da sociedade.
De acordo com Auguste Comte, os objetivos da nova Ciência, a Sociologia, assim poderiam ser
definidos:
Entendo por física social [a sociologia] a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos sociais,
segundo o mesmo espírito com que são considerados os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e fisiológicos,
isto é, submetidos a leis invariáveis, cuja descoberta é o objetivo de suas pesquisas. Os resultados de suas pesquisas
tornam-se o ponto de partida positivo dos trabalhos do homem de Estado, que só tem, por assim dizer, como

8
ABEL, Theodore. Os Fundamentos da Teoria Sociológica. Rio de Janeiro: Ed. Zahar. 1972, p. 12.
AULA 08 – Contemporânea II 44
Prof. Alê Lopes

objetivo real descobrir e instituir as formas práticas correspondentes a esses dados fundamentais, a fim de evitar
ou pelo menos mitigar, quanto possível, as crises mais ou menos graves que um movimento espontâneo
determina, quando não foi previsto. Numa palavra, a ciência conduz a previdência, e a previdência permite regular
a ação.

A expressão positivismo é originada do adjetivo positivo o qual remete ao algo


certo, correto, verdadeiro. O espírito positivo foi um rechaço às filosofias
anteriores, principalmente às ideias Iluministas, que estavam carregadas de
“negações”: negação à autoridade; negação à religião; negação à ordem; etc.
De toda forma, um dos pontos em comum entre Iluminismo e positivismo é
que ambos estão baseados na razão.

A escola positivista segue a linha científica baseada na crença absoluta na razão humana. Em linhas
gerais, o objetivo dos positivistas é conhecer o meio social e sintetizá-lo em leis que expliquem a regulação da
vida social dos homens. Para tanto, o positivismo faz uso de métodos chamados de empíricos (experiências).
Sustenta, ainda, que o conhecimento científico do mundo social é limitado ao que pode ser observado.

Em síntese, para essa corrente de pensamento os fenômenos sociais podem ser


explicados e previstos por meio de descobertas de regularidades empíricas,
formulando generalizações semelhantes a leis e estabelecendo relações causais.
HALPERIN, Sandra. HEATH, Oliver.Political Research: methods and practical skills.
England: Oxford-University Press. 2012, p.6.

5.2.1 - As ideias centrais do positivismo


Comte também concebia que as diversidades das instituições humanas e as pluralidades do meio social
não seriam parte necessária da ordem social. A lógica do pensamento positivista era a seguinte:
1- o homem possui uma única natureza.
2- aquilo que contrasta com a natureza humana seria uma espécie de patologia social (doença).
3- Portanto, deveria haver curas, ou soluções, para tais doenças.

E, sobre isso, queridos e queridas, já quero que vocês ARTICULEM COMIGO o seguinte: por trás da
negação da diversidade social havia um pensamento discriminatório potencial que foi estimulado
amplamente no contexto do século XIX quando os Europeus conquistaram povos dos continentes da
África e da Ásia. Cientificamente, essa teoria ficou conhecia como Darwinismo Social

A partir das ideias positivistas de Auguste Comte, podemos sistematizar três grandes temas de seu
pensamento:
1- A sociedade industrial europeia como exemplo da sociedade de todos os homens, de modo que a
organização cientifica do trabalho é mais eficaz e produtiva para controlar racionalmente os recursos
naturais do que qualquer outra organização social. Por isso, Comte defendia a sociedade industrial
como forma universal de organização social.

AULA 08 – Contemporânea II 45
Prof. Alê Lopes

2- O pensamento científico universal seria o caminho para o progresso da humanidade. Por isso, o
positivismo deveria ser estendido a todos os aspectos do pensamento;
3- O modelo do sistema político positivo da sociedade europeia deveria ser o modelo para a
humanidade. Segundo Raymond Aron, a pergunta de pesquisa que levou Comte a esse tema foi:
“Como é possível, em última análise, explicar a diversidade, se a natureza humana é basicamente a
mesma?”9.
Como o mundo estava tomado pela supremacia europeia, havia uma crença de que os europeus
formavam a civilização mais avançada, a civilização da “Ordem e do Progresso”. Dessa forma, o “corpo” social
que manifestasse “disfuncionalidades” em descompasso com o modelo de sociedade europeia precisaria ser
corrigido. Por isso, costuma-se afirmar que as Ciências surgidas neste período estavam influenciadas pelo
pensamento eurocêntrico.

Portanto, as realidades distintas eram vistas como graus diferentes em uma escala evolutiva. A isso
damos o nome de evolucionismo.

A história do modo como os europeus trataram e interpretaram os povos não europeus é marcada por
uma matriz de pensamento eurocêntrico, ou seja, eles partiram do seu próprio modo de vida para interpretar
o outro.
Durante a idade média, os homens africanos, sobretudo, os mouros muçulmanos instalados na
Península Ibérica, eram chamados de “povos de cara queimada” pelos cristãos da Europa Central. O mundo
africano era a região distante e de povos pecadores que, por meio do discurso religioso, eram associados ao
demônio.
Efetivamente, durante a Idade Moderna, como discutimos nas aulas de América Latina e Brasil, o
mercantilismo consolidou essa visão de supremacia europeia que inferioriza o não-europeu, especialmente,
os africanos devido ao amplo comércio escravista que se estabeleceu naquele continente. Conforme os povos
europeus conquistavam colônias, exploravam recursos naturais e escravizavam não-europeus, as narrativas
eurocêntricas ampliavam a noção de selvageria e inferioridade.
Nesse sentido, as práticas imperialistas do século XIX não alteraram a essência desse pensamento. Ao
contrário, as práticas de conquistas se intensificaram e diversas teorias consideradas científicas à época foram
elaboradas para justificar a dominação sobre os africanos e asiáticos.
“A novidade no século XIX era que os não-europeus e suas sociedades eram crescente e geralmente
tratados como inferiores, indesejáveis, fracos e atrasados, ou mesmo infantis. Eles eram objetos perfeitos
de conquista, ou ao menos de conversão aos valores da única verdadeira civilização [...]”10

9
Idem, p. 78.
10
Idem, p. 132.
AULA 08 – Contemporânea II 46
Prof. Alê Lopes

Como o mundo estava tomado pela supremacia europeia, havia uma crença de que os europeus
formavam a civilização mais avançada - a civilização da “Ordem e do Progresso”
representada pelas conquistas tecnológicas e morais da sociedade europeia.
Nesse contexto, é importante saber que o evolucionismo biológico de Charles
Darwin (1809-1882), desenvolvido no campo da Biologia, foi parâmetro para elaborações
para as explicações sociais sobre as diferenças entre os agrupamentos humanos. Dessa
proximidade entre ciências biológicas e ciências humanas surgiu o pensamento
evolucionista social, com destaque para o inglês Hebert Spencer (1820-1903).
Para os evolucionistas, as sociedades se desenvolvem em escalas previsíveis, do estágio mais “primitivo ao
mais “sofisticado”. O evolucionismo social, ou darwinismo social, defende que as diferenças fundamentais
entre as pessoas ou grupos humanos estão baseada em raças distintas.
No século XIX, os estudos científicos (naturais e sociais) dividiam a humanidade em raça caucasiana
(branca), raça etíope (negra) e raça mongólica (amarela). Para Spencer, por exemplo, a raça branca era o topo
da evolução humana. Isso porque, em meio à competição pela vida, a história teria selecionado, naturalmente,
os brancos enquanto seres mais fortes. Trata-se, portanto, de uma das teorias racialistas do final do século
XIX. Por meio delas, as sociedades encontradas na África, Ásia e Oceania eram tratadas como “fósseis vivos”
representantes de estágios inferiores da escala evolutiva os quais a civilização europeia já teria ultrapassado.

Nesse sentido, os povos não-europeus eram identificados como selvagens e bárbaros, inferiores na escala
evolutiva e, por isso, incapazes de se autogovernar. Sozinhos jamais chegariam à evolução! Ou seja, sua
inferioridade comprometia sua capacidade política de organizar seu mundo.
Por isso, a conquista europeia incorporou um discurso humanitário e civilizatório, qual seja: levar os
costumes e modelos da civilização aos menos evoluídos a fim de os tirarem da barbárie ou ainda, espalhar o
progresso pelo mundo.
Em troca da riqueza natural e humana, os europeus ofereciam seu próprio modo de vida. Era a
chamada missão civilizatória, ou o FARDO DO HOMEM BRANCO: uma ideologia para justificar moralmente
uma prática de dominação!
Com essas ideias de superioridade cultural e racial imbuídos de um sentimento humanitário
justificavam formas brutais de conquista e exploração. Leia um trechinho de um discurso do Primeiro Ministro
francês Jules Ferry (1832-1893):

“Para os países industriais exportadores, a expansão colonial é uma questão de


salvação. Em nosso tempo, e diante da crise que atravessam as indústrias europeias, a
fundação de colônias representa a criação de uma válvula de escape para nossos
problemas. [...] Devemos dizer abertamente que nós, pertencentes às raças superiores,
temos direitos sobre as raças inferiores. Mas também devemos o dever de civilizá-las.
“11

11
FERRY, Jules. Discursos Políticos, 1884.
AULA 08 – Contemporânea II 47
Prof. Alê Lopes

Atualmente, é sabido que essa vertente de pensamento social inspirada nas ideias de Darwin, devido
ao seu conteúdo racial, foi utilizada para sustentar a dominação neocolonial na África. Por isso, depois da 2ª.
Guerra Mundial, o evolucionismo foi rechaçado como paradigma teórico para as Ciências Humanas. No lugar
da ideia de superioridade racial e seleção natural dos mais fortes, chegou-se à conclusão de que, na verdade,
há uma pluralidade cultural em que não existe uma única linhagem evolutiva. Ou seja, percebeu-se que a
teoria darwinista fazia sentido para a Biologia e não para as Ciências Sociais. Apesar disso, as ideias racistas
derivadas da abordagem evolucionista estiveram na raiz de inúmeros conflitos.
No século XX, o desdobramento dessa teoria levou ao surgimento das ideias eugênicas, ou seja, a
seleção de grupos humanos a partir da genética. Dois grandes exemplos históricos podem ser lembrados como
aplicação prática da eugenia e do darwinismo social: a ascensão do nazismo e o holocausto judeu; o apartheid
na África do Sul. Guardem isso e lembrem-se quando estiverem na aula de História sobre esse período!
De toda forma, por trás da negação da diversidade cultural existente entre os diversos povos que iam
sendo incorporados a esse mundo global em construção, havia um pensamento discriminatório potencial que
foi estimulado amplamente. Nesse sentido, a ideia de raça está na base social do preconceito.

6. A dominação e a resistência na África e Ásia


O processo de dominação da África e da Ásia apresentou diferenças. As estratégias que os europeus
utilizaram estavam relacionadas com o modo de organização de cada uma das regiões.
 Na África:

De um modo geral, na África, Violência


podemos falar de uma arquitetura militar
que envolveu:

Negociações
com chefes
Imperialismo Pregação
locais na África religiosa

Acordos
diplomáticos
intenacionais

AULA 08 – Contemporânea II 48
Prof. Alê Lopes

Sobre o saldo de um processo que


terminou apenas após a 1ª. Guerra Mundial,
as consequências foram múltiplas. Veremos
nas próximas aulas mais profundamente.

“Mesmo sendo consequência de um processo que não aconteceu de uma hora para outra, do
ponto de vista africano a partilha do continente foi um brusco reagrupamento no qual cerca e 10
mil unidades sociais foram reduzidas a quarenta. Foi comum uma colônia incorporar de duzentos
a trezentos agrupamentos políticos, sem considerarmos as sociedades que reconheciam apenas
a autoridade da família ampliada. Essas unidades sociais foram chamadas de tribos pelos
colonizadores, que ignoravam os laços comerciais, políticos e culturais que as haviam unido até então. Muitas
vezes reorganizados a partir de novas fronteiras coloniais que foram traçadas sem a participação dos que
moravam nas terras divididas, os grupos sociais tiveram de construir novas identidades a partir da língua e da
religião do colonizador. Além da conquista armada houve um lento processo de infiltração do colonizador,
que um era um parceiro comercial desejado por alguns poderosos locais, mas que também introduzia novos
padrões de educação, novos valores, novas formas de conhecimento, alterando profundamente as antigas
organizações sociais.
(Marina de Mello e Souza. África e Brasil Africano. São Paulo: Ed. Ática, 2005, p. 159-160)

AULA 08 – Contemporânea II 49
Prof. Alê Lopes

 Na Ásia:

A Ásia, na época, era uma região com enorme território e população. Ou seja, um ótimo foco para
conquistar. Diferentemente da África, na Ásia havia fortes estados centralizados, como Rússia, Japão, Índia,
China. Por isso, os interesses das potências da Europa central tiveram outras estratégias de dominação.

Assim, na Ásia prevaleceu a dominação


o sistema de concessão de portos,
Guerras
estradas, ferrovias. Essas concessões
eram feitas pelos governantes por meio
de pressão diplomática e guerras.
Há capítulos muito interessantes desse
Controle do Pressão
comércio diplomática processo que demonstram a
Imperialismo “criatividade” dos europeus no
enfrentamento das resistências.
na Ásia A Índia e a China expressaram
importantes movimentos anti-
imperialistas que resultaram em
guerras. Vejamos:
Controle de Controle de
portos regiões

• Guerra do Ópio, na China


O ópio é uma droga analgésica extraída da planta papoula. Até a primeira metade do século XIX, os
chineses a utilizavam como medicamento. Contudo, no contexto que estamos estudando, os ingleses
começaram produzir e sintetizar o ópio em outra escala de concentração e quantidade. Ou seja, de
medicamento, o ópio passou a ser uma substância entorpecente.
A Inglaterra estabeleceu essa produção na Índia e desejava forçar a exportação para China. Isso
requeria uma tática de espalhar. Como consequência houve uma epidemia de vício de ópio entre os
chineses. Como medida, o governo chinês proibiu o uso e o comércio de ópio. Ou seja, criminalizou a
substância.

AULA 08 – Contemporânea II 50
Prof. Alê Lopes

Em 1839, em um evento específico, o governo chinês apreendeu um carregamento de ópio de um


navio inglês e despejou no mar 20 mil caixas de ópio. O governo inglês não respeitou a soberania do
governo chinês e iniciou uma guerra
John Burnet (1784-1868). Assinatura do Tratado de Nanquin.

enorme do qual saiu vitoriosa.


Em 29 de agosto de 1842 as duas
partes assinaram um acordo
conhecido como Tratado de
12
Nanquim . Como parte da derrota, a
China entregou 5 portos para serem
controlados pelos estrangeiros e,
também, a ilha de Hong Kong – que,
por sinal só foi reintegrada a China em
1997. Esse Tratado foi o primeiro de uma série de outros assinados entre a China e as nações
europeias aos quais se conhece como "Tratados Desiguais".
Anos depois, entre 1857 e 1860, um exército franco-inglês ocupou Pequim, a Capital. Derrotada outra
vez, a China entregou mais 7 portos e ainda precisou aceitar missões cristãs e a instalação de
embaixadas europeias que funcionavam quase como “governos estrangeiros locais”.

• Guerra dos Boxers, na China


Em 1900, uma força nacionalista e anti-imperialista fez um grande atentado contra a ocupação inglesa
que matou 200 estrangeiros, inclusive o embaixador alemão. Isso provocou uma reação
desproporcional de um exército unificado composto por forças inglesas, alemãs, francesas, russo,
japonesas e até norte-americanas. Com a derrota, o governo chinês – uma monarquia centralizadora
– acabou mais submisso ainda e teve que reconhecer e aprofundar todas as concessões feitas até
aquele momento.

2 pontos para você saber e não esquecer:


Em 1911, o Partido Nacionalista da China, o Kuomintang, tomou o poder, derrubou a
monarquia chinesa e proclamou a República. Isso não foi suficiente para acabar com a
presença imperialista no país.
Em 1949, o Partido Comunista Chinês tomou poder e deu início ao Governo de Mao
Zedong.

Disponível em: https://www.gac.culture.gov.uk/gacdb/search.php?mode=show&id=33921.Acesso em


12

03-09-2019.
AULA 08 – Contemporânea II 51
Prof. Alê Lopes

13

Impérios Neocoloniais na Ásia e Oceania

• Guerra dos Sipaios, na Índia


A Índia foi uma região que sempre despertou muita curiosidade e interesse econômico. O comércio
com o Oriente e suas especiarias impulsionaram portugueses e espanhóis em uma aventura marítima que
fortaleceu a economia mercantilista. Em 1498, Vasco da Gama, em nome do rei português, chegou com
sua expedição a Calicute. Especiarias e tecidos, sobretudo a luxuosa seda, eram produtos caríssimos no
continente europeu.
No início do século XIX, a Inglaterra colocou barreiras alfandegárias para os tecidos indianos.
Combinado com isso, intensificou a compra de algodão indiano. E mais ainda, tentava vender tecidos
ingleses no mercado indiano. Tudo isso, acabou por desorganizar a economia têxtil indiana, o que facilitou
a dependência desse país em relação à Inglaterra.
O início do processo de imperialismo inglês na Índia se deu por meio de uma empresa privada, a
Companhia de Comércio das Índias Orientais. Esta estabeleceu entrepostos comerciais nas principais
cidades costeiras, ainda a exemplo do que os europeus fizeram desde o século XVI.

13
ARRUDA, José Jobson de A. Atlas Histórico Básico. São Paulo: Ed. Ática, 2008, p. 28.
AULA 08 – Contemporânea II 52
Prof. Alê Lopes

Porém cada vez mais se ampliavam a dominação dos povos locais e a interferência nas atividades
políticas, sobretudo, na economia indiana. Esse país passava por uma desestruturação cultural, política,
econômica e religiosa.
Em 1857, uma milícia nativa contratada pelos ingleses se revoltou contra essa dominação imperialista.
O movimento, que recebeu o nome de Guerra dos Sipaios, de cunho nacionalista, foi reprimido pelo
exército inglês com extrema violência. Tanto foi o excesso e o horror causado que até mesmo Rainha
Vitória condenou as atrocidades.
Como consequência, a Companhia de Comércio das Índias Orientais foi dissolvida e as possessões e
protetorados britânicos instalados na Índia foram incorporados formalmente no Império Britânico. Além
disso, como demonstração de benevolência, naquele ato de uma civilização superior que cuida dos menos
evoluídos, a Rainha concedeu liberdade religiosa aos indianos.
Vejam, queridos, se a rainha da Inglaterra está dizendo que os indianos, no seu próprio território, são
livres, isso significa que a Inglaterra já dominava aquele país, certo? Enfim, em 1876, a Rainha Vitória foi
coroada Imperatriz da Índia.

Em 1900, as colônias britânicas constituíam o maior Império Colonial de todo o mundo: O


Império onde o Sol jamais se põe. Devido ao contexto de rivalidades e disputas da Era dos
Impérios, a Inglaterra conduziu um pacto entre suas colônias para que integrassem uma
“Comunidade Britânica de Nações” – British Commonwealth os Nations.

7. Estados Unidos no século XIX e XX


Quando falamos da expansão da economia capitalista no século XIX e das políticas imperialistas das
potências econômicas, não é possível deixar os Estados Unidos da América (EUA) de fora dessa história.
Na primeira metade do século XIX, eles estavam se afirmando como Nação. Alguns acontecimentos
contribuíram para esse processo:
➢ As disputas pela expansão territorial em direção ao Oeste – Marcha para o Oeste;
➢ Algumas questões comerciais e territoriais (terras no Canadá) colocaram EUA e Inglaterra em Guerra
novamente.

Além disso, e como combustível para fortalecer o sentimento de unidade e nacionalidade, duas ideologias
foram fundamentais nesse processo:

1- Doutrina Monroe, sintetizada na frase: “América para os Americanos”. De natureza política,


em 1823, o Presidente James Monroe declarava a neutralidade dos EUA em relação aos conflitos
e disputas entre as potências europeias – lembremos que este é o momento da restauração do
Antigo regime na Europa, após a derrota de Napoleão Bonaparte. Mas queria dizer também que
os EUA não aceitariam interferência dos europeus nos seus assuntos internos.

AULA 08 – Contemporânea II 53
Prof. Alê Lopes

2- Destino Manifesto. Doutrina de natureza religiosa protestante que narra o destino glorioso reservado
por Deus aos Estados Unidos. De certa forma, é uma adaptação da doutrina calvinista da teoria da
predestinação.

Observe o mapa e atente-se para a possessão de origem dos territórios e os anos em que ocorreram as
anexações.

7.1 A Guerra de Secessão 1861-1865


Enquanto se dava essa expansão territorial e econômica para Oeste e Sudeste, intensificavam-se as
disputas entre dois modelos de organização da sociedade e da economia:

Agrário Industrial

SULISTA NORTISTA

tecnologia
Plantation - mercado
interno

Tarifas
alfandegárias Protecionismo
baixas

AULA 08 – Contemporânea II 54
Prof. Alê Lopes

Percebam que a implantação desses modelos demanda ações políticas econômicas distintas. Mas
existiam, basicamente, dois obstáculos para o desenvolvimento de cada um desses modelos:
Esse debate

ESCRAVIDÃO:
atrapalhava o
desenvolvomento PROTECIONISMO:
do modelo nortista atrapalhava o
desenvolvimento do
modelo sulista

Assim, conforme ocorriam a expansão territorial e a criação de novos Estados membros, os nortistas
faziam pressão para que fosse proibido a escravidão nos novos estados. A questão sobre as tarifas e outras
medidas protecionistas também era debatida, sobretudo, no Congresso Nacional.
O embate entre esses projetos acaba por se expressar fortemente durante as eleições presidenciais
de 1860. Pelos Democratas/Sulistas: Stephen Douglas; pelos Republicanos/Nortistas: Abraham Lincoln.

X
Os eleitores deram vitória ao projeto nortista e, ao assumir, Lincoln colocou em prática medidas que
eram prejudiciais aos fazendeiros sulistas.
Assim, surgiu o Movimento Separatista dos chamados Estados Confederados. Alguns Estados
declararam a separação (secessão) em relação aos EUA. A resposta imediata da União foi lutar contra os
Confederados para impedir a separação.
Foi uma guerra que antecipou o cenário da 1ª Guerra Mundial, com trincheiras, rifle com
carregamento pela culatra e fuzil de repetição e muito, muito e muito armamento. Foi um momento de
avanço industrial e da implantação das ferrovias. De certa forma, a própria guerra implementava um projeto
de industrialização acelerada. No entanto, dados falam em milhares de mortos, entre 600 mil e 1 milhão.
Os estados sulistas que integraram o movimento separatista e lutaram contra a União ficaram
arrasados. Como medida de derrota perderam autonomia política por 12 anos.

AULA 08 – Contemporânea II 55
Prof. Alê Lopes

Além disso, 3 emendas à Constituição foram aprovadas nesse contexto:

1865 - Fim da escravidão em toda federação

1868 - Igualdade jurídica e de acesso à justiça

1870 - Direito ao voto para todos os homens


independentemente de cor, raça ou prévio estado de
servidão.

Para treinar e memorizar!


Entre as mudanças ocorridas nos Estados Unidos, após a Guerra de Secessão (1861-1865), destacam-se:
a) a garantia de direitos civis e políticos aos negros - incluindo o direito ao sufrágio universal - e o
reconhecimento da cidadania dos imigrantes recém-chegados.
b) a consolidação da unidade nacional, a chegada de novas levas de imigrantes, o aumento do mercado
interno e um grande desenvolvimento industrial.
c) graves desentendimentos em relação às fronteiras com o México, levando a uma nova guerra, na qual
os Estados Unidos ganharam metade do território mexicano.
d) o incentivo à vinda de imigrantes e a definitiva ocupação do oeste, cujas fronteiras, em 1865, ainda
estavam nas Montanhas Rochosas.
e) o empobrecimento e a humilhação do Sul, que, derrotado pelo Norte, foi alijado das esferas do poder
federal e teve sua reconstrução impedida.
Comentário
Essa é uma questão no alvo que explora consequências de um processo histórico. Para responder
questões desse tipo é preciso mobilizar rapidamente uma série de informações do HD mental. Com isso,
você vai rapidamente para as alternativas e analisa cada uma delas. Cuidado para corrigir uma a uma
cada informação de cada alternativa.

AULA 08 – Contemporânea II 56
Prof. Alê Lopes

A conquista dos direitos civis e políticos aos negros e aos imigrantes não ocorreu imediatamente após a
guerra civil. Foi um processo que incluiu a aprovação de emendas constitucionais.
1870 - Direito ao voto para todos os
1865 - Fim da escravidão em toda homens independente de cor, raça ou
federação prévio estado de servidão.

1868 - Igualdade jurídica e de acesso à


justiça

Todas as informações estão perfeitamente e temporalmente corretas. São consequências imediatas da


Guerra de Secessão.
As guerras com o México ocorreram na primeira metade do século XVII.
Veja essa questão, minha gente, vocês precisavam ter na memória, mais ou menos, os momentos de
colonização conforme o mapa que vimos em aula. Assim, em 1865, sabemos que o território dos EUA já
está quase todos formado.
Alternativa e). Olha essa alternativa escorregadia. É verdade que o Sul perdeu seus direitos político com
a derrota para a União. Mas não significou seu empobrecimento, nem o impedimento de sua
reconstrução.
Gabarito: B

7.2 Nasce uma Potência Mundial: o imperialismo dos EUA


Com o fim da Guerra interna, a economia industrial dos EUA acelerou enormemente. Especialistas
afirmam que esse país tinha o maior e mais diversificado parque industrial da época, além de ter grande
produção de alimentos.
Esse cenário atrativo impulsionou um forte movimento migratório para a “nova potência”. Todo
mundo queria “fazer a América”. Isso gerou uma explosão demográfica propositiva: todo mundo chegava na
“América” com vontade de trabalhar duro e enriquecer.
Essa força dava vazão para novas dinâmicas expansionistas: dessa vez, o alvo dos fuzileiros navais dos
EUA eram os países da América Latina e os territórios do Pacífico. Guam, Filipinas, Porto Rico, República
Dominicana, Cuba, Panamá, Nicarágua, entre outros. O Destino Manifesto e a Doutrina Monroe operaram
como ideologias fundamentadoras das ideias dos EUA como tutores dos demais países latino-americanos.
Nesse sentido, a doutrina “América para os Americanos” ganhava contornos
imperialistas em um novo contexto do iníciod do século XX.
Com a eleição do Presidente Theodore Roosevelt, em 1901, estabeleceu-se o
chamado Corolário Roosevelt - ou Política do Big Stick. Tratou-se de uma política
externa agressiva que dava aos EUA o poder de interferir política, econômica e
militarmente nos países que não aceitassem estabelecer acordos que fossem
benéficos à expansão da economia daquele país. Vejam, o discurso era contra a corrupção e contra as
injustiças dos países ao sul dos EUA.
Enfim, leiam e reflitam sobre um trecho do discurso do presidente Roosevelt ao Congresso Americano,
em 1904.

AULA 08 – Contemporânea II 57
Prof. Alê Lopes

“Se uma nação demonstra que sabe como agir com adequada eficiência e decência em
assuntos políticos e sociais, se mantiver a ordem e respeitar suas obrigações, não precisará
temer uma interferência norte-americana. A injustiça crônica ou a impotência que resultam
de um afrouxamento geral das regras de uma sociedade civilizada podem exigir, afinal de
contas, na América ou em outro continente, a intervenção de uma nação civilizada – e, no
hemisfério ocidental, a adesão dos Estados Unidos à Doutrina Monroe poderá vir a forçar os
Estados Unidos, embora contra sua vontade, em casos flagrantes de injustiça ou impotência, a exercer
um poder de polícia internacional.”14

Bem, querida e querido aluno, chegamos ao final da aula sobre a primeira parte do Período Moderno.
Ainda teremos mais uma aula para falar sobre as transformações desse modelo absolutista que findará na
Contemporaneidade.
Faça seu controle de temporalidade!!
Faça todos os exercícios. ESTUDE os comentários das questões. Cada uma delas é comentada com o
apreço pelo detalhe da explicação, para fazer você aprender não apenas a resposta certa, mas como realizar
a questão. Fiz com cuidado e carinho. Aproveite bem!
E se as dúvidas surgirem, me acha no Fórum de Dúvidas. Nos vemos na próxima
aula!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado, de amor sem fim!
Alê

Queridos alunos, para que você possa treinar, colocamos questões específicas e adaptamos outras para você
treinar e memorizar.
Dúvidas, recorram ao Fórum de Dúvidas.
Seja Safo, não perca tempo. Vamos gabaritar história!

14
Disponível em: https://www.ourdocuments.gov/doc.php?flash=false&doc=56.Acesso em 03-09-2019.
Tradução livre.
AULA 08 – Contemporânea II 58
Prof. Alê Lopes

5. Lista de questões EsPCEx


1- (EsPCEx 2022)
No Congresso de Viena, em 1815, ficou decidida a restauração da monarquia absolutista. Essa volta ao
poder das monarquias absolutistas. Essa volta ao poder das monarquias absolutistas provocou explosões
revolucionárias em boa parte da Europa no decorrer do século XIX, dentre as quais pode-se citar a
A) Revolução Francesa.
B) Unificação Italiana.
C) Revolta dos Sipais.
D) Guerra do Ópio.
E) Conferência de Berlim.

2- (EsPCEx – 2019)
No início do século XX, os trabalhadores brasileiros se organizaram para defenderem seus direitos. Duas
ideologias oriundas do século XIX predominavam nesta época: o comunismo e o anarquismo. Avalie as
afirmações abaixo.
I. Defendia a conquista do Estado e o estabelecimento de uma ditadura.
II. Era contraria a existência do Estado.
III. Valorizava o partido político como meio de organizar as lutas.
IV. Não concordava com as eleições pois viam nestas um meio de manipulação do povo.
A opção que apresenta os fatos relacionados à doutrina do Anarquismo é
a) I e II.
b) II e IV.
c) I e IV.
d) II e III.
e) I e III.

3- (EsPCEx – 2017)
No século XIX, uma corrente de filósofos acreditava ser possível reformar o capitalismo por meio da ação
do estado ou da associação dos trabalhadores em cooperativas autogeridas. Esses princípios são
denominados
a) Materialismo Histórico.
b) Socialismo Utópico.
c) Socialismo Científico.
d) Liberalismo.
e) Anarquismo.

4- (EsPCEx – 2016)
Observe as ideias de três pensadores da Idade Moderna.
- Adam Smith (escocês), em sua obra A riqueza das nações, afirmava que a única fonte de riqueza era o
trabalho, e não a terra.
- A ideia central da doutrina de Karl Marx (alemão) é que a “história das sociedades humanas é a história
da luta de classes”.

AULA 08 – Contemporânea II 59
Prof. Alê Lopes

- Thomas Malthus (inglês), em sua obra Ensaio sobre o princípio da população, escreveu que a natureza
impõe limites ao progresso material, já que a população cresce em progressão geométrica, enquanto a
produção de alimentos aumenta em progressão aritmética.
Pode-se afirmar que
a) os três pensadores defendem o liberalismo clássico.
b) as três ideias propõem a ditadura do proletariado.
c) Adam Smith propõe o liberalismo clássico, Thomas Malthus e Karl Marx, o socialismo utópico.
d) Thomas Malthus e Adam Smith defendem o pensamento liberal clássico e Karl Marx foi um dos autores
do socialismo científico.
e) Karl Marx e Adam Smith são considerados anarquistas, e Thomas Malthus, socialista utópico.

5- (EsPCEx – 2012)
Leia as afirmações abaixo, referentes a fatos ocorridos e ideias desenvolvidas na Europa, e responda ao que
se pede.
I. “Representou, na verdade, o momento culminante de um processo que começou no Renascimento, de
afirmação da razão como base do conhecimento” (ARRUDA & PILETTI, 2007)
II. De acordo com Rosseau o “povo (...) é o verdadeiro soberano (...) Sua forma de expressão (...) deveria se
manifestar por meio da maioria de votos da população em assembleias nas quais ele exerceria diretamente
(...) o poder de decidir sobre os rumos a dar à sociedade”. (AZEVEDO & SERIACOPI, 2007)
III. Provocaram transformações, dentre outras: proletarização definitiva dos produtores diretos; decadência
da indústria doméstica rural; crescente divisão internacional do trabalho; aceleração do êxodo rural,
antagonismo entre o proletariado nascente e a burguesia proprietária dos meios de produção.
IV. Irromperam movimentos sociais e políticos como o ludismo e o movimento cartista.
V. São algumas de suas ideias: críticas ao Estado absolutista, propondo a limitação do poder real; defesa da
não intervenção do Estado no campo econômico; e defesa de um sistema constitucional.
Os números
a) I, II e V referem-se ao pensamento socialista; e os números III e IV são consequências e ideias positivistas.
b) I e III referem-se ao Macartismo, e os números II, IV e V referem-se ao Comunismo.
c) I, III e IV são ideias e consequências do Iluminismo; os números II e V são ideias e consequências das
ideias bulionistas.
d) III e V são ideias e consequências dos ideais anarquistas; os números I, II e IV são ideias positivistas e
algumas de suas consequências.
e) I, II e V referem-se a ideias e ao pensamento iluminista; os números III e IV ocorreram como consequência
da Revolução Industrial.

6- (EsPCEx/2007/4000000523)
Na Europa, “na segunda metade do século XIX, houve uma grande mobilização operária, com diversos
levantes revolucionários. [...] Sentindo os efeitos da industrialização, a cúpula eclesiástica de Roma definiu-
se oficialmente quanto a sua participação nos novos problemas sociais.”
(VICENTINO, 2002, p. 301).
Nesse contexto, o Papa Leão XIII revificou a religião como instrumento de reforma e justiça social e,
declarando-se ainda contrário à doutrina marxista de luta de classes, apelou para o espírito cristão dos
empregadores, fazendo publicar em 1891 a encíclica
a) Quadrogésimo Anno.
b) Rerum Novarum.
c) Master et Magistra.
d) Pacem in Terris.

AULA 08 – Contemporânea II 60
Prof. Alê Lopes

e) Humanae Vitae.

7- (EsPCEx/2005/4000000219)
O século XIX foi o período em que diversas doutrinas econômicas, políticas e sociais surgiram, com
repercussões até os dias de hoje. Uma dessas doutrinas foi o socialismo, que teve várias vertentes. Sobre o
socialismo daquele século, pode-se afirmar que
a) Charles Fourier propunha uma sociedade em que as pessoas se ajudassem mutuamente por meio de
cooperativas agroindustriais.
b) Louis Blanc acreditava que a concorrência entre capitais produziria o bem-estar da classe trabalhadora.
c) Saint-Simon propunha a substituição do trabalho escravo pela mão-de-obra assalariada, embora
considerasse que isso não eliminaria os ociosos
d) Robert Owen propunha que o Estado controlasse as greves e as classes trabalhadoras por meio de “Trade
Unions”.
e) P. J. Proudhon acreditava que um Estado igualitário seria a solução para o conflito entre patrões e
empregados.

8- (EsPCEx/2004/4000039629)
A penetração britânica tornou-se dominante na Índia durante o século XVIII. Nessa época, o governo
britânico na Índia estava baseado em dois pilares: um sistema administrativo inovador e uma forte
instituição econômica. Trata-se, respectivamente, do sistema de:
a) Domínio e da Companhia das Índias Ocidentais.
b) Protetorado e da Companhia das Índias Orientais.
c) Vice-Reino e da Instituição Financeira de Calcutá.
d) Mandato e da Organização Colonizadora de Bombaim.
e) Commonwealth e da Companhia de Comércio de Nova Délhi.

9- (EsPCEx/2004/ 4000039635)
Texto I
"... Tosawi trouxe o primeiro bando de comanches que se rendeu. Quando foi apresentado a Sheridan, os
olhos de Tosawi brilhavam. /alou seu nome e acrescentou duas palavras de inglês trôpego. Disse: 'Tosawi,
bom índio'. (...) /oi então que o general Sheridan pronunciou as palavras imortais: 'Os únicos índios bons
que já vi estavam mortos'." (P. 133).
Texto II
"... Esses soldados cortam minha madeira, matam o meu búfalo e, quando vejo isso, meu coração parece
partir; fico triste... Será que o homem branco se tornou uma criança que mata sem se importar e não come
o que matou? Quando os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver e não morrer de
fome." Satanta, chefe dos Kiowas. (P. 173).
Os textos acima foram retirados do livro de Dee Brown, Enterrem meu Coração na Curva do Rio (São Paulo,
Círculo do Livro, 1974).
Uma explicação que estabelece uma possível ligação entre os dois trechos é que
a) os bons índios já estavam mortos antes mesmo de os soldados brancos matarem os búfalos.
b) Os soldados brancos caçavam os búfalos e destruíam as florestas por puro divertimento infantil.
c) o general Sheridan estava certo em sua afirmação de que os índios deveriam mesmo morrer de fome.
d) Satanta e Tosawi eram índios bons, mas seus atos eram condenados pelos soldados brancos.
e) matar os búfalos e dividir ainda mais os grupos indígenas eram táticas dos militares.

AULA 08 – Contemporânea II 61
Prof. Alê Lopes

10- (EsPCEx/2003/4000039572)
“A expansão para o Oeste produziu nos EUA uma crescente fermentação nacionalista, intimamente
relacionada com as anexações territoriais. Estas foram realizadas mediante tratados ou compras e também
por meio de guerras de conquista.”
KOSHIBA, Luiz. História: Origens, Estruturas e Processos. São Paulo: Atual, 2000.
A expansão territorial dos EUA foi marcada principalmente pela “marcha para o Oeste”, que transcorreu
praticamente por todo o século XIX. Sobre tal processo pode-se afirmar que
a) a Flórida foi adquirida dos ingleses, mediante o pagamento de grande indenização.
b) tanto a Califórnia quanto o Arizona foram anexados após a Guerra Hispano-Americana.
c) o Alasca foi adquirido do Canadá após o pagamento de uma pequena indenização.
d) o Oregon foi incorporado após um acordo diplomático realizado com a Inglaterra.
e) a Luisiana foi anexada após a derrota do exército napoleônico frente aos americanos.

11- (EsPCEx/2003/4000039578)
Durante o processo de independência dos países da América Latina, a Inglaterra colocou-se ao lado dos
países latino-americanos contra suas metrópoles, buscando transformá-los em mercados fornecedores de
matérias-primas e consumidores de produtos industrializados. Os Estados Unidos, por sua vez, objetivando
estender sua influência política e econômica e reduzir a das potências europeias sobre toda a América,
lançaram, em 1823, uma doutrina cujo lema era “a América para os americanos”. Essa reação dos Estados
Unidos ficou conhecida como
a) Doutrina Washington.
b) Plano Marshall.
c) Doutrina Monroe.
d) Plano Jefferson.
e) Doutrina Grant.

12- (EsPCEx/2002/ 4000039516)


Observe a tabela a seguir:

FONTE: PEDRO, Antônio. História Geral. São Paulo: FTD, 1995. Pág. 264.
A tabela acima mostra a correlação de forças produtivas entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos da
América, em 1860, quando teve início a Guerra de Secessão. Um dos fatores que causaram o conflito foi a
questão da escravidão. Porém podemos identificar outras origens para a guerra, tais como o (a):
a) desejo dos nortistas de estabelecer tarifas protecionistas sobre as importações, enquanto os estados do
Sul se opunham completamente a elas.
b) pedido da Califórnia para ser incorporada como novo estado escravista à União, rompendo o equilíbrio
de forças entre o Norte e o Sul.

AULA 08 – Contemporânea II 62
Prof. Alê Lopes

c) vitória de Abraham Lincoln, candidato do Partido Democrata e adepto de idéias abolicionistas, nas
eleições de 1860.
d) criação do novo Partido Republicano, em 1854, que apresentou como candidato à presidência o nortista
Jefferson Davis.
e) estabelecimento do Compromisso do Missouri, que autorizava a escravidão nos novos estados situados
ao norte do paralelo 36°30’.

13- (EsPCEx/2002/4000039527)
O “Conselho dos Quatro”, a “Questão da Legitimidade” e a “Santa Aliança” , entre outros aspectos,
decorreram da derrota napoleônica e do desejo de reprimir a expansão revolucionária pela Europa.
Contudo, passados alguns anos, as diretrizes anteriormente estabelecidas foram superadas, na medida em
que se tornavam entraves à nova situação política, econômica e social vigente naquele continente.
Exemplos disso foram os movimentos de independência política dos países dominados por outras
potências, como a Grécia, que se libertou do Império Otomano em 1829.
Outro exemplo de separação, na primeira metade do século XIX, foi a independência de(a):
a) Bélgica em relação à Holanda.
b) Luxemburgo em relação à Suíça.
c) Noruega em relação à Suécia.
d) Polônia em relação à Prússia.
e) Sérvia em relação à Áustria.

14- (EsPCEx/2001/4000039469)
A Revolução Industrial, aliada aos princípios da Escola de Manchester, produziu grandes transformações
econômicas, políticas e sociais no mundo de então.
As doutrinas antiliberais, que surgiram no século XIX, encarnavam uma reação ao progresso industrial,
propondo reformulações sociais e a construção de um mundo mais justo.
Cada movimento pautava seu ideário através de publicações e artigos que pudessem atingir a massa
operária europeia. Leia com atenção o trecho a seguir:
“... Com o desenvolvimento da grande indústria, desaparece debaixo dos pés da burguesia a base
em que ela produz e se apropria dos produtos. Ela produz, antes do mais, o seu próprio coveiro. ...”
O fragmento acima foi retirado de uma publicação fundamental e traz, indiretamente, uma das ideias
centrais do
a) Anarquismo.
b) Socialismo Cristão.
c) Socialismo Utópico.
d) Socialismo Científico.
e) Sindicalismo.

15- (EsPCEx/2001/4000039472)
“A revolução social do século XIX não pode extrair a sua poesia do passado, mas antes do futuro. (...) As
revoluções anteriores tiveram necessidade das reminiscências históricas para se iludir quanto ao próprio
conteúdo. (...) Dantes era a frase que superava o conteúdo, agora é o conteúdo que supera a frase”.
MARX, Karl, O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Lisboa: Nosso Tempo, 1971, p. 18
O texto acima de Karl Marx alude ao golpe realizado por Luís Bonaparte que resultou na instauração
do Segundo Império Francês. Longe de ser uma ocorrência fortuita, foi o resultado das lutas que a
França atravessava desde os anos 1830.
AULA 08 – Contemporânea II 63
Prof. Alê Lopes

A oposição ao Rei Luís Felipe, que levou à Revolução de 1848 na França era composta de várias correntes
ou partidos. Um deles era o
a) Democrata, que propunha uma maior participação do povo francês no governo.
b) Sindicalista, que lutava pela tomada do poder pelos operários franceses.
c) Imperialista, que pregava uma política de expansão colonial francesa.
d) Legitimista, que desejava a volta da dinastia dos Bourbons ao trono.
e) Anarquista, que pugnava pela extinção do governo central francês.

16- (EsPCEx/2001/4000039478)
O trecho abaixo está relacionado com a Guerra da Criméia (1853-56). Leia-o e responda o item a seguir.
"A TROPA""
Os cavalos suavam com terror quando começamos a correr
O poderoso troar dos canhões russos
E nós avançamos como uma parede humana
Os gritos de dor quando os nossos companheiros caíam
Os nossos corpos empilhavam-se no terreno
E os Russos voltavam a atirar
Nós chegamos tão perto, porém estávamos muito longe
Nós ganhamos a vida para lutar um outro dia."
Esta descrição da carga da Brigada de Cavalaria Ligeira contra a fortaleza russa de Balaclava foi
adaptada da letra "The Troper" do grupo de rock inglês “Iron Maiden”. Na Guerra da Criméia, a
Inglaterra aliou-se à França e ao Piemonte para impedir a expansão russa contra a:
a) Alemanha.
b) Bélgica.
c) China.
d) Polônia.
e) Turquia.

17- (EsPCEx/2001/4000039480)
No ano de 1861, Vítor Emanuel II foi proclamado Rei da Itália. A partir daí, várias conquistas
territoriais foram conseguidas, concluindo o que viria a ser o "Estado Italiano". Entretanto, nem só
de ganhos territoriais preencheu-se a unificação italiana. Para conseguir o apoio de Napoleão III contra
a Áustria, os italianos comprometeram-se em ceder duas províncias à França, que foram
a) Piemonte e Veneza.
b) Lombardia e Toscana.
c) Córsega e Sardenha.
d) Sicília e Nápoles.
e) Nice e Sabóia.

18- (EsPCEx/2000/4000039340)
Pelo Congresso de Viena (1815), alguns povos que possuíam características distintas, como religião e
idioma, foram reunidos sob um mesmo poder, acarretando mais tarde revoluções com características
fortemente nacionais. Foi o que ocorreu na década de 1830 na região da Flandres. Os povos mencionados
neste trecho, referentes a essa região, são os
a) alemães e austríacos.
b) tchecos e eslovacos.
AULA 08 – Contemporânea II 64
Prof. Alê Lopes

c) suecos e noruegueses.
d) portugueses e espanhóis.
e) belgas e holandeses.

19- (EsPCEx/2000/4000039341)
A Segunda Revolução Industrial (1860-1914), conhecida como a "era do aço e da eletricidade",
correspondeu a um processo de expansão da industrialização para vários países naquela época, a respeito
dessa revolução, pode-se afirmar que
a) uma das consequências, nos países em que ela ocorreu, foi o êxodo urbano.
b) nela surgiram os cartéis, onde as empresas, ao se aglutinarem, perdem sua autonomia, tomando-se uma
só.
c) nela surgiram os trustes, grupos de empresas diferentes que se associam sob a mesma direção.
d) nela surgiram as holdings, quando grandes empresas assumem o controle de outras menores, passando
a agir coordenadamente.
e) embora apresentasse muitos avanços, ela não trouxe consequências para a agricultura.

20- (EsPCEx/2000/4000039342)
Pode-se afirmar que a unificação alemã foi concluída graças a um conflito ocorrido entre 1870 e 1871, que
estimulou a exaltação do nacionalismo alemão na luta contra um inimigo comum, uma vez que os Estados
do Sul (Baviera, Würtemberg, Bade e Hesse-Darmstadt) continuavam indecisos devido à influência da
política austro-húngara. Trata-se da
a) Guerra do Palatinado.
b) Guerra Franco-Prussiana.
c) Guerra Austro-Prussiana.
d) I Guerra Mundial.
e) Guerra dos Ducados Dinamarqueses.

21- (EsPCEx/2000/4000039343)
A descoberta de riquezas no subsolo da África Austral, no final do século XIX, determinou por parte da
Inglaterra uma política agressiva contra os "Boers", fato que
a) culminou com a derrota inglesa ante as forças "boers" do Orange e Transvaal
b) contrariou a política do presidente "boer" Krugger, favorável aos imigrantes do Transvaal.
c) modificou a posição inglesa que era, até então, a de amparar os colonos "boers" naquela região.
d) culminou na intervenção da Inglaterra ao lado dos colonos que lutavam contra os "boers'
e) levou à vitória inglesa, passando os territórios de Orange e Transvaal a fazer parte dos domínios'
britânicos.

22- (EsPCEx/1996/4000038808)
Sobre as revoluções de 1848 na Confederação Germânica, pode-se afirmar que
a) propunham o socialismo.
b) tiveram caráter liberal, influência do socialismo utópico e pregavam a unificação.
c) alcançaram a unificação permanente da Alemanha.
d) pregavam o fracionamento da Alemanha.
e) foram incentivadas pela Espanha.

AULA 08 – Contemporânea II 65
Prof. Alê Lopes

23- (EsPCEx/1997/4000038979)
“Raras vezes a revolução foi prevista com tanta certeza, embora não fosse prevista em relação aos
países certos ou às datas certas. Todo o continente esperava, já agora pronto a espalhar a
notícia da revolução através do telégrafo elétrico. Em 1831, Vitor Hugo escreve que já ouvia o
‘ronco sonoro da revolução, ainda profundamente encravado nas entranhas da terra, estendendo
por baixo de cada reino da Europa suas galerias subterrâneas a partir do eixo central da mina, que
é Paris’. Em 1847, o barulho se fazia claro e próximo. Em 1848, a explosão eclodiu.”
(HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções - 1789/1848. RJ, Paz e Terra, 1982. p. 332).
O acontecimento histórico relatado no texto acima refere-se à:
a) Revolução Liberal na França, que depôs o rei Carlos X, assumindo o trono Luís Felipe de Orleans, o rei
burguês.
b) Revolução pela independência da Polônia, que instalou um governo nacional revolucionário em Varsóvia,
tendo sido esmagado pelas tropas do Czar Nicolau I.
c) Primavera dos Povos, fundamentada em muitos ideais típicos do Socialismo.
d) Revolução Liberal do Porto, que põe fim ao absolutismo em Portugal.
e) Comuna de Paris, que caracterizou-se por ser um movimento liberal e burguês criando a primeira
experiência de autogestão democrática, apoiada pelo governo da Terceira República francesa recém-
instalada.

24- (EsPCEx/1998/4000039136)
Sobre a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, pode-se afirmar que
a) o Norte defendia que os novos Estados agregados à União deveriam ser escravistas, enquanto o Sul
sustentava que deveriam ser abolicionistas.
b) o Sul era mais industrializado e o Norte mais agrário, o que dava vantagens potenciais ao Sul.
c) pelo Acordo do Mississípi, ficou definido que os Estados ao norte do paralelo 36º 40' seriam escravistas
e ao sul, livres.
d) a adesão do Partido Democrata à causa do abolicionismo e a vitória de Abraham Lincoln em 1860
motivaram o conflito entre o Norte e o Sul.
e) o Sul defendia baixas tarifas de importação e exportação, enquanto o Norte necessitava de tarifas
protecionistas que dificultassem a livre importação.

25- (EsPCEx/1998/4000039140)
Após a queda de Napoleão em Waterloo (1815), Luís XVIII retomou o poder, restaurando a monarquia
dos Bourbons.
Restabelecia-se na França um governo elitista, combinando o absolutismo com doses de
liberalismo – governo constitucional, mas que restringia os direitos e liberdade conseguidos
durante o processo revolucionário de 1789 a 1815.
Com Carlos X, restauram-se na França os privilégios do clero e da nobreza, restabelecendo o
Antigo Regime.
Liderados pelo duque Luís Felipe e com o apoio do jornal “O Nacional”, a sociedade mobilizada
dá início à Revolução de 1830 que depunha a dinastia Bourbon.
Sobre essa Revolução pode-se dizer que
a) teve grande influência das ideias socialistas.
b) proclamou a Segunda República Francesa.
c) sepultou definitivamente as intenções restauradoras do Congresso de Viena.
d) levou ao poder Luís Napoleão Bonaparte, dando início ao Segundo império.

AULA 08 – Contemporânea II 66
Prof. Alê Lopes

e) ficou conhecida como “ A Primavera dos Povos”.

6. Lista de questões da profe. Alê Lopes


26- (Estratégia Militares/2021/Profe. Ale Lopes)

A longo do século XIX, milhares de pessoas deixaram a faixa atlântica, correspondente às antigas Treze
Colônias, e seguiram em direção ao interior em carroças, ou em pequenos navios pelos rios Mississipi e
Missouri. Esses homens e mulheres, chamados de pioneiros, incorporaram largas extensões de terra, a
Oeste dos Apalaches, que eles e as autoridades norte-americanas chamavam de “terra de ninguém”.
Foi fator que estimulou a ocupação à Oeste
a)Lei do Chá
b)Lei de Terras
c)Leis Jin Crown
d)Big Stick
e)Criação de novos Estados

27- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

“os pioneiros tinham um trabalho difícil, de mudar seus hábitos para poderem se adaptar ao novo
ambiente. A fronteira era o “ponto de encontro entre a civilização e a selvageria”. [...] Pouco a pouco ele
alterou aquela região sem civilização, mas nesse meio tempo, ele próprio foi transformado. [...] O que o
pioneiro aprendeu nesta luta com a região inóspita? Aprendeu a ser independente. Com suas próprias
mãos, confiando em sua própria força, enfrentou uma situação nova e estranha, e saiu vencedor.
Alimentou-se, vestiu-se, abrigou-se, tudo por si mesmo.”
(Léo Huberman. Nós, o povo)
Levando em consideração o contexto da expansão territorial dos Estados Unidos, no século XIX, o texto
A) Expressa a ideologia do destino manifesto
B) Representa a Doutrina Monroe
C) Representa o Corolário Roosevelt
D) Expressa a ideologia do self made man
e) Expressa o pensamento do american way of life

28- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

A carta encíclica Rerum Novarum, de autoria de leão XIII, promulgada em 15 de maio de 1891, marca o
início do ensinamento social da Igreja [católica]. Tal afirmativa não é arbitrária, pois esse documento
significa a primeira sistematização de tema social, realizada pela autoridade eclesiástica mais representativa
da igreja, o Bispo de Roma, como se verifica a partir do título da encíclica: A Condição dos Operários.
FONTELES, Cláudio. Três momentos da doutrina Social da Igreja. DF: E. Qualytá, 2009. P. 17.
Levando em consideração o contexto em que a encíclica foi promulgada e as ideologias surgidas nesse
momento histórico, pode-se afirmar que:
A) A Igreja se posicionava contra o capitalismo e por isso contribuiu para a formação do pensamento
socialista.
B) A doutrina social da Igreja se baseou na busca prosperidade material como símbolo de salvação dos fiéis.
C) A doutrina social da Igreja Católica desenvolvida nesse contexto baseava-se na sua concepção sobre
justiça e equidade.
D) A Igreja procurou mediar os conflitos sociais entre pobres e ricos de maneira a ficar sempre ao lado
desses últimos.
AULA 08 – Contemporânea II 67
Prof. Alê Lopes

E) Os ensinamentos religiosos foram influenciados pelo socialismo utópico defendido por Proudhon.

29- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

“Revolução é sempre um tema fascinante. Comumente vem impregnado dos ideais de liberdade e
igualdade que, através dos tempos, acalentam gerações e permanecem presentes no ideário das
sociedades, tendo a possibilidade de se cristalizarem em algum momento da história. No processo de
construção de uma revolução sobressaem personagens que passam a povoar o imaginário social e tendem
a serem tomados como modelos, porquanto o seu agir parece converter a utopia em realidade. São
portadores do sonho: representam a universalidade daqueles ideais, tentando forjá-los no cotidiano, nem
sempre harmonioso, dos confrontos revolucionários.”
(SAINT-JUST, Louis Antoine Leon. O Espírito da Revolução e da Constituição na França. São Paulo: UNESP,
1989. p. 9.)
Após a Revolução Francesa, na virada do século XVIII para o XIX, já em um momento caracterizado pela
continuidade das inovações que ela iniciou e, ao mesmo tempo, com perdas significativas, qual o líder
político que iniciou uma Era:
a) Maximilien Robespierre.
b) Luís Bonaparte.
c) Napoleão Bonaparte.
d) General Louis Eugene Cavaignac.
e) General Charles de Gaulle.

30- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)


Dentre as características da sociedade contemporânea - final do século XVIII em diante -, destaca-se a
condição de desigualdade das mulheres frente aos homens. Para amenizar a situação, mulheres
protagonizaram ações para se fazerem mais presentes e terem direitos. Entre o final do século XIX e início
do XX, ganhou destaque na Inglaterra.
a) o movimento das sufragistas, que reivindicava o direito ao voto.
b) o movimento abolicionista, que reivindicava o fim da escravidão para as mulheres.
c) o feminismo liberal, o qual lutava por mais liberdade sexual.
d) o movimento das sufragistas, que exigia o direito ao divórcio.
e) o feminismo liberal, que cobrava a fim do trabalho exploratório das crianças nas fábricas.

31- (Estratégia Vestibulares/2020/professora Alê Lopes)


As unificações da Itália e da Alemanha demonstram a concepção de nacionalidade capaz de elaborar
programas políticos que fundamentaram a ação de diferentes grupos com objetivos de unificar territórios.
Esses programas podem ser definidos como: “a necessidade para cada povo de um Estado totalmente
independente, homogêneo territorial e linguisticamente, laico, provavelmente, parlamentar”.
(HOBSBAWN, Eric. A Era do Capital. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2013, p 147).
A passagem acima marca diferenças entre a formação da Itália e da Alemanha, por um lado, e demais países
europeus, por outro. Um dos pontos que sintetiza uma diferença presente na Itália e na Alemanha pode
ser sintetizado na seguinte elaboração:
a) sobreposição de práticas feudais.
b) atraso na formação do Estado-nação.
c) baixa capacidade de racionalização da administração do território.
d) atraso cultural.
e) capitalismo tardio.

AULA 08 – Contemporânea II 68
Prof. Alê Lopes

32- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Nos Estados Unidos, em meados do século XIX, enquanto se dava a expansão territorial e econômica para
Oeste e Sudeste, intensificavam-se as disputas entre dois modelos de organização da sociedade e da
economia. Sobre esses modelos está correto afirmar que:
a) o sul era, basicamente voltado para um modelo de industrialização.
b) o norte priorizada a produção de comodities agrícolas.
c) o norte priorizava o livre mercado.
d) o sul passou a adotar o protecionismo de mercado.
e) a escravidão era um entrava para o modelo nortista.

33- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Após a derrubada da Era Napoleônica, ocorre a restauração monárquica dos Bourbons e o rei Luis XVIII
governa até 1824. Seu governo ficou marcado pelo Terror Branco, que foi:
a) a violenta repressão contra os sindicatos dos trabalhadores.
b) a execução sumaria de partidários do jacobinismo, os quais foram julgados por terem promovido o Terror
na Revolução Francesa.
c) a repressão e perseguição dos partidários de Napoleão Bonaparte e do liberalismo.
d) a perseguição aos membros da nobreza que mudaram de lado, aderindo às ideias socialistas.
e) a repressão dos partidos comunistas e anarquistas.

34- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Em boa parte do século XIX, a França viveu processos revolucionários que repercutiram em toda Europa.
Nesse interim, o rei Luís Filipe de Orléans, conhecido como o “rei burguês”, foi deposto em 1848, dando
início a um novo governo. Entre 1848 e 1870, a França passou pela formação e desestruturação de quais
formas de governo:
a) 1ª República e 3º Império Napoleônico.
b) 2ª Republica e 2º Império Napoleônico.
c) 1ª República e 2º Império Napoleônico.
d) 2ª República e 1º Império Napoleônico.
e) 3ª República e 2º Império Napoleônico.

35- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


O italiano Giuseppe Garibaldi (1807- 1882) chegou a tecer o seguinte comentário ao escritor
Alexandre Dumas, que fez sua biografia: “O homem que defende seu país ou que ataca outro não passa de
um soldado (...) Por outro lado, o homem que, ao se tornar cosmopolita, adota a humanidade como sua
pátria e vai oferecer sua espada e seu sangue a todos os que lutam contra a tirania, é mais que um soldado:
é um herói". Essa concepção de Garibaldi é identificada no fato de ele ter atuado ativamente
a) na Revolução Farroupilha, em defesa do Império e, posteriormente, na defesa da restauração monárquica
na Itália.
b) na Guerra Civil Uruguaia e, posteriormente, na Guerra de Secessão nos Estados Unidos.
c) na Revolução Farroupilha, no Brasil, e, posteriormente, no processo de unificação italiano e, após, na
Guerra de Secessão nos Estados Unidos.
d) Revolução Farroupilha, no Brasil, e, posteriormente, no processo de unificação italiano.
e) na Revolução Boliviana e, em seguida, nos processos de unificação da Alemanha e da Itália.

AULA 08 – Contemporânea II 69
Prof. Alê Lopes

36- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“...viam na propriedade comum desses meios a forma de viverem todos bem. Por isso, em suas sociedades
visionárias, planejavam que os muitos que executariam o trabalho viveriam com conforto e luxo, graças à
propriedade dos meios de produção...”.
As ideias expressas no texto, representam uma corrente de pensamento político do século XIX, na Europa.
As ideias se aproximam da
a) socialismo utópico.
b) anarco-sindicalismo.
c) liberalismo.
d) positivismo.
e) darwinismo-social.

37- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“A aristocracia sulista estava vinculada, em primeira instância, ao mercado mundial, ao estilo latino
americano; do trabalho de seus escravos provinha 80% do algodão utilizado nas tecelagens europeias.
Quanto ao protecionismo industrial o norte somou a abolição da escravatura, a contradição eclodiu com a
guerra”
(Eduardo Galeno. As veias abertas da América Latina).
O conflito em questão é a Guerra de Secessão, entre 1861 a 1865, nos EUA. As divergências econômicas
entre a aristocracia sulista e a elite nortista estão corretamente expressas em:
a) os Estados do Sul queriam migrar para o trabalho assalariado, já os do Norte consideravam que a
escravidão era um “mal necessário” para desenvolver a industrialização.
b) apesar de manufatureiro e livre cambista, o Norte defendia a intervenção do Estado para proteger o
mercado da concorrência internacional, já o Sul dos EUA priorizava um projeto de exportação sem tarifas,
tanto na saída de produtos quanto na entrada.
c) a divergência entre as elites do Norte e do Sul estava baseada na regulação da economia, pois, para os
sulistas não seria preciso uma moeda única, já que o ouro era o lastro de negociações internacionais, já
para os nortistas seria preciso um moeda única, capaz de fornecer unidade à nação.
d) o norte manufatureiro exigia tarifas protecionistas dos produtos importados ao passo que o Sul, que vivia
da exportação e importação, pregava o livre mercado.
e) o Sul, por fornecer algodão para as industriais têxteis internas e externas, defendia medidas
industrializantes, já o Norte pretendia criar um Estado de Bem Estar Social baseado no livre cambismo.

38- (Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


“Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da liberdade; oferece
possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão, de hipocrisia e faz com que os
verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga tantos entre
nós, realmente bons, a uma guerra aberta contra os princípios da liberdade civil”.
Discurso de Abraham Lincoln, em 1859.
Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados Unidos no ano seguinte,
faz referência
a) à política de segregação racial existente nos estados do sul dos EUA.
b) à posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas.
c) à defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras do oeste.
d) à questão da escravidão, que levou a uma guerra civil entre estados do norte e do sul.
e) ao fim do domínio colonial britânico sobre as Treze Colônias.

AULA 08 – Contemporânea II 70
Prof. Alê Lopes

39- (Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


“Poucas vezes a incapacidade dos governos em conter o curso da história foi demonstrada de forma mais
decisiva do que na geração pós-1815. Evitar uma segunda Revolução Francesa, ou ainda a catástrofe pior
de uma revolução europeia generalizada tendo como modelo a francesa, foi o objetivo supremo de todas
as potências que tinham gastado mais de 20 anos para derrotar a primeira”.
HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 127.
O objetivo principal das ações descritas no texto era
a) difundir as ideias liberais por todo o continente europeu.
b) impedir o avanço do comunismo entre os países integrantes da Santa Aliança.
c) combater o retorno do absolutismo entre os países-membros do Congresso de Viena.
d) restaurar a dinastia napoleônica ao trono francês.
e) restaurar o Antigo Regime na Europa tal como eram antes de 1789.

7. Lista de questões para Aprofundamento


40- (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

A frágil relação, cartum de jornal norte-americano de 1864.

No século XIX, a ação britânica na Ásia visava


a) acabar com a tirania da dinastia Manchu e instaurar uma democracia popular.
b) monopolizar o mercado consumidor chinês e controlar pontos estratégicos na circulação de mercadorias.
c) investigar denúncias de trabalho escravo e proteger a soberania chinesa.
d) garantir que o ópio chinês fosse majoritariamente destinado ao mercado interno britânico.

AULA 08 – Contemporânea II 71
Prof. Alê Lopes

e) auxiliar o governo chinês a resistir ao imperialismo de outras potências europeias expulsando seus
representantes da Ásia.

41- (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“A burguesia, que conquistou sua emancipação há mais de três quartos de século, não compreende que
hoje chegou a hora da emancipação do proletariado. Os desastres e as calamidades públicas nas quis sua
incapacidade política e sua decrepitude moral e intelectual mergulharam a França deveriam, no entanto,
demonstrar-lhe que seu tempo terminou. Que ela realizou a tarefa que lhe fora imposta em 1789 e que ela
deve, se não ceder seu lugar aos trabalhadores, ao menos permitir que eles alcancem a emancipação
social”.
Artigo publicado no Journal Officiel, jornal do governo da Comuna de Paris [1871]. In: CHASTENET, Jacques.
“O povo no poder”. História viva, Ano I, n. 12, out. 2004, p. 31.
A Revolução Francesa foi um grande golpe da ordem vigente durante o Antigo Regime. Nela, a burguesia
teve papel importante ao questionar os privilégios da nobreza e do clero, assim criticar a centralização do
poder a falta de liberdades individuais. Contudo, após 1789 e ao longo do século XIX, ficou evidente que
a) os burgueses pretendiam radicalizar as reformas políticas e econômicas em andamento.
b) mudanças mais drásticas e democráticas só seriam alcançadas através de uma revolução operária.
c) a burguesia era contrária ao desenvolvimento científico, pois prejudicava seus planos econômicos.
d) os socialistas reivindicavam a restauração da monarquia francesa devido a suas propostas para melhora
das condições de trabalho.
e) o governo revolucionário de Paris conseguiu pôr um fim definitivo às injustiças sociais causadas pela
ascensão da burguesia industrial.

42- (UDESC 2015)

“Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se
numa Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais
da Alemanha. Que partido de oposição não foi acusado de comunista por seus adversários no poder? Que
partido de oposição, por sua vez, não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante
de comunista: Duas conclusões decorrente desses fatos: 1. O comunismo já é reconhecido como força por
todas as potências da Europa; 2. É tempo de os comunistas exporem, abertamente, ao mundo inteiro, seu
modo de ver, seus objetivos e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do
espectro do comunismo.”
(Edição completa: Manifesto Comunista de Marx e Engels)
Com base no Manifesto Comunista de 1848, analise as proposições.
I. Existem ao menos dois tipos de comunismo, um defendido pelos trabalhadores como ideologia com
projeto político alternativo, e outro o comunismo como espectro inventado por instituições religiosas,
políticas e militares para desqualificar a luta dos trabalhadores.
II. O espectro do comunismo conseguiu unificar as forças mais conservadoras – “o papa e o czar, Metternich
e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha” – em prol da democracia e do liberalismo.
III. A multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de produção, o arroteamento das terras
incultas e o melhoramento das terras cultivadas são partes do programa original do Manifesto Comunista.
IV. O Manifesto Comunista inclui em seu programa – a centralização de todos os meios de comunicação e
de transporte sob a responsabilidade do Estado.
V. Consta, no programa do Manifesto Comunista, a supressão da família burguesa centralizada na figura
autoritária do pai.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.

AULA 08 – Contemporânea II 72
Prof. Alê Lopes

B) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.


C) Somente a afirmativa V é verdadeira.
D) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
E) Todas as afirmativas são verdadeiras

43- (UDESC 2009)

Assinale a alternativa CORRETA, em relação à chamada "Primavera dos Povos".


a) A "Primavera dos Povos" não influenciou a formação dos movimentos sociais do Século XIX.
b) Foi uma revolução brasileira, mas que atingiu também outros países do Cone Sul.
c) Houve influência da "Primavera dos Povos" no Brasil através do movimento dos "Seringueiros".
d) Atribuição colocada ao movimento revolucionário francês em 1848, que derrubou a monarquia de Luis
Felipe e trouxe a discussão a exploração burguesa e a dominação política.
e) A influência da "Primavera dos Povos" se restringiu às preocupações francesas do período.

44- (FGV 2009)

"A nova onda se propagou rapidamente por toda a Europa. Uma semana depois da queda de Luís Filipe I,
o movimento revolucionário tomou conta de uma parte da Alemanha e, em menos de um mês, já estava
na Hungria, passando pela Itália e pela Áustria. Em poucas semanas, os governos dessa vasta região foram
derrubados, e supostamente se inaugurava uma nova etapa da História europeia, a Primavera dos Povos".
(Luiz Koshiba, "História - origens, estruturas e processos")
O texto faz referência:
a) à Belle Epoque.
b) às Revoluções de 1848.
c) à Restauração de 1815.
d) à Guerra Franco-Prussiana.
e) às Revoluções liberais de 1820.

45- (FUVEST 2007)

No final do século XIX, a Europa Ocidental torna-se "teatro de atentados contra as pessoas e contra os bens.
Sem poupar os países do Norte... esta agitação afeta mais a França, a Bélgica e os Estados do Sul... Na Itália
e na Espanha, provoca ou sustenta revoltas camponesas. Numerosos e espetaculares atentados são
cometidos contra soberanos e chefes de governo".
R. Schnerb, "O Século XIX", 1969.
O texto trata das ações empreendidas, em geral, por
a) anarquistas.
b) fascistas.
c) comunistas.
d) militaristas.
e) fundamentalistas.

46- (Adaptada para EsPCEx)

As revoluções de 1848 na Europa:


a) tentaram impor o retorno do Absolutismo, anulando as conquistas da Revolução Francesa.
b) foram marcadas pelo caráter nacionalista e liberal, incluindo propostas socialistas.
c) provocaram a união das tropas de Bismarck e Napoleão III para destruir o governo revolucionário.
d) conduziram Luís Felipe ao trono da França e deram origem à Bélgica como estado independente.
AULA 08 – Contemporânea II 73
Prof. Alê Lopes

e) foram vitoriosas e completaram as unificações nacionais na Itália e Alemanha.

47- (FUVEST 1995)

Quase toda a Europa Ocidental e Central foi sacudida, em 1848, por uma onda de revoluções que se
caracterizaram por misturar motivos e projetos políticos diferenciados - liberalismo, democracia e
socialismo. Elas também foram marcadas por uma atmosfera intelectual e um sentimento ideológico
comuns. Trata-se, no caso destes últimos, do:
a) realismo e internacionalismo.
b) liberalismo e nacionalismo.
c) romantismo e corporativismo.
d) realismo e nacionalismo.
e) modernismo e internacionalismo.

48- (UNIFESP 2007)

Do papa Leão XIII na encíclica "Diuturnum", de 1881: "se queremos determinar a fonte do poder no Estado,
a Igreja ensina, com razão, que é preciso procurá-la em Deus. Ao torná-la dependente da vontade do povo,
cometemos primeiramente um erro de princípio e, além disso, damos à autoridade apenas um fundamento
frágil e inconsistente". Nessa encíclica, a Igreja defendia uma posição política
a) populista.
b) liberal.
c) conservadora.
d) democrática.
e) progressista.

49- (Adaptada para EsPCEx)

"Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos
Portugueses, e a seus herdeiros, 'in perpetuum'. Está claramente demonstrado que, como bom filho e
príncipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, (...) Por isso, nós, atendemos às
qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a
proteção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso
domínio o reino de Portugal (...)” Disponível em: . Acesso em 06 de mar. 2018.
Em 23 de maio de 1179, o Papa Alexandre III emitiu uma bula, declarando D. Afonso Henriques soberano
de Portugal. Esse trecho do documento é testemunho do surgimento precoce da primeira nação europeia.
A aliança entre a nobreza e a burguesia (abençoada pela Igreja) enfraqueceu os senhores feudais, dando
início ao aparecimento dos Estados Nacionais. Esse processo se arrastaria até o século XIX quando surgiu a
última nação por meio da unificação de reinos.
De acordo com as informações dadas, a nação referida no trecho em destaque é
A) Alemanha.
B) Itália.
C) França.
D) Inglaterra.
E) Portugal

AULA 08 – Contemporânea II 74
Prof. Alê Lopes

50- (Adaptada para EsPCEx)

Em 1864, o conselho geral da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) incumbiu Karl Marx de
redigir uma carta endereçada a Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, por ocasião de sua
reeleição. Nessa carta, Marx felicitava o estadunidense e relacionava a luta contra a escravidão na América
aos interesses e demandas das classes trabalhadoras.
A respeito do contexto histórico dessa carta, é correto afirmar:
a) Nos Estados Unidos da América, desenrolava-se a Guerra de Secessão, provocada pela separação das
unidades federativas que desejavam a manutenção da escravidão.
b) A AIT foi fundada em 1864 como uma organização internacional que se propunha representar tanto a
classe operária quanto setores da pequena burguesia democrática.
c) A Guerra Civil Americana foi provocada pelas ligações do então presidente Abraham Lincoln com a
esquerda comunista internacional liderada pelo filósofo alemão Karl Marx.
d) Na Europa, a fundação da AIT representava uma tentativa de canalizar as lutas operárias para o interior
das instituições políticas da sociedade burguesa, através da participação eleitoral.
e) A reeleição de Abraham Lincoln só foi possível devido à extensão do direito universal de voto a todos os
estadunidenses, independentemente de sua condição racial ou social

51- (Adaptada para EsPCEx)

Observe o que diz o historiador Luiz Koshiba:


“Entre 1840 e 1880, uma vigorosa corrida rumo à industrialização havia tomado conta da Europa e se
estendido também aos EUA e ao Japão. [...] Com a emergência de novas potências industrialmente mais
bem equipadas, a concorrência foi acirrada e acabou resultando em concentrações e centralizações de
capital, o que gerou empresas de grande porte, com poder suficiente para monopolizar segmentos inteiros
do mercado. [...] Os grandes grupos empresariais capazes de monopolizar ramos inteiros da economia
precisavam de fornecimentos estáveis e baratos de matérias-primas. [...] Em pouco tempo, os países
capitalistas centrais repartiram entre si os territórios e os mercados da África e da Ásia.”.
KOSHIBA, Luiz. História: Origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000, p. 382-3.
O trecho acima narra fatos relativos ao período
a) do renascimento cultural e da expansão ultramarina, que foi responsável pela colonização do novo
mundo.
b) da crise do capitalismo liberal e da implantação dos governos totalitários na Europa e na Ásia.
c) da crise do socialismo real e do predomínio hegemônico do capitalismo liderado pelos EUA.
d) da segunda revolução industrial e do imperialismo que conduziria as potências capitalistas à Primeira
Grande Guerra Mundial.

52- (Adaptada para EsPCEx)

O Movimento das Nacionalidades traz em si a concepção de Nacionalismo e reafirma os princípios liberais


aplicados à ideia de Nação. Ao ressaltar elos étnicos, linguísticos e culturais, criam o arcabouço ideológico
de algumas unificações europeias. Dos países unificados, no século XIX, destacam-se
a) a Itália e a Alemanha.
b) a Rússia e a Inglaterra.
c) a Áustria e a França.
d) a Prússia e a Suíça.

AULA 08 – Contemporânea II 75
Prof. Alê Lopes

53- (Adaptada para EsPCEx)

Leia o texto a seguir.


“Para os países industriais exportadores, a expansão colonial é uma questão de salvação. Em nosso tempo,
e diante da crise que atravessam as indústrias europeias, a fundação de colônias representa a criação de
uma válvula de escape para nossos problemas. (...)
Devemos dizer abertamente que nós, pertencentes às raças superiores, temos direitos sobre as raças
inferiores. Mas também temos o dever de civilizá-las”.
(FERRY, Jules Discursos políticos. In: COTRIM, Gilberto. História Global. V. 2. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013,
pág. 190).
O texto acima traduz a mentalidade europeia dominante no século XIX sobre os povos afro-asiáticos. Acerca
dos principais aspectos dessa relação, é correto afirmar-se que
a) uma das justificativas para o expansionismo imperialista das principais nações europeias foi a ideologia
da superioridade racial branca.
b) a missão civilizadora europeia possibilitou a troca de manifestações culturais entre ambos, significando,
por isso, o fortalecimento das bases culturais dos povos dominados.
c) não há elementos preconceituosos, uma vez que o texto aborda claramente a ideia humanitária de
civilizar os povos com culturas inferiores.
d) o interesse europeu pelas vastas áreas da África e da Ásia era essencialmente cultural, antropológico e
científico, não tendo objetivos econômicos ou geoestratégicos.
e) como o contato entre europeus e afro-asiáticos foi filantrópico, não houve necessidade de conflitos
bélicos entre os agentes envolvidos.

54- (Adaptada para EsPCEx)

No Ocidente, o período entre 1848 e 1875 “é primariamente o do maciço avanço da economia do


capitalismo industrial, em escala mundial, da ordem social que o representa, das ideias e credos que
pareciam legitimá-lo e ratificá-lo”.
E. J. Hobsbawm. A era do capital 1848-1875.
A “ordem social” e as “ideias e credos” a que se refere o autor caracterizam-se, respectivamente, como
a) aristocrática e conservadoras.
b) socialista e anarquistas.
c) popular e democráticas.
d) tradicional e positivistas.
e) burguesa e liberais.

55- (Adaptada para EsPCEx)

No século XIX a história inglesa foi marcada pelo longo reinado da rainha Vitória. Seu governo caracterizou-
se:
a) pela grande popularidade da rainha, apesar dos poderes que lhe concedia o regime monárquico
absolutista vigente.
b) pela expansão do Império Colonial na América, explorado através do monopólio comercial e do tráfico
de escravos.
c) pelo início da Revolução industrial, que levou a Inglaterra a tornar-se a maior produtora de tecidos de
seda.
d) por sucessivas crises políticas internas, que contribuíram para a estagnação econômica e o
empobrecimento da população.
e) por grande prosperidade econômica e estabilidade política, em contraste com acentuada desigualdade
social.
AULA 08 – Contemporânea II 76
Prof. Alê Lopes

8. Gabarito das questões


1. B 28. C
2. B 29. C
3. B 30. A
4. D 31. B
5. E 32. E
6. B 33. C
7. A 34. B
8. B 35. D
9. E 36. A
10. D 37. D
11. C 38. D
12. A 39. E
13. A 40. B
14. D 41. B
15. A 42. E
16. E 43. D
17. A 44. B
18. E 45. A
19. D 46. A
20. B 47. B
21. E 48. C
22. B 49. A
23. C 50. A
24. E 51. D
25. C 52. A
26. B 53. A
27. D 54. E
55. E

9. Lista de questões EsPCEx - comentadas


1- (EsPCEx 2022)
No Congresso de Viena, em 1815, ficou decidida a restauração da monarquia absolutista. Essa volta ao
poder das monarquias absolutistas. Essa volta ao poder das monarquias absolutistas provocou explosões
revolucionárias em boa parte da Europa no decorrer do século XIX, dentre as quais pode-se citar a
A) Revolução Francesa.
B) Unificação Italiana.
C) Revolta dos Sipais.
D) Guerra do Ópio.
E) Conferência de Berlim.

AULA 08 – Contemporânea II 77
Prof. Alê Lopes

Comentários
Essa é uma questão interessante que exige que o aluno entenda o contexto dos movimentos políticos do
século XVIII – XIX. Atente-se:
• A revolução Francesa (1799-1789) iniciou uma fase de transformações revolucionárias na Europa,
de caráter liberal e nacionalista. Apesar de todas as contradições desse processo (idas e vindas dos
jacobinos e girondino; avanços e retrocessos das conquistas sociais), podemos entender os 10 anos
de revolução como um avanço do liberalismo e, portanto, do enfraquecimento do Antigo Regime
(monarquia absolutista e mercantilismo).
• A Era Napoleônica (1799-1815), com todas as suas contradições (concentração de poderes nas
mãos de Napoleão e invasão de outros países europeus), também representou a continuidade da
disseminação dos ideias nacionalistas e liberais porque seus principais oponentes eram as
monarquias absolutistas (Rússia, Prússia, Áustria). Napoleão foi derrotado militarmente por estas
potências pela última vez na Batalha de Waterloo.
• A derrota de Napoleão abriu um momento de retrocesso do absolutismo representado pelo
Congresso de Viena, de 1815. Nesse Congresso, as potencias Rússia, Prússia, Áustria tinham por
objetivo: RESTAURAR o ABSOLUTISMO. Seguiram-se anos de retrocesso até 1848, quando
iniciaram-se na Europa uma série de movimentos nacionalistas e liberais, conhecidos como
Primavera dos Povos. Esses movimentos queriam acabar com essa volta ao absolutismo e colocar
fim definitivo às monarquias despóticas.
• Fruto da Primavera dos Povos surgiram movimentos nacionalistas em diversos países. Na Europa,
Itália e Alemanha ainda não era países unificados. Assim, os ideias nacionalista e liberais que
ressurgiram influenciaram os processos políticos de Unificação e formação da Itália e, na sequência,
da Alemanha.
Tendo tudo isso em mente, chegamos à conclusão de que o gabarito é alternativa B.
Vejamos os erros das demais alternativas:
a)Errado. Revolução Francesa foi antes do Congresso de Viena.
b)Gabarito, conforme comentário acima.
c)Errado. Guerra dos Cipaios (sim, a Prep usou grafia errada) está relacionada com a colonização
Indiana. Cipaios são indianos que foram recrutados pela Companhia das Índias Orientais para colonizar
a Índia. Mas, aos poucos foram ficando descontentes e, então, surgiram motins. Os britânicos
perseguiram e massacraram esse exército de nativos. Ao final, a Cia de Comércio foi extinta e a
Inglaterra passou a administrar diretamente a [Índia, transformando-a em uma colônia de exploração.
Lembrar que a Rainha da Inglaterra, Rainha Vitória, tornou-se Imperatriz da Índia (em 1877).
d)Errado. Guerra do Ópio também foi um conflito do período da colonização da Índia na China. Os
chineses proibiram a comercialização do ópio, produzido pela Inglaterra em terras indianas, na China.
A Inglaterra não se subordinou e invadiu a China. Foram duas Guerras do Ópio: uma entre 1839 e 1842
e a segunda entre 1856 e 1860. O fim da Guerra se deu com a derrota da China e a assinatura do
Tratado de Nankin que passou diversos portos chineses para o domínio da Inglaterra.
e)Errado. Conferência de Berlim ocorreu entre 1885 e 1886, entre potencias europeias e tinha o
objetivo de construir regras e acordos para ocupação do continente europeu, logo está no contexto da
Partilha Afro-asiática.
Gabarito: B

AULA 08 – Contemporânea II 78
Prof. Alê Lopes

2- (EsPCEx – 2019)
No início do século XX, os trabalhadores brasileiros se organizaram para defenderem seus direitos. Duas
ideologias oriundas do século XIX predominavam nesta época: o comunismo e o anarquismo. Avalie as
afirmações abaixo.
I. Defendia a conquista do Estado e o estabelecimento de uma ditadura.
II. Era contraria a existência do Estado.
III. Valorizava o partido político como meio de organizar as lutas.
IV. Não concordava com as eleições pois viam nestas um meio de manipulação do povo.
A opção que apresenta os fatos relacionados à doutrina do Anarquismo é
a) I e II.
b) II e IV.
c) I e IV.
d) II e III.
e) I e III.
Comentários:
A questão aborda a ideologia anarquista. Como vimos, o anarquismo se opõe a todo tipo de hierarquia
e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural. Essa ideologia defende uma ausência do
poder de Estado, por considerá-lo nocivo e manipulador, de modo que pregue a cultura da autogestão
e da coletividade. Sabendo disso, vamos para as afirmações:
I. Incorreta. Os anarquistas defendiam a ausência do poder exercido pelo Estado.
II. Correta, conforme discutimos anteriormente.
III. Incorreta. Essa prática é comum do comunismo, não do anarquismo.
IV. Correta. Eleições servem para definir governantes. Estamos falando de uma ideologia que não
acredita no poder exercido pelo Estado, portanto, não concorda com as eleições.
Assim, a alternativa correta é letra e)
Gabarito: B

3- (EsPCEx – 2017)
No século XIX, uma corrente de filósofos acreditava ser possível reformar o capitalismo por meio da ação
do estado ou da associação dos trabalhadores em cooperativas autogeridas. Esses princípios são
denominados
a) Materialismo Histórico.
b) Socialismo Utópico.
c) Socialismo Científico.
d) Liberalismo.
e) Anarquismo.
Comentários:
A questão aborda uma corrente filosófica que acredita em uma reforma do capitalismo por meio da
ação do Estado ou da associação dos trabalhadores. Essas informações já nos permitem excluir a
alternativa e), já que os anarquistas se opõem as ideias de Estado e capitalismo e a alternativa c), tendo
em vista que o socialismo científico proposto por Marx e Engels defende o fim do capitalismo, não uma
reforma nesse sistema. Assim, ficamos entre as alternativas a), b) e e). Vamos continuar, essa corrente
filosófica surgiu no século XIX, logo, não pode ser o Liberalismo, visto que ele tem suas bases no século
XVII com o pensador John Locke. O Materialismo Histórico, por sua vez, é uma abordagem metodológica
ao estudo da sociedade, ele diz respeito apenas ao campo intelectual, não propondo, portanto, reformas
nos âmbitos sociais e econômicos. Dessa maneira, sabemos que a alternativa correta é letra b). O
socialismo utópico foi um movimento que pensou as contradições geradas pelo capitalismo e propôs
reformas nesse sistema
AULA 08 – Contemporânea II 79
Prof. Alê Lopes

Gabarito: B

4- (EsPCEx – 2016)
Observe as ideias de três pensadores da Idade Moderna.
- Adam Smith (escocês), em sua obra A riqueza das nações, afirmava que a única fonte de riqueza era o
trabalho, e não a terra.
- A ideia central da doutrina de Karl Marx (alemão) é que a “história das sociedades humanas é a história
da luta de classes”.
- Thomas Malthus (inglês), em sua obra Ensaio sobre o princípio da população, escreveu que a natureza
impõe limites ao progresso material, já que a população cresce em progressão geométrica, enquanto a
produção de alimentos aumenta em progressão aritmética.
Pode-se afirmar que
a) os três pensadores defendem o liberalismo clássico.
b) as três ideias propõem a ditadura do proletariado.
c) Adam Smith propõe o liberalismo clássico, Thomas Malthus e Karl Marx, o socialismo utópico.
d) Thomas Malthus e Adam Smith defendem o pensamento liberal clássico e Karl Marx foi um dos autores
do socialismo científico.
e) Karl Marx e Adam Smith são considerados anarquistas, e Thomas Malthus, socialista utópico.
Comentários:
Como vimos nas aulas, Adam Smith é um dos pensadores mais importantes do liberalismo. Karl Marx,
junto com Friedrich Engels, desenvolveu a teoria socialista. Por fim, o pensamento de Thomas Malthus
se associa, de certa maneira, ao pensamento liberal clássico. Assim, sabemos que a alternativa correta
é letra d).
Gabarito: D

5- (EsPCEx – 2012)
Leia as afirmações abaixo, referentes a fatos ocorridos e ideias desenvolvidas na Europa, e responda ao que
se pede.
I. “Representou, na verdade, o momento culminante de um processo que começou no Renascimento, de
afirmação da razão como base do conhecimento” (ARRUDA & PILETTI, 2007)
II. De acordo com Rosseau o “povo (...) é o verdadeiro soberano (...) Sua forma de expressão (...) deveria se
manifestar por meio da maioria de votos da população em assembleias nas quais ele exerceria diretamente
(...) o poder de decidir sobre os rumos a dar à sociedade”. (AZEVEDO & SERIACOPI, 2007)
III. Provocaram transformações, dentre outras: proletarização definitiva dos produtores diretos; decadência
da indústria doméstica rural; crescente divisão internacional do trabalho; aceleração do êxodo rural,
antagonismo entre o proletariado nascente e a burguesia proprietária dos meios de produção.
IV. Irromperam movimentos sociais e políticos como o ludismo e o movimento cartista.
V. São algumas de suas ideias: críticas ao Estado absolutista, propondo a limitação do poder real; defesa da
não intervenção do Estado no campo econômico; e defesa de um sistema constitucional.
Os números
a) I, II e V referem-se ao pensamento socialista; e os números III e IV são consequências e ideias positivistas.
b) I e III referem-se ao Macartismo, e os números II, IV e V referem-se ao Comunismo.
c) I, III e IV são ideias e consequências do Iluminismo; os números II e V são ideias e consequências das
ideias bulionistas.
d) III e V são ideias e consequências dos ideais anarquistas; os números I, II e IV são ideias positivistas e
algumas de suas consequências.
e) I, II e V referem-se a ideias e ao pensamento iluminista; os números III e IV ocorreram como consequência
da Revolução Industrial.

AULA 08 – Contemporânea II 80
Prof. Alê Lopes

Comentários:
A questão aborda diversas linhas de pensamentos e fatos ocorridos na Europa. Assim, vamos analisar
cada afirmativa separadamente e ver ao que se refere.
I. Se fala da razão como base do conhecimento, estamos falando de Iluminismo.
II. Rousseau foi um dos mais importantes pensadores iluministas. Ele defendia que o poder emana do
povo. Dessa maneira, se trata de uma ideia iluminista.
III. Essa afirmativa trata de consequências decorridas da mudança no modo de produção, assim, faz
referência a Revolução Industrial.
IV. Ludismo e Cartismo são movimentos sociais que surgiram como consequência da Revolução
Industrial.
V. Essas ideias são características do Movimento Iluminista.
Portanto, a alternativa correta é letra e).
Gabarito: E

6- (EsPCEx/2007/4000000523)
Na Europa, “na segunda metade do século XIX, houve uma grande mobilização operária, com diversos
levantes revolucionários. [...] Sentindo os efeitos da industrialização, a cúpula eclesiástica de Roma definiu-
se oficialmente quanto a sua participação nos novos problemas sociais.”
(VICENTINO, 2002, p. 301).
Nesse contexto, o Papa Leão XIII revificou a religião como instrumento de reforma e justiça social e,
declarando-se ainda contrário à doutrina marxista de luta de classes, apelou para o espírito cristão dos
empregadores, fazendo publicar em 1891 a encíclica
a) Quadrogésimo Anno.
b) Rerum Novarum.
c) Master et Magistra.
d) Pacem in Terris.
e) Humanae Vitae.
Comentários
O tema da questão é a teoria social da Igreja Católica, desenvolvida no contexto do final do século XIX.
Naquele momento, vivi-ase o auge do desenvolvimento capitalista, bem como o auge dos conflitos com a
classe operária. Diante disso, a Igreja Católica procurou intervir afirmando seu papel importante para a
tentativa de solução desses conflitos. Portanto, em um cenário com tantos projetos, propostas e debates,
ela precisava posicionar-se teoricamente, demonstrando como via o mundo. Sabendo disso vejamos qual
foi a encíclica do Papa Leão XIII que inaugurou essa mudança de orientação política e intelectual da Igreja:
a) Incorreta. Quadrogésimo anno é uma encíclica do Papa Pio XI, de 15 de maio de 1931. Esse documento
reafirma os princípios da Rerum Novarum, de Leão XIII, apelando para a conciliação de classes em um
contexto das consequências da Grande Depressão, de 1929.
b) Correta! O principal documento da teoria social da Igreja católica é a Encíclica Rerum Novarum, do Papa
Leão, de 1891. O Papa defendia que fora dos valores da religião não há solução para a questão operária. Já
na introdução do documento, o pontífice demonstra suas preocupações com “a soberania política, a
liberdade humana, a constituição cristã dos estados”. Seu objetivo é buscar uma solução conforme a justiça
e a equidade. E, assim, “aproximar os ricos e os pobres”. Veja, que a teoria social da Igreja é antiliberal e
antissocialista, uma vez que defende a propriedade privada, mas compreende que ela deva se
comprometer com a dimensão social dos envolvidos no processo produtivo. Com isso podemos afirmar
que ela nega a chamada “luta de classes” e propõe a colaboração entre patrões e empregados.

AULA 08 – Contemporânea II 81
Prof. Alê Lopes

c) Incorreta. A Master e Magistra é uma encíclica do Papa João XXIII, de 15 de maio de 1961. Esse
documento atualizava mais uma vez a Rerum Novarum, de Leão XIII, e, consequentemente, a postura da
Igreja frente aos problemas sociais e políticos que assolavam o mundo no pós-Segunda Guerra Mundial e
durante a Guerra Fria.
d) Incorreta. Pacem in Terris é uma encíclica do Papa João XXIII, de 11 de Abril de 1963. Esse documento
consiste em um apelo para que os conflitos entre as nações fossem resolvidos sempre com negociações,
nunca com armas. Novamente, estava relacionado com o contexto da Guerra Fria, no qual um conflito
nuclear entre as potências mundiais parecia iminente.
e) Incorreta. Humanae Vitae é uma encíclica do Papa Paulo VI, de 25 de julho de 1968. Esse documento
tratava sobre a regulação da natalidade, versando sobre a postura da Igreja Católica em relação ao aborto
e outras medidas relacionadas à vida sexual humana. Nele, o Papa declarava que a contracepção por meios
exclusivamente artificiais (uso de camisinha, pílulas anticoncepcionais, etc.) era proibido pelo Magistério
da Igreja Católica.
Gabarito: B

7- (EsPCEx/2005/4000000219)
O século XIX foi o período em que diversas doutrinas econômicas, políticas e sociais surgiram, com
repercussões até os dias de hoje. Uma dessas doutrinas foi o socialismo, que teve várias vertentes. Sobre o
socialismo daquele século, pode-se afirmar que
a) Charles Fourier propunha uma sociedade em que as pessoas se ajudassem mutuamente por meio de
cooperativas agroindustriais.
b) Louis Blanc acreditava que a concorrência entre capitais produziria o bem-estar da classe trabalhadora.
c) Saint-Simon propunha a substituição do trabalho escravo pela mão-de-obra assalariada, embora
considerasse que isso não eliminaria os ociosos
d) Robert Owen propunha que o Estado controlasse as greves e as classes trabalhadoras por meio de “Trade
Unions”.
e) P. J. Proudhon acreditava que um Estado igualitário seria a solução para o conflito entre patrões e
empregados.
Comentários
O século XIX foi um período envolto em movimentos políticos e revoluções que questionavam a
manutenção do Antigo Regime. Até então, a principal filosofia política e econômica que se contrapunha a
isso era o liberalismo, promovido principalmente pela burguesia. Entretanto, ao longo século XIX, conforme
o liberalismo se saía vitorioso e inaugurava governos burgueses em diferentes partes da Europa, tornou-se
evidente para outros estratos sociais desprivilegiados que o liberalismo não seria o suficiente. É assim que
surge o socialismo, como uma crítica ao liberalismo e um apelo à verdadeira democratização da política e
da sociedade como um todo. Todavia, várias vertentes do socialismo começaram a se distinguir, devido às
divergências entre seus adeptos sobre como uma sociedade mais justa deveria ser construída. Com isso
em mente, vejamos o que é correto afirmar sobre os socialismos do século XIX:
a) Correta! Charles Fourrier (1772-1837) fazia parte da vertente chamada socialismo utópico. Esta reunia
liberais que tinham uma visão romântica do capitalismo como um sistema que poderia levar progresso e
desenvolvimento a todas as classes sociais. Contudo, no início da industrialização, as condições de trabalho
eram precárias. Diante disso, os socialistas utópicos conclamavam acordo entre as classes sociais par que
todos pudessem usufruir em situação de igualdade com os benefícios das descobertas científicas e da
produção de riqueza gerada. Defendiam a ideia de que a riqueza produzida coletivamente fosse mais bem
distribuída. Nesse sentido, contribuíram para a noção de “justiça social”. Especificamente, Fourrier

AULA 08 – Contemporânea II 82
Prof. Alê Lopes

argumentava que deveria existir propriedades comunais, de modo que o campo e a cidade formassem um
todo orgânico. Ele chamava essa organização de “falanstério” (algo como vila agroindustrial).
b) Incorreta. Louis Blanc (1811-1882) é um socialista utópico francês. Ele acreditava que a competitividade
capitalista atrofiava a personalidade. Dessa forma, colocava um homem contra o outro, levando o mais
fraco para a miséria.
c) Incorreta. Saint-Simon (1760-1825) é outro socialista utópico. Realmente, ele era contra a escravidão,
mas não defendia necessariamente o trabalho assalariado como substituto ideal. Na verdade, Saint-Simon
defendia a formação de uma sociedade industrial, na qual as necessidades da classe industrial (todos
aqueles envolvidos no processo produtivo, desde gerentes até o operário) fossem plenamente atendidas.
Ele acreditava que havia também uma classe ociosa, composta por pessoas capazes, mas que preferiam
viver como “parasitas” do trabalho da classe industrial. Por isso, ele argumentava que o Estado devia
combater a ociosidade e eliminar os obstáculos para o processo produtivo, mas sem interferir demais na
economia. Por fim, Saint-Simon defendia que a sociedade e a produção deveriam ser organizadas com base
no mérito individual de cada um.
d) Incorreta. Robert Owen (1771-1858) foi mais um socialista utópico. Na realidade, ele acreditava na via
da conciliação de classes, isto é, no reconhecimento de burgueses e operários deviam cooperar para que
todos tivessem uma vida e trabalho dignos. Owen foi um grande industrial escocês. Ele comoveu-se com a
situação de seus empregados e usou parte de sua fortuna para criar um bairro operário chamado New
Lanark, lugar onde instalou sua fábrica de fiação, a maior do Reino Unido. O bairro de alto padrão oferecia
assistência aos empregados da sua fábrica. Casas, assistência médica, escolas, creches, etc. Crianças de até
10 anos não trabalhavam e os salários era muito acima da média. Ele acabou sendo boicotado por outros
grandes industriais e acabou tentando repetir sua experiência nos EUA. Apesar de conseguir, ninguém
tentou reproduzir seu modelo, que se extinguiu após sua morte.
e) Incorreta. Proudhon (1809-1865) era um anarquista. Ou seja, ele acreditava que o Estado deveria ser
extinto. Para ele, os trabalhadores deveriam tomar o controle da produção, por meio de seus sindicatos e
associações de classe, que juntas cuidariam dos assuntos políticos por meio da auto-gestão. Proudhon
também era contra a propriedade privada.
Gabarito: A

8- (EsPCEx/2004/4000039629)
A penetração britânica tornou-se dominante na Índia durante o século XVIII. Nessa época, o governo
britânico na Índia estava baseado em dois pilares: um sistema administrativo inovador e uma forte
instituição econômica. Trata-se, respectivamente, do sistema de:
a) Domínio e da Companhia das Índias Ocidentais.
b) Protetorado e da Companhia das Índias Orientais.
c) Vice-Reino e da Instituição Financeira de Calcutá.
d) Mandato e da Organização Colonizadora de Bombaim.
e) Commonwealth e da Companhia de Comércio de Nova Délhi.
Comentários
A questão aborda a dominação imperialista da Inglaterra sobre a Índia, que se estendeu desde o século
XVIII até o século XX. Entretanto, diferente de como se deu na América, os britânicos não colonizaram a
Índia. Eles procuraram formas alternativas de impor sua dominação política, econômica e cultural sobre os
indianos. A porta de entrada foi justamente a economia; através da instalação de entrepostos comerciais,
embargos econômicos, bloqueios militares de portos e estradas. Conforme se ampliavam a dominação dos
povos locais, operavam-se interferência nas atividades políticas indianas. O país, então, passava por uma

AULA 08 – Contemporânea II 83
Prof. Alê Lopes

desestruturação cultural, política, econômica e religiosa. Essa dominação britânica era exercida
principalmente por uma instituição econômica, mas eventualmente foi criado também um sistema
administrativo que “respeitava” a autonomia do governo indiano, mas garantia a promoção dos interesses
britânicos por meio de pressões diplomáticas e militares. Vejamos como eram chamadas essas duas frentes
do imperialismo britânico na Índia. Não esqueça que a alternativa correta constará, primeiro, o nome do
sistema administrativo e, segundo, o nome da instituição econômica:
a) Incorreta. Nunca existiu um sistema administrativo britânico chamado “Domínio”, na Índia.
b) Correta! Um protetorado é um sistema administrativo de um país sobre um território autônomo e
externo a ele. Isso significa que esse território é protegido diplomática ou militarmente contra terceiros
por esse país ou entidade mais forte. Nesse caso, o protetorado deve aceitar obrigações determinadas que
podem variar, sendo mais ou menos positivas ou negativas para si. Por sua vez, a Companhia das Índias
Orientais era uma companhia de comércio de capital privado que tinha o monopólio sobre a maior parte
do comércio britânico com suas colônias, protetorados e demais possessões ultramarinas.
c) Incorreta. Vice-Reino era como a Espanha chamada as instâncias de administração mais altas em suas
colônias. Por seu turno, não existiu uma entendida chamada Instituição Financeira de Calcutá.
d) Incorreta. Essas instituições não existiram no imperialismo britânico na Índia.
e) Incorreta. Commonwealth é outro nome dado à República Puritana, ou República Inglesa, instituída
entre 1649 e 1658. Por sua vez, não existiu uma instituição econômica chamada Companhia de Comércio
de Nova Délhi.
Gabarito: B

9- (EsPCEx/2004/ 4000039635)
Texto I
"... Tosawi trouxe o primeiro bando de comanches que se rendeu. Quando foi apresentado a Sheridan, os
olhos de Tosawi brilhavam. /alou seu nome e acrescentou duas palavras de inglês trôpego. Disse: 'Tosawi,
bom índio'. (...) /oi então que o general Sheridan pronunciou as palavras imortais: 'Os únicos índios bons
que já vi estavam mortos'." (P. 133).
Texto II
"... Esses soldados cortam minha madeira, matam o meu búfalo e, quando vejo isso, meu coração parece
partir; fico triste... Será que o homem branco se tornou uma criança que mata sem se importar e não come
o que matou? Quando os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver e não morrer de
fome." Satanta, chefe dos Kiowas. (P. 173).
Os textos acima foram retirados do livro de Dee Brown, Enterrem meu Coração na Curva do Rio (São Paulo,
Círculo do Livro, 1974).
Uma explicação que estabelece uma possível ligação entre os dois trechos é que
a) os bons índios já estavam mortos antes mesmo de os soldados brancos matarem os búfalos.
b) Os soldados brancos caçavam os búfalos e destruíam as florestas por puro divertimento infantil.
c) o general Sheridan estava certo em sua afirmação de que os índios deveriam mesmo morrer de fome.
d) Satanta e Tosawi eram índios bons, mas seus atos eram condenados pelos soldados brancos.
e) matar os búfalos e dividir ainda mais os grupos indígenas eram táticas dos militares.
Comentários
Aqui temos uma questão de interpretação de texto. Então, já sabe, leia os textos apresentados
atentamente, quantas vezes for necessário. Mas ajuda muito uma breve contextualização do tema
abordado. O livro citado foi publicado em 1970, pelo escritor norte-americano Dee Brown. A obra aborda
histórias dos indígenas no Oeste dos Estados Unidos, no final do século XIX. Lembre-se que os EUA

AULA 08 – Contemporânea II 84
Prof. Alê Lopes

inicialmente tinham seu território apenas na costa leste da América do Norte. Ao longo do século XIX, após
sua independência (1776-1783), eles procuraram expandir seu domínio para o Oeste, por meio de acordos
diplomáticos, compras ou guerras com outros países, além, claro, do extermínio e colonização dos
indígenas. Esse movimento foi guiado pela ideologia do “Destino Manifesto”, que pregava que os norte-
americanos eram um povo eleito para levar a civilização e o reino de Deus a todos os cantos do mundo.
Todavia, é importante não perder de vista as motivações imperialistas para essa expansão: garantir o
controle de terras, recursos e populações para ampliar a indústria, o mercado e o capitalismo norte-
americanos. Com isso em vista, vejamos que explicação estabelece uma possível ligação entre os dois
trechos citados:
a) Incorreta. Na verdade, os índios só eram considerados “bons” pelos norte-americanos quando estavam
mortos. Em outras palavras, tratava-se de um extermínio declarado a esses povos.
b) Incorreta. O primeiro trecho deixa mais evidente que se tratava de uma questão de dominação, não
simplesmente um traço infantil na personalidade e comportamento dos homens brancos.
c) Incorreta. Essa afirmação do general Sheridan atesta seu caráter genocida e cruel.
d) Incorreta. Na lógica do general Sheridan e da maioria dos norte-americanos, Satanta e Tosawi era o
oposto dos “índios bons”, pois continuavam vivos e resistindo ao extermínio e/ou à dominação ocidental.
e) Correta! Como mencionei antes, os dois trechos evidenciam táticas de dominação empregadas pelos
norte-americanos para subjugar os povos indígenas, durante a expansão para o Oeste.
Gabarito: E

10- (EsPCEx/2003/4000039572)
“A expansão para o Oeste produziu nos EUA uma crescente fermentação nacionalista, intimamente
relacionada com as anexações territoriais. Estas foram realizadas mediante tratados ou compras e também
por meio de guerras de conquista.”
KOSHIBA, Luiz. História: Origens, Estruturas e Processos. São Paulo: Atual, 2000.
A expansão territorial dos EUA foi marcada principalmente pela “marcha para o Oeste”, que transcorreu
praticamente por todo o século XIX. Sobre tal processo pode-se afirmar que
a) a Flórida foi adquirida dos ingleses, mediante o pagamento de grande indenização.
b) tanto a Califórnia quanto o Arizona foram anexados após a Guerra Hispano-Americana.
c) o Alasca foi adquirido do Canadá após o pagamento de uma pequena indenização.
d) o Oregon foi incorporado após um acordo diplomático realizado com a Inglaterra.
e) a Luisiana foi anexada após a derrota do exército napoleônico frente aos americanos.
Comentários
Antes de tudo, note que o tema da questão é a expansão norte-americana para o Oeste. Lembre-se que os
Estados Unidos inicialmente tinham seu território apenas na costa leste da América do Norte. Ao longo do
século XIX, após sua independência (1776-1783), eles procuraram expandir seu domínio para o Oeste, por
meio de acordos diplomáticos, compras ou guerras com outros países, além, claro, do extermínio e
colonização dos indígenas. Esse movimento foi guiado pela ideologia do “Destino Manifesto”, que pregava
que os norte-americanos eram um povo eleito para levar a civilização e o reino de Deus a todos os cantos
do mundo. Todavia, é importante não perder de vista as motivações imperialistas para essa expansão:
garantir o controle de terras, recursos e populações para ampliar a indústria, o mercado e o capitalismo
norte-americanos. Vejamos o que é correto afirmar sobre esse processo:
a) Incorreta. A Flórida foi comprada dos espanhóis pelos Estados Unidos, em 1819.

AULA 08 – Contemporânea II 85
Prof. Alê Lopes

b) Incorreta. A anexação da Califórnia (1850) e do Arizona (1848) pelos Estados Unidos foi resultado da
vitória norte-americana na guerra contra o México (1846-1848).
c) Incorreta. O Alasca foi comprado da Rússia pelos EUA, em 1867.
d) Correta! Isso ocorreu em 1849.
e) Incorreta. Na verdade, a Luisiana foi comprada da França pelos EUA em 1803.
Gabarito: D

11- (EsPCEx/2003/4000039578)
Durante o processo de independência dos países da América Latina, a Inglaterra colocou-se ao lado dos
países latino-americanos contra suas metrópoles, buscando transformá-los em mercados fornecedores de
matérias-primas e consumidores de produtos industrializados. Os Estados Unidos, por sua vez, objetivando
estender sua influência política e econômica e reduzir a das potências europeias sobre toda a América,
lançaram, em 1823, uma doutrina cujo lema era “a América para os americanos”. Essa reação dos Estados
Unidos ficou conhecida como
a) Doutrina Washington.
b) Plano Marshall.
c) Doutrina Monroe.
d) Plano Jefferson.
e) Doutrina Grant.
Comentários
Antes de tudo, note que a questão trata das rivalidades imperialistas entre as principais potências do
mundo ocidental no século XIX; especificamente, a disputa entre Inglaterra e Estados Unidos pela maior
influência diplomática e econômica sobre os países da América Latina recém-independentes. O lema norte-
americano destacado pelo enunciado era o bordão de uma ideologia que defendia os interesses dos
Estados Unidos em todo o continente americano. Com isso em mente, vejamos qual era seu nome:
a) Incorreta. Não existiu uma ideologia com esse nome.
b) Incorreta. O Plano Marshal foi um plano norte-americano para financiar a reconstrução de vários países
europeus prejudicados pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Fazia parte da estratégia dos EUA que
visava o maior alinhamento político-econômico da Europa ao capitalismo, em um contexto marcado pela
Guerra Fria.
c) Correta! A Doutrina Monroe era uma ideologia de natureza política, criada em 1823 pelo presidente
norte-americano James Monroe. Basicamente, declarava a neutralidade dos EUA em relação aos conflitos
e disputas entre as potências europeias. Todavia, afirmava que não seriam aceitar interferências europeias
em todo o continente americano.
d) Incorreta. Não existiu uma ideologia com esse nome.
e) Incorreta, pela mesma razão que as letras “a” e “d”.
Gabarito: C

AULA 08 – Contemporânea II 86
Prof. Alê Lopes

12- (EsPCEx/2002/ 4000039516)


Observe a tabela a seguir:

FONTE: PEDRO, Antônio. História Geral. São Paulo: FTD, 1995. Pág. 264.
A tabela acima mostra a correlação de forças produtivas entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos da
América, em 1860, quando teve início a Guerra de Secessão. Um dos fatores que causaram o conflito foi a
questão da escravidão. Porém podemos identificar outras origens para a guerra, tais como o (a):
a) desejo dos nortistas de estabelecer tarifas protecionistas sobre as importações, enquanto os estados do
Sul se opunham completamente a elas.
b) pedido da Califórnia para ser incorporada como novo estado escravista à União, rompendo o equilíbrio
de forças entre o Norte e o Sul.
c) vitória de Abraham Lincoln, candidato do Partido Democrata e adepto de idéias abolicionistas, nas
eleições de 1860.
d) criação do novo Partido Republicano, em 1854, que apresentou como candidato à presidência o nortista
Jefferson Davis.
e) estabelecimento do Compromisso do Missouri, que autorizava a escravidão nos novos estados situados
ao norte do paralelo 36°30’.
Comentários
A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Norte-Americana, nos Estados Unidos, ocorreu entre 1861 e 1865.
Tratou-se de um conflito interno que dividiu o país em duas forças opostas: os Confederados, que reuniam
os Estados do Sul; e a União, que agregava os Estados do Norte. A principal motivação para a guerra foi as
discordâncias a respeito da continuidade ou não da escravidão. Entretanto, também a rivalidade para ver
quem lideraria a expansão para o Oeste contribuiu para o acirramento das tensões. Isso porque nortistas
e sulistas defendiam projetos econômicos e sociais distintos e a liderança na expansão para o Oeste podia
ajudar a fazer um deles prevalecer. Na tabela exposta vemos algumas informações sobre a população e as
forças produtivas de cada um dos lados que se enfrentaram no conflito. Chama atenção o fato de o Norte
ter muito mais habitantes, mais fábricas, mais trabalhadores industriais e mais ferrovias. Ou seja, nota-se
que o Norte era mais voltado para a industrialização, enquanto o sul se mantinha dedicado à economia
rural, voltada para a exportação. Com base nisso, vejamos qual outra origem podemos identificar para essa
guerra:
a) Correta! Lembra que eu comentei que Nortistas e Sulistas tinham projetos econômicos e sociais distintos
para a sociedade norte-americana? Pois, então, a questão dos impostos sobre o comércio exterior era uma
das pautas na qual essa rivalidade se manifestava. Não se esqueça que os Sulistas tinham uma economia
rural, baseada no latifúndio monocultor e escravista, cujo objetivo era exportar matéria-prima. Além disso,
os Sulistas também gostavam de importar produtos luxuosos e industrializados da Europa, pois isso lhes
dava maior prestígio social. Por essa razão, eles queriam menos taxação sobre as importações e as
exportações. Por outro lado, os Nortistas eram mais dedicados ao comércio e a indústria. Por isso, eles
desejavam o crescimento e desenvolvimento do mercado interno. Em outras palavras, queriam que as
mercadorias que produziam fossem consumidas em todo o território norte-americano, mas para isso

AULA 08 – Contemporânea II 87
Prof. Alê Lopes

tinham que desbancar a concorrência oferecida pelos produtos europeus importados. Assim, os Nortistas
defendiam tarifas protecionistas, isto é, impostos que incidissem sobre a importação, tornando os produtos
estrangeiros mais caros, o que condicionaria o consumidor norte-americano a comprar produtos nacionais.
Somada às discordâncias a respeito da escravidão, essa disputa sobre as tarifas alfandegárias contribuiu
para o acirramento das tensões que levaram à Guerra de Secessão.
b) Incorreta. Na verdade, a California era um caso excepcional. Tratava-se de um território recém-anexado
e havia um acordo a respeito dele. O Compromisso de 1850 definia que lá seria um estado de solo livre,
com leis contra a fuga de escravizados mais rígidas.
c) Incorreta. De fato, Lincoln ganhou as eleições e era adepto do abolicionismo, o que motivou boa parte
dos sulistas a romperem com a União. Contudo, ele era filiado ao Partido Republicano, não ao Democrata.
d) Incorreta. O candidato republicano que incomodou os sulistas foi Abraham Lincoln.
e) Incorreta. Na verdade, esse acordo entre sulistas e nortistas determinou que ao norte do paralelo 36º40’
a escravidão estava proibida. Porém, vale destacar que esse acordo se deu em 1820, décadas antes do
início da guerra. Mesmo assim, podemos considerar que foi o primeiro acordo sobre a regulamentação do
trabalho escravo e a primeira ocasião na qual escravocratas e abolicionistas negociaram a questão
oficialmente. Ou seja, querendo ou não é um evento relacionado aos processos que culminaram décadas
depois na Guerra de Secessão.
Gabarito: A

13- (EsPCEx/2002/4000039527)
O “Conselho dos Quatro”, a “Questão da Legitimidade” e a “Santa Aliança” , entre outros aspectos,
decorreram da derrota napoleônica e do desejo de reprimir a expansão revolucionária pela Europa.
Contudo, passados alguns anos, as diretrizes anteriormente estabelecidas foram superadas, na medida em
que se tornavam entraves à nova situação política, econômica e social vigente naquele continente.
Exemplos disso foram os movimentos de independência política dos países dominados por outras
potências, como a Grécia, que se libertou do Império Otomano em 1829.
Outro exemplo de separação, na primeira metade do século XIX, foi a independência de(a):
a) Bélgica em relação à Holanda.
b) Luxemburgo em relação à Suíça.
c) Noruega em relação à Suécia.
d) Polônia em relação à Prússia.
e) Sérvia em relação à Áustria.
Comentários
O tema da questão é a série de revoluções liberais e nacionalistas que varreu a Europa nas décadas de
1820 e 1830. Esses movimentos se contrapunham às determinações do Congresso de Viena (1814-1815).
Este reuniu as principais monarquias europeias que fizeram um esforço conjunto para restaurar o Antigo
Regime em todos os lugares que tiveram governos derrubados em virtude da Revolução Francesa (1789) e
das guerras napoleônicas (1804-1815). Eram elas: Inglaterra, Rússia, Prússia e Áustria. Juntas, elas criaram
também a Santa Aliança, coalizão militar que garantiria a aplicação dos princípios determinados pelo
Congresso de Viena, entre os quais a Questão da Legitimidade. Esta dava vantagem à restauração das
monarquias europeias derrubadas desde 1789. Alguns lugares abrigavam uma grande diversidade étnica
sob um mesmo governo. E quando esse governo caiu em decorrência de revoluções e revoltas, os grupos
étnicos passaram a reivindicar a criação de seus próprios Estados-nação. Até as décadas de 1820 e 1830,
as forças restauradoras do Congresso de Viena conseguiram “segurar” essas tensões, mas então uma onda
revolucionária varreu o continente, marcada pela influência do liberalismo e do nacionalismo. O processo
de independência da Grécia (1821-1829) fez parte desse contexto. Na época, o território grego pertencia
AULA 08 – Contemporânea II 88
Prof. Alê Lopes

ao Império Turco-Otomano, que apesar de não ser signatário do Congresso de Viena, era beneficiado
indiretamente por suas decisões. Vejamos, então, qual outro país europeu se tornou independente nesse
contexto:
a) Correta! Entre 1830 e 1831 um conjunto de províncias no sul do Reino Unido dos Países Baixos (Holanda)
fizeram uma revolução que resultou na sua independência e na fundação do Reino da Bélgica.
b) Incorreta. Luxemburgo nunca teve vínculos com a Suíça, mas sim com a Holanda e com a Prússia, que
disputavam a soberania sobre esse território. Entretanto, em 1839, Luxemburgo conquistou sua
independência plena.
c) Incorreta. A Noruega se tornou independente da Suécia apenas em 1905, décadas depois do contexto
aqui analisado.
d) Incorreta. O território da Polônia estava dividido entre a Rússia, Prússia e Áustria ao longo de todo o
século XIX. Os poloneses só conseguiram sua independência e fundaram um Estado polaco em 1918, após
o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que terminou com a derrota da Alemanha e da Áustria.
Além disso, em 1917, a Rússia se retirou da guerra devido à Revolução Russa, que depôs o czarismo e
instituiu um Estado socialista. Porém, toda a convulsão social e a guerra fez com que os russos, agora
soviéticos, perdessem o controle de vários territórios.
e) Incorreta. A independência da Sérvia ocorreu em 1878, décadas depois do contexto aqui analisado.
Gabarito: A

14- (EsPCEx/2001/4000039469)
A Revolução Industrial, aliada aos princípios da Escola de Manchester, produziu grandes transformações
econômicas, políticas e sociais no mundo de então.
As doutrinas antiliberais, que surgiram no século XIX, encarnavam uma reação ao progresso industrial,
propondo reformulações sociais e a construção de um mundo mais justo.
Cada movimento pautava seu ideário através de publicações e artigos que pudessem atingir a massa
operária europeia. Leia com atenção o trecho a seguir:
“... Com o desenvolvimento da grande indústria, desaparece debaixo dos pés da burguesia a base
em que ela produz e se apropria dos produtos. Ela produz, antes do mais, o seu próprio coveiro. ...”
O fragmento acima foi retirado de uma publicação fundamental e traz, indiretamente, uma das ideias
centrais do
a) Anarquismo.
b) Socialismo Cristão.
c) Socialismo Utópico.
d) Socialismo Científico.
e) Sindicalismo.
Comentários
O século XIX foi um período envolto em movimentos políticos e revoluções que questionavam a
manutenção do Antigo Regime. Até então, a principal filosofia política e econômica que se contrapunha
a isso era o liberalismo, promovido principalmente pela burguesia. Entretanto, ao longo século XIX,
conforme o liberalismo se saía vitorioso e inaugurava governos burgueses em diferentes partes da
Europa, tornou-se evidente para outros estratos sociais desprivilegiados que o liberalismo não seria o
suficiente. É assim que surge o socialismo, como uma crítica ao liberalismo e um apelo à verdadeira
democratização da política e da sociedade como um todo. Todavia, várias vertentes do socialismo
começaram a se distinguir, devido às divergências entre seus adeptos sobre como uma sociedade mais
justa deveria ser construída. Sabendo disso, repare que o enunciado pede algo bem objetivo: identificar

AULA 08 – Contemporânea II 89
Prof. Alê Lopes

à qual vertente do socialismo a ideia expressa no trecho pertence. Mas que ideia é essa? Note que nesse
pequeno trecho o principal argumento do autor é que as condições para a derrubada da burguesia do
poder são criadas por ela mesma. Em outras palavras, o capitalismo é um sistema cheio de contradições
e estas contradições criam uma série de possibilidades para que forças anticapitalistas se desenvolvam
e ameacem a própria manutenção do sistema. Com isso em mente, vejamos de qual vertente do
socialismo a ideia expressa no trecho pertence:
a) Incorreta. O anarquismo é uma das vertentes mais radicais do socialismo. Sua ideia central é a de que
toda a forma de poder e autoridade é opressora. Para os anarquistas, cabe à classe trabalhadora
extinguir o capitalismo, a propriedade privada e o Estado e substituí-los por formas de propriedade
coletiva e pela autogestão.
b) Incorreta. Chamada vulgarmente de socialismo cristão, a teoria social da Igreja Católica foi
desenvolvida no contexto do final do século XIX. Naquele momento, vivia-se o auge do desenvolvimento
capitalista, bem como o auge dos conflitos com a classe operária. Diante disso, a Igreja Católica procurou
intervir afirmando seu papel importante para a tentativa de solução desses conflitos. Portanto, em um
cenário com tantos projetos, propostas e debates, ela precisava posicionar-se teoricamente,
demonstrando como via o mundo. Seu objetivo é buscar uma solução conforme a justiça e a equidade.
E, assim, “aproximar os ricos e os pobres”. Veja, que a teoria social da Igreja é antiliberal e antissocialista,
uma vez que defende a propriedade privada, mas compreende que ela deva se comprometer com a
dimensão social dos envolvidos no processo produtivo. Com isso podemos afirmar que ela nega a
chamada “luta de classes” e propõe a colaboração entre patrões e empregados.
c) Incorreta. O socialismo utópico era a vertente menos radical do socialismo do século XIX. Na realidade,
esse nicho reunia burgueses e liberais mais preocupados em desenvolver uma sociedade sustentável do
ponto de vista social e econômico. Lembre-se que no século XIX, a industrialização se expandia de forma
desenfreada e desordenada, gerando vários desequilíbrios sociais, como a geração de uma grande
massa de miseráveis e operários que vivia e trabalhava em condições extremamente precárias. Por isso,
os socialistas utópicos argumentavam a favor de maneiras de humanizar o capitalismo e oferecer
condições para que todas os setores da sociedade vivessem e trabalhassem com dignidade. No entanto,
não se confunda, eles não falavam contra a propriedade privada, ou contra a burguesia ou contra as
desigualdades sociais.
d) Correta! O socialismo científico está entre as vertentes mais radicais do socialismo do século XIX, ao
lado do anarquismo. Entretanto, diferente deste, o socialismo científico acreditava que o fim do
capitalismo e instalação do socialismo era um longo processo que passaria por uma série de etapas. A
primeira delas era a revolução operária, que deveria tomar os meios de produção e o Estado das mãos
da burguesia e de outras elites socioeconômicas. Então, seria inaugurado uma ditadura do proletariado.
Nessa fase, o Estado continuaria existindo e guiando a transição para o novo modelo. Essa fase de
transição é o que os socialistas científicos consideravam o socialismo propriamente dito. Todavia, o
objetivo final era realmente extinguir o Estado quando se alcançasse uma sociedade e economia
verdadeiramente justas, democráticas e igualitárias. Neste momento, seria o início do comunismo. E
uma ideia fundamental dessa teoria era a de que o capitalismo e a burguesia produziam
involuntariamente as condições necessárias para que a revolução eclodisse. Em outras palavras, ao
promover um sistema econômico, político e social que semeia a desigualdade, a miséria e a
concentração de renda, a massa de desprivilegiados eventualmente se levantaria contra esse sistema.
e) Incorreta. O sindicalismo é o movimento de organização e mobilização dos trabalhadores em
sindicatos, isto é, em associações cujo fim é representar o conjunto dos trabalhadores na reivindicação
e negociação por melhores condições de trabalho.
Gabarito: D

AULA 08 – Contemporânea II 90
Prof. Alê Lopes

15- (EsPCEx/2001/4000039472)
“A revolução social do século XIX não pode extrair a sua poesia do passado, mas antes do futuro. (...) As
revoluções anteriores tiveram necessidade das reminiscências históricas para se iludir quanto ao próprio
conteúdo. (...) Dantes era a frase que superava o conteúdo, agora é o conteúdo que supera a frase”.
MARX, Karl, O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Lisboa: Nosso Tempo, 1971, p. 18
O texto acima de Karl Marx alude ao golpe realizado por Luís Bonaparte que resultou na instauração
do Segundo Império Francês. Longe de ser uma ocorrência fortuita, foi o resultado das lutas que a
França atravessava desde os anos 1830.
A oposição ao Rei Luís Felipe, que levou à Revolução de 1848 na França era composta de várias correntes
ou partidos. Um deles era o
a) Democrata, que propunha uma maior participação do povo francês no governo.
b) Sindicalista, que lutava pela tomada do poder pelos operários franceses.
c) Imperialista, que pregava uma política de expansão colonial francesa.
d) Legitimista, que desejava a volta da dinastia dos Bourbons ao trono.
e) Anarquista, que pugnava pela extinção do governo central francês.
Comentários
Antes de tudo, repare que a o período específico abordado pela questão se dá entre 1830 e 1848, na
França. Trata-se do momento em que o país foi uma monarquia constitucional, governada por um rei-
burguês, Luís Felipe de Orleans. Esse governo foi instalado com a Revolução de 1830, que depôs o rei
Carlos X Bourbon, que tentava restaurar o Antigo Regime. A alta burguesia francesa, vinculada ao capital
financeiro, foi o setor social que liderou esse movimento e o governo instalado em seguida. O governo
burguês retomou várias medidas liberais revogadas pelos reis Bourbon. No entanto, a nova monarquia
continuou excluindo operários, camponeses e setores menos abastados da burguesia da política
institucional. Isto combinado a crises econômicas e baixas colheitas no campo gerou uma nova situação
de desemprego e fome em massa. Então, boa parte da oposição passou a articular a política dos
banquetes, que consistia na promoção de grandes comícios populares em espaços públicos, nos quais
o governo era criticado e as demandas da população eram manifestadas. Nesse contexto, foi organizado
um grande banquete em 1848, que provocou a eclosão de uma nova onda de revolução na França e na
Europa, que ficou conhecida como a Primavera dos Povos. Nessa ocasião, a monarquia foi derrubada
definitivamente na França e uma república foi proclamada, a chamada Segunda República Francesa
(1848-1851). Esta seria derrubada pelo golpe articulado por Luís Bonaparte, em 1851. Entretanto, note
que o enunciado pede que apontemos qual alternativa aponta corretamente um dos grupos que
compunham a oposição ao rei Luís Felipe de Orleans. Porém, não qualquer grupo e sim um que tenha
efetivamente participação da Revolução de 1848. Vejamos:
a) Correta! Esse grupo também era chamado de “republicanos”. Era composto por setores que se
sentiam traídos pela alta burguesia e a monarquia instalada em 1830. Sua principal pauta era o fim do
voto censitário e a instituição do voto universal. Os mais radicais defendiam o fim da monarquia e a
instalação de uma república, o que se concretizou em 1830.
b) Incorreta. O sindicalismo era o movimento dos operários que se associavam em sindicatos para
reivindicar melhores condições de trabalho com seus patrões e com o governo. No entanto, os
sindicatos foram proibidos por Luís Felipe durante seu governo. Então, boa parte dos sindicalistas aderiu
aos republicanos ou aos socialistas.
c) Incorreta. Apesar de haver grupos favoráveis à expansão do colonialismo francês naquela época, eles
não formavam um grupo político específico que fizesse oposição à Luís Felipe. Havia imperialistas tanto
na oposição quanto na situação naquele contexto.

AULA 08 – Contemporânea II 91
Prof. Alê Lopes

d) Incorreta. De fato, havia o grupo dos legitimistas na oposição ao rei Luís Felipe. Tratava-se da nobreza
francesa que desejava restaurar a dinastia Bourbon, deposta em 1830. Eles argumentavam que a
deposição era ilegítima, segundo os princípios do Congresso de Viena e das leis francesas. Todavia, os
legitimistas não aderiram à Revolução de 1848, pois esta pregava uma democratização mais ampla da
política, da economia e da sociedade como um todo, o que significava sepultar definitivamente a
monarquia e o Antigo Regime, consequentemente, os privilégios da nobreza também.
e) Incorreta. O anarquismo ainda não era um movimento muito bem definido nesse momento. Eles
ainda estavam muito vinculados ao socialismo. Somente após 1848 é que o anarquismo ganha mais
autonomia um perfil próprio, com a divulgação das obras de Proudhon e Bakunin.
Gabarito: A

16- (EsPCEx/2001/4000039478)
O trecho abaixo está relacionado com a Guerra da Criméia (1853-56). Leia-o e responda o item a seguir.
"A TROPA""
Os cavalos suavam com terror quando começamos a correr
O poderoso troar dos canhões russos
E nós avançamos como uma parede humana
Os gritos de dor quando os nossos companheiros caíam
Os nossos corpos empilhavam-se no terreno
E os Russos voltavam a atirar
Nós chegamos tão perto, porém estávamos muito longe
Nós ganhamos a vida para lutar um outro dia."
Esta descrição da carga da Brigada de Cavalaria Ligeira contra a fortaleza russa de Balaclava foi
adaptada da letra "The Troper" do grupo de rock inglês “Iron Maiden”. Na Guerra da Criméia, a
Inglaterra aliou-se à França e ao Piemonte para impedir a expansão russa contra a:
a) Alemanha.
b) Bélgica.
c) China.
d) Polônia.
e) Turquia.
Comentários
O tema da questão é a Guerra da Crimeia (1853-1856), no Leste europeu. Depois do Congresso de Viena
(1815), as grandes potências europeias (Inglaterra, França, Áustria, Prússia e Rússia) experimentaram três
décadas de paz, enquanto buscavam conter internamente as pressões políticas, econômicas, sociais e
nacionalistas. Lembre-se que o objetivo dessa aliança era manter um equilíbrio entre as principais
monarquias europeias, para restaurar o Antigo Regime e impedir que ideias revolucionárias voltassem a
motivar revoltas. Enfim, o sistema de Viena começou a ruir. Um dos primeiros problemas era a fraqueza
política demonstrada pelo império turco-otomano e a possibilidade de fragmentação de seus domínios. Os
europeus enxergaram nesse quadro a necessidade de evitar tal fragmentação para evitar a expansão russa
na região, que ganhava força desde a coroação de Nicolau I (1825) como imperador. A ocupação russa da
península da Crimeia, antigo território turco-otomano, ocorreu em 1853, sob o pretexto de servirem de
ponto de apoio para defender as terras sagradas de Jerusalém e Nazaré, cuja proteção se disputava com
os franceses. Com isso, O Império Otomano declarou guerra à Rússia, com o apoio da França e da Inglaterra,
as quais fizeram o mesmo no ano seguinte. Em 1856, os russos percebem que estão em desvantagem e
resolvem assinar o Tratado de Paris, o qual obrigou a Rússia a se retirar da região e a impedia de manter
bases e forças navais no porto de Sinope, no Mar Negro, que havia sido ocupado por ela durante os
conflitos. Agora que você está por dentro do contexto, repare que a questão pede apenas para você

AULA 08 – Contemporânea II 92
Prof. Alê Lopes

identificar a alternativa que a aponta corretamente qual país estava sendo invadido pelos russos naquela
ocasião. Vimos que se tratava de uma região pertencente ao Império Turco-Otomano, mas seu nome não
é citado por nenhuma das alternativas. Isto porque esse Império chegou ao fim em 1922 e no ano seguinte
foi fundado um novo país em seu território, cujo é citado por uma das alternativas. Vejamos qual:
a) Incorreta. A Alemanha nunca fez parte do território turco-otomano. Vale ressaltar que o país Alemanha
nem sequer existia naquela época. Seu território era dividido em vários Estados germânicos independentes
entre si.
b) Incorreta. A Bélgica também nunca fez parte do Império Turco-Otomano e fica bem longe da Crimeia,
onde se deu a invasão russa.
c) Incorreta. A China igualmente nunca fez parte dos territórios turco-otomano e não se envolveu na Guerra
da Crimeia.
d) Incorreta, pela mesma razão que as anteriores.
e) Correta! A Turquia foi fundada em 1923, um ano após a queda do Império Turco-Otomano.
Gabarito: E

17- (EsPCEx/2001/4000039480)
No ano de 1861, Vítor Emanuel II foi proclamado Rei da Itália. A partir daí, várias conquistas
territoriais foram conseguidas, concluindo o que viria a ser o "Estado Italiano". Entretanto, nem só
de ganhos territoriais preencheu-se a unificação italiana. Para conseguir o apoio de Napoleão III contra
a Áustria, os italianos comprometeram-se em ceder duas províncias à França, que foram
a) Piemonte e Veneza.
b) Lombardia e Toscana.
c) Córsega e Sardenha.
d) Sicília e Nápoles.
e) Nice e Sabóia.
Comentários
O movimento de unificação da Itália era composto basicamente por dois setores: aqueles que defendiam
a fundação de uma monarquia constitucional, liderados pela realeza do reino de Piemonte-Sardenha e pela
burguesia do norte da Península Itálica; e aqueles que defendiam a proclamação de uma república popular,
liderado por camponeses e trabalhadores, que partiam do sul da Península. Eventualmente, os dois grupos
se uniram em prol da unificação, com rei Vitor Emmanuel II na liderança. No entanto, havia outros
obstáculos até a unificação completa de todo o território da Península Itálica sob um único Estado-nação.
No nordeste da Península, a Áustria detinha a posse de algumas províncias, enquanto no centro o Vaticano
estava localizado e resistia à sua incorporação pela Itália unificada. Para enfrentar a Áustria foi necessário
recorrer a alianças com outros países, no caso a França, como o próprio enunciado destacou. Então,
vejamos quais territórios a monarquia italiana recém-instalada cedeu para garantir essa aliança:
a) Correta! Piemonte, terra do próprio rei Vitor Emmanuel II, fazia fronteira com a França. Já Veneza ficava
na então zona de influência da Áustria, mas era uma cidade portuária com uma localização vantajosa no
Mar Mediterrâneo, principal meio de comunicação e comércio da Europa com o Oriente e o norte da África,
territórios para os quais o imperialismo europeu buscava se expandir.
b) Incorreta.
c) Incorreta.
d) Incorreta.

AULA 08 – Contemporânea II 93
Prof. Alê Lopes

e) Incorreta.
Gabarito: A

18- (EsPCEx/2000/4000039340)
Pelo Congresso de Viena (1815), alguns povos que possuíam características distintas, como religião e
idioma, foram reunidos sob um mesmo poder, acarretando mais tarde revoluções com características
fortemente nacionais. Foi o que ocorreu na década de 1830 na região da Flandres. Os povos mencionados
neste trecho, referentes a essa região, são os
a) alemães e austríacos.
b) tchecos e eslovacos.
c) suecos e noruegueses.
d) portugueses e espanhóis.
e) belgas e holandeses.
Comentários
Aqui temos uma questão bem objetiva. O tema é a série de revoluções liberais e nacionalistas que varreu
a Europa na década de 1830. Esses movimentos se contrapunham às determinações do Congresso de
Viena. Este reuniu as principais monarquias europeias que fizeram um esforço conjunto para restaurar o
Antigo Regime em todos os lugares que tiveram governos derrubados em virtude da Revolução Francesa
(1789) e das guerras napoleônicas (1804-1815). Como o enunciado explica, alguns lugares abrigavam uma
grande diversidade étnica sob um mesmo governo. E quando esse governo caiu em decorrência de
revoluções e revoltas, os grupos étnicos passaram a reivindicar a criação de seus próprios Estados-nação.
Até as décadas de 1820 e 1830, as forças restauradoras do Congresso de Viena conseguiram “segurar”
essas tensões, mas então uma onda revolucionária varreu o continente, marcada pela influência do
liberalismo e do nacionalismo. Entretanto, note que a questão é bem especifica ao se referir à região de
Flandres, no litoral noroeste da Europa. Com isso em vista, vejamos quais povos protagonizaram as
revoluções liberais e nacionalistas que se deram ali, em 1830:
a) Incorreta. As regiões nas quais coexistem alemães e austríacos ficam no sudeste europeu, quase na
direção oposta à Flandres.
b) Incorreta. Eslovacos e tchecos também se localizavam no sudeste europeu, sendo vizinhos dos alemães
e dos austríacos.
c) Incorreta. Suecos e noruegueses se encontram no extremo norte da Europa, do outro lado do mar do
Norte, em relação à Flandres.
d) Incorreta. Portugueses e espanhóis se encontram na Península Ibérica, à leste de Flandres.
e) Correta! Flandres é uma região entre a Bélgica e a Holanda, que, em 1830, foi palco de revoluções liberais
e nacionalistas.
Gabarito: E

19- (EsPCEx/2000/4000039341)
A Segunda Revolução Industrial (1860-1914), conhecida como a "era do aço e da eletricidade",
correspondeu a um processo de expansão da industrialização para vários países naquela época, a respeito
dessa revolução, pode-se afirmar que
a) uma das consequências, nos países em que ela ocorreu, foi o êxodo urbano.
b) nela surgiram os cartéis, onde as empresas, ao se aglutinarem, perdem sua autonomia, tomando-se uma
só.

AULA 08 – Contemporânea II 94
Prof. Alê Lopes

c) nela surgiram os trustes, grupos de empresas diferentes que se associam sob a mesma direção.
d) nela surgiram as holdings, quando grandes empresas assumem o controle de outras menores, passando
a agir coordenadamente.
e) embora apresentasse muitos avanços, ela não trouxe consequências para a agricultura.
Comentários
A Segunda Revolução Industrial é um momento de maior expansão da industrialização, quando ela
começa a atingir outras partes da Europa e da América. Igualmente, é um momento de descobertas e
outros materiais, elementos químicos e fontes de energia que revolucionaram não só a produção de
mercadorias, mas também a comunicação, os transportes, os hábitos e sociedades humanas. Além
disso, a expansão industrial, aliada ao nacionalismo, contribuiu para fomentar uma rivalidade entre as
potências da época. Isso se combinou com a necessidade de buscar novas fontes de matérias-primas e
mão de obra, bem como mercados consumidores para os quais escoar os produtos industrializados.
Dessa forma, as potências industriais também se tornaram potências imperialistas. E assim, o
capitalismo atingia sua fase monopolista e financista. Havia um acordo entre grandes empresas e os
governos dos países onde estavam sediadas que buscava ampliar suas áreas de influência e dominação.
Sabendo disso, vejamos o que é correto afirmar a respeito da Segunda Revolução industrial:
a) Incorreta. Pelo contrário, a industrialização contribuiu para o aumento do êxodo rural, isto é,
migrações massivas do campo para a cidade.
b) Incorreta. Na verdade, o cartel é um acordo explícito ou implícito entre empresas concorrentes que
atuam no mesmo ramo da economia. O principal objetivo do cartel é evitar a concorrência e determinar
consensos a respeito da fixação de preços e nichos do mercado. As empresas não perdem sua
autonomia nesse acordo.
c) Incorreta. Na realidade, os trustes consistem na fusão de várias empresas em apenas uma, visando a
concentração e a dominação de todas as fases de produção, distribuição e consumo.
d) Correta! No Holding, o controle da grande empresa sobre as menores se dá por meio do controle das
ações destas últimas pela primeira. Dessa forma, a grande empresa ajusta o mercado a seu favor ao
estabelecer o padrão dos preços para eliminar a concorrência.
e) Incorreta. A Segunda Revolução Industrial afetou a agricultura de várias formas, pois aumentou a
demanda por alimentos e matérias-primas produzidas no campo. Algumas tecnologias também foram
desenvolvidas para otimizar a produção rural visando atender a maior demanda.
Gabarito: D

20- (EsPCEx/2000/4000039342)
Pode-se afirmar que a unificação alemã foi concluída graças a um conflito ocorrido entre 1870 e 1871, que
estimulou a exaltação do nacionalismo alemão na luta contra um inimigo comum, uma vez que os Estados
do Sul (Baviera, Würtemberg, Bade e Hesse-Darmstadt) continuavam indecisos devido à influência da
política austro-húngara. Trata-se da
a) Guerra do Palatinado.
b) Guerra Franco-Prussiana.
c) Guerra Austro-Prussiana.
d) I Guerra Mundial.
e) Guerra dos Ducados Dinamarqueses.
Comentários
Antes de tudo, note que o tema da questão é a unificação alemã. Lembre-se que o país Alemanha como
conhecemos hoje não existia até o final do século XIX. Em seu território, havia uma série de Estados
AULA 08 – Contemporânea II 95
Prof. Alê Lopes

germânicos independentes entre si. Vale ressaltar também que a unificação não foi algo que se deu da
noite para o dia, mas sim um longo processo histórico que levou quase o século XIX inteiro para se
concluir. Isso porque não havia um consenso sobre a unificação entre todos os países germânicos. A
Prússia queria liderar a unificação, unindo todos os povos germânicos sob um único Estado nacional. Já
a Áustria desejava que as coisas continuassem como estavam, mas com ela exercendo uma grande
influência cultural e econômica sobre os demais Estados germânicos. Os demais países ora aderiam a
um, ora a outro projeto. Todavia, com o tempo a Prússia foi levando a melhor, vencendo confrontos
com os austríacos e diminuindo a esfera de influência deles. Então, como o enunciado destacou entre
1870 e 1871, um evento contribuiu para a adesão dos Estados germânicos do sul que ainda relutavam
em se unir ao projeto prussiano. Vejamos qual evento foi esse:
a) Incorreta. A Guerra do Palatinado, também chamada de Guerra dos Nove Anos foi um conflito entre
a França e uma coalizão que incluía o Sacro Império Romano Germânico, a Holanda, a Inglaterra, a
Espanha, Sabóia e Portugal. Contudo, essa guerra se deu entre 1688 e 1697, cerca de dois séculos antes
da unificação alemã.
b) Correta! A Guerra Franco-Prussiana, como o nome já diz, foi um conflito entre França e Prússia. A
principal motivação foi a sucessão do trono espanhol que estava prestes a cair nas mãos de um primo
do rei da Prússia. Com isso, a França temia ficar encurralada entre dois países hostis a ela. Franceses e
prussianos já disputavam a posse de alguns territórios fronteiriços, além de rivalidades econômicas e
diplomáticas. O conflito foi o suficiente para que os Estados germânicos ainda hesitantes de se unir à
Prússia aderissem à unificação alemã.
c) Incorreta. De fato, essa guerra fez parte do processo mais amplo de unificação alemã. Tratou-se de
um conflito entre a Prússia e a Áustria a respeito do domínio sobre territórios dinamarqueses recém
conquistados por uma aliança militar austro-prussiana contra a Dinamarca. Tudo era parte do plano do
chanceler prussiano, Otto von Bismarck, que após a vitória sobre os dinamarqueses, virou-se contra os
austríacos para enfraquecê-los e eliminá-los na disputa pela unificação alemã. A posse sobre os
territórios dinamarqueses era apenas um pretexto. Entretanto, essa Guerra Austro-Prussiana se deu em
1866 e, apesar de ter sido vantajosa para os prussianos, sua vitória não garantiu a adesão da totalidade
dos demais Estados germânicos ao seu projeto de unificação alemã.
d) Incorreta. A I Guerra Mundial ocorreu entre 1914 e 1918, décadas depois do recorte destacado pelo
enunciado (1870-1871).
e) Incorreta. A Guerra dos Ducados Dinamarqueses foi o conflito entre Dinamarca e a aliança austro-
prussiana que mencionei na alternativa “c”. Essa guerra aconteceu em 1864, logo antes da Guerra Autro-
Prussiana.
Gabarito: B

21- (EsPCEx/2000/4000039343)
A descoberta de riquezas no subsolo da África Austral, no final do século XIX, determinou por parte da
Inglaterra uma política agressiva contra os "Boers", fato que
a) culminou com a derrota inglesa ante as forças "boers" do Orange e Transvaal
b) contrariou a política do presidente "boer" Krugger, favorável aos imigrantes do Transvaal.
c) modificou a posição inglesa que era, até então, a de amparar os colonos "boers" naquela região.
d) culminou na intervenção da Inglaterra ao lado dos colonos que lutavam contra os "boers'
e) levou à vitória inglesa, passando os territórios de Orange e Transvaal a fazer parte dos domínios'
britânicos.

AULA 08 – Contemporânea II 96
Prof. Alê Lopes

Comentários
Em primeiro lugar, repare que a questão trata das disputas imperialistas entre países europeus no
continente africano, no final século XIX. Neste contexto, a Europa vivenciava a Segunda Revolução
Industrial, o que aumentava a demanda dos europeus por novas fontes de matérias-primas, mão de
obra e mercados consumidores. A isso se somava a difusão do nacionalismo que intensificava a
rivalidade entre os países europeus na corrida pela prosperidade econômica. Além disso, desde o final
do século XVIII, os europeus perderam praticamente todas as suas colônias na América, o que os levou
a buscar em outros continentes (África e Ásia) tudo que precisavam para continuar sua expansão
industrial. E assim, o capitalismo atingia sua fase monopolista e financista. Havia um acordo entre
grandes empresas e os governos dos países onde estavam sediadas que buscava ampliar suas áreas de
influência e dominação. Todavia, note que o enunciado é bem específico na região abordada: África
Austral, ou seja, trata-se do território mais ao sul do continente africano. O enunciado também
menciona que ali seu uma disputa entre a Inglaterra e os “Boers”, grupos de holandeses calvinistas que
haviam se instalado no Cabo da Boa Esperança, na atual África do Sul. Quando os ingleses chegaram no
local, na segunda metade do século XIX, eles tentaram tomar posse dele com o objetivo de controlar a
principal rota marítima alternativa entre a Europa e Índia. Eles instituíram uma série de leis que se
mostraram desvantajosas para os “Boers”. Sabendo disso, vejamos o que isso provocou:
a) Incorreta. Na verdade, os “Boers” acabaram subjugados pelos ingleses e se viram obrigados a migrar
para outro território. No entanto, em 1899, foi descoberto ouro na região, o que levou os ingleses a
invadirem aquele local também, dessa vez entrando em conflito com os descendentes dos “Boers”,
chamados de “africânderes”. O domínio britânico durou até 1910, quando foi criado um novo país que
seria soberano na região: a União Sul Africana.
b) Incorreta. Não se tratava de uma discordância sobre imigração, mas de uma disputa pelo próprio
domínio do território.
c) Incorreta. A Inglaterra não amparava os “boers” instalados na região. Na realidade, os ingleses
queriam tomar a terra dos “boers”.
d) Incorreta. Os colonos eram os “boers”, enquanto a Inglaterra se colocou contra eles.
e) Correta! A Inglaterra foi a grande vitoriosa, anexando a região ao Império colonial britânico.
Entretanto, em 1910, um acordo entre africânderes (descendentes dos boers) e britânicos permitiu a
independência e criação da União Sul Africana.
Gabarito: E

22- (EsPCEx/1996/4000038808)
Sobre as revoluções de 1848 na Confederação Germânica, pode-se afirmar que
a) propunham o socialismo.
b) tiveram caráter liberal, influência do socialismo utópico e pregavam a unificação.
c) alcançaram a unificação permanente da Alemanha.
d) pregavam o fracionamento da Alemanha.
e) foram incentivadas pela Espanha.
Comentários
Ao longo do século XIX, a Europa vivenciou uma série de revoluções que combatiam as invasões
napoleônicas e/ou a restauração do Antigo Regime empreendida pelo Congresso de Viena. Os principais
protagonistas dessas revoltas foram a burguesia, os trabalhadores urbanos e os camponeses que se aliaram
em diversas ocasiões. Contudo, também houve rixar entre esses revolucionários, o que se manifestou mais
explicitamente nas revoltas de 1848, que marcaram o embate entre liberalismo, socialismo e absolutismo.

AULA 08 – Contemporânea II 97
Prof. Alê Lopes

Com isso em vista, vejamos o que é correto afirmar sobre as revoluções de 1848 na Confederação
Germânica (conjunto de Estado independentes que ficavam onde hoje é a Alemanha):
a) Incorreta. Como mencionei, o socialismo realmente surgiu e ganhou adeptos nesse contexto. Porém,
não foi em todo o lugar que ele predominou entre as forças revolucionárias. Além disso, o socialismo era
composto por várias vertentes teóricas distintas, que tinha suas discordâncias entre si, como o socialismo
utópico, o socialismo científico e o anarquismo. Ainda, é importante ressaltar que os socialismos tinham
mais adesão em meio a trabalhadores urbanos e camponeses. No caso das revoluções de 1848 na
Confederação Germânica destaca-se a participação da burguesia.
b) Correta! O liberalismo era a ideologia que mais se difundiu entre os séculos XVIII e XIX, na Europa. Era
uma ideologia criada e aperfeiçoada pela própria burguesia. Entretanto, entre os burgueses também
haviam simpatizantes do socialismo utópico, que se encontrava em uma “zona cinza” entre o liberalismo e
o socialismo. Por outro lado, naquele momento, os Estados da Confederação Germânica também
abrigavam uma série de movimentos nacionalistas, que desejavam a unificação dos povos germânicos sob
um único Estado-nação. O nacionalismo era uma ideologia derivada do liberalismo, que defendia que cada
povo (nação) tinha direito a ter seu próprio Estado, que lhe defenderia de ameaças externas enquanto
manteria a ordem interna e garantia dos direitos naturais a todos. De fato, os principais nacionalistas
germânicos eram a monarquia e a burguesia prussianas, cujo sonho de unificação envolvia o avanço da
industrialização e a promoção de seus interesses econômicos.
c) Incorreta. A unificação permanente da Alemanha só ocorreu em 1871, com a vitória da Prússia sobre a
França, na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
d) Incorreta. Pelo contrário, a Alemanha já estava fraccionada em uma variedade de Estados germânicos
independentes entre si. Os revolucionários de 1848 desejavam justamente a unificação desses países em
uma só nação: a Alemanha.
e) Incorreta. A Espanha não estava envolvida nas revoluções de 1848 na Confederação Germânica.
Gabarito: B

23- (EsPCEx/1997/4000038979)
“Raras vezes a revolução foi prevista com tanta certeza, embora não fosse prevista em relação aos
países certos ou às datas certas. Todo o continente esperava, já agora pronto a espalhar a
notícia da revolução através do telégrafo elétrico. Em 1831, Vitor Hugo escreve que já ouvia o
‘ronco sonoro da revolução, ainda profundamente encravado nas entranhas da terra, estendendo
por baixo de cada reino da Europa suas galerias subterrâneas a partir do eixo central da mina, que
é Paris’. Em 1847, o barulho se fazia claro e próximo. Em 1848, a explosão eclodiu.”
(HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções - 1789/1848. RJ, Paz e Terra, 1982. p. 332).
O acontecimento histórico relatado no texto acima refere-se à:
a) Revolução Liberal na França, que depôs o rei Carlos X, assumindo o trono Luís Felipe de Orleans, o rei
burguês.
b) Revolução pela independência da Polônia, que instalou um governo nacional revolucionário em Varsóvia,
tendo sido esmagado pelas tropas do Czar Nicolau I.
c) Primavera dos Povos, fundamentada em muitos ideais típicos do Socialismo.
d) Revolução Liberal do Porto, que põe fim ao absolutismo em Portugal.
e) Comuna de Paris, que caracterizou-se por ser um movimento liberal e burguês criando a primeira
experiência de autogestão democrática, apoiada pelo governo da Terceira República francesa recém-
instalada.

AULA 08 – Contemporânea II 98
Prof. Alê Lopes

Comentários
Aqui temos uma questão de contextualização. Em primeiro lugar, repare nas datas citadas: décadas de
1830 e 1840. Este período foi marcado por uma série de revoluções de caráter liberal, socialista e/ou
nacionalista por toda a Europa. Tratava-se de uma reação em cadeia contra as medidas impostas pelo
Congresso de Viena, que visavam a restauração do Antigo Regime. Então, note que o enunciado pede para
que identifiquemos qual acontecimento histórico se deu especificamente em 1848. Vejamos:
a) Incorreta. Essa revolução ocorreu em 1830.
b) Incorreta. Essa revolução, também conhecida como Levante de Novembro, se deu entre 1830 e 1831.
c) Correta! A Primavera dos Povos é o nome dado às revoluções de 1848, iniciadas na França, mas que se
espalharam por várias partes da Europa. Esse movimento foi mais profundamente marcado pelas ideias do
socialismo. Inclusive, nesse mesmo ano foi publicado o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich
Engels.
d) Incorreta. Essa revolução ocorreu em 1820.
e) Incorreta. A Comuna de Paris foi um governo revolucionário e socialista, composto principalmente pela
pequena-burguesia e trabalhadores urbanos para governar a cidade de Paris, após a queda de Napoleão III
e a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871).
Gabarito: C

24- (EsPCEx/1998/4000039136)
Sobre a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, pode-se afirmar que
a) o Norte defendia que os novos Estados agregados à União deveriam ser escravistas, enquanto o Sul
sustentava que deveriam ser abolicionistas.
b) o Sul era mais industrializado e o Norte mais agrário, o que dava vantagens potenciais ao Sul.
c) pelo Acordo do Mississípi, ficou definido que os Estados ao norte do paralelo 36º 40' seriam escravistas
e ao sul, livres.
d) a adesão do Partido Democrata à causa do abolicionismo e a vitória de Abraham Lincoln em 1860
motivaram o conflito entre o Norte e o Sul.
e) o Sul defendia baixas tarifas de importação e exportação, enquanto o Norte necessitava de tarifas
protecionistas que dificultassem a livre importação.
Comentários
A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Norte-Americana, nos Estados Unidos, ocorreu entre 1861 e 1865.
Tratou-se de um conflito interno que dividiu o país em duas forças opostas: os Confederados, que reuniam
os Estados do Sul; e a União, que agregava os Estados do Norte. A principal motivação para a guerra foi as
discordâncias a respeito da continuidade ou não da escravidão. Entretanto, também a rivalidade para ver
quem lideraria a expansão para o Oeste contribuiu para o acirramento das tensões. Isso porque nortistas
e sulistas defendiam projetos econômicos e sociais distintos e a liderança na expansão para o Oeste podia
ajudar a fazer um deles prevalecer. Com base nisso, vejamos o que é correto afirmar sobre essa guerra:
a) Incorreta. A discordância não se resumia apenas ao regime de trabalho nos Estados de recente anexação,
mas sim em todo o território nacional norte-americano. Ainda, eram os Estados do Sul que defendiam a
continuidade da escravidão, enquanto os Estados do Norte promoviam a abolição definitiva do cativeiro.
b) Incorreta. Na verdade, era o contrário. O Norte era mais industrializado, predominando o trabalho
assalariado; enquanto no Sul era o modelo agroexportador que prevalecia, sustentado pela mão de obra
escravizada.

AULA 08 – Contemporânea II 99
Prof. Alê Lopes

c) Incorreta. Na realidade, era o oposto disso. O Acordo de Mississipi, entre Nortistas e Sulistas, determinou
que ao norte do paralelo 36º40’ a escravidão estava proibida. Além disso, esse acordo se deu em 1820,
décadas antes do início da guerra. Todavia, podemos considerar que foi o primeiro acordo sobre a
regulamentação do trabalho escravo e a primeira ocasião na qual escravocratas e abolicionistas negociaram
a questão oficialmente.
d) Incorreta. De fato, a vitória de Abraham Lincoln, um abolicionista, foi um dos grandes motivadores para
a guerra. No entanto, não foi o Partido Democrata que aderiu ao abolicionismo, mas sim o Partido
Republicano, ao qual Lincoln estava filiado.
e) Correta! Lembra que eu comentei que Nortistas e Sulistas tinham projetos econômicos e sociais distintos
para a sociedade norte-americana? Pois, então, a questão dos impostos sobre o comércio exterior era uma
das pautas na qual essa rivalidade se manifestava. Não se esqueça que os Sulistas tinham uma economia
rural, baseada no latifúndio monocultor e escravista, cujo objetivo era exportar matéria-prima. Além disso,
os Sulistas também gostavam de importar produtos luxuosos e industrializados da Europa, pois isso lhes
dava maior prestígio social. Por essa razão, eles queriam menos taxação sobre as importações e as
exportações. Por outro lado, os Nortistas eram mais dedicados ao comércio e a indústria. Por isso, eles
desejavam o crescimento e desenvolvimento do mercado interno. Em outras palavras, queriam que as
mercadorias que produziam fossem consumidas em todo o território norte-americano, mas para isso
tinham que desbancar a concorrência oferecida pelos produtos europeus importados. Assim, os Nortistas
defendiam tarifas protecionistas, isto é, impostos que incidissem sobre a importação, tornando os produtos
estrangeiros mais caros, o que condicionaria o consumidor norte-americano a comprar produtos nacionais.
Somada às discordâncias a respeito da escravidão, essa disputa sobre as tarifas alfandegárias contribuiu
para o acirramento das tensões que levaram à Guerra de Secessão.
Gabarito: E

25- (EsPCEx/1998/4000039140)
Após a queda de Napoleão em Waterloo (1815), Luís XVIII retomou o poder, restaurando a monarquia
dos Bourbons.
Restabelecia-se na França um governo elitista, combinando o absolutismo com doses de
liberalismo – governo constitucional, mas que restringia os direitos e liberdade conseguidos
durante o processo revolucionário de 1789 a 1815.
Com Carlos X, restauram-se na França os privilégios do clero e da nobreza, restabelecendo o
Antigo Regime.
Liderados pelo duque Luís Felipe e com o apoio do jornal “O Nacional”, a sociedade mobilizada
dá início à Revolução de 1830 que depunha a dinastia Bourbon.
Sobre essa Revolução pode-se dizer que
a) teve grande influência das ideias socialistas.
b) proclamou a Segunda República Francesa.
c) sepultou definitivamente as intenções restauradoras do Congresso de Viena.
d) levou ao poder Luís Napoleão Bonaparte, dando início ao Segundo império.
e) ficou conhecida como “ A Primavera dos Povos”.
Comentários
Muita atenção às datas e locais mencionados ao longo do enunciado. No caso, vemos que a questão
aborda o período entre 1815 e 1830, na França. O tema abordado é o contexto histórico que possibilitou a
ocorrência da Revolução de 1830, liderada pela burguesia francesa contra as tentativas de restauração do
Antigo Regime pelos monarcas franceses. É importante notar que essa revolução se deu logo após os

AULA 08 – Contemporânea II 100


Prof. Alê Lopes

acontecimentos da Revolução Francesa (1789) e dos governos de Napoleão Bonaparte (1799-1815). Com
isso em mente, vejamos o que é correto dizer sobre essa a Revolução de 1830:
a) Incorreta. As ideias socialistas só teriam maior influência nos movimentos revolucionários europeus, e
francês especificamente, nas revoluções de 1848, também chamadas de Primavera dos Povos. Esta nova
onda revolucionária expressava a insatisfação de setores mais populares em relação ao governo burguês
instituído após a Revolução de 1830. Nesta, o liberalismo exercia maior influência ideológica nos
revolucionários burgueses.
b) Incorreta. A Segunda República Francesa só foi proclamada em 1848, após a Primavera dos Povos. A
Revolução de 1830, ao se sair vitoriosa, instituiu uma monarquia constitucional, coroando um rei burguês,
Luís Felipe de Orleans.
c) Correta! O Congresso de Viena foi uma série de encontros entre as principais monarquias europeias:
Inglaterra, Rússia, Prússia, Áustria e monarquistas franceses. As forças aliadas dessas nações procuraram
combater a Revolução Francesa assim como os governos de Napoleão Bonaparte. Com a vitória definitiva
em 1815, essas monarquias concordaram em promover a restauração das monarquias que foram
destituídas desde 1789, em toda Europa. Basicamente, era um plano para restaurar o Antigo Regime. A
restauração da monarquia francesa e da dinastia Bourbon foi parte importante desse plano. Entre 1815 e
1830 dois reis Bourbon governaram, Luís XVIII e Carlos X. Porém, diante de seus esforços em retroceder a
sociedade francesa para como era antes da revolução provocou a indignação tanto da burguesia quanto
das camadas mais populares. A burguesia conseguiu tomar a liderança do movimento e instaurar um
governo de acordo com seu ideário liberal em 1830, o que foi o suficiente para sepultar definitivamente
qualquer intenção de restaurar o Antigo Regime tal como era antes.
d) Incorreta. Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, foi eleito presidente em 1848,
nas primeiras eleições presidenciais da Segunda República Francesa. Três anos depois, em 1851, ele deu
um golpe de Estado e se proclamou imperador francês sob o título de Napoleão III. Com isso, teve início o
Segundo Império, que só acabaria em 1871, com a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana (1870-
1871). De qualquer forma, note que isso se passa décadas depois da Revolução de 1830.
e) Incorreta. Como já mencionei, a Primavera dos Povos é o nome dado à onda revolucionária que varreu
a Europa em 1848.
Gabarito: C

10. Lista de questões da profe. Alê Lopes – comentadas


26- (Estratégia Militares/2021/Profe. Ale Lopes)

A longo do século XIX, milhares de pessoas deixaram a faixa atlântica, correspondente às antigas Treze
Colônias, e seguiram em direção ao interior em carroças, ou em pequenos navios pelos rios Mississipi e
Missouri. Esses homens e mulheres, chamados de pioneiros, incorporaram largas extensões de terra, a
Oeste dos Apalaches, que eles e as autoridades norte-americanas chamavam de “terra de ninguém”.
Foi fator que estimulou a ocupação à Oeste
a)Lei do Chá
b)Lei de Terras
c)Leis Jin Crown
d)Big Stick
e)Criação de novos Estados

AULA 08 – Contemporânea II 101


Prof. Alê Lopes

Comentários
O tema da questão é a Marcha para o Oeste, ou seja, a ampliação do território dos Estados Unidos da
América em direção à costa do pacífico. Nesse processo, muitos são os fatores que caracterizam esse
avanço: a doutrina do destino manifesto, a guerra contra o México, a compra de territórios da Espanha, a
expectativa de encontrar ouro.
Outro fator fundamental, foi a criação da Lei do Povoamento ou a Lei de Terras, de 1862. Nesta lei o
governo cedia, por apenas 10 dólares, um lote familiar. Considerada uma espécie de reforma agrária,
possibilitou uma ocupação produtiva. Como consequência, houve aumento de oferta de alimentos a baixo
preço, o que dinamizou a economia.
Como um longo processo de décadas, surgiram novos Estados que acabaram se anexando ao território
original dos Estados Unidos.
Tendo isso em mente, vamos analisar as alternativas:
a)Errado. A lei do Chá foi tema da independência dos Estados Unidos e não da Marcha para o Oeste.
b)Gabarito, conforme comentário acima.
c)Errado. As leis Jin Crown surgiram após a Guerra de Secessão e determinaram o segregacionismo racial.
d)Errado. O Big Stick é uma doutrina do início do século XX
e)Errado. A criação de novos Estados é uma consequência da expansão e não um estímulo.
Gabarito: B
27- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

“os pioneiros tinham um trabalho difícil, de mudar seus hábitos para poderem se adaptar ao novo
ambiente. A fronteira era o “ponto de encontro entre a civilização e a selvageria”. [...] Pouco a pouco ele
alterou aquela região sem civilização, mas nesse meio tempo, ele próprio foi transformado. [...] O que o
pioneiro aprendeu nesta luta com a região inóspita? Aprendeu a ser independente. Com suas próprias
mãos, confiando em sua própria força, enfrentou uma situação nova e estranha, e saiu vencedor.
Alimentou-se, vestiu-se, abrigou-se, tudo por si mesmo.”
(Léo Huberman. Nós, o povo)
Levando em consideração o contexto da expansão territorial dos Estados Unidos, no século XIX, o texto
A) Expressa a ideologia do destino manifesto
B) Representa a Doutrina Monroe
C) Representa o Corolário Roosevelt
D) Expressa a ideologia do self made man
e) Expressa o pensamento do american way of life
Comentário:
Essa questão era bastante conceitual, mas o texto nos dava uma boa base para respondê-la. O autor
discorre sobre os pioneiros da América, isso é, os homens que lutaram pela expansão territorial dos Estados
Unidos. Esse homem pioneiro é caracterizado pela independência e autonomia, é aquele que faz o que é
necessário com as próprias mãos. É um homem que conseguiu sucesso por si mesmo. Desse mito nasceu
a expressão “self-made-man” no século XIX.
Sabendo disso, vamos olhar as alternativas:
a) Incorreta. O Destino Manifesto é a crença de que os Estados Unidos da América foram escolhidos por
Deus para comandar o mundo. Assim, sua expansão territorial e geopolítica se tratava de uma vontade
divina.
b) Incorreta. A Doutrina Monroe foi obra do presidente James Monroe e se colocava contra o colonialismo
em continente americano.
AULA 08 – Contemporânea II 102
Prof. Alê Lopes

c) Incorreta. O Corolário Roosevelt foi mais uma política externa imposta pelo presidente Theodore
Roosevelt que estabelecia o controle direto dos EUA sobre países latino-americanos.
d) Correta, conforme explicação no comentário.
e) Incorreta. O american way of life não faz parte do contexto de expansão territorial dos EUA.
Gabarito: D
28- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

A carta encíclica Rerum Novarum, de autoria de leão XIII, promulgada em 15 de maio de 1891, marca o
início do ensinamento social da Igreja [católica]. Tal afirmativa não é arbitrária, pois esse documento
significa a primeira sistematização de tema social, realizada pela autoridade eclesiástica mais representativa
da igreja, o Bispo de Roma, como se verifica a partir do título da encíclica: A Condição dos Operários.
FONTELES, Cláudio. Três momentos da doutrina Social da Igreja. DF: E. Qualytá, 2009. P. 17.
Levando em consideração o contexto em que a encíclica foi promulgada e as ideologias surgidas nesse
momento histórico, pode-se afirmar que:
A) A Igreja se posicionava contra o capitalismo e por isso contribuiu para a formação do pensamento
socialista.
B) A doutrina social da Igreja se baseou na busca prosperidade material como símbolo de salvação dos fiéis.
C) A doutrina social da Igreja Católica desenvolvida nesse contexto baseava-se na sua concepção sobre
justiça e equidade.
D) A Igreja procurou mediar os conflitos sociais entre pobres e ricos de maneira a ficar sempre ao lado
desses últimos.
E) Os ensinamentos religiosos foram influenciados pelo socialismo utópico defendido por Proudhon.
Comentários:
A questão trata sobre as ideologias da Igreja Católica no contexto do século XIX, ou seja, de avanço do
capitalismo e dos conflitos sociais gerados pelas péssimas condições de trabalho a que estavam submetidos
os trabalhadores. Como diz a questão, um dos principais documentos da Igreja foi a Encíclica Rerum
Novarum. Na introdução do documento, o Papa demonstra suas preocupações com “a soberania política,
a liberdade humana, a constituição cristã dos Estados”. Seu objetivo é buscar uma solução conforme a
justiça e a equidade. E, assim, “aproximar os ricos e os pobres”. Veja, que a teoria social da Igreja é
antiliberal e antissocialista, uma vez que defende a propriedade privada, mas compreende que ela deva se
comprometer com a dimensão social dos envolvidos no processo produtivo. Com isso podemos afirmar
que ela nega a chamada “luta de classes” e propõe a colaboração entre patrões e empregados por meio
da noção de justiça social.
Sendo assim, vejamos os erros nas alternativas:
a) A Igreja não contribuiu para o pensamento socialista.
b) A Igreja Católica nunca propôs que bens materiais significam a salvação da alma.
c) Gabarito.
d) A Igreja não pretendi se colocar em nenhum dos lados, mas a fazer a mediação entre ele.
e) O pensamento do socialismo utópico não influenciou a Igreja. Seus ensinamentos partem de
dogmas mais antigos como a caridade e o cuidado com os pobres.
Gabarito: C
29- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)

“Revolução é sempre um tema fascinante. Comumente vem impregnado dos ideais de liberdade e
igualdade que, através dos tempos, acalentam gerações e permanecem presentes no ideário das
sociedades, tendo a possibilidade de se cristalizarem em algum momento da história. No processo de
construção de uma revolução sobressaem personagens que passam a povoar o imaginário social e tendem

AULA 08 – Contemporânea II 103


Prof. Alê Lopes

a serem tomados como modelos, porquanto o seu agir parece converter a utopia em realidade. São
portadores do sonho: representam a universalidade daqueles ideais, tentando forjá-los no cotidiano, nem
sempre harmonioso, dos confrontos revolucionários.”
(SAINT-JUST, Louis Antoine Leon. O Espírito da Revolução e da Constituição na França. São Paulo: UNESP,
1989. p. 9.)
Após a Revolução Francesa, na virada do século XVIII para o XIX, já em um momento caracterizado pela
continuidade das inovações que ela iniciou e, ao mesmo tempo, com perdas significativas, qual o líder
político que iniciou uma Era:
a) Maximilien Robespierre.
b) Luís Bonaparte.
c) Napoleão Bonaparte.
d) General Louis Eugene Cavaignac.
e) General Charles de Gaulle.
Comentários
Repare que o texto do enunciado ressalta a importância do líder e, no comando da questão, há uma
indicação importante sobre a perda dos avanços provocados pelas Revolução Francesa. Uma dessas perdas
é a perda política, em particular, no que diz respeito à soberania popular, pois, em ambientes em que há
um líder no comando, dificilmente há espaço para o povo, pois o líder tende a centralizar tudo em suas
mãos. E assim foi, Napoleão Bonaparte virou o Imperador da França e expandiu seus territórios, subjugando
outras nações. Claro, muitos elementos de conquistas sociais, de reformas sanitárias e no sistema
educacional fizeram a França crescer. Porém, naquilo que marcou a Revolução Francesa, isto é, a derrubada
de um monarca e a instauração de uma república os acontecimentos da virada do século demonstram que
houve falhas. Agora, isso faz parte da história, um processo com avanços e retrocesso, cheio de
contradições. Algo que torna mais legal nossa disciplina, não é mesmo, gente?
a) falso, pois Robespierre foi liderança no período inicial da Revolução Francesa. Foi líder dos jacobinos e
presidiu a França durante a fase mais violenta da Revolução Francesa, o Período do Terror, com prática da
guilhotina como forma de eliminar opositores. Levou a cabo importantes mudanças sociais como a abolição
da escravidão nas colônias e a elaborar da Constituição Francesa de 1793. No final das contas, em 1794,
acabou sendo guilhotinado.
b) Luís Bonaparte ou Napoleão III, foi o 1º Presidente da Segunda República Francesa. Era sobrinho e
herdeiro de Napoleão Bonaparte. Foi o primeiro presidente francês eleito por voto direto.
c) É o nosso Gabarito. A Era Napoleônica, compreendida entre 1799 e 1815, é caracterizada por consolidar
as conquistas liberais da Revolução Francesa e por expandir seus ideais pela Europa. Nesse sentido, não
podemos dizer que 1799 é o fim da revolução contra o antigo regime e em defesa do Novo Mundo. Ao
contrário, visto da perspectiva dos avanços e retrocessos do liberalismo, o significado desse período em
que Napoleão Bonaparte governou a França pode ser compreendido como a continuidade histórica na
construção do ideário liberal capitalista.
Mas, profe, ele não foi um ditador que acabou concentrando os poderes novamente?
Bem, caros futuros Cadetes, eu sei que algumas vezes se ensina que Napoleão virou um Imperador e, por
isso, teria colocado os avanços da Revolução em jogo, ou traído a Revolução. Tanto é assim, que, em geral,
os livros didáticos de história desvinculam tanto a Revolução Francesa da Era Napoleônica que nem parece
que ninguém diria que Napoleão é, em sentido histórico, a continuidade da Revolução iniciada em 1799.
Mas isso é uma visão factual da história, que não aprofunda plenamente os conceitos e os processos

AULA 08 – Contemporânea II 104


Prof. Alê Lopes

históricos. Napoleão é um produto direto da Revolução Francesa iniciada em 1789, porém, como chegou
a afirmar Victor Hugo “Napoleão era involuntariamente revolucionário”15.
d) errado. O General Cavaignac (1802-1857) foi um militar e político francês, republicano moderado. A
partir de Maio de 1848 foi Ministro da Guerra. Nas insurreições de 1848 na França, Cavaignac foi o
estrategista responsável por esmagar a insurreição de Junho dos operários de Paris. Foi eleito Deputado
por Paris.
e) falso. Charles de Gaulle foi Presidente da França de 1959 a 1969.
Gabarito: C

30- (Estratégia Militares/2020/professora Alê Lopes)


Dentre as características da sociedade contemporânea - final do século XVIII em diante -, destaca-se a
condição de desigualdade das mulheres frente aos homens. Para amenizar a situação, mulheres
protagonizaram ações para se fazerem mais presentes e terem direitos. Entre o final do século XIX e início
do XX, ganhou destaque na Inglaterra.
a) o movimento das sufragistas, que reivindicava o direito ao voto.
b) o movimento abolicionista, que reivindicava o fim da escravidão para as mulheres.
c) o feminismo liberal, o qual lutava por mais liberdade sexual.
d) o movimento das sufragistas, que exigia o direito ao divórcio.
e) o feminismo liberal, que cobrava a fim do trabalho exploratório das crianças nas fábricas.
Comentários
a) correto, pois as inglesas queriam igualdade jurídica entre homens e mulheres. Nesse sentido, a bandeira
mais impactante foi a igualdade política para que mulheres também pudessem votar. As inglesas foram
pioneiras neste movimento nas democracias contemporâneas. A partir das sufragistas mulheres de todo o
mundo foram influenciadas. O primeiro país a assegurar o direito ao voto feminino foi a Nova Zelândia, em
1893. Na Inglaterra esse direito começou a valer em 1918, mas só para mulheres com propriedade, sendo
que o sufrágio universal (todo mundo vota, independentemente da renda) só passou a vigorar em 1928.
Por fim, cabe frisar que o último país a garantir o direito ao voto feminino é a Arábia Saudita, em 2015.
b) falso, primeiro porque a escravidão já havia sido abolida quando as sufragistas iniciaram as campanhas
por igualdades entre homens e mulheres. Segundo porque a temática racial não fazia parte das
reivindicações das sufragistas inglesas.
c) errado, porque a bandeira da liberdade sexual começa a surgir a partir da década de 1960.
d) falso, pois essa demanda aparecerá décadas depois.
e) falso, pois o fim do trabalho infantil foi uma bandeira social, e não feminista, do início do século XIX. Ela
surge na Primeira Revolução Industrial (século XVIII) e assume o formato de lei, na Inglaterra, em 1819. Ou
seja, até mesmo antes do movimento das sufragistas.
Gabarito: A

31- (Estratégia Vestibulares/2020/professora Alê Lopes)


As unificações da Itália e da Alemanha demonstram a concepção de nacionalidade capaz de elaborar
programas políticos que fundamentaram a ação de diferentes grupos com objetivos de unificar territórios.

15
HUGO, Victor. Os Miseráveis. Livro I. Rio de Janeiro: Ed. Casa da Palavra. 2002, p. 322.
AULA 08 – Contemporânea II 105
Prof. Alê Lopes

Esses programas podem ser definidos como: “a necessidade para cada povo de um Estado totalmente
independente, homogêneo territorial e linguisticamente, laico, provavelmente, parlamentar”.
(HOBSBAWN, Eric. A Era do Capital. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2013, p 147).
A passagem acima marca diferenças entre a formação da Itália e da Alemanha, por um lado, e demais países
europeus, por outro. Um dos pontos que sintetiza uma diferença presente na Itália e na Alemanha pode
ser sintetizado na seguinte elaboração:
a) sobreposição de práticas feudais.
b) atraso na formação do Estado-nação.
c) baixa capacidade de racionalização da administração do território.
d) atraso cultural.
e) capitalismo tardio.
Comentários
a) falso, pois a unificação desses países ocorreu no século XIX, ou seja, em um momento em que as
relações feudais já tinham sido superadas.
b) correto. Nessas duas regiões, embora os povos se considerassem culturalmente uma nação, não
ocorria um processo que lhes fizesse estabelecer um “estado-nação”. Por isso, na primeira metade do
século XIX, as regiões onde viviam povos italianos e germânicos não se constituíram como Estados-
Nacionais. Por exemplo, o primeiro ministro do Império Austríaco, Metternich, afirmava que a Itália não
passava de uma “mera expressão geográfica”. Isso justificou a dominação de grande parte do norte da
Itália pelos austríacos.
c) errado, porque no caso da Alemanha, o Chanceler Otto von Bismark promoveu a ideia de criar um
espírito e sentimento de exaltação nacionalista por meio da industrialização e de guerras com supostos
inimigos estrangeiros. Para tanto, precisou aprimorar a racionalização estatal. Não por menos, esse
período da história alemã será fonte de inspiração do sociólogo Max Weber.
d) errado, pois o texto do enunciado exalta características culturais dos povos regionais.
e) falso, pois na Alemanha Bismark tentou puxar o desenvolvimento capitalista. Além disso, essa é uma
tese que não existe para esses países.
Gabarito: B

32- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Nos Estados Unidos, em meados do século XIX, enquanto se dava a expansão territorial e econômica para
Oeste e Sudeste, intensificavam-se as disputas entre dois modelos de organização da sociedade e da
economia. Sobre esses modelos está correto afirmar que:
a) o sul era, basicamente voltado para um modelo de industrialização.
b) o norte priorizada a produção de comodities agrícolas.
c) o norte priorizava o livre mercado.
d) o sul passou a adotar o protecionismo de mercado.
e) a escravidão era um entrava para o modelo nortista.
Comentários
Pega o bizu:

AULA 08 – Contemporânea II 106


Prof. Alê Lopes

Agrário
SULISTA Industrial
Plantation
tecnologia -
NORTISTA Protecionismo
Tarifas mercado interno
alfandegárias
baixas

Percebam que a implantação desses modelos demanda ações políticas econômicas distintas. Mas existiam,
basicamente, dois obstáculos para o desenvolvimento de cada um desses modelos:
Esse debate

ESCRAVIDÃO:
atrapalhava o
PROTECIONISMO:
desenvolvomento
atrapalhava o
do modelo nortista
desenvolvimento do
modelo sulista

Assim, conforme ocorriam a expansão territorial e a criação de novos Estados membros, os nortistas faziam
pressão para que fosse proibido a escravidão nos novos estados. A questão sobre as tarifas e outras
medidas protecionistas também era debatida, sobretudo, no Congresso Nacional.
O embate entre esses projetos acaba por se expressar fortemente durante as eleições presidenciais de
1860. Pelos Democratas/Sulistas: Stephen Douglas; pelos Republicanos/Nortistas: Abraham Lincoln. Os
eleitores deram vitória ao projeto nortista e, ao assumir, Lincoln colocou em prática medidas que eram
prejudiciais aos fazendeiros sulistas. Assim, surgiu o Movimento Separatista dos chamados Estados
Confederados. Alguns Estados declararam a separação (secessão) em relação aos EUA. A resposta imediata
da União foi lutar contra os Confederados para impedir a separação.
Nesse contexto, nosso gabarito é a lera e). As demais alternativas fazem inversões erradas das
características de cada região (norte e sul).
Gabarito: E

33- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Após a derrubada da Era Napoleônica, ocorre a restauração monárquica dos Bourbons e o rei Luis XVIII
governa até 1824. Seu governo ficou marcado pelo Terror Branco, que foi:
a) a violenta repressão contra os sindicatos dos trabalhadores.

AULA 08 – Contemporânea II 107


Prof. Alê Lopes

b) a execução sumaria de partidários do jacobinismo, os quais foram julgados por terem promovido o Terror
na Revolução Francesa.
c) a repressão e perseguição dos partidários de Napoleão Bonaparte e do liberalismo.
d) a perseguição aos membros da nobreza que mudaram de lado, aderindo às ideias socialistas.
e) a repressão dos partidos comunistas e anarquistas.
Comentários
O tema da questão é o Terror Branco praticado pelo governo de Luís XVIII, na França, em 1815. Como o
enunciado destaca, isso ocorreu logo após a queda de Napoleão Bonaparte para as forças da Santa Aliança
e do Congresso de Viena. Vale lembrar que Napoleão vinha praticando uma política expansionista e se
apresentava como o propagador dos ideais liberais da Revolução Francesa. Isso o colocava em choque
direto contra as monarquias absolutistas da Europa. Após sua derrota, a intenção dos membros do
Congresso de Viena era restaurar o Antigo Regime tal qual era antes de 1789. Com isso em mente, vejamos
o que exatamente foi o referido Terror Branco:
a) Incorreta. Nesse momento
b) Incorreta. É importante ressaltar que, em geral, a expressão Terror Branco se refere a atos de violência
praticados por grupos reacionários (frequentemente, monarquistas ou conservadores) como parte de uma
contrarrevolução. Eventos como esse receberam essa alcunha na Rússia, Hungria, Espanha, China, Taiwan,
Grécia entre outros. Na França dois episódios receberam esse nome. O primeiro deles foi a perseguição
perpetrada pelo governo girondino do Diretório (1795-1799), que mirava principalmente os jacobinos por
seu caráter radical. Como isso se deu antes do reinado de Luís XVIII, a alternativa está equivocada.
c) Correta! Isso foi o segundo Terror Branco, ocorrido em 1815, logo após a queda de Bonaparte. Com isso,
os ultrarrealistas - muitos dos quais tinham acabado de retornar do exílio - estavam encenando uma
contrarrevolução contra a Revolução Francesa e também contra a revolução de Napoleão. Por todo o Mídi
- na Provença, Avignon, Languedoc e muitos outros lugares - o Terror Branco assolou com ferocidade
implacável. Os monarquistas encontraram na disposição dos franceses de abandonar o rei uma nova prova
de sua teoria de que a nação estava infestada de traidores e usava todos os meios para procurar e destruir
seus inimigos. O governo estava impotente ou sem vontade de intervir.
d) Incorreta. O segundo Terror Branco era iniciativa dos ultrarrealistas, que defendiam a restauração nos
moldes do Antigo Regime, incluindo a devolução de bens confiscados da aristocracia. Portanto, eram
nobres e seus simpatizantes. Além disso, o socialismo ainda não estava plenamente elaborado nesse
momento. Apenas nas revoluções de 1848 é que essa filosofia política desempenhará um papel mais
significativo. Vale dizer que, mesmo nesse momento é improvável que nobres aderissem ao socialismo,
haja vista esta filosofia defender o fim do Antigo Regime e até ser contra monarquias constitucionais. Em
suas vertentes mais radicais, é defendido a instalação de uma ditadura do proletariado (trabalhadores.
e) Incorreta, pela mesma razão que a anterior. Ainda não existiam partidos comunistas e anarquistas em
1815, pois essas filosofias políticas não haviam sido plenamente elaboradas e divulgadas.
Gabarito: C

34- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


Em boa parte do século XIX, a França viveu processos revolucionários que repercutiram em toda Europa.
Nesse interim, o rei Luís Filipe de Orléans, conhecido como o “rei burguês”, foi deposto em 1848, dando
início a um novo governo. Entre 1848 e 1870, a França passou pela formação e desestruturação de quais
formas de governo:
a) 1ª República e 3º Império Napoleônico.
b) 2ª Republica e 2º Império Napoleônico.

AULA 08 – Contemporânea II 108


Prof. Alê Lopes

c) 1ª República e 2º Império Napoleônico.


d) 2ª República e 1º Império Napoleônico.
e) 3ª República e 2º Império Napoleônico.
Comentários
Esta é uma questão cronológica. Atente-se antes de tudo às datas fornecidas. O governo de Luís Filipe de
Orléans, uma monarquia constitucional de orientação burguesa, durou de 1830 a 1848. Com isso em
mente, vejamos que tipo de governo estava em formação e qual se desestruturava com seu fim:
a) Incorreta. A 1ª República francesa foi instalada entre 1792 e 1794, ainda no período revolucionário, sob
a liderança dos deputados jacobinos. Por seu turno, não existiu um 3º Império Napoleônico.
b) Incorreta. Realmente, com a destituição de Luís Filipe foi instalada a 2ª República francesa que durou
entre 1848 e 1870. Sua proclamação foi liderada pelos revolucionários de 1848, muitos deles socialistas.
No entanto, o parlamento foi palco de disputas entre bonapartistas, liberais e socialistas utópicos. Por outro
lado, o 2º Império Napoleônico não estava sendo desestruturado naquele momento. Na verdade, ainda
seria instalado, em 1851, quando o presidente Luís Bonaparte deu um golpe e se declarou imperador,
coroado com o nome de Napoleão III.
c) Incorreta. Já vimos que a 1ª República francesa começou e teve fim muito antes sequer da coroação de
Luís Filipe, o que dirá de sua destituição. Também acabamos de mencionar que o 2º Império Napoleônico
ainda estava para surgir quando o rei burguês foi destituído.
d) Correta! Na alternativa “b”, vimos que realmente era a 2ª República francesa que estava sendo formada
em 1848. Quanto ao 1º Império napoleônico, vigente entre 1804 e 1815, devemos lembrar que foi
responsável pela consolidação de um Estado liberal, apesar de elitista e autoritário. Ele foi derrubado graças
às forças da Santa Aliança e do Congresso de Viena, que pretendiam restaurar não só a monarquia francesa,
mas também o Antigo Regime como um todo em todos os lugares afetados pelas guerras napoleônicas.
Assim, entre 1815 e 1830, os Bourbon voltaram a governar a França buscando reprimir reivindicações
liberais e restaurar o absolutismo francês, sobretudo durante o reinado de Carlos X (1824-1830). Isto
despertou o descontentamento da população, sobretudo da burguesia. Porém, após a desitituição de mais
um rei Bourbon, os setores mais enriquecidos da burguesia cooptaram o movimento e instalaram uma
monarquia constitucional, coroando um rei burguês, Luís Filie de Orléans. Com isso, Estado liberal, elitista
e autoritário foi mais uma vez resgatado, apresentando muitas semelhanças com o projeto napoleônico de
sociedade e governo. Portanto, se as revoluções de 1848 e proclamação da 2ª República francesa
combatiam essa nova monarquia burguesa, consequentemente visavam desestruturar do mesmo modo
sua forma de governo.
e) Incorreta. Já comentei que o 2º Império Napoleônico só surgiria em 1851. Por sua vez, a 3ª República
francesa apenas foi instalada em 1870, com a destituição de Luís Bonaparte, ou Napoleão III. A mais nova
república durou até 1940.
Gabarito: B

35- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


O italiano Giuseppe Garibaldi (1807- 1882) chegou a tecer o seguinte comentário ao escritor
Alexandre Dumas, que fez sua biografia: “O homem que defende seu país ou que ataca outro não passa de
um soldado (...) Por outro lado, o homem que, ao se tornar cosmopolita, adota a humanidade como sua
pátria e vai oferecer sua espada e seu sangue a todos os que lutam contra a tirania, é mais que um soldado:
é um herói". Essa concepção de Garibaldi é identificada no fato de ele ter atuado ativamente
a) na Revolução Farroupilha, em defesa do Império e, posteriormente, na defesa da restauração monárquica
na Itália.

AULA 08 – Contemporânea II 109


Prof. Alê Lopes

b) na Guerra Civil Uruguaia e, posteriormente, na Guerra de Secessão nos Estados Unidos.


c) na Revolução Farroupilha, no Brasil, e, posteriormente, no processo de unificação italiano e, após, na
Guerra de Secessão nos Estados Unidos.
d) Revolução Farroupilha, no Brasil, e, posteriormente, no processo de unificação italiano.
e) na Revolução Boliviana e, em seguida, nos processos de unificação da Alemanha e da Itália.
Comentários
Preste atenção em duas informações fornecidas pelo enunciado: 1) Garibaldi era italiano; 2) ele viveu
entre 1807 e 1882. Outra informações importante que você deve lembrar é que ele era uma liderança
camponesa e vivia no sul da Itália, na região que na época era governada pelo Reino das Duas Sicílias.
Com isso em mente, vejamos em qual movimento ele participou:
a) Incorreta. A Revolução Farroupilha realmente contou com a participação de Garibaldi, que migrou para
o Brasil em determinado momento. O movimento foi uma revolta ocorrida no Rio Grande do Sul e em
Santa Catarina, entre 1835 e 1845. A participação popular foi bem reduzida. Na verdade, o movimento
foi liderado por uma oligarquia formada por pecuaristas. Porém, os revoltosos não defendiam o Império.
Essa elite questionava a centralização do poder no Rio de Janeiro e as imposições da Coroa quanto ao
comércio de charque. Os assim chamados estancieiros queriam condições mais favoráveis para o
comércio de gado e para o fortalecimento do charque no mercado brasileiro. Dessa forma, a insurreição
começou com a deposição do presidente da província do Rio Grande do Sul, que fora nomeado pelo
governo regencial. O líder Bento Gonçalves da Silva (1788-1847), filho de um rico proprietário de terra,
invadiu a cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a República de Piratini
e Bento Gonçalves sagrou-se presidente. Em 1839 o movimento atingiu a região de Santa Catarina sob a
liderança de Davi Canabarro (1796-1867) e de Giuseppe Garibaldi. Com isso, foi proclamada a República
Catarinense ou Juliana. Por outro lado, também está incorreto afirmar que Garibaldi defendia a
restauração monárquica na Itália, enquanto lá viveu. Na verdade, como disse, ele era uma liderança dos
movimentos populares e campesinos no sul da península. Eles reivindicavam a proclamação de uma
república popular. Ele acabou se retirando do movimento em favor da liderança de Victor Emmanuel, rei
de um reino do norte da Itália que queria unificar toda a península sob o governo de uma monarquia
constitucional. Garibaldi considerou que apenas a união dos dois movimentos poderia realizar o sonho
de unificar o país, mas se retirou por não concordar com o projeto monarquista.
b) Incorreta. A guerra civil uruguaia se deu na primeira metade da década de 1860. Nela se enfrentaram
os membros do Partido Blanco, formado por grandes latifundiários, e os correligionários do Partido
Colorado, composto por grandes comerciantes de Montevidéu. Já a Guerra de Secessão, nos EUA, ocorreu
entre 1861 e 1865, opondo os estados do norte e os do sul. A principal razão do conflito era a continuidade
ou não da escravidão. Questões tributárias e alfandegárias também motivavam as tensões. De qualquer
forma, vemos que nenhum dos conflitos se deu na Itália, nem envolveu a participação de Garibaldi.
c) Incorreta. Como vimos na letra “a”, de fato Garibaldi participou da Revolução Farroupilha, no Brasil, e
no processo de unificação italiana. No entanto, não esteve envolvido na Guerra de Secessão, nos EUA,
como também destaquei acima.
d) Correta! Está de acordo com o que dissemos nas letras “a” e “c”.
e) Incorreta. Garibaldi nunca esteve na Bolívia. Além disso, a Revolução Boliviana só ocorreu em 1952,
muitos anos depois de sua morte. Por outro lado, ele também não participou do processo de unificação
alemã cujos primeiros passos podemos identificar no Congresso de Viena (1815) e na criação da união
aduaneira Zollveirein, posteriormente consolidado em 1870, após a vitória alemã na Guerra Franco-
Prussiana.
Gabarito: D

AULA 08 – Contemporânea II 110


Prof. Alê Lopes

36- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)

“...viam na propriedade comum desses meios a forma de viverem todos bem. Por isso, em suas sociedades
visionárias, planejavam que os muitos que executariam o trabalho viveriam com conforto e luxo, graças à
propriedade dos meios de produção...”.
As ideias expressas no texto, representam uma corrente de pensamento político do século XIX, na Europa.
As ideias se aproximam da
a) socialismo utópico.
b) anarco-sindicalismo.
c) liberalismo.
d) positivismo.
e) darwinismo-social.
Comentários
O tema da questão são as teorias políticas que ganharam grande expressão na Europa, durante o século
XIX. Esse período é marcado por revoltas que questionavam o Antigo Regime, caracterizada pelo conflito
entre interesses burgueses, aristocráticos, religiosos e trabalhistas. Com isso em mente, vamos avaliar cada
uma das alternativas, para identificar qual aponta a filosofia política compatível com o trecho:
a) Correta! Havia diferente propostas que se autointitulavam socialistas. Em geral, eram marcadas pelo
objetivo de melhorar as condições de vida e trabalho para os trabalhadores, mas nem todas rompiam
definitivamente com a participação da burguesia no papel de liderança política e econômica da sociedade.
O socialismo utópico é um exemplo disso. Esta vertente se contentava em conceder mais direitos e
melhores condições de vida e trabalho para os operários. Muitos de seus principais idealizadores eram ricos
industriais com sentimentos humanitários, como Robert Owen.
b) Incorreta. O anarco-sindicalismo desenvolveu uma teoria contra todo tipo de hierarquia e autoridade,
qualquer que seja ela. Essa filosofia via o Estado como indispensável para a organização da propriedade
privada e da autoridade, principais fatores que geravam a desigualdade social. Portanto, deviam ser
extintos assim como elas. Em seus lugares, deveriam ser instauradas propriedades coletivas
autogestionadas, ou seja, administradas por quem trabalhasse nelas, seja uma fábrica ou terra.
Diferentemente dos socialistas e comunistas, os anarquistas rechaçam completamente a participação no
Parlamento.
c) Incorreta. O liberalismo consistia basicamente na defesa do indivíduo, da razão, da liberdade econômica,
das liberdades individuais e condenava a intervenção estatal na economia. Era uma filosofia compatível
com a desigualdade social, com regimes monárquicos ou republicanos. Basicamente, sua maior oposição
era ao absolutismo e ao mercantilismo.
d) Incorreta. O positivismo tinha como princípio estabelecer a ordem que só poderia vir com o
conhecimento científico. Para seu criador, August Comte – filósofo francês – somente por meio da ordem
estabelecida é que uma nação poderia desenvolver-se cientificamente e, com isso, alcançar o progresso.
Tratava-se de uma concepção evolucionista que interpretava a história da humanidade de forma linear,
caminhando sempre em direção ao progresso. Dessa forma, considerava que o estudo da história se
resumia a constatar os fatos mais relevantes que atestavam esse movimento linear.
e) Incorreta. O evolucionismo biológico de Charles Darwin (1809-1882), desenvolvido no campo da
Biologia, foi parâmetro para elaborações para as explicações sociais sobre as diferenças entre os
agrupamentos humanos. Dessa proximidade entre ciências biológicas e ciências humanas surgiu o
pensamento evolucionista social, com destaque para o inglês Hebert Spencer (1820-1903). Para os
evolucionistas, as sociedades se desenvolvem em escalas previsíveis, do estágio mais “primitivo ao mais
AULA 08 – Contemporânea II 111
Prof. Alê Lopes

“sofisticado”. O evolucionismo social, ou darwinismo social, defende que as diferenças fundamentais entre
as pessoas ou grupos humanos estão baseada em raças distintas. No século XIX, os estudos científicos
(naturais e sociais) dividiam a humanidade em raça caucasiana (branca), raça etíope (negra) e raça
mongólica (amarela). Para Spencer, por exemplo, a raça branca era o topo da evolução humana. Isso
porque, em meio à competição pela vida, a história teria selecionado, naturalmente, os brancos enquanto
seres mais fortes. Trata-se, portanto, de uma das teorias racialistas do final do século XIX. Por meio delas,
as sociedades encontradas na África, Ásia e Oceania eram tratadas como “fósseis vivos” representantes de
estágios inferiores da escala evolutiva os quais a civilização europeia já teria ultrapassado.
Gabarito: A

37- (Estratégia Vestibulares/2020/profe. Alê Lopes)


“A aristocracia sulista estava vinculada, em primeira instância, ao mercado mundial, ao estilo latino
americano; do trabalho de seus escravos provinha 80% do algodão utilizado nas tecelagens europeias.
Quanto ao protecionismo industrial o norte somou a abolição da escravatura, a contradição eclodiu com a
guerra”
(Eduardo Galeno. As veias abertas da América Latina).
O conflito em questão é a Guerra de Secessão, entre 1861 a 1865, nos EUA. As divergências econômicas
entre a aristocracia sulista e a elite nortista estão corretamente expressas em:
a) os Estados do Sul queriam migrar para o trabalho assalariado, já os do Norte consideravam que a
escravidão era um “mal necessário” para desenvolver a industrialização.
b) apesar de manufatureiro e livre cambista, o Norte defendia a intervenção do Estado para proteger o
mercado da concorrência internacional, já o Sul dos EUA priorizava um projeto de exportação sem tarifas,
tanto na saída de produtos quanto na entrada.
c) a divergência entre as elites do Norte e do Sul estava baseada na regulação da economia, pois, para os
sulistas não seria preciso uma moeda única, já que o ouro era o lastro de negociações internacionais, já
para os nortistas seria preciso um moeda única, capaz de fornecer unidade à nação.
d) o norte manufatureiro exigia tarifas protecionistas dos produtos importados ao passo que o Sul, que vivia
da exportação e importação, pregava o livre mercado.
e) o Sul, por fornecer algodão para as industriais têxteis internas e externas, defendia medidas
industrializantes, já o Norte pretendia criar um Estado de Bem Estar Social baseado no livre cambismo.
Comentários
O tema da questão é a Guerra de Secessão, ocorrida nos Estados Unidos da América, entre 1861 e 1865.
Esse conflito opôs os estados do norte, denominados como União, e os estados do sul, autoproclamados
Estados Confederados. O conflito foi motivado pelas diferenças entre os projetos econômicos pretendidos
por cada região. O norte vinha se destacando como polo industrial e o sul como zona agroexportadora. Isso
fazia com que cada local tivesse interesses distintos. Visto isto, avaliemos qual alternativa aponta
corretamente as divergências econômicas entre ambos os lados:
a) Incorreta. Os sulistas defendiam o uso da mão de obra escravizada, mais vantajoso para o modelo
plantation exportadora vigente na sua região. Por seu turno, os nortistas preferiam o trabalho assalariado,
pois possibilitava a consolidação de um mercado consumir que comprasse os produtos industrializados
produzidos na sua região.
b) Incorreta. A União desejava aplicar uma série de medidas protecionistas para que seus produtos
industrializados fossem mais consumidos pelo mercado interno. Portanto, não eram livre-cambistas visto
que se fossem seriam terminantemente contra quaisquer medidas protecionistas. Contudo, os
Confederados tinham um modo de vida aristocrático e consideravam importante ostentar sua riqueza e
status social perante a sociedade. Os símbolos dessa distinção eram produtos e mercadorias europeias.

AULA 08 – Contemporânea II 112


Prof. Alê Lopes

Por isso, eram contrários ao protecionismo nortista, uma vez que isso tornaria ainda mais caro para eles
performar sua superioridade social.
c) Incorreta. Como disse acima, realmente a questão era em torno da organização da economia, mas a
respeito da moeda, mas sim sobre a política tributária e a continuidade ou não da escravidão.
d) Correta! Já confirmei os interesses protecionistas da União. Por sua vez, os Confederados viviam quase
como aristocratas rurais e consideravam importante ostentar sua riqueza e status social perante a
sociedade. Os símbolos dessa distinção eram produtos e mercadorias europeias. Por isso, eram contrários
ao protecionismo nortista, uma vez que isso tornaria ainda mais caro para eles performar sua superioridade
social.
e) Incorreta. Os sulistas compunham os setores mais conservadores das elites norte-americanas. O principal
interesses deles era manter o status quo em suas regiões. Em outras palavras, manter suas grandes
propriedades rurais monocultoras e voltadas para exportação, com uso de mão de obra escrava. De fato,
seus maiores consumidores eram as indústrias dos estados do norte e da Inglaterra. Todavia, os ingleses
superavam a indústria norte-americana devido à maior antiguidade e capacidade de sua indústria têxtil.
Com isso, os sulistas não viam tanto a necessidade de industrializar o território nacional desde que tivessem
garantidos seus consumidores europeus. Ainda, esta relação de troca com a Europa dava acesso para essas
elites a mercadorias e artigos de luxo importantes para a ostentação de sua superioridade socioeconômica
perante a sociedade. Por seu turno, os nortistas não pretendiam criar um Estado de Bem Estar Social, visto
que essa teoria política surge somente no século XX, muito tempo depois da Guerra de Secessão. A União
também não queria uma política de total livre-cambismo. Desejavam sobretaxar produtos industrializados
estrangeiros, como vimos.
Gabarito: D

38- (Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


“Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da liberdade; oferece
possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão, de hipocrisia e faz com que os
verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga tantos entre
nós, realmente bons, a uma guerra aberta contra os princípios da liberdade civil”.
Discurso de Abraham Lincoln, em 1859.
Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados Unidos no ano seguinte,
faz referência
a) à política de segregação racial existente nos estados do sul dos EUA.
b) à posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas.
c) à defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras do oeste.
d) à questão da escravidão, que levou a uma guerra civil entre estados do norte e do sul.
e) ao fim do domínio colonial britânico sobre as Treze Colônias.
Comentários
O texto trata-se do discurso realizado em 1859 durante a campanha eleitoral de Abraham Lincoln, que
viria a assumir a presidência no ano seguinte. Em 1861, dois anos após esse discurso, viria a acontecer
a Guerra Civil Americana, também chamada de Guerra de Secessão, que foi um conflito armado entre
os estados do norte contra os estados do sul. Entre os muitos motivos dessa guerra, destacava-se a
questão da escravidão. O conflito serviu também para criar o perfil de Lincoln como grande estadista
defensor da liberdade.
a) Incorreto. A segregação racial nos Estados Unidos teve início após a Guerra Civil (1861-1865) na
segunda metade do século XIX. Quando os Estados Confederados dos Sul perderam a Guerra Civil para

AULA 08 – Contemporânea II 113


Prof. Alê Lopes

os Estados do Norte, as leis de segregação intensificaram-se, visto que a escravidão, o pilar de


sustentação do modelo econômico eminentemente rural do Sul, havia sido abolida.
b) Incorreto. Sob o domínio britânico, os Estados Unidos foram proibidos de utilizar tarifas para proteger
as suas novas indústrias. Por isso, após a independência, a Lei Tarifária de 1789 foi prontamente
aprovada, tendo como objetivos proteger as indústrias de manufatura em desenvolvimento no país e
aumentar a receita do governo federal.
c) Incorreto. A limpeza étnica do oeste americano tornou-se política oficial do governo americano, que
passou a declarar guerra às tribos indígenas sob qualquer pretexto. Contudo, o genocídio dos povos
indígenas dos Estados Unidos se deu principalmente durante o século XIX.
d) Correto! Incomodava às lideranças dos estados do Norte (que possuíam uma perspectiva política
voltada para as liberdades individuais, para o direito à pequena propriedade etc.) a existência do regime
escravista nos estados do Sul. Não era compreensível que um país, uma República Federativa, fosse
unido politicamente por duas perspectivas completamente antagônicas. É a escravidão, símbolo do
atraso nacional que Lincoln rejeita em seu discurso.
e) Incorreto. As 13 colônias inglesas na América, que mais tarde formariam os Estados Unidos, em seu
processo de independência se colocaram contra a submissão econômica e política dos imigrantes e seus
descendentes, que formaram uma sociedade cujos interesses divergiam dos provenientes da
metrópole, portanto, não é o assunto ao qual Lincoln se refere em seu discurso.
Gabarito: D

39- (Estratégia Militares/2021/Profe. Alê Lopes)


“Poucas vezes a incapacidade dos governos em conter o curso da história foi demonstrada de forma mais
decisiva do que na geração pós-1815. Evitar uma segunda Revolução Francesa, ou ainda a catástrofe pior
de uma revolução europeia generalizada tendo como modelo a francesa, foi o objetivo supremo de todas
as potências que tinham gastado mais de 20 anos para derrotar a primeira”.
HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982, p. 127.
O objetivo principal das ações descritas no texto era
a) difundir as ideias liberais por todo o continente europeu.
b) impedir o avanço do comunismo entre os países integrantes da Santa Aliança.
c) combater o retorno do absolutismo entre os países-membros do Congresso de Viena.
d) restaurar a dinastia napoleônica ao trono francês.
e) restaurar o Antigo Regime na Europa tal como eram antes de 1789.
Comentários
O objetivo do Congresso de Viena era eliminar quaisquer resquícios das transformações provenientes
da revolução francesa e pelo Império napoleônico, restabelecendo a sociedade do Antigo Regime em
toda a Europa. Esse movimento ficou conhecido como Restauração. Contudo, não se tratava de um
simples retorno ao absolutismo: os monarcas tiveram que aceitar constituições que garantiam direitos
civis aos súditos.
a) Incorreto. Uma das consequências do Congresso de Viena, descrito no texto, foi uma divisão
ideológica da sociedade europeia, entre ultrarrealistas, conservadores que desejavam o
restabelecimento integral do Antigo Regime; e os liberais e nacionalistas, que desejavam prosseguir com
as transformações sociais interrompidas pela Restauração.
b) Incorreto. A Santa Aliança, formada por Áustria, Prússia e Rússia, desejava conter o liberalismo e o
secularismo na Europa na esteira das devastadoras Guerras Revolucionárias Francesas e as Guerras
Napoleônicas.

AULA 08 – Contemporânea II 114


Prof. Alê Lopes

c) Incorreto. Os países-membros do Congresso de Viena restituíram o absolutismo, na França, com o


retorno de Luís XVIII; a Espanha e o Reino de Nápoles voltaram a ser governados pelos Bourbon; os
Bragança retornaram a Portugal e a dinastia Orange, aos Países-Baixos.
d) Incorreto. Como consequência das decisões do Congresso de Viena, Luís XVIII, primo do rei
guilhotinado Luís XVI, assumiu o trono francês.
e) Correto! Com o fim das guerras napoleônicas, em 1815, as potências vencedoras (Inglaterra, Rússia
e Áustria) reuniram-se no Congresso de Viena, iniciado em 1814, com o objetivo de restabelecer a ordem
europeia que foi subvertida pela Revolução Francesa, reconduzindo as antigas dinastias aos seus
respectivos tronos.
Gabarito: E

11. Lista de questões para Aprofundamento - comentadas


40- (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

A frágil relação, cartum de jornal norte-americano de 1864.

No século XIX, a ação britânica na Ásia visava


a) acabar com a tirania da dinastia Manchu e instaurar uma democracia popular.
b) monopolizar o mercado consumidor chinês e controlar pontos estratégicos na circulação de mercadorias.
c) investigar denúncias de trabalho escravo e proteger a soberania chinesa.
d) garantir que o ópio chinês fosse majoritariamente destinado ao mercado interno britânico.
e) auxiliar o governo chinês a resistir ao imperialismo de outras potências europeias expulsando seus
representantes da Ásia.

AULA 08 – Contemporânea II 115


Prof. Alê Lopes

Comentários

O imperialismo na Ásia levou a repartição do continente entre as várias potências europeias no final do
século XIX e início do século XX. Vale ressaltar que a influência e o domínio de países europeus na Ásia
datam do início do processo das Grandes Navegações. Naquele momento, entre os séculos XV e XVI,
Portugal e Espanha eram as grandes potências marítimas da Europa. Portugal, especialmente, foi quem
manteve mais colônias e mais representativa presença no continente asiático. As mudanças de postura em
relação ao continente asiático começaram ainda no final do século XIX, com a maior atuação da Inglaterra
no cenário de conquistas de territórios no planeta. Os ingleses promoveram uma série de invasões,
explorando o território com mais profundidade. As instabilidades geradas pela corrida em busca de domínio
de territórios foi uma das causas da Primeira Grande Guerra Mundial.

a) Incorreto. A dinastia Manchu (1644-1911) representou a última fase do sistema imperial.


Desgastada e desmoralizada por sucessivas concessões e derrotas sofridas durante o século XIX e começos
do XX, frente às potências colonialistas europeias e o Japão, foi golpeada por um levante civil e militar
iniciado em outubro de 1911, apesar das nações imperialistas europeias se aproveitarem da situação para
saquear e humilhar a China.

b) Correto! Desde a primeira metade do séc. XIX, os ingleses compravam chá dos chineses, mas não
conseguiam vender a eles outro produto em semelhante proporção. Assim, o ópio foi a mercadoria
escolhida para equilibrar a balança comercial. Além disso, a China exercia influência política em diversos
países asiáticos, o que tornava sua posição estratégica para o comércio e atividades militares.

c) Incorreto. A ação britânica na Ásia era de cunho imperialista e colonial, visando a exploração de
recursos naturais, das riquezas e da mão-de-obra de povos conquistados.

d) Incorreto. O ópio comercializado pela Inglaterra, através da Companhia das Índias Orientais, era
proveniente da Índia e da Birmânia. Em 1839, as autoridades chinesas destruíram 20 mil caixas de ópio,
considerado prejudicial para a população, o que foi visto pelo governo britânico como uma afronta,
resultando na Guerra do Ópio (1839-1842), da qual a China saiu derrotada.

e) Incorreto. Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos direcionaram seus esforços de


dominação também para a Ásia Oriental, em especial a China, por ser um país populoso, muito rico em
recursos naturais e que possuía outros países como vassalos, como Vietnã, Birmânia, Mongólia, Coréia e
Tibete.

Gabarito: B

41- (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)


“A burguesia, que conquistou sua emancipação há mais de três quartos de século, não compreende que
hoje chegou a hora da emancipação do proletariado. Os desastres e as calamidades públicas nas quis sua
incapacidade política e sua decrepitude moral e intelectual mergulharam a França deveriam, no entanto,
demonstrar-lhe que seu tempo terminou. Que ela realizou a tarefa que lhe fora imposta em 1789 e que ela
deve, se não ceder seu lugar aos trabalhadores, ao menos permitir que eles alcancem a emancipação
social”.
Artigo publicado no Journal Officiel, jornal do governo da Comuna de Paris [1871]. In: CHASTENET, Jacques.
“O povo no poder”. História viva, Ano I, n. 12, out. 2004, p. 31.
A Revolução Francesa foi um grande golpe da ordem vigente durante o Antigo Regime. Nela, a burguesia
teve papel importante ao questionar os privilégios da nobreza e do clero, assim criticar a centralização do
poder a falta de liberdades individuais. Contudo, após 1789 e ao longo do século XIX, ficou evidente que

AULA 08 – Contemporânea II 116


Prof. Alê Lopes

a) os burgueses pretendiam radicalizar as reformas políticas e econômicas em andamento.


b) mudanças mais drásticas e democráticas só seriam alcançadas através de uma revolução operária.
c) a burguesia era contrária ao desenvolvimento científico, pois prejudicava seus planos econômicos.
d) os socialistas reivindicavam a restauração da monarquia francesa devido a suas propostas para melhora
das condições de trabalho.
e) o governo revolucionário de Paris conseguiu pôr um fim definitivo às injustiças sociais causadas pela
ascensão da burguesia industrial.
Comentários

O tema da questão é a atuação da burguesia na França após a Revolução Francesa, principalmente


durante o século XIX. Lembre-se que a burguesia era uma classe social que surgiu com o renascimento
comercial e urbano, no fim da Idade Média, mas cresceu rapidamente ao longo do século XVIII e XIX, graças
à revolução industrial. Assim, gradativamente, os burgueses foram enriquecendo, porém, não tinham
direitos políticos, pois não era nobres de nascimento. Em países absolutistas como a França, eles também
sofriam com a falta de liberdade de expressão e altos impostos, cobrados para sustentar o luxo da Corte e
da nobreza. Por essas razões, os burgueses aderiram à Revolução Francesa, em 1789. Contudo, uma vez
derrubada a monarquia, ficou evidente as discordâncias entre a burguesia e os demais setores da sociedade
que aderiram ao movimento (trabalhadores urbanos, camponeses e sans-cullotes). Os burgueses,
sobretudo os mais ricos (alta burguesia, chamados de girondinos na França), não queriam uma reforma tão
drástica na estrutura política, econômica e social. Eles até tentaram emplacar uma monarquia
constitucional, mais alinhada à ideologia liberal. Contudo, em 1792, Luís XVI foi executado e a primeira
república francesa foi proclamada pelos jacobinos. A partir daí, reformas mais abrangentes começaram a
ser aplicadas, porém os girondinos voltaram ao poder em 1795 revogando quase todas as mudanças
empreendidas pelos jacobinos. Nos anos que seguiram, a diferença de interesses entre a alta burguesia e
o resto da sociedade ficou cada vez mais gritante. Os primeiros apoiaram os governos autoritários de
Napoleão Bonaparte para avançar a industrialização no país. Em seguida, com a restauração da monarquia
imposta pelo Congresso de Viena (1815), procuraram se aliar ao monarca. No entanto, quando Carlos X foi
coroado, o absolutismo voltou a ser um perigo latente e essa classe burguesa mais rica voltou a se rebelar,
derrubando o monarca e colocando um rei burguês no lugar, Luís Filipe de Orleans, em 1830. Isso mesmo,
eles mantiveram o regime monárquico, mas novamente tentaram aplicar uma monarquia constitucional
aos moldes liberais. Nos 18 anos que seguiram, o descontentamento do restante da população, até mesmo
de burgueses menos abastados, cresceu em relação à alta burguesia, o que gerou uma novação revolução,
em 1848. Era proclamada a Segunda República Francesa. Todavia, ela duraria apenas até 1851, quando o
presidente eleito Luís Bonaparte, deu um golpe e se declarou imperador da França, sob o nome de
Napoleão III. Aliado aos burgueses mais ricos, seu governo durou até 1871, quando a França foi derrotada
pela Prússia, na Guerra Franco-Prussiana. Na ocasião, assumiu o poder um governo republicano e
conservador, comandado por Louis-Adolphe Thiers, ex-ministro de Napoleão III. Vendo que a situação dos
trabalhadores não melhorava e se somava à humilhação da derrota para os prussianos, os socialistas
franceses se insurgiram e tomaram o controle da capital, inaugurando a Comuna de Paris mais tarde
naquele ano. Agora que você está por dentro da trajetória da burguesia francesa ao longo do século XIX,
vejamos que ficou evidente nesse período:

a) Incorreta. Como mencionei no comentário, na realidade os burgueses não queriam amplas


reformas da estrutura da sociedade francesa. Eles queriam apenas aplicar reformas liberais pontuais para
favorecer seus próprios interesses, mas sem reduzir as desigualdades sociais existentes e as relações de
trabalho praticadas na época.

b) Correta! Essa percepção por parte dos demais setores revolucionários da sociedade francesa foi
o que proporcionou a elaboração do socialismo e do anarquismo, que passaram a criticar os limites do
pensamento liberal e a “traição” da burguesia em relação à revolução. Não à toa, o governo da Comuna de
AULA 08 – Contemporânea II 117
Prof. Alê Lopes

Paris, liderado por socialistas e anarquistas, pontuava assertivamente no trecho destacado que a burguesia
havia perdido seu caráter transformador e devia ceder espaço para o proletariado, verdadeira força
revolucionária.

c) Incorreta. Em geral, os burgueses apoiavam e até investiam no desenvolvimento científico, pois


as inovações tecnológicas e a observação empírica da natureza e do mundo contribuíam para a
industrialização e a conquista de novos territórios. Ora, a maioria dos proprietários de indústrias eram
justamente os burgueses, muito interessados na expansão de seus mercados consumidores.

d) Incorreta. A monarquia francesa não defendia a melhoria nas condições de trabalho, nem antes,
nem depois da Revolução Francesa. Além disso, os socialistas compunham o setor mais contrário ao
retorno da monarquia ao poder, exatamente porque representava a restauração do Antigo Regime e a
ameaça de retroceder nas conquistas sociais e políticas até então alcançadas pelos trabalhadores.

e) Incorreta. Apoiado pelos invasores alemães e pela burguesia, o governo de Thiers conseguiu
armar cerca de 100 mil homens para destruir a Comuna de Paris. Em maio de 1871, a cidade foi cercada.
Cerca de 20 mil pessoas morreram e outras tantas foram presas ou expulsas do país. Com isso, a burguesia
voltava mais uma vez ao poder e projeto socialista da Comuna foi interrompido.

Gabarito: B
42- (UDESC 2015)

“Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se
numa Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e o czar, Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais
da Alemanha. Que partido de oposição não foi acusado de comunista por seus adversários no poder? Que
partido de oposição, por sua vez, não lançou a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante
de comunista: Duas conclusões decorrente desses fatos: 1. O comunismo já é reconhecido como força por
todas as potências da Europa; 2. É tempo de os comunistas exporem, abertamente, ao mundo inteiro, seu
modo de ver, seus objetivos e suas tendências, opondo um manifesto do próprio partido à lenda do
espectro do comunismo.”
(Edição completa: Manifesto Comunista de Marx e Engels)
Com base no Manifesto Comunista de 1848, analise as proposições.
I. Existem ao menos dois tipos de comunismo, um defendido pelos trabalhadores como ideologia com
projeto político alternativo, e outro o comunismo como espectro inventado por instituições religiosas,
políticas e militares para desqualificar a luta dos trabalhadores.
II. O espectro do comunismo conseguiu unificar as forças mais conservadoras – “o papa e o czar, Metternich
e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha” – em prol da democracia e do liberalismo.
III. A multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de produção, o arroteamento das terras
incultas e o melhoramento das terras cultivadas são partes do programa original do Manifesto Comunista.
IV. O Manifesto Comunista inclui em seu programa – a centralização de todos os meios de comunicação e
de transporte sob a responsabilidade do Estado.
V. Consta, no programa do Manifesto Comunista, a supressão da família burguesa centralizada na figura
autoritária do pai.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras.
B) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
C) Somente a afirmativa V é verdadeira.
D) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
E) Todas as afirmativas são verdadeiras

AULA 08 – Contemporânea II 118


Prof. Alê Lopes

Comentários
A questão envolve tanto as ideias comunistas em si, quanto os adversários dessas ideias. Em muitos
momentos, os defensores do liberalismo se unificaram contra o comunismo e criaram representações
do que seria a ideia comunista. Tratou-se de um artifício, o qual é utilizado até os dias atuais, para
desmoralizar politicamente a corrente ideológica que defende os trabalhadores.
Além disso, de fato, o programa comunista contido no Manifesto do Partido Comunista defende o
programa de estatização dos meios de produção. Da mesma forma, ao criticar a ideologia burguesa, as
ideias comunistas combatem a família patriarcal.
Gabarito: E

43- (UDESC 2009)

Assinale a alternativa CORRETA, em relação à chamada "Primavera dos Povos".


a) A "Primavera dos Povos" não influenciou a formação dos movimentos sociais do Século XIX.
b) Foi uma revolução brasileira, mas que atingiu também outros países do Cone Sul.
c) Houve influência da "Primavera dos Povos" no Brasil através do movimento dos "Seringueiros".
d) Atribuição colocada ao movimento revolucionário francês em 1848, que derrubou a monarquia de Luis
Felipe e trouxe a discussão a exploração burguesa e a dominação política.
e) A influência da "Primavera dos Povos" se restringiu às preocupações francesas do período.
Comentários
Alternativas A e E errada, pois a Primavera dos Povos causou um impacto para além da França, atingiu
outras monarquias da Europa e chegou a influenciar movimentos na América Espanhola.
A alternativa B é para pegar desavisados e quem não tem noção alguma sobre o processo histórico. Você
que é coruja já ia eliminar essa alternativa aí... Agora, sobre o movimento dos Seringueiros, ele, de fato
existiu no Brasil, porém no Século XX. Não se pode afirmar que este movimento foi influenciado pela
Primavera dos Povos do Século XIX. Errada a alternativa C.
Gabarito: D

44- (FGV 2009)

"A nova onda se propagou rapidamente por toda a Europa. Uma semana depois da queda de Luís Filipe I,
o movimento revolucionário tomou conta de uma parte da Alemanha e, em menos de um mês, já estava
na Hungria, passando pela Itália e pela Áustria. Em poucas semanas, os governos dessa vasta região foram
derrubados, e supostamente se inaugurava uma nova etapa da História europeia, a Primavera dos Povos".
(Luiz Koshiba, "História - origens, estruturas e processos")
O texto faz referência:
a) à Belle Epoque.
b) às Revoluções de 1848.
c) à Restauração de 1815.
d) à Guerra Franco-Prussiana.
e) às Revoluções liberais de 1820.
Comentários
Repare que o final do texto já nos apresenta o gabarito da questão. Ele fala claramente da Primavera
dos Povos e este acontecimento histórico está associado ao ano de 1848. Viu só como é importante
relacionar data e fato histórico!!! Por sinal, aproveito esta questão para lembrar você da minha dica lá
no meu canal no Youtube. Se ainda não viu, confere lá. Segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=CGWFFx8x2m0.
AULA 08 – Contemporânea II 119
Prof. Alê Lopes

Gabarito: B

45- (FUVEST 2007)

No final do século XIX, a Europa Ocidental torna-se "teatro de atentados contra as pessoas e contra os bens.
Sem poupar os países do Norte... esta agitação afeta mais a França, a Bélgica e os Estados do Sul... Na Itália
e na Espanha, provoca ou sustenta revoltas camponesas. Numerosos e espetaculares atentados são
cometidos contra soberanos e chefes de governo".
R. Schnerb, "O Século XIX", 1969.
O texto trata das ações empreendidas, em geral, por
a) anarquistas.
b) fascistas.
c) comunistas.
d) militaristas.
e) fundamentalistas.
Comentário
Olha o texto fala de conflito! No final do século XIX! Contra pessoas, bens e governos. Ainda falaremos mais
disso em outras aulas, mas quero adiantar que foram os anarquistas que, no final do século XIX, adotaram
como estratégia de contestação os atentados. Houve uma grande discussão entre socialistas e anarquista
acerca das melhores estratégias políticas para combater o capitalismo. Enquanto socialistas defendiam
uma estratégia política no sentido de formar partidos e organizar greves, os anarquistas defendiam
estratégias violentas contra órgãos, empresas e personalidades. Nesse sentido, entre as alternativas da
questão, a que melhor se relaciona com o texto é o item A.
Gabarito: A

46- (Adaptada para EsPCEx)

As revoluções de 1848 na Europa:


a) tentaram impor o retorno do Absolutismo, anulando as conquistas da Revolução Francesa.
b) foram marcadas pelo caráter nacionalista e liberal, incluindo propostas socialistas.
c) provocaram a união das tropas de Bismarck e Napoleão III para destruir o governo revolucionário.
d) conduziram Luís Felipe ao trono da França e deram origem à Bélgica como estado independente.
e) foram vitoriosas e completaram as unificações nacionais na Itália e Alemanha.
Comentário
As revoluções de 1848, ou a Primavera dos Povos, tiveram caráter nacionalista e liberal. Além disso, na
segunda metade do século XIX o socialismo ganha algum espaço na sociedade, especialmente por meio da
organização do movimento de trabalhadores. De um modo geral, o contexto político europeu estava
marcado por propostas liberais frutos da revolução Francesa e das demais experiências nesse país, mas
também contou com a ascensão das tendências nacionalistas e socialistas.
Assim é o gabarito A. Vejamos os erros nas demais alternativas:
a- Não se tratava de impor o absolutismo.
b- Correto.
c- Bismark, o chanceler alemão, nunca se aliou a Napoleão III para destruir nada. Muito pelo contrário,
eles estiverem em guerra em 1870-1871.
d- Luís Felipe, o rei dos banqueiros, foi conduzido ao trono em 1830 durante a 1ª. Onda Liberal,
Jornadas Gloriosas.

AULA 08 – Contemporânea II 120


Prof. Alê Lopes

e- Nem todas as experiências revolucionárias de 1848 foram vitoriosas, embora tenham germinado as
sementes das ideias liberais e nacionalistas que, anos depois, geraram as unificações da Itália e
Alemanha.
Gabarito: A

47- (FUVEST 1995)

Quase toda a Europa Ocidental e Central foi sacudida, em 1848, por uma onda de revoluções que se
caracterizaram por misturar motivos e projetos políticos diferenciados - liberalismo, democracia e
socialismo. Elas também foram marcadas por uma atmosfera intelectual e um sentimento ideológico
comuns. Trata-se, no caso destes últimos, do:
a) realismo e internacionalismo.
b) liberalismo e nacionalismo.
c) romantismo e corporativismo.
d) realismo e nacionalismo.
e) modernismo e internacionalismo.
Comentário
Questão de contexto. Quer saber as ideologias que constituíram a motivação das rebeliões da Primavera
dos Povos, de 1848. Fácil: tanto a 1ª. Onda Liberal de 1830 quanto a 2ª. Onda liberal de 1848 tiveram o
caráter liberal e nacionalista e, na França, recuperaram todo o ideal da Revolução Francesa de liberdade,
igualdade e fraternidade. Assim como naquele processo, nas Jornadas Gloriosas diversas classes sociais se
uniram para derrubar o Antigo Regime.
Gabarito: B

48- (UNIFESP 2007)

Do papa Leão XIII na encíclica "Diuturnum", de 1881: "se queremos determinar a fonte do poder no Estado,
a Igreja ensina, com razão, que é preciso procurá-la em Deus. Ao torná-la dependente da vontade do povo,
cometemos primeiramente um erro de princípio e, além disso, damos à autoridade apenas um fundamento
frágil e inconsistente". Nessa encíclica, a Igreja defendia uma posição política
a) populista.
b) liberal.
c) conservadora.
d) democrática.
e) progressista.
Comentário
Olha só que interessante essa questão. Veja que essa encíclica é anterior a de Rerum Novarum. Esta foi de
1891 e falava sobre a “questão do operário”.
Assim, em 1881 a encíclica Diuturnum defende a razão de estado em Deus, ou seja, contraria o liberalismo
e a noção de que o Estado é a forma jurídica da soberania popular.
Dessa forma, a posição política da Igreja é conservadora. Se fosse democrática, progressista e liberal
aceitaria as novas teses do liberalismo. Populista seria manipuladora das massas. E não é o caso.
Gabarito: C

AULA 08 – Contemporânea II 121


Prof. Alê Lopes

49- (Adaptada para EsPCEx)

"Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos
Portugueses, e a seus herdeiros, 'in perpetuum'. Está claramente demonstrado que, como bom filho e
príncipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, (...) Por isso, nós, atendemos às
qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a
proteção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso
domínio o reino de Portugal (...)” Disponível em: . Acesso em 06 de mar. 2018.
Em 23 de maio de 1179, o Papa Alexandre III emitiu uma bula, declarando D. Afonso Henriques soberano
de Portugal. Esse trecho do documento é testemunho do surgimento precoce da primeira nação europeia.
A aliança entre a nobreza e a burguesia (abençoada pela Igreja) enfraqueceu os senhores feudais, dando
início ao aparecimento dos Estados Nacionais. Esse processo se arrastaria até o século XIX quando surgiu a
última nação por meio da unificação de reinos.
De acordo com as informações dadas, a nação referida no trecho em destaque é
A) Alemanha.
B) Itália.
C) França.
D) Inglaterra.
E) Portugal
Comentários
Veja que o trecho em destaque é bem direto, pois cobra qual foi a última nação formada na Europa
(ocidental), e mais, por meio de um processo de unificação. Vimos que a Itália e Alemanha, praticamente,
passaram por um processo de unificação ao mesmo tempo. De certa forma, os dois países passaram por
uma unificação tardia. A unificação alemã foi concluída em 1871, a partir da formação do II Reich e do
estabelecimento de uma monarquia constitucional. Sobre esse processo, reforço o seguinte aspecto
explicado na aula:
• a Prússia foi a grande impulsionadora da ideia da construção de um estado Germânico Unificado. A
partir de 1862, a Prússia iniciou um amplo processo de modernização que contava com uma aliança entre
burguesia industrial, grandes proprietários rurais e a aristocracia militar governante, tendo à frente o
Chanceler Otto von Bismark. A ideia era criar um espírito e sentimento de exaltação nacionalista por meio
da industrialização e de guerras com supostos inimigos estrangeiros. A unificação alemã ocorreu, de fato,
após a vitória na guerra contra os franceses, em 1871. Com essa guerra, concretizava-se a unificação dos
Estados alemães sob o comando do kaiser Guilherme I – coroado em pleno Palácio de Versalhes.
Gabarito: A
50- (Adaptada para EsPCEx)

Em 1864, o conselho geral da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) incumbiu Karl Marx de
redigir uma carta endereçada a Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, por ocasião de sua
reeleição. Nessa carta, Marx felicitava o estadunidense e relacionava a luta contra a escravidão na América
aos interesses e demandas das classes trabalhadoras.
A respeito do contexto histórico dessa carta, é correto afirmar:
a) Nos Estados Unidos da América, desenrolava-se a Guerra de Secessão, provocada pela separação das
unidades federativas que desejavam a manutenção da escravidão.
b) A AIT foi fundada em 1864 como uma organização internacional que se propunha representar tanto a
classe operária quanto setores da pequena burguesia democrática.
c) A Guerra Civil Americana foi provocada pelas ligações do então presidente Abraham Lincoln com a
esquerda comunista internacional liderada pelo filósofo alemão Karl Marx.
d) Na Europa, a fundação da AIT representava uma tentativa de canalizar as lutas operárias para o interior
das instituições políticas da sociedade burguesa, através da participação eleitoral.
AULA 08 – Contemporânea II 122
Prof. Alê Lopes

e) A reeleição de Abraham Lincoln só foi possível devido à extensão do direito universal de voto a todos os
estadunidenses, independentemente de sua condição racial ou social
Comentários

De cara, já temos o gabarito na alternativa A, pois, como visto na aula, a Guerra de Secessão ocorreu
entre 1861 e 1865. Sobre a disputa entre norte e sul, lembro o seguinte:

Agrário Industrial

SULISTA NORTISTA

tecnologia
Plantation - mercado
interno

Tarifas
alfandegárias Protecionismo
baixas
O Presidente Lincoln aboliu a escravidão nos EUA, em 1865 a escravidão estava abolida em toda a
federação. Esse foi o motivo de Marx ter escrito a carta.
Sobre a natureza da AIT (letra B), ela não era formada por setores da pequena burguesia, apenas
contava com membros da classe operária.
A C é bem sem cabimento, pois Lincoln não tinha inclinação para o comunismo.
A D é uma afirmação interessante, pois trata da estratégia revolucionária. A afirmação é falsa, pois a
estratégia da AIT era a construção de uma revolução por meio da mobilização dos trabalhadores e não
por meio de eleições.
A letra E está errada porque só em 1870 houve a ampliação do direito de voto a todos os homens,
independentemente de cor, raça ou prévio estado de servidão.
Gabarito: A
51- (Adaptada para EsPCEx)

Observe o que diz o historiador Luiz Koshiba:


“Entre 1840 e 1880, uma vigorosa corrida rumo à industrialização havia tomado conta da Europa e se
estendido também aos EUA e ao Japão. [...] Com a emergência de novas potências industrialmente mais
bem equipadas, a concorrência foi acirrada e acabou resultando em concentrações e centralizações de
capital, o que gerou empresas de grande porte, com poder suficiente para monopolizar segmentos inteiros
do mercado. [...] Os grandes grupos empresariais capazes de monopolizar ramos inteiros da economia
precisavam de fornecimentos estáveis e baratos de matérias-primas. [...] Em pouco tempo, os países
capitalistas centrais repartiram entre si os territórios e os mercados da África e da Ásia.”.
KOSHIBA, Luiz. História: Origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000, p. 382-3.
O trecho acima narra fatos relativos ao período
a) do renascimento cultural e da expansão ultramarina, que foi responsável pela colonização do novo
mundo.
b) da crise do capitalismo liberal e da implantação dos governos totalitários na Europa e na Ásia.
c) da crise do socialismo real e do predomínio hegemônico do capitalismo liderado pelos EUA.
d) da segunda revolução industrial e do imperialismo que conduziria as potências capitalistas à Primeira
Grande Guerra Mundial.

AULA 08 – Contemporânea II 123


Prof. Alê Lopes

Comentários
Boa questão para sintetizar o processo de expansão econômica das potencias imperialistas. Na segunda
metade do século XIX, houve uma brutal expansão econômica do capitalismo e um acúmulo de capital em
determinados países que acabaram por se tornar potências econômicas mundiais. Essa expansão está
representada por 3 sentidos:

1- Pela industrialização de outros


2- Inovações tecnológicas: Inovações científicas
países além da Inglaterra.

Bélgica, Itália, Estados Unidos, Energia: eletricidade e petróleo


química; física, biologia, medicina
Japão e Rússia. (1866)

Matéria-prima: aço (1856)

Transportes: motor à combustão,


locomotiva elétrica, aviação
(1879-1897)

Comunicação: Telégrafo,
fotografia, cinema, rádio

Nesse contexto, considerando que o texto do enunciado faz referência ao período entre 1840 e 1880, o
período histórico retratado é o do neocolonialismo ou imperialismo. Gabarito letra D.
A – séculos XIV e XV;
B – período entre guerras (1929 até a 2ª GM);
C – final do século XX.
Gabarito: D

52- (Adaptada para EsPCEx)

O Movimento das Nacionalidades traz em si a concepção de Nacionalismo e reafirma os princípios liberais


aplicados à ideia de Nação. Ao ressaltar elos étnicos, linguísticos e culturais, criam o arcabouço ideológico
de algumas unificações europeias. Dos países unificados, no século XIX, destacam-se
a) a Itália e a Alemanha.
b) a Rússia e a Inglaterra.
c) a Áustria e a França.
d) a Prússia e a Suíça.
Comentários
Questão bem objetiva. Vimos que Itália e Alemanha foram os países de unificação e formação de Estados
nacionais mais atrasados na Europa. Por isso, a letra correta é a A. As demais contêm informações falsas,
por exemplo, as que mencionam Prússia e Áustria não estão corretas porque esses impérios estiveram
envolvidos no próprio processo de unificação da Alemanha. Quanto à Inglaterra, vimos em aula anterior
que o processo de estabelecimento da Monarquia Constitucional data de um período anterior.
Gabarito: A

AULA 08 – Contemporânea II 124


Prof. Alê Lopes

53- (Adaptada para EsPCEx)

Leia o texto a seguir.


“Para os países industriais exportadores, a expansão colonial é uma questão de salvação. Em nosso tempo,
e diante da crise que atravessam as indústrias europeias, a fundação de colônias representa a criação de
uma válvula de escape para nossos problemas. (...)
Devemos dizer abertamente que nós, pertencentes às raças superiores, temos direitos sobre as raças
inferiores. Mas também temos o dever de civilizá-las”.
(FERRY, Jules Discursos políticos. In: COTRIM, Gilberto. História Global. V. 2. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013,
pág. 190).
O texto acima traduz a mentalidade europeia dominante no século XIX sobre os povos afro-asiáticos. Acerca
dos principais aspectos dessa relação, é correto afirmar-se que
a) uma das justificativas para o expansionismo imperialista das principais nações europeias foi a ideologia
da superioridade racial branca.
b) a missão civilizadora europeia possibilitou a troca de manifestações culturais entre ambos, significando,
por isso, o fortalecimento das bases culturais dos povos dominados.
c) não há elementos preconceituosos, uma vez que o texto aborda claramente a ideia humanitária de
civilizar os povos com culturas inferiores.
d) o interesse europeu pelas vastas áreas da África e da Ásia era essencialmente cultural, antropológico e
científico, não tendo objetivos econômicos ou geoestratégicos.
e) como o contato entre europeus e afro-asiáticos foi filantrópico, não houve necessidade de conflitos
bélicos entre os agentes envolvidos.
Comentários
Essa é uma questão que dá para resolver por interpretação, mas o melhor vestibulando combina
interpretação com conhecimento histórico para Gabaritar sem dúvidas. O texto de Jules Ferry expressa a
mentalidade europeia na segunda metade do século XIX, um pensamento explicitamente preconceituoso.
Com a Segunda Revolução Industrial e a expansão econômica imperialista, as potências industrializadas da
Europa construíram um discurso racista e preconceituoso de superioridade do homem branco europeu
diante das demais civilizações para justificar e legitimar a dominação e exploração. A ideia do “fardo do
homem branco” é uma ideologia que contribuiu para aniquilar povos e culturas. Dessa forma, nosso
gabarito é a alternativa A.
Gabarito: A

54- (Adaptada para EsPCEx)

No Ocidente, o período entre 1848 e 1875 “é primariamente o do maciço avanço da economia do


capitalismo industrial, em escala mundial, da ordem social que o representa, das ideias e credos que
pareciam legitimá-lo e ratificá-lo”.
E. J. Hobsbawm. A era do capital 1848-1875.
A “ordem social” e as “ideias e credos” a que se refere o autor caracterizam-se, respectivamente, como
a) aristocrática e conservadoras.
b) socialista e anarquistas.
c) popular e democráticas.
d) tradicional e positivistas.
e) burguesa e liberais.

AULA 08 – Contemporânea II 125


Prof. Alê Lopes

Comentários:
Olha essa questão, meus queridos. Pelo texto sabemos que se trata de uma caracterização da Era do
Capital, ou seja, de um momento de consolidação política e econômica na Europa, que permitiu o acúmulo
necessário para a expansão na segunda metade do século XIX.
Mas o comando é amplo, uma vez que ordem social nos remete a uma ideia de “sistema social” o que
envolve aspectos sociais, econômicos e políticos. Contudo, aas alternativas afunilam esse conceito. Assim,
devemos nos pautar se cada uma das informações de cada alternativa diz respeito a uma caracterização
predominante entre 1848 e 1875. Vamos à análise?
Era aristocrática, socialista, popular, tradicional ou burguesa??? Naquele contexto, entre as opções listadas,
só pode ser ordem social burguesa.
O credo liberal combina com burguesia? SIM, profe!! Então, esse é o gabarito.
Expliquemos os erros:
A- A aristocracia é a nobreza e ela foi desalojada do poder pelas revoluções liberais do começo do
século XIX.
B- Socialismo e anarquismo são teorias e não ordem social.
C- A ordem social não era popular, apesar de haver muita participação. No período retratado na
questão a ordem social ainda era muito elitista, sobretudo, devido ao analfabetismo da maioria ada
população. Não por outro motivo, políticos, como Stuart Mill, na Inglaterra, defendiam que um dos
direitos elementares do quais o Estado deveria assumir a responsabilidade era o direito à educação.
D- Em plena Era de transformação políticas, econômicas, científicas e artísticas, usar o termo
tradicional seria como usar conservador. Naquele contexto, o conservador era a aristocracia, a
nobreza e os monarquistas.
Gabarito: E

55- (Adaptada para EsPCEx)


No século XIX a história inglesa foi marcada pelo longo reinado da rainha Vitória. Seu governo caracterizou-
se:
a) pela grande popularidade da rainha, apesar dos poderes que lhe concedia o regime monárquico
absolutista vigente.
b) pela expansão do Império Colonial na América, explorado através do monopólio comercial e do tráfico
de escravos.
c) pelo início da Revolução industrial, que levou a Inglaterra a tornar-se a maior produtora de tecidos de
seda.
d) por sucessivas crises políticas internas, que contribuíram para a estagnação econômica e o
empobrecimento da população.
e) por grande prosperidade econômica e estabilidade política, em contraste com acentuada desigualdade
social.
Comentários
O período em a rainha Vitória governou coincidiu com a expansão imperialista da Inglaterra na África e na
Ásia. Essa expansão visou atender às necessidades do impulso da 2º Revolução Industrial, caracterizada por
inovações tecnológicas. Porém, dentro da Inglaterra a condição e vida dos operários não foi diferente
daquela vivenciada na Primeira Revolução Industrial. Dessa forma, a desigualdade social entre os ingleses
continuou crescente. Repare que, a rigor, a desigualdade social é uma característica do capitalismo.
A letra A está errada porque a monarquia inglesa não era absolutista, mas parlamentarista e baseada em

AULA 08 – Contemporânea II 126


Prof. Alê Lopes

uma constituição. A B também está errada porque a expansão não foi em direção à América, mas si ao
Oriente. Por fim, não houve crises políticas internas capazes de abalar os planos expansionistas ingleses.
Gabarito: E

AULA 08 – Contemporânea II 127


Prof. Alê Lopes

Considerações Finais
Queridos, tem uma música que gosto muito e tem um verso que repito sempre: Ninguém pode
atrasar quem NASCEU para vencer!!! Compartilho com vocês, pois tenho certeza de que nesse momento
vocês estão dando seu melhor!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de adquirir mais
conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza infinita. Ninguém tira de
você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!!
Contem comigo, meus querida e querido alunos.

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero. E não se esqueça de que
não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta, mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo,
certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te ajudar na sua preparação.
Um grande abraço estratégico,
Alê Lopes

AULA 08 – Contemporânea II 128

Você também pode gostar