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IGREJAS NEOPENTECOSTAIS
COMUNIDADE EVANGÉLICA, , IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS, IGREJA
INTERNACIONAL DA GRAÇA DE DEUS E RENASCER EM CRISTO

INTRODUÇÃO

Por “neopentecostais” nos referimos àquelas igrejas pentecostais que


surgiram da década de 60 ou 70 para cá (ou seja, aquelas que têm de 30 a 40
anos de existência). O que elas têm em comum com as igrejas pentecostais que
já existiam antes da década de 60 (por exemplo, a Assembléia de Deus e a do
Evangelho Quadrangular) é que acreditam: 1º) Na doutrina do batismo com o
Espírito Santo como algo que se adquire após a conversão e que é evidenciado
pelo falar línguas estranhas; 2º) Em novas revelações do Espírito Santo para os
dias de hoje. Há outras coisas em comum, mas essas duas são as mais notórias.
Visto que as igrejas neopentecostais são igrejas relativamente novas, não
possuem um corpo definido de doutrinas. Diante disso, essas igrejas abriram as
portas para crenças populares, crenças que invadiram o povo evangélico de uma
maneira geral e que foram tomadas como certas, sem qualquer reflexão. Ora,
quando não temos ou deixamos de definir a doutrina, qualquer coisa serve e,
quando se percebe, já foram abraçadas muitas heresias. Como diz um antigo
ditado, “quando não se sabe para onde vai, qualquer caminho serve”.
O fato é que as igrejas neopentecostais têm sido um campo fértil para a
semeadura de ensinos heréticos. E o que é pior: esses ensinos acabaram se
tornando a doutrina dessas igrejas. Basta ver o exemplo as quatro igrejas
neopentecostais que passaremos a estudar (Comunidade Evangélica, Igreja
Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Renascer
em Cristo). Essas igrejas têm lideranças diferentes. São denominações distintas.
Porém, compartilham de muitas doutrinas semelhantes. Por isso, não seria errado
dizer que há um mesmo sistema doutrinário sendo seguido pelas igrejas
neopentecostais. Veremos isso no decorrer de nosso estudo.
Por fim, tenho notado que a aceitação desses ensinos se deve
basicamente a quatro razões:

1) A superstição muito comum entre os brasileiros. Tem crente que ri quando


alguém diz que não passa embaixo de escada porque isso dá azar. Mas esse
mesmo crente muitas vezes acha que um menino vai ser “amaldiçoado” só porque
a mãe disse que ele é “danado”. Também há crentes que pegam ônibus para ir à
igreja tal e pegar uma garrafinha d’água, crendo que, se beber da água dessa
garrafinha, sua vida vai melhorar. Em um livreto chamado “Bênção e Maldição”,
do Pastor Jorge Linhares, ele diz que não se deve dar o nome de Cláudio a um
filho. Sabe qual a razão? Cláudio significa “coxo” e, se dermos esse nome,
estaremos atraindo uma maldição para o menino. Se essas coisas não são
superstições, são o quê?
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2) A lógica humana obscurecida pelo pecado. Muitas igrejas estão fazendo a


obra de Deus com uma mentalidade mundana. Basta ver os pastores que estão
usando todo tipo de recurso de marketing para encher seus templos. Certo pastor
neopentecostal de Taguatinga escreveu em um boletim de sua denominação que
sua igreja deveria ser luxuosa e grande como um shopping, pois as pessoas
gostam de ir aos shoppings. Esse pastor quer encher a sua igreja de crentes ou
de pessoas que gostem do luxo e da beleza do edifício em que estamos
reunidos? Queremos atrair o ímpio com aquilo que lhe agrada? Por que não
distribuímos pornografia na porta do templo, ou servimos cerveja para os
visitantes nos bancos da igreja? Agindo assim, como aquele pastor, estaremos
pensando como os não-crentes, além de ignorarmos completamente a ação do
Espírito Santo, que é o verdadeiro responsável pela conversão de alguém. A
Assembléia de Deus, uma igreja cuja maioria dos membros é de classe baixa e
que sempre tem crescido de forma considerável, nunca precisou apelar para
templos luxuosos com o fim de atrair os não-crentes, mas simplesmente para a
pregação pura e simples do evangelho de Deus.
Tem gente pensando que os fins justificam os meios. Dizem o seguinte: Se
estamos conseguindo atrair os não-crentes dessa maneira, por que não podemos
usá-la. Pois para o crente não pode ser assim. Para nós, o fim jamais poderá
justificar os meios. Por exemplo, o fato de uma tortura conseguir arrancar a
confissão de um bandido não quer dizer, de forma alguma, que tal violência esteja
justificada. Temos de analisar os meios que usamos à luz da Palavra de Deus.

3) O uso de textos isolados. Talvez seja esse o maior motivo para tanta heresia
nas igrejas neopentecostais. Quando se costuma usar textos isolados de seus
respectivos contextos, normalmente se obtém todo tipo de ensino. Não é à toa
que a maior característica das seitas heréticas é que elas utilizam-se de textos
isolados da Bíblia para justificar suas heresias.
Na verdade, não somente os neopentecostais mas também os crentes em
geral dificilmente estão preocupados com o contexto de qualquer trecho da Bíblia.
Não se preocupam em analisá-lo com cuidado ou compará-lo com outros textos
que falem sobre o mesmo assunto. Um exemplo disso pode ser visto no uso que
se faz de Mc 11.22-24. Todos gostam de citar esse texto, mas ninguém quer
saber de ler outros versos da Bíblia que tratam do mesmo assunto e nos ajudam a
entender melhor a doutrina bíblica sobre oração (dê uma olhada em Tg 4.3 e 1 Jo
5.14).

4) Uma inversão de valores. Nas igrejas neopentecostais, não é mais o homem


que obedece a Deus. É Deus quem tem de obedecer à vontade do homem. Daí
que tudo passa a girar em torno de nossos interesses, e não em torno dos
interesses de nosso Senhor. Isso explica porque essas igrejas não aceitam
nenhuma forma de sofrimento na vida do crente, bem como de qualquer
dificuldade financeira. Isso não é fruto de uma análise séria daquilo que a Bíblia
diz. É fruto de mentalidades inconformadas e rebeldes, que não aceitam qualquer
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tipo de aflição ou escassez, ignorando completamente aquilo que o próprio Jesus


falou: “No mundo, passais por aflições...” (Jo 16.33).

Você verá como essas quatro razões aparecerão constantemente quando


estivermos estudando as igrejas neopentecostais. Passaremos agora a um breve
histórico sobre cada uma delas.

COMUNIDADE EVANGÉLICA SARA NOSSA TERRA,


do Pastor Robson Rodovalho
Fundador:
Robson Rodovalho veio de uma família kardecista que morava no estado
do Goiás. Seus pais eram freqüentadores assíduos às sessões da “mesa branca”
na casa do avô. Além disso, Robson e sua mãe iam às festas de umbanda nas
tendas erguidas na fazenda da família por empregados oriundos da Bahia.
Quando completou 14 anos de idade, Robson matou, por acidente, o
caseiro da fazenda de seu pai. Isso o abalou emocionalmente de uma forma tão
forte que ele chegou a adquirir tiques nervosos. Apelou para os guias espirituais
do espiritismo, os quais não conseguiram ajudá-lo. Um ano depois ele se
converteu a Cristo num acampamento realizado pela mocidade de uma das
igrejas presbiterianas de Goiânia.
Além de freqüentar a igreja presbiteriana, Robson também se filiou à MPC
(Mocidade Para Cristo), passando a evangelizar e formar clubes bíblicos nos
colégios. Tornou-se presidente estadual da MPC. Aos 17 anos recebeu o batismo
do Espírito Santo num acampamento da MPC. Meses depois iniciou sua própria
igreja em Goiânia. Ou seja, fundou uma igreja aos 17 anos, exatamente dois anos
após a sua conversão. Isso foi em 1976. A igreja se chamava Comunidade
Evangélica.
Com o tempo foram surgindo outras comunidades evangélicas, geralmente
fundadas por ex-membros da igreja de Rodovalho. Diante disso, ele se viu
obrigado a especificar sua igreja como Comunidade Evangélica Sara Nossa
Terra. Essa mudança de nome ocorreu somente em 1992, 16 anos depois do
surgimento da igreja.
Robson Rodovalho se formou em Física e chegou a dar aulas na
Universidade Federal de Goiás. Fez ainda um curso teológico por
correspondência.
Por causa de sua experiência como líder na MPC, resolveu fundar a
organização Atletas de Cristo, que agrega os evangélicos de vários times de
futebol. À semelhança dos clubes bíblicos da MPC, feitos em colégios, esses
atletas se reúnem para realizar devocionais e meditações bíblicas, no intuito de
evangelizar seus colegas não-crentes.
Rodovalho é proprietário da Editora Koinonia, uma editora evangélica, e
autor de vários livros que dão ênfase ao assunto de guerra espiritual.

Características básicas:
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A Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra teve início com uma forma de
governo congregacional, sistema em que os membros da igreja é que tomam as
decisões, por meio de assembléias. Porém, em 1997 foi adotado o sistema
episcopal. Nesse caso, é o pastor ou bispo que decide tudo na igreja.
A maior parte dos membros das comunidades evangélicas é de classe
média.
A denominação não obriga seus pastores a cursarem teologia. O máximo
que pode acontecer é que a liderança forneça um breve curso bíblico de seis
meses a um ano.
A igreja também dá grande ênfase à parte musical. Investem em bons
músicos, bons instrumentos e num repertório musical bastante animado.
Por fim, os pastores das comunidades evangélicas são consagrados ao
ministério juntamente com suas esposas. Em outras palavras, é o casal que
pastoreia a igreja. Logo, é comum vermos a mulher do pastor sendo chamada de
“pastora”.

IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS,


do Bispo Edir Macedo
Fundador:
Edir Bezerra Macedo, carioca, é o quarto filho de um casal de nordestinos
que se mudou para o Rio de Janeiro a fim de “tentar a vida”. O pai era
comerciante, e a mãe, dona de casa. Dos seus 32 irmãos, dez morreram e
dezesseis foram abortados por terem nascido prematuros.
Antes de se converter, Edir Macedo freqüentava a Igreja Católica e os
centros de Umbanda. Foi somente com 18 anos de idade que ele aceitou a Cristo
como único Salvador. Isso se deu na igreja pentecostal de Nova Vida, pela
influência de sua irmã, que fora curada de bronquite asmática nessa
denominação. Ele permaneceu como membro da Igreja de Nova Vida durante 12
anos, até completar os seus 30 anos de idade. Nesse período, freqüentou a
Universidade Federal Fluminense, cursando Matemática, e a Escola Nacional de
Ciências e Estatística, onde cursou Estatística.
Quando completou 30 anos, Macedo se cansou do elitismo da Igreja de
Nova Vida e acabou saindo de lá, juntamente R. R. Soares, que era seu cunhado
e amigo. Passeando por algumas igrejas pentecostais, os dois foram consagrados
pastores na Casa da Bênção (mesmo sem qualquer formação teológica) pelo
missionário Cecílio Carvalho Fernandes. De lá, a dupla fundou, juntamente com
um grupo de amigos, a Cruzada do Caminho Eterno, uma igreja pentecostal
caracterizada por uma evangelização bastante agressiva entre as pessoas mais
pobres. Isso foi em 1975.
Após um desentendimento com os outros líderes da Cruzada, Edir Macedo
e seu cunhado, R. R. Soares, fundaram a Igreja Universal do Reino de Deus. Isso
foi em 1977, na sala de uma ex-funerária no bairro da Abolição, subúrbio da zona
norte do Rio.
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No começo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), R. R. Soares era


o seu principal líder e pregador. Não demorou para que Edir Macedo passasse a
disputar a liderança com seu cunhado. A coisa chegou a tal ponto que, no final
dos anos 70, Macedo propôs que fosse feita uma votação, entre os pastores da
denominação, para ver quem ficaria como líder. Edir Macedo venceu. R. R.
Soares, por sua vez, foi recompensado financeiramente e se desligou da
Universal, para fundar, em 1980, a Igreja Internacional da Graça de Deus.
A IURD arrecada tanto dinheiro com dízimos e ofertas que comprou a Rede
Record de Rádio e TV, em 1989, por 45 milhões de dólares. No pacote também
herdou uma dívida de 300 milhões de dólares, que foi paga logo depois.
Visando o crescimento de sua denominação, Edir Macedo chegou a ir
morar nos Estados Unidos em 1986, na intenção de expandir a Universal pelo
mundo. Atualmente a sua igreja está inserida em mais de 50 países. Para se ter
uma idéia do seu crescimento, em 1998 a IURD estava fundando cerca de um
templo por dia.
Edir Macedo foi preso em 1992, acusado de sonegar impostos, remeter
ouro e dólares ilegalmente para o exterior e de se envolver com o narcotráfico.
Visto que nada foi provado, ele saiu da prisão fortalecido, passando a argumentar
que era vítima de perseguição religiosa por parte da Rede Globo e da Igreja
Católica. Resultado: acabou ganhando o apoio de muitas igrejas evangélicas.
Em 1995 veio à tona uma fita de vídeo caseiro que mostrava o líder da
Universal ajoelhado, rindo para a câmera enquanto contava o dinheiro da coleta
num templo de Nova York, divertindo-se num iate em Angra dos Reis (RJ),
dançando numa vigília em Copacabana e – na mais chocante de todas as cenas,
durante o intervalo de um jogo de futebol com a cúpula da igreja – ensinando, de
modo debochado e com termos chulos, pastores e bispos a serem mais
agressivos, persuasivos e eficazes na arrecadação de recursos dos crentes.
Macedo dizia para eles pedirem cada vez mais: “Você tem que chegar e se impor”
– dizia ele. “Você nunca pode ter vergonha. Peça, peça, peça. Quem quiser dá,
quem não quiser não dá. Ou dá ou desce”.
Hoje a IURD também tem uma grande rede de livrarias evangélicas que,
além de livros, vendem CDs. Os livros do Bispo Macedo vendem que nem água.
Curiosamente, é dito nos seus livros que ele é doutor em teologia, mas nada se
sabe sobre o fato (?) de que ele tenha feito um curso teológico em algum
momento de sua vida.

Características básicas:
A Igreja Universal do Reino de Deus teve início com uma forma de governo
congregacional, sistema em que os membros da igreja é que tomam as decisões,
por meio de assembléias. Porém, logo em 1980, três anos após a sua fundação,
ela adotou o sistema episcopal. Nesse caso, é o pastor ou bispo que decide tudo
na igreja. Note que isso aconteceu logo após a saída de R. R. Soares.
A maior parte dos membros da IURD é da classe baixa.
A denominação não obriga seus pastores a cursarem teologia. De fato, a
Universal chegou a abrir um seminário, mas fechou-o logo depois. Atualmente
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existe o Instituto Bíblico Universal, com duração de 6 meses, mas não é algo
obrigatório.
O ponto forte da Universal é que ela se propõe a resolver todos os
problemas terrenos dos fiéis. Chegou até a criar um calendário que deve ser
cumprido por Deus rigorosamente da seguinte maneira: segunda-feira – soluções
sobrenaturais para quem deseja prosperidade; terça-feira – cura física; quarta-
feira – culto de adoração ao Espírito Santo; quinta-feira – soluções de problemas
familiares e afetivos; sexta-feira – libertação espiritual e exorcismos; sábado – a
mesma coisa de segunda: oferece soluções sobrenaturais para quem deseja
prosperidade; e domingo – a mesma coisa de quarta: culto de adoração ao
Espírito Santo.
Como se vê, essa igreja fica aberta todos os dias da semana, à disposição
dos seus membros e outros interesseiros, ou melhor, interessados na sua
mensagem.
A IURD é uma igreja que se aproveita grandemente da superstição do povo
brasileiro. Seus pastores vendem1 água do rio Jordão, fitinhas ungidas, areia do
Sinai, óleo “santo” de Israel, garrafinha com água dentro etc. Inclusive, há muitas
outras coisas que são feitas com água. Eles dizem, por exemplo, que se você orar
e beber um copo d’água, após a oração, seu pedido será atendido.
Por fim, essa denominação investe pesado em soluções mágicas e
fantasiosas para resolver os problemas dos crentes. Veja um exemplo de como os
seus líderes usam a Bíblia. Certa igreja universal pegou o texto que narra a
história de Josué e a queda das muralhas de Jericó (Js 6) e fez o seguinte:
primeiro, construiu uma muralha de papelão, dizendo que essa muralha
representava os inimigos do povo de Deus, inimigos como a falta de dinheiro, o
desemprego, as doenças etc. Depois, o pastor da igreja mandou seus membros
rodearem essa muralha sete vezes. Na sétima vez, essa muralha era derrubada,
simbolizando a queda ou derrota de todos os problemas. Em outras palavras, eles
“representam” ou “fazem uma encenação” dos textos bíblicos, como se a igreja
fosse um teatro, além de interpretar esses textos de uma forma altamente
figurada. Preciso dizer mais?

IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA DE DEUS,


do Missionário R. R. Soares
Fundador:
Romildo Ribeiro Soares nasceu no Estado do Espírito Santo em 1948 e se
converteu aos seis anos num culto presbiteriano. Logo em seguida começou a
freqüentar a Igreja Batista, na qual permaneceu até os 16 anos, quando mudou-se
para o Rio, onde ficou afastado do Evangelho por quatro anos (ou seja, até os
seus vinte anos de idade).
Quando voltou a ser crente, em 1968, passou a freqüentar a Igreja Nova
Vida, denominação onde se casou e permaneceu como membro. Inclusive, a sua

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Ou, como eles dizem, fazem uma doação em troca de uma oferta voluntária.
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esposa é irmã de Edir Macedo. Por isso mesmo os dois passaram a ser grandes
amigos. Ficaram tão unidos que saíram da Nova Vida juntos, foram consagrados
pastores na Casa da Bênção, fundaram a Cruzada do Caminho Eterno, e, em
1977, fundaram a Igreja Universal do Reino de Deus. Por fim se separaram, no
fim dos anos 70, e R. R. Soares fundou a sua própria denominação, a Igreja
Internacional da Graça de Deus, em 1980.
À semelhança de Edir Macedo, R. R. Soares também não tem formação
teológica. Contudo, ele tem curso superior. É bacharel em direito pela
Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro.

Características básicas:
A Igreja Internacional da Graça de Deus se parece muito com a Universal.
Nada mais natural, se considerarmos que R. R. Soares foi um dos fundadores da
IURD. Note as semelhanças entre elas: ambas adotam uma agenda semanal,
abrindo suas portas diariamente aos membros e visitantes que se interessem por
sua mensagem; ambas pregam curas, exorcismos e prosperidade; ambas utilizam
bastante a TV e possuem pastores jovens com pouco preparo teológico. Na
verdade, os pastores da Igreja Internacional recebem um curso bíblico de 12
meses.
A diferença fundamental entre a Igreja Internacional e a IURD é que a
Universal é bem mais agressiva em sua mensagem. Já a Igreja de R. R. Soares é
bastante tímida, limitando-se a enfatizar especialmente o “dom de cura” do seu
fundador. De fato, R. R. Soares se apresenta como um especialista em curar
dores de ouvido, reumatismo, caroços “invisíveis”, enfim, tudo aquilo que não se
pode verificar com facilidade.
O fato de a Igreja Internacional ser mais tímida em sua mensagem não
significa que ela creia menos na teologia da prosperidade do que a Universal.
Pelo contrário. R. R. Soares defende veementemente que o crente verdadeiro não
pode ficar doente. Caso fique, é porque não está sabendo como fazer uso de sua
fé. Além disso, essa igreja dá grande ênfase ao recolhimento de dízimos e
ofertas, como faz a Universal.

IGREJA RENASCER EM CRISTO,


do casal Estevam e Sônia Hernandes
Fundador:
Antes de se tornar um dos fundadores da Igreja Renascer, Estevam
Hernandes foi gerente de marketing da Xerox do Brasil e da Itautec. Sua esposa,
Sônia Hernandes, era proprietária da butique La Belle Femme.
Estevam é de família espanhola. Ele se converteu em igreja pentecostal, e
passou por várias delas antes de fundar a sua. Só para se ter uma idéia, ele
ingressou, aos vinte anos, na Igreja Pentecostal da Bíblia do Brasil; depois,
freqüentou a Igreja Cristo Salva e a Igreja Evangélica Independente de Vila
Mariana. Foi dessas igrejas que ele tirou a ênfase na música gospel como um
recurso evangelístico.
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A família de Sônia freqüentava a Igreja Presbiteriana Independente.


Inclusive, seu pai era presbítero nessa denominação. Sônia aceitou a Jesus com
cinco anos de idade, e diz ter recebido o “batismo do Espírito Santo” aos doze,
passando a se interessar pelas igrejas de linha pentecostal.
Em 1986, o casal Estevam e Sônia Hernandes, juntamente com um grupo
de crentes de classe média, funda os trabalhos da Renascer, cujo público alvo
são os jovens, empresários e profissionais liberais com os médicos e advogados.
Note que nenhum dos dois tinha ou tem, até hoje, qualquer preparo teológico
obtido em uma instituição reconhecida.
A Igreja Renascer tem uma característica bastante peculiar: seus líderes
não têm nenhuma espécie de constrangimento em exibir o patrimônio e os
benefícios que conseguiram com o dinheiro da igreja.
Só para se ter uma idéia, a Igreja Renascer detém a patente da marca
Gospel no Brasil, possui rádios, emissora de TV UHF, é dona da produtora RGC
e da Editora Renascer; dona do Instituto Renascer de Ensino, dos direitos
referentes ao Cartão Gospel Bradesco Visa e das livrarias Point Gospel que são
instaladas em cada templo da denominação. Como se não bastasse, também
possuem uma gravadora e uma casa noturna. Tudo que é conseguido de lucro
por essas empresas vai para a mão do casal, com exceção, é claro, dos gastos
com pessoal e material de trabalho. São tantas coisas que foi necessário criar a
Fundação Renascer, em 1990, para administrar a denominação.
Como eu disse há pouco, seus líderes não têm nenhuma espécie de
constrangimento em exibir o patrimônio e os benefícios que conseguiram com o
dinheiro da igreja. No ano de 2001 o casal Hernandes realizou o casamento de
uma filha em sua mansão. Foi um megaevento que contou com um bufê
caríssimo, além de diversas personalidades da política paulista. As mulheres da
família Hernandes saíram em diversas fotos de revistas populares, com roupas
esplendorosas e bastante caras. Também foi veiculado pela imprensa que
Estevam Hernandes muda a placa de seu carro todos os anos, colocando nela as
iniciais de seu nome, juntamente com a sua idade.
No ano de 2002 estourou um escândalo. A revista Época publicou, em
duas edições seguidas2, várias evidências de falcatruas do casal. Eis algumas
delas: 1) Toda vez que o casal tem de preencher algum documento de cadastro,
apresenta o endereço de onde moravam há seis ou mais anos atrás; 2) O casal
coloca os próprios membros de suas igrejas para serem os fiadores dos locais
que alugam como templos da denominação; 3) Há membros que são convencidos
pela liderança da denominação a abrir contas bancárias em seu nome – no nome
do membro –, mas cujos talões de cheques são usados pela Igreja Renascer, e
não por eles mesmos; 4) Todos os bens que o casal possui, inclusive os carros,
são colocados no nome de seus inúmeros parentes. Não há nada no nome deles;
5) O casal adquiriu uma fazenda gigantesca no interior de São Paulo e uma
mansão em um condomínio caríssimo no exterior. E por aí vai...
A Bispa Sônia disse que todo o conteúdo da revista Época era uma
difamação, mas tudo foi comprovado com documentos, não havendo qualquer
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Edições n°s 209 e 210, em maio de 2002.
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contestação judicial a respeito dos mesmos. Inúmeras pessoas foram lesadas


pelos líderes da Renascer, não apenas membros como também ex-pastores da
denominação.

Características básicas:
A Igreja Renascer teve início em 1986 com uma forma de governo
congregacional, sistema em que os membros da igreja é que tomam as decisões,
por meio de assembléias. Porém, em 1995 (9 anos depois), ela adotou o sistema
episcopal. Nesse caso, é o pastor ou bispo que decide tudo na igreja. O “cabeça”
de toda a denominação é, teoricamente, o Bispo Estevam Hernandes, que no
mesmo ano de 1995 ganhou o título de apóstolo, para enfatizar sua posição
superior. Parece, porém, que, na prática, quem manda é a Bispa Sônia, sua
esposa. É ela que representa a liderança da Igreja Renascer em praticamente
todos os lugares. Sua imagem está em todas as capas de CDs da Igreja. É ela
quem vai em todas as entrevistas de TV. É ela quem defende a denominação em
todas as questões. Quando Estevam aparece, é somente para acompanhar a
esposa.
Na Igreja Renascer todas as esposas de pastores são co-pastoras. Na
verdade, 10% dos pastores da igreja são mulheres. Essas pastoras seguem o
exemplo de sua líder maior, a Bispa Sônia. A maioria delas se veste muito bem,
com roupas chiques e modernas.
Quanto ao preparo teológico, a Igreja oferece para seus líderes a chamada
Escola de Profetas, com duração de dois ou três anos.

ANÁLISE BÍBLICA DAS DOUTRINAS


NEOPENTECOSTAIS
NESTA 1ª PARTE, veremos aquelas doutrinas que os neopentecostais têm
em comum com os pentecostais. Ambos (neopentecostais e pentecostais):

1) CRÊEM NO BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO COM A EVIDÊNCIA DO


FALAR LÍNGUAS ESTRANHAS.
Tanto os pentecostais quanto os neopentecostais entendem que o
chamado “batismo com o Espírito Santo” é uma experiência que o crente tem
após a sua conversão, e não no momento em que se converte. Eles ensinam que
esse batismo dá ao crente uma maior disposição para adorar a Deus e realizar a
Sua obra, mas que não tem nada a ver com a conversão. Em outras palavras, um
crente pode ser convertido sem ter sido batizado com o Espírito Santo.
Em primeiro lugar, a Bíblia diz que todos os crentes são batizados no
Espírito Santo. Observe as palavras de Paulo em 1 Co 12.13: “Pois, em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer
escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Esse
“corpo”, no qual todos os crentes foram batizados, é a Igreja (1 Co 12.14-27).
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O que os pentecostais ignoram é que o batismo com o Espírito Santo


marca o início da nova vida de todos os crentes, pois é justamente no batismo
que somos regenerados e transformados em novas criaturas. Por isso é que o
apóstolo Paulo, referindo-se a esse batismo, diz que Deus “... nos salvou
mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou
sobre nós ricamente...” (Tt 3.5, 6). Veja o comentário da Bíblia de Estudo
Pentecostal a esses dois versículos de Tito: “Isto se refere ao novo nascimento do
crente, visto simbolicamente no batismo cristão... A referência de Paulo neste
versículo à obra do Espírito Santo relembra o seu derramamento no dia do
Pentecoste...” (pgs. 1.890 e 1.891). Pergunto: E o que foi que aconteceu no dia
do Pentecoste? Justamente o batismo com o Espírito Santo (At 2.1-4).
Portanto, o batismo com o Espírito Santo é a experiência normal que todo
crente experimenta ao entrar para a Igreja. A maior prova do que estou dizendo é
que o batismo com água, que na verdade é apenas um simbolismo externo e
visível do batismo com o Espírito Santo (At 10.44-47), deve ocorrer na vida de
todo crente quando este se converte, oficializando a sua entrada no corpo de
Cristo (Mt 28.19; At 2.41; 8.36-38).
Em segundo lugar, as línguas faladas por aqueles que receberam o
batismo com o Espírito Santo em Atos 2 não foram línguas estranhas, mas
idiomas estrangeiros (At 2.4-11). Quando Paulo fala sobre o dom de línguas, em 1
co 14, também dá vários indícios de que essas línguas eram idiomas, e não
línguas “estranhas” (veja, por exemplo, 1 Co 14.10, 11).
Diante disso, vemos que não há qualquer base bíblica para as supostas
línguas estranhas que encontramos nas igrejas pentecostais.

2) CRÊEM NO BATISMO NAS ÁGUAS COMO ÚNICO MEIO CORRETO DE


BATIZAR UM NOVO CONVERTIDO.
Em primeiro lugar, devemos esclarecer que há três modos de batizar: por
efusão (derramar água sobre a cabeça do batizando); por aspersão
(simplesmente molhar a cabeça do batizando) e imersão (mergulhar
completamente o batizando na água). Nossa Confissão de Fé aceita tanto o
batismo por aspersão como por efusão (CFW, Cap. 28, § 3). Já os batistas, os
pentecostais e os neopentecostais divergem do restante do mundo cristão em sua
posição. Para eles, só o batismo por imersão é válido. Os batistas, por exemplo,
são tão intransigentes nessa posição que não admitem crentes, em suas igrejas,
que não tenham se batizado por imersão. A Igreja Presbiteriana do Brasil não se
interpõe quanto a isso, ainda que considere o batismo por aspersão ou efusão
como mais fiéis ao ensino bíblico.
Em segundo lugar, se o batismo com água é um símbolo externo e visível
do batismo com o Espírito Santo (At 10.44-47), parece óbvio – pelo menos para
mim – que a água, nesse caso, está simbolizando o Espírito Santo (At 1.5 cf. Mc
1.8). Assim como a água lava as impurezas ou manchas de sujeira, o Espírito faz
uma lavagem purificadora em nossas vidas, tornando-nas novas criaturas. Somos
regenerados pela atuação do Espírito, com Seu lavar regenerador (Tt 3.5, 6). Mas
se a água do batismo simboliza o Espírito Santo, qual o sentido em se
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“mergulhar” uma pessoa na água? Por acaso nós fomos mergulhados no Espírito?
Claro que não. Quando se refere ao batismo com o Espírito Santo, a Bíblia diz
que o Espírito “desce” ou é “derramado” sobre a pessoa (At 1.8; 2.1-4, 12-18, 32 e
33; 8.14-16; 10.44, 45; Tt 3.5, 6). Logo, se quisermos representar esse batismo
corretamente, teríamos de derramar água sobre a cabeça da pessoa, em vez de
mergulhar essa pessoa na água.
Cremos, portanto, que quando uma pessoa entrava nas águas do rio
Jordão, era para ser batizada por efusão ou aspersão, não por imersão. O fato de
um indivíduo “entrar” no rio não quer dizer, necessariamente, que ele mergulhava.
Se fosse assim, teríamos de admitir que João Batista mergulhava também, ou que
Filipe mergulhou junto com o eunuco etíope (At 8.36-39).
Os argumentos usados pelos batistas e pentecostais para justificar o
batismo por imersão são poucos e fracos. O primeiro argumento é que,
segundo eles, o verbo grego baptízo (que traduzimos por “batizar”) significa
“imergir ou mergulhar”. Ora, se isso realmente fosse verdade, não haveria nem
discussão sobre o assunto. O fato é que esse verbo pode significar “imergir” tanto
quanto “aspergir”. A prova disso pode ser obtida em dois textos do Novo
Testamento, nos quais ele é traduzido como “aspergir” ou “lavar” (Mc 7.1-5, esp.
v. 4; Lc 11.37, 38). Portanto, é o contexto que decide que tradução deve ser
utilizada, visto que o termo não se limita a apenas um significado. Se esse verbo
só pode significar “imergir”, como dizem os batistas e os pentecostais, vamos
substituir a palavra “batizados”, em 1 Co 10.1, 2 por “imergidos” ou
“mergulhados”. Será que o povo de Deus mergulhou no Mar Vermelho? Veja Ex
14.22, 29. O máximo que pode ter acontecido ali é que a água do mar tenha
respingado sobre o povo de Israel. Experimente fazer a mesma substituição em 1
Pd 3.20, 21 e responda à seguinte pergunta: a arca de Noé mergulhou ou
afundou nas águas do dilúvio? Claro que não. Porém, podemos dizer que as
águas do dilúvio caíram sobre a arca, em forma de chuva.
Temos ainda um apoio histórico para o batismo por aspersão ou efusão.
Há muitos desenhos, gravuras e pinturas de cenas de batismos cristãos mais
antigos (do 2º e 3º Séculos), os quais retratam o derramamento de água sobre o
batizando. Figuras e pinturas das catacumbas romanas, por exemplo, mostram
dois homens dentro de águas rasas, mais ou menos até seus calcanhares, ou às
vezes mais profundas, até as cinturas, com um deles derramando água sobre a
cabeça do outro, com uma concha ou vaso. Há também um quadro famoso, do 2º
Século, que representa João Batista e Jesus de pé, dentro do rio Jordão, e João
derramando água sobre a cabeça do Mestre. Esse quadro se acha atualmente em
Ravena, na região de Emília, Itália. Aliás, você já imaginou o que seria de João
Batista se ele tivesse de batizar por imersão todas as multidões que iam ao seu
encontro (Mt 3.5, 6; Mc 1.5)? Só sendo um super-homem...
Além disso, há casos no NT em que o batismo por aspersão ou efusão é
muito mais provável de ter ocorrido do que o batismo por imersão: 1) At 2.37-41.
Jerusalém nunca teve rio, açude ou qualquer depósito de água conveniente para
imergir 3 mil pessoas; 2) At 9.17-19 Cf. 22.16. Paulo ficou de pé para ser
mergulhado? 3) At 10.47, 48. Pedro, ao pedir que trouxessem água, estaria
12

pensando numa banheira gigante para que aquelas pessoas mergulhassem


dentro? 4) At 16.30-34. O carcereiro se atreveria a levar os prisioneiros para fora
do presídio, a um rio ou coisa parecida (At 16.23)?
O segundo argumento dos batistas e pentecostais para justificarem o
batismo por imersão é que, segundo eles, os textos de Rm 6.4 e Cl 2.12 provam
que o batismo tem de ser por imersão. Dizem, com base nesses textos, que o
batismo simboliza a nossa morte e ressurreição com Cristo. Se é assim, eles
concluem que o mergulho de uma pessoa na água combina com o sepultamento
de Cristo, enquanto que a saída da pessoa da água combina com a ressurreição.
Só tem um probleminha nessa interpretação: O que simboliza a água do batismo,
afinal? Simboliza a terra onde uma pessoa é enterrada? De onde eles tiraram
essa simbologia para a água do batismo? Outra coisa: quem disse que Cristo foi
enterrado? O sepultamento da época de Jesus era bem diferente do que estamos
acostumados a ver nos dias de hoje. Os cadáveres eram colocados em uma
espécie de caverna ou quartinho escavado numa rocha (Jo 20.4-8). Portanto,
nunca eram enterrados. A simbologia dos batistas e pentecostais pode fazer
sentido para a mente dos ocidentais, acostumados a enterrar os seus mortos
debaixo do solo. Porém, não tem nada a ver com a Bíblia.
Com respeito a Rm 6.4 e Cl 2.12, eu diria o seguinte: o batismo simboliza a
nossa morte e ressurreição com Cristo, sim, mas essas verdades não têm
necessariamente de ser simbolizadas externamente pelo batismo com água. Se
quisermos simbolizar alguma coisa com a água do batismo, então que seja o
Espírito Santo sendo derramado sobre o batizando. Pelo menos seria um
simbolismo mais fiel àquilo que a Bíblia diz (At 1.5 cf. Mc 1.8; At 1.8; 2.1-4, 12-18,
32 e 33; 8.14-16; 10.44, 45; Tt 3.5, 6). Se os batistas e pentecostais querem
representar a morte e ressurreição do crente em Cristo na cerimônia do batismo
com água, então por que eles também não tentam simbolizar, nesse mesmo
batismo, a “crucificação” do crente com Cristo? Não é exatamente isso que diz o
texto de Rm 6.4-6? Por que eles não fazem logo uma representação completa?
Eu só gostaria de saber como isso poderia ser feito...
Por fim, os batistas e pentecostais citam Jo 3.23 como “prova” de que João
batizava por imersão. Ora, a palavra Enom significa literalmente “as fontes”.
Nesse lugar havia muitas fontes ou nascentes de água. Certamente eram fontes
de águas naturais que as multidões que seguiam João (Mc 1.5) usavam para
“matar a sede” e para higiene pessoal. Se o interesse de João naquelas fontes
era o batismo por imersão, como ele utilizaria mais de uma fonte ao mesmo
tempo? Ou melhor, para que ele precisaria de mais do que uma fonte? Será que
algum pastor batista precisa de mais do que um tanque batismal para batizar os
crentes de sua igreja? Além do mais, o Jordão também tinha muita água, só que
tinha a fama de ser um rio sujo, de qualidade inferior (2 Rs 5.9-14), o que
confirma a possibilidade de João ter mudado de lugar pensando na sede e na
higiene das pessoas.
Para concluir esse assunto, devo dizer que a Igreja Presbiteriana do Brasil
considera que a água é apenas um símbolo da lavagem feita pelo Espírito Santo
em nossa vida. O que importa de fato é o batismo com o Espírito Santo, que
13

ocorre em nosso interior. Havendo água que simbolize o Espírito, damo-nos por
satisfeitos. O modo de esse batismo ser feito não deve ser uma razão para dividir
irmãos em Cristo, pois a quantidade de água não interessa. Se a quantidade é tão
importante como dizem os batistas e pentecostais, deveríamos nos batizar
embaixo de cachoeira.

3) REJEITAM O BATISMO DE CRIANÇAS.


Um dos objetivos do batismo é servir de sinal, selo ou “marca” de que a
pessoa batizada faz parte do pacto da graça (a aliança entre Deus e o homem, na
qual o pecador é justificado pela fé). No VT essa marca era chamada
“circuncisão” (Gn 17.9, 10; Rm 4.11). No NT, é chamada de “batismo” ou
“circuncisão de Cristo” (Cl 2.11, 12).
Todo aquele que fazia parte da Igreja Visível do VT (a nação de Israel) era
circuncidado, fosse adulto ou criança (Gn 17.11, 12, 24; 21.4). Deus assim quis
porque Ele vê o filho do crente de uma forma especial (1 Co 7.14; Mt 19.13, 14). A
promessa de bênçãos é para os filhos dos crentes também, pois Deus tem um
propósito para as famílias (At 2.38, 39; Dt 29.9-12). Deus quer que os filhos dos
crentes também gozem dos privilégios do povo de Deus, como o cuidado pastoral,
a comunhão dos santos, o louvor, a leitura da Bíblia, o culto, a oração e a Escola
Dominical, entre outros. Visto que o batismo é a “circuncisão” do NT,
evidentemente os filhos dos crentes devem ser batizados.
O fato de ser filho de crente e ser circuncidado não era uma garantia
absoluta de que o filho seria um eleito de Deus para salvação. Esaú e Jacó eram
irmãos, ambos eram circuncidados, mas um era eleito e o outro não (Rm 9.7-13).
No momento em que a criança tiver condições de exercer fé, ela terá de se decidir
pessoalmente se quer ou não a Cristo como Salvador e Senhor, assim como o
judeu, quando alcançava a idade da razão, tinha de se decidir se queria ou não
“circuncidar o seu coração” (Dt 10.12-16; Jr 4.4). Visto que nem a circuncisão e
nem o batismo são, por si mesmos, uma garantia de salvação, o sacramento só
era validado quando a pessoa o confirmava com uma profissão de fé verdadeira,
que resultasse em testemunho de vida, amor ao próximo e obediência ao Senhor
(Rm 2.28, 29; Gl 5.6; 6.15; Mt 7.23).
O papel dos pais é orientar seus filhos nos caminhos de Deus (Gn 18.18,
19; Pv 22.6), orando e lutando pela salvação deles, não se preocupando com a
doutrina da Eleição, visto que só Deus sabe quem são os eleitos (Rm 10.1; 2 Tm
2.24, 25) Deus não vê com bons olhos aqueles pais crentes que deixam de
obedecer a Deus e não batizam seus filhos hoje, assim como não via com bons
olhos os pais que não circuncidavam seus filhos no VT (Ex 4.24-26). Nossa
motivação não deve ser o temor, mas o amor pelos nossos filhos, não lhes
negando a parte que eles têm na “família da fé”. Batizemos nossos filhos porque
sabemos que é isso que Deus quer para eles. E Deus sempre quer o melhor.
Por fim, a Bíblia fala de famílias inteiras batizadas (At 16.14, 15, 31-33; 1
Co 1.16). As famílias antigas eram grandes. Será que não havia crianças nos
lares daquela época? É certo que sim, pois, dentre os doze Pais da Igreja que
viveram nos dois primeiros séculos, nove reconhecem e mencionam a prática do
14

batismo infantil. Por ex., Tertuliano (nascido em 155, menos de 60 anos depois da
morte de João), Justino Mártir (130), Irineu (180) e Orígenes, nascido e batizado
em 185 dC, que disse: “A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de batizar até
os bebês”. Tertuliano já havia dito que o batismo era uma prática da igreja
primitiva e Agostinho também iria confirmar, posteriormente, que essa prática
vinha desde os tempos apostólicos. Até hereges, como Pelágio, afirmavam que
isso era um fato.
O argumento principal dos pentecostais (e dos batistas também, é
claro) para rejeitar o batismo infantil é que, segundo eles, o batismo só pode
ser ministrado a alguém que tenha condição de exercer fé. Citam, como prova, as
seguintes palavras de Jesus: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém,
não crer será condenado” (Mc 16.16). Contudo, Jesus não estava pensando em
incluir ou rejeitar as crianças do batismo quando disse essas palavras. Tanto é
que Ele afirma: “... quem, porém, não crer será condenado”. Ora, crianças não
têm capacidade de crer. Isso quer dizer que elas serão condenadas? Lógico que
não. Jesus está pensando especificamente no batismo dos adultos que viriam a
ser evangelizados. Veja o texto a partir do verso 15: “Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura”. Note que Jesus está pensando primeiramente
naqueles que têm a capacidade de ouvir a pregação do evangelho, nos homens
ou mulheres que são capazes de exercer fé. É diante desse contexto que o
Mestre nos diz: “Quem crer – ou seja, quem crer na mensagem do evangelho – e
for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”. Portanto, Jesus
está falando sobre o batismo de adultos, ou pelo menos de pessoas que já
tenham a capacidade de compreender a mensagem do evangelho e exercer fé
nessa mensagem. O texto não fala nada sobre o batismo de crianças, nem contra
e nem a favor, justamente porque a criança não pode compreender a mensagem
do evangelho e nem mesmo exercer fé por ocasião do batismo. Ela tem de ser
batizada sem uma profissão de fé, à qual deverá ser adiada para quando ela
estiver na idade da razão.

4) CRÊEM EM NOVAS REVELAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO E, PORTANTO,


DEFENDEM AS CHAMADAS “MENSAGENS PROFÉTICAS”.
Não vejo qualquer razão para que uma igreja evangélica siga revelações
que não constam nas Sagradas Escrituras. Lembremos das palavras de Paulo:
“Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que
vá além do que vos temos pregado, seja anátema (maldito). Assim, como já
dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele
que recebestes, seja anátema“ (Gl 1.8, 9).
A Bíblia tem toda a orientação de que precisamos para saber em que crer e
como agir. Dizer que as novas revelações das igrejas pentecostais trazem uma
orientação de Deus para guiar a Sua igreja é o mesmo que admitir que a Bíblia
falhou nesse sentido. Porém, cremos que há, na Bíblia, tudo que precisamos
saber para fazer a obra de Deus e andar de acordo com a Sua vontade. É o
mesmo apóstolo Paulo quem diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a
15

fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obra“ (2 Tm 3.16, 17). Será que estamos buscando algo além da perfeição?
Devemos nos conformar à revelação escrita e ter nela a nossa única regra de fé e
de prática (Sl 119.9-11 e 98-105; Os 4.6; Mt 22.29; Jo 5.39; At 17:11; 2 Tm 4.3,
4).
O problema de muitos crentes é que eles não têm conhecimento suficiente
da Palavra de Deus para extraírem dela a orientação de que precisam. Além
disso, somos muito imediatistas e acomodados. Se pudermos obter uma
orientação sem leitura e dedicação, apenas consultando um desses “profetas de
plantão”, por que iríamos nos dar ao trabalho de estudar a Palavra de Deus?
Visões, revelações ou sonhos foram úteis enquanto a Bíblia estava sendo
formada. Contudo, uma vez que as Escrituras Sagradas foram terminadas,
revelando até mesmo o que ocorrerá no fim dos tempos (veja o livro do
Apocalipse), não há qualquer sentido em esperarmos qualquer tipo de nova
revelação, nem para a nossa vida presente e nem para o futuro.

5) ENFATIZAM DEMASIADAMENTE A TERCEIRA PESSOA DA TRINDADE.


O movimento pentecostal nasceu por meio de uma ênfase na atuação do
Espírito Santo. De fato, esse movimento foi chamado de “pentecostal” justamente
porque foi no dia do Pentecostes que o Espírito foi derramado sobre a Igreja (At
2.1-4).
Certamente nenhuma das três pessoas da Trindade é tão enfatizada, nas
igrejas pentecostais, como o Espírito Santo. Até orações para o Espírito são
comuns nessas igrejas. Três coisas têm de ficar muito claras para nós, crentes, se
quisermos ser fiéis àquilo que a Bíblia diz.
Em primeiro lugar, não há uma pessoa da Trindade que seja superior à
outra. O que existem são papéis diferentes no que concerne à nossa salvação. O
Filho se subordinou ao Pai, sendo enviado por Ele para morrer pelos pecadores e
garantir-lhes a vida eterna (Jo 3.16, 17). Mas é bom ficar claro que o Filho se
subordinou de livre e espontânea vontade, e não porque foi forçado a fazê-lo (Jo
10.17, 18). Há uma harmonia de vontade entre as pessoas da Trindade. O
Espírito, por sua vez, se subordinou ao Pai e ao Filho no que concerne à
chamada dos eleitos para o Corpo de Cristo, visto que a Bíblia diz que Ele – o
Espírito – foi enviado pelo Pai e pelo Filho (Jo 14.26; 16.7). Mas note que cada
um dos três exerce um papel específico em nossa salvação, e os três papéis são
imprescindíveis.
Essas três pessoas compõem o ser divino que chamamos de Deus, e cada
uma delas, isoladamente, deve ser considerada como Deus (Gl 1.1; Fp 2.11; Rm
9.5; Tt 2.13; At 5.3, 4 e 1 Co 2.10, 11, onde o Espírito Santo demonstra ter o
atributo da onisciência, algo próprio de Deus). Mas não devemos abrir mão do
grande mistério de que há somente um Deus em três pessoas diferentes (1 Co
8.4).
Em segundo lugar, a regra geral é para que oremos ao Pai. Quando
Jesus foi ensinar seus discípulos a orar, Ele disse: “Portanto, vós orareis assim:
Pai nosso, que está nos céus...” (Mt 6.9 cf. Lc 11.1, 2). Jesus mostrou que,
16

quando formos nos dirigir ao Deus triúno, devemos normalmente mencionar o Pai,
pois Ele é que representa a Trindade em nossa relação com a divindade. A
mesma coisa acontece no culto. Quando adoramos a Deus em um culto público
ou particular, normalmente nos dirigimos ao Pai, pois é Ele que representa a
Trindade em nossa relação com a divindade. Por isso também é que Jesus disse
que o Pai procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4.23).
Isso não quer dizer, porém, que não podemos fazer orações para Cristo.
Há instruções e exemplos sobre isso em pelo menos dois textos: Jo 14.13, 14 e At
7.59, 60. Só quero chamar a atenção para o fato de que a regra geral é que
oremos ao Pai, mas não é errado orar para o Filho.
Com respeito ao Espírito Santo, a situação é mais delicada. Embora Ele
seja Deus, não há nenhuma instrução ou exemplo bíblico de que a igreja tenha
orado para o Espírito Santo. Na verdade, a Bíblia diz que é o Espírito Santo quem
intercede por nós, e faz isso com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26). Mesmo assim,
não considero que seja errado orarmos ao Espírito, mas entendo que essa não é
uma prática recomendada nas Escrituras. Devemos ter em mente que o Pai
representa a Trindade quando estivermos orando ao Deus triúno. Quando
queremos inventar de orar às três pessoas da trindade ao mesmo tempo,
geralmente fazemos confusão. Já vi crente orando assim: “Ó Pai, o Senhor
morreu na cruz em nosso lugar e te louvamos por isso...” Ora, quem morreu na
cruz não foi o Pai, não, foi o Filho. Esse tipo de erro só acontece porque
queremos orar às três pessoas ao mesmo tempo, ignorando que o Pai representa
todas as três.
Diante disso, como ficam esses exageros das igrejas pentecostais em
colocar o Espírito à frente de tudo? A Igreja Universal do Reino de Deus, que é
uma igreja neopentecostal, até adotou a figura de uma pomba como emblema da
denominação, como se ela fosse a “igreja do Espírito Santo”. Inclusive, há até
cultos de adoração ao Espírito Santo nessa denominação. Onde é que se vê isso
na Bíblia? Onde é que se vê a ênfase em uma das pessoas da Trindade em
detrimento das outras? E como fica a representação do Pai?
Em terceiro lugar, essa ênfase no Espírito nos impede de
conhecermos melhor as outras pessoas da Trindade. Você já observou que
essa ênfase no Espírito Santo tem feito com que a maioria das igrejas só se
preocupe em estudar sobre as coisas relacionadas a Ele, como, por exemplo, os
dons espirituais, o batismo com o Espírito Santo (que já estudamos), os frutos do
Espírito Santo, a batalha espiritual e o poder do Espírito para vencê-la?
Mas o que sabemos sobre os ofícios de Cristo, ou melhor, o que sabemos
dos papéis de Jesus como profeta, sacerdote e rei? O que sabemos sobre as
duas naturezas de Cristo, a natureza humana e a natureza divina? O que
sabemos de Deus Pai e da Sua relação com o Filho desde a eternidade? O que
sabemos sobre os atributos de Deus, atributos como a onisciência, onipotência,
onipresença, soberania, imutabilidade, santidade, fidelidade, bondade, paciência,
graça, misericórdia, amor e ira?
17

Queremos passar a vida toda estudando sobre o Espírito? Tudo bem. Mas
vamos incluir as outras pessoas da Trindade em nossos estudos, e tratar esse
assunto de uma forma equilibrada.

6) ENSINAM UM ARREBATAMENTO DA IGREJA EM DUAS FASES.


Tanto os pentecostais quanto os neopentecostais ensinam que Cristo vai
voltar duas vezes. Voltará uma vez somente para a Igreja, de forma invisível,
entre as nuvens do céu. A Igreja vai ao encontro de Cristo nas nuvens e ficará
vivendo com Ele até que se passe a Grande Tribulação.
Depois que a tribulação passar, Cristo voltará uma “segunda” vez. Aí, sim,
todo olho o verá (Antonio Gilberto. Manual da Escola Dominical – Edição
Atualizada e Ampliada. Unidade II – Teologia Sistemática, pg. 114).
Não obstante os pentecostais defenderem essa doutrina com toda a
convicção, a Bíblia diz claramente que Cristo vai voltar somente depois da
Grande Tribulação, e não antes (Mt 24.29, 30). Não há qualquer base bíblica para
crermos que Jesus voltará duas vezes, uma para a Igreja antes da Grande
Tribulação e outra para o mundo. Essa idéia foi semeada no Século 19, por
pessoas que receberam “novas revelações” nesse sentido. Aqui no Brasil, esse
ensino foi popularizado pelo disco “A última trombeta”, que traz a revelação que
um homem teve sobre esse tipo de arrebatamento pregado nas igrejas
pentecostais.
O arrebatamento da Igreja vai ocorrer exatamente quando Cristo aparecer
diante de todos os povos do planeta (Mt 24.30, 31). Vamos ao encontro de Cristo
nos ares e desceremos com ele, como se fôssemos uma comitiva para receber o
nosso Senhor e escoltá-lo até a terra (Zc 14.5; Cl 3.4). Não é exatamente isso que
nos ensina a parábola das dez virgens, em Mt 25.1-10? As cinco virgens
prudentes, aqui representando a Igreja, vão receber o noivo que estava chegando
e o acompanham até o lugar onde o casamento seria realizado (vs. 6-10).
Sabemos que o noivo, nessa parábola, é Cristo. Note que a Igreja vai receber a
Cristo, não para ir embora com ele, mas para recebê-lo em comitiva e escoltá-lo
até o local do casamento. Esse é o ensino bíblico sobre o assunto.

NESTA 2ª PARTE, veremos aquelas doutrinas que são peculiares aos


neopentecostais. De uma maneira geral, eles (basta eu ir citando o nome de qual
das quatro igrejas pentecostais tal crença se refere. É mais fácil desse jeito):

7) CRÊEM QUE TODA MALDIÇÃO OU CASTIGO VÊM DE SATANÁS.


Isso é mais comum na IURD e na Igreja Internacional, mas não está
ausente da Comunidade Evangélica e nem da Renascer.
A maldição é sempre vista como algo que vem do diabo e, por isso, deve
ser quebrada.
Na verdade, os neopentecostais pensam que tudo de ruim que acontece na
vida do crente é coisa do diabo. As doutrinas de Quebra de Maldições e da
Confissão Positiva surgiram justamente para se tentar anular todo o mal
18

“demoníaco” que vem sobre nós. Há uma verdadeira neurose com respeito à ação
do diabo.
Porém, a Bíblia diz que o diabo não pode tocar no crente sem a permissão
divina (veja o exemplo de Jó, em Jó 1.6-12; 2.1-6). Inclusive, o diabo também não
pode nos tentar além de nossas forças, além do que possamos suportar (1 Co
10.13). Se o crente está achando que o diabo está muito perigoso, é porque esse
crente não está vigiando o suficiente, não está resistindo como deveria, por meio
da oração e da meditação na Palavra de Deus. A Bíblia diz: “Resisti ao diabo, e
ele fugirá de vós” (Tg 4.7).
Outra coisa: nem todo mal vem do diabo. Aquilo que normalmente é
chamado de maldição pode ser traduzido como castigo, e a Bíblia diz que é Deus
quem amaldiçoa (ou castiga) os desobedientes (Dt 28.15-24). Note, pelo texto
lido, que é Deus quem manda a maldição e outros males. Não é o diabo, não (vs.
20-22). Deus faz isso porque Ele não fica fazendo vista grossa para os nossos
pecados. Por isso é que Paulo diz: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba;
pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Deus pune os
desobedientes, sejam crentes ou não-crentes (Rm 1.18; Hb 10.26, 30 e 31). Outra
razão porque Deus permite dificuldades e problemas, na vida do crente, é para
testar a fidelidade desse crente. Não foi isso que aconteceu com Jó (1.9-12; 2.3)?
O próprio Jó reconheceu que os males que vinham sobre sua vida eram de
origem divina (2.9, 10). Ora, como mostraremos a Deus nossa fidelidade se não
formos testados? Inclusive, há crentes que só buscam a Deus quando passam por
uma enfermidade, falta de dinheiro, problemas sentimentais etc. Um terceiro
motivo porque Deus permite ou manda o mal em nossa vida é para que sejamos
aperfeiçoados. Foi por isso que Deus deixou que Paulo continuasse com um
espinho na carne, para que ele “não se ensoberbecesse” ou “se exaltasse” diante
das grandezas das revelações que tinha recebido da parte de Deus (2 Co 12.7-9).
Tem crente por aí que, sem saber, está querendo quebrar coisas vindas de Deus,
e não do diabo.
A Bíblia também diz que se vier alguma maldição que não faça parte dos
propósitos de Deus para nossa vida, simplesmente ela não terá qualquer efeito
sobre nós (veja o caso de Balaão, em Nm 22.1-6; 23.5-23, 27; 24.2, 3, 5, 8-13; Pv
26.2 diz que “a maldição sem causa não se cumpre”). Ou seja, Deus só permite
que venha qualquer castigo sobre a nossa vida se houver um motivo justo, de
acordo com seus santos propósitos, ou se nós mesmos, pela nossa negligência
na santificação, estivermos cedendo às tentações de Satanás.
As igrejas neopentecostais deveriam ensinar aos seus membros que há
segurança para aquele que é guardado sob o poder de Deus, ao mesmo tempo
em que deveria enfatizar a necessidade de se levar os mandamentos de Deus a
sério. Afinal, Deus realmente amaldiçoa (castiga) os desobedientes. Sejam
crentes ou não. “De Deus não se zomba”.

8) CRÊEM NA CHAMADA “MALDIÇÃO HEREDITÁRIA”.


Todas as quatro igrejas neopentecostais que estamos estudando crêem
nessa doutrina herética, mas ela é mais defendida pela Comunidade Evangélica,
19

e é bem possível que se ache algo a respeito nos livros da Editora Koinonia, a
livraria que pertence ao Pr. Robson Rodovalho.
Para quem não sabe do que estou falando, maldição hereditária é aquele
ensino que diz ser um homem punido pelos pecados de seu pai, avô ou até, quem
sabe, de seu tataravô. Em outras palavras, se fulano está sofrendo um aparente
castigo, pode ser porque ele está sendo castigado por algo que outra pessoa
cometeu no passado. Os que ensinam essa doutrina dizem também que essa
“maldição” deve ser quebrada, a fim de que o “amaldiçoado” possa continuar
vivendo tranqüilo.
Bom, o texto básico dos defensores dessa idéia é Ex 20.5: “... eu sou o
Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à
terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”. Há outros versos nas
Escrituras que afirmam a mesma coisa. Veja Ex 34.7, Nm 14.18 e Dt 5.9. Antes de
analisar o texto, devo dizer que temos aqui mais um erro de interpretação gerado
pela falta de consideração cuidadosa daquilo que o próprio texto diz, do seu
contexto e do ensino geral das Escrituras sobre o assunto. Observe:

1º) O texto de Ex 20.5 é dirigido, primeiramente, aos idólatras. Trata-se de uma


advertência para pessoas que deixam de seguir a Deus para adorar e servir
outros deuses. Leia o trecho a partir do v. 3 até o v. 5: “Não terás outros deuses
diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura... Não as adorarás, nem lhe
darás culto; PORQUE eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me
aborrecem”. A “iniqüidade” específica mencionada no texto é a idolatria. É isso
especificamente que Deus, nesse texto, está ameaçando castigar. Ora, um crente
em Jesus não pode ser incluído aqui, visto que adoramos e servimos unicamente
ao nosso Deus. Aqueles que servem a Satanás, o “deus deste século”, é que
devem temer essa visitação.

2º) Note que a ênfase do texto é que Deus visita A INIQÜIDADE, o pecado em
primeiro lugar: “... visito a iniqüidade dos pais nos filhos...”. Se, por exemplo, a
iniqüidade do pai é ser idolatra, tal iniqüidade também será visitada no filho,
DESDE QUE, É CLARO, O FILHO SEJA IDÓLATRA TAMBÉM. Como Deus
visitará “a iniqüidade dos pais nos filhos” se os filhos não têm a mesma iniqüidade
dos pais? A Bíblia diz, em Pv 26.2, que “... a maldição sem causa não se cumpre”.
Além disso, se eles tiverem a mesma iniqüidade de seus pais, certamente não é
porque a herdaram deles. O texto de Ez 18.20 é muito claro quanto a isso: “A
alma que pecar, essa morrerá; O FILHO NÃO LEVARÁ A INIQÜIDADE DO PAI,
nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a
perversidade do perverso cairá sobre este”. E Ezequiel continua, no v. 21: “... se o
perverso se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar os meus
estatutos, e fizer o que é reto e justo, CERTAMENTE VIVERÁ; NÃO SERÁ
MORTO”. (Qualquer dúvida, leia todo o Capítulo 18 de Ezequiel.)
20

3º) A maior prova de que cada um é responsável e punido somente pelos seus
próprios pecados são os exemplos práticos dados pela Bíblia. Leia com atenção o
texto de 2 Reis 21.1-23.25. Esse trecho começa com Manassés, o pior rei que
Judá já teve (21.1, 2, 6 e 16). Amom, seu filho, infelizmente seguiu os passos do
pai (21.19-22); porém Josias, filho de Amom e neto de Manasses, foi o maior
exemplo de "crente" entre os reis de Judá, conforme 23.25. É por isso que Deus
tinha uma consideração especial por Josias, independentemente daquilo que seu
pai e avô tinham feito no passado (22.19, 20) Só esses versos já anulam, num
sentido prático, a argumentação em prol de uma maldição hereditária.

No NT há muitos textos que vão contra esse ensino de que estamos sob
quaisquer tipos de maldições. Veja, por exemplo, Rm 8.1; 2 Co 5.17; Cl 2.8-15,
especialmente o vs. 13. E por aí vai... Tal doutrina me parece uma "lei do carma"
com algumas alterações.
Diante do exposto fica minha palavra a você, para que não se deixe levar
por esse ensino enganoso da maldição hereditária. Siga tranqüilo em sua vida de
santificação, sabendo que nosso Deus não é injusto, como pregam alguns, para
imputar sobre os filhos os pecados de seus pais. Afinal, já bastam os nossos
próprios pecados, não é mesmo?

9) CRÊEM EM TUDO QUE SEUS LÍDERES DIZEM, SEM FAZER QUALQUER


TIPO DE QUESTIONAMENTO AOS SEUS ENSINOS E PRÁTICAS.
Já vimos que os pastores e “pastoras” neopentecostais são, na sua grande
maioria, completamente despreparados teologicamente para estar à frente de
qualquer igreja. Praticamente nenhum deles passou por um seminário regular. A
maioria se vale do seu próprio carisma pessoa e lábia para liderar os crentes de
suas denominações.
É interessante notar que tais pastores nunca são questionados por suas
ovelhas. Estas se comportam de maneira ingênua, como se fossem um bando de
ignorantes com respeito àquilo que ensina a Palavra de Deus. Aqueles que
“ousam” questionar alguma coisa acabam saindo da igreja.
A Bíblia, porém, diz que devemos julgar aquilo que os profetas dizem (1 Co
14.29). Ora, até aquilo que o apóstolo Paulo dizia era conferido na Bíblia (At
17.10, 11). Veja a orientação que o apóstolo Pedro dá aos líderes da igreja:
“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas
espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa
vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-
vos modelos do rebanho” (1 Pd 5.2, 3). Se eles querem ser obedecidos, que
sejam por serem modelos para os crentes, no procedimento e na fidelidade às
Escrituras.
10) CRÊEM NA EXISTÊNCIA DE OPERADORES DE MILAGRES NOS DIAS DE
HOJE.
Isso é mais comum na Igreja Internacional. R. R. Soares pensa que é um
“operador de milagres”. Contudo, é certo que tanto os dons de curar quanto o
dom de operações de milagres (1 Co 12.9, 10) não eram dados a todos os crentes
21

na época da Igreja Primitiva. Esses dons foram concedidos aos apóstolos e


àquelas pessoas que estavam diretamente ligadas aos apóstolos, como o diácono
Estêvão, por exemplo (At 6.2-6, 8). Fora esses, não havia nenhum outro tipo de
crente que pudesse realizar milagres ou curas no meio do povo de Deus (At 3.6, 9
e 10; 4.33; 5.12, 15; 9.32-35, 40-42; 13.9-12; 19.11, 12).
O apóstolo Paulo chega a dizer que esses dons eram uma evidência do
seu apostolado, ou seja, era uma prova de que ele era um mensageiro autorizado
e inspirado por Deus (2 Co 12.12).
Além disso, os “operadores de milagres” e “curandeiros” dos dias de hoje
não chegam nem perto dos apóstolos. Eles só “curam” doenças que não são
passíveis de verificação, como reumatismo, dor de cabeça, “caroços” invisíveis
etc. Os apóstolos, por sua vez, faziam coisas inacreditáveis, e sempre diante do
povo, diante de crentes e não-crentes, no meio das ruas. Por exemplo, eles
davam uma ordem e uma aleijado - conhecido de todo o povo - se levantava e
passava a andar (At 3.1-8; 14.8-10), ou chegavam diante de uma pessoa morta e
imediatamente ressuscitavam tal pessoa (At 9.40-42; 20.9-12). Você já viu algum
desses operadores de milagres modernos fazer esse tipo de coisa? Se eles têm
esse poder, por que não fazem uma visitinha aos hospitais da cidade?
A verdade é que esses milagres realizados por Cristo e Seus apóstolos
tinham o objetivo de dar credibilidade à mensagem que eles pregavam. Era uma
prova de que realmente eles foram enviados por Deus para entregar a Sua
mensagem. Resultado: os ímpios se convenciam disso e aceitavam a mensagem
com grande alegria (Jo 5.36; 10.37, 38 cf. At 2.22, 37 e 38; 5.12, 14; 9.32-35, 40-
42; 13.9-12; 19.11, 20).
Uma vez que essa mensagem já foi entregue e está completa (Gl 1.8, 9),
não há qualquer necessidade de Deus autenticar a palavra de nenhum “apóstolo”
moderno. Já temos a Bíblia, que nos foi entregue de forma maravilhosa e no meio
de grande manifestação de poder por parte de seus mensageiros. Cabe-nos,
agora, simplesmente pregá-la a todos que estão ao nosso redor (Mc 16.15).

11) ENSINAM A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE.


Isso é mais comum na IURD e na Igreja Internacional, cujos membros são
aquelas pessoas mais pobres e carentes de recursos médicos. Já a Comunidade
Evangélica e a Renascer não apregoam essa doutrina com tanta ênfase,
justamente por seus membros serem geralmente da classe média baixa para
cima.
A Teologia da Prosperidade diz basicamente que o crente verdadeiro não
pode ser pobre ou doente, e que, se ele se encontra em uma dessas duas
situações, é porque não tem fé ou não sabe fazer uso do “poder” da fé.
A Bíblia, porém, vai diretamente contra esse tipo de idéia. Primeiro, porque
ela apresenta muitos exemplos de crentes que foram pobres, e crentes de
verdade! Poderíamos citar a viúva de Sarepta, que não tinha quase nada para
comer e que, mesmo assim, ainda repartiu o que tinha com o profeta Elias (1 Rs
17.8-15); poderíamos citar a maioria dos profetas de Deus no Velho Testamento,
os quais tinham um modo de vida bastante difícil ou simples para os nossos
22

padrões, e nunca reclamaram por tal situação (1 Rs 17.1-7 cf. 19.5, 6; 2 Rs 4.8 cf.
5.15, 16; Ez 1.1; 4.10-12; Am 1.1); poderíamos citar o nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, o qual disse que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.19, 20);
poderíamos citar os apóstolos, que na sua maioria eram pescadores e que
dificilmente eram ricos (Mt 4.18-22 cf. At 3.1-6); poderíamos citar especificamente
o apóstolo Paulo, que tinha praticamente tudo antes de sua conversão, mas que
perdeu o que tinha depois que se tornou um crente. Inclusive ele chega a dizer
que passou fome e nudez (Fp 3.8; 4.12, 13 cf. 2 Co 11.23-28, especialmente o
verso 27).
Com respeito às doenças, há também muitos exemplos de crentes
verdadeiros que foram pessoas doentes. Posso citar um dos maiores profetas do
Velho Testamento, Eliseu, o qual morreu por causa de uma doença (2 Rs 13.14,
20a); posso citar de novo o apóstolo Paulo, que diz claramente ter tido uma
“enfermidade na carne” (Gl 4.13, 14); e, por fim, posso citar Timóteo, discípulo de
Paulo, que tinha problemas estomacais e freqüentes enfermidades (1 Tm 5.23).
O que temos de entender, diante disso tudo, é que não é da vontade de
Deus que todos os crentes sejam ricos. Se fosse, todos seriam, pois ninguém
pode frustrar os planos divinos (Jó 42.1, 2).
Há muito crente aí que, se fosse rico, já teria abandonado a Deus e à
igreja. E Deus sabe disso. Não é à toa que o apóstolo Paulo advertiu que aquelas
pessoas que querem ficar ricas caem em tentação e cilada, e que alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé (1 Tm 6.9, 10).
Posso dizer o mesmo das doenças. Se fosse da vontade de Deus que
todos os crentes tivessem saúde perfeita nesta vida, todos teriam. Porém, como
vimos acima, não é assim que acontece. Os neopentecostais costumam citar o
texto de Is 53.4 (“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as
nossas dores levou sobre si...”) como uma prova de que Cristo tirou todas as
nossas enfermidades, e, se estamos com elas ainda, é porque não “tomamos
posse” dessa bênção. Ora, o profeta Isaías está descrevendo o ministério público
de Jesus nesse versículo, e sabemos que essas coisas se cumpriram durante
esse ministério (Mt 8.16, 17), mas isso não significa que todos os crentes estão
livres de enfermidades nos dias de hoje. Só estaremos livres de todos os tipos de
doenças quando recebermos novos corpos, corpos glorificados que serão imunes
a elas (1 Co 15.42, 43). Se tivermos de “tomar posse” dessa bênção conquistada
por Cristo, só faremos isso no dia da ressurreição. De fato, enquanto estivermos
vivendo neste mundo, estaremos sujeitos a problemas comuns a todos os seres
humanos, como falta de dinheiro, doenças e morte física. Lembre-se das palavras
de Jesus: “No mundo, passais por aflições...” (Jo 16.33). Enquanto vivermos
neste mundo, uns serão curados, outros não, mas sempre de acordo com a
vontade e o propósito soberano do nosso Deus.
Além disso, você deve atentar para o fato de que mesmo durante o Seu
ministério terreno, Jesus curou muitas pessoas, mas não curou todas. Um
exemplo claro disso pode ser visto em João 5.1-9. Vemos, nesse trecho, que
Jesus foi a um lugar onde havia “uma multidão de enfermos, cegos, coxos e
paralíticos” (v. 3) e, no entanto, Cristo ofereceu a cura a apenas um homem (vs. 5,
23

6). Por que não curou toda a multidão? É como eu disse acima: “Enquanto
vivermos neste mundo, uns serão curados, outros não, mas sempre de acordo
com a vontade e o propósito soberano do nosso Deus”.

12) FAZEM USO DA CHAMADA “CONFISSÃO POSITIVA”.


Isso é mais comum na Comunidade Evangélica e na Igreja Internacional.
A Confissão Positiva vem no pacote da Teologia da Prosperidade (veja o
item anterior). A Confissão Positiva implica em se fazer uma confissão, ou melhor,
uma declaração com fé, sem duvidar, a fim de que aquilo que for declarado seja
uma realidade na vida de quem declarou.
Em outras palavras, se o crente estiver sem dinheiro ou sem emprego,
basta ele declarar, com fé, que essa situação chegou ao fim, que ele vai ter
dinheiro, vai aparecer o emprego e, como num passe de mágica, tudo vai
começar a mudar. Os praticantes da Confissão Positiva costumam falar em alto e
bom som o que aceitam e o que não aceitam, como se eles tivessem todo o poder
do mundo para atrair o melhor e afastar o pior.
Na verdade, essa Confissão Positiva foi inventada por crentes rebeldes,
inconformados com a vida que têm, crentes que não estão dispostos a passar por
qualquer tipo de sofrimento nesta vida, mas que simplesmente estão pensando
que o céu já é neste mundo. Ora, eu gostaria que esses crentes gastassem o
precioso tempo deles pensando em pelo menos quatro ou cinco textos bíblicos
que falam sobre a realidade do sofrimento do crente neste mundo. Entre esses
textos, posso destacar Jo 16.33, Fp 1.29, 2 Tm 3.12 e 1 Pd 2.19 cf. 3.17).
A verdade é que não temos poder em nossas palavras. O único que tem
poder naquilo que diz é Deus. Se Ele fala uma coisa, essa coisa acontece (Gn
1.3, 11 e 12). O homem, não. O homem não pode pensar que tudo o que ele diz
vai se tornar realidade, porque é Deus quem decide o que vai acontecer (Tg 4.13-
15). O homem pode fazer planos, mas é Deus quem decide o que vai se
concretizar e o que não vai (Pv 16.1). Por mais que tentemos ou queiramos, é a
vontade de Deus que prevalece em nossa vida, não a nossa (Pv 16.9; 20.24; Sl
139.16).

13) CRÊEM EM SUPERSTIÇÕES.


Isso é mais comum na IURD, em maior grau, e na Comunidade Evangélica,
em menor grau. Não tenho conhecimento de que a Igreja Internacional ou a
Renascer cometam esse tipo de erro.
A que tipo de superstição estou me referindo? Citarei pelo menos quatro
delas:
1) Quem tiver em casa um objeto de terreiro, estátuas ou quadros de ídolos está
trazendo demônios para dentro de seu lar;
Penso que um crente de verdade não deveria ter coisas desse tipo em
casa. Afinal, ele não tem nada a ver com nenhuma delas, agora que se tornou
uma nova criatura (2 Co 5.17).
Agora, dizer que essas coisas atraem demônios e influências negativas
para dentro de uma casa está me parecendo mais com o enredo de um filme de
24

terror do que uma expressão fiel da realidade. Ora, se isso fosse verdade, por
que é que esse tipo de influência só ocorre com as coisas ruins? Todo mundo
sabe que muitos católicos têm a mania de deixar uma Bíblia aberta no Salmo 91,
em plena sala de estar. Mas algum crente teria a coragem de dizer que essa
Bíblia aberta realmente atrai “bons fluídos” para o lar desses supersticiosos?
Claro que não.
Portanto, devemos jogar fora tudo que haja em nossas casas que não
estejam de acordo com a nossa vida cristã, por uma questão de consciência e
testemunho, mas não porque tais coisas atraiam demônios sobre a nossa família.

2) Se chamarmos os nossos filhos de danados, “capetas”, “atentados” ou coisas


do tipo estamos atraindo coisas ruins para a vida deles;
Nenhum pai ou mãe crente deve chamar seu filho de “capeta”, “atentado”,
“burro”, ou usar qualquer tipo de palavrão para se referir a ele. A Bíblia diz
claramente que da nossa boca não deve sair nenhuma palavra torpe ou suja, e
que devemos tratar as pessoas - inclusive os nossos filhos - de forma honrosa ou
respeitosa (Ef 4.29; Rm 12.10).
Se queremos disciplinar nossos filhos, devemos fazê-lo por meio de
instrução e castigos corporais (Pv 22.6, 15), mas nunca por meio de ofensas ou
usando termos de baixo calão.
O fato de usarmos as palavras acima em relação aos nossos filhos não faz
com que coisas ruins sejam atraídas sobre a vida deles, uma vez que as palavras
humanas, em si mesmas, não exercem esse poder sobrenatural. Se isso fosse
possível, seria maravilhoso, pois bastaria que eu chamasse meu filho de
Superinteligente Júnior ou Lindo Cavalcante, e, assim, ele seria agraciado com os
dons da inteligência e da beleza física.

3) Sal grosso, água do mar da Galiléia, areia do deserto do Sinai, copo d’água
depois de oração ou qualquer outro objeto ou elemento material pode ter um
efeito sobrenatural positivo se forem usados ou guardados por nós;
Sal grosso pode ser muito útil num churrasco. Já a água do mar da Galiléia
pode servir como lembrança de uma visita a esse lugar. O copo d’água, por sua
vez, pode ser muito útil se estivermos com sede. Fora isso, não vejo qualquer
razão lógica ou bíblica para tomamos essas coisas como fontes de bênçãos
espirituais. Não me admira que muitos crentes sejam acusados de fanatismo
pelos ímpios. Afinal, como qualificar esses irmãos que crêem piamente em tudo
que lhes é ensinado pelas igrejas neopentecostais, inclusive esses ensinos que
são exageradamente supersticiosos?
4) Se fizermos uma corrente de oração de sete dias, e não faltarmos a nenhum
desses dias, com certeza conseguiremos uma resposta favorável à nossa oração.
A primeira questão que vem à cabeça de um crente maduro, diante de um
ensino desse, é a seguinte: Onde é que está isso na Bíblia? Onde é que a Bíblia
ensina o povo de Deus a fazer esse tipo de coisa?
Em segundo lugar, há uma pergunta que faz cair por terra qualquer tipo de
corrente de oração. Veja só: Se Deus tiver um propósito específico com respeito
25

ao pedido que Lhe fizemos nessa corrente, e Ele não quiser responder
favoravelmente, o que vai acontecer? Deus vai ser obrigado a “honrar” os sete
dias da nossa “infalível” corrente de oração, à qual estivemos presentes,
criteriosamente, todos os sábados pela manhã? Claro que não. Podemos fazer
dez mil correntes de oração. Se a resposta de Deus for “não”, serão “não” e
acabou.
A fé do homem não pode “forçar” Deus a fazer o que Ele não quer, por
duas simples razões. A primeira delas é que essa fé, que eu e você temos, vem
do próprio Deus. É Ele quem nos concede pouca ou muita fé, de acordo com a
Sua vontade (Rm 12.3). Em segundo lugar, a Bíblia deixa claro que Deus “faz
todas as coisas conforme o conselho da sua vontade”, e não da “nossa” vontade
(Ef 1.11).
Vou ilustrar o que estou dizendo com alguns textos bíblicos:
Moisés é apontado no Novo Testamento como um homem de fé (Hb 11.23-
29). Esse “homem de fé” implorou a Deus para entrar na Terra Prometida e não
foi atendido (Dt 3.23-27 cf. Dt 34.1-5).
Eliseu foi o profeta do Velho Testamento que mais foi usado por Deus para
fazer milagres. Só para você ter uma idéia, um menino ressuscitou pelas orações
desse homem (2 Rs 4.32-37). Contudo, ele morreu por causa de uma
enfermidade (2 Rs 13.14, 20a).
Davi certamente foi um homem de fé, pois seu nome também é citado na
“galeria da fé” de Hebreus 11 (veja os vs. 32-34). No entanto, esse mesmo Davi
orou e jejuou a Deus pedindo a cura de um dos seus filhos, o qual estava
gravemente doente. Sabe o que aconteceu? O menino morreu (2 Sm 12.15-23).
Você tem alguma dúvida de que Paulo era um homem de fé? Tem alguma
dúvida de que as orações desse apóstolo eram feitas com fé? No entanto, ele
mesmo diz que sofreu de uma enfermidade física (Gl 4.13, 14). Diz também que
seu amigo Timóteo tinha de tomar um pouco de vinho por causa de problemas
estomacais e enfermidades freqüentes (1 Tm 5.23). Será que Paulo não orava
pela cura de seu amigo? Claro que sim. Então, por que Deus não curava
Timóteo? Porque essa não era a Sua vontade. Paulo diz ainda que pediu a Deus
três vezes para que lhe fosse tirado o famoso “espinho na carne”. Porém, o
pedido do apóstolo não foi atendido, pois Deus tinha um propósito na
permanência daquele espinho (2 Co 12.7-10).
O que eu quero mostrar com esses exemplos é que toda oração depende
da vontade de Deus para ser atendida, não importa quanta fé exista nessa oração
ou se ela está sendo feita todos os sábados em uma corrente de oração. Lembre-
se das palavras do apóstolo João, em 1 Jo 5.14: “E esta é a confiança que temos
para com ele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos
ouve”. Todos os outros textos bíblicos que falam sobre oração devem ser lidos à
luz desse princípio estabelecido pelo apóstolo.
Você poderia me perguntar: “Para quê eu peço, então, se Deus sempre faz
a Sua vontade?” Ora, mostre-me apenas um exemplo onde a coisa funciona
diferente. Sempre que pedimos algo a uma pessoa, tal pessoa responde segundo
a vontade dela, não segundo a nossa. Se eu te pedisse um dinheiro emprestado,
26

você me responderia de acordo com a tua vontade e disposição, não de acordo


com a minha. Se você tivesse obrigação de responder segundo a minha vontade,
então já não seria um pedido meu, mas uma ordem. Entendeu?
Para concluir, repito o que já disse anteriormente: os textos da Bíblia que
falam sobre oração, sem exceção, devem considerar este grande ensino bíblico:
TODA oração depende da vontade de Deus para ser atendida, não importa
quanta fé exista nessa oração, e Ele sempre responde segundo a vontade dEle,
não segundo a nossa vontade (1 Jo 5.14; Ef 1.11).
Por isso, é a vontade de Deus que temos de buscar em nossas orações, e
não a nossa, visto que a vontade dEle é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2). A
nossa vontade, porém, é geralmente egoísta ou individualista, normalmente
agradável às coisas da carne e não às coisas do espírito, e sobremodo imperfeita.
Jesus priorizou a vontade Deus. Mesmo quando pedia ao Pai para afastar
o cálice do sofrimento, também insistia em dizer: “Todavia, não seja como eu
quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). Por isso também é que o nosso Senhor
nos ensinou a incluir as seguintes palavras à oração do Pai Nosso: “Faça-se a
TUA vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10).

14) PENSAM QUE PODEM TORNAR QUALQUER COISA SANTA APENAS


COLOCANDO UM “GOSPEL” NA FRENTE.
Isso é mais comum na Comunidade Evangélica e na Renascer. Essas
igrejas acham que tudo pode ser santificado, inclusive aquelas coisas que são
inerentemente consideradas como pecado aos olhos de Deus. Por exemplo, a
Comunidade Evangélica não sente qualquer constrangimento em fazer uma festa
junina “gospel”, apenas mudando o nome para “festa country” ou coisa do tipo. A
Fundação Renascer, do casal Estevam e Sônia Hernandes, administra uma casa
noturna, ou melhor, uma boate “gospel” também. A Bispa Sônia chega a dizer que
os crentes que criticam esse tipo de coisa são verdadeiros fariseus. Essas igrejas
argumentam que Jesus era mais liberal, que Ele se envolvia com o povão e
partilhava dos mesmos hábitos dele.
O cúmulo desse tipo de filosofia pôde ser observado quando uma
comunidade evangélica resolveu criar uma escola de samba “gospel”, que desfila
na avenida como todas as outras. Dizem que estão “evangelizando”, usando de
todos os meios para ganhar os não-crentes, com base na orientação de Paulo em
1 Co 9.
Em um dos programas No Limite, da Globo, pudemos conhecer um pastor
da Comunidade Evangélica que dançava forró com os demais colegas do
programa. Segundo ele, o crente tem de mostrar que não é travado. Pelo
contrário. O crente sabe “viver”.

QUAL O PROBLEMA?
O problema é que há coisas que nunca deixarão de ser pecado aos olhos
de Deus, não importa o que façamos para “maquiá-las” ou disfarçá-las. Assim
como não dá para engolir um “adultério santo”, uma “mentira santa”, uma “inveja
27

santa”, uma “cobiça santa”, um “assassinato santo”, não dá também para admitir
uma “boate santa” (ou gospel) e uma “festa junina” ou “escola de samba gospel”.
Para falar francamente, eu acredito que todas essas coisas não passam de
desculpas de alguns crentes para usufruírem dos prazeres do pecado sem
qualquer peso de consciência.
Eu poderia apontar dois erros para atitudes assim: o primeiro deles é que
essas coisas são consideradas erradas por todos os crentes de bom senso. Será
que há algum crente que considere uma boate como ambiente de crente? E o
carnaval? Será que algum crente tem coragem de defender essa festa carnal
como algo para evangélicos? É óbvio que não. Então como é que alguns insistem
em querer participar de coisas assim apenas mudando o seu nome?
O segundo erro desse tipo de atitude, que inclusive é frequentemente
ignorado pelos que costumam praticá-la, é o escândalo que isso gera tanto para
crentes quanto para não crentes. Jesus falou: “É inevitável que venham
escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm” (Lc 17.1). O apóstolo Paulo diz
claramente que devemos procurar evitar causar qualquer tipo de escândalo aos
nossos irmãos (1 Co 8.8-13; 10.28, 29, 32 e 33). Além disso, os próprios ímpios
se escandalizam em ver uma pessoa que se diz crente freqüentando um samba
ou uma boate. Que espécie de testemunho é esse?
Com respeito à desculpa da escola de samba gospel, que diz entrar na
avenida para evangelizar, pergunto: E para evangelizar o ímpio é necessário
fazer o que ele faz? É necessário pecar junto com ele? A Mocidade Para Cristo
tem o hábito de evangelizar durante o Carnaval, mas eles andam pela avenida
com folhetos evangelísticos e pregando o evangelho, e não pulando, dançando e
gritando junto com os ímpios. Já no caso da Comunidade Evangélica, parece
evidente que o motivo da escola é outro, e não a evangelização do povo.
E não adianta dizer que Paulo orientou para que fizêssemos de tudo para
ganhar as pessoas para Cristo (1 Co 9.22). Quando o apóstolo disse essas
palavras, certamente ele não estava pensando que seus leitores também teriam
de escandalizar ou cometer pecado para levar adiante a propagação do
evangelho. Afinal, Paulo é contra o escandalizarmos nossos irmãos, e ele mesmo
diz que ainda que todas as coisas nos sejam lícitas, nem todas convém (1 Co
10.23). Na verdade, o que ele quis dizer é que temos de fazer tudo que seja
possível e que não vá contra a Palavra de Deus (é claro), para pregar o
evangelho. Creio que não seria necessário que tivéssemos esse tipo de
explicação, mas já que muitos insistem em ver no texto bem mais do que ele diz...

15) FAZEM USO DE UMA EVANGELIZAÇÃO QUE SEJA BASEADA NOS


GOSTOS DO PECADOR.
Isso é mais comum na Comunidade Evangélica e na Igreja Renascer. Já na
Igreja Universal e na Internacional não se vê esse tipo de erro.
É muito comum nos meios neopentecostais o surgimento de uma banda de
rock evangelística. O grande erro desse tipo de atitude é que a Bíblia nos orienta
a ganhar os ímpios pela diferença, e não pela semelhança. Será que tenho de ser
safado para ganhar um safado? Tenho de ser um homossexual para ganhar os
28

gays? Tenho de ser um maconheiro para ganhar os drogados? Tenho de ser um


roqueiro, que toque um rock pesado, para ganhar os metaleiros? Claro que não.
Jesus falou que nós temos de ser sal e luz - não trevas - se quisermos fazer com
que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está
nos céus (Mt 5.13-16). Queremos atrair as pessoas com o que elas têm ou
mostrar e oferecer justamente o que elas não têm?
As igrejas também estão cometendo o erro de criar uma liturgia de culto
baseada em apresentações, a fim de atrair o não-crente para “assistir” as
atrações que ela - a igreja - coloca à sua disposição. Por isso é que os
neopentecostais e, infelizmente, os crentes de maneira geral, têm enchido os
seus cultos com apresentações de corais, cantores solo e peças teatrais. Qual o
problema? Em primeiro lugar, a Bíblia nos orienta a ganhar o ímpio pela pregação
do evangelho, pela pregação da Palavra de Deus, e não por intermédio dessas
coisas (Rm 10.17). Jesus não falou “Ide por todo o mundo e cantai o evangelho a
toda criatura”, mas “Ide por todo o mundo e pregai...” (Mc 16.15). O objetivo do
louvor não é o ímpio, mas Deus. A própria palavra já diz: “louvor”. É para quem?
Para os homens ou para Deus? Todo louvor é para Deus. É para isso que ele
existe. O objetivo do louvor não é evangelizar. Nunca foi. O objetivo do louvor é
louvar o nome do Senhor. É isso que nos ensina o salmista (Sl 97.12; 135.3;
136.26; 145.21 e 147.1). Pode até ser que Deus, por Sua misericórdia, use um
hino ou corinho para tocar no coração de um ímpio, mas coisas assim são
exceções. A igreja tem de cumprir seu papel evangelístico conforme a
determinação de Deus, ou seja, pela pregação da Sua Palavra.
Em segundo lugar, os corais, as músicas solo e as apresentações teatrais
ferem o princípio básico de um culto. O que é culto? Culto é um momento em
que o povo de Deus se encontra com Ele para adorá-lo e ouvir Sua voz,
através da pregação. Quando um coral faz uma apresentação, deixa de haver
uma relação vertical entre Deus e o Seu povo, para haver uma relação horizontal
entre o povo e o coral. Quem pode negar que, no momento do coral, são somente
os coristas que estão louvando a Deus? Se os demais membros estivessem
louvando também, poderiam cantar os hinos do coral numa só voz, como ocorre
com a equipe de louvor, mas não é isso que se vê. Pior ainda quando é uma
música solo... Dá para negar que estamos diante de uma apresentação? E as
peças teatrais? Onde está a participação da igreja nesse tipo de coisa? Onde
está o culto? A Igreja existe para adorar a Deus ou para entreter crentes e não-
crentes? Estamos indo à igreja para prestar um culto ou para “assistir” um culto?
16) PENSAM QUE UMA PESSOA PODE SER CRENTE SEM TER UMA VIDA
SANTA.
Isso é muito comum na Comunidade Evangélica e na Igreja Renascer. Já
na Igreja Universal e na Internacional não se vê esse tipo de erro.
Só para citar um exemplo, milhares de artistas famosos estão se
convertendo nas comunidades evangélicas e continuam com o mesmo tipo de
vida que tinham antes da conversão. Um exemplo clássico é o de Monique Evans,
que se diz crente e apresenta um programa pornográfico na Rede TV. Temos
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ainda a Gretchen, que também se diz crente e continua “rebolando” por aí e


posando nua para revistas masculinas.
O fato é fomos eleitos por Deus não somente para ganhar a salvação, mas
para viver uma vida de santidade, uma vida de produção de bons frutos (Ef 1.3, 4;
Jo 15.16; Mt 7.16-20), uma vida de obediência a Deus (1 Pd 1.2).
O crente de verdade não vai viver uma vida de pecado (1 Jo 3.9, 10).
Portanto, há uma fé diferente daquela que o diabo e tantos outros ímpios
possuem (Tg 2.19). Essa fé que eles têm é mera aceitação intelectual das coisas
espirituais, mas não há um entendimento verdadeiro ou aceitação autêntica das
coisas de Deus. Porém, a fé verdadeira ou autêntica, aquela que realmente vem
de Deus, é chamada na Bíblia de “fé dos eleitos” (Tt 1.1). Trata-se de uma fé que
se confirma por uma vida de preocupação com a vontade de Deus e com o
trabalho na Sua obra.
Que tipo de fé você tem? Pense bem nisso, pois sua fé pode revelar se
você é ou não um eleito de Deus. Quem disser que tem fé e não estiver vivendo
de acordo com essa fé, na verdade está se enganando. Devemos confirmar a
nossa eleição ou chamado para salvação pelas virtudes que tivermos como
verdadeiros crentes em Jesus (2 Pd 1.5-11, especialmente os vs. 5, 9-11).

17) ENTREGAM SEUS PÚLPITOS NAS MÃOS DE RECÉM-CONVERTIDOS,


APENAS PORQUE SÃO ARTISTAS FAMOSOS.
Isso é muito comum nas Comunidade Evangélicas. O casal Hernandes tem
amizades com pessoas famosas, mas não tenho informações de que eles fazem
esse tipo de coisa com seus amigos, dando-lhes o púlpito de sua igreja. Já na
Igreja Universal e na Internacional não se vê esse tipo de erro.
A maioria dos artistas famosos que têm se convertido, além de muitos
deles não agirem como crentes de verdade (veja o item anterior), ainda têm o
privilégio de serem acolhidos em igrejas como a Comunidade Evangélica para
pregarem, darem o testemunho de suas vidas etc.
Tenho identificado pelo menos dois problemas com respeito a isso. O
primeiro deles é que grande parte desses famosos têm feito de sua “conversão”
uma verdadeira fonte de dinheiro. Nelson Ned, por exemplo, não dá o testemunho
de sua conversão por menos de 20 mil reais. Que ironia. Enquanto o apóstolo
Paulo dizia que sobre seus ombros pesava a obrigação de pregar o evangelho, e
que “ai dele” se não pregasse esse mesmo evangelho (1 Co 9.16), o cantor
Nelson Ned tem a cara de pau de dizer que não prega ou testemunha por menos
de vinte mil. Que piada!
O outro problema é que a maioria desses famosos - se não todos - não têm
qualquer preparo doutrinário para saírem pregando por aí. Visto que eles são
muito “ocupados”, não tiveram tempo sequer para passar por uma humilde classe
de catecúmenos ou novos convertidos, e acabam espalhando heresias por todo
lugar que vão. Um exemplo disso pode ser visto no testemunho da cantora Baby
do Brasil. Ela diz que teve uma experiência sobrenatural de entrar no útero (isso
mesmo, útero) de Deus, e que, enquanto estava viajando pelo útero divino,
conseguiu ver o pé de Deus e seu braço musculoso... Qualquer crente de
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inteligência mediana sabe que Deus é espírito e que, portanto, não tem um corpo
físico (). Como é possível que pastores tenham a coragem de entregar seus
púlpitos nas mãos de gente assim? Creio que a sede de ver suas igrejas grandes
tem feito com que muitos líderes façam de tudo para crescer. E a oportunidade
que se tem dado a esses artistas recém-convertidos e sem qualquer
conhecimento de doutrina bíblica é uma evidência do que digo.

BIBLIOGRAFIA
& Artigo Explosão das seitas marginais à Reforma, escrito pelo Rev. Arnildo
Klumb, Samuel Ferrazolli e Rev. Márcio. Extraído do site Textos da Reforma
(www.textosdareforma.net), em agosto de 2002.
& Artigo Formas de organização da igreja, escrito por Bruce Milne. Extraído do
site Textos da Reforma (www.textosdareforma.net), em agosto de 2002.
& Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
& CONDE, Emílio. História das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
& Estudo sobre Católicos Carismáticos, em atendimento à disciplina “Cultura
Religiosa Brasileira”, da Faculdade Teológica Batista de Brasília. Professor:
Rubem Amorese. Ano: 1995.
& GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical – Edição Atualizada e
Ampliada. Rio de Janeiro: CPAD, 1999. Unidade II – Teologia Sistemática, pgs.
89-122.

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