Você está na página 1de 50

2016

Material Didático de
Metodologia

Prof. Flavio Williges


Departamento de
Filosofia/UFSM
Março de 2016
INTRODUÇÃO

O material que você está recebendo foi elaborado como um recurso didático de apoio
para os alunos da disciplina de Metodologia do Curso de Licenciatura em Filosofia. Além
de consultar esse material, é importante também buscar textos e sites sobre o assunto, assistir
as aulas e fazer os exercícios requeridos pelo professor.
O conteúdo selecionado abrange os elementos necessários para uma compreensão
introdutória da natureza e dinâmica da pesquisa filosófico-científica, tal como ela vem sendo
concebida na Universidade moderna, desde o estabelecimento do passo inicial de qualquer
pesquisa (a escolha do objeto de estudo e elaboração do projeto de pesquisa) até a fase final
de divulgação dos resultados obtidos em trabalhos científicos, passando pelo estudo dos
métodos e técnicas da pesquisa filosófica. Também foram incluídos exercícios e exemplos de
trabalhos acadêmicos. Creio que ao final desse percurso, você poderá obter um
entendimento claro da natureza da pesquisa filosófica, o traquejo quanto aos métodos e
técnicas mais adequados a cada tipo de pesquisa e o domínio das principais regras formais de
elaboração de trabalhos acadêmicos e indicação de referências bibliográficas.
A escolha de um curso superior é também uma escolha existencial, é parte da
moldagem do nosso eu. Aqueles que escolhem fazer um curso universitário voltado para o
ensino e pesquisa deverão desenvolver habilidades diretamente ligadas à produção de
conhecimento científico-filosófico. Sabemos que é um tanto misterioso, para quem está
ingressando na Universidade, entender o que é a filosofia e os caminhos que os cientistas e
filósofos adotam para produzir novos conhecimentos sobre os diferentes aspectos de nossas
vidas (psicologia, economia, biologia, filosofia, administração, etc.). Esse material pretende
ser útil como um guia inicial para conhecer aspectos básicos da prática científica e filosófica,
e despertar seu amor pelo estudo rigoroso dos diferentes temas e áreas de investigação
filosófica.

Prof. Flavio Williges


Universidade Federal de Santa Maria
Departamento de Filosofia
e-mail:fwilliges@gmail.com

1
1 A PESQUISA FILOSÓFICA

Existem muitas formas diferentes de compreender a filosofia e, por isso, também


existem formas diferentes de compreender o que significa ou o que fazemos quando fazemos
uma investigação filosófica. Por exemplo: se você for um filósofo experimental, fazer filosofia
terá muitas similaridades com o trabalho de um cientista. A metodologia filosófica incluirá
realizar algum tipo de experimento, o qual deverá ser previamente elaborado, testado ou
validado em amostras, tal como os cientistas costumam fazer. Contudo, muitos filósofos
consideram um erro aproximar filosofia e ciência. Esses filósofos, via de regra, entendem a
filosofia como uma investigação formal, que investiga as condições a priori da experiência
humana. Dizemos, por exemplo, que se comermos muitos alimentos com amido (como o pão
e macarrão) iremos engordar. Nós entendemos, ao dizer esse tipo de frase, que o mundo (no
todo ou em parte) está organizado segundo uma estrutura causal, que as coisas no mundo
não estão soltas ou não tem nenhuma ligação entre si (amido tem relação com o aumento de
peso). Ao dizer que certas coisas provocam ou causam transformações noutras, estamos
assumindo que o mundo está causalmente organizado. Para os filósofos que consideram que
a filosofia é um estudo formal ou a priori, a tarefa fundamental da filosofia é investigar,
tomando esse exemplo da causalidade, o que é a causalidade (se é algo real, existente nos
objetos, como um tipo de conexão necessária entre eles, ou se é simplesmente nossa forma de
compreender e estruturar a apreensão dos dados da experiência, nesse caso, ela seria uma
estrutura ou categoria de compreensão do mundo, uma estrutura de apreensão e não
propriamente uma estrutura fática). O conhecimento e caracterização das estruturas formais
da experiência envolve reflexão racional em torno argumentos, algo que os filósofos
costumam chamar de evidência racional. Não há lugar para experimentos, se
compreendermos a filosofia dessa forma. O tipo de método de investigação que adotaremos
(experimentos ou reflexão racional) depende essencialmente de como compreendemos a
filosofia, do tipo de filosofia que queremos fazer. A metodologia é o estudo dos
procedimentos investigativos para a produção de conhecimento filosófico. Como a filosofia
não possui uma compreensão unívoca, o mesmo aplica-se para a metodologia. Na parte final
do nosso curso teremos oportunidade de discutir com mais detalhe essas questões. Por ora, é
suficiente dizer que a metodologia é o estudo dos procedimentos gerais e dos instrumentos
específicos adotados dentro de uma certa concepção do que é a filosofia. Nós começaremos
nosso estudo, no entanto, de uma forma bem menos complexa, discutindo aspectos práticos
da atividade filosófica corriqueira. Com o decorrer das aulas, poderemos avançar para a

2
discussão de aspectos teóricos acerca do que é a filosofia e quais metodologias podem ser
usadas em investigações filosóficas. Nas universidades e instituições de pesquisa modernas, as
pesquisas costumam iniciar com a elaboração de um projeto de pesquisa. É por isso que o
projeto é considerado o passo inicial de qualquer pesquisa.

1.1 Projeto de pesquisa

Os projetos de pesquisa destinam-se, em sua maioria, a obtenção de financiamentos


por agências de promoção da pesquisa no país (como, CNPq, FAPERGS, CAPES, Fundação
Ford, etc.) e/ou ao desenvolvimento de atividades curriculares junto a empresas e
instituições. O acesso a recursos para o desenvolvimento de pesquisas e outras atividades
acadêmicas (estágios, peças de teatro, shows) depende muito da qualidade do projeto
apresentado e, no longo prazo, permite o desenvolvimento de uma tradição pessoal de
trabalho (com seus resultados naturais como reconhecimento profissional, etc). Por isso, é
fundamental preservar uma linguagem objetiva, clara, formal e auto-explicativa durante todo
o processo de redação. Além disso, deve-se ter em mente que projetos de pesquisa
representam o primeiro passo do planejamento de qualquer pesquisa científica. Em função
disso, faz-se necessário formulá-los como muita atenção e cuidado, observando,
principalmente, as diferentes fases que deverão ser forçosamente contempladas e aquelas que
podem ser eliminadas em virtude das convenções particulares de cada área do conhecimento.
A primeira fase ou item do projeto comumente é destinada a indicação do tema da pesquisa
e do problema específico, dentro do tema, que será investigado.

1.1.1-Delimitação do tema e caracterização do problema: (responde a pergunta: o


que será explorado?)

Consiste na indicação do assunto que será investigado. Deve partir das informações
mais gerais que dizem respeito ao tema e avançar até a clara e específica formulação do
problema que pretende-se pesquisar. O problema formulado deve partir como uma seqüência
natural das informações veiculadas, de modo que o leitor não necessite de qualquer pesquisa
ulterior para compreender os limites e a natureza da pesquisa que está sendo proposta. Esse
item pode receber outra nomenclatura conforme a área do conhecimento do qual ele faz
parte. É comum encontrar expressões como “apresentação do tema e problema” ou “tema e
problema de pesquisa”, “introdução”etc.
Na delimitação do tema, depois de fazer uma apresentação geral do assunto, deve-se
abordar a situação problema que constituiu a principal razão da existência do projeto. A
situação-problema apresenta o conjunto de variáveis que dará origem ao problema específico
da pesquisa. Por exemplo, se o tema geral da pesquisa for a natureza das emoções, a situação-

3
problema definirá duas teorias ou abordagens das emoções (cognitivista e perceptual), e o
problema da pesquisa poderá ser, por exemplo, a análise dos principais argumentos a favor
de uma da teoria cognitivista e as críticas que essa teoria sofreu. Nesse caso, está dada uma
situação-problema envolvendo as seguintes variáveis: a) a natureza das emoções; b) duas
teorias acerca da natureza das emoções; c) análise dos argumentos favoráveis e críticas à teoria
cognitivista das emoções. Em outras palavras, a situação-problema é uma parte da delimitação
do tema que fornece as variáveis fundamentais que tornam inteligível o problema
fundamental que será abordado numa determinada pesquisa. Pesquisas filosóficas sempre
devem partir de um problema espécifico, inédito ou localizado na literatura disponível.
Espera-se que o autor do projeto seja capaz de dar prosseguimento e contribuir para uma
discussão em curso. Nesse sentido, é fundamental indicar qual o debate está transcorrendo,
quais as posições e o que será pesquisado especificamente pelo autor do projeto.
O diagrama abaixo poderá ajudá-lo a visualizar essas orientações. Imagine que nesse
item você está elaborando um texto na forma de uma pirâmide invertida. Você irá começar
das informações mais gerais (geralmente de introdução, contextualização histórica do tema),
situação-problema e problema específico de análise. As informações gerais apresentam o
debate em torno das emoções, a situação-problema indica que existem duas ou mais teorias
centrais e no final, na indicação do problema, o autor deixa claro que investigará uma delas
ou as críticas a duas delas, etc.

Convém, ainda, notar que este item do projeto deve ser redigido com cuidado para
que o leitor compreenda claramente o que o pesquisador irá investigar, contendo todas as
informações necessárias ao esclarecimento dos conceitos-chave que constituem o projeto, o
que facilitará o entendimento dos objetivos e a compreensão das demais etapas. Se esta parte

4
do projeto for formulada de modo claro e objetivo, com idéias e conceitos bem definidos e
explicados, a elaboração dos demais itens será natural, pois todas as partes de um projeto
possuem uma conexão estreita entre si.
Os objetivos são o segundo item de um projeto.

1.1.2- Objetivos (Para quê ?).

Nos objetivos (que normalmente são diferenciados em gerais e específicos) deve-se


explicitar as metas que a pesquisa pretende atingir. Todo projeto de pesquisa contém apenas
um objetivo geral e vários objetivos instrumentais ou específicos.

1.1.2.1 Objetivo Geral

Visa oferecer uma resposta ao problema proposto. Por exemplo, se o problema é


examinar os principais argumentos favoráveis às teorias cognitivas das emoções, o objetivo
geral deve ser redigido do seguinte modo: “Analisar os argumentos favoráveis e as críticas ao
cognitivismo acerca das emoções”. Também é possível introduzir na redação do objetivo geral
informações referentes à finalidade dos objetivos indicados. Por exemplo, se o objetivo geral
for analisar os argumentos em defesa do cognitivismo, pode-se ainda introduzir a seguinte
informação: “Analisar os argumentos em defesa do cognitivismo acerca das emoções, com
vistas a propor um modelo cognitivista de compreensão da compaixão”.

1.1.2.2 Objetivos específicos

Têm função intermediária e instrumental, permitindo atingir o objetivo geral. Nos


objetivos específicos deve-se indicar todos os passos necessários à consecução do objetivo
geral. Por exemplo: se o objetivo geral é analisar os principais argumentos que sustentam o
cognitivismo acerca das emoções, então os objetivos específicos, muito consequentemente,
deverão indicar quais são esses argumentos. Deve-se redigir os objetivos específicos iniciando
com o verbo no infinitivo: Analisar o argumento do auto-descobrimento (ter uma emoção é
descobrir algo sobre si mesmo, sobre suas próprias crenças, atitudes e respostas ao mundo.
Ao me emocionar ao ver a foto de uma ex-namorada, posso descobrir que ainda a amo).

1.1.3 Justificativa (Por quê).

5
Nesta seção, o pesquisador deve demonstrar porque o tema proposto merece ser
investigado. Em outras palavras, deve-se indicar a importância da pesquisa que será realizada.
Comumente faz-se referência na justificativa aos seguintes pontos:

Relevância em termos teórico-científicos: o que a pesquisa pode acrescentar à ciência onde se


inscreve? Por exemplo, porque é importante estudar as emoções em filosofia? A resposta
poderá ser: trata-se de uma importante dimensão de nossa condição que tem sido
negligenciada, embora sua influência no comportamento moral, epistêmico, estético seja
fundamental,etc, mostrando que na filosofia muitas teorias foram desenvolvidas para tratar
desse tema e que o projeto irá contribuir em algum sentido para o desenvolvimento dessas
teorias ou num domínio conexo. No exemplo indicado anteriormente, para formular a
justificativa, poderíamos perguntar: Por que é importante desenvolver uma teoria cognitivista
das emoções? Que tipo de problemas essa teoria permitirá solucionar. Essas respostas são
colocadas na justificativa do projeto.

Relevância em termos práticos: Trata-se das situações em que a pesquisa contribui para a
melhoria de uma tecnologia , programa, modelo, etc. já existente, como, por exemplo, o
aperfeiçoamento de uma técnica comum, tornando-a mais econômica, eficiente, etc. No caso
da filosofia, esse tópico é pouco comum, mas poderia ser usado, por exemplo, quando
pensamos em projetos mais focados no ensino ou em programas na área de lógica, etc.

Relevância em termos sociais: quais os benefícios que a pesquisa trará para a comunidade em
geral? Relevância em termos sociais não é apenas a relevância para comunidades ou grupos
que enfrentam problemas sociais. Um projeto que favorece uma grande empresa tem
importância social pela geração de empregos, desenvolvimento econômico de comunidades,
etc. O mesmo pode ser dito de projetos que permitem melhorias na aprendizagem, no acesso
à cultura, no tratamento do preconceito, da intolerância, organização política,
comportamento moral, etc. Em filosofia, muitos projetos são relevantes socialmente, embora
essa relevância seja, no mais das vezes, indireta.

Contribuição para futuras pesquisas: a pesquisa será útil para outras pesquisas futuras, na área
do conhecimento onde se inscreve? Muitas vezes, o aluno pode investigar um assunto, pois
sua investigação permitirá assentar as bases para uma investigação futura, mais audaciosa.
Essa também é uma possibilidade de justificativa.

Oportunidade: O projeto é oportuno se atende a uma demanda específica, ou seja, o projeto é


apropriado para um problema num determinado momento. Por exemplo, novas tecnologias
aplicadas ao ensino de filosofia. Trata-se de um tema oportuno em nossa época, onde
interações virtuais são muito comuns.

6
Viabilidade: Envolve questões relativas a complexidade, custo do projeto e acesso às
informações.

1.1.4 Revisão bibliográfica (Com qual teoria? Quais autores?)

Deve:
-Descrever de modo objetivo e claro os conceitos teóricos que fundamentam o trabalho, os
quais serão necessários ao desenvolvimento da pesquisa.
-Comparar e criticar a literatura existente sobre o tema.
As informações contidas na revisão bibliográfica podem, conforme as convenções de
cada área do conhecimento, ser introduzidas no item chamado delimitação do tema. Neste
caso dispensa-se a elaboração da revisão bibliográfica.

1.1.5 Metodologia (Como? Com quê? Onde? Quando?)

Envolve a indicação do tipo de pesquisa que pretende-se desenvolver, ou seja, o


delineamento da pesquisa. As pesquisas são classificadas de acordo com os objetivos ou fins e
de acordo com os meios ou procedimentos técnicos adotados (técnica de coleta de dados).
Existe uma ampla variedade de rótulos para classificação dos objetivos e das técnicas de coleta
de dados. Tais rótulos não são relevantes. Deve-se, entretanto, observar a clara indicação da
pretensão da pesquisa e os procedimentos detalhados que serão utilizados para alcançar os
objetivos propostos. As pesquisas filosófico-científicas empregam, de modo geral,
metodologias qualitativas e quantitativas.
As metodologias quantitativas dão ênfase aos dados que podem, mediante
procedimentos de validação estatística, serem mensurados num determinado objeto ou
fenômeno estudado. Quando for adotada uma metodologia quantitativa faz-se necessário
definir o universo da pesquisa, plano de amostragem e a indicação de como os dados serão
analisados.
As metodologias qualitativas conferem uma importância maior às informações que
expressam aspectos qualitativos da realidade investigada, ou seja, percepções, imagens,
sentimentos, os quais podem apresentar maiores dificuldades de mensuração.
Exemplo: numa pesquisa sobre a representação social dos familiares em torno do
idoso, pode-se, mediante mensuração das respostas obtidas a partir da aplicação de questionário,
encontrar como resultado a idéia de que o idoso é importante para a vida familiar e merece
respeito e consideração. No entanto, visitando as famílias que participam da pesquisa pode-se
qualitativamente (através de observação, história de vida, relatos, etc) perceber que, por

7
exemplo, os idosos vivem num espaço separado da casa, suas opiniões sobre questões
familiares não são ouvidas, etc. Na metodologia deve-se indicar claramente o tipo de técnica
de coleta de dados que será adotada, a partir das orientações que o marco teórico e a
metodologia adotada prevêem. As metodologias mais comuns em filosofia serão apresentadas
oportunamente no final do semestre. Além disso, é importante observar que a definição do
tipo de metodologia filosófica que será adotada reveste-se de razoável complexidade.
Pesquisadores maduros tendem a desenvolver bem essa parte do projeto. Para estudantes
iniciantes, é um pouco mais difícil entender qual a metodologia mais apropriada. No final do
semestre, pretendemos aprofundar esse tópico e acreditamos que será possível oferecer um
conjunto de orientações razoáveis acerca das alternativas existentes.

1.1.6 Cronograma (Quais atividades e em quanto tempo será realizada a pesquisa?).

Quando e em quanto tempo será realizada a pesquisa, especificando a ordem de


execução de cada uma das etapas ou atividades previstas na metodologia. O cronograma
costuma aparecer como uma tabela onde, numa coluna, apresenta-se as principais atividades
que serão desenvolvidas e, noutra, o tempo de realização de cada uma, contado em semanas
ou meses. Para a formulação da parte da tabela que lista as atividades, observa-se a
metodologia e os objetivos específicos e também as convenções particulares vinculadas à
gênese do projeto. Por exemplo: se o projeto é uma exigência para ter acesso a uma bolsa de
pesquisa, então deve-se considerar no cronograma a elaboração de artigos, relatórios, etc., que
são exigências comuns nesse tipo de programa. Se o projeto for de realização de uma tese ou
dissertação, deve-se considerar na lista de atividades, além da leitura da literatura,
fichamentos, os períodos destinados à redação dos capítulos, etc.

1.1.7 Recursos materiais/Orçamento

Especificação dos recursos materiais utilizados durante todo o processo de pesquisa e dos
custos de cada um dos materiais.

1.1.8 Referências

Indicam a listagem de todas as obras citadas e consultadas para a elaboração do texto,


de acordo com as normas da ABNT.

1.1.9 Anexos

Quando for conveniente para o esclarecimento do conteúdo do projeto, nos anexos


acrescentam-se fotos, imagens, questionários, etc.

8
Observações importantes:
O projeto de pesquisa (de monografia/estágio) deve ser redigido com os verbos
flexionados no tempo futuro, enquanto que o relatório da pesquisa ou monografia deve ser
redigido utilizando flexionando os verbos no tempo passado.
-Deve-se evitar a referência a nomes, pessoas ou citações que envolvem o surgimento da
pesquisa. Quando necessário, indicam-se apenas instituições. Para qualquer dúvida,
devem ser consultadas as normas do comitê de ética da UFSM.
-A elaboração do projeto de pesquisa permite a organização da pesquisa de acordo com o
tempo e os recursos de que dispomos.
-Todos os itens ou fases de um projeto de pesquisa possuem uma íntima conexão entre si.
A metodologia deve ser pensada a partir dos objetivos, os objetivos devem ser escritos a
partir da delimitação do tema, o cronograma a partir das atividades previstas na
metodologia, etc. Uma das características mais importantes de um projeto é a presença de
uma lógica interna rigorosa, de modo que todos os tópicos e pontos tratados mantenham
uma relação estreita entre si.

2 METODOLOGIAS E TECNICAS DE PESQUISA FILOSOFICA

A pesquisa filosófica, conforme foi possível observar acima, deve ser entendida como
uma atividade que segue um corpo metodológico, informado pela concepção filosófica
assumida, de onde resultará um conjunto bem fundado (argumentativa ou
experimentalmente) de afirmações que constitui os resultados da investigação (o que poderá
gerar uma teoria filosófica particular ou uma posição filosófica específica sobre determinado
assunto). Desenvolver uma ciência ou uma teoria filosófica é oferecer uma imagem do
mundo, fundada em mecanismos de obtenção de dados válidos, de modo que possamos
explicar ou compreender (e também prever e intervir nos fenômenos do mundo) ao nosso
redor. No caso das ciências humanas, o objetivo do cientista é encontrar leis que permitam
compreender acontecimentos humanos e sociais (como relações interhumanas) ligados à vida
das pessoas como, por exemplo, a determinação da ação justa, as funções do Estado, a
natureza do significado, a natureza das emoções, da consciência, etc. Nessa parte de nosso
livro, examinaremos as metodologias (que são gerais) e os procedimentos técnicos
(específicos) mais comuns que devem ser seguidos para estruturar uma pesquisa na área da
filosofia. Sabe-se que a filosofia não é uma ciência em sentido estrito. Enquanto as ciências
naturais descrevem, explicam e tornam possível prever fatos, as ciências humanas são, de
modo geral, entendidas como ciências compreensivas, elas tratam seus problemas a partir de
uma série de significações que os problemas podem assumir, antes de poder reduzi-los a

9
simples objetos. Quando pensamos na questão da justiça social, da natureza da moralidade, é
comum que o entendimento do que seja a justiça social ou a ação moral seja tematizado a
partir de representações e intuições humanas iniciais, tomadas como pontos de partida e não
dispomos de mecanismos para transformar questões envolvendo a vida e as representações ou
imaginários ou intuições sociais em algo facilmente manipulável empiricamente ou
objetivamente. Tais tentativas tem sido, em graus distintos, ensaiadas na filosofia
contemporânea, mas ainda não sabemos exatamente qual papel os resultados de uma
investigação empírica podem desempenhar numa teoria filosófica. Uma tentativa de
aproximação entre as ciências humanas e as ciências físicas foi desenvolvida por Leônidas
Hegenberg no livro Explicações Científicas: introdução à filosofia da ciência. Ele defendeu que
essas duas áreas de investigação do mundo podem ser interpretadas como buscando um
padrão de explicação dos seus fenômenos idêntico ou similar, uma vez que ambas deveriam
ser capazes de satisfazer um mesmo padrão explicativo. As explicações nomológico-dedutivas
(semelhantes aquelas enfatizadas em modelos falsificacionistas da ciência) das ciências
humanas poderiam e deveriam ser desenvolvidas, segundo Hegenberg, entendendo, por isso,
que uma explicação na área de humanidades só pode ser satisfatória quando resulta numa lei
ou teoria científica. Explica Hegenberg, “um acontecimento ou uma regularidade só ficam
realmente explicados quando a sentença que descreve o acontecimento ou a regularidade
puder ser deduzida de premissas que se referem a leis e de premissas adicionais, acrescentadas
às primeiras com o fito de completar a dedução- tornando-a logicamente correta. As
premissas empregadas nessa dedução devem ser verdadeiras”(HEGENBERG, 1973, p. 232).
Essa abordagem que aproxima as ciências humanas das ciências naturais vale para
determinados campos da investigação humana onde há proximidade e possibilidade de
realizar testes empíricos, orientados segundo padrões estatísticos e que permite obter
resultados válidos segundo padrões de medição e validade matemática ou estatística,como nas
ciências sociais. Nessa ordem dos procedimentos, no entanto, os padrões de entendimento
do trabalho do cientista das humanidades é similar ao cientista natural: eles buscam o mesmo
resultado e tratam de forma semelhante seus objetos. Muitos autores, no entanto,
reconhecem que as medições sociais oferecem um padrão limitado de validação,
principalmente quando inseridas num quadro onde o investigador terá de interpretar seus
dados, dando-lhes uma significação, como se ele já não estivesse mais diante de um fato
simples, mas buscando algo “além dos dados” disponíveis. É a partir daí que surgiram as
teorias menos preocupadas com padrões de cientificidade para o campo das humanidades.
Uma forma de colocar a diferença entre o tratamento das ciências naturais e as ciências
humanas e sociais foi apresentada por Machado.
“As ciências naturais oferecem explicações causais dos fenômenos
naturais. Mas as explicações dos fenômenos sociais fazem um apelo
essencial aos propósitos das ações dos agentes sociais e uma explicação
que faz apelo a propósitos ou finalidades não é uma explicação causal.

10
Os propósitos da ação podem ser citados como razões para essas ações,
mas não como causas. Além disso, os propósitos das ações são valorados
pelos agentes sociais, e essa valoração deve ser considerada pela
explicação do seu comportamento. Por envolver uma referência aos
propósitos e valores dos agentes sociais, ao invés de chamá-las de
explicações, alguns as chamam de compreensões e as ciências sociais que
produzem compreensões são chamadas interpretativas. (MACHADO,
In http://alexandremachado.50webs.com/conferencias.htm, 2008, p.
3).
Podemos explicar por que Maria é contra programas de assistência social (como bolsa
para famílias pobres) dizendo que ela foi treinada desde pequena por sua família para pensar
que pobres são irresponsáveis e não gostam de trabalhar. Nesse caso, a crença de Maria não
depende de razões, mas é uma crença produzida causalmente pelo condicionamento familiar
e social sofrido. A crença dela foi causada por lavagem cerebral. Independentemente do que
viesse a ocorrer no mundo, ela continuaria acreditando. Algo bem diferente é dizer que ela
chegou até essa crença a partir do exame de dados e estudos sobre programas assistenciais.
Nesse caso, ela não foi determinada ou condicionada a acreditar que pobres são
irresponsáveis, mas formou um juízo a partir de informações. Se a realidade fosse diferente,
ela teria outra crença. Tem uma diferença muito grande em educar oferecendo razões e
educar por mecanismos causais de imposição de crenças. Se a abordagem que afirma que as
ciências humanas estão interessadas em propósitos e razões de ações, mas não em suas causas,
então, explicações causais do tipo “A crença A foi causada pelo evento B” não são adequadas
para o domínio das humanidades. No caso das ciências humanas, quando, por exemplo, um
trabalhador não consegue produzir ou se nega a levar uma vida produtiva podemos indagar
“por que isso está acontecendo?” e ao formular esse tipo de pergunta adentramos no âmbito,
como disse Machado, das propósitos, interesses e valores. Esse é o contraste célebre entre
explicar um comportamento (pelas correlações constantes entre as variáveis) e compreender uma
ação (compreender o sentido humano, portanto subjetivo, de uma iniciativa, o que supõe
uma forma ou outra de participação, ela também subjetiva, nessa significação).
Nas ciências naturais, o fim comum é estabelecer os fatos. Para chegar a entender os
fatos, é preciso adotar o que se chama às vezes uma atitude ‘objetivante’, uma atitude
comandada pelo ideal de uma objetividade do intelecto. Adotar uma atitude objetivante
significa despojar os fenômenos estudados de tudo o que revelasse, na parte dos
investigadores, um juízo pessoal. Tudo o que requer uma apreciação ou uma decisão deve ser
naturalizado ou suspenso, sem o que não se sairia da esfera das opiniões pessoais. Não restam
senão os fatos brutos, a materialidade dos fatos. Por sua vez, as ciências humanas fazem apelo
à interpretação, quer dizer, a um ato pessoal do inquiridor de compreender a realidade a
partir de um conjunto de evidências.

11
O procedimento de interpretar ou compreender não pode, no entanto, ser confundido
com uma atitude subjetiva do investigador. Tal procedimento não resultaria numa ciência,
mas num recolhimento de impressões pessoais sobre fatos. Uma das formas de explicar
aquilo que as ciências humanas procuram elaborar que é capaz de escapar do subjetivismo e,
por outro lado, do cientificismo naturalista, uma vez que não podemos dizer que se tratam de
leis causais no sentido estabelecido acima, foi elaborada por Descombes.
Segundo Descombes, uma possível descrição do trabalho das ciências humanas seria
capturar o “espírito objetivo”, mais além da interpretação puramente subjetiva. Falar de
espírito objetivo seria, segundo Descombes, falar de uma descrição do mundo que procura
retratar a vida e os conceitos próprias da humanidades, como parte de um conjunto de idéias
ou representações simbólicas que aparecem na vida social, na medida em que conversamos,
nos relacionamos e agimos. Ele chama esse edifício imaterial que acompanha toda a
existência humana de espírito objetivo, pois essas representações e símbolos são entidades que
podem ser concretamente abordadas.
Considere, por exemplo, o pensamento que um adulto de hoje tem sobre educação
dos filhos. A maioria das pessoas tem uma concepção mais ou menos clara do que seja educar
bem uma criança. Poderia ser dito que esse pensamento não é meramente pessoal, subjetivo,
mas distribuído entre várias pessoas, como uma noção comum, partilhada. A isso poderíamos
chamar de um espírito objetivo acerca da educação, um pensamento partilhado sobre a tarefa de
educar.
Falar do espírito objetivo é nos convidar a buscar uma
totalidade significante nas manifestações do espírito; é este aqui o
aspecto holista da noção, que implica uma tese sobre o espírito
(impossível de tratar sob uma maneira atomista). Mas há também uma
função epistemológica da noção. Ela serve para indicar como se faz a
reconstituição, pelo historiador ou pelo sociólogo, do objeto a
conhecer: o espírito objetivo é o dado, aquilo de que se vai partir, é o
que se trata de interpretar. O acento é posto sobre o aspecto sólido,
durável e transportável, dos “traços” e das “inscrições”. Aron escreveu,
a propósito da idéia de Dilthey: “cercada de um passado real, mas
inanimado, no meio de ruínas, de monumentos, de livros, o homem
constrói o mundo histórico porque ele deixa a vida em seus traços
espirituais”. (DESCOMBES, 1998, p.7)

O espírito objetivo, ou seja, a vida que deixamos para trás com seus traços espirituais
pode ser apreendido. Por exemplo: durante o feudalismo se deixou uma certa imagem
hierárquica da vida social, muito diferente da imagem que admitimos hoje. A descrição do
caráter interpretativo ou compreensivo das ciências humanas obedece duas condições: uma
condição de presença significante numa comunidade espiritual (significações), um conjunto de

12
valores comuns e idéias e, em segundo lugar, uma condição de exterioridade aos indivíduos,isto
é, os valores não são pessoais, subjetivos, “meus”, mas são da totalidade social da qual
participo.
A primeira condição corresponde a uma presença significante aos
membros do grupo: os homens vivem numa comunidade que é espiritual (no
sentido do alemão geistig). Isso quer dizer bem que a sociedade repousa sobre
idéias e valores comuns. Re-agrupemos tudo isso, idéias e valores, sob o termo
significações. A sociedade repousa sobre significações que as pessoas devem
reconhecer. Mas também, segunda condição, essas significações comuns
devem ser exteriores aos sujeitos do ponto de vista da origem, quer dizer, da
autoridade e da validade” (DESCOMBES, 1988, P. 10).

Descombes descreve a exterioridade como “a idéia que se apresenta sob as espécies de


uma coisa material”. “Exterioridade quer dizer que a idéia se apresenta a nós como uma regra
bem estabelecida e que não depende de nenhum de nós em particular”. Uma forma de
entender isso é reconhecer, por exemplo, que os costumes são um projeto humano
(comportar-se bem à mesa, não andar despido), mas, ainda assim, eles surgem como forças
poderosas que dominam nossas deliberações e ações. Isso quer dizer que elaborar uma teoria
na filosofia ou uma teoria na psicologia (não-experimental) consiste em interpretar os valores
comuns constitutivos de uma totalidade humana. Esse seria, segundo Descombes, o resultado
do trabalho das ciências humanas.
Um outro aspecto, referente à noção de espírito objetivo, deve ainda ser tratado aqui.
Descombes distingue entre espírito objetivo e objetivado. O espírito objetivado é da ordem
histórica, é aquilo que realmente aconteceu...como as idéias desenvolveram-se em fatos. Para
dar um exemplo, podemos imaginar que entre os políticos do início do século passado, havia
uma forte moralidade da honra. Essa moralidade centrada na honra pode ser caracterizada
como o espírito objetivo de uma época. Essa moralidade torna-se espírito objetivado em fatos.
A moralidade da honra levou Getúlio Vargas ao suicídio. O suicídio de Getúlio é um fato, é
o espírito (uma imagem) que tornou-se objetiva. O espírito objetivo é:
“a presença do social no espírito de cada um. Não é
portanto de modo algum uma relação a estranhos (que seria
preciso reunir, reencontrar, que seria preciso restaurar os
pensamentos a partir de documentos que temos). É ao
contrário uma relação de familiares, familiares com quem eu
não tenho de me reunir ou que interpretar, uma vez que eles
são já presentes no mais íntimo de mim mesmo, na minha
linguagem e no meu pensamento. O ápice do espírito
objetivado será encontrar as inscrições que nos são dadas a
compreender (como as inscrições dos Etruscos); nesse caso o

13
espírito (dos Etruscos) se exteriorizou tão completamente que o
retorno à origem é de fato impossível (salvo a descoberta de
novos documentos permitindo decifrar seus signos)”
(DESCOMBES, 1998, p. 13).

O ápice de um espírito objetivo de uma sociedade são os hábitos mais estáveis, as


idéias mais fundamentais, os usos melhor estabelecidos. Não se trata apenas de uma
antecedência histórica ou subjetiva. Trata-se de acontecimentos sedimentados. Aron citado
por Descombes explica que: “Os homens chegam à consciência ao assimilar, sem o saber,
uma certa maneira de pensar, de julgar, de sentir que pertencem a uma época, singulariza
uma nação ou uma classe (...). A individualidade biológica é dada, a individualidade humana
da pessoa é construída a partir de um fundo comum.”
É justamente esse fundo comum, essa individualidade humana construída, que as
ciências humanas encarregam-se de interpretar ou entender. Dizer que as ciências humanas
não reduzem suas afirmações à leis, significa dizer que nas ciências humanas o aspecto mais
importante é conseguir compreender as construções do espírito objetivo que estão por trás
dos fatos que constituem a realidade social que todos conhecemos. Num sentido geral, as
diferentes metodologias filosóficas são tentativas de capturar essas significações ou
compreensões sedimentadas no espírito de uma época. É por isso que é relevante estuda-las.
Vejamos, então, como podemos capturar compreensões ou significações, no sentido acima
aludido.

2.1 Métodos e técnicas de pesquisa em filosofia

As pesquisas na área da filosofia costumam ser delineadas a partir de orientações gerais


vinculadas ao método de análise e orientações específicas quanto aos meios ou procedimentos
técnicos de coleta de dados que farão parte do método. Antônio Carlos Gil (1996), classifica
as pesquisas quanto aos objetivos como sendo de três tipos fundamentais. A seguir
apresentaremos uma versão resumida das três.

A- Pesquisas Exploratórias:
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito
ou a construir hipótese. Pretendem principalmente buscar o
aprimoramento de idéias ou a descoberta de induções. Envolvem:
1- Levantamento bibliográfico 2- Entrevistas 3- Análise de exemplos
que estimulem a compreensão. Em geral, assume a forma de estudo
de caso e pesquisa bibliográfica.

14
B- Pesquisas Descritivas
Tem como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno. Pode também oferecer
correlações entre variáveis e definir a sua natureza. Não tem
compromisso de explicar os fenômenos que descreve. Utilizam-se
técnicas como o questionário e a observação sistemática.
C-Pesquisas Explicativas
Tem como objetivo central identificar os fatores que determinam
ou contribuem para a ocorrência de fenômenos, ou seja, explicar o
porquê, a razão de determinado acontecimento. Utilizam-se
técnicas experimentais e ex-post-facto. São as que mais aprofundam
o conhecimento de uma determinada realidade. (GIL, 1996, p. 45-
47)
Essa nomenclatura, como pode ser reconhecido, pode ser adequada para os trabalhos
nas áreas de humanidades, mais está mais próximas das ciências naturais e sociais aplicadas.
No caso da filosofia, as pesquisas costumam ser do tipo exploratório (especialmente aquelas
de graduação, pois o estudante está se familiarizando com um assunto) e, num sentido
frouxo, descritivas, pois em muitos casos há um estudo mais aprofundado da relação entre
conceitos e argumentos e suas implicações sobre nossa compreensão primária ou pré-reflexiva
(cotidiana) sobre determinado assunto (como o conhecimento). Nesse item, deve ser
observado que não é essencial dar atenção ao nome ou rótulo que os autores formulam. O
elemento realmente importante consiste na caracterização e delimitação clara e objetiva das
pretensões da pesquisas. Estabelecer esse delineamento inicial ajudará, posteriormente, a
fixar com maior rigor e clareza, como os objetivos serão buscados. Vejamos um exemplo
didático. Se você irá fazer uma pesquisa sobre o estatuto das emoções na moralidade, você
pode delinear a pesquisa escrevendo a seguinte frase: “A pesquisa terá como objetivo analisar
as principais argumentos adotados para defender que as emoções ou certos tipos de emoções
tem um papel moral relevante”. Ao adotar essa formulação ficará claro que você pretende
simplesmente conhecer o entendimento e legitimidade de certas teses sobre a relação entre
moralidade e emoções ou sobre a base afetiva da moralidade.

2.2 As metodologias de pesquisa

A expressão “método” deriva da língua grega e é composta por duas partes:


Metha: significa literalmente “além”, algo que não está ao meu alcance, que estou
perseguindo, que é um objetivo que pretendo alcançar.
Hodos: significa literalmente “caminho”.

15
Tomando o sentido etimológico dessas duas expressões na língua grega podemos dizer
que “método” é o “caminho para o além”. Essa expressão, traduzida literalmente, não deixa
revelar seu sentido. Podemos reinterpretá-la dizendo que meta é “objetivo” e caminho são os
procedimentos que adotamos. Método torna-se, assim, o caminho ou os procedimentos
seguidos para alcançar um objetivo, uma meta. Estudar metodologia ou pensar na
metodologia da pesquisa significa pensar nos procedimentos, nos caminhos que serão
seguidos para alcançar um determinado fim que temos em vista.
No caso daquele que faz ciência, do cientista ou pesquisador, esse fim é a produção
do conhecimento científico. A metodologia é, portanto, o estudo dos procedimentos que são
sistematicamente adotados nas diferentes ciências para produzir conhecimento científico. A
metodologia trata da face instrumental da pesquisa, fornece meios ou caminhos para alcançar
determinados fins estabelecidos pela ciência. A metodologia preocupa-se em explicitar os
procedimentos, instrumentos para obter resultados seguros na ciência.
Nos casos em que o estudante ou autor demonstrar maior traquejo com a prática da
pesquisa por tê-la vivenciado na graduação, seja na forma de projetos de iniciação científica
ou, mais particularmente, pela redação de monografias de conclusão de Curso, é relevante,
sempre que uma pesquisa for desenvolvida, que seja indicado o método de investigação. O
método é um elemento central na prática científica, pois ele determina boa parte dos
resultados e da leitura ou interpretação que será dadas para fatos e acontecimentos numa
dada investigação e é no interior do método que aparecem as técnicas apropriadas de
pesquisa.
Existem diferentes taxonomias metodológicas adotados em livros de metodologia.
Nesse material consideraremos que as pesquisas científicas empregam, de modo geral,
metodologias qualitativas e quantitativas.

2.2.1 métodos quantitativos

As metodologias quantitativas dão ênfase aos dados que podem, mediante


procedimentos de validação estatística, serem mensurados num determinado objeto ou
fenômeno estudado. Quando for adotada uma metodologia quantitativa faz-se necessário
definir quais as variáveis que serão operacionalizadas e mensuradas, o plano de amostragem e
a indicação de como os dados serão analisados e interpretados. Dado que as metodologias
quantitativas são mais aplicadas em experimentos e filosofia experimental ainda não é uma
tendência já assentada em nossa tradição de pesquisa, não abordaremos experimentos e
métodos quantativos.

2.2.2 Métodos qualitativos

16
As metodologias qualitativas conferem uma importância maior às informações que
expressam percepções, imagens, sentimentos, pensamentos, os quais apresentam dificuldades
de mensuração. Por exemplo: numa pesquisa sobre o perfil psicológico das crianças adotivas
pode-se, mediante mensuração das respostas obtidas a partir da aplicação de questionário, encontrar
como resultado a existência de uma maioria de crianças felizes e que lidam bem com o
desconhecimento do pai biológico. No entanto, qualitativamente, ou seja, observando e
conversando com os entrevistados pode-se detectar grande desconforto (através de
observação, história de vida, relatos, etc) com o desconhecimento dos pais biológicos. Nas
pesquisas qualitativas, o pesquisador dá muito mais ênfase a relatos e elementos visuais ou de
percepção que não aparecem nas pesquisas que empregam questionários e outras técnicas de
análise centradas na coleta de dados. No caso da filosofia, embora argumentos possam ser
avaliados formalmente e também objetivamente em função de sua plausibilidade ou
cogência, é uma convenção assumir que em filosofia as pesquisas fundam-se em intuições ou
evidência racional, algo que não pode ser imediatamente mensurado. Nesse sentido frouxo,
podemos dizer que os métodos da filosofia são qualitativos.

2.3 Métodos filosóficos

Os métodos mais comumente usados na filosofia são: hermenêutico, fenomenológico,


histórico-crítico, analise da linguagem comum e estruturalista. Contudo, existe uma
infinidade de métodos e taxonomias metodológicas adotados em livros de metodologia. A
seguir apresentaremos aqueles métodos que nos parecem consagrados na literatura filosófica
e, além disso, procuraremos oferecer uma descrição que, apoiada em exemplos, permitirá
tornar claro como o método interfere no modo de tratamento de um determinado tema.
Alguns métodos tem uma orientação mais positiva ou sistemática, estão atrelados à
interpretação textual, outros, possuem uma orientação mais ampla e pretendem situar a
filosofia no âmbito das demais ciências e avaliar como seu próprio objeto de estudo deve ser
abordado, para que se obtenha uma correta apreensão.

2.3.1 A hermenêutica ou método hermenêutico

A hermenêutica foi, desde seu surgimento no século XVII até o começo deste século,
entendida como a ciência e a arte da interpretação ou, ainda, como a doutrina que oferecia
as regras da interpretação competente. Era entendida, portanto, como uma ciência auxiliar,
que prometia oferecer as diretrizes metodológicas capazes de garantir a melhor interpretação
de um texto ou fenômeno da experiência. A hermenêutica, nesse sentido, sempre foi vista
como uma arte auxiliar, inclusive na área jurídica. A mais nova hermêneutica assume todavia
uma configuração distinta e encontrou problemas muito mais profundos sobre essa base
puramente histórica e interpretativa. O que significa compreender? Como é possível uma

17
compreensão se cada um tem seu horizonte de compreensão, que o antecede e condiciona
uma determinada pré-compreensão do objeto de sua análise? Quando a compreensão
encontra a verdade sobre os fatos, se compreender é um ato do sujeito e envolve uma série de
condicionantes históricos, psicológicos, etc.? São essas perguntas que a hermenêutica vem,
atualmente, procurando responder. Sobretudo a partir dos trabalhos de Dylthey, Gadamer e
Heidegger foi possível entender a hermenêutica como uma tentativa de compreensão da
realidade não mais como mera arte da interpretação, mas de um estudo das estruturas da
compreensão de ser, da historicidade do existente humano. É a partir dessa faceta que a
hermenêutica revela sua principal contribuição para o Direito, pois institui como regra
orientadora a idéia de que a verdade objetivada, a verdade que se busca no contexto da
aplicação da norma jurídica ou na configuração de um enquadramento legal, estão presentes
elementos da auto-compreensão do operador jurídico, o seu horizonte de compreensão, bem
como afastado o contexto de uma aplicação pura e retilínea da lei, como sentencia o
dogmatismo jurídico. Segundo a hermenêutica, elaborar um estudo do Direito envolve,
sobretudo, situar-se num contexto histórico e no contexto vivido, no mundo da vida, como
dizia Dilthey. A hermenêutica recusa a leitura da regra definitiva, absoluta e a interpreta
como situada num horizonte temporal, também chamada de hermenêutica da facticidade. De
todo modo, mesmo na renúncia ao eterno, o método hermenêutico “volta-se para as
possibilidades desveladoras de sentidos das pretensões de verdade, ou seja, volta-se para o
“verbum interius, por detrás de cada sentido exteriorizado (GRONDIM, 1999, p. 44-45).

2.3.2 O método fenomenológico

O método fenomenológico nasceu na filosofia, especialmente através de Edmund


Husserl. O preceito fundamental da diretriz metodológica da fenomenologia de “ir às coisas
mesmas”. Segundo esse modelo, o intérprete ou pesquisador deve permitir que, por trás de
toda a tradição interpretativa já constituída e que determina a compreensão de muitos
acontecimentos ou fenômenos, seja possível trazer de volta à luz os fenômenos puros, não
contaminados pela longa tradição de interpretação gerada na história e tradição. No Direito,
esse método foi mais adotado para ampliar o domínio das análises positivas, que não
buscavam adentrar no regime jurídico vinculando ocorrências como simples fatos
particularizados, desprezando o peso da tradição acumulada sobre um determinado instituto
jurídico e sem destacar a essência ou idéia, aquilo que é permanente e universal e que não
pode ser desprezado. Um exemplo que podemos oferecer aqui é o tratamento da questão
atual da pesquisa com seres humanos. O amplo debate gerado é motivado, por um lado, por
um conjunto de crenças religiosas, algumas já próprias do costume e, de outro, de
reducionismos pragmáticos, relativos à defesa de resultados que a manipulação genética pode
ocasionar na cura de doenças. Nessas situações, o fenomenólogo buscará identificar aquilo

18
que é universalmente aceito acerca da vida humana e das condições de intervenção nos
processos de reprodução da vida, para instituir posicionamentos jurídico-legais estabelecidos
segundo fundamentos que tenham referência ao mundo vivido, porém capaz de alcançar a
universalidade da idéia mesma de vida.
Husserl, o responsável pelo desenvolvimento desse método, admitia que existem
essências e conhecimentos relativos a elas e que constituía tarefa da filosofia a descrição das
essências. A tarefa do pensamento, especialmente filosófico, seria assim desenvolver uma
ciência pura das essências. A filosofia seria assim a ciência capaz de nos fazer ver o fenômeno
puro, livre de suas múltiplos condicionantes, sejam psicológicos, históricos ou mesmo pela
tradição de ciência. Assim, se quisermos saber o que é a vida, teríamos de evitar os múltiplos
condicionantes para buscar um conceito preciso e objetivo.

2.3.3 O método indutivo

A indução é um tipo de raciocínio que, seguindo determinadas condições, procura


extrair de um conjunto de observações ou fatos particulares uma lei geral. No caso desse
método, o filósofo irá considerar observações ou certos fatos da experiência como instâncias
de uma norma, buscando entender como é possível construir tipificações a partir de
acontecimentos concretos. Por exemplo: reconhecendo que relações afetivas informais
(uniões) são muito comuns e, embora não fixadas na legislação, instituem direitos legítimos,
o direito pode admitir alterações no código civil com vistas à integrar ao código a efetiva
proteção dos direitos dos cidadãos unidos por uniões informais. Nesse caso, a definição
daquilo que compõe o que é justo e deve ser protegido por uma lei é inferido de fatos
concretos observados no cotidiano.

2.3.4 O método dedutivo

No método dedutivo a compreensão de fatos particulares é dada a partir da norma


disponível ou lei geral. Assim, tomando o exemplo anterior, se poderia dizer que a norma
civil brasileira que estabelece como princípio fundamental a preservação da justiça e
moralidade permite derivar a a proteção de direitos de herança e outros bens e direitos às
uniões afetivas. Logo, pode-se deduzir logicamente, pelo princípio da justiça e moralidade, que a
união estável pode prever garantias similares àquelas do matrimônio. Outro exemplo: a
moralidade é um princípio de todo o ordenamento jurídico brasileiro. Pode-se pensar a lei da
responsabilidade fiscal como um caso particular desse princípio que informa todo o sistema
jurídico do Brasil.

19
2.3.5 o método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo fez escola na ciência jurídica, sobretudo por ter sido
defendido por um dos principais pensadores do Direito de todos os tempos: Hans Kelsen.
Kelsen defende a tese segundo a qual o fundamento de validade e o conteúdo de validade das
normas que constitutem um sistema são deduzidos por via de raciocínio dedutivo a partir de
uma norma pressuposta hipoteticamente como fundamental, cuja natureza é lógico-formal.

2.3.6 O método histórico-critico

Consiste em buscar o entendimento dos acontecimentos que compõem a ciência do


Direito a partir do seu desenvolvimento histórico, da sua gênese histórica, sem descuidar de
uma leitura crítica dos mesmos fatos. Poderia ser dito, ainda, que o método histórico critico
pretende compreender o direito na evolução de seus principais conceitos, categorias e
institutos. Maria Helena Diniz, por exemplo, escreveu um belo livro onde apresenta uma
leitura crítica, mostrando que o antigo código civil brasileiro era elitista, sexista, entre outras
características. Ora, uma tal descrição pressupõe que a análise do código civil seja
acompanhada por uma leitura da história dos acontecimentos à época e, além disso, de um
olhar crítico, buscando demonstrar os limites da compreensão relativa à dinâmica social, a
hierarquização das relações e do próprio entendimento daquilo que competia ao Direito
reconhecer como princípio legítimo a ser incorporado no ordenamento jurídico do Brasil.

2.3.7 O método dialético

Foi muito comum especialmente na época do surgimento das interpretações marxistas


da história e da dinâmica social. Esse método ainda aparece informando certas leituras dos
fenômenos do Direito comuns entre os adeptos de uma leitura crítica da realidade, que
procura enxergar nos acontecimentos sociais afeitos à ciência jurídica a presença de
contradições próprias do tecido social. Podemos citar, nesse quesito, a questão de uma leitura
comunitarista do direito de propriedade na Constituição Brasileira. Essa leitura encontra-se
amparada na idéia de que a propriedade cumpre função social e não constitui,
primeiramente, um bem ou direito individual. Ora, tal análise é efetivamente fundada numa
compreensão da dinâmica social como sujeita à contradições ou diversos interesses de classes
sociais distintas, que enfrentam situações desiguais. Nesse caso, as leituras individualistas,
mais canônicas no direito contemporâneo, poderiam ser interpretadas como pretendendo
desvelar a lógica de lutas sociais vividas no capitalismo.

2.4 As técnicas de pesquisa em filosofia

20
No interior do método, como um conjunto de instrumentos ou ferramentas que
permitem a obtenção de dados encontram-se as técnicas. As técnicas de pesquisa são
procedimentos importantes para a qualidade e validade dos resultados da investigação,
porém são subordinados ao método. Alguns métodos dependem de técnicas qualitativas,
outros de técnicas quantitativas, que tornam possível a posterior análise e mensuração
(questionário, especialmente). Numa mesma pesquisa é possível combinar várias técnicas
distintas. A seguir apresentaremos uma caracterização das principais técnicas de coleta de
dados.
2.4.1- Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica constitui a ferramenta básica de qualquer pesquisa. Praticamente
não existe pesquisa que não parta da leitura e análise de livros e outros materiais publicados.
Conforme explica Gil, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos. Através da pesquisa
bibliográfica o investigador consegue cobrir um conjunto de fenômenos muito maior do que
se poderia pesquisar diretamente. Uma dificuldade importante nestas pesquisas refere-se a
fidelidade do material utilizado. Muitas vezes as fontes apresentam dados coletados ou
processados de forma equivocada (GIL, 1991).

2.4.2 Pesquisa documental

Vale-se de material que não receberam tratamento analítico ou que ainda podem ser
reelaborados. Conforme Gil (1991), é realizada em documentos conservados no interior de
órgãos públicos e privados, ou com pessoas. Exemplo: registros, anais, regulamentos,
circulares, ofícios, memorandos, filmes, fotografias, informações em disquete, diários, cartas,
etc.

2.4.4- Observação
“A observação é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os
sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e
ouvir, mas também em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar” (LAKATOS,
1999, P. 90). A observação é uma técnica que aplica-se a fatos ocorridos ou em
desenvolvimento. Neste caso, o investigador não tem controle sobre as variáveis e são
consideradas no estudo situações que se desenvolveram naturalmente. A observação pode ser
sistemática e assistemática.
Observação assistemática: conforme Lakatos (1999, p.91), consistem em recolher e registrar
os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais e precise fazer
perguntas diretas. Conforme, ainda, Rudio (1979) citado por Lakatos (1999, p. 91) na
observação assistemática o conhecimento é obtido sem que se tenha determinado deantemão

21
quais os aspectos relevantes a serem observados e que meios utilizar para observá-los. No
entanto, uma pequena experiência em pesquisa é suficiente para reconhecer que a observação
assistemática é pouco comum, uma vez que toda a ação de pesquisa envolve algum grau de
intencionalidade do pesquisador e, portanto, de seleção de observações.

Observação sistemática: Segundo Lakatos (1999, p. 92) realiza-se em condições controladas,


para responder a propósitos preestabelecidos. Na observação sistemática o observador sabe o
que procura e o que carece de importância em determinada situação; deve ser objetivo,
reconhecer possíveis erros e eliminar sua influência sobre o que vê e recolhe.

2.4.7 Entrevistas

Segundo Lakatos (1999), a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que
uma delas obtenha informações sobre determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. Lakatos (1999, p.95) caracteriza as entrevistas do seguinte modo:

2.4.7.1 Tipos de entrevista:

A) Padronizada ou estruturada: É aquela em que o entrevistador segue um roteiro


previamente estabelecido. O pesquisador não é livre para adaptar suas perguntas a
determinada situação, de alterar a ordem dos tópicos ou de fazer outras perguntas.

B) Despadronizada ou não estruturada: O entrevistado tem liberdade para desenvolver


cada situação em qualquer direção que consiste adequada. Este tipo de entrevista possui três
variações que são:

- Entrevista Focalizada: Há um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai


estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as perguntas que quiser.
- Entrevista clínica: Trata-se de estudar os motivos, os sentimentos a conduta das
pessoas. Para este tipo de entrevista pode ser organizada uma série de perguntas específicas.
- Entrevista não dirigida: Há liberdade total por parte do entrevistado, que poderá
expressar suas opiniões e sentimentos. A função do entrevistador é de incentivo, levando o
informante a falar sobre determinado assunto, sem, entretanto, forçá-lo a responder.

C) Painel: Consiste na repetição de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas


pessoas, a fim de estudar a evolução das opiniões em períodos curtos. As perguntas devem ser

22
formuladas de maneira diversa, para que o entrevistado não distorça as respostas com essas
repetições.

2.4.8 Questionário

“Instrumento de coleta de dados constituído por uma série de perguntas, que devem
ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Em geral, o questionário é
enviado pelo correio para o entrevistado, depois de preenchido, o pesquisador devolve do
mesmo modo” (LAKATOS, 1999. p.100). Juntamente com o questionário é preciso enviar
nota ou carta explicando a natureza da pesquisa e a importância de se obter respostas,
tentando despertar o interesse do recebedor, no sentido de que preencha e devolva o
questionário dentro de um prazo razoável. Na elaboração do questionário devem-se levar em
conta os tipos, a ordem, os grupos de perguntas, a formulação das mesmas e também tudo
aquilo que se sabe sobre percepções, imagens, etc. Aqui podemos notar uma diferença
importante em relação à entrevista: enquanto o questionário não depende da presença do
pesquisador, a entrevista requer essa presença, de modo que se você for fazer uma pesquisa e
optar por formular um conjunto de questões e então apresentá-las verbalmente, a técnica
deverá ser caracterizada como entrevista e não questionário. A seguir apresentaremos os
exemplos de perguntas mais comuns conforme a classificação de Lakatos (1999).

2.4.8.1 Classificação das perguntas:

a) Abertas: são chamadas também de livres, pois permitem ao informante responder


livremente na direção que considerar pertinente. Nesse caso, corre-se o risco de não alcançar
a informação desejada.

Ex: Qual é sua opinião sobre a mudança de horário, em algumas regiões do Brasil, no verão?

b) Fechadas ou dicotômicas: também são chamadas “limitadas ou de alternativas fixas, são


aquelas que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não. Este tipo de
pergunta , embora restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho do pesquisador e a
tabulação, pois as respostas são mais objetivas” (LAKATOS, 1999, P. 103-104).
Ex: Os funcionários podem ou não ler emails pessoais no local de trabalho?
1- Sim ( )
2- Não ( )

c) Múltipla escolha: são perguntas fechadas , mas que apresentam uma série de possíveis
respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto. Existem vários tipos de questionário

23
que utilizam questões de múltipla escolha:

- Perguntas com mostruário: as respostas possíveis são estruturadas junto a pergunta, devendo
o informante assinalar uma ou várias delas. Têm a desvantagem de sugerir respostas
(LAKATOS, 1999, P. 105).

Ex: Qual é para você a principal vantagem de morar com os pais?


ASSINALE APENAS UMA RESPOSTA
1. ( ) Maior tempo para dedicar-se aos estudos
2. ( ) não pagamento de aluguel e outros gastos
3. ( ) apoio emocional

- Perguntas de estimação ou avaliação: consistem em emitir um julgamento através de uma


escala com vários graus de intensidade para um mesmo item (LAKATOS, P. 105). As
respostas sugeridas descrevem um grau de intensidade na ocorrência que está sendo medida
que pode ser crescente ou descrente.

Ex: As relações entre funcionários de empresas diferentes costumam ser:


1. Ótimas ( )
2. Boas ( )
3. Regulares ( )
4. Más ( )
5. Péssimas ( )

- Perguntas de fato: as perguntas de fato referem-se a aspectos objetivos da vida das pessoas
que estão sendo questionadas. Podem constar informações sobre trabalho, renda, idade, etc.

Ex: Qual é a sua área de trabalho?


1. Educação ( )
2. Negócios ( )
3. Esportes ( )
4. Serviço publico ( )

- Perguntas de Ação: Referem-se a atitudes ou decisões tomadas pelo indivíduo no


passado remoto ou recente. Essas questões diferenciam-se das perguntas de intenção, pois as
perguntas de intenção dizem respeito ao futuro. Lakatos (1999, p. 107) apresenta o seguinte
exemplo:
O que você fez no último fim de semana?
( )Viajou ( )Praticou esportes

24
( )Ficou em casa ( )Assistiu a algum espetáculo
( )Visitou amigos ( )Outro Qual?

- Perguntas de ou sobre intenção: Tentam averiguar o procedimento do indivíduo em


determinadas circunstâncias (Lakatos, 1999, p. 108).

Em relação aos relacionamentos afetivos, você pretende:


1. continuar casado ( )
2. separar-se ( )
3. permanecer solteiro ( )

-Perguntas de opinião: Representam a parte fundamental da pesquisa e servem para obter


maiores informações sobre um assunto que ainda não existem indicações claras do tipo de
avaliação do público pesquisado.

Ex: Em sua opinião, qual o número ideal de membros para realização de trabalho em grupo
em atividades escolares
1. indefinido ( )
2. três a quatro ( )
3. quatro a cinco ( )
4. contra trabalho em grupo ( )

- Perguntas-Índice ou Perguntas-Teste: Segundo Lakatos (1999, p. 108) as perguntas indíce


são utilizadas sobre questões que suscitam medo quando formuladas diretamente, fazem
parte daquelas consideradas socialmente inaceitáveis. Mediante este tipo de perguntas,
procura-se estudar um fenômeno através de um sistema ou índice revelador do mesmo. É
utilizada no caso em que a pergunta direta é considerada imprópria, indiscreta.

Ex: qual a sua opinião sobre casamento inter-racial?


1. Proibiria seus filhos ( )
2. Em geral é contra ( )
3. Em alguns casos é aceitável ( )
4. Não tenho opinião formada ( )
5. É favorável ( )

25
Entrevistas e questionários são, em geral, adotadas quando o pesquisador deseja medir a
relação entre certas variáveis, as quais admite-se que podem estar envolvidas na ocorrência de
um certo acontecimento ou fenômeno. Antes de aplicar os questionários, é essencial
proceder o pré-teste dos instrumentos.

26
3 TRABALHOS ACADÊMICOS

Anteriormente apresentamos os métodos e técnicas mais comuns nas ciências


humanas. A partir de agora, passaremos a apresentar como trabalhos científicos ou
acadêmicos devem ser produzidos. Como você sabe, uma vez que uma pesquisa foi
desenvolvida, o próximo passo é divulgá-la. A divulgação se dá em livros, artigos de revistas e
em trabalhos escolares que são, frequentemente, adotados por professores como exigência
para aprovação semestral.

3.1- Estrutura do Relatório Técnico-científico

Existem dois tipos básicos de relatórios. O relatório das áreas científicas (como
biologia, química, física, etc.) e os relatórios de pesquisa das áreas de humanidades e ciências
sociais aplicadas. A estrutura dos relatórios desses dois grupos de ciências tem algumas
pequenas diferenças. Abaixo apresento a estrutura de cada um deles.

3.1.1 Estrutura de Relatórios Técnicos-Científicos

1 Introdução: Na introdução, deve-se situar o tema, fornecendo os elementos fundamentais


para maior compreensão do trabalho, os objetivos e também a justificativa e relevância da
pesquisa.
2 Referencial teórico: O quadro de referência teórica deverá ser apresentado no relatório
para fornecer uma compreensão genérica da teoria (ou teorias) que serviu de base à
elaboração da pesquisa.
3 Materiais e Métodos
Indica-se os materiais e procedimentos seguidos para a realização das atividades de
investigação compreendidas na pesquisa.
4 Apresentação dos resultados
Na apresentação e análise dos dados o pesquisador deverá, ao categorizar e organizar
seus dados, selecionar aqueles que são relevantes para os objetivos previstos no trabalho. Ao
transcrever os resultados, a interpretação deles é feita em relação às informações apresentadas
no referencial teórico e pode levar a comprovação ou rejeição das hipóteses iniciais de
pesquisa.
5 Discussão dos Resultados

27
Deve-se, nesse item, assinalar os resultados indicando sua “significação”, aquilo que eles
comprovam acerca do tema estudado e para maior compreensão ou solução do problema de
pesquisa.
6 Considerações Finais
As conclusões e recomendações são resultados normalmente de uma reabordagem dos itens
anteriores. O relator deverá, nas conclusões, fazer uma síntese geral do conteúdo do trabalho,
evidenciando os aspectos mais importantes da pesquisa.
7 Referências: Nas referências deve-se apresentar as obras citadas e consultadas.

3.1.2 Relatórios nas áreas de humanas e sociais aplicadas

I- Introdução: Na introdução, deve-se situar o tema, fornecendo os elementos fundamentais


para maior compreensão do trabalho, como seus objetivos principais e como eles foram
perseguidos. Na área de ciências humanas, aparece na introdução a metodologia utilizada no
desenvolvimento da pesquisa. Nas áreas científicas, como foi visto acima, esse item aparece
separado, geralmente depois do referencial teórico. Na introdução aparecem também (não
subdivididos em seções) os itens da justificativa da justificativa e relevância da pesquisa, bem
como a indicação resumida dos principais resultados.

II-Referencial teórico: O quadro de referência teórica também deverá passar pelo mesmo
tratamento, incluindo o aprofundamento teórico sobre o tema obtido durante o percurso da
investigação.
III- Apresentação e análise dos resultados

Na apresentação e análise dos dados, o pesquisador deverá , ao categorizar e organizar


os seus dados, selecionar o conteúdo a ser apresentado. Informam-se todos os elementos
relevantes e necessários para a comprovação ou rejeição das hipóteses. O item resultados é
considerado um dos mais importantes do relato final da pesquisa. Ao transcrever os
resultados, a interpretação deles é feita em relação às hipóteses. Deve-se também assinalar o
significado dos resultados conseguidos para maior compreensão ou solução do problema-
objeto de estudo.

V- Considerações Finais

As conclusões e recomendações são resultados normalmente de uma reabordagem dos itens


anteriores. O relator deverá, nas conclusões, fazer uma síntese geral do conteúdo do trabalho,
inserindo algumas observações críticas julgadas convenientes.Nas conclusões deve-se
evidenciar os aspectos mais importantes da pesquisa. Nas recomendações, pode-se avaliar o

28
processo de pesquisa sugerindo outras áreas a serem enfocadas em relação ao problema ou
modificações importantes para assegurar o êxito de novas pesquisas.

VI- Apêndices/anexos: Caso existam tabelas, gráficos e quadros elaborados pelos


pesquisadores, eles podem ser incluídos nos apêndices ou anexos.
IX- Referências: Nas referências deve-se apresentar as obras já incluídas no anteprojeto e as
obras acrescidas durante a execução da pesquisa propriamente dita.

3.2 Artigos científicos

Artigo científico é um texto escrito para ser publicado numa revista especializada e
tem o objetivo de comunicar os dados de uma pesquisa, que pode estar concluída ou em
andamento. É importante observar as orientações para publicação presentes nas Revistas ou
Periódicos onde pretende submeter o artigo à publicação. Artigos de revisão também pode
servir para publicação como capítulos de livros. Nesse caso, dispensa-se a elaboração de
resumo. Há dois tipos de artigos reconhecidos pela ABNT: artigo de revisão bibliográfica e o
artigo científico, que discute e apresenta resultados de uma investigação experimental ou
aplicada. No artigo de revisão, a estrutura envolve:

3.2.1 Artigos de Revisão

1- Resumo e Palavras-Chave; além do título e credenciais do pesquisador, aparece um


resumo e palavras chaves em português e uma versão do Resumo e das Palavras-chave em
uma segunda língua (geralmente em inglês); O resumo contém 250 palavras, em geral, ou
2500 caracteres. Roteiro: apresentação do tema, do problema, dos objetivos e justificativa,
metodologia e breve indicação dos principais resultados. Não há divisão de texto e apenas
uma entrada de parágrafo.

2- Introdução: Onde são estabelecidos, entre outros aspectos, a delimitação da pesquisa, os


problemas de que trata, os objetivos desejados, a justificativa, metodologia e breve resumo do
conteúdo do artigo

3- Referencial Teórico (corpo do trabalho que deve receber os títulos e subtítulos


considerados apropriados pelo pesquisador ). Indica-se o estágio de investigação do problema
a partir da bibliografia disponível e, dependendo do grau de profundidade, elaboram-se
críticas e argumentos a favor de teses avançadas na literatura existente sobre o tema.

29
4- Considerações finais
Onde são indicadas de modo sintético as descobertas do autor e sua significação para o tema
em questão e para outros pesquisas.

5- Referências: indicação das fontes pesquisadas e citadas

3.3 Resumos de livros

O resumo consiste em fazer uma apresentação sintética das principais teses defendidas por
um autor, bem como das sub-teses e argumentos adotados para sustentar as afirmações feitas.
Para desenvolver essa apresentação da posição de um autor num determinado assunto ou
tema, deve-se buscar a condensação do texto ou extração das idéias substanciais. A realização
do pressupõe a leitura analítica, isto é, a leitura com concentração e focada na lógica interna
do texto, buscando, posteriormente, reproduzir uma síntese do trabalho que está sendo
resumido. Essa síntese poderá ser feita com as palavras do autor ou do leitor sem ferir a
mensagem do escritor. Deve-se observar que é importante citar passagens do texto que está
sendo resumida para confirmar às afirmações veiculadas. Israel Azevedo recomenda “-Não
resumir antes de levantar o esquema e preparar as anotações da leitura; redigir usando frases
breves, objetivas, acrescentando referências bibliográficas e observações de caráter pessoal”.

*Os resumos compõem-se das seguintes fases:


Ler e reler o texto, procurando entendê-lo a fundo;
Procurar a idéia tópico de cada parágrafo.
Relacionar e ordenar as idéias dos parágrafos, parágrafo por parágrafo;
Escrever a síntese, formando frases com todas as idéias principais;
Confrontar a síntese com o original para que nada de importante seja omitido;
Redigir, finalmente , com bom estilo e com as próprias palavras.
Fonte: AZEVEDO, 2003

3.4 Resenhas (de livros)

Embora a maioria dos estudantes e professores mostrem-se confusos quanto ao


verdadeiro sentido da resenha, considerando-a, muitas vezes, um resumo de um texto, a
resenha é um importante meio de divulgação e debate científico, uma vez que é produzida
para apresentar e apreciar a qualidade científica, social, ideológica, formal de livros
publicados. Ela distingue-se do resumo por envolver necesssariamente uma apreciação do

30
material que está sendo resenhado, recomendando, criticando, elogiando as idéias do autor
ou a leitura do texto. Nesse sentido, uma boa resenha pressupõe um profundo conhecimento
da temática que está em questão e pode originar impacto na comunidade acadêmica,
especialmente quando publicada em revistas especializadas,com análises, apreciações e críticas
pontuais. Abaixo apresentamos as três partes principais de uma resenha, tal como foi
apresentado por Israel Azevedo (2004). Essas três partes não precisam vir distribuídas
exatamente conforme orientamos. Elas podem e, muitas vezes, aparecem intercambiadas,
dependendo do estilo de escrita do autor. Para iniciantes na prática científica recomenda-se,
em todo caso, a adoção do modelo.

31
4.2.1 Roteiro para a elaboração de uma resenha
1-Introdução
Objetivos da introdução da resenha:
-Contextualizar o autor e sua obra no universo cultural, mostrando a genealogia da obra.
-Interessar o leitor pela resenha e pela obra em questão
Extensão: 10 a 20% da extensão total da resenha
Estrutura interna:
-Parágrafo de interesse
-Contextualização do autor e da obra
-Parágrafo de transição para resumo
2 Desenvolvimento
Objetivos do item desenvolvimento
-Resumir (reescrever sinteticamente) o conteúdo da obra
-Destacar as linhas centrais do pensamento do autor
Extensão: 60 a 70 % da extensão total da resenha

Estrutura interna:
-Introdução: resumo do resumo, para mostrar as partes constitutivas básicas da obra
-Resumo: Síntese do pensamento do autor
-Conclusão: Fecho do resumo
-Parágrafo de transição para crítica
3-Crítica ou conclusão

Objetivos do item crítica:


-Apreciar a obra, recomendando-a ou não ao leitor
-Fazer sugestões ao autor e/ou editor (editora) da obra

Extensão: 20 a 30% da extensão total da resenha

Estrutura interna:
-Juízo sintético sobre a obra
-Explicação do juízo
-Sugestões ao autor
-Apreciação final (recomendação de leitura)

Itens para crítica


Da edição:
-Erros/acertos quanto a revisão textual
-in/existência (e atualidade) de índices, ilustrações, etc.
-Apresentação (capa, folha de rosto, impressão, etc)
Do conteúdo
-Erro/acertos quanto as informações veiculadas (datas, nomes, estatísticas, etc)
-Seriedade da documentação (Extensão, qualidade e atualidade das referências bibliográficas intermediárias e
finais; uso crítico dos autores; criteriosidade das citações, etc

Das idéias
-Diálogo com as idéias básicas do autor
-Desvelamento ideológicos de suas propostas e análise das suas conseqüências
-Avaliação dos argumentos apresentados
FONTE: AZEVEDO, 2005, P.

32
Observações gerais:
- O título da resenha deve ser diferente do título da obra. Em revistas de circulação em
bancas ou jornais, recomenda-se títulos criativos, que chamem a atenção do leitor. Para
resenhas que serão publicadas em revistas acadêmicas, os títulos devem acompanhar as
convenções da área.
- A referenciação da obra, conforme a ABNT, pode ser feita à direita, no início da resenha ou
na capa. (Ver exemplo do Prof. ).
-Deve-se observar que não existem subdivisões na resenha. As mudanças de assunto ou tópico
são evidenciadas pelo próprio exercício da escrita e organização do texto.
- Indicar, sempre que necessário, citações literais extraídas do texto que está sendo resenhado.

3.5 Trabalhos acadêmicos para avaliação semestral

Em alguns casos, os professores podem exigir a realização de um trabalho


sobre um texto ou outro material bibliográfico/áudio -visual. Esses trabalhos
devem respeitar, quanto ao conteúdo, a seguinte estrutura:
a) Introdução
É a parte do trabalho onde o assunto é apresentado como um todo, sem
detalhes, deve fornecer uma visão global da pesquisa realizada, incluindo a
delimitação do tema e do problema tratado, a formulação de hip óteses, a
justificativa, os objetivos da pesquisa e a metodologia de abordagem e/ou
procedimentos.

b) Desenvolvimento
Também chamado corpo do trabalho, tem por finalidade expor e
demonstrar; é a fundamentação lógica do trabalho. Propõe o que vai provar, e m
seguida explica, discute e demonstra. Normalmente é dividido em seções, que
variam em função da natureza do assunto tratado.
Nessa parte do trabalho são colocadas os títulos e sub -títulos do trabalho,
devidamente numerados, conforme o assunto que o auto r do trabalho escolher.

c) Conclusão
Trata-se da recapitulação sintética dos resultados da pesquisa, ressaltando o
alcance e as conseqüências de suas contribuições, bem como seu possível mérito.
Deve ser breve e basear-se em dados comprovados no desenvolvimento. Não se
permite a inclusão de dados novos na conclusão.

33
4.Como responder uma prova em filosofia?

Não existe um manual, capaz de garantir o sucesso do aluno ao responder uma prova,
seja em filosofia, seja em qualquer outra área do conhecimento. Não existe, pois a
aprendizagem é um processo pessoal, além de haver vários tipos de provas e variações entre as
expectativas e preferências de professores (com entendimentos distintos do que é exigido para
que o aluno tenha um aproveitamento acadêmico adequado). O que será apresentado a
seguir são orientações gerais (que devem ser obrigatoriamente adaptadas a diferentes
contextos) sobre a realização de provas escritas ou discursivas, ou seja, provas em que o aluno
é estimulado, a partir de uma questão formulada pelo professor, a escrever em forma de texto
uma resposta. Assim, boa parte do que direi nessa seção será válido também para qualquer
pessoa que pretenda escrever um texto. A diferença mais importante é que numa prova o
mote do texto é dado por um conteúdo já examinado previamente (com análise em aula e
com textos definidos dentro de uma tradição de investigação ou abordagem de um assunto) e
costuma ser bastante específico (de um modo que permita escrever respostas não tão longas
quanto um texto propriamente dito). Antes de examinar os aspectos que devem ser atentados
no processo de escrita é conveniente indicar alguns pontos preliminares da relação da prova
com a aula. Machado elenca 5 fatores para o bom desempenho de alunos em aula (que,
naturalmente, produzirão reflexos na prova):
(1) Atenção em aula (o que exige freqüência). Um momento de distração pode
comprometer o entendimento de todo um tõpico, dado que se trata da exposição de
teorias e argumentos.

(2) Anotações feitas em aulas de pontos importantes. Mas saiba parar de anotar
quando a atenção na explicação ẽ mais exigida. Se a explicação for bem entendida, a
anotação será uma questão de memória.

(3) Leituras sistemãticas em casa e acompanhadas de anotações (especialmente a


leitura dos textos recomendados, mas tambẽm de bibliografia auxiliar e das
anotações feitas em aula). A leitura deve visar três objetivos principais:
(i) memorizar afirmações e argumentos; (ii) compreender afirmações e argumentos;
(iii) ser capaz de expor e explicar afirmações e argumentos.

(4) Redação de textos, para verificar o entendimento e a memõria (ilusão de


entendimento ẽ muito comum). Esse fator é muitíssimo importante, mas
normalmente negligenciado em favor da leitura. Muitas vezes acredita-se que uma
afirmação ou argumento foi bem entendido, embora não se consiga explicá-lo.
Todavia, não saber explicar é um sintoma de falta de entendimento. Escrever
baseando-se apenas na memória é uma excelente maneira de testar a memória e,
principalmente, o entendimento daquilo que foi lido.

34
(5) Participação por meio de perguntas, sejam elas feitas durante uma exposição,
sejam formuladas em casa durante as leituras e trazidas para a aula ou enviadas por e-
mail (não envie e-mails dizendo que não entendeu nada). Perguntar exige coragem
para expor-se à crítica e a exibição de desconhecimento. Mas críticas são o que nos
fazem melhorar, na medida em que apontam para o que não está bem no nosso
trabalho. Por outro lado, desconhecimento é algo normal em uma fase formação
acadêmica. Perguntas devem ser feitas mesmo que pareçam muito elementares.

A falha em qualquer um desses fatores pode resultar em um mau desempenho nas


avaliações. Filosofia ẽ uma disciplina tão difĩcil quanto qualquer outra e exige ao
menos tanto esforço quanto as demais. A maior parte do trabalho que o aluno deve
fazer para aprender ele deve fazê-lo fora da sala de aula. A aula serve para assistir a
uma exposição didática do assunto e, principalmente, para fazer perguntas e tirar
dũvidas. (MACHADO, A. Diretrizes de aula. Disponível em:
https://sites.google.com/site/alexandrenoronhamachado/diretrizes-de-aula. Acesso
em: 04 de março de 2016).

Como está claramente indicado no texto, o sucesso na realização de provas depende muito de
um aspecto exterior à prova: o comprometimento pessoal do aluno com o estudo. Esse é o
primeiro ponto fundamental para fazer uma boa prova. Sem estudar, o que significar ler,
fazer exercícios e tirar dúvidas com o professor ou colegas (eventualmente participando de
estudos em grupo), não há como ter um bom desempenho nas avaliações. Depois de estar bem
preparado, de colocar-se numa condição de alguém que conhece os conteúdos abordados, o
aluno estará em condições de responder a prova. O ato de preparar-se para a prova é, no
entanto, distinto do ato de responder. Estar preparado, ter estudado bastante, não significa
que a nota será boa, pois além de saber os conteúdos exigidos pelo professor, o aluno deve
saber ou ter a habilidade de comunicar esse conteúdo para uma outra pessoa (o professor)
que não possui poder de adivinhação e, embora possa, não deve faz inferências sobre “o que
o aluno quis dizer” numa determinada passagem da resposta. Por isso, além de estudar, o
aluno deve ficar atento às orientações que deverão ser seguidas para escrever. Machado
apresenta orientações importantes sobre o modo adequado de responder uma prova. Eles diz:

(a) Clareza da formulação. Não multiplique o vocabulãrio sem necessidade, ou


seja, não substitua uma expressão por um sinônimo sõ para não repeti- la. Procure
usar o vocabulãrio estabelecido em aula. Entre duas formulações, um clara, mas não
muito bonita, e outra bonita, mas não muito clara, prefira sempre com a primeira.

(b) Relevância. Responda o que foi pedido, nem mais, nem menos. Não escreva
tudo o que vem ã mente sobre um tõpico achando que tudo vai ser valorizado. (Essa
ẽ uma maneira de “chutar” numa avaliação discursiva.) O que for irrelevante vai ser
desconsiderado, mesmo que seja verdadeiro. Procure deixar clara a parte principal da
resposta, isto ẽ, aquela que diz explicitamente o que a pergunta pede.

35
(c) Habilidade lõgica. Tome cuidado para não cometer erros lõgicos graves, como
contradições, circularidades ou inferências inválidas. Certifique-se de ter enunciado
as premissas quando usar um indicador de conclusão.

(d) Completude e concisão. As avaliações terão limite de tempo e espaço.


Administre-os bem. Não deixe de escrever algo achando que o professor jã sabe, pois
não ẽ o professor que estã sendo avaliado. Procure explicar como se a explicação se
dirigisse a alguẽm que não sabe nada sobre o assunto. Mas seja conciso e concentre-se
no essencial, usando frases curtas e claras. (MACHADO, A. Diretrizes de aula.
Disponível em: https://sites.google.com/site/alexandrenoronhamachado/diretrizes-
de-aula. Acesso em: 04 de março de 2016. )

Dadas essas considerações iniciais, cabe agora avançarmos para orientações em torno
do exercício efetivo da escrita. Em geral, as perguntas discursivas feitas em provas de filosofia
são diretas. Por exemplo: “Explique a teoria cognitivista das emoções” ou “Quais são os
argumentos céticos apresentados por Descartes na Primeira Meditação? Indique e explique-os
com detalhe”. O primeiro passo para formular uma boa resposta para questões dessa natureza
é responder obviamente o que está sendo indagado. Embora você possa estar rindo ao ler
essa último frase, devo dizer que é muito comum encontrar provas com respostas certas, mas
que não respondem o que foi efetivamente questionado. A primeira orientação para
responder uma prova é: 1) Leia com atenção a pergunta e formule a resposta para a pergunta
feita (e não dê outra resposta qualquer, ainda que correta, que lhe veio à mente e que você lá
colocou, por não saber a resposta adequada). Uma forma de conseguir fazer isso é começar a
resposta repetindo parte do enunciado da pergunta. Por exemplo: Se a pergunta for
“explique a teoria cognitivista das emoções”, para forçar sua mente a não desviar o foco da
questão, você pode começar a resposta assim: “A teoria cognitivista das emoções afirma que
as emoções são entidades psicológicas constituídas por uma combinação de elementos
afetivos e estados psicológicos como crenças avaliativas. O aspecto cognitivo deriva da
admissão de juízos avaliativos (que são baseados em crenças e a crença tem um caráter
epistêmico) como componentes das emoções”. Essa é uma resposta simples e direta, que
indica o essencial da questão. Depois de ter enunciado a resposta correta e direta, o aluno
deve indicar argumentos e exemplos ilustrativos para tornar patente ao leitor (o professor)
que ele não só decorou uma resposta automática, mas que também domina o tópico em
questão. Para tanto, cabe, desenvolver aspectos relevantes da primeira frase escrita, de forma
linear e sem perder o raciocínio inicial. Isso pode ser feito usando expressões da língua
portuguesa que servem para ligar partes do texto, de modo a formar um todo ordenado. Por
exemplo: Para continuar, poderíamos usar a expressões como “com relação a”, “acerca de”,
etc. Veja o exemplo: “com relação ao aspecto afetivo das emoções, cabe indicar que todas as
emoções possuem uma fenomenologia, um componente sentido. O medo, por exemplo, é
acompanhado de um conjunto de sensações de pavor, etc e o pensamento ou juízo que x (um
animal ou acontecimento, pessoa) é perigoso. A teoria é denominada de cognitiva justamente

36
por afirmar que as emoções não são meramente afetos, mas contém crenças como a crença “x
é perigoso”. Retirando esse aspecto da emoção do medo, não teríamos o medo propriamente
dito, mas alguma outra emoção ou um conjunto de percepções que nada significariam”. Aqui
você já ofereceu um complementação rica e fecunda da primeira frase. Embora essa não seja
uma receita infalível, a única coisa que ainda caberia fazer na questão é completar o
raciocínio inicial. Para completar, você pode retomar o fio da meada inicial e introduzir um
indicador de conclusão como “sendo assim, dessa forma, em síntese, etc”. Você poderia
terminar assim: Sendo assim, o que caracteriza fundamentalmente a teoria cognitiva das
emoções é a tese que as emoções são compostas por juízos ou crenças sobre estados de coisas
e essas crenças desempenham um papel central na individuação de cada emoção, permitindo
distingui-las com mais clareza de outras formas de compreensão das emoções. Emoções não
são afetos ou impulsos afetivos brutos, mas envolvem juízos avaliativos sobre a realidade. Por
terem essa dimensão cognitiva de avaliação, a teoria é chamada de teoria cognitiva.

Observações importantes:

- Não escreva recados (nem elogios) para o professor na avaliação, do tipo “leia com carinho
minha prova, professor” ou “suas aulas foram ótimas”! Para a maioria dos professores, esses
recados soam como um recurso psicológico improdutivo, pois um professor rigoroso,
independente do que você disser, não alterará seu padrão de exigência. A troca respeitosa de
amenidades ou mesmo alguns tipos de dificuldades entre professores e alunos é
pedagogicamente salutar, mas o momento apropriado não é a prova.

- Não existe hierarquia entre disciplinas ou alunos. Por isso, nunca mencione que “estou
me formando e preciso passar” ou “não pude estudar para essa prova, pois estava estudando
para outra”. As disciplinas dos últimos semestres não têm nenhum caráter especial. O mesmo
é verdadeiro dos professores. Embora alguns possam ser mais exigentes, não é produtivo
mencionar tais aspectos verbalmente para receber algum tipo de atenção especial do professor
na sua avaliação.

- Avaliações são parte do processo de aprendizagem do aluno. Uma prova não é a avaliação
de uma vida e nem mesmo um veredicto final. É comum aprendermos certos conteúdos no
momento que nos deparamos com eles numa prova ou numa apresentação pública. Por isso,
procure sempre discutir a prova com o professor, pedindo que ele explique os erros e acertos
que você fez, pois a prova é uma ocasião privilegiada para determinar se você está
entendendo bem um assunto. Muitos professores são abertos à revisão de sua avaliação. Se
quiser discutir a avaliação, agende um horãrio fora do horãrio de aula.

37
5. O cinema como ferramenta de pesquisa filosófica

A relação entre cinema e filosofia é tão antiga quanto o próprio cinema. Nos nossos
dias, essa relação se tornou ainda mais clara pelo aparecimento de filmes que exploram
explicitamente temáticas de cunho filosófico. Para citar apenas alguns exemplos, qualquer
espectador de filmes recentes como Matrix, O Show de Truman, Eu quero ser John Malcovich,
Invasões Bárbaras, Minority Report, é capaz de localizar, com grande facilidade, o papel que
certas imagens filosóficas desempenham na trama que é apresentada ao espectador. Em
Matrix e no Show de Truman, somos convidados a considerar a possibilidade que a realidade
inteira de nossa vida seja o produto de uma ilusão, uma espécie de sonho ou véu, e onde o
descobrimento da realidade última de nossa vida, a matriz por trás desse véu, aparece como
algo inteiramente vedado para uma experiência humana. Qualquer leitor da República de
Platão ou das Meditações de Descartes reconhece a origem filosófica dessas imagens.
A força com que certos temas e alegorias de cunho filosófico são representadas no cinema,
tornou possível o esboço de um movimento que muitos autores contemporâneos chamam de
filosofia e filme. Tal movimento consiste basicamente em reconhecer que, da mesma maneira
que os textos clássicos da história da filosofia permitem colocar e provocar a reflexão acerca
de aspectos centrais da condição humana (aqueles que classicamente foram objeto de
interesse da filosofia), tal tarefa pode também ser cumprida através do recurso a narrativas
aparentemente estranhas à estrutura textual como é o caso do filme. Assim, seria possível
fazer filosofia a partir de certos filmes, onde questões filosóficas são abordadas e permitem
interlocução com questões filosóficas. Nesse sentido, o cinema pode ser visto como uma
ferramenta para a introdução e discussão de problemas filosóficos relevantes.
Por outro lado, o próprio cinema também responde por inquietações comuns de uma época
e se constitui num dos principais instrumentos de formação do homem nas sociedades
contemporâneas. Estabelecer uma reflexão filosófica a partir de filmes pode tornar possível a
recuperação de um certo envolvimento do filósofo com questões práticas ligadas à cidadania
e a condição humana em tempos de crise (como ocorre no registro das sociedades chamadas
pós-modernas). Assim, tratar o cinema como uma linguagem filosófica seria uma forma de
recuperar a antiga moldura do filósofo como alguém capaz de oferecer respostas para
questões prementes no contexto de uma vida em transformação. Cinema é, nesse sentido,
filosofia através das imagens, uma vez que permite através de metáforas e do uso de
elementos como o som e a dramaticidade cênica formular questões filosóficas de um modo
peculiar e oferecer alternativas de resposta que textos argumentativos (da filosofia usual) não
permitem.

38
A utilização do cinema como ferramenta filosófica visa a desenvolver a percepção de
problemas filosóficos em filmes e detectar alternativas de abordagem de um modo mais livre
e imagético (em relação à literatura e aos textos filosóficos). Recomenda-se a leitura do texto
do Prof. Jonadas indicado nas referências para um aprofundamento desse tópico.

39
4 ORIENTAÇÕES PARA DIGITAÇÃO, INDICAÇÃO DE REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS E CITAÇÕES.

5.1 Orientações para digitação


Neste item, recomenda-se a aquisição e consulta ao manual MDT da UFSM

5.2 Orientações para paginação

Consultar livro de normas da UFSM.

5.2-Citações:

Citação é a menção no texto de uma informação colhida de outra fonte,


como esclarecimento ao assunto em discussão ou reforço à idéia do autor.
As citações podem ser feitas através de dois sistemas diferentes:
a) sistema autor-data;
b) sistema numérico.
Qualquer que seja o método adotado, ele deve ser seguido coerentemente
ao longo de todo o trabalho.
As normas para citação devem ser seguidas conforme o manual d a UFSM.

5.4-Normas para indicação de referências bibliográficas (conforme ABNT)

A) Regras Gerais de Apresentação

 A ordenação da lista de referências pode ser alfabética, sistemática (por assunto) ou


cronológica. As referências devem ser numeradas consecutivamente, em ordem crescente;
 O nome do autor de várias obras referenciadas sucessivamente deve ser substituído por
um traço e ponto (equivalente a seis espaços) nas referências seguintes à primeira.
 As referências somente devem ser alinhadas à margem esquerda do texto, em espaço
simples e separadas entre si por espaço duplo.
 Indica-se uma referência observando a seguinte ordenação de elementos essenciais:

SOBRENOME DO AUTOR, prenome. Título em itálico. Subtítulo em letra normal. Número


da edição (a partir da 2. ed.). Local de publicação (Cidade): Editora, data de publicação.

40
Exemplo:
ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência. uma introdução ao jogo e suas regras. 18. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1993.

Consultar o manual da Unisc para demais casos.

5 EXERCÍCIOS E DEMAIS MATERIAIS QUE SERÃO UTILIZADOS NA


DISCIPLINA.

6.1 - Exercícios para entendimento das concepções indutivista e falsificacionista da natureza da ciência
Elaboração em grupos de até 5 alunos.

1) Formule um exemplo de explicação científica de algum fato, de acordo com a explicação


indutivista (indução, condições de generalização, dedução) e falsificacionista (problema,
hipótese, teste empírico, novo problema, nova hipótese, teste empírico,
corroboração/falsificação) da natureza da ciência.

Exemplos de situações para a explicação indutivista:

- Quais as razões envolvidas no aumento da gravidez na adolescência?


- Quais os fatores responsáveis pela quebra da maioria das empresas que são criadas no Brasil?
- Quais as principais causas da corrupção no Estado Brasileiro?

Exemplos de situações ou fatos para a explicação falsificacionista:


-Problema: Queda no número de pedidos para a empresa X.
Problema: Ocorrência de lesões musculares em atletas.
Problema: descongelamento das calotas polares.

6.2- Exercícios de organização de referências bibliográficas:Ano de publicação: 1998

6)Autores: Ruy Brunetti e Fernando Luiz Brunetti


Obra: Odontogeriatria – Noções de interesse clínico (sub-título)
Local: São Paulo

41
Editora: Artes Médicas
Ano de publicação: 2002
Número de páginas: 481

7)Autores: Maria Lucia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins


Obra: Filosofando
Local: São Paulo
Editora: Moderna
Ano de Publicação: 1986
Número de páginas: 445

8)Autores: Harold Kaplan, Benjamin J. Sadock e Jack A. Grebb


Obra:Compêndio de psiquiatria – ciência do comportamento e psiquiatria clínica (sub-título)
Local: Porto Alegre
Editora: Artes Médicas
Número de páginas: 342
Tradução: Deise Batista
Ano de publicação: 1997
Edição: 7ª

9)Autores: Ilza R. Jardim, Eloy B. Justo, Marlou Z. Pelegrini


Obras: Ensino de 1º e 2º graus – estrutura e funcionamento (sub-título)
Local: Porto Alegre
Editora: Moderna, Sagra
Número de páginas: 272
Ano de publicação: 1988
Edição: 5ª

10)Número de páginas: 228


Local: Rio de Janeiro

42
Autores: Paulo Veloso, Clésio dos Santos, Paulo Azevedo, Antônio Furtado
Ano de publicação: 1983
Edição: 14ª
Obra: Estrutura de dados
Editora: Campus

11)Obra: A universidade no contexto regional


Autores: Milton Dalbosco, Valdecir Marcon, João C. Henrich, Pedro Silveira

12)Autor do capítulo: Francisco Guilherme de Almeida Salgado


Organizador da Obra: Pedro Roberto Jacobi
Obra: Ciência ambiental – os desafios da interdisciplinariedade (sub-título)
Local: São Paulo
Título do capítulo: Estudo de impacto ambiental, uma avaliação crítica
Página do capítulo: 83 a 106
Editora: Annablume
Edição: 1ª
Ano de Publicação: 1999

13)Autor do capítulo: Fernando Becker


Organizador da obra: Sérgio Farina
Obra: Apresentação de trabalhos escolares
Título do capítulo: Como tomar apontamentos
Página do capítulo: 33 a 44
Editora: Multilivro
Edição: 8ª
Ano de publicação: 1986

14)Edição: terceira

43
Editora: Atlas
Páginas do capítulo: 75 a 96
Obra: Marketing
Capítulo: Marketing Estratégico
Ano de publicação: 1992
Local: São Paulo
Autor do capítulo: Philip Kotler
Autor da obra: Philip Kotler

15)Edição: Quarta
Editora: Berthier
Página do capítulo: 96 a 198
Obra: A religiosidade do homem gaúcho
Capítulo: Função dos colégios religiosos na cultura dos gaúchos
Ano de publicação: 1990
Local: Passo Fundo
Autor do capítulo: Egon Schuster
Autor da obra: Egon Schuster

16)Obra: Actiones Utiles


Ano de Publicação: 1974
Autor: Emílio Valiño
Local: pamplona
Número de páginas: 428

17)Obra:Filosofia e história da educação


Autor: Claudino Piletti, Nelson Piletti
Número de páginas: 110

18)Autores: Inácio Helfer e Clarice Agnes

44
Obra: Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos
Edição: Sexta – revisada e ampliada
Local: Santa Cruz do Sul
Editora: EDUNISC
Número de páginas:64
Ano de publicação: 2003

19)Autor do capítulo: Maria Célia Simon


Organizador da obra: Leda Maria Huhne
Obra: Metodologia Científica
Local: Rio de Janeiro
Título do capítulo: A consciência Mítica
Editora: agir
Edição: terceira
Ano de Publicação: 1989
Páginas do capítulo: 75 a 96

20)Autor: Daniela Carejon Trevisan


Artigo:Tendências recentes da gestão do ensino: a autonomia escolares
Revista: Doxa – revista paulista de psicologia e educação – UNESP
Número: 1 e 2
Local: São Paulo
Páginas: 45 a 64
Volume: 6
Data: 1995

21)Artigo: Aristóteles, a filosofia e a busca do universal


Revista: Redes – revista do mestrado em desenvolvimento regional da UNISC
Autor: Renato Nunes
Número: 1

45
Local: Santa Cruz do Sul
Páginas: 219 a 225
Data: 1999

22)Artigo: Casa Grande e Senzala


Revista: Veja
Autor: Maurício Lima
Número:35
Volume: 1767
Páginas: 46 a 47
Local da publicação: São Paulo
Data: Setembro de 2002

23)Artigo: O hipertexto como metáfora


Revista: Conexão - comunicação e cultura – UCS
Autor: Ana Cláudia Gruzynski
Número: 1
Volume: 1
Local da publicação: Caxias do Sul
Páginas: 129 a 138
Data: Jan. Fev. Mar. de 2002

24)Artigo: Da contribuição da moderna divisão do trabalho para a formação de uma teoria


científica.
Periódico: Barbarói – revista do departamento de ciências humanas e do departamento de
psicologia da UNISC
Número: 12
Local da publicação:Santa Cruz do Sul
Páginas: 183a 194
Data: 1998

46
25)Periódico: Jornal Zero Hora
Artigo: Incêndio destrói igreja do séc. XVIII em Goiás
Local: Porto Alegre
Página:26
Data: 06 de setembro de 2002

26)Periódico: Jornal Zero Hora


Artigo: Acidentes provocam duas mortes no estado
Local: Porto Alegre
Página: 32
Número:13.981
Ano: 40
Data: 01 de dezembro de 2003

27)Periódico: Jornal Folha de São Paulo


Local: São Paulo
Autor: Pedro Alexandre Sanches
Artigo: Para ver a menina
Página: 1
Caderno: Folha Ilustrada
Data: 05 de setembro de 2002
28)Revista: Época
Local: São Paulo
Autor: Jorge Vilana
Artigo: Cem anos de utopia
Página:32
Número: 288/24
Data: 24 de dezembro 2002

47
6.3 Elabore uma resenha do texto indicado pelo professor.

6.4 Elabore um resumo do texto indicado pelo professor.

6.5 Faça um projeto de pesquisa, estágio ou monografia a partir das orientações apresentadas pelo
professor.

REFERÊNCIAS

AGNES, C. HELFER, I. Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos. Santa Cruz do Sul:
Edunisc, 2007
CANDELORO, R.J.; SANTOS, V. Trabalhos acadêmicos. Uma orientação para a pesquisa e
normas técnicas. Porto Alegre: Editora AGE, 2006.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Editora Brasiliense. São Paulo:1993

DESCOMBES, Vincent. Por que as ciências morais não são ciências naturais? In:
LAFOREST, Guy; LARA Philippe de. Charles Taylor et l’interprétation de l’identité
moderne.Tradução de Katarina Peixoto. Laval: Les Presses de l’Université Laval, Centre
Culturel Internacional de Cerisy-la-Salle – Cerf –, 1998, pp. 53-77.

DOMINGUES, Ivan. Epistemologia das ciências humanas. Positivismo e hermenêutica. São Paulo:
Loyola, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de pesquisa. 3. Ed.São Paulo: Atlas, 1996
HEGENBERG, Leonidas. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo:
EPU/EDUSP, 1973.

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de Pesquisa. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1990.

48
LEAL, Monia. Manual de metodologia da pesquisa para o direito. Santa Cruz do
Sul:EDUNISC, 2007.
MACHADO, A. N. Diretrizes de aula. Disponível em:
http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/p/material-didatico.html. Acesso em: 02 de
março de 2016.

TECHIO, J. Cinema e Filosofia. Por quê? Como? Onde? Disponível em:


https://www.academia.edu/4358170/Cinema_e_Filosofia_Por_qu%C3%AA_Como_Onde.
Acesso em: 04 de março de 2016.

TRIVIÑOS, A . Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1987.


Ventura,Deisy. Monografia jurídica : uma visão prática. 2. ed. atual. Porto Alegre: Liv. do
Advogado, 2002.

49

Você também pode gostar