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Seminário Unido de Ricatla

Teologia

Pós laboral-1° ano


Cadeira: Método de Estudo

Tema: Cativeiro Babilónico

Pastor: Olga Maria Rachaze

Discente: Carminda Matsinhe


Lídia Novela

Maputo, Novembro de 2019


Índice

Introdução ..................................................................................................................................... 2
Cativeiro Babilónico ...................................................................................................................... 3
Impacto na cultura judaica ............................................................................................................ 3
Entendimento das Testemunhas de Jeová ................................................................................... 3
Outros usos da expressão "Cativeiro Babilónico" ......................................................................... 4
Conclusão ...................................................................................................................................... 6
Bibliografia .................................................................................................................................... 7

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Introdução

A Bíblia está cheia de histórias de emigração e exílio, sendo a primeira a expulsão da


humanidade do jardim do Éden (Gn 3,23-24). Correlativamente, conta histórias de
imigração e de regresso. Sendo variações sobre 0 mesmo tema, algumas dessas histórias
devem inspirar- se umas nas outras, mas é difícil saber quais foram os modelos e quais
as cópias. As que ocupam mais lugar têm por cenário o Egipto e a Babilónia. O êxodo
do Egipto e o exílio na Babilónia estão entre os temas mais frequentes e mais relevantes
da Bíblia hebraica e marcaram profundamente os seus primeiros herdeiros, porventura
mais o judaísmo do que o cristianismo. Reserva-se o nome de «exílio» à deportação
resultante da conquista do reino de Judá pela Babilónia entre 597 e 587/6 a. C. O exílio
tornou-se o ponto de referência tradicional da história bíblica. Esta divide-se entre o
período que o precede e o período que o segue. Os estudos histórico-críticos adoptaram
esta mesma divisão. A maioria dos historiadores retocou-a no sentido de uma maior
precisão, distinguindo na história do chamado «antigo Israel» o pré-exílio, o exílio e o
pósexílio.
Alguns falam dos períodos do primeiro e do segundo templo ou dos períodos
monárquico e pós-monárquico mas o ponto de referência é sempre o mesmo, pois,
segundo a opinião geral, a destruição do
templo salomónico e a supressão da monarquia judaica foram, como o exílio,
consequências da conquista babilónica.
As divisões da história do «antigo Israel» estenderam-se à arqueologia palestinense, a
qual considera 587/6 a. C. como o fim do período do ferro. Tendo sido concebida como
a serva da história do «antigo Israel», é natural que a arqueologia da Palestina fosse
modelada, na medida do possível, à imagem da sua senhora.
Diga-se de passagem que o «Israel» e o «antigo Israel» de que falamos não são
obviamente o reino de Israel, 0 qual fora extinto em 722/1 a. C. Neste contexto, «Israel»
é outra realidade a que a tradição
bíblica - e toda a gente com ela - também dá esse nome. É uma realidade dificilmente
delimitável, pois os seus contornos flutuaram no decorrer dos séculos e nunca
coincidiram com as fronteiras de uma entidade política. Com frequência dois ou mais
grupos disputaram-se o título de Israel. O «antigo Israel» é uma espécie de projecção
desse Israel ideológico/teológico na história do Próximo Oriente. Baseando-se
no conhecimento dessa história, mas sobretudo nos relatos bíblicos, os historiadores
tentam situar o Israel ideológico no quadro histórico do Próximo Oriente antigo. O
resultado dessa operação é a chamada «história do antigo Israel».

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Cativeiro Babilónico

O Cativeiro Babilónico ou Babilônico também chamado de Exílio ou Cativeiro na


Babilónia (pt) ou na Babilônia (pt-BR), é o nome geralmente usado para designar o
exílio dos judeus do antigo Reino de Judá para a Babilónia por Nabucodonosor II. Este
período histórico foi marcado pela atividade dos profetas do Antigo Testamento,
Jeremias, Ezequiel e Daniel.
A primeira deportação teve início em 609 a.C.. Em 598 a.C., Jerusalém é sitiada e o
jovem Joaquim ( Jeconias ou Conias) rei de Judá, rende-se voluntariamente. O Templo
de Jerusalém é parcialmente saqueado e uma grande parte da nobreza, os oficiais
militares e artífices, inclusive o Rei, são levados para o Exílio em Babilónia. Zedequias,
tio do Rei Joaquim, é nomeado por Nabucodonosor II como rei vassalo.Precisamente 11
anos depois, em 587 a.C., houve uma nova rebelião no Reino de Judá, ocorre a terceira
deportação e a consequente destruição de Jerusalém e seu Templo.Governando os
poucos judeus remanescentes na terra de Judá – os mais pobres - ficou Gedalias
nomeado por Nabucodonosor II. Dois meses depois, Gedalias é assassinado e os poucos
habitantes que restavam fogem ao Egito com medo de represálias,deixando a terra de
Judá (ex-Reino de Judá) efectivamente sem habitantes e suas cidades em ruínas. É certo
que o período de cativeiro "em Babilónia" terminou no primeiro ano de reinado de
Ciro II (538/537 a.C.) após a conquista persa da cidade de Babilónia (538 a.C.).
Em consequência do Decreto de Ciro, os judeus exilados foram autorizados a regressar
à terra de Judá, em particular a Jerusalém, para reconstruir o Templo.

Impacto na cultura judaica

Quando o povo judeu (israelitas) regressou à terra de Judá, encontrou uma mescla de
povos os samaritanos que praticava uma religião com alguns pontos comuns com a
religião do Antigo Israel baseados na lei de moisés. As hostilidades cresceram entre os
judeus Impacto na cultura judaica que regressavam e os samaritanos, uma divisão
religiosa que permanece.O Cativeiro em Babilónia e o regresso do povo judeu à terra de
Judá, foram entendidos como um dos grandes atos centrais no drama da relação entre o
Deus de Israel e o seu povo arrependido em parte. O caso do Reino de Judá foi muito
diferente do destino das 10 Tribos que formavam o Reino de Israel Setentrional. Tal
como o Antigo Israel tinha sido predestinado como povo para serem libertos da
escravatura no Egito, agora os judeus estavam predestinados a serem punidos por Deus
usando o Império Neobabilónio e, mais uma vez,libertos. Esta experiência coletiva teve
efeitos muito importantes na sua religião e cultura. Marca o surgimento da leitura e
estudo da Torá nas sinagogas locais na vida religiosa dos judeus dispersos pelo
mundo.

Entendimento das Testemunhas de Jeová

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Do ponto de vista histórico secular, as evidências parecem confirmar a cronologia neo-
babilónica que fixa a destruição de Jerusalém em 587 a 586 AEC. No entanto, segundo
a perspectiva das Testemunhas e conforme expresso nas suas publicações, existe a
Entendimento das Testemunhas de Jeová possibilidade de que o actual quadro da
história babilónica possa ser enganoso ou errado.
As Testemunhas de Jeová consideramque ela pode ser usada como medida na avaliação
da história e dos conceitos seculares. Além disso, de acordo com as referências citadas
(A Sentinela 1° de outubro de 2011, pág. 26-31/A Sentinela 1° de novembro de 2011,
pág. 22-27),indicam evidências históricas nesse sentido. As Testemunhas datam a
destruição de Jerusalém cerca de vinte anos mais cedo, ou seja, em 607 AEC.
Uma das bases desta crença são as palavras do profeta Jeremias que predisse que os
babilónios destruiriam Jerusalém, e transformariam a cidade e o país numa desolação.
(Jeremias 25:8-9). Em seguida o profeta acrescentou:
 Jeremias 25:11"E toda esta terra terá de tornar-se um lugar devastado, um
assombro, e estas nações terão de servir ao Rei de Babilônia por setenta anos."
NM Tradução do Novo Mundo
Argumentam que Daniel teria confiado que a referência a setenta anos não seria
simplesmente um número redondo mas uma cifra exacta visto que, conforme
mencionado em Daniel 9:1-2, o escritor bíblico cita a seguinte profecia de Jeremias:

 Jeremias 29:10"Assim disse Jeová: De acordo com o cumprimento de setenta


anos em Babilônia, voltarei minha atenção para vós, e vou confirmar para
convosco a minha boa palavra por trazer-vos de volta a este lugar." (NM)
Assim, as Testemunhas, de maneira peculiar, creem que os setenta anos
mencionados por Jeremias são aduração do exílio dos judeus em Babilónia, e
não da hegemonia neobabilónica, pois o próprio versículo diz que Deus estava
se referindo à disciplina que daria especificamente ao seu povo.
Os 70 anos seriam anos literais de desolação da terra de Judá, e em particular, de
Jerusalém, que ficaria desabitada e as suas cidades em ruínas.
De acordo com tal entendimento, se subtrair 70 anos a 537 AEC, o ano do
restabelecimento dos judeus em Jerusalém, teria sido 607 AEC o ano do início do Exílio
judaico em Babilônia. As datas antes da AEC são em valores negativos. Por isso deve-
se subtrair e não somar.

Outros usos da expressão "Cativeiro Babilónico"

Segue abaixo uma lista de algumas aplicações interessantes da expressão que foram
feitas.
 "Cativeiro Babilónico do Papado" (ou"Cativeiro da Igreja Católica") refere-se à
estadia curta do Papado em Avinhão,França, entre 1309 e 1378, quando o Papa
ficou detido por ordem do rei francês. Veja também Papado de Avinhão.
 "Escravatura Babilónica" (ou "Escravatura Egípcia") foi expressão usada pelos
judeus que trabalhavam nos campos de concentração durante o governo Nazi e
de Joseph Stalin, em consequência do Pacto germanosoviético de 1939.
Expressão usada por alguns grupos judeus ao serem soltos dos campos de concentração.
Por exemplo, em 1942, um grupo de polacos judeus graças a Wladyslaw Sikorski com o
acordo de Stalin, liderados por Wladyslaw Anders, vai para a Pérsia, hoje chamado de
Irão (ou Irã).

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Wladyslaw Anders chegou a ser chamado de o Moisés polaco. Mas, a maioria dos
judeus teve que esperar pelo Acordo de Repatriamento de 1945, ou pela Amnistia de
1956,concedida por Khrushchev. Expressão usada pelas Testemunhas de Jeová para
designar a prisão de 14 membros da Directoria da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados (dos EUA), entre 1918 e 1919, sendo Joseph Franklin Rutherford, o Presidente
da Directoria.

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Conclusão
Findo o trabalho concluimos que os exilados de Judá gozavam de liberdades comuns
aos cidadãos babilônios. Tinham liberdade de culto. Podiam organizar-se
comunitariamente. Não eram escravizados. O único fato que lhes limitava a liberdade
era a ausência do direito de retornarem à sua pátria.
Neste sentido, os escritos bíblicos deste período trazem mais um retrato do ânimo do
povo exilado que a sua real situação. Assim, é possível afirmar com Herbert Donner que
“Os sofrimentos dos exilados eram interiores e não se baseavam em suas condições de
vida” . O estudo, ao tratar da invasão persa à Babilônia, demonstrou que Ciro era o
depositário das esperanças tanto do povo judeu quanto dos próprios babilônios que se
viram livres do rei Nabonido, tido como impiedoso pelos sacerdotes de Marduk.
Enfim, “é preciso não subestimar o papel do cativeiro de Babilônia. A ele deveu Israel,
em todos os domínios, essa profunda reflexão sobre si e essa espiritualização que
permitiram recobrir de carne viva os ossos dessecados dos mortos do deserto” . Afinal,
o período do exílio deu início a uma nova formulação da fé que se desenvolveu no
chamado judaísmo do segundo tempo e deixou marcas que aparecem ao longo de toda
Sagrada Escritura.

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Bibliografia

 Flávio Josefo. The Antiquities of the Jews, Book 11, Chapter 1 .


 . Venha o Teu Reino, publicado em 1981 pela Sociedade Torre de
Vigia de Bíblias e Tratados, no Apêndice ao capítulo 14, pág.
186-190,/ A Referências Conteúdo disponibilizado nos termos da
CC BYSA
 .0 , salvo indicação em contrário.Sentinela 1° de outubro de 2011,
pág. 26-31 /A Sentinela 1° de novembro de 2011, pág. 22-27.

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