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Fruto do Espírito – as 9 características*

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão,
temperança.

Gálatas 5:22

Porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e verdade.

Efésios 5:9

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de
bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.

Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa
contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;

Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.

Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só
corpo; e sede agradecidos.

Cl 3:12-15

Os frutos do Espírito - são nove as características ou “graças” da vida vivida no Espírito, talvez organizadas
em três grupos de três. (não são pré-requisitos da nossa aceitação por Deus, e sim, manifestações
espontâneas da mesma (Mt 7.16-20 // Lc 6.43-45). As nove características naturalmente andam juntas,
não como os dons do Espírito (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-11). Onde se encontra o amor as outras virtudes
aparecem logo em seguida e o amor é a cola que une todas em perfeita harmonia (Cl 3.14). Quando o
fruto do Espírito se manifesta na vida daquele que está “no” Messias, estamos numa esfera onde a lei não
tem nada a ver (v.23 cf. 1Tm 1.9). É a esfera somente do Espírito do Altíssimo, a nossa maior dádiva.

Vamos às características do Fruto do Espírito, essenciais em nosso caminhar (Fp 2:15)

Primeira tríade: virtudes “interiores” – O primeiro grupo estaria


referindo-se às qualidades espirituais mais básicas: amor,
alegria, paz. Diz respeito principalmente à relação com Deus e
que influencia todos as outras virtudes. O Amor é o maior de
todos os dons e por isso também o primeiro na lista.

Amor – 1 Coríntios 13

O amor aqui como em Gálatas é a palavra ágape (ou agaph), que significa afeição ou
benevolência, caridade; é substantivo de agapao – amar. É utilizado para se tratar acerca da boa-vontade
para com os outros, o amor fraternal que nos foi ordenado pelo Senhor Jesus. É o amor que provém de
*ver catálogo de virtudes: Gl 5:22-23; Ef 42-3; Fp 4.8; Cl 3:12; 1 Tm 6:11; 2 Tm 2:22,24-25; 1 Pe 3.8-9; 2
Pe 1:5-7
Deus (Rm 5:5, Ef 2:4 e Cl 3:5), e que foi mostrado por Cristo (2 Cor 5:14) como exemplo de amor. Ao
conhecer e praticar este amor somos verdadeiramente cheios de Deus (Ef. 3:19) e nos tornamos filhos (1
Jo 3:1). É o tipo de sentimento que deve ser demonstrado sem esperar nada em troca do outro, e de
forma espontânea mesmo que o outro não corresponda. É o cumprimento da lei e o meio pelo qual a fé
opera (Gl 5:6). É o maior desafio das Escrituras, amar aos outros como Deus nos ama (Ef 5:25), obedecer
a Deus como prova do nosso amor (Jo 14:15) e permanecer amando (Mt 5:43-48). Em contraste com as
paixões da carne, vazias e passageiras, este amor nunca falha (1 Coríntios 13:8) e é a maior prova de nossa
comunhão com Deus pois é o maior dom a ser exercido (1 Cor 13:13 e Cl 3:14).

Gozo

A palavra chara, que é alegria, satisfação, júbilo. Lembrando Neemias 8:10 “... não vos
entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. Porque o reino de Deus não é comida nem bebida,
mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Romanos 14:17). Em Lc 10:20,21a Jesus exorta seus
discípulos : “Mas não vos alegreis porque se vos sujeitam os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso
nome escrito nos céus. Naquela mesma hora, se alegrou Jesus nos Espírito Santo...” Esta alegria vem do
Espírito Santo e por meio dEle para que seu nome seja glorificado “ ....óleo de gozo por tristeza, veste de
louvor por espírito angustiado, afim de que se chamem árvore de justiça, plantação do Senhor, para que
ele seja glorificado.” Um dos livros do Novo Testamento que fala mais claramente sobre alegria foi escrito
por um homem que sofreu muito. Enquanto ele estava na prisão, onde às vezes lhe faltava o essencial,
Paulo escreveu a seus irmãos em Filipos: "alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos" (Fl
4:4). Esta alegria não depende de nossas circunstâncias físicas ou do dinheiro, ou das provações pois estas
acontecem para nos levar à perfeição de Cristo (Tg 1:2-4).

Paz

Aqui o vocábulo é eirene que vem da palavra eiró (unir-se, ligar-se a) e traduz paz tanto em
sentido literal (viver em paz com os outros) como figurado (viver em paz consigo mesmo), é resultado da
reconciliação com Deus por meio da Graça divina (Rm 5:1) e tem sentido de retornar à unidade, neste
caso àquela que Adão tinha com Deus mas perdeu e recebemos de volta por meio de Cristo para
podermos viver em paz uns com os outros (Hb 12:14) e nos tornarmos um nEle (Romanos 12:5). Esta paz
não é como a do mundo – “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a dá...”
João 14:27 mas é “... a paz de Deus, que excede todo o entendimento...” Fp 4:7.

Segunda tríade: o segundo grupo indicaria aquelas virtudes que


se manifestam nas relações sociais: longanimidade, benignidade
e bondade. A menção da paz previamente é, por assim dizer, um
liame natural entre o primeiro e o segundo grupo, porquanto
esta virtude é com frequência contrastada com as contendas
entre os homens, e porque este segundo grupo descreve
aquelas virtudes que os crentes revelam em seus contatos entre
si e com os demais homens.

Longanimidade

É usado a palavra makrothymeo, que significa ser tolerante, paciente, suportar pacientemente
que é da mesma raiz de markrothymôs que é um advérbio significando “com temperamento tolerante”.
É a junção das palavras makros – muito tempo, e thynos – ira, fúria para se referir a atitude de ser tardio
em irar-se, em ser paciente conforme se observa em Mt 18:26,29, 1 Cor 13:4, 1 Ts :.14,). É ser tolerante
mesmo quando os outros nos atacam ou dificultam nossas vidas., tendo em vista que Deus é longânimo
conosco. Deus tem dado tempo suficiente ao homem para se arrepender de seus pecados (2 Pedro
3:9,15). Este ponto é comentado por Calvino como “a suavidade da mente, a qual nos dispõe a levar tudo
com otimismo, não permitindo a suscetibilidade.” Paulo nos ensina que devemos andar dignamente,
como testemunho da nossa fé sendo longânimes com nossos irmãos (Ef 4:1,2). A longanimidade ou
paciência não é apenas um atributo humano, mas também divino, visto que o mesmo é atribuído a Deus
(Romanos 2:4; 9:22) e a Cristo (1 Timóteo 1:16), bem como ao homem (2 Coríntios 6:6; Colossenses
3:12,13; 2 Timóteo 4:2).

Benignidade

O termo utilizado é chrestotes, que expressa uma excelência moral em caráter ou


comportamento, é gentileza e representa algo proveitoso, é a graça que permeia toda a natureza
suavizando tudo que seria áspero e austero e descreve a disposição de uma pessoa para fazer algo
proveitoso. Foi pela sua benignidade por meio de Cristo que Deus nos salvou (Ef 2:6,7), estando nós ainda
imersos no pecado (Tito 3:3-7). Deus, o Pai, nos viu nessa situação, como escravos de todo tipo de
pecados, incapazes de nos salvarmos e nos resgatou através de seu Filho e por ação do seu Espírito Santo
para nos fazer coerdeiros de Cristo (Rm 8:17)

Bondade

Agathosyne é o termo utilizado aqui, e vem de um adjetivo – agathos (benevolente) – e significa


virtude ou beneficência. É sinônimo de euergesia – Boas obras e mostra que a bondade é uma disposição
para fazer o que é proveitoso para o próximo assim como ocorreu na parábola do bom samaritano (Lc
10:25-37). Esta palavra ressalta a generosidade em dar mais do que alguém merece e foi a palavra que
Jesus usou para descrever o homem que pagou ao seu empregado mais do que seu trabalho realmente
valia (Mateus 20:15). Como luz do mundo devemos mostrar nossa bondade para com nosso próximo e
buscar desenvolver este fruto em nossas vidas pelo Espírito Santo. A bondade é agir com misericórdia
para com aqueles que precisam de ajuda, disso Jesus falou : “... Misericórdia quero e não sacrifício...” (Mt
9:13), onde o termo eleos (misericórdia) assume o sentido de bondade em geral. É necessário
reconhecermos que a bondade de Deus nos alcançou e precisamos seguir seus passos como discípulos de
Cristo e manifestarmos a bondade do Senhor a todos os homens.

Terceira tríade: Esse grupo estaria relacionado ao seu modo de


vida, sua forma de ser com você mesmo.

O termo pistis empregado aqui tem o sentido de boa-fé, fidelidade, sinceridade, pontualidade
no cumprimento de promessas, cuidado consciente em preservar aquilo que é comprometido à nossa
confiança, em restaurá-lo ao seu proprietário devido, em manejar o negócio nos confiados, nem trair o
segredo de nosso amigo, nem desapontar a confiança de nosso patrão. Jesus diz que os fariseus
desprezavam a fidelidade (Mt 23:23). E Paulo menciona que a incredulidade não aniquila a fidelidade de
Deus (Rm 3:3) e incentiva Timóteo a seguir a fé (2 Tm 2:22; 3:10). Por meio dela somos como ornamento
da doutrina de Deus (Tt 2:10). Calvino observa que, “Fé é usada para verdade, e é contrastada com astúcia,
engano e falsidade.” Aqueles que ensinam o Evangelho têm que mostrar fidelidade em seu uso da palavra,
percebendo que serão julgados por Deus (1 Coríntios 4:1-4).

Mansidão

É uma das bem-aventuranças citadas por Jesus no sermão da montanha (Mt 5:5) aparecendo
como o adjetivo praus – manso, humilde. É o fruto do Espírito que demonstra tolerância. Segundo
Aristóteles prautes – mansidão – é a posição intermediária entre dois extremos, que são irar-se sem razão
e não se irar nunca. É o resultado da decisão de um homem forte de controlar suas reações, em submissão
a Deus. É um equilíbrio nascido da força de caráter, e que provém da firme confiança em Deus e não da
fraqueza ou do temor (Tg 1:21; 3:13). Pedro falando sobre a vida exemplar cristã diz: “seja, porém, o
homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de
grande valor diante de Deus”. 1 Pe 3:4. Embora seja confundida com timidez ou fraqueza, essa qualidade
nunca é fraca. Moisés e Jesus eram mansos, mas mostravam força para cumprir sua missão e condenar o
erro. A bíblia também nos diz que devemos tratar com espírito de mansidão o irmão que caiu no erro,
para que não sejamos também tentados. (Gl 6:1) e em Paulo diz que o servo do Senhor deve ser manso e
instruir aos outros com mansidão e não contender (2 Tm 2:24,25). Devemos aprender com Cristo – “tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso
para a vossa alma. ” (Mt 11:29) – e desenvolver este fruto do Espírito.

Temperança

Enkrateia – é o termo utilizado aqui e significa auto controle, continência, temperança. É domínio sobre
si mesmo diante das mais variadas circunstâncias. Seja no falar, no agir, no comer, com relação aos
desejos sexuais, enfim, é um ponto de equilíbrio em todas as esferas da vida – no corpo (Rm 6:12),
sobre a língua (Tg 3:2), temperança e domínio próprio(2 Pedro 1:5,6), na alimentação (Pv 23:2), na
terceira idade (Tt 2.2).

Temperança- egkrateia· Continência, domínio próprio, principalmente com respeito aos apetites
sensuais ou animais. Moderação no comer, beber, dormir, etc.

É a capacidade de governar nossos próprios desejos. Diferente da pessoa que anda na carne, como um
escravo de paixões pecaminosas, o servo do Senhor deve mostrar o domínio próprio (2 Pedro 1:6).

Esta característica nos capacita a negar nossos desejos carnais. A pessoa que aprende a se dominar é
capaz de vencer os vícios e maus hábitos que governam as vidas de muitas pessoas que continuam a
andar na carne.

Diversos manuscritos muito respeitáveis, como D*EFG, como a Vulgata, a maioria das cópias da Itália e
diversos dos pais, adicionam agneia, castidade. Isso certamente não pode estar separado do caráter
cristão genuíno, embora ele possa ser incluso na palavra egkrateia, continência ou moderação,
imediatamente precedente.

Contra estas coisas não há lei - Aqueles, cujas vidas são adornadas pelas virtudes acima, não podem ser
condenados por qualquer lei, pois o propósito e desígnio inteiro da lei moral de Deus é cumprido
naqueles que têm o Espírito de Deus, produzindo em seus corações e vidas os frutos precedentes.
Uma vez que Paulo aqui completou uma lista de virtudes, que são coisas, não pessoas, é natural
interpretar suas palavras como significando: “contra tais coisas — tais virtudes — não existe lei”. A
gramática não proíbe tal construção.

Também é óbvio que, à semelhança dos vícios enumerados, esta lista de virtude é apenas
representativa. Não podemos mesmo afirmar que todas as excelências cristãs estão incluídas na lista.
Portanto, Paulo diz: “contra tais... Ao dizer que contra tais coisas não existe lei, ele está encorajando a
cada crente a manifestar estas qualidades, a fim de que, assim procedendo, os vícios possam ser
aniquilados”.

O incentivo de que precisamos para exibir estes excelentes traços do caráter foi fornecido por Cristo,
pois é devido à gratidão que os crentes sentem para com Cristo que os usam para adornar sua conduta.
O exemplo, também, em conexão com todos eles, foi dado por ele. E as próprias virtudes, associadas ao
poder para exercê-las, são doadas pelo seu Espírito.

Embora Paulo tenha qualificado as virtudes enumeradas de “o fruto do Espírito”, agora ele desvia a
ênfase do Espírito para Cristo. Se ele pôde fazer isso tão prontamente, é devido ao fato de que quando o
Espírito ocupa o coração, Cristo também o faz (Efésios 3:16,17). Cristo e o Espírito não podem ser
separados entre si. Cristo mesmo habita a vida interior dos crentes “no Espírito” (Romanos 8:9,10). O
Espírito não foi dado por Cristo? (João 15:26; 2 Coríntios 3:17).

A razão para esta mudança de ênfase é que o apóstolo lembrará os gálatas de que eles crucificaram a
carne. Isso, naturalmente, chama a atenção imediatamente para Cristo e sua cruz. E assim Paulo
prossegue em sua carta.

A relevância do assunto e sua fundamentalidade na obra e vida de Cristo confirmam que a origem da
orientação é divina e que todo cristão deve buscar estas virtudes em sua vida e observar com cuidado se
há frutificação real e não simplesmente superficial e por conseguinte inexistente.

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