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Lição 6 – Estevão, o primeiro mártir

Atos 6:8-15

Em atos 6:3 há uma escolha de quem irá integrar o ministério. Isso é algo totalmente anacrônico no
contexto ali. O fato de a igreja ali ter crescido muito (Atos 2:47) e ter uma multiplicidade de línguas
(alguns falavam aramaico, outros, grego) devem ter causado problemas na administração. Os
apóstolos tinham muitas coisas a fazer e era necessário um tipo mais específico de serviço. O termo
usado no v.2 é diakoneo (“servir” em grego) de onde vem o termo diácono. No v.1 é traduzido como
“distribuição” e no v. 4 como “o ministério”.

Os 7 nomes que aparecem no v. 5 são gregos. Provavelmente porque já se havia uma demanda
maior nesse sentido, uma vez que as necessidades das viúvas de fala grega haviam sido
negligenciadas (v.1). As viúvas dos judeus gregos eram consideradas forasteiras pelos judeus nativos
e assim não recebiam sua porção na distribuição de alimentos.

Os cristãos da Judéia no início devem ter sido em sua maioria pessoas do campo, aos quais foram
acrescentados moradores das cidades helenísticas, especialmente em Jerusalém. As suas diferenças
levaram a uma divisão e à designação de sete protetores dos pobres, todos com nomes gregos. O
principal deles era Estêvão, apedrejado como primeiro mártir em virtude de sua insinuação de que o
culto no templo já não tinha valor. Esse ponto de vista era compartilhado também por alguns da
Diáspora que não eram cristãos. Como Huss, Estêvão morreu por uma questão que ele não
conseguiu prever.

A Sinagoga dos Libertos (ou escravos libertos) de acordo com Filo refere-se a judeus que tinham se
tornado cativos dos romanos no império de Pompeu e que construíram a sua própria sinagoga ao se
estabelecerem em Roma. Eram os judeus helenistas, da Diáspora. Havia um conflito entre esses dois
grupos: os judeus da Diáspora e os judeus da Palestina que viviam ali.

Um sermão memorável

A defesa de estevão o universalismo do Evangelho que alcança pessoas de todas as nações. Os dois
principais argumentos de Estevão:
1) Deus não limita seus encontros com os homens ao templo em Jerusalém. As primeiras
grandes revelações de Deus ocorreram em terras estrangeiras (Ur, Harã, Egito, Sinai)
2) Israel sempre foi rebelde, rejeitando os profetas e finalmente crucificando o Justo (v.52)

A ideía de Estevão foi confrontar a Ortodoxia x Ortopraxia dos judeus. Um sermão bíblico não visa
satisfação pessoal, mas a centralidade da glória de Deus. Deve ser cristocêntrico. Muitas vezes a
igreja por deixar de ser cristocêntrica foca no “tipo de homem” que consideram o melhor, foi o que
aconteceu com a nação de Israel em 1 Samuel 16:7 uma vez que a escolha do povo foi errada (1
Samuel 8:7). Estevão mostra isso aos judeus e eles ficam indignados.

Deve culminar com a revelação do Salvador como ele fez. (pregação chocante do Paul Washer como
dica). Com certeza Estevão foi recebido tendo certeza de que foi totalmente fiel às Escrituras.

Saulo provavelmente foi o instigador do julgamento de Estevão (8:3 e 9:1-2).

A sabedoria verdadeira vem do alto (Tg 3:17) e Paulo que é Poder e Sabedoria de Deus (1 Cor 1:23-
25).
Estevão é acusado de palavras blasfemas

Os homens resistem por terem a cerviz dura (linguagem do At – Ex 33:5; Lv 26:41; Dt 10:16, Jr 4:4;
6:10).

Eles resistiram seguindo o exemplo dos pais (v,52); Desobedecendo a Palavra de Deus e rejeitando e
crucificando o Cristo (v 52,55,56). De acostumados que estavam a isso: Pode o etíope mudar a sua
pele? Pode o leopardo alterar as suas pintas? Assim também podereis vós fazer o bem, estando tão
habituados à prática do mal? (Jr 13:23) e Estevão foi acusado falsamente por isso e se tornou o
primeiro mártir pois foi contra o “senso comum religioso” deles.

Entre vários cristãos que se tornaram mártires aos longos dos séculos temos Policarpo de Esmirna
em 155 d.C queimado vivo em uma fogueira, e a população ainda foi atrás de galhos para preparar a
fogueira. Por volta de 161 d.C temos uma mulher chamada Blandina que foi pendurada no madeiro,
depois assentaram em um ferro quente, chifrada de touro e por fim degolada. Depois de 180 d.C
houveram poucas perseguições sistemáticas, apenas pontuais a partir de onde surgem os
apologistas.

Um sermão memorável

À primeira vista, um longo resumo da história de Israel parece um meio estranho de “defesa” contra
as acusações registradas em 6.11,14, mas isso (a) conseguiu captar a atenção para a mensagem,
visto que os juizes não poderiam interromper ou abreviar um resumo da sua própria história
sagrada; (b) era um apelo ao conceito válido dos hebreus de que Deus se revela por meio do que faz
na história, e não somente no que proclama pelos seus profetas. Os ouvintes de Estêvão deveriam
entender a diversidade de auto-revelação de Deus como o Deus glorioso (v. 2) e enxergar o seu
próprio crime prefigurado no comportamento dos líderes nacionais, que haviam rejeitado
repetidamente tanto a revelação divina quanto os homens que Deus havia levantado para promover
os seus propósitos.

No v 9-16 ele faz um paralelo de José e o Messias, ambos rejeitados pelos patriarcas. A expressão
anterior Seus corpos foram levados de volta v.16 generaliza a situação, e temos uma fusão óbvia de
duas compras: uma realizada por Abraão diretamente, e outra, de forma mediada, por seu
descendente Jacó (um tipo de Cristo).

A fúria dos homens


Saulo era da Cilícia então sem dúvida era da sinagoga que discutiu com Estevão. Até então
a igreja não tinha inclinação de levar o Evangelho fora de Jerusalém. Deus usou a perseguição que se
seguiu à morte de Estevão como meio providencial de espalhar o Evangelho fora de Jerusalém, os
cristãos da congregação de Jerusalém foram espalhados por toda parte, com exceção dos Apóstolos
que puderam permanecer na cidade. (At 8:1) Hernandes Dias Lopes diz que o Livro de Atos poderia
ser chamado de “Atos do Espírito” pois vemos como Deus vai usando todas as situações para
propagar o Evangelho pelos cristãos.

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