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Prof. Dr.

Marcílio Veira Martins Filho


Unesp - Jaboticabal
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 1

SISTEMA DE CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS

1. Introdução

O uso de sistemas de classificação na ciência do solo tem por


finalidade ordenar conhecimentos de maneira simples e precisa. Duas
classificações básicas são utilizadas nessa área do conhecimento: (a)
classificação taxonômica ou pedológica e, (b) classificação técnica. A
classificação pedológica tem por objetivo principal identificar e caracterizar
solos existentes na natureza, sem preocupação em atender finalidades mais
específicas relativas à exploração de recursos naturais como o solo e/ou a
água. Já o sistema de capacidade de uso das terras foi elaborado,
primordialmente, para fins de planejamento conservacionista. Esse sistema é
uma interpretação técnica de atributos dos solos.
O sistema de capacidadede uso é composto por grupos de
capacidade de uso A, B e C que expressam o potencial de utilização
agrícola das terras, e são estabelecidos com base na intensidade de uso. A
intensidade de uso representa a maior ou menor mobilização imposta ao
solo, devido a riscos de erosão e/ou produtividade. Esses riscos são
decorrentes ou função dos distúrbios causados ao solo ou, ainda, como uma
conseqüência da redução da cobertura vegetal.
As classes de capacidade de uso são definidas como os
agrupamentos de terras com o mesmo grau de limitação, ou seja, terras com
as mesmas limitações de uso e/ou riscos de degradação do solo semelhantes.
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Elas podem ser definidas como:


- classe I, terras intensivamente cultivadas e sem problemas aparentes
de conservação do solo (cor convencional: verde claro);
- classe II, terras passíveis de serem cultivadas intensivamente, mas
com problemas simples de conservação do solo e da água (cor convencional:
amarelo);
- classe III, terras com pequenas limitações que reduzem as
possibilidades de escolhas de cultivos e/ou necessitam de práticas
complexas de conservação do solo e da água (cor convencional: vermelho);
- classe IV, terras com limitações severas para cultivos intensivos, as
quais só podem ser cultivadas ocasionalmente ou em extensão limitada (cor
convencional: azul);
- classe V, terras com pequeno risco de erosão, mas com outras
limitações praticamente impossíveis de serem removidas, uso restrito para
áreas de pastagem, reflorestamento ou preservação de flora e fauna (cor
convencional: verde-escuro);
- classe VI, terras com limitações severas, quanto ao risco de erosão,
impróprias geralmente para cultivos e limitadas ao uso como áreas de
pastagem ou reflorestamento (cor convencional: alaranjado);
- classe VII, terras com limitações muito severas, impróprias para
cultivos e uso limitado a áreas de pastagens e/ou reflorestamentos (cor
convencional: marrom);
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- classe VIII, terras impróprias para cultivos, pastagens ou


reflorestamentos, as quais poderão ser utilizadas apenas para a preservação
da flora e fauna (cor convencional: roxo).
As subclasses de capacidade de uso (e, s, a, c) são as qualificações
das limitações dominantes quanto a sua natureza. As letras indicam os tipos
de limitações: e – erosão, s – solo, a – água e c – clima.
No sistema de classificação das terras aqui abordado, as unidades de
capacidade de uso especificam uma qualidade da subclasse. Elas tornam
mais explícitas a natureza das limitações e facilitam a adoção de práticas de
manejo.

Exemplo:

IV e-1, 5, s-2,5

em que, Classe IV; e-1,5 = 1 por possuir risco de erosão por apresentar
declive acentuado e 5 para erosão em sulcos; s-2,5 = 2 por possuir textura
arenosa em todo perfil e 5 para a baixa saturação por bases.
Na figura 1 todo sistema de capacidade de uso está representado,
sendo que no esquema dessa Figura as unidades de capacidade de uso são
identificadas por algarismos arábicos.
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Figura 1. Esquema de grupos, classes, subclasses e unidades de


capacidade de uso.
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2. Levantamento do meio físico

Nesse tipo de levantamento utiliza-se de critérios diagnósticos, não


necessariamente fatores limitantes, tais como profundidade efetiva do solo,
textura, permeabilidade, declividade e erosão, os quais são dispostos em
uma fração denominada de fórmula mínima, como:

profundidade efetiva – textrura – permeabilidade fatores limitantes - uso atual


declividade – erosão

Todos esses critérios diagnósticos são representados por algarismos


arábicos (números ou letras).
Numa fórmula mínima estarão denotadas as caraterísticas da terra
mais importantes (profundidade efetiva, textura, permeabilidade,
declividade e erosão) e fatores específicos limitantes ao uso da terra.

Exemplo:
3 – 2/1 - 1/3 al - Lam
C – 27

em que, 3 = Profundidade moderada; 2/1 = 2 é textura argilosa (horizonte A)


e 2 é textura muito argilosa (horizonte B); 1/3 = 1 é permeabilidade rápida
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(horizonte A) e 3 é permeabilidade lenta horizonte B); C = classe de


declividade (5 a 10%); 27 = 2 por possuir erosão em lençol moderada e 7
para sulcos superficiais ocasionais; al = caráter álico; e Lam = uso atual, em
que L significa lavoura, a lavoura anual e m cultivo de milho.

2.1. Critérios diagnósticos

2.1.1. Profundidade efetiva do solo

Refere-se à espessura máxima do solo em que as raízes podem


penetrar sem qualquer impedimento físico (Essa não é a camada mais
superficial do solo, a mais rica em húmus). É a profundidade na qual a
planta terá condições favoráveis ao desenvolvimento do seu sistema
radicular, quanto a disponibilidade de água e nutrientes. Impedimentos
químicos devido a Al (caráter álico) ou de camadas ácidas sulfatadas devido
a tiomorfismo, não são considerados nesse item.
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Quadro 1. Profundidade efetiva do solo.

Símbolo Profundidade

0 não identificada

1 muito profundos ( > 2,00 m)

2 profundos (1,00 a 2,00 m)

3 ou (3) moderadamente profundos (0,50 a 1,00 m, contacto lítico(1) ou

litóide(2), respectivamente).

4 ou (4) rasos (0,25 a 0,50 m, contacto lítico ou litóide, respectivamente).

5 ou (5) muito rasos (< 0,25 m, contacto lítico ou litóide,

respectivamente).

(1) contacto lítico – horizonte A repousando sobre a rocha consolidada;


(2) contacto litóide – horizonte A repousando sobre a rocha fissurada ou em
avançado estágio de decomposição consolidada.

2.1.2. Textura do solo

A textura do solo na fórmula mínima ou máxima hipotética é


apresentada como: textura superficial / textura subsuperficial. Toda a
simbologia utilizada para representá-la é apresentada no Quadro 2.
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Exemplo: 2/3

em que, 2 textura argilosa no horizonte A e 3 textura média no horizonte B.

2.1.3. Permeabilidade do perfil do solo

A permeabilidade do perfil do solo, no sistema de capacidade de uso,


refere-se a sua capacidade em transmitir água ou ar. Segundo Lepsch
(1991) a permeabilidade, em termos quantitativos, é a velocidade do fluxo
através de uma secção transversal unitária de solo saturado, sob determinado
gradiente hidráulico.

Exemplo: 2/1

em que, 2 = permeabilidade moderada na camada superficial e 1 =


permeabilidade rápida na camada subsuperficial.
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Quadro 2. Textura do solo.

Símbolo Textura Características


0 não identificada -
1 muito argilosa (teor de argila Material homogêneo, nuito fino
superior a 60%) e macio, sem a aspereza da
areia, extremamente plástico e
pegajoso, forma rolos longos e
finos sem fendilhamentos.
2 argilosa (teor de argila entre 35 Material homogêneo, nuito fino
e 60%) e macio em sua maior parte, mas
pode-se perceber pequena
aspereza da areia, muito plástico
e pegajoso, forma rolos longos e
finos.
3 média (teor de argila menor que Material heterogêneo, contituído
35%, areia maior que 15% e de de areia e argila, com aspereza e
silte menor que 50%) alguma plasticidade e
pegajosidade, forma rolos às
vezes e com dificuldades, os
quais se quebram quando
dobrados em arcos.
4 siltosa (teor de silte superior a Material relativamente
50%, argila menor que 35% e homogêneo e macio ao tato,
areia menor que 15%). ligeiramente plástico e pegajoso,
forma rolos com dificuldades, os
quais são quebradiços.
5 arenosa (teor de argila inferior a Material composto quase que
15% e de areia superior a 70%) exclusivamente por grãos de
areia, não forma rolos.
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Quadro 3. Permeabilidade do solo.

Símbolo Permeabilidade Características Velocidade de


percolação de água
0 não - -
identificada
1 Rápida O solo é de textura > 150 mm h-1
grosseira (arenosa), ou de
estrutura forte, pequena,
granular e friável
(horizonte B latossólico),
apresenta canais que
facilitam a percolação de
água.
2 Moderada O solo é composto por uma 5 a 150 mm h-1
textura e estrutura que
condicionam moderada
permeabilidade.
3 Lenta O solo é composto por uma < 5 mm h-1
textura e estrutura que
condicionam
permeabilidade lenta.
Geralmente, é observada
em camadas argilosas ou
muito argilosas (exceto
latossolos) ou nas de
textura média, com argila
de atividade elevada e/ou
saturação com sódio.
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2.1.5. Classes de declividade

As declividades das glebas de terras no sistema de capacidade de uso


são enquadradas dentro de classes. Essas classes de declividades são
representadas por letras maiúsculas como estabelecido no Quadro 4.

Quadro 4. Classes de declividade.


Classe Declividade (d%)
A d% ≤ 2%
B 2% < d% ≤ 5%
C 5% < d% ≤ 10%
D 10% < d% ≤ 15%
E 15% < d% ≤ 45%
F 45% < d% ≤ 70%
G d% > 70%

2.1.6. Erosão

É de fundamental importância que a erosão do solo, quanto ao tipo e


grau, seja identificada, visto que a erosão relaciona-se com a queda de
produtividade das terras. Uma vez o tipo e o grau de erosão identificados,
pode-se avaliar a natureza e a intensidade das práticas de controle do
processo erosivo necessárias para uma dada gleba de terra.
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2.1.6.1. Erosão em lençol (laminar)

Quadro 5. Erosão em lençol (laminar).


Símbolo Erosão em lençol Características
0 Não aparente Presente, mas em grau não identificado.

θ Não aparente Tal como ocorre com solos virgens recobertos de vegetação.

1 Ligeira Menos de 25% do solo superficial removido (horizonte A), ou quando não for possível
identificar a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, que haja pelo menos
15 cm de horizonte A remanescente.
2 Moderada 25 a 75% do solo superficial removido (horizonte A), ou quando não for possível identificar
a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, que haja pelo menos 5 a 15 cm
de horizonte A remanescente.
3 Severa Com mais de 75% do solo superficial removido (horizonte A), ou quando não for possível
identificar a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, que haja pelo menos 5
cm de horizonte A remanescente.
4 Muito severa Todo o solo superficial (horizonte A) removido, horizonte B bastante erodido, sendo que
em alguns casos removido entre 25 a 75% da profundidade original.
5 Extremamente severa Com horizonte B em sua maior parte removido, e com o C já atingido. Nesse caso o solo
encontra-se degradado e imprestável para fins agrícolas.
6 Áreas desbarrancadas ou com translocações de terra A área erodida deverá ser delimitada num mapa por linha preta pontilhada (....) tendo no seu
interior o símbolo 6.
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2.1.6.2. Erosão em sulcos

Nesse item os sulcos são classificados segundo a freqüência de


ocorrência e com relação a profundidade dos mesmos (Quadros 6 e 7).

Quadro 6. Freqüência dos sulcos

Símbolo Freqüência Caracterísiticas


7 Ocasionais Área com sulcos distanciados mais de 30 m entre si.
8 Freqüentes Área com sulcos distanciados a menos de 30 m entre si,
mas ocupando área inferior a 75%.
9 Muito Área com sulcos distanciados a menos de 30 m entre si,
freqüentes mas ocupando área superior a 75%.

Quadro 7. Profundidade dos sulcos

Símbolo Profundidade Caracterísiticas


Superficiais Sulcos que podem ser cruzados por
7, 8 e 9 máquinas agrícolas, e que desfazem
totalmento com o preparo do solo.
Rasos Sulcos que podem ser cruzados por
(7), (8) e (9) máquinas agrícolas, mas que não se
desfazem totalmento com o preparo do solo.
Profundos Sulcos que não podem ser cruzados por
[7], [8] e [9] máquinas agrícolas e que ainda não
atingiram o horizonte C.
7V, 8V e 9V Muito profundos Sulcos que não podem ser cruzados por
máquinas agrícolas e que atingiram o
(Voçorocas) horizonte C, sendo também denominados de
voçorocas.
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Os símbolos utilizados para notar a erosão em sulcos, considerando-se


freqüência e profundidade, são apresentados no Quadro 8.

Quadro 8. Símbolos utilizados para notar a erosão em sulcos quanto a


freqüência e profundidade.

Profundidade dos sulcos Freqüência dos sulcos


Ocasionais Freqüentes Muito freqüentes
Superficiais 7 8 9
Rasos (7) (8) (9)
Profundos [7] [8] [9]
Muito Profundos ou 7V 8V 9V
voçoroca

2.1.7. Acumulações

Símbolo Caracterísiticas

Acumulação por deposição coluvial

Acumulação de depósitos prejudiciais à exploração agrícola como:


areia, seixos ou material do subsolo (horizonte C).
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2.1.8. Erosão eólica

A erosão eólica é classificada quanto a origem e grau de intensidade.


Quanto a origem ela pode ser assim definida:
a) Litorânea (L) é aquela que ocorre junto a orla marítima, com
deslocamento de material arenoso (Dunas por exemplo);e
b) Continental (C) é aquela que ocorre no interior do continente, as
partículas deslocadas não são repostas (Bastante comum em áreas
desertificadas, por exemplo).
O grau de erosão eólica é avaliado em três níveis como indicado no
Quadro 9.

Quadro 9. Notação para erosão eólica.


Tipos de erosão Graus de erosão eólica
eólica
Pequena ou ligeira Regular ou Severa ou intensa
moderada
Litorânea (L) L1 L2 L3
Continental (C) C1 C2 C3

Os símbolos que caracterizam a erosão eólica são utilizados na


seqüência daqueles empregados para a erosão hídrica.
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2.2. Fatores limitantes específicos

Um fator é dito limitante quando não pode ser facilmente


modificado ou corrigido, por melhoramentos menores empregados
pelo homem. Entende-se por melhoramentos menores aqueles que
podem ser empregados com recursos diretos ou financiados pelo
agricultor, tal que possibilitem a remoção da limitação.

Quadro 1. Fatores limitantes da terra.

Símbolo Nome Diagnóstico


pd Pedregosidade * Presença de pedras, afloramentos rochosos ou matacões.
i Inundação * Ocorrência de inundações periódicas.
ab Abrúpto * Mudança textural abrupta entre horizontes A e B (aumento
de mais de 100% de argila em distância vertical inferior a 7
cm)
ve Vértico * Argilas expansivas (Vertissolos). Solos com superfície
argilosa que fendilha na época da seca e com alta
capacidade de troca.
hi Hidromorfismo * Mosqueamento, material orgânico (turfas) ou saturação
com água, em períodos superiores a dois meses, até 100
cm de profundidade.
se Seca prolongada * Solo seco entre 20 e 100 cm, por mais de 90 dias
consecutivos, na maior parte dos anos.
gd Geada ou vento frio * Ocorrência periódica de geada, vento frio ou neve.
di Distrofismo ** Saturação por bases, entre 20 e 60 cm, inferior a 50% (ou
saturação por alumínio entre 10 e 50% ou pH, em água,
entre 5,0 e 5,6).
al Álico ** Saturação por alumíno de 50% entre 20 e 60 cm (ou
saturação bases inferior a 10 ou pH, em água, menor que
5,0).
ct Baixa retenção de cátions ** Capacidade de troca (a pH 7,0) no horizonte superficial e
subsuperficial
ti Tiomorfismo ** Presença de sais de enxofre até 60 cm (pH, em água, na
amostra depois de seca < 3,5).
so Sodificação ** Saturação elevada com sódio ( > 15% de Na+ até 60 cm).
sl Salinização ** Condutividade elétrica > 4 mmhos/cm até 60 cm.
ca Carbonatos ** Presença de carbonatos até 60 cm (efervescência com
ácido clorídrico e/ou pH superior a 7,3).
* fatores limitantes específicos que podem ser identificados no campo;
** dependem de resultados de análises laboratoriais para serem confirmados;
Fonte: Adaptado de Lepsch (1991).
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Os fatores limitantes podem ser descritos como (Lepsch,


1991):

pd – pedregosidade

a) fragmentos grosseiros (c e pd): fragmentos rochosos, em que c – cascalhos


(diâmetro entre 2 e 20 mm) e pd – pedras (diâmetro entre 20 e 200 mm);
b) matacões (m): fragmentos rochosos maiores que 200 mm;
c) afloramento rochoso (r): rochas aflorando na superfície.

Classes de pedregosidade:

pd0 : significativamente presente, em grau e tipo não identificado;

pdl : com poucas pedras, representando menos de 15 % da massa do solo, em volume, ou,
quando em matacões, cobrem menos de 0,01% da superfície do solo, ou são espaçados
entre si de mais de 30 m (matacões não muito grandes, de cerca de 30cm de diâmetro) ou,
finalmente, quando as rochas abrangem menos de 2 % da superfície do solo ou são
espaçadas entre si de mais de 100 m(desde que não sejam muito grandes), quando se
desejar diferenciar matacões(m) de rochas (r), colocar após ao número 1 (um), indicador da
classe de pedregosidade, a letra m ou r respectivamente. Exemplo: pdl (r);

pd2: solos contendo entre 15 e 50 % de pedras, em volume da massa de solo, já


apresentando efeitos significativos das pedras sobre as propriedades de retenção e
infiltração de água, de controle de enxurrada, de penetração das raízes etc., e também
efeitos de desgaste e/ou dificuldade de emprego de máquinas de preparo e cultivo de solo;

pd3 : solos extremamente abundantes em pedras, quando contendo mais de 50% de pedras,
em volume da massa do solo, apresentando, por isso, fortes efeitos sobre as propriedades
físicas do solo e sobre a durabilidade e a facilidade de emprego de máquínas de preparo e
cultivo do solo;

pd4 : solos com matacões, apresentando matacões em quantidade capaz de interferir no


preparo mecanizado do solo, porém não em proporção de tornar impraticável a exploração
com culturas que requeiram freqüentes cultivos; os matacões cobrem entre 0,01 % e 1% da
superfície do solo, o que equivale dizer que matacões, de cerca de 30 cm de diâmetro
médio, ocorrem entre 3 e 30 m;
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pd5: solos abundantes em matacões, apresentando matacões em quantidade suficiente


para imgedir o uso de máquinas de tração mecânica para o preparo e cultivo do solo, mas
ainda permitindo o uso de máquinas agrícolas simples de tração animal e instrumentos e
ferramentas manuais para cultivo do solo e trato de certas culturas arbustivas ou arbóreas;
os matacôes cobrem entre 1 a 10% da superfície do terreno, o que equivale dizer que
matacões de cerca de 30cm de diâmetro médio apresentam-se espaçados uns dos outros
cerca de 1 a 3 metros;

pd6: solos excessivamente abundantes em matacões, apresentando matacões em


quantidade tal a tornar impraticável qualquer cultura, pela impossibilidade de emprego de
máquinas ou instrumentos agrícolas, podendo, entretanto, ter algum valor para pastagem ou
silvicultura; os matacões cobrem mais de 10% e menos de 90% da superfície do solo, o que
equivale dizer que matacões de cerca de 30cm de diâmetro médio apresentam-se espaçados
de distâncias inferiores a cerca de 1 metro, ou matacões de cerca de 60 cm de diâmetro
médio apresentam-se a intervalos menores que 2 metros.Quando a ocorrência de matacões
for em proporções superiores às descritas, ofuscando as demais caracteristicas do solo e
impossibilitando a prática de agricultura econômica, o terreno passará a ser registrado
simplesmente como rochoso (Er);

pd7: solos rochosos : apresentando afloramentos rochosos ou rochas extremamente


próximas da superfícíe, em quantídade significativa para impedir o uso das máquinas
agrícolas mais comuns, mas ainda permitindo o uso das máquinas de tração animal. As
exposiçôes rochosas cobrem superfícies do solo que variam entre 2 e 15 %,
correspondendo, aproximadamente, a distâncias entre 15 e 100 metros de uma a outra;

pd8: solos muito rochosos, apresentando exposições rochosas em quantidade capaz de


impedir o uso de máquinas agrícolas de tração mecânica, mas ainda permitindo o uso de
algumas máquinas de traçâo animal. São terrenos mais adaptados a pastagens, que podem
ser utilizados para certas culturas arbustivas ou arbóreas que não exigem freqüentes
cultivos. As exposições rochosas cobrem de 15 a 50% da superfície do solo, espaçadas,
aproximadamente, de 3 a 15 metros;

pd9: solos extremamente rochosos, apresentando exposições rochosas em quantidade


capaz de impedir o emprego de qualquer máquina agrícola, podendo, entretanto, ser
explorados com pastagens e silvicultura. As exposições rochosas cobrem superfícies do
solo superiores a 50% e inferiores a 90%, o que corresponde a espaços menores que 3
metros. Quando a condiçãa rochosa for de forma a ofuscar as demais características do
solo e impossibilitar a prática de agricultura, registra-se o local simplesmente como terreno
rochoso (Er) .
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i - Inundação

O risco das inundações deverá ser indicado pela freqüência e pela


duração usual com que ocorrem.

Freqüência:
a) ocasionais: com mais de cinco anos de recorrência provável;
b) freqüentes: com recorrência provável entre um e cinco anos;
c) muito freqüentes ou anuais: ocorrendo sistematicamente todo ano,
repetindo-se uma ou mais vezes nas várias estaçôes do ano.

Duração:
a) curtas: duração inferior a 2 dias;
b) médias: duração de 2 dias a 1 mês;
c) longas: duração > 1 mês.

Quadro 00. Simbologia utilizada para representar risco de inundação.


Freqüência de ocorrência
Duração das Ocasionais Freqüentes Anuais ou
inundações Muito freqüentes
Curtas i1 i4 i7
Médias i2 i5 i8
Longas i3 i6 i9
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ab – Caráter abrupto:

É a brusca mudança textural no perfil do solo, caracterizada


por um aumento no teor de argila (dobro ou mais), numa distância
vertical menor ou igual a 7 cm entre o horizontes A e B.

ve - Caráter vértico:

Solos com predomínio de argilominerais expansivos de alta


atividade. O caráter vértico é identificado quando os solos
apresentarem mais de 30% de argila e fendilhamento intensivo, com
fendas de mais de 4cm de largura na superfície, na época da estação
seca. A análise do solo deverá acusar também, na camada
subsuperficial, uma capacidade de troca maior que 24 meq/100g de
argila.

hi - Hidromorfismo :

O hidromorfismo é um processo que indica deficiência de


oxigênio e sua intensidade normalmente aumenta nas camadas mais
profundas do solo. Como a profundidade de ocorrência do
hidromorfismo é função do tempo e intensidade de encharcamento,
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pode-se estabelecer as seguintes classes possíveis de identificação


no campo:

hio: presente em grau não identificado;

hil: gleização a uma profundidade igual ou superior a 100 cm, com descoramento e/ou
mosqueados típicos de hídromorfismo. Água do solo escoa de forma relativamente lenta, ao
do perfil o qual se mantém encharcado por um período curto, mas significatívo. É possível,
com certas limitações, o desenvolvimento das culturas não adaptadas ao encharcamento
sem drenagem artificial;

hi2: gleização a uma profundidade igual ou superior a 50cm, mas não superior a 100 cm,
forte descoramento e/ou mosqueamento típico. A água do solo escoa lentamente pelo perfil,
o suficiente para conservá-lo encharcado por períodos significativos, porém não por todo o
tempo. O desenvolvimento das culturas já é marcadamente restrito, obrigando o uso de
drenagem artificial;

hi3: gleização a uma profundidade igual ou superior a 25cm, mas não superior a 50cm,
observando-se características nítidas do processo de gleização, como coloração cinza-clara
abaixo dessa profundidade. A água se perde tão lentamente que o corpo do solo se
apresenta encharcado por grande parte do tempo; o lençol freático aflora à superfície ou
chega bem próximo dela durante parte do ano, seja em conseqüência de camadas
lentamente permeáveis, seja pela adição freqüente de água. O desenvolvimento das culturas
já é restrito e requer drenagem artificial;

hi4: gleização até à superfície do perfil, com características típicas de completo


hidromorfismo, cores cinzentas, a partir da superfície ou acúmulo de mais de 50cm de
material orgânico (turfa). A água se perde tão lentamente através do corpo do salo. O lençol
freático aflora à superfície ou permanece sobre esta durante a maior parte do tempo. São
solos de depressões sempre encharcadas e freqüentemente inundadas. São tão encharcados
que impedem o desenvolvimento das culturas, em alguns casos com exceção do arroz, a
menos que sejam artificialmente drenados.

se - Seca prolongada:

Terras em que alguma parte do perfil do solo, compreendida


até um metro de profundidade, permanece próxima do ponto de
murcha permanente por noventa dias consecutivos ou mais na maior
parte dos anos. Locais com estação seca muito prolongada. Cultivos
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perenes, exceto de plantas muito adaptadas às condições de falta de


água, só podem ser feitos com auxílio de irrigação.

gd - Geada e/au vento frio:

Refere-se a locais onde existe a possibilidade de ocorrência de


geadas, ventos frios, ou mesmo neve, que, devido a sua intensidade,
podem influenciar na escolha dos cultivos a serem implantados. As
informações sobre a ocorrência desses fenômenos poderão ser
obtidas por dados meteorológicos ou, no campo, através de
informações fornecidas pelos agricultores.

di - Baixa saturação por bases ou caráter distrófico:

Um solo se enquadra nessa categoria quando sua saturação por


bases no horizonte subsuperficial é inferior a 50% (método da CTC
determinado pela soma de cátions mais hidrogênio, a pH 7) ou
quando apresenta saturação por alumínio entre 10 e 50% (quando a
saturação por alumínio for maior que 50%, o solo, além de
distrófico, é álico. Não há necessidade, portanto, de mencionar o
caráter distrófico para os solos álicos, uma vez que nesse caso esses
fatores limitantes sempre ocorrem associados).
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al - Saturação por alumínio ou caráter álico:

m = 100 x Al3+ /(Al3+ + K+ + Ca+2 + Mg2+ + Na+)

al - Alta saturação com alumínio ou caráter álico: Este fator


limitante se refere às altas concentrações de alumínio trocável na
camada subsuperficial. É identificado quando m ≥ 50%, o que
geralmente ocorre quando os valores de pH, determinado em água,
são inferiores a 5,0, e de saturação de bases inferior a 10%. Da
mesma forma que o caráter distrófico; esse fator deve ser
identificado na camada subsuperficial (geralmente 40-60cm de
profundidade), uma vez que, na camada arável, poderá ser corrigido
com aplicação de calcário, prática esta que deve ser considerada
como melhoramento menor.

ct - Capacidade de retenção de cátions muito baixa:

É utilizado para indicar solos com valores de capacidade de


troca rnuito baixos na camada superficial (horizonte A) e
subsuperficial (topo do horizonte B) e, como conseqüência, baixa
capacidade de retenção de nutrientes para as plantas. É considerada
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característica de difícil alteração pelo homem, poís a capacidade de


troca, normalmente, só pode ser aumentada com a adição de matéria
orgânica ao solo, prática nem sempre possível e de efeito efêmero,
caso não seja periódica.
A baixa capacidade de troca se dá quando seus valores (T) são
menores que 4 meq/ 100g de solo (quando o valor T é determinado
pela soma de bases mais alumínio e hidrogénio, extraído a pH 7), ou
que 2 meq de cátions por 100g de solo (determinado ao pH do solo,
ou seja soma das bases com alumínio sem considerar o H).

ti - tiomorfismo:

Indica a presença de materiais sulfídricos ou sulfatados


(compostos de enxofre) em solos mal ou muito mal drenados (áreas
planas, encharcadas, próximas à orla marïtíma e que, por ísso,
podem ser (ou foram) influenciadas por água salobra). Quando essa
característica ocorre, os solos são denominados tiormóficos, que
tanto podem ser orgânicos como minerais (Orgânico Tiomórfico e
Glei Tiomórfico respectivamente).
Quando um sólo que apresenta o caráter tiomórfico é drenado,
os sulfetos nele existentes se oxidam, formando ácido sulfúrico.
Então o pH, que em condições de encharcamento está normalmente
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perto da neutralidade (entre 6 e 7), pode baixar após a drenagem, a


valores inferiores a 3,5. O ácido assim formado pode reagir
quimicamente com o solo para formar sulfatos de alumínio e ferro.
O sulfato de alumínio ( jarosita) segrega-se no interior do solo,
formando um mosqueado amarelo, característico dos solos
tiomórficos. Isso pode impedir o cultivo econômico de qualquer tipo
de vegetal. Se o caráter tiomórfico ocorre, os solos devem ser
mantidos encharcados e com sua vegetação natural, pois, se
drenados, correm o risco de tornarem-se tão improdutivos que
perderão até mesmo a utilidade de proteção de fauna e flora
silvestre.
O caráter tiomórfico é identificado quando amostras de solo,
retiradas de profundidade entre 0 e 40cm, depois de secas ao ar,
apresentam valores de pH em água menores que 3,5 (se for possível
a determinação de enxofre, quando apresentarem mais de 0,75% de
enxofre e quantidades de carbonato menores que três vezes a
quantidade de enxofre) .
No campo, suspeitas são levantadas quanto à presença de
materiais sulfídricos quando apresentam algum odor de gás
sulfídrico (cheiro de ovo podre) ao serem escavados, ou quando em
áreas drenadas aparece o mosqueado amarelo de jarosita, verificado
facilmente nas paredes dos drenos. Para identificação rápida no
campo, uma amostra de solo pode também ser rapidamente oxidada,
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aplicando-lhe água oxigenada concentrada e, assim, medindo-se o


pH depois desta oxidação, que deve equivaler à da amostra seca.

so - sodicidade:

É a saturação elevada com sódio ou sodificação. A dominância


de sódio trocável, altamente nociva e prejudiciai às plantas,
normalmente só ocorre em áreas deprimidas, em clima semi-árido
ou faixas costeiras influenciadas pela água do mar. Como a
determinação do sódio trocável não é feita rotineiramente na maioria
dos laboratórios de fertilidade do solo, recomenda-se que esta
análise só seja solicitada nos casos em que as observações de campo
dêem margem a suspeitas sobre sua presença. Os indícios são áreas
baixas ligeiramente deprimidas com vegetaçâo rala, em regiões de
clima semi-árido, ou áreas planas que sofrem influência da água do
mar.
Classificação do grau da sodificação:

soo: presença em grau não identificado;


so1: moderada: solos que apresentam pequena quantidade de sódio trocável, em cujo teor no
complexo de troca está compreendido entre 6 e 15%, apresentando problemas simples de
uso com plantas cultivadas;
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so2: forte: solos que apresentam quantidades excessivas de sódio trocável, cujo teor no
complexo de troca está compreendido entre 15 e 20 %, apresentando sérios problemas para
as culturas;
so3: muito forte: solos cujo teor de sódio trocável é superior a 20%, impedindo
completamente seu uso com plantas cultivadas.

sl - Salinidade:

É a característica que o solo apresenta quando ocorre a


presença em quantidades excessivas, de sais solúveis,
principalmente cloretos e sulfatos de sódio, cálcio e magnésio. A
grande concentração de sais solúveis no solo constitui impedimento
ao normal desenvolvimento da maioria das plantas cultivadas,
sendo, pois, de grande importância a determinação do grau de
salinidade nas regiôes mais secas do país, como base para
classificação de sua capacidade de uso.
São considerados solos com salinidade, ou sálicos, aqueles que
apresentam condutividade elétrica superior a 4mmhos/cm a 25°C,
equivalendo a quantidades de sais solílveis superiores a 15 % e com
problemas de excesso de sal para as plantas. Normalmente, um solo
salino apresenta também sodificaçâo, isto é, além de excesso de sais
solúveis possui saturação elevada de sódio (mais de 15% da
capacidade de troca).
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Para indicar esse fator limitante, podem ser usados os seguintes


índices :

slo: presente, mas em grau não identificado;

sl1: Ligeira: solos que apresentam quantidades totais de sais solúveis entre 0,1 e 0,3% e/ou,
a condutividade elétrica variando entre 2 e 4mmho/cm, a 25°C. O rendimento das culturas
sensíveis pode ser afetado ou inibido, pouco ou nada sofrendo, entretanto, as culturas
resistentes à salinidade;

sl2: moderada: solos que apresentam quantidades totais de sais solúveis com concentrações
entre 0,3 e 1,0%, e/ou, com a condutividade elétrica variando entre 4 e l5mmho/cm, a 25°C.
O rendimento de várias culturas é grandemente afetado e inibido pelos sais presentes, com
sérias limitações para a capacidade de uso do solo;

sl3: forte: solos que apresentam em alguma época do ano quantidades excessivas de sais
solúveis com concentrações superiores a 1,0% e/ou, com a condutividade elétrica acima de
l5 mmho/cm, a 25° C. As culturas em geral não produzem, havendo exceção apenas para
poucas espécies muito tolerantes. As áreas são desprotegidas de cobertura vegetal e
apresentam crostas de sal na superfície.

ca - Presença de carbonatos:

Os carbonatos podem ocorrer em certas áreas com clima árido


ou semi-árido. Os íons carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-) são
inter-relacionados, sendo que os teores relativos de cada um são uma
função do pH da solução do solo.
O CO32- tem atividade baixa em solos ácidos; entretanto, em
solos com valores de pH acima de 9,0, teores consideráveis deste ion
podem estar presentes. A valores de pH ao redor ou inferior a 7,0 , a
concentração do íon bicarbonato raramente excede 3 ou 4 meq/l.
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Tais teores são considerados relativamente baixos, sendo que


valores acima de 8,O meq/l são classificados como consideráveis. A
toxicidade de bicarbonato pode ocasionar desbalanceamento
nutriçional, reduzindo a disponibilidade de ferro, de fósforo e zinco
e inibindo, em muitas plantas, a absorção de N, P e K,
provavelmente através de um dano fisiológico às raízes, reduzindo
drasticamente, dessa maneira, o crescimento da planta.
No campo, a presença de CO32- ou HCO3- pode ser detectada,
derramando-se no solo algumas gotas de ácido clorídrico dilufdo
(HCl a 10%). Se houver carbonatos, haverá efemescência
imediatamente ao contato do solo com o ácido.
No laboratório, se não houver possibilidade de análises mais
específicas, o solo poderá ser classificado como carbonático se
apresentar um pH, em água, superior a 7,3. Se houver possibilidade
de análise específica para CaCO3 equivalente, o solo pode ser
considerado como tendo quantidades moderadas de carbonato
quando a porcentagem por peso de CaCO3 equivalente estiver entre
5 e 15 %, e quantidades altas se esses valores forem superioies a
15%.
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2.3. Uso atual, nível tecnológico e estádio de desbravamento

Segundo Lepsch (1991) o uso atual, no levantamento, fornece


dados para a elaboração do planejamento a ser desenvolvido. O uso
da terra dá indicações sobre a tradição e a experiência dos
agricultores numa região e, ainda, demonstra como ela vem sendo
manejada, o que será de grnade valia no planejamento de manejos
futuros.
O uso atual da terra é caracterizado nos mapas segundo uma
série de símbolos em seqüência convencional de cinco níveis
categóricos (Lepsch, 1991). Em levantamentos semidetalhados, com
escalas entre 1:25.000 e 1:100.000, é muito difícil aparecer detalhes
acima do segundo nível. Nos levantamentos detalhados, com escalas
maiores que 1:25.000, poderão haver até cinco símbolos,
caracterizando o uso atual, o nível tecnológico e o estádio de
desbravamento.

Exemplo: LasMt1

em que: L = Lavoura; a = anual; m = soja; M = tecnologia de nível


médio: t1 = destocamento leve.
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2.3.1. Primeiro nível

Nesse nível os grandes aspectos do uso atual da terra são


discriminados. Na sequência esles serão relacionados como símbolo:
definição: características.

F: floresta: vegetação natural composta de árvores de porte alto e


médio, cujas copas se tocam, dando, a distãncia, a impressão de
formar uma cobertura contínua. Vegetação vulgarmente deniminada
por mata;

S: cerrado: formaçâo vegetal com três estratos distintos, em


proporções variáveis: um arbóreo, um arbustivo e um subarbustivo,
também designado graminoso. Normalmente, os estratos arbóreos e
arbustivos apresentam troncos e galhos tortuasos e duros, casca
grossa e porosa, folhas coriáceas e sistema radicular bem
desenvolvido. Espécies dominantes da flora peculiar: barbatimão,
pau- -terra, baru, tingui e pequi. Espécies dominantes de flora
acessória: angico, copaíba, sucupira-branca, sucupira-parda, aroeira,
gonçalo-alves e jacarandá;

T: caatinga: formação vegetal predominantemente lenhosa de


espécies caducifólicas, espinhosas ou não, com maior ou menor
número de xerófilas. Um tapete efêmero enverdece rapidamente na
época chuvosa. A vegetação da caatinga é constituída por indivíduos
lenhosos, esclerófilos, com altura máxima de 5 metros, formando
um denso e confuso emaranhado. Ocorrem freqüentemente
bromeliáceas e até cactáceas. As espécies lenhosas mais comuns
são: mirtáceas, solnáceas e leguminosas;

B: babaçual: mata com predomínio das palmeiras babaçu;


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C: campo nativo: gramíneas e ciperáceas entremeados de outras


espécies rasteiras. Às vezes, ocorre entremeada com áreas florestais.

O: complexo vegetacional: formações mistas de florestas, cerrados,


caatingas e campos em diferentes combinações;

M: manguesal: formação vegetal arbórea litorânea com áreas


intermitentemente inundáveis;

G: vegetação de restinga: formação da flora psamofilítica litorânea;

J: alagadiço e pântano: formação brejosa e de várzeas higrofíticas,


onde a água do solo superficial permanece em excesso durante todo
ou parte do ano;

E: terreno sáfaro au estérál: área rochosa, aquosa, salinizada,


semidesértíca, extremamente erodida, onde a vegetaçâo recobre
menos de 10% do terreno;

P: pastagem: área naturalmente recoberta ou cultivada em menor ou


maior grau, com vegetação utilizada para pastejo do gado;

L: lavoura: área com culturas de natureza, porte e ciclo variados;

H: horticultura: área utilizada com explorações frutícolas, olerícolas


e florícolas diversas;

V: silvicultura: área florestada ou reflorestada com essências nativas


ou exóticas, em plantio disciplinado, visando à exploração de
madeira, lenha, celulose, carvão e outros produtos;

I: áreas irrigadas: pastagem, lavoura ou horticultura irrigada;

R: áreas exploradas com rotação: pastagem, lavoura ou horticultura


em rotação;
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A: cultura em consorciação: culturas diversas em consorciação;

D: Área em pousio ou descanso: terra cultivável em descanso.

2.3.2. Segundo nível

Discrmina aspectos especiais de vegetação e uso atual da terra


detalhando o primeiro nível.

Floresta (F), subdividida da seguinte forma:

Fp : megatérmica pluvial perenifólica: floresta densa, alta, com


folhas persistentes, bem estratificada, e com árvores emergentes.
Ocorre nas áreas hileianas da Amazônia e da Bahia;

Fs: megatérmica pluvial subperenifólica: formação alta e densa,


porém sem árvores emergentes, em parte caducifólia ( menos de
10% ). Ocorre especialmente no Meio-Norte e na faixa marítima de
Natal e Salvador;

Fc: megatérmica pluvial subcaducifólia: formação alta e densa,


sem árvores emergentes, com média caducifólia (cerca de 30%).
Ocorre no norte e no sul da Amazônia e em partes da Bahia,
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás;

Fe: megatérmáca pluvial espinhosa: formação correspondente à


caatinga arbórea da região seca do Polígono das Secas;
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Fn: megatérmica pluvial não espinhosa: formação correspondente às


denominadas mata seca, no Nordeste, e mata de cipó, na Bahia;

Fm: mesotérmica pluvial subperenifólia: formação alta e densa,


eventualmente com árvores emergentes, com poucas espécies
caducifólicas (menos de 10 % );

Fl: formação local: formação arbórea primária localizada em


pequenas áreas como resultado de condições locais de solo ou clima;

Fu: explorada ou utilizada subsidiariamente: floresta nativa


explorada com retirada de produtos florestais ou aproveitada
subsidiariamente para pastagem, culturas de sub-bosque ou outras;

Fx: recentemente derrubada: área onde a floresta foi recentemente


derrubada e ainda não substituída por outra exploração;

Fr: em regeneração ou capoeira: formação secundária resultante de


regeneração natural em terreno originariamente coberto de floresta.

Cerrado (S), subdividida da seguinte forma:

Sg: cerrado grosso ou cerradão: formação com características


definidas. Pode ser considerada uma floresta típica mais ligada aos
fatores climáticos, constituída por isso de três andares vegetais
distintos:

a) o primeiro é formado de gramíneas, leguminosas,


ciperáceas rasteiras ou de pequeno porte, na grande maioria, vivendo
à sombra de andares superiores ou de parca luminosidade;

b) o segundo andar vegetal compõe-se de arbustos e pequenas


formas arbóreas dos mais variados tipos, constituindo um sub-
bosque, donde sai a lenha-branca do conceito popular;
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c) o terceiro andar vegetal, o principal, é formado de árvores


que vão de 5-6 metros a 18-20 m de altura. As árvores são menos
tortuosas que as do cerrado, aparecendo exemplares com caules
relativamente retilíneos. As formas arbóreas, quase sempre de
madeiras duras, têm expressão florestal, sendo sua exploração de
razoável valor econômico. O exemplo do pequi (Caryocar
brasiliensis) é típico (12-15 m de altura e 60-80 cm de diâmetro);

Sc: cerrado propriamente dito ou cerrado médio: formação


constituída de formas arbóreas que dificilmente ultrapassam 6 m de
altura. As árvores e arbustos do cerrado apresentam caules tortuosos,
recobertos de espessa casca, folhas coriáceas, com aparência de
vegetação adaptada a ambientes secos (xeromorfa). Aparência,
apenas, visto não ser a água o fator mais limitante do cerrado;

Ss: cerrado ralo ou campo sujo: apresenta a formação de campo


entremeada de arbustos esparsos e de raras formas arbóreas;

Sl: campo limpo: constituído apenas da gramíneas e raramente


formas arbustivas.

Caatinga (T), subdividida da seguinte forma :

To: hipoxerófila: caatinga subúmida. Ocorre no agreste da Paraíba,


de Pernambucano, Alagoas e Sergipe, na região denominada
Caatinga litorânea, e na região de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha,
em Minas Gerais;

Te: hiperxerófila: caatinga subseca. Ocorre na região do Sertão nos


Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
e Bahia e na região do Cariri, na Paraíba;
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Td : subdesértica: caatinga seca. Ocorre na região do Seridó, no Rio


Grande do Norte, em região similar do Ceará e na do submédio São
Francisco, na Bahia;

Tc: chaco matogrossense: agrupamentos florestais caducifólios


espinhosos.

Campo nativo (C) :

Ca: de altitude ("meadow"): formação de clima mesotérmico de


altitude, com gramíneas baixas e ciperáceas altas, caracterizada
sobretudo pela presença de pequenos arbustos;

Ce: estacional ou pradaria ("prairie"): formação de clima


mesotérmico úmido, com gramíneas estacionais, encontrada nas
depressões sazonalmente inundáveis;

Cs : mesotérmico ou estépico ( "steppe" ) : formação de gramíneas


de altura bastante variável, entremeadas por inúmeras plantas
efêmeras, que apresenta, na época mais fria, um aspecto menos
denso;

Cv: megatérmico ou das várzeas amazônicas: formação de


gramíneas em terrenos de váxzeas. Ocorre nas várzeas do Baixo
Amazonas.

Complexo vegetacional (O), subdividido da seguinte forma:

Or: campos de Roraima;

Oc: campos de Cachimbo;

Op: campos de Puciari-Humaitá.

Terreno de sáfaro ou estéril (E), subdividido da seguinte forma :


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Er : rochoso : afloramento de rocha ou matacões soltos;

Ea: aquoso: massa d'água, rio, lagoas, represas;

Es: salinizado: danificado pela salga;

Ee: erodido: danificado pela erosão severa;

Ev: dunoso: dunas de areia não fixadas.

Pastagem (P), subdividida da seguinte forma:

Pn: nativa não melhorada: área naturalmente recoberta com


gramíneas e outras plantas forrageiras capazes de suportar razoável
número de cabeças de gado, mas não beneficiada com cercas
divisórias, bebedouros e outros melhoramentos;

Pm: nativa melhorada: área naturalmente recoberta com gramíneas e


outras plantas forrageiras, beneficiada com melhoramentos, tais
como: limpeza periódica, ressemeio de capins, subdivisão em pastos
menores, provisão e melhoramento de bebedouros e outros;

Pc: cultivada: área plantada com gramíneas e/ou outras plantas


forrageiras, admitindo-se ou não uma cultura auxiliar para o preparo
e condicionamento prévio do terreno;

Px: capineira e plantas forrageiras: área plantada com forrageiras


para corte ou colheita de material forrageiro, pondendo ser
pastoreada ou não.

Lavoura (L), subdividida da seguinte forma :

Lp: perene ou permanente: culturas com duração superior a dez


anos;
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Lt: temporária ou semiperene: culturas com duração de um e meio a


dez anos;

La: anual: culturas de ciclo curto, abaixo de um ano.

Horticultura (H), subdividida da seguinte forma:

Hf : fruticultura: culturas frutfcolas ou pomicultura;

Ho: olericultura e floriicultura: hortaliças e flores.

Silvicultura (V ), subdividida da seguinte forma :

Va : araucária;

Vd: essências exóticas diversas;

Ve: eucalipto;

Vn: essências nativas;

Vp: Pinus.

Irrigadas (I), subdividida da seguinte forma:

Ip: pastagem irrigada artificialmente;

Il: lavouras com culturas perenes, temporárias ou anuais irrigadas;

Ih: horticultura em pomares e hortas irrigadas;

1r: culturas irrigadas em rotação com pastagem.

Rotação (R), subdividida da seguinte forma:


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Rc: culturas em rotação;

Rp : culturas e pastagens em rotação.

Consociação (A), subdividida da seguinte forma :

Aa: lavouras anuais;

Ah: horticultura e lavoura;

Ac: lavouras semiperenes e lavouras anuais;

Ap: lavouras perenes e lavouras anuais;

As: silvicultura e lavouras;

Ab: silvicultura e pastagens.

2.3.3. Terceiro nível

Detalha aspectos do uso atual da terra, relativos ao segundo


nível categórico.

Floresta (F), subdividida da seguinte forma:

Fu : floresta explorada ou utilizada subsidiariamente;

Fub: exploração de borracha e/ou látex;


Fuc: extração de casca para cortiça;
Fuf : colheita de frutos;
Fui: exploração de madeiras de construção e industriais;
Fuk: exploração do mate;
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Ful: extração de lenha ou carvão;


Fuo: extração de óleos essenciais;
Fup: pastejo de gado;
Fur: colheita de raízes e plantas medicinais;
Fus: extração de seiva, resina e cera;
Fut: extração de tanino.

Fr: floresta em regeneração ou capoeira;

Frc: capoeirão;
Frd: capoeira fechada ou densa; Fri: capoeira incipiente;
Frr: capoeira rala.

Pastagem (P), subdividida da seguinte forma :

Pn: pastagem nativa não melhorada;

Pna: alagadiço e pântano;


Pnc: campo ou pradaria nativa;
Pnf : floresta;
Png: vegetação de restinga;
Pnt: caatinga;
Prts: cerrado;

Pm: pastagem nativa melhorada;

Pc: pastagem, cultivada;

Pca: capim-angola, bengo, capim-de-planta;


Pcb: capim-braquiária;
Pcc: capim-colonião;
Pcd: gramíneas diversas;
Pce: capim-elefante ou napier;
Pcg: capim-gordura, meloso ou catingueiro;
Pci: anuais de inverno;
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Pcj: capim-jaraguá ou provisório;


Pcl: leguminosas diversas;
Pcm: grama-missioneira;
Pco: pensacola;
Pep: capim-pangola;
Pcr: capim-gengibre;
Pcs: capim-sempre-verde;
Pct: grama-batatais;
Pcv: anuais de verão;
( ) : mistas ou consorciadas (anotar dentro dos parênteses, as
letras correspondentes)

Px: capineira ou plantas forrageiras;

Pxa: algarobeira;
Pxc: cana-de-açúcar;
Pxd: guandu ou ando;
Pxe: capim-elefante ou napier;
Pxf : alfafa;
Pxg: capim-guatemala;
Pxi: capim-imperial;
Pxk: cudzu;
Pxl: leguminosas díversas;
Pxp: palma sem espinho;
Pxs: soja perene.

Lavoura (L), subdividida da seguinte forma :

Lp: lavoura perene ou permanente;


Lpa: amoreira;
Lpb: borracha ou seringueira;
Lpc: café;
Lpd: dendê;
Lpp: pimenteira-do-reino;
Lpt: tungue;
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Lpu: cacau;
Lpx: chá.

Lt : lavoura temporária ou semiperene;

Lta: algodão arbóreo;


Ltb: batata-doce;
Ltc: cana-de-açúcar;
Lti: rami;
Ltf: fórmío;
Ltm: mandioca;
Lts: sisal;
Ltu: mucuna.

La: lavoura anual;


Laa: algodão herbáceo;
Lab: batata (batata-inglesa);
Lac: centeio;
Lad: amendoim;
Lae: ervilha-de-vaca ou feijão-macassar;
Laf : feijão;
Lag: gergelim;
Lah: girassol;
Lai: aveia;
Laj: juta;
Lal: linho;
Lam: milho;
Lan: menta;
Lao: sorgo;
Lap: feijão-de-porco;
Laq: malva;
Lar: arroz;
Las: soja;
Lat: trigo;
Lau: fumo;
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Lav: cevada.

Horticultura (H), subdividida da seguinte forma :

Hf : fruticuitura;
Hfa: abacate;
Hjb: banana;
Hfc: citros;
Hfe: maçã;
Hff : figo;
Hfg: goiaba;
Hfi: mirtáceas;
Hfj: caju;
Hfk: caqui;
Hfl: marmelo;
Hfm: mamão;
Hfn: manga;
Hfo: coco;
Hfp : pêssego;
Hfr: pêra;
Hfv : videira;
Hfx: abacaxi;
Hfd: diversos (pomar doméstico com diversas espécies).

Ho: olericultura e floricultura;


Haa : alface;
Hob: berinjela;
Hoc: cebola;
Hoe: ervilha;
Hof : flores;
Hog: moranga;
Hol: alho;
Hom: melancia;
Hon: cenoura;
Hoo: abóbora;
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Hop: pimentão;
Hoq: quiabo;
Hor: repolho;
Hot: tomate;
Hou: chuchu;
Hov: couve-flor;
Hox: maxixe;
Hod: diversos (horta doméstica com diversas espécies).

Silvicultura (V), subdividida da seguinte forma:

Va: araucária;
Vap: pinheiro-do-paraná.

Vd : essências exóticas diversas;


Vdg : gmelina;
Vdk: quiri.

Ve: eucalipto;
Vea: Eucalyptus urophylla;
Veb: Eucalyptus botrioides;
Vec : Eucalyptus citriodora;
Ved: Eucalyptus camaldulensis;
Veg :Eucalyptus globulosus;
Vei : Eucalyptus grandis;
Vel: Eucalyptus longifolila;
Ver: Eucalyptus rostrata;
Ves: Eucalyptus saligna;
Vet: Eucalyptus tereticornis.

Vn: essências nativas;


Vna: angico;
Vnb: baru;
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Vnd: jacarandá;
Vne: embaúba;
Vnj: jacaré;
Vns: sabiá;
Vnt: bracatinga;
Vnu: bambu.

Vp: Pinus;
Vpc: P. caribaea caribaea;
V~h: P. caribaea hondurensis;
ype: P. elliottii;
Vpo: P. oocarpa;
Vpp: P. patula;
Vpr: P. radiata;
Vpt: P. taeda;
Vpk: P. kesiya.

Irrigada (1), subdividida da seguinte forma :

Ip: pastagem irrigada;


Ipc: cultivada;
Ipx: capineira ou plantas forrageiras.

Il: lavoura irrigada;


Ila: arroz;
Ilb: batata. (batata-inglesa);
Ilc: cana-de-açúcar;
Ilr: cará.

Ih: horticultura irrigada;


Ihf: flores;
Iho: olerícolas;
Ihp: pomar ou frutíferas.

Ir: culturas em rotação irrigada;


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Ira: arroz e pasto;


Ihb: arroz e batata.

Rotação (R), subdividida da seguinte forma:

Rc : culturas em rotação;
Rca: arroz e batata.
Rcb: arroz e leguminosas para adubo verde;
Rcd: cana-de-açúcar e leguminosas para adubo verde;
Rcm: mandioca e milho;
Rcs: sisal e milho.

Rp: culturas e pastagem em rotação;

Rpd: algodão, milho e leguminosas para forragem.


Rpm: mandioca e pastagem;
Rpr: milho e pastagem;
Rpt: arroz e pastagem;
Rpx: trigo e pastagem ;
Rpm: abacaxi e pastagem.

Culturas em consorciação (A), subdividida da seguinte forma:

Ap: lavouras perenes e lavouras anuais em consorciação;

Apb: seringueira e leguminosas;


Apf : café e feijão;
Apm.: café e milho;
Apr: café e arroz.

As: silvicultura e lavoura em consorciação;

Asa: araucária e milho;


Asd: essências exóticas diversas e milho;
Asn: essências nativas e milho;
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 47

Asp: Pinus e milho.

Ab: silvicultura e pastagens em consorciação;


Abe: eucalipto e pastagem;
Abp: Pinus e pastagem.

2.3.4. Quarto nível ou nível tecnológico

Indica o grau de desenvolvimento da tecnologia agrícola


adotada (ou "nível de manejo" da terra) . Pode vir imediatamente
após o número indicativo do primeiro nível, como após o do
segundo nível.

N: Tecnologia de nível nulo. Refere-se a adoção de processos,


implementos e ferramentas rudimentares e primitivas.

B: Tecnologia de nível baixo. Processos e implementos


semitecnificados. Tecnologia ligeiramente desenvolvida com adoção
de técnicas que evidenciam um início de racionalização, embora
ainda em nível baixo ou errôneo.

M: Tecnologia de nível médio. Processos e implementos


tecnificados. Tecnologia medianamente desenvolvida e
racionalizada.

E: Tecnologia de nível elevado. Processos e implementos altamente


tecnificados. Tecnologia de nível altamente avançado e em
consonância com modernas recomendações de institutos e órgãos de
pesquisas, evidenciando alto nível de racionalização.

V: Investimentos vultosos porém mal aplicados. Processos e


implementos ‘dispendiosos e vultosos, porém mal planejados,
inadequados para as condições locais, mal ou incorretamente
executados.
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 48

2.3.5. Quinto nível ou estádio de desbravamento

Indica o estádio de desbravamento do terreno (t), indicando seu


grau de desmatamento e de destocamento, os quais podem ser
classificadas da seguinte maneira:

to : não identificado, mas presente;

t1 : destocamento leve: terra com pequena quantidade de tocos, em


número inferior a 100/ha, espaçados entre si por distâncias médias
superiores a 10 m, ou terra com tocos, embora em número maior,
mas de porte pequeno, com diâmetros médios inferiores a 15 cm;

t2 : destocamento médio: terra com quantidade média de tocos, em


número de 100 a 600/ha, espaçados entre si de 10 a 4 m em média,
ou terra com tocos em quantidade e porte médios, com diâmetros
médios éntre 15 e 40 cm;

t3: destocamento pesado: terra com grande quantidade de tocos, em


número superior a 600/ha, espaçados entre si por distâncias médias
inferiores a 4 m, ou terra com tocos em quantidade média e de porte
grande com diâmetros médios superiores a 40 cm;

t4 : desmatamento e destocamento leves : terras com árvores em pé


em quantidade pequena, em número inferior a 200/ha, espaçadas
entre si por distâncias médias superiores a 7 m, ou terras com
árvores em pé, embora de maior número, mas de porte pequeno,
com diâmetros médios inferiores a 15 cm;

t5: desmatamento e destocamento médios: terras com árvores em pé


em quantidade média, em número entre 200 e 1.100/ha, espaçadas
entre si por distâncias médias entre 7 e 3 m, ou terras com árvores
em pé, de quantidade e porte médios, com diâmetros médios entre
15 e 40 cm;
Prof. Dr. Marcílio Vieira Martins Filho UNESP - Jaboticabal 49

t6: desmatamento e destocamento pesados: terras com árvores em pé


em grande quantidade, em número superior a 1.100/ha, espaçadas
entre si por distâncias médias inferiores a 3 m, ou terras com árvores
em pé em quantidade média e de porte grande, com diâmetros
médios superióres a 40 cm.

LITERATURAS CONSULTADAS

1. LEPSCH, I. F. Manual para levantamento utilitário do meio


físico e classificação de terras no sistema de capacidade de uso.
In: Lepsch et al. Campinas: SBCS, 1991. 175p.

2. BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo. Piracicaba: Ícone, 1990.

355p.

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