Você está na página 1de 17

Psicologias da Educação e Teorias da Aprendizagem

Autoria: Tatiane Oliveira Zanfelici

Tema 08
Behaviorismo: Comportamento e Educação
Tema 08
Behaviorismo: Comportamento e Educação
Autoria: Tatiane Oliveira Zanfelici
Como citar esse documento:
ZANFELICI, Tatiane Oliveira. Psicologias da Educação e Teorias da Aprendizagem: Behaviorismo: Comportamento e Educação. Anhanguera
Publicações: Valinhos, 2014.

Índice

CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA
Pág. 3 Pág. 3

ACOMPANHENAWEB
Pág. 10 Pág. 11

Pág. 13 Pág. 14

Pág. 15 Pág. 15

© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua
portuguesa ou qualquer outro idioma.
CONVITEÀLEITURA
Neste tema você terá a oportunidade de compreender alguns aspectos relacionados a aplicação das teorias
behavioristas para a educação.

O tema tem o objetivo de fomentar uma compreensão crítica. Essas discussões vem ao encontro das considerações
tecidas por Rodrigues (2006) sobre a importância do estudo das teorias de aprendizagem, ressaltando a necessidade
de se discutir adequadamente sobre o Behaviorismo consultando-se literaturas diretamente relacionadas ao estudo da
área, a fim de não repetir concepções errôneas frequentemente difundidas, tais como a simplificação da aplicação dos
conceitos behavioristas de aprendizagem restritas aos modelos experimentais com animais (RODRIGUES, 2006).

Este tema apresenta um pouco da história do Behaviorismo em sua origem (Behaviorismo Metodológico) até a forma em
que o aplicamos atualmente (Behaviorismo Radical), apresentando alguns de seus conceitos essenciais e finalizando
com articulações desta abordagem teórica ao contexto educacional.

PORDENTRODOTEMA
Behaviorismo: Comportamento e Educação

Segundo Bock (2001, p. 44), “o termo Behaviorismo foi inaugurado pelo americano John B. Watson, em artigo
publicado em 1913, que apresentava o título ‘Psicologia: como os behavioristas a vêem’”.

Alguns pesquisadores importantes são responsáveis pelos primeiros debates que conduziram ao desenvolvimento deste
campo teórico. Vamos conhecer um pouco de dois precursores do Behaviorismo: Pavlov e Watson.

Ivan Pavlov (1849-1936) – foi um fisiologista russo que inaugurou o campo de estudos acerca do condicionamento
clássico, um relevante fundamento para o Behaviorismo. Pavlov observou cotidianamente em um laboratório de
pesquisa que os cães que ali permaneciam salivavam quando viam ou sentiam o cheiro do alimento aguardado, mas

3
PORDENTRODOTEMA
não apenas nestes casos, associando também a salivação aos passos do alimentador que chegava na sala. Pouco a
pouco, Pavlov relacionou estímulos neutros junto a estímulos condicionados, produzindo o que compreendemos como
reflexo condicionado. Ele percebia que a presença de objetos, luzes e sons, consequenciados à apresentação de
alimentos, produziam posteriormente a salivação dos animais ainda em primeiro momento. Com o passar do tempo,
apenas a apresentação de um objeto, luz ou som, (por exemplo, uma campainha), já determinava a salivação do animal.
(SANTOS, s/d)

John B. Watson (1878-1958) - Em uma época em que o pensamento vigente estava relacionado à explicação dos
fenômenos humanos enquanto reações inatas e instintivas, Watson defendeu que o foco das pesquisas psicológicas
fosse em comportamentos, em vez de consciências (CARRARA, 2004). Segundo o autor, com exceção de estrutura
física e alguns reflexos, todas as demais reações humanas seriam aprendidas, sendo que apenas três emoções
seriam inatas: medo, cólera e amor. Portanto, as pesquisas deveriam se utilizar de estratégias que permitissem o
estudo do observável, mensurável e reprodutível em diferentes situações e sujeitos (BOCK, 2001), expressas na época
principalmente pelos estudos com animais (SANTOS, s/d). Watson empregou os princípios que denominou de estímulo
e resposta nas pesquisas com seres humanos, e “afirmava que poderia moldar qualquer bebê do modo que desejasse”
(PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2006, p. 72). Um exemplo dessas pesquisas é chamado “pequeno e emotivo Albert”.
Watson associou a apresentação de um rato branco e peludo a um ruído intenso que assustava Albert, um bebê de 11
meses, contudo, o próprio rato não o assustava. Com o passar do tempo e a associação de ambos os estímulos, Albert
passou a emitir a resposta de temer o rato mesmo com a omissão do ruído assustador.

Esta tendência do Behaviorismo, denominado até aquele momento Metodológico, não foi adiante devido a suas limitações
sendo substituída pelo Behaviorismo Radical de Skinner. De acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), concorda-se que
a ética de estudos como o realizado com o pequeno Albert seria bastante questionável, à medida que produzia estresse
e medo em uma criança de 11 meses. As críticas sobre esses métodos e abordagens ainda costumam ser bastante
contundentes, pois compreendem o condicionamento como controle e manipulação. É inegável, entretanto, que esses
experimentos e estudos trouxeram à tona descobertas de como certos aprendizados podem acontecer naturalmente e
sem intervenção, bastando a apresentação de certos estímulos (PAPALIA, OLDS e FELDMAN, 2006).

Skinner e o comportamento operante

Burrhus F. Skinner (1902-1990) foi o psicólogo americano mais icônico e influente relacionado à compreensão do
Behaviorismo como o conhecemos atualmente. Segundo Carrara (2004), a proposta de Skinner, embora reconhecendo
as limitações inerentes aos relatos verbais e indicadores fisiológicos relacionados aos eventos privados, contemplou
essas estratégias na formulação do seu Behaviorismo Radical. Entende-se neste caso a expressão “radical” como a “raiz

4
PORDENTRODOTEMA
epistemológica por via da qual se pode melhor compreender, com transparência de dados e procedimentos replicáveis,
alguns dos mais fundos enigmas humanos” (CARRARA, 2004, p. 110).

Para Bock (2001, p. 44-45), o Behaviorismo interessa-se pelo estudo das interações entre indivíduo (em suas ações) e
ambiente (em suas estimulações) – o comportamento. Todavia, desde Watson, o Behaviorismo foi modificando o sentido
de seu objeto de estudo, levando em conta que os organismos vivos não se constituem apenas passivos, tampouco
totalmente ativos, nos processos comportamentais (CARRARA, 2004). O autor destaca que Skinner considerou
três instâncias como influências poderosas nestas interações: a filogênese (evolução da espécie), a ontogênese
(desenvolvimento de um indivíduo desde sua origem) e a cultura.

Skinner estudou o comportamento respondente na década de 1930, e suas considerações partiram de duas observações
às descobertas de Pavlov: 1) Nem toda resposta emitida pelos animais poderia ser atribuída a um evento antecedente,
e 2) Dependendo da consequência de uma ação, sua frequência aumentava, ainda que não houvesse o aumento de um
estímulo que provocasse um comportamento (GALVÃO e BARROS, 2001). Em princípio, Skinner discutiu a diferença
entre os comportamentos respondentes e operantes. Os primeiros são os provocados naturalmente diante da exposição
a um estímulo específico, como por exemplo, a dilatação da pupila quando acendemos uma luz em um lugar escuro. Os
operantes, porém, não são “automáticos, inevitáveis, e nem determinados por estímulos específicos” (SANTOS, s/d, p.
18). Por exemplo, responder a um “bom dia”, cantar uma canção, escrever esse texto, são comportamentos operantes,
ou seja, não conseguimos detectar automaticamente quais estímulos são eliciadores destes comportamentos, porém
sabemos que são controlados por suas consequências.

Skinner chamou de reforçadores os eventos ambientais que aumentavam a frequência da ocorrência de um


comportamento. Podemos tomar como um exemplo, receber uma boa nota pela apresentação cuidadosa de um trabalho.
Isto é, se alguém se comporta de alguma maneira em uma situação (confeccionar um trabalho cuidadosamente) e esta
ação é seguida por um reforço (receber uma boa nota), a probabilidade de comportar-se da mesma maneira no futuro
aumenta para a mesma situação ou assemelhadas, pois teremos comportamentos reforçados (GALVÃO e BARROS,
2001). Contudo, sabe-se que os reforçadores não têm o mesmo efeito para todas as pessoas. Para alguns, o fato de
receber uma boa nota mantém o comportamento de confeccionar bons trabalhos, e por outro lado, o não recebimento
da nota esperada pode extinguir esses comportamentos. Para outros, o importante pode não ser apenas uma boa nota,
assim os reforçadores poderiam ser: obter elogios, terminar o trabalho rápido ou ter a maior nota da sala.

O caráter reforçador de um evento é definido por sua função sobre o comportamento do indivíduo (BOCK, 2001). No
ambiente escolar especificamente, nota-se que muitas vezes temos problemas relacionados ao não reconhecimento

5
PORDENTRODOTEMA
dos fatores que são reforçadores para os alunos, trabalhando com alguns mais universais, tais como pontos e notas.
Outra questão seria que em ambientes externos ao escolar, nem sempre os reforçadores são mantidos, conduzindo à
extinção dos comportamentos reforçados arbitrariamente na escola.

Em acordo com sua função, os reforçadores podem ser de alguns tipos, sintetizados na tabela a seguir:

Tabela 1 – Tipos de reforços, breve definição e exemplos.

Tipos de
Síntese de definição Exemplo
Reforços
Postar uma nova foto em sua página na rede social
Presença do evento/estímulo aumenta a
Positivos e receber comentários de elogios, conduzindo ao
ocorrência de resposta.
aumento de frequência de postagens de fotos.
Fechar o vidro do carro para evitar o vento frio
Retirada do evento/estímulo aumenta a (esquiva).
Negativos ocorrência de resposta. Pode ser de esquiva
(evitação) ou fuga. Ir embora quando alguém que não gosto chega no
local (fuga).
Incondicionados Satisfação de necessidades básicas de todas
Beber água quando sedento.
(primários) as espécies. (Tais como: sede, fome, sono...).
Obtidos pela satisfação das necessidades
Condicionados Lavar a louça durante um mês e receber por isso
secundárias ou sociais. (dinheiro, atenção,
(secundários) uma quantia em dinheiro.
simpatia).
Tipicamente seguem respostas no cotidiano
Naturais Ler sozinho após o aprendizado da leitura.
do indivíduo.
Ganhar um brinde por ter acertado uma questão
Arbitrários Artificiais para as aprendizagens.
difícil.
Contínuos Toda resposta é reforçada. Abrir a torneira e encontrar água.
Intermitentes Nem toda resposta é reforçada. Nem sempre atender quando alguém telefona.

De maneira geral, compreendemos os reforçadores como estímulos que, quando apresentados ou retirados, aumentam
a probabilidade de uma resposta acontecer (CARRARA, 2004). Contudo, outra situação acontece quando “uma resposta
é seguida de um estímulo (aversivo) e sua resposta se reduz” (CARRARA, 2004, p. 116), ou quando um uma resposta

6
PORDENTRODOTEMA
procede à eliminação de um reforçador positivo. Nestes dois casos, haverá a diminuição ou extinção de frequência
de respostas, denominada por Skinner como punição. No primeiro exemplo, temos a punição positiva, que pode ser
exemplificada pela aplicação de cartões amarelos quando um jogador de futebol não cumpre certa regra, entretanto,
caso esse jogador fosse expulso, teríamos um exemplo do segundo caso, a punição negativa.

Carrara (2004) discute que a punição deveria ser evitada por ser ineficiente, já que quando o agente punitivo é retirado,
a tendência é que os comportamentos punidos voltem a acontecer. Um exemplo seria no trânsito: apesar das punições
aplicadas quando acontecem infrações, as mesmas não motivam as mudanças de comportamento, mas por outro lado,
conduzem a um aumento de comportamentos de fuga e esquiva (BOCK, 2001).

Agora que você já tomou conhecimento a respeito de alguns conceitos fundamentais para o Behaviorismo, tem condições
de analisar a aplicação desses princípios no campo mais interessante para esta disciplina e curso.

O Behaviorismo como fundamento para a compreensão dos processos de educação e aprendizado: algu-
mas discussões

Acerca das muitas possibilidades relacionadas ao sistema educacional, parece justo convencionar que a educação
tem como uma de suas finalidades o aprendizado do aluno; consequentemente, sua avaliação (em termos de políticas,
gerenciamento escolar, princípios de ensino e aprendizagem) deveria priorizar o alcance desta meta (PEREIRA,
MARINOTTI e LUNA, 2004). Além disso, a educação possibilita espaço para o ensino de comportamentos significativos
aos alunos, tais como autocontrole, resolução de problemas e tomadas de decisão, colaborando para a sobrevivência
da cultura e dos grupos (HENKLAIN e CARMO, 2013).

Por meio de uma ampla revisão de obras da análise do comportamento, Henklain e Carmo (2013) destacam contribuições de
três diferentes categorias do Behaviorismo à educação: a) contribuições da filosofia Behaviorista Radical, b) interpretação
de problemas educacionais, bem como a descrição e a aplicação de princípios behavioristas à educação, c) propostas de
ensino com fundamentos da análise do comportamento. Os autores reafirmam as contribuições do Behaviorismo quanto
à não aceitação de constructos hipotéticos ou metafóricos como eliciadores de comportamentos, conduzindo a pesquisas
indispensáveis acerca das variáveis relacionadas a certas formas de se comportar, não permitindo a centralização do
fracasso escolar em um único fator, como por exemplo, o aluno.

Pereira, Marinotti e Luna (2004) discutem a necessidade de se analisar os problemas pedagógicos não apenas como
externos à escola e à atuação do professor, mas também levando em consideração as peculiaridades do público atendido
para a reformulação das ações. Na prática, significa estar atento às variáveis ambientais que podem ou não motivar ou

7
PORDENTRODOTEMA
auxiliar os alunos para a realização das tarefas, tais como: os tipos de atividades que o professor requisita, os efeitos
dessas atividades nos alunos, as instruções para efetivação das mesmas, entre outras que descentralizam a motivação
ou o desempenho do aluno apenas em fatores individuais, inerentes a sua natureza (HENKLAIN e CARMO, 2013). Para
os autores, essa maneira de compreender os comportamentos dos alunos em relação às produções que apresentam
na escola relaciona-se com a análise de comportamentos, de repertórios que se constituem como facilitadores da
aprendizagem, bem como a detecção de fatores que a dificultam, ao longo da história individual do aluno, contemplando
contingências sob as quais o indivíduo se comporta e suas consequências. Isto é, um dos papéis mais importantes do
professor “envolve criar condições que facilitem e garantam aprendizagem” (HENKLAIN e CARMO, 2013, p. 712). Os
autores discutem que o ato de ensinar envolve processos comportamentais complexos, abarcando ações realizadas
pelo professor em certas circunstâncias, bem como os efeitos das mesmas. O aprendizado, por sua vez, consiste nas
mudanças de comportamentos dos alunos decorrentes das citadas consequências dos comportamentos de ensino dos
professores. Em síntese, podemos dizer que:

(...) quando o aluno enfrenta uma situação-problema que não é capaz de resolver e o procedimento de ensino do
professor faz com que ele passe a ser capaz de solucioná-la, isso é o que evidencia a ocorrência de aprendizagem.
Se o aluno persiste não conseguindo solucionar um problema é porque o ensino não ocorreu, já que ensinar
envolve a ação do professor e a aprendizagem do aluno. Dessa definição deduz-se que ensinar e aprender são
dois processos interdependentes. (HENKLAIN e CARMO, 2013, p. 713)

Diante das discussões acerca do papel do professor no estabelecimento da aprendizagem do aluno, parece importante
que este profissional tenha clareza sobre o que ensinar para que seja possível a verificação do que foi ou não aprendido
(HENKLAIN e CARMO, 2013). Carrara (2004) discutiu que desde a década de 1960, instituições de ensino brasileiras e
norte-americanas se preocuparam com a definição de objetivos educacionais. Acerca destes debates, parece bastante
característico ao Behaviorismo seu potencial de contribuição, à medida que possibilita pensarmos o planejamento de
situações de ensino, seja apontando para a organização e definição de objetivos, avaliando repertórios básicos de
conhecimento dos alunos, colaborando com a definição de critérios de reforçamento e comportamentos que serão
reforçados, definindo conseqüência de erros e de avaliação do aprendizado de comportamentos alvo, manejando
contingências para aproximações graduais aos comportamentos-alvo, e sugerindo o registro de respostas do aluno
(HENKLAIN e CARMO, 2013). Carrara (2004) destaca alguns princípios relativos à abordagem behaviorista que
poderiam contribuir sobremaneira no contexto educacional, quais sejam: assegurar reforçamento compatível com os
comportamentos selecionados, garantir oportunidades em sala de aula para que os alunos emitam tais comportamentos
(participando e recebendo feedback), investimento em situações em que o reforço seja mais frequentemente natural
em vez de arbitrário, aproximações sucessivas e reforços diferenciados para a aquisição de comportamentos mais

8
PORDENTRODOTEMA
complexos (CARRARA, 2004), e progressões graduais da complexidade de comportamentos, como por exemplo,
começar ensinando conteúdos mais fáceis para alcançar, pouco a pouco, os mais difíceis (HENKLAIN e CARMO, 2013).

Também se faz relevante conhecer tudo o que for possível sobre o aluno: o que ele já sabe, em termos acadêmicos e
sociais, sobre os comportamentos que serão ensinados, fatores que podem agir como reforçadores ou aversivos, contexto
social do aluno e que tipo de situações podem lhe ser importantes no sentido de aplicar conhecimentos para solucionar
problemas. Essas recomendações ampliariam o conhecimento sobre o desenvolvimento do aluno, percorrendo todo
o período em que o professor o acompanha, bem como estariam individualizadas às necessidades de cada aluno em
particular. Quanto aos erros dos alunos, constituem-se como indicadores de que procedimentos de ensino e estratégias
avaliativas devem ser revistos para que possibilitem o alcance dos objetivos de ensino e não se tornem tão punitivos a
ponto de que o aluno desista de aprender (HENKLAIN e CARMO, 2013).

Por outro lado, autores do Behaviorismo discutem também em relação a quais contingências o comportamento dos
próprios professores é controlado, como por exemplo: o controle de outros professores, o cumprimento dos planos de
aula, burocracias, relação dos professores com a sala, respostas comportamentais da sala, formação profissional etc.
Os discursos a respeito da individualidade de necessidades dos alunos muitas vezes dissolvem-se em função de um
trabalho que se baseia no desempenho médio da sala e de condições atuais que não colaboram com a atuação do
professor nos sentido de favorecer, de todas as maneiras possíveis, o aprendizado do aluno (PEREIRA, MARINOTTI e
LUNA, 2004).

Muitas outras aplicações do Behaviorismo poderiam ser arroladas neste texto. As intervenções de Equivalência de
Estímulos, difundidas por Murray Sidman e relacionadas à aquisição de comportamentos de leitura e escrita e ao controle
da indisciplina escolar, e o Sistema Personalizado de Instrução, de Fred Keller, cujos princípios podem ser encontrados
na estrutura de alguns cursos de Educação à Distância, são exemplos que até os dias atuais em muito colaboram para
o desenvolvimento dos indivíduos.

9
ACOMPANHENAWEB
Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao
diálogo

• Este artigo, escrito por Marcelo Henrique Henklain e João Santos Carmo, apresenta um
programa de ensino aos pais de alunos com dificuldades de aprendizagem para a promoção de
comportamentos de estudo autônomos e eficazes em seus filhos.
Link: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v43n149/16.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2014.

Martha Hübner sobre a Escola Ideal de Skinner

• Este vídeo proporciona uma oportunidade de contato com as principais discussões e estudos
desenvolvidos na interface Behaviorismo e educação e é voltado especialmente a educadores
interessados no estudo da temática. a psicóloga Maria Martha Hubner, expoente brasileiro em
pesquisas em Análise do Comportamento, podemos conhecer um pouco sobre as ideias de
Skinner sobre a educação e as instituições escolares.
Link: <https://www.youtube.com/watch?v=Ohr5fUp76AI>. Acesso em: 03 jun. 2014.

Tempo: 01’51’’.

Por que precisamos de mais uma lei? – Sobre a “Lei da Palmada”, renomea-
da de “Lei menino Bernardo” (PL 7672/10).

• Lucia Cavalcanti Albuquerque, Paola Magioni Santini e Sheila Williams Soma apresentam
uma ótima e atual reflexão a respeito da “Lei da Palmada” à luz dos princípios da Análise do
Comportamento, contribuindo para a compreensão da importância dessa teoria na educação de
forma ampliada.
Link: <http://laprev.wordpress.com/2014/06/02/por-que-precisamos-de-mais-uma-lei-sobre-a-lei-da-palmada-re-
nomeada-de-lei-menino-bernardo-pl-767210/>. Acesso em: 03 jun. 2014.

10
ACOMPANHENAWEB
Skinner fala sobre a máquina de ensinar

• Neste curioso vídeo, você poderá conferir o próprio Skinner falando sobre a sua “máquina de
ensinar”, uma tecnologia idealizada há muitas décadas com o intuito de viabilizar o aprendizado
dos alunos.
Link: <http://www.youtube.com/watch?v=vmRmBgKQq20>. Acesso em 04 jun. 2014.

Tempo: 04:18.

AGORAÉASUAVEZ
Instruções:
Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla
escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.
Questão 1

O que você compreende como “comportamento”? Dê um exemplo relacionado à educação.

11
AGORAÉASUAVEZ
Questão 2

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas a seguir:

O Behaviorismo proposto por __________, concebe o homem como produto de três fatores: __________, _________ e _______.

a) Freud, patológicos, cultura, sociais.

b) Skinner, ontogenéticos, filogenéticos, cultura.

c) Pavlov, momentâneos, circunstanciais, contingenciais.

d) Skinner, físicos, socioemocionais, cognitivos.

e) Watson, reforço, punição, extinção

Questão 3
O comportamento operante debatido por Skinner abrange a maioria dos comportamentos dos indivíduos. Responder a um “bom
dia”, cantar uma canção, escrever um texto, são exemplos de comportamentos operantes. O conceito de reforço é indispensável
para a compreensão dos fatores mantenedores de um comportamento.
Diante do exposto, assinale a alternativa que abarca exemplos de comportamentos seguidos por consequências de reforço
natural:

a) Ganhar elogios pela beleza dos cabelos.

b) Receber o salário após um mês de trabalho.

c) Receber um desconto por antecipação de pagamento.

d) Chegar ao destino após ter dirigido a manhã toda.

e) Ganhar um prêmio de melhor aluno da sala.

12
AGORAÉASUAVEZ
Questão 4

Defina o Behaviorismo Radical e Metodológico e as principais contribuições dos teóricos que você conheceu neste módulo.

Questão 5

Por que o reforço natural deveria exercer mais função sobre o comportamento humano, de acordo com as ideias de Skinner, na
aplicação do reforço para a análise do comportamento?

FINALIZANDO
Neste tema você conferiu como se deu a formação do Behaviorismo Metodológico desde a incorporação das ideias
de Pavlov à Psicologia, percorrendo as discussões sobre os conceitos de estímulo e resposta, até chegar às críticas de
Skinner que conduziram ao desenvolvimento do seu Behaviorismo Radical. Alguns conceitos fundamentais desta nova
abordagem, quais sejam, os diferentes tipos de reforço, a punição, a compreensão de comportamento e contingência,
foram introduzidos e discutidos. Você acompanhou também as discussões relacionadas as noções formulados pelo
Behaviorismo ao contexto da educação, articulando-os junto ao papel do professor enquanto um importante promotor
de contingências que favoreçam o aprendizado e desenvolvimento de seus alunos.

13
REFERÊNCIAS
BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva, 2001.
CARRARA, Kester. Behaviorismo, Análise do Comportamento e Educação. Em: Introdução à Psicologia da Educação – Seis
abordagens. São Paulo: Avecamp, 2007, p. 109-133.
COSER, Danila Secolin, CORTEGOSO, Ana Lucia, GIL, Maria Stella Coutinho Alcântara. Promoção de comportamentos
de estudo em crianças - resultados de um programa de ensino para pais e responsáveis. Revista Brasileira de Terapia
Comportamental e Cognitiva. 13 (2). São Paulo, 2011.
GALVÃO, Olavo Faria e BARROS, Romariz. Silva. Curso de Introdução à Análise Experimental do Comportamento. Ed.
Copymarket.com, 2001.
HENKLAIN, Marcelo Henrique Oliveira e CARMO, João dos Santos. Contribuições da análise do comportamento à educação:
um convite ao diálogo. Cadernos de Pesquisa, 43 (149), São Paulo, 2013.
HUBNER, Maria Martha. A Psicologia de B. F. Skinner. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Ohr5fUp76AI>.
Acesso em: 04 jun. 2014.
PAPALIA, Diane, OLDS, Sally Wendkos e FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed, 2006.
PEREIRA, Maria E. M.; MARINOTTI, Miriam; LUNA, Sérgio V. O compromisso do professor com a aprendizagem do aluno:
contribuições da análise do comportamento. Em: HÜBNER, Maria Martha Costa, MARINOTTI, Miriam (Org.). Análise do
comportamento para a educação: contribuições recentes. Santo André: Esetec, 2004. p. 11-32.
RODRIGUES, Maria Ester. Behaviorismo: Mitos, discordâncias, conceitos e preconceitos. Educere Et Educare – Revista de
Educação. 1 (2), Cascavel (PR), 2006.
SANTINI, Paola Magioni, SOMA, Sheila Prado e WILLIAMS, Lucia Cavalcanti Albuquerque. Por que precisamos de mais uma
lei? – Sobre a “Lei da Palmada”, renomeada de “Lei menino Bernardo” (PL 7672/10). Disponível em: <http://laprev.wordpress.
com/2014/06/02/por-que-precisamos-de-mais-uma-lei-sobre-a-lei-da-palmada-renomeada-de-lei-menino-bernardo-pl-767210/>.
Acesso em: 03_jun. 2014.
SANTOS, Rosângela Pires. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. São Paulo: Coursepack Ieditora (sem data).
SKINNER, Burrhus Frederic. Skinner fala sobre a máquina de ensinar. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=vmRmBgKQq20>. Acesso em: 04 jun. 2014.

14
GLOSSÁRIO
Comportamento: Atividade dos organismos (humanos, animais) em intercâmbio com o ambiente.

Reforço: Estímulo experimentado após um comportamento que contribui para a probabilidade de que os mesmos ou
assemelhados se repitam.

Punição: Estímulo experimentado após um comportamento que contribui para a probabilidade de que os mesmos ou
assemelhados não se repitam.

Contingência: Probabilidade de um evento acontecer ou se afetado por outros.

Eliciador: que extrai uma resposta ou reação, provocador.

GABARITO
Questão 1

Resposta: Frequentemente se reduz o conceito de comportamento às condutas dos alunos em sala de aula (bom ou
mau comportamento). Contudo, os comportamentos são interações entre organismos de diferentes naturezas. Podem
ser comportamentos sociais, verbais, de ensino de aprendizado.

O aluno precisa deixar claro o que entende a respeito do termo “comportamento” e fornecer um exemplo de sua definição
que tenha a ver com o âmbito educativo.

Questão 2

Resposta: Alternativa B.

Justificativa: O ícone do Behaviorismo Radical, B. F. Skinner, preconizava a herança da espécie, o contexto de


desenvolvimento e a cultura como as grandes influências no entorno do homem.

15
GABARITO
Questão 3

Resposta: Alternativa D.

Justificativa: Este tipo de reforço se refere à consequência natural que mantém um comportamento, presente no
ambiente do indivíduo sem a intervenção de outrem.

Questão 4

Resposta: O Behaviorismo foi criticado ao longo dos anos, principalmente em função das ideias confundidas entre o
Behaviorismo Metodológico e Radical. O Behaviorismo Metodológico de Watson aplicou os conhecimentos de Pavlov à
Psicologia formulando as teorias de Estímulo e Resposta. Apesar de Skinner ter sido muito influenciado pelas descobertas
de Watson (precursor do Behaviorismo Metodológico), defendeu que a Psicologia poderia também estudar eventos não
observáveis, considerados eventos privados, incorporando relatos verbais e indicadores fisiológicos à sua teoria. Tanto
o Behaviorismo Metodológico como o Radical, tomaram o comportamento como objeto de estudo, mas o Radical rejeita
o conceito de mente como um constructo, compreende a importância das contingências para as quais o comportamento
é função e apresenta o estudo dos comportamentos encobertos, como sentimentos e pensamentos.

Questão 5

Resposta: Skinner defendeu que reforçar arbitrariamente facilita o processo para que a pessoa seja reforçada
naturalmente. Ou seja, o reforço natural refere-se às consequências que promovem naturalmente o reforço (fazer uma
tarefa e sentir-se satisfeito, independente de nota ou de avaliação), já o arbitrário refere-se às consequências produzidas
por terceiros (tocar violão em função de um público específico). O uso do reforço natural possibilita a generalização, pois
é produto direto do próprio comportamento.

16

Você também pode gostar