Você está na página 1de 12

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A ASSOCIAÇÃO ENTRE AS

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO


ESCOLAR NO BRASIL

GT5 – Educação, Comunicação e Tecnologias

Fábio Alexandre Ferreira Gusmão1

Resumo

O objetivo principal desta pesquisa foi analisar a associação entre as tecnologias da informação e
comunicação (TICs) e a educação escolar no Brasil. A pesquisa foi do tipo bibliográfica. A seleção das
referências bibliográficas foi feita a partir do levantamento bibliográfico de artigos produzidos entre
1995 a 2015 localizados no Scielo a partir de palavras-chave, como: ciberespaço, cibernético, etc. Os
principais resultados demonstram que apesar da grande presença das TICs no cotidiano dos alunos nas
escolas, verifica-se que muitos ainda apresentam dificuldades na realização de atividades pedagógicas
utilizando computador e a internet, mas também observa-se que os estudantes brasileiros não utilizam
as TICs para promover a aprendizagem escolar, mas sim para entretenimento e passar o tempo com
atividades que não se relacionam com a educação escolar.

Palavras-chave
Educação escolar, sociedade informacional, sociedade em rede, tecnologias da informação e
comunicação

Abstract
The main objective of this research was to analyze the association between information and
communication technologies (ICT) and education in Brazil. The research was the bibliographical. The
selection of references was made from the literature articles produced between 1995-2015 located in
Scielo from keywords, such as cyberspace, cyber, etc. The main results show that despite the large
presence of ICT in the daily life of students in schools, it appears that many still have difficulties in
carrying out educational activities using computer and internet, but also observed that Brazilian students
do not use ICTs to promote school learning, but for entertainment and spend time with activities that do
not relate to school education.

Keywords
Education, information society, network society, information and communication technologies

1
Professor Universitário da Faculdade AGES. Mestre em Educação: Psicologia da Educação pela
PUC/SP. Especialista em supervisão, orientação, gestão da educação básica e em inspeção escolar pela
UCB. Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Bahia. E-mail:
fa_bio_gus@hotmail.com.
1. Introdução

As mudanças na organização do trabalho e a introdução de novas tecnologias de gestão


e de produção exigem um novo estilo de trabalho que necessita de habilidades gerais de
comunicação e integração, habilidades próprias de serem aprendidas na escola durante a
educação escolar. O final do século XX marcou o surgimento de uma nova estrutura social
marcada pelo surgimento de um novo modelo de desenvolvimento, o informacionalismo.
Assim, o que define o modo informacional de desenvolvimento é “a ação de conhecimento
sobre os próprios conhecimentos como principal fonte de produtividade” (CASTELLS,
1996/20092, p.54).
Portanto, na sociedade do século XXI faz-se sentir cada vez mais a presença das
tecnologias da informação e comunicação (TICs), a saber: computador, telecomunicações,
televisão, telefone fixo, telefone celular, internet, banda larga, satélite, iPhone, iPad, iPod, etc.
Concorrem também para essa motivação a grande divulgação do conhecimento científico e a
presença constante das inovações científicas e tecnológicas.
Segundo Castells (1996/2009) as TICs estão integrando o mundo em redes globais de
instrumentalidade”. O autor propõe um novo paradigma que está transformando a sociedade
contemporânea em uma sociedade globalizada, centrada no uso e na aplicação da informação e
do conhecimento, que acelera uma revolução tecnológica centrada nas TICs. Essas novas
tecnologias agrupam empresas, organizações e instituições que vão formar a sociedade em rede.
O final do século XX foi caracterizado pelo surgimento de um novo paradigma, o
paradigma das TICs que inclui todo o conjunto de tecnologias relacionadas com a
microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão,
optoeletrônica, nanotecnologia, engenharia genética e suas aplicações e a biotecnologia. Nesse
novo paradigma proposto por Castells (1996/2009), as TICs são caracterizadas pela ação da
tecnologia sobre a informação que vão gerar dispositivos de processamento/comunicação e de
seu uso.
Por isso, a informação produzida por essa nova tecnologia vai ser parte integrante de
toda atividade humana, sendo a imprevisibilidade e a flexibilidade consequências de uma
complexa rede de relações produzidas pelas TICs, que estarão em convergência com
tecnologias específicas para a construção de um sistema complexo, na qual todas as tecnologias

2
Sempre que houver menção a duas datas, a primeira refere-se à data da publicação original; a segunda,
à data da edição consultada.
estarão integradas nos sistemas de informação e comunicação formando uma sociedade em rede
(CASTELLS, 1996/ 2009).
Para Castells (1996/2009, p.113), “o paradigma das TICs não evoluirá para seu
fechamento como um sistema, mas rumo à abertura como uma rede de acessos múltiplos” Nesse
contexto se faz necessário uma educação de qualidade que possibilite que as pessoas tenham a
capacidade de processar informações, resolver problemas do cotidiano, pensar criticamente,
trabalhar colaborativamente, ter domínio efetivo da tecnologia disponível. Para que desta
forma, possa conciliar o constante e contínuo avanço científico e tecnológico com as novas
formas de aprendizagem disponíveis na sociedade em rede.
Dessa forma, a utlização das TICs permitá aos indivíduos, por meio do acesso a
internet pesquisar e se comunicar na sociedade atual, que é marcada pela grande presença das
TICs no seu cotidiano. Portanto, segundo Vall, Mattos, Costa (2013, p.103) “[...] o novo
aprendizado é orientado para o desenvolvimento da capacidade educacional de transformar
informação e conhecimento em ação”, pois o aluno não só aprende no ambiente formal da
escola , mas também aprede no ciberespaço.
De acordo com Coll (2005), o que está acontecendo com o novo paradigma das TICs
é igual ao que já aconteceu com outras revoluções cientificas e tecnológicas na história da
humanidade. As TICs estão vinculadas ao surgimento de uma nova organização social, política,
cultural, econômica e educacional. Por isso, uma base sólida em educação escolar vai fortalecer
muito as habilidades e competências que as pessoas usam todos os dias, tais como: a capacidade
de unir seu conhecimento ao de outros numa empreitada coletiva; capacidade de compartilhar
e comparar sistemas de valores por meio da avaliação de dramas éticos; capacidade de formar
conexões entre pedaços espalhados de informação; capacidade de expressar suas interpretações
e sentimentos em relação a ficções populares por meio de sua própria cultura tradicional;
capacidade de circular suas criações por meio da internet, para que possam ser compartilhadas
com outros; e a capacidade de explorar um mundo ficcional e a competência de desenvolver
uma compreensão mais rica de si mesmo e da cultura à sua volta.
Segundo Jenkins (2006/2009), a sociedade informacional é marcada pela cultura
participativa, participação ativa, criatividade alternativa e pela economia efetiva. Portanto,
nessa sociedade em rede marcada por transformações comunicacionais, tecnológicas,
mercadológicas, culturais, educacionais, econômicas e sociais; e pela convergência dos meios
de comunicação em que ocorre o fluxo de conteúdos por meio de múltiplas plataformas de
mídias, de modo que a convergência dos meios de comunicação “[...] representa uma
transformação cultural à medida que consumidores são incentivados a procurar novas
informações e fazer conexões em meio a conteúdos de mídia dispersos [...]” (p.30), que fazem
com que as pessoas busquem diversas experiências de aprendizagens na sociedade atual.
Assim a presente pesquisa teve como objetivo analisar a associação entre as
tecnologias da informação e comunicação e a educação escolar no Brasil.

2. Métodos
A pesquisa foi do tipo bibliográfico. A seleção das referências bibliográficas foi feita
a partir do levantamento bibliográfico de artigos produzidos entre 1995 a 2015 localizados no
Scielo (http//www.scielo.com.br) a partir de palavras-chave, como: ciberespaço, cibernético,
etc.
Desse modo, para se alcançar os objetivos da pesquisa, foram realizados os seguintes
procedimentos:
1. Identificação das palavras- chaves que permitiriam a busca de artigos relacionados ao tema
da pesquisa;
2. Seleção de referências bibliográficas que atendam ao objetivo da pesquisa;
3. Revisão bibliográfica feita a partir das palavras-chave, no Scielo site
(http//www.scielo.com.br) no período entre 1995 a 2015.

3. Resultados e discussão
O Brasil chega ao século XXI praticamente com a universalização do acesso ao ensino
fundamental da população da faixa etária dos 7 aos 14 anos. Sem dúvida, um século que se
inicia com grandes avanços na área econômica, social, científica, na participação política da
população e na consolidação da democracia, mas que ainda apresenta indicadores educacionais
sofríveis, como o índice de analfabetismo da população com mais de 25 anos. Junto com esses
recentes fenômenos, observa-se também, um aumento do uso das TICs pela população, e nas
escolas públicas e particulares.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br. (CGI.br, 2014) realizou uma pesquisa
para identificar o uso e as apropriações das TICs nas escolas brasileiras por meio da prática
pedagógica e da gestão escolar. A pesquisa ressalta um aumento contínuo da penetração das
TICs nas escolas, mas também aponta problemas para o uso das TICs nas escolas públicas, tais
como: qualidade da infraestrutura de acesso, limitações quanto a conectividade, números de
equipamentos em funcionamento, e a necessidade do desenvolvimento de programas oficinais
que estimulem/capacitem o uso de recursos pedagógicos obtidos pela internet.
Os resultados encontrados pela pesquisa em relação a infraestrutura caracterizada pela
presença de computadores, acesso a internet e a disseminação de dispositivos móveis (tabletes,
notebooks) demonstram que:
1. Em cerca de 99% das escolas públicas brasileiras possuem computadores, entretanto a
quantidade de computadores ainda é um aspecto que limita o uso mais intenso das TICs no
cotidiano da escola, pois o número de computadores ainda dificulta contato personalizado
dos estudantes;
2. Em relação ao uso da internet nas escolas, observa-se que 95% das escolas públicas
possuem computador com algum tipo de acesso. Entretanto, a disponibilidade de conexão
sem fio, incluindo as redes Wi-Fi não contribuem para o efetivo acesso a rede, já que a
praticidade veio associada a problemas típicos da tecnologia usada, como a instabilidade de
sinal e a perda de velocidade;
3. A pesquisa também demonstra a maior disseminação de dispositivos móveis, o que vem
transformando substancialmente o ambiente de ensino e as formas de uso pedagógico das
TICs. Além disso, observa-se um novo cenário em que uma grande proporção de
professores levam seus notebooks para escola e os utiliza para fins pedagógicos.
A partir da análise desses resultados podemos observar que aconteceu a incorporação
de uma série recursos tecnológicos a escola, porém não houve uma mudança no processo
pedagógico. O que de acordo com Gómez (2002) significa a racionalidade da eficiência, em
que ocorre a modernização dos recursos tecnológicos sem a mudança no processo pedagógico.
Além disso, o autor destaca a racionalidade da relevância, em que o processo pedagógico
precisa adequar os recursos tecnológicos de forma que permita a adequada interação como
códigos técnicos linguísticos que estimulem a aprendizagem e não somente a diversão.
Os resultados encontrados pela pesquisa em relação a formação dos professores indica
que as escolas e as redes de ensino públicas oferecem poucos projetos ou programas de
capacitação para o uso de computadores e internet para fins pedagógicos. Entretanto, a pesquisa
destaca a postura proativa dos professores que buscam formas de capacitação e formação
continuada por conta própria. Além disso, observa-se que os professores apresentam relativa
autonomia frete aos recursos digitais, tendo em vista que é maior a proporção de docentes que
combinam conteúdos isolados, tais como imagens e textos.
Ademais, os resultados apontam que as TICs estão muito presentes no cotidiano da
grande parte dos alunos das escolas públicas, o que ressalta que os jovens são a parcela da
população que mais utilizam a internet, porém apesar da grande presença das TICs, observa-se
que muitos ainda apresentam dificuldades na realização de atividades pedagógicas utilizando
computador e a internet.
A partir da análise dos resultados da pesquisa para identificar o uso e as apropriações
das TICs nas escolas brasileiras (CGI.br, 2014), observa-se a necessidade da convergência da
escola com as TICs, a partir do desenvolvimento de uma pedagogia mediática, caracterizada
por um conjunto de técnicas, princípios, métodos e estratégias de ensino e aprendizagem que
permitam a participação ativa das pessoas em um espaço social de comunicação, que possibilite
o desenvolvimento de comunidades inteligentes capazes de se autogerir; em que grupos se
formam por meio de preferências individuais, dando origem a territórios imaterializados.
Além disso, a pedagogia mediática precisa ter como princípios pedagógicos a
confiança, relevância, talento, imersão, paixão, autodirecionamento para que os alunos
participem ativamente e colaborativamente dos processos de aprendizagens informais, pois
fazem com que se aprenda fazendo, e não apenas pela educação formal, a fim de que o
aprendizado ocorra a partir de sua participação/integração na sociedade em rede
(BUCKINGHAN, 2010; CASTELLS, 1996/2009; JENKINS, 2006/2009; VEEN;
VRAKKING, 2006/2009). Portanto, de acordo com a pesquisa do CGIbr (CGI.br, 2014),os
estudantes brasileiros não utilizam as TICs para promover a aprendizagem escolar, mas sim
para entretenimento e passar o tempo com atividades que não se relacionam com a
aprendizagem escolar.
Gusmão (2011) analisou a relação entre o uso de computador e o desempenho da
aprendizagem de Ciências dos alunos da 8ª série do ensino fundamental alcançados na avaliação
do SAEB de 1999. Os resultados encontrados nesta pesquisa indicaram que quando o aluno
sabe usar computador ou usa computador na escola, ele apresenta maior proficiência em
Ciências. No entanto, a análise multivariada com o CHAID demonstrou não existir nenhuma
relação significativa entre esta variável com o desempenho em Ciências.
Apesar disso, os resultados da análise descritiva não diferem dos resultados
apresentados pelo “Mapa da Inclusão Digital” publicado pela Fundação Getúlio Vargas FGV
(FGV, 2003). A pesquisa da FGV (FGV, 2003) analisou os dados de provas de Matemática e
Português da 4ª e 8ª séries do EF e do 3ª ano do ensino médio do SAEB de 2001, utilizando
análise de regressão multinível. Um dos seus objetivos foi analisar o efeito do acesso a
computador sobre o desempenho escolar. Os resultados demonstram um efeito positivo do
acesso a computador sobre o desempenho escolar em todas a disciplinas avaliadas. Entretanto,
Laros e Marciano (2008) e Dwyer et al. (2007) encontraram um efeito negativo da variável
relacionada ao uso do computador para a fazer a lição de casa sobre o desempenho escolar. Ou
seja, ambas as pesquisas constataram que esta variável contribui para o menor desempenho nas
avaliações do SAEB.
Apesar das discrepâncias encontradas nos estudos citados acima, os resultados
apresentados por Gusmão (2011) referente à análise descritiva do SAEB não entram em
contradição com os resultados do “Mapa da Inclusão Digital” (FGV, 2003), mesmo
considerando que as pesquisas utilizaram métodos de análises diferentes. As discrepâncias
citadas nos resultados das pesquisas anteriores são consequência do uso de metodologias
diferentes, que impedem que resultados parecidos sejam encontrados e replicados para que
deste modo, possam validar ou refutar o efeito desta variável sobre o desempenho escolar.
Cabe ainda ressaltar, que apesar das melhorias quantitativas da educação brasileira,
como, por exemplo, o acesso ao ensino fundamental, as taxas de aprovação, reprovação e
analfabetismo, ainda assim, não foram eliminados os problemas relativos à qualidade do ensino,
como tem demonstrado as avaliações internacionais como o Programme for International
Student Assessment - PISA (BRASIL, 2008) e o SAEB (BRASIL, 2002) para o ensino
fundamental e médio. Elas apontam, de forma geral, problemas relativos às disciplinas básicas
(Português e Matemática). Isso significa que, apesar de todos os avanços, ainda precisamos de
uma educação de qualidade para que todos tenham competências, habilidade e conhecimentos
adquiridos na escola que sejam relevantes para a sua participação em uma sociedade em rede,
em que as TICs serão o novo paradigma do século XXI. A partir dessas avaliações do sistema
de ensino e do acesso universal à educação para toda a população, se faz necessária uma ampla
discussão entre governo e sociedade em torno da proposição de um modelo educacional que
possibilite nosso crescimento econômico diminua as desigualdades sociais e econômicas e que
contribua com uma maior justiça social.
Segundo Buckingham (2010), as escolas atualmente ainda não se disponibilizam
para a educação mediática com os recursos tecnológicos como computador, porque muitos
professores utilizam em seu cotidiano, mas não em sua prática pedagógica. Logo, o computador
se torna um recurso tecnológico sem nenhum objetivo pedagógico. O autor fez uma pesquisa
que tinha como objetivo analisar se a escola é uma uma instituição ultrapassada, e que se seu
fim é eminente e previsível.
O resultado da pesquisa aponta que a escola não vai desaparecer. Contudo, o
ambiente é cada vez mais dominado pelas TICs, o que provoca a escola a adotar com urgência
o enfrentamento das situações impostas pela cultura digital. Em suma, precisa-se parar de
pensar nessas questões em simples termos tecnológicos e começar a tecer ações que contribuam
na utilização das TICs na educação escolar.
Ainda segundo o autor, a escola deve estar pronta para lidar com as TICs, porque
sabe-se que a sociedade exige o contato com ciberespaço, pois à medida que o conhecimento
passa a ter acesso livre e irrestrito se faz necessário que a educação escolar acompanhe as
demandas que proporcionam mudanças tanto no processo de aprendizagem na escola, mas
também no espaço social, na vida cotidiana e no ambiente de trabalho. Por conseguinte, a
cultura digital ganha seu lugar na vida cotidiana dos adolescentes e jovens trazendo novos
estilos, permeada por linguagens informais, visto que, as TICs se tornam um novo mundo para
toda a sociedade
Segundo Baledeli, Barros e Altoé (2012), na sociedade contemporânea, as TICs
concebem novas formas de produção na prática educacional tradicionalista e na formação do
professor do século XXI que deve estar atento à dinamicidade que traz à internet e aos diversos
recursos e diferentes interações que promove. Dessa forma, a atuação do professor é
indispensável na sociedade da informação para que assim possa conversar com seus alunos
quanto às transformações e o que acontece no mundo como também tornar suas práticas
pedagógicas mais inovadoras. Os autores realizaram uma pesquisa bibliográfica com o objetivo
discutir a composição da sociedade da informação e do conhecimento, tanto sociais quanto
educacionais, com a extensão das TICs e os desafios da educação num contexto que o
conhecimento ganha destaque e relevância. A pesquisa apontou os desafios que o professor
deve enfrentar para adequar os recursos tecnológicos às suas metodologias em sala de aula, em
busca de um ensino inovador. Portanto, o professor deve avaliar a especificidade do trabalho e
as consequências decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos na sua prática pedagógica
para ter condições de tornar seus alunos seres críticos e reflexivos.
A sociedade contemporânea exige que o professor seja crítico e reflexivo, e que
deva interagir com o mundo da informação e comunicação, pois é necessário que esteja atento
às novas mudanças que as TICs podem trazer no processo educativo, pois com o uso crescente
dos ambientes virtuais a comunicação apresenta novas maneiras de ler e escrever, como também
proporciona um afastamento dos alunos diante do texto escrito no papel, nas atividades em sala
de aula e o professor deve ficar atento quanto à grafia do aluno que passa, hoje, a maioria do
tempo na internet. Portanto, o professor deve ter o contato concreto principalmente com o
computador para conhecer de perto as diferentes linguagens utilizadas no texto digitado, quanto
à estrutura e intencionalidade.
Enfim é de suma importância que o professor trabalhe com diversos textos em sala
de aula, que apresentem diferentes linguagens fazendo com que, por meio da leitura os alunos
conheçam as modalidades da Língua Portuguesa. Assim, é necessário falar da hipertextualidade
que o ciberespaço traz no aprendizado escolar e quanto às implicações. Dessa forma, é relevante
o professor incorporar, em seus métodos, os recursos tecnológicos ao tornar as aulas mais
dinâmicas e inovadoras, ao mesmo tempo, orientar os alunos a utilizar de forma adequada essas
ferramentas.

4. Considerações finais
A educação escolar contemporânea está inserida em uma sociedade em rede, centrada
no uso e na aplicação da informação e do conhecimento, que exige das pessoas a participação
ativa em um espaço social de comunicação, que possibilite o desenvolvimento de comunidades
inteligentes capazes de se autogerir; em que grupos se formam por meio de preferências
individuais, dando origem a territórios imaterializados. Mas, ainda se busca a universalização
da conclusão da educação básica, o combate ao fracasso e a desigualdade escolar, o aumento
da atratividade da carreira docente pelos jovens, a luta contra a desmoralização crescente dos
professores, a deterioração salarial, o aumento do acesso a escola em detrimento da qualidade
do ensino. Além disso, a educação escolar se depara com a necessidade de oferecer uma
alfabetização que vá além da alfabetização tradicional, ela precisa ser capaz de oferecer uma
alfabetização mediática e informacional para que as atuais e futuras gerações sejam capazes de
decifrar/compreender os códigos próprios que envolvem as TICs.
A crescente demanda por educação inicial e permanente, desafia as sociedades a
oferecer a todos os cidadãos uma educação coerente com as exigências do novo contexto e nem
sempre é possível contar com as TICs para intermediar este processo. Deve-se criar
oportunidades para que os indivíduos adquiram as informações de modo autônomo e seletivo e
produzam conhecimentos nos espaços formais e informais de ensino-aprendizagem.
As TICs trazem contribuições aos contextos educacionais, devido a introdução de
novas práticas comunicativas e como mediadoras de informações oferecem mudanças para as
abordagens tradicionais de ensino-aprendizagem. No entanto, estas mudanças dependem muito
mais dos usos que se faz das tecnologias e das informações do que da incorporação de antigas
e modernas tecnologias nos sistemas de ensino.
A educação escolar contemporânea precisa transformar a pedagogia tradicional em
uma pedagogia mediática para que possa expandir as habilidades e competências, a fim de que
possa utilizar as mídias para transformar os estudantes em produtores e participantes culturais
em uma sociedade marcada pela grande presença das TICs por meio da cultura participativa,
participação ativa e pela criatividade alternativa. Portanto, a escola nesse novo contexto vai
criar um ambiente favorável a diversas formas de aprendizagens, a partir da criação de novos
tipos de conhecimentos que surgem no ciberespaço. Portanto, na sociedade em rede, a escola
precisa assumir a sua função pública, política e histórica de educar/formar, mas também precisa
estimular/provocar diversas aprendizagens que ocorrem a partir da alfabetização mediática e
informacional.
A presente pesquisa não pretende esgotar o assunto em questão, pois muitos trabalhos
relativos ao mesmo podem ser desenvolvidos e apresentados ao longo do tempo, podendo trazer
contribuições significativas para a busca da a associação entre TICs e a educação escolar. Sendo
assim, como sugestão, pesquisas futuras poderão vir a reforçar os levantamentos aqui
apresentados, evidenciando por meio de investigação sobre os efeitos e associações entre as
TICs a educação escolar
5. Referências bibliográficas

BALADELI, A. P. D.; BARROS, M. S. F.; ALTOÉ, A. Desafios para o professor na sociedade


da informação. Educar em Revista, Curitiba, n.45, p.155 – 165, 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. Sinopse estatística da educação básica: censo escolar 2008. Brasília:
MEC/INEP, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira. Geografia da educação brasileira. Brasília. MEC/INEP, 2002.

BUCKINGHAM, David. Cultura digital, educação midiática e o lugar da escolarização.


Revista Educação & Realidade, Porto Alegre, v.35, n. 3, p.37 – 58, set./dez., 2010.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Tradução Roneide Venancio Majer. 6ª ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2009. Tradução de: Translated fromrise of the network society: the
information age: economy, society and culture.

COLL, César. Lectura y alfabetismo en la sociedad la informacion. UOC Papers n.01.


Disponível em: http://www.uoc.edu/uocpapers/1/dt/esp/coll.pdf. Acesso em: 20 de fevereiro de
2010.

COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de


informação e comunicação nas escolas brasileiras: TIC Educação 2013.1ª ed. São Paulo:
Comitê Gestor da INTERNET no Brasil, 2014.

DWYER, A. et al. Desvendando mitos: os computadores e o desempenho no sistema escolar.


Educação & Sociedade, Campinas, v.28, n. 101, p.1303 – 1328, set./dez. 2007.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Mapa de exclusão digital. Rio de Janeiro:


FGV/IBRE/CPS, 2003. Disponível em: <http://www.fgv.br> Acesso em: 19 jun. 2011.
GÓMEZ, Guilermo Orozco. Comunicação, educação e novas tecnologias: tríade do século
XXI. Comunicação & Educação, São Paulo, v.23, p.57 – 70, jan./abr. 2002.

GUSMÃO, F. A. F. Índices educacionais como preditores da proficiência em ciências: um


estudo multinível. 2011. 166 f. Dissertação (Mestrado em Educação: Psicologia da Educação).
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Tradução Susana L. de Alexandria. 2ª ed. São


Paulo: Aleph, 2009. Tradução de: Convergence Culture.

LAROS, J. A.; MARCIANO, J. L. Índices educacionais associados à proficiência em língua


portuguesa: um estudo multinível. Avaliação Psicológica, Itatiba, v. 7, n.3, p. 371 – 389, 2008.

VALL, L.E.L.R; MATTOS, M.J.V.M; COSTA, J.W. Educação Digital: a tecnologia a fora
da inclusão. Porto Alegre: Editora Penso, 2013.

VEEN, W.; VRAKKING, B. Homo Zapiens: educação na era digital. Tradução Vinicius
Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2009. Tradução de: Homo Zappiens: Learnig in a Digital Age.

Você também pode gostar