Caio Vinicius Oliveira Durand

Lidando com Pecados Sexuais

Fortaleza/CE

14.09.2017
 RESUMO

Quando analisamos o recorte atual da igreja, é notória, principalmente

entre os jovens, a magnitude do acometimento dos pecados sexuais na vida do
cristão. Isso se deve principalmente pela imersão em um mundo totalmente
“sexualizado”, em que é comum o sexo ilícito e inconsequente. A análise desses
fatos e o estudo de preceitos bíblicos aplicáveis para a resolução desse
problema são fundamentais para a igreja e o seu desenvolvimento saudável.

INTRODUÇÃO

Para as comunidades que caminham em um ambiente aberto para

confissão de pecados, baseado no versículo 16 de Tiago 5 que diz “Confessai
as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis”, este
é um assunto que salta aos olhos devido à presença constante em conversas e
aconselhamentos. A vida da maioria dos jovens cristãos está constantemente
sendo bombardeada por apelos conscientes e inconscientes à masturbação,
sexo ilícito, homossexualismo, exibicionismo, entre várias outras facetas da
imoralidade sexual. Por isso, torna-se relevante abordar esse assunto dentro da
realidade das nossas igrejas.

Muitos deles estão envolvidos nisso há anos e nunca conseguiram se

livrar, é algo compulsivo que toma conta dos seus pensamentos e atitudes. Em
uma mesma reunião dessas ouvimos várias histórias com vários teores, alguns
são viciados em pornografia desde a sua infância, quando foram submetidos a
vídeos e revistas pornográficas, antes pensando que isto os fazia mais “homens”,
mas tiveram suas mentes destruídas pela pervesão sexual, outros sofrem com
o sexo compulsivo, tinham garotas diferentes habitando seus quartos em vários
momentos, não os interessa mais um compromisso, é muito fácil passar a noite
sentindo prazer e não ter que se preocupar depois. Em outros relatos podemos
observar jovens que tiveram sua inocência violada por amigos da família, líderes
da igreja e até mesmo irmãos, meninos com a mente destruída e coração
submisso a um sentimento de rebaixamento, se sentiam menores, incapazes de
se relacionar, jovens que foram convecidos pelas circunstâncias de que eram
homossexuais e que não havia outra forma de se relacionarem.
 Diante desse grande cenário, podemos inferir que a impureza sexual é
um mal que assola a juventude, porém sabemos que isso não é algo novo, temos
relatos bíblicos de cidades como Sodoma e Gomorra que foram destruídas pela
sua grande imoralidade sexual, o texto de Judas 7 contesta isso: “De modo
semelhante a esses, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram
à imoralidade e a relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo
eterno, elas servem de exemplo.”. Se olharmos para o mundo do antigo
testamento e os diversos povos que passaram pela história de Israel, vários
deles tinham caráter sexuais pervertidos, festas com orgias, troca de casais e
poligamia, é como se a perversão sexual sempre estivesse presente no mundo
de uma forma muito latente desde o início dos séculos. Diante disso, o intuito
desse artigo é falar sobre os pecados sexuais, como se desenvolvem e como
podemos tratá-los à luz da palavra de Deus.

1. DESENVOLVENDO UM VÍCIO.

“Certo dia em um almoço de família, um tio apresenta ao seu sobrinho

uma revista pornográfica, todos estavam eufóricos e felizes apontando para uma
mulher totalmente nua e dizendo com toda a razão, “É disso que você tem que
gostar”, totalmente normal para mentes estúpidas e despreparadas. Alguns anos
depois de ver várias revistas do mesmo tio escondidas debaixo da cama, o
mesmo garoto é apresentado por um amigo ao mundo infinito da internet
pornográfica, vídeos, revistas online, contos eróticos, tudo, simplesmente tudo
estava ao seu alcance, agora não dava tanto prazer uma simples revista, e sim
uns milhares de vídeos com diversos temas sexuais. Parece que o vício ia
crescendo, coisas simples do mundo pornô não satisfaziam mais, cada vez
buscava mais especificidade em suas aventuras virtuais, agora era uma caça ao
que dava mais prazer. Um dia loiras, outro dia morenas, outro dia ruivas, várias
ao alcance, cada uma a uma distância de um clique. Até que o vício foi crescendo
e já não bastava mais mulheres, precisava de algo diferente, homens com
homens, homossexualismo, até a consumação dos seus atos físicos, a tela não
satisfazia mais, tinha que ser corpo a corpo, olho no olho.”
 A história contada no parágrafo anterior é uma mistura de várias outras
a qual escutamos quando decidimos ouvir pessoas. Analisando o texto podemos
inferir rapidamente que a gravidade dos vícios sexuais das pessoas não surgem
instantaneamente, ninguém se vicia em práticas sexuais como a zoofilia de uma
hora para outra, tudo começa a partir de um pequeno impulso, uma pequena
atitude, muitas vezes um pequeno vídeo pornográfico ou simplesmente uma
cena sexual bem desenvolvida nas telas das emissoras de televisão. Um vício
pode ser definido da seguinte forma: hábito ou costume persistente de fazer ou
consumir algo, levando à dependência e fazendo com que seu consumo seja
irresistível. O que diferencia o hábito do vício é que esse sempre oferece efeitos
de risco, além de tornar-se recorrente e excessivo. Outra característica do vício
é a abstinência vivida na ausência do uso, podendo ser manifestada por
angústia, apatia, sono, depressão, desorientação, delírios e, até mesmo, por
alterações e dores físicas. Um vício, seja ele qual for nasce a partir de um busca
pelo prazer, o sexo, assim como as drogas, liberam hormônios responsáveis pelo
prazer, assim como a endorfina, e isso acarreta uma busca de cada vez mais
prazer. Estudando sobre o tema encontrei a seguinte definição: “ O vício está
sempre associado ao prazer ou recompensas, por isso, o viciado tende a buscar
determinada substância ou comportamento almejando sensação de bem-estar,
alívio, relaxamento ou, então, em busca de um funcionamento anormal de seu
corpo, vencendo suas limitações físicas e psicológicas. O vício se inicia quando
se torna frequente a busca por tais elementos de prazer, caracterizando o
aumento gradativo até chegar em níveis de consumo excessivo. Outro indício é
quando se percebem sinais de abstinência, situações nas que há prejuízos
emocionais ou físicos na ausência do consumo.”

Diante disso, vemos jovens que já chegaram a um estado de consumo

excessivo do sexo e da indústria pornográfica, porém, tudo foi iniciado por
alguma iniciativa deles ou de outras pessoas que os apresentaram, lembrando
da história contada anteriormente, o jovem começou a sua jornada de vícios
sexuais a partir de uma apresentação de uma revista pornográfica até chegar no
ápice de sua depravação sexual.

2. RECONHECENDO UM VÍCIO
 O vício sexual vai muito além do que o senso comum nos apresenta,
geralmente pensamos em um viciado sexual como alguém que mantem relações
sexuais com várias pessoas, simultaneamente ou não, participa de orgias e é
viciado em levar prostitutas para a cama. Sim, esse também é um viciado sexual,
porém, uma pessoa pode manter esse vício totalmente ativo sem nunca ter tido
uma relação sexual com alguém, ou seja, sendo virgem. Parece confuso, mas
os vícios sexuais vão além da consumação do ato, Jesus mesmo desmistificou
isso quando no sermão da montanha falou que ter pensamentos sexuais com
uma mulher já consumava o fato de ter adulterado com ela, mas esse é apenas
um dos fatos, um viciado sexual pode ser alguém que passa a noite inteira vendo
filmes pornográficos e praticando masturbação, ou simplesmente fica em sua
janela vendo pessoas passarem e imaginando estas lhe olhando enquanto se
masturba, ou simplesmente uma pessoa que usa roupas indecentes pois sente
prazer em ser um objeto de sedução. O que queremos afirmar nesse artigo é
que a impureza sexual não mora apenas nos prostíbulos e nos motéis, ela pode
encontrar morada em práticas que consideramos banais.

Geralmente, o primeiro dos males é a masturbação, na maioria dos

casos, o primeiro contato de alguém com um orgasmo é através da auto
manipulação e isso é comum na vida de muitos jovens e adolescentes, porém
o problema não está somente no ato, geralmente, conforme a pessoa busca se
satisfazer sexualmente com suas fantasias, mais elas vão perdendo o efeito de
lhes causar grande prazer, é como se um abismo buscasse outro abismo, o ato
anterior não lhe trará mais prazer, é preciso galgar a níveis mais profundos da
sexualidade. Ele começa a desejar algo mais maligno, mais degradante, mais
proibido, aquilo que ninguém faz, aquilo que nunca passou pela sua cabeça, sem
escrúpulos, o viciado avança em sua busca pelo prazer e afunda ainda mais no
poço da iniquidade, uma vez que antes uma revista com mulheres seminuas lhe
satisfazia, agora, ele se vê atraído pela pornografia explícita e logo depois se
pega com duas prostitutas em um quarto de motel. No ápice de tudo, o viciado
se depara com pensamentos que vão de encontro com todas as convicções que
sempre preservou serem direitas e morais, ele agora está dominado pelo pecado
e pela imoralidade sexual, sua forma de pensar está ligada a isso, a sua mente
se torna a tela de um computador ligada vinte e quatro horas em sites
pornográficos.

Diante de tudo vemos que o pecador a cada dia se lança mais no

pecado, ele não se contém mais, cada vez mais fundo, a lascívia não consegue
se satisfazer com nada e diante do seu estado deplorável de degradação, o
mesmo começa a justificar os próprios atos para se sentir melhor diante de si
mesmo. O os homossexuais afirmam que “nasceram assim”, os viciados em
pornografia afirmam que “não há consumação do ato”, os festeiros que gastam
seu tempo em locais depravados sexualmente pregam a “liberdade”, e assim,
cada um consegue justificar o próprio ato para si, afundando cada vez mais no
pecado, não aceitam o seu vício e sua compulsão, a mente deles se corrompeu,
permitiram que as trevas comandassem as suas vidas e se entregaram à
escravidão da lascívia, a qual é impossível satisfazer suas exigências, o pecado
nunca se satisfaz, é como se não conseguissem voltar a sua mente para o que
é certo, seus corações foram entregues à impureza sexual, como diz no texto a
seguir:

“Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos

pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si.
Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e
seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres
trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.
Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com
as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer
atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo
merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o
conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável,
para praticarem o que não deviam.” Romanos 1:24-28

3. CURANDO-SE DO VÍCIO

Diante de quadros tão sérios e de poços tão profundos, nossa mente

começa a pensar que não há uma saída para o viciado sexual, começamos a
pensar e a nos convencer que essa pessoa está tão profundamente destruída
que não encontrará mais o caminho da volta para casa, porém, há uma
esperança: O poder transformador de Jesus Cristo. Porém, sempre que Jesus ia
curar alguém, ele fazia uma breve pergunta, ao Cego de Jericó ele questiona: “O
que queres que eu te faça?”,, ao paralítico do tanque de Betesda ele pergunta:
“Queres ficar são?”. Nos dois contextos temos pessoas que passaram a vida
inteira sofrendo com suas mazelas e o mais obvio de tudo era que elas queriam
ser curadas. Jesus sabia disso, porém, o mestre sempre perguntava antes para
nos mostrar e nos ensinar que a cura vem a partir do auto conhecimento de que
o indivíduo está doente, alguém só consegue se livrar de suas mazelas, quando
este admite que é dominado por elas. Assim acontece nos vícios, só podemos
ser curados por Jesus e libertos dos nossos vícios, quando reconhecemos que
somos viciados e doentes. Um viciado em sexo só é curado quando ele
reconhece que está viciado e que dentro dele mora uma pecado que pode lhe
afastar totalmente de Deus.

Dentro desse processo, a honestidade é imprescindível. Geralmente as

pessoas que são viciadas sexualmente guardam isso tão escondido que acabam
se convencendo que o seu pecado não a atrapalha em nada e por causa disso
começam a viver uma vida dupla, na frente das pessoas se mostra bastante
espiritual (tendo a certeza de que realmente é) e no secreto é o mais imoral de
todos. Sendo assim, a melhor forma de acabar com isso é confessando o seu
pecado a outra pessoa, uma vez que isso tira a condição de impostor, agora o
indivíduo tem apenas uma face, a de um ser viciado no pecado e que clama pela
liberdade. Steve Gallagher escreveu em seu livro “No altar da idolatria sexual” a
seguinte citação de um homem que fora um viciado sexual: “ Se você não deseja
livrar-se do problema, confesse seu pecado somente a Deus. Se você deseja
livrar-se dele, confesse isso a outra pessoa. Caso realmente deseje livrar-se
dele, continue aconselhando-se.” A Bíblia é clara nesse conceito, em Tiago 5:16
está escrito que “há cura na confissão” e Salomão disse em Provérbios 28:1 que
“o que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa
e deixa alcançara misericórdia.” Quando nos confessamos com pessoas
espiritual e que levam a palavra de Deus dentro de si, podemos ter cura para os
nossos pecados. Após isso, o conselheiro achará formas de mostrar que Jesus
e o seu poder são capazes de trazer a liberdade para todo o cativo do pecado.

A nossa oração não deve ser para que Deus nos livre da vontade de
pecar, pois essa faz parte da natureza humana, mas sim: ”Senhor, me faz te
conhecer mais.”. A palavra de Deus diz em João 8:32: “E conhecereis a verdade
e a verdade no libertará” Jesus é a verdade, e quando nos aproximamos dele
temos a liberdade dentro de nós e podemos usá-la quando quisermos. E para
conhecer essa verdade precisamos gastar tempo com ela, precisamos lutar em
espírito, em constante oração e leitura da palavra de Deus para que possamos
ter conhecimento daquele que Jesus é, e assim seremos libertos.

CONCLUSÃO

A palavra de Deus é imprescindível para a desintoxicação de qualquer

prática pecaminosa, ela mostra o erro ao indivíduo e lhe dá soluções para que
este passe a não errar mais. Dentro desse contexto, o aconselhamento é muito
importante, uma vez que a interpretação da palavra de Deus nem sempre é clara
para algumas pessoas, tendo o conselheiro como um guia dentro da palavra,
orientando as leituras e contextualizando-as na situação tratada. O apóstolo
Paulo fez a seguinte declaração: Mas, onde o pecado abundou, superabundou
a graça (Rm 5.20b). É importante sabermos que todo aquele que viveu uma vida
lasciva, pode se deleitar da graça de Jesus, pois ele veio ao mundo para nos
livrar da prisão do pecado. A sua palavra nos ensina devemos renunciar à
impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa
nesta era presente (Tt 2.11,12 NVI). A graça é o meio por qual somos salvos,
porém não é apenas isso, a graça também nos encoraj9a a dizer NÃO, a graça
nos ensina a renunciar as tentações quando estas vem. É exatamente a que
Paulo se referia quando disse: Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas
fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a
tentação dará também o escape, para que a possais suportar (1 Co 10.13). A
mesma força que nos salva e justifica, é a mesma que abre o caminho no meio
da atmosfera pecaminosa para passarmos sem nos contaminar.
REFERÊNCIAS:

GALLAGHER, Steve. No altar da idolatria sexual. Rio de Janeiro,

GRAÇA EDITORIAL, 2003.

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-6.html

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-5.html

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-4.html

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-3.html

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-2.html

http://reforma21.org/artigos/desintoxicacao-sexual-1.html