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Resumo
Esse artigo buscou fazer uma análise das diferenças raciais intra-urbanas, através do
estudo do processo de segregação residencial urbana por raça e da análise descritiva,
desagregada por raça, das condições habitacionais dos domicílios, no tocante a aspectos de
cobertura de serviços públicos, estrutura fundiária do terreno, etc. O exame da segregação
espacial e dos mapas de prevalência racial e pobreza mostraram uma nova dimensão espacial
da questão, esta análise é apenas descritiva, mas pode estar identificando, pioneiramente,
processos espacializados de reprodução da desigualdade racial, processos estes que podem
estar relacionados à formação de capital social e sua interação com o capital humano, entre
outros aspectos. O indicativo de uma maior discriminação na segregação racial residencial
entre os setores de escolaridade e renda mais elevados aponta a necessidade de estudos mais
aprofundados acerca deste processo. O estudo sobre condições habitacionais mostrou que as
condições habitacionais são diferenciadas racialmente, em grande medida porque a provisão
de serviços urbanos está correlacionada com a pobreza e esta com a composição racial.
1
Estudo produzido especialmente para o Relatório de Desenvolvimento Humano do Brasil (2005), do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
2
Professor titular do departamento de demografia do CEDEPLAR/UFMG.
3
Pesquisadora em Ciência e Tecnologia da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro.
Desigualdades Raciais nas Condições Habitacionais da População Urbana
4
A classificação do indivíduo segundo a sua cor foi a mesma utilizada no Censo Demográfico de 2000
fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
brancos e dos pobres e indigentes para as áreas de ponderação5 utilizando os dados do Censo
Demográfico de 2000. As capitais incluídas na análise são Belo Horizonte, Curitiba, Porto
Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Esta análise permite mostrar que a
configuração racial no espaço intra-urbano possui total aderência com os indicadores de
pobreza, tal aderência é também observada no caso do uso de outros indicadores sócio-
econômicos.
Nos mapas são contrastadas três distribuições espaciais: da cor, da porcentagem de
domicílios abaixo da linha de pobreza e da porcentagem de domicílios abaixo da linha de
indigência. Os valores das linhas de pobreza e indigência das capitais são aqueles obtidos para
os seus respectivos estados, de acordo com o cálculo e metodologia descritos no Atlas Racial.
Através desses mapas percebe-se que a distribuição espacial da população branca e negra
parece estar associada com a distribuição espacial por nível de renda, ou seja, a maior
proporção de negros concentra-se nas áreas de ponderação de maior incidência de pobres.
Cabe ressaltar, que não se pretende no presente artigo fazer uma análise de causa e efeito
dessa associação.
Tomando como exemplo a cidade de Belo Horizonte (Mapa 1), observa-se que a região
centro-sul, cujo nível de renda é mais alto, possui a menor proporção de negros (menos de
18,3%). Por outro lado, as regiões periféricas no norte, como Isidoro Norte e Capitão
Eduardo, que se caracterizam por serem regiões mais pobres, possuem maior concentração de
negros. Destaca-se também alguns pontos da região central com maior proporção de negros e
pobres, que são sabidamente regiões de favelas, como Morro das Pedras que possui o maior
número de indigentes (16,57%) e com uma população negra de 63,59%.
Aliás este padrão é encontrado praticamente nas sete cidades analisadas, ou seja, os
brancos concentram-se nas regiões habitadas pelas classes média e alta e os negros nas
regiões mais pobres. Interessante notar o caso de Salvador, que possui a maior proporção de
negros dentre as demais cidades. Nesse caso, os negros não concentram-se apenas nas áreas
mais pobres, apesar disto, as áreas com menor proporção de pobres indicam uma
predominância de brancos.
5
Área de ponderação é a menor área geográfica para o qual são calculadas estimativas para as informações com
base no questionário da amostra do Censo Demográfico, sendo composta por um agrupamente de setores
censitários mutuamente exclusivos. Seria o mais próximo de bairros.
Mapa 1: Proporção de pessoas negras, pobres e indigentes por área de ponderação - Belo
Horizonte, 2000.
% de Pobres
0.865 - 6.603
6.603 - 17.337
17.337 - 27.92
27.92 - 39.1
% de Pobres
1.29 - 7.34
7.34 - 18.23
18.23 - 30.23
30.23 - 43.51
% de Pobres
1.06 - 9.62
9.62 - 20.05
20.05 - 32.03
32.03 - 45.32
% de Pobres
2.76 - 22.77
22.77 - 41.83
41.83 - 56.07
56.07 - 77.84
% de Pobres
1.16 - 11.27
11.27 - 21.83
21.83 - 32.82
32.82 - 50.44
% de Pobres
1.15 - 23.94
23.94 - 41.7
41.7 - 53.47
53.47 - 74.42
% de Pobres
0.13 - 9.69
9.69 - 19.81
19.81 - 30.88
30.88 - 58.63
Tabela 1:
Índice de Dissimilaridade para capitais selecionadas - 2000
Belo
Horizonte - Belo Porto Recife - com Rio de
Categorias Curitiba Recife Salvador São Paulo
com Horizonte Alegre subnormais Janeiro
subnormais
Brancos e negros 29,05 28,31 22,57 29,69 20,13 21,69 25,64 30,20 29,94
Brancos e pretos 30,06 28,80 21,85 31,07 26,05 27,08 25,34 32,95 25,53
Brancos e pardos 29,09 28,49 23,28 28,81 19,83 21,28 26,21 29,28 31,53
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.
6
O índice de Dissimilaridade é a medida mais utilizada para medir segregação residencial sua fórmula é dada por:
j xj yj
D * 0,5 *100
j 1 X Y
Em que: D é a porcentagem de pessoas de determinado grupo que devem mudar para que tenha a mesma distribuição dos grupos em todas as áreas j; x é o número de
j
pessoas do grupo minoritário (nesse presente trabalho seria o número de pretos e/ou pardos) em cada área j; X é o número total do grupo minoritário; y é o número de
j
pessoas do grupo majoritário (nesse caso, os brancos) em cada área j; Y é o número total de pessoas no grupo majoritário.
7
Expressão utilizada pelo IBGE para designar as favelas, mocambos, palafitas e aglomerados similares, localizados sobretudo nas áreas urbanas e metropolitanas
8
Fala-se moderado quando compara-se com os índices de outros países, como os Estrados Unidos cujo valor se
encontra acima de 70 (Telles, 2003).
população brasileira faz com que as diferenças entre áreas de ponderação não sejam tão
grandes quanto as diferenças entre aglomerados espaciais.
Apesar da aparente ligação entre a segregação racial e por classe social no Brasil, é
prematuro dizer que não existe racismo no mercado imobiliário do Brasil, sem uma análise
mais detalhada da segregação residencial por raça. Até porque nas áreas mais pobres esse
mercado é bastante informal. Telles (2003, p. 177) investiga o índice de dissimilaridade para
algumas cidades brasileiras separando os indivíduos que se encontram no mesmo extrato de
renda. Seus resultados demonstram que há uma maior segregação nas classes mais altas, o que
se pode inferir que a segregação racial entre brancos, pretos e pardos não pode ser atribuída
apenas ao status sócio-econômico, fatores como auto-segregação e racismo também têm que
ser levados em consideração.
Nas tabelas abaixo foi calculado o índice de dissimilaridade para o município de Belo
Horizonte separando por grupos de escolaridade (tabela 2) e quintil de renda familiar per
capita (tabela 3). Em outras palavras, calculou-se a discriminação considerando-se apenas os
indivíduos com mesmo nível educacional e de renda.
Percebe-se que a segregação racial aumenta nos grupos mais favorecidos, ou seja, com
escolaridade e renda per capita maiores. O aumento não é gradual, no caso da escolaridade o
aumento se dá nos grupos com 8 a 10 anos de estudo e 11 anos de estudo ou mais do chefe do
domicílio. No caso da renda per capita familiar, o aumento na dissimilaridade é mais
pronunciado no quarto quintil e, mais exagerado ainda, no quinto quintil de renda familiar per
capita. Dessa forma, não se pode considerar que apenas os fatores socioeconômicos são os
responsáveis pela segregação residencial em Belo Horizonte, fatores como auto-segregação e
racismo também têm que ser levados em consideração. Este resultado é coerente com aqueles
obtidos por Telles (2003), e provavelmente podem ser generalizados para as demais capitais
analisadas anteriormente.
Tabela 2: Índice de dissimilaridade por anos de estudo para Belo Horizonte - 2000
In d ice d e
c a te g o r ia s D is s im ila rid a d e
ze ro a n o d e e stu d o
b ra n c o s /a m a re lo s e n e g ro s/in d íg e n a s 1 9 ,9 8
b ra n c o s e p r e to s 2 2 ,8 6
b ra n c o s e p a rd o s 2 0 ,0 4
1 a 3 a n o s d e e s tu d o
b ra n c o s /a m a re lo s e n e g ro s/in d íg e n a s 1 9 ,2 8
b ra n c o s e p r e to s 2 1 ,2 4
b ra n c o s e p a rd o s 1 9 ,4 5
4 a 7 a n o s d e e s tu d o
b ra n c o s /a m a re lo s e n e g ro s/in d íg e n a s 1 7 ,8 3
b ra n c o s e p r e to s 1 9 ,2 4
b ra n c o s e p a rd o s 1 7 ,9 2
8 a 1 0 a n o s d e e s tu d o
b ra n c o s /a m a re lo s e n e g ro s/in d íg e n a s 2 3 ,4 6
b ra n c o s e p r e to s 2 4 ,4 4
b ra n c o s e p a rd o s 2 3 ,6 1
1 1 e m a is a n o s d e e s tu d o
3 5 ,8 8
b ra n c o s /a m a re lo s e n e g ro s/in d íg e n a s
b ra n c o s e p r e to s 4 0 ,7 5
b ra n c o s e p a rd o s 3 5 ,1 7
Fonte: Rios-Neto (2004) em Projeto Belo Horizonte no Século XXI.
Execução Cedeplar/UFMG.
Tabela 3: Índice de dissimilaridade por quintil da renda familiar per capita para Belo
Horizonte - 2000
Indice de
categorias Dissimilaridade
1º quintil de renda
brancos/amarelos e negros/indígenas 11,72
brancos e pretos 17,01
brancos e pardos 11,79
2º quintil de renda
brancos/amarelos e negros/indígenas 11,45
brancos e pretos 16,41
brancos e pardos 11,59
3º quintil de renda
brancos/amarelos e negros/indígenas 12,82
brancos e pretos 16,84
brancos e pardos 12,91
4º quintil de renda
brancos/amarelos e negros/indígenas 17,94
brancos e pretos 21,85
brancos e pardos 17,99
5º quintil de renda
brancos/amarelos e negros/indígenas 34,58
brancos e pretos 39,19
brancos e pardos 33,92
Fonte: Rios-Neto (2004) em Projeto Belo Horizonte no Século XXI.
Execução Cedeplar/UFMG.
Esta segregação racial urbana, capturada em grandes aglomerados de áreas de ponderação
e numa certa discriminação espacial por raça para os setores de alta renda e escolaridade,
configura um potencial de reprodução das desigualdades sócio-raciais por dois motivos. Em
primeiro lugar, pelo fato do espaço favorecer a reprodução da desigualdade por intermédio de
limitações de capital social decorrentes do padrão espacial de desigualdade – o que
condicionaria que negros em ascensão social, ao permanecer em bairros onde se concentram
negros e pobres, teriam menor acesso a tais capitais sociais, o que se configuraria num
limitador de sua própria mobilidade ascendente, sobretudo se consideramos o movimento
inter-geracional. Em segundo lugar, pelas limitações de acesso aos serviços urbanos,
decorrentes da correlação entre este acesso e pobreza da área intra-urbana. A análise que
segue, sobre os diferenciais raciais refletidos nas condições de moradia, complementa a
análise do processo intra-urbano do componente racial.
1991 2000
Gráfico 1
Percentual de Domicílios Feitos com Tetos Duráveis,
Segundo a Raça/Cor do Chefe, 1992-2001
99,0
98,5 98,5 98,7 98,6 Teto Durável
98,4
98,2 98,1 98,2 98,2 98,1 Total
98,0 97,8 97,9 98,0
97,6 97,7
97,5 97,4
97,3 97,3 97,3 Teto Durável
97,0 96,9
96,8 96,8 Brancos
96,5
96,2
96,0 96,1 96,1
Teto Durável
95,5 Negros
95,0
94,5
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Fonte: IPEA, com base nos microdados da PNAD/IBGE
Gráfico 2
Percentual de Domicílios Feitos com Paredes Duráveis,
Segundo a Raça/Cor do Chefe, 1992-2001
100,0
99,0 99,0 99,2 99,2 99,2 99,2 Parede Durável
98,8 98,9 98,7
98,2 98,3 Total
98,0 98,1 98,1
97,6 97,4
97,0 97,2 97,2 97,0
96,8 Parede Durável
96,5 96,4
96,0 Brancos
95,4 95,4
95,0 94,8 94,8
Parede Durável
94,0 Negros
93,0
92,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
A análise dos gráficos 1 e 2 revela que, nas regiões urbanas brasileiras, mais de 90% dos
domicílios localizados em áreas urbanas contava com paredes e tetos construídos com
materiais duráveis. De todo modo, mesmo nestes dois casos pode-se perceber que havia uma
ligeira vantagem favorável à população branca.
6.4. Excesso de Densidade do Domicílio
O indicador de densidade do domicílio é calculado pela quantidade de famílias que têm
mais de três pessoas por dormitório. Entre 1992 e 2001, verifica-se que o percentual de
famílias chefiadas por pessoas brancas vivendo nestas condições passou de 7,2% para 4,9%.
Entre as famílias chefiadas por pessoas negras, no mesmo período, igualmente ocorreu uma
redução neste indicador tendo passado o mesmo de 14,3% para 10,4% (Gráfico 3).
Gráfico 3
16,0
14,0 14,3
13,7
12,4 12,6
12,0
11,4 11,0
10,0 10,0 10,3 10,4
9,7 Total
8,6 8,7
8,0 8,0 Branca
7,2 7,1 7,5 7,1 7,2
6,2 6,3 Negra
6,0 5,7
5,2 4,9 4,9
4,0
2,0
0,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
O acesso à água potável representa um dos direitos mais elementares dos seres humanos,
sendo parte essencial do próprio conceito de liberdade de Sen. Neste indicador, contudo, mais
uma vez foi possível encontrar pronunciadas desigualdades raciais.
Entre os anos de 1992 e 2001, o percentual de domicílios chefiados por pessoas brancas
que contavam com abastecimento de água potável passou de 83,3% para 88,5%. Entre os
lares chefiados por afrodescendentes, no mesmo período, também foi verificado um aumento
de 73,6%, para 82,5% dos domicílios. Desta forma, pode-se perceber que no período de 1992
a 2001 apesar de ter ocorrido diminuição da diferença entre brancos e negros no que tange ao
acesso de água potável nos domicílios, os domicílios chefiados por negros ainda se encontra
em desvantagem. (Gráfico 4).
Gráfico 4
60,0
50,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Fonte: IPEA baseado nos microdados da PNAD/IBGE
Tal como no caso do acesso à água potável, o acesso ao saneamento básico é uma das
condições imprescindíveis para que os indivíduos possam gozar de boas condições de saúde.
Neste sentido, mais uma vez este indicador está totalmente imbricado com o tema das
capacidades e da liberdade, à la Sen. Infelizmente a população brasileira ainda hoje padece da
falta de investimentos públicos nesta área. O problema é que este tipo de serviço, pela sua
natureza, acaba sendo quase invisível, posto que os canos e dutos ficarem quase sempre
enterrado. Assim, segundo um termo mais ou menos popular, tal investimento não traz votos.
Por outro lado, cabe salientar que este tema imbrica-se intimamente com o da questão
ambiental, especialmente quando pensado em termos da poluição de córregos, rios, nascentes,
praias e aqüíferos.
No ano de 1992, o percentual de domicílios chefiados por pessoas brancas que não
contavam com este tipo de serviço, localizados nas áreas urbanas, alcançava a marca de
28,1%, tendo passado este número relativo, em 2001, para 20,6%. Nos lares chefiados por
pessoas negras, este percentual, no mesmo período passaria de 56% para 41,3%. Portanto, a
proporção de domicílios chefiados por pessoas negras nas áreas urbanas sem acesso a este
serviço essencial era o dobro do que ocorria entre os domicílios chefiados por pessoas brancas
(Gráfico 5).
Gráfico 5
60,0
56,0
53,2 51,8
50,0
47,5 46,2
44,0 42,3
40,0 41,3
39,2
37,1 35,7 Total
32,6 31,7
30,0 29,9 28,8 29,2 Brancos
28,1 26,5 25,3 Negros
23,1 22,1
20,0 20,7 19,7 20,6
10,0
0,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Gráfico 6
Percentual de Domicílios Sem Acesso a Esgotamento Sanitário
Segundo a Raça/Cor do Chefe do Domcílio
50,0
46,6
45,0 43,8 43,1
40,0 39,1
38,2 37,4 36,6
35,0 35,0
31,8
30,0 29,9 29,1 Total
25,0 25,8 26,5 25,0 Brancos
24,3 24,2
21,9 20,8
20,0 20,0 Negros
17,8 18,1 16,9 16,1 16,5
15,0
10,0
5,0
0,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Ao longo dos anos 1990, o sistema de coleta do lixo passou por uma grande melhoria
para toda a população brasileira. Deste modo, tanto entre os lares chefiados por pessoas
brancas, como entre os domicílios chefiados por pessoas negras, ocorreu uma pronunciada
queda no percentual de residências sem acesso a este tipo de serviço.
Gráfico 7
35,0
30,0 29,6
25,0 Total
24,7
22,5 21,9 Branca
20,0 18,3
15,0 15,0 16,4 Negra
13,3 12,6 13,5
10,0 10,7 9,3 11,1
8,7 7,6 8,4
7,3 6,6 6,3
5,0 4,6 3,7 5,1
3,0 2,6
0,0
1992 1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001
Gráfico 8
Não obstante, o percentual de lares chefiados por pessoas brancas com acesso à energia
elétrica, entre 1992 e 2001, passou de 98,9% para 99,2%. Destaca-se o aumento na proporção
de domicílios com acesso à energia elétrica, que passou, entre as famílias chefiadas por
pessoas negras, de 95,5%, para 98,6% no mesmo período. Estes percentuais significam que,
não obstante uma pequena vantagem para o contingente branco, entre as pessoas de ambos os
grupos raciais ou de cor, este serviço já está praticamente universalizado (Gráfico 8). O caso
da energia elétrica é importante para demonstrar como a universalização de um dado serviço
público é condição suficiente para extinguir os diferenciais raciais e de outros atributos entre
os domicílios