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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) Federal da ____ Vara de

__________ – UF

Priori

YYYYY, brasileiro, casado, profissão, portador da Carteira Profissional


nº xxxx, CPF nº xxx, Documento de identidade nº, PIS nº xxx, residente e
domiciliado à Rua xxxx, nº ___ ,Bairro ---- , CEP.: , Cidade/Estado, com
fundamento na legislação vigente e com suporte na pacífica
jurisprudência dos tribunais, vem, por seus procuradores infra assinados,
propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO DA CORREÇÃO DO FGTS

contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma


de empresa pública, inscrita no CGC sob n. 00.360.305/0001-04, com
superintendência regional sediada à Rua xxxx, nº ___ ,Bairro ---- , CEP.: ,
Cidade/Estado _____________ gestora do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço - FGTS, conforme razões e pedidos a seguir articulados:

PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO PROCESSUAL

Considerando que o autor preenche os requisitos legais necessários,


conforme comprova pelos documentos inclusos, requer, se digne Vossa
Excelência de deferir-lhe a prioridade na prestação jurisdicional, nos
termos da lei 10.173 de 09/01/2001.
JUSTIÇA GRATUITA

A parte Autora não pode suportar os ônus do processo sem prejuízo do


próprio sustento e de sua família, conforme declaração inclusa, razão
pela qual, requer que se digne Vossa Excelência de deferir-lhe os
benefícios da Justiça Gratuita.

DOS FATOS

A parte autora é titular de conta do FGTS de nº -------------.

Entre 1991 e 2013, tudo que foi corrigido pela TR ficou abaixo do índice
de inflação. Somente nos anos de 1992, 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998, a
TR ficou acima dos índices de inflação. Isso causou uma perda na conta
do FGTS do autor.

Veja as perdas/ganhos anuais em relação ao INPC-IBGE.

Ano Diferença
1999 -2,49%
2000 -3,02%
2001 -6,54%
2002 -10,40%
2003 -5,20%
2004 -4,07%
2005 -2,11%
2006 -0,75%
2007 -3,53%
2008 -4,55%
2009 -3,27%
2010 -5,43%
2011 -4,59%
2012 -5,56%

Sendo assim, a parte autora tem sofrido sérios prejuízo econômicos, com
uma perda financeira que perfaz o valor de R$ 0000,00, tudo em
conformidade com a planilha de cálculo em anexo o qual deve ser
recomposto pelo Judiciário.

DO DIREITO

O FGTS E A TR
Está em debate, a questão referente à adequação da forma de
correção dos saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS.

A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a aplicação de


duas taxas que correspondem a diferentes objetivos:

A primeira dessas taxas diz respeito à correção monetária dos depósitos


nas contas vinculadas, através da aplicação da Taxa Referencial –TR, que
é o fator de atualização do valor monetário, vigente desde 1991.

A segunda refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da


capitalização de juros à taxa de 3% ao ano, conforme estabelecido em
lei (lei 8.036/90).

A TAXA REFERENCIAL: NOVO INDEXADOR CRIADO EM 1991

A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia brasileira no bojo da Lei


Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como Plano Collor II – e
teve como objetivo estabelecer regras para a desindexação da
economia. À época, foi extinto um conjunto de indexadores que
corrigiam os valores de contratos, fundos financeiros, fundos públicos,
bem como as dívidas com a União, entre outros.

Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991, o Bônus do


Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de 10/07/89; o BTN
referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de Referência (MVR) e
as “demais unidades de conta assemelhadas que são atualizadas, direta
ou indiretamente, por índice de preço”, conforme o artigo 3º da Lei em
questão.

Simultaneamente, o artigo 4º determinou que “a partir da vigência da


medida provisória que deu origem a esta lei, a Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística deixará de calcular o Índice de
Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB),
mantido o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).”

Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco Central (Bacen)


passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial (TR) sendo o
seu cálculo referenciado na “...remuneração mensal média líquida de
impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais,
bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,
estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada
pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao
conhecimento do Senado Federal.”
A Lei determinou o prazo de 60 dias para o desenvolvimento da
metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este prazo, cabia ao
Bacen “fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova orientação sobre
os mecanismos de correção indicava o rompimento com os índices
baseados em preços, com os novos indicadores passando a ser
elaborados a partir da remuneração dos ativos financeiros praticados
por instituições bancárias conforme previsto na nova metodologia de
determinação da TR.

Particular importância teve a definição metodológica de criação de um


Redutor aplicado no cálculo para determinação da TR. A Resolução nº
1.805, de 27 de março de 1991, fixa o redutor em 2,0% e explicita que: “A
TR para o dia de referência será calculada deduzindo-se da média móvel
ajustada das taxas os efeitos decorrentes da tributação e da taxa real
histórica de juros da economia, representados por taxa bruta mensal...” .

Desta forma, desde a sua origem, a fórmula de cálculo da TR comporta


um fator Redutor que é arbitrado pelo Bacen.

No Gráfico 1, observam-se as médias anuais da relação das TRs com as


taxas básicas financeiras (TBFs), no período de 1995 à 2012. Como se vê,
a curva é declinante, indicando a queda da TR em relação à TBF. Este
declínio vai se acentuando com o passar do tempo, indicando que a TR
aproximou-se de zero, em 2012. Neste ano, em seis meses, observou-se
uma TR igual a zero. Também até o momento, em 2013, todas as taxas
mensais da TR foram zero, podendo assim permanecer no restante do
ano.

GRÁFICO 1
Relação entre TR e TBF – média anual
Fonte: Bacen
Elaboração DIEESE

MUDANÇAS NA POLÍTICA DE CÂMBIO E IMPACTO NA TR

O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do mercado de trabalho


na década de 1990 e, de forma inversa, impactos positivos com a
melhora verificada no grande crescimento da geração de postos de
trabalho formais já na década de 2000, especialmente após 2003. Nos
últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido do fundo mantiveram
trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os saques que,
refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também
cresceram em ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o
aumento da arrecadação. Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$
116,5 bilhões. Esse resultado foi administrado a partir da aplicação dos
recursos do FGTS em aplicações financeiras, especialmente títulos
públicos, que garantiram grande rentabilidade ao fundo; deram
segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado e
facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os
ganhos financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado.

Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós-1999 acabou
afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto sobre a
rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a remuneração
dos cotistas. Se a composição da remuneração atual das contas
vinculadas do FGTS é de 3% (a título de capitalização) acumulada à
variação da TR (correção monetária), o movimento de queda da taxa
de juros e as modificações na fórmula do cálculo da TR afetam
negativamente a taxa, o que impacta também negativamente a
remuneração das contas vinculadas do FGTS.

O período pós-1999 é um marco importante no que diz respeito à TR,


porque no campo macroeconômico houve o fim do regime de câmbio
administrado e a adoção da taxa de câmbio flutuante. Essa alteração
tem impacto nas taxas de juros (e por consequência na TR) porque, com
o fim da necessidade de “defender” a taxa de câmbio pré-determinada
pela equipe econômica, houve uma redução importante no patamar da
taxa de juros Selic (a taxa básica da economia brasileira).

Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da Selic – que nos


anos de 1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%, respectivamente – em 2000
houve redução para 16,2%, e a partir daí, diminuiu progressivamente até
atingir 8,2% em 2012, ou seja, menos de um terço do percentual de 1998.
O Gráfico 2 mostra esse comportamento.

GRÁFICO 2
Taxa Over/Selic: Taxa anualizada com o valor acumulado das taxas
mensais
Brasil, 1995 a 2012, em % ao ano.

Fonte: Bacen, Ipeadata


Elaboração: DIEESE

Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de um dos


principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -, outro
elemento do cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na fórmula
de cálculo da taxa referencial para diminuir os percentuais resultantes da
TBF – foi utilizado sequencialmente pelo Bacen para ajustar a TR aos juros
básicos da economia, afetando diretamente o rendimentos dos cotistas.

Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens que compõem


o Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e circular 3.455/2009,
ambos do Banco Central, seu impacto não resolveu, de forma
adequada, a correção monetária da TR. Isso porque a modificação
nesse Redutor não foi na mesma proporção da queda verificada na taxa
de juros Selic e, portanto, na TBF, que é diretamente impactada por essa
taxa básica da economia brasileira. Tanto assim que, a partir de 2008, o
Banco Central estipulou uma medida indicando que mesmo que o
cálculo da TR apresentasse valores negativos, no resultado deveria ser
considerado o valor de 0%., ou seja, correção monetária nula.

As perdas, porém, devem ser contextualizadas em relação ao fato de o


próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que também é
utilizada para a poupança) pode ser revista em qualquer momento.
Além disso, devido a questões macroeconômicas mais amplas, o BC
pode precisar alterar o rendimento das poupanças (como o FGTS, no
caso uma poupança “compulsória”) devido à gestão da dívida pública
e à atratividade dos ativos financeiros em um cenário de queda do
patamar de taxas de juros, como ocorrido recentemente. Portanto,
supondo-se que o patamar das taxas de juros mantenha-se como o
atual, será necessário optar dentre algumas medidas:

 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR; ou


 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS, a qual deve
possibilitar sua valorização, ao mesmo tempo em que continue
sendo importante fundo para a execução das políticas
habitacionais do país, permitindo o acesso a crédito subsidiado
pela população.

No gráfico 3, é possível notar a relação nas trajetórias das taxas Selic, TBF
e TR, desde 1996: aumentos ou reduções da taxa Selic interferem
diretamente nas outras duas taxas em questão.

Como já foi dito, a redução na Taxa Selic, teve impacto na Taxa Básica
Financeira (TBF), que sofreu redução, e que, por sua vez, impactou a TR
que, consequentemente, também apresentou queda.

GRÁFICO 3
Variação acumulada no ano da TR, TBF e Taxa Selic,1996-2013

Fonte: IBGE, Bacen


Elaboração: DIEESE, 2013

No Gráfico 4 é possível visualizar melhor esse cenário. Em 1996, a TR ficou


em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS considerando em
patamar suficiente para cobrir a inflação do período; mas é a partir de
2000 - portanto, na seqüência da mudança na política cambial que teve
reflexos sobre a redução da taxa de juros - que a TR começa uma
trajetória de percentuais bastante baixos. Em 2000, o percentual ficou em
2,10%, chegando em 2012 a uma taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013. Nesse
período – a partir de 2000, o único ano que apresentou um percentual
acima da média foi 2004 (4,65%).

Apesar de esse período registrar, na maior parte dos anos, índices de


inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003), como a TR
apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas taxas, como
se pode constatar no Gráfico 4, apresenta números negativos desde
1999. Ou seja, a TR não conseguiu recompor a inflação nos saldos das
contas vinculadas do FGTS, que acumularam perdas de 1999 a 2013 de
48,3%.

GRÁFICO 4
Diferença da TR e do INPC, 1991-2013

Fonte: IBGE, Bacen


Elaboração: DIEESE, 2013

Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação anual da TR


superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é superada pelo
INPC, com destaque para 2003, quando a diferença foi maior que 10%,
como mostra Gráfico 4.

Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida de 3% e do INPC,


entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das contas do FGTS
só não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do percentual de
3% a título de capitalização. Entretanto, após 1999, quando o INPC passa
a superar a TR, a diferença cumulativa entre as taxas cresceu tanto que,
mesmo considerando o acréscimo dos juros capitalizados, a correção
acumulada das contas vinculadas torna-se inferior à inflação acumulada
em igual período.

GRÁFICO 4
INPC,TR e TR+3%. 1995-2012

Fonte: IBGE, Bacen


Elaboração: DIEESE, 2013

DESEMPENHO FINANCEIRO DO FGTS E REMUNERAÇÃO DOS COTISTAS

O desempenho da economia, desde a década passada, refletiu-se


positivamente no mercado de trabalho brasileiro. São diversos os
indicadores que revelam essa situação de melhoria, pois houve um
significativo crescimento do emprego; aumento real do salário médio da
economia; recuperação do poder de compra do salário mínimo;
aumento da formalização do emprego, entre outros fatores.

O ambiente de crescimento econômico também surtiu efeito positivo


sobre o desempenho do FGTS, devido à vinculação direta de sua
arrecadação com o emprego formalizado e o nível dos rendimentos da
economia. No tocante aos valores da arrecadação bruta do FGTS,
observa-se que ela quase dobra quando se compara o resultado de 2012
e 1999, anos em que corresponderam a R$ 83,03 bilhões e R$ 42,02
bilhões. Por sua vez, os saques, nestes mesmos anos, cresceram 53%,
correspondendo a R$ 65,05 bilhões e R$ 42,54 bilhões. Observe-se que o
valor do saque, em 1999, supera um pouco o valor da arrecadação,
indicando um resultado líquido negativo no ano.

Conforme se vê no Gráfico 6, nos anos de 1997 e 1998, estes resultados


também foram negativos. A partir de 2000, a arrecadação líquida torna-
se positiva e crescente representando um indicador positivo do
desempenho do FGTS.
GRÁFICO 6
Evolução da arrecadação Real do FGTS (R$ bilhões de 2012)

O significativo desempenho financeiro do FGTS também pode ser visto


através da evolução do Patrimônio Líquido registrado no período de 1999
a 2012, como mostra o Quadro 1, no qual se observa que o crescimento
apresentado em seu valor real, que foi de 164%, no período.

QUADRO 1
FGTS: Patrimônio Líquido(*)

Anos Patrimônio Liquido


1999 17,72
2000 19,65
2001 18,86
2002 19,03
2003 23,12
2004 26,64
2005 28,70
2006 30,00
2007 30,72
2008 35,20
2009 36,81
2010 40,74
2011 43,45
2012 46,79
Fonte: FGTS
Elaboração DIEESE
Nota: (*) em reais 2012-IPCA

Com base em estudo elaborado pela Consultoria Legislativa do Senado,


valendo-se de informações fornecidas pela CEF é possível confrontar o
retorno recebido pelo FGTS e retorno pago aos cotistas, entre 2000 e 2011
(Quadro 2).

No quadro 2, ficam evidentes as diferenças entre o retorno das


aplicações do FGTS, e o retorno dos cotistas indicando claramente “que
há uma forte discrepância entre o rendimento do Fundo e o rendimento
dos cotistas. ” Ou seja, o rendimento das aplicações dos recursos do
fundo é bem superior ao rendimento pago aos titulares do fundo. Além
disso, o quadro mostra também que o rendimento dos cotistas (Juros +TR)
tem sido inferior à inflação no período.

CONCLUSÕES

Conforme se observou nos argumentos acima, o FGTS é um fundo


tipicamente parafiscal, formado por contas de poupança individual dos
trabalhadores e funding para financiamento de investimentos em
atividades específicas: habitação, saneamento e infraestrutura urbana.

Desde a sua origem, houve previsão legal de correção de seus valores,


com garantia da atualização monetária e a capitalização de juros à
base de 3% ao ano.

Em 1989, a correção do FGTS passa a ser mensal. Em 1º de março de 1991,


no âmbito de medidas econômicas voltadas para a “desindexação da
economia” a correção monetária do FGTS foi atrelada à Taxa Referencial
(TR), um novo indexador criado com base nos juros básicos da economia,
com o objetivo de romper com os indexadores baseados na evolução
dos preços.

Coube ao Banco Central fixar a TR, enquanto não foi aprovada a


metodologia para o cálculo dela. Em 27 de março, o Bacen editou
resolução que deveria ser “enviada ao conhecimento do Senado
Federal”. Nesta metodologia, havia a previsão de um redutor (R.) na
fórmula de cálculo da TR.

Devido às elevadíssimas taxas de juros praticadas, sobretudo até 1998, as


taxas fixadas para a TR ficaram próximas ou superaram os indicadores
tradicionais de inflação. A partir de 1998, o que se observa é o crescente
distanciamento da TR quando comparado ao INPC. Essa tendência
deveu-se, por um lado, à queda da taxa de juros da economia, e, por
outro, aos critérios implícitos na definição do Redutor constante da
metodologia de cálculo da TR.

Cabe aqui, na conclusão recuperar uma colocação feita no decorrer


desta petição, afirmando que, supondo-se que o patamar das taxas de
juros mantenha-se como o atual, será necessário optar por algumas
medidas:

 Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR ou


 Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS que
possibilite sua valorização, ao mesmo tempo em que continue a
ser um importante fundo para a execução das políticas
habitacionais do país, com acesso à crédito subsidiado pela
população.

DO POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

É posicionamento consolidado no STF de que a TR não serve como


correção monetária.

Ao julgar um caso de um credor do Instituto Nacional de Seguro Social


(INSS), em maio/2013, a ministra Cármen Lúcia reafirmou a posição da
Corte de que a Taxa Referencial (TR) - que remunera a poupança - não
serve para recompor a perda inflacionária da moeda.

DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONSTITUCIONAL. “ÍNDICE OFICIAL DE
REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA DE
POUPANÇA”: INCONSTITUCIONALIDADE DA
EXPRESSÃO. ACÓRDÃO RECORRIDO DISSONANTE DA
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA: OFENSA
CONSTITUCIONAL INDIRETA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. Relatório 1. Recurso extraordinário
interposto com base na alínea a do inc. III do art. 102
da Constituição da República contra julgado do
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que decidiu:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO.
EXECUÇÃO. PRECATÓRIO/RPV COMPLEMENTAR. EC
N. 62/2009. ART. 100, § 12, DA CF.
CONSTITUCIONALIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA. 1. O §
12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido
pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em
10/12/2009), tem aplicação imediata aos feitos de
natureza previdenciária, sendo constitucional. 2.
Entendimento firmado no sentido de que a TR mostra-
se válida como índice de correção monetária. 3.
Nada impede o legislador constitucional ou
infraconstitucional de dispor sobre correção
monetária e taxa de juros e, em se tratando de
relação de direito público, não há óbice a incidência
imediata da lei, desde que respeitado período
anterior à vigência da nova norma (vedação à
retroatividade), pois não existe direito adquirido a
regime jurídico” (fl. 68). 2. O Agravante alega que o
Tribunal a quo teria contrariado os arts. 1º, inc. III, 5º,
caput e incs. XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição
da República. Argumenta que: “A EC n. 62/2009, em
seu art. 1º, § 12, instituiu que ‘A partir da promulgação
desta Emenda Constitucional, a atualização de
valores de requisitórios , após sua expedição, até o
efetivo pagamento, independentemente de sua
natureza, será feita pelo índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança, e,
para fins de compensação da mora, incidirão juros
simples no mesmo percentual de juros indecentes
sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios’. Como se sabe,
o índice de remuneração básico da poupança é a
Taxa Referencial – TR, índice controlado pelo Estado,
e utilizado como instrumento de controle da
economia – vide os sucessivos índices mensais
zerados, a fim de controle de aporte de capital nas
poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de
correção monetária, que o STF já decidiu nesse
sentido: ‘A taxa referencial (TR) não é índice de
correção monetária (...) não constitui índice que
reflita a variação do poder aquisitivo da moeda’ (ADI
493-0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ
4.9.1992). (...) Assim sendo, texto tão danoso ao
cidadão não poderá ser tolerado pelo Judiciário,
merecendo a declaração de inconstitucionalidade
do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal,
adicionado pela EC n. 62/2009. (...) Assim, declarada
a inconstitucionalidade do índice aplicado ao
precatório pago nos autos, deve ser tomado como
vigente e aplicado ao caso concreto o índice IPCA-
E” (fls. 72-73). Apreciada a matéria trazida na espécie,
DECIDO. 3. Razão jurídica assiste, em parte, ao
Recorrente. O Desembargador Relator no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região afirmou: “Quando da
análise do pedido de efeito suspensivo, foi proferida
a seguinte decisão: ‘(...) Firmou-se na 3ª Seção deste
Tribunal o entendimento de que a Lei n. 11.960, de
29/06/2009 (publicada em 30/06/2009), que alterou o
art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, determinando a incidência
nos débitos da Fazenda Pública, para fins de
atualização monetária, remuneração do capital e
compensação da mora, uma única vez, até o efetivo
pagamento, dos índices oficiais de remuneração
básica e juros da caderneta de poupança, aplica-se
imediatamente aos feitos de natureza previdenciária,
sendo constitucional. Não há razão para tratamento
diferenciado em relação ao § 12 do artigo 100 da
Constituição Federal, introduzido pela EC n. 62, de
09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), que trata
especificamente da situação a atualização de
valores de requisitórios, após sua expedição, até o
efetivo pagamento. A Taxa Referencial, segundo
entendeu o Superior Tribunal de Justiça, pode ser
utilizada como índice de correção monetária. O que
não se mostra possível é sua substituição em pactos
já firmados, de modo a violar o direito adquirido e o
ato jurídico perfeito. A Súmula n. 295 do Superior
Tribunal de Justiça, a propósito, enuncia: A Taxa
Referencial (TR) é indexador válido para contratos
posteriores à Lei n. 8.177/91, desde que pactuada.
Colhe-se da jurisprudência desta Corte: (...). A
situação dos autos é um pouco diversa, pois se
discute sobre a incidência imediata de norma que
dispôs sobre os acréscimos aplicáveis aos débitos
previdenciários. Apropriada, contudo, a aplicação
do entendimento de que a TR mostra-se válida como
índice de correção monetária. Por outro lado, nada
impede o legislador constitucional ou
infraconstitucional de dispor sobre correção
monetária e taxa de juros. Em se tratando de relação
de direito público, nada obsta a incidência imediata
da lei, desde que respeitado período anterior à
vigência da nova norma (vedação à retroatividade),
pois não existe direito adquirido a regime jurídico.
Assim, tratando-se de norma nova que dispôs, para o
futuro, sobre os acréscimos aplicáveis a créditos
previdenciários, não se cogita de violação à cláusula
constitucional que assegura o direito de propriedade
(art. 5º, XXII, CF), ou mesmo àquela que protege o
direito adquirido e o ato jurídico perfeito (art. 5º,
XXXVI, CF). Como não se cogita de violação do
princípio da isonomia, certo que situações díspares
podem receber tratamento diferenciado, de modo
que a utilização de indexadores diversos, mas
idôneos, para atualização de créditos de naturezas
diversas, não contraria o artigo 5º, caput, da
Constituição Federal. Da mesma forma, como a
norma produz efeitos para o futuro, não está a
ofender a coisa julgada (art. 5º, inciso XXXVI CF), certo
que a coisa julgada somente incide em relação às
situações especificamente na decisão judicial, de
modo que a definição do índice de correção
monetária referente a período posterior não está
forrada ao advento de mudança normativa.
Consigno, por fim, que a norma que validamente
dispõe sobre os acréscimos aplicáveis a débito do
poder público evidentemente não está a violar os
princípios da moralidade e da eficiência (art. 37 da
CF). Oportuna a referência a precedentes do
Superior Tribunal de Justiça: (...). Segue em sentido
assemelhado precedente do Supremo Tribunal
Federal que espelha a posição daquela Corte:
‘Agravo regimental em agravo de instrumento. 2.
Execução contra a Fazenda Pública. Juros de mora.
Art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela
MP n. 2.180-35/2001. 3. Entendimento pacífico desta
Corte no sentido de que a MP n. 2.180-35/2001 tem
natureza processual. Aplicação imediata aos
processos em curso. 4. Agravo regimental a que se
nega provimento’ (AgR no AI n. 776.497. Relator: Min.
GILMAR MENDES Julgamento: 15/02/2011. Órgão
Julgador: Segunda Turma STF). Diante de todo o
exposto, defiro o pedido de efeito suspensivo’. Não
havendo novos elementos a ensejar a alteração do
entendimento acima esboçado, deve o mesmo ser
mantido por seus próprios fundamentos, dada a sua
adequação ao caso concreto” (fls. 66-67 v. - grifos
nossos). O acórdão recorrido destoa da
jurisprudência deste Supremo Tribunal, que declarou
a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial
de remuneração básica da caderneta de
poupança”, constante do § 12 do art. 100 da
Constituição da República (acrescentado pela
Emenda Constitucional n. 62/2009): “o Tribunal julgou
procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade da expressão ‘na data de
expedição do precatório’, contida no § 2º; os §§ 9º e
10; e das expressões ‘índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança’ e
‘independentemente de sua natureza’, constantes
do § 12, todos dispositivos do art. 100 da CF, com a
redação dada pela EC n. 62/2009, vencidos os
Ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e Dias Toffoli.
Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa” (ADI
4.357, Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe n.
59/2013, de 2.4.2013 – grifos nossos). 4. Quanto à
determinação do índice a ser aplicado na correção
monetária do precatório, trata-se de matéria a ser
decidida com base em norma infralegal (Resolução
n. 122/2010 do Conselho da Justiça Federal), não
afeta a este Supremo Tribunal: “AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
TRIBUTÁRIO. PRECATÓRIO. ATUALIZAÇÃO. ÍNDICE DE
CORREÇÃO. A REPERCUSSÃO GERAL NÃO DISPENSA
O PREENCHIMENTO DOS DEMAIS REQUISITOS DE
ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. ART. 323 DO RISTF
C.C. ART. 102, III, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. (...). 3. Deveras, entendimento
diverso do adotado pelo acórdão recorrido – como
deseja o recorrente – quanto ao índice de correção
monetária adequado para a atualização do valor do
presente precatório, demandaria a análise da
legislação infraconstitucional que disciplina a espécie
(Resolução n. 115/2010, do CNJ), bem como o
reexame do contexto fático-probatório engendrado
nos autos, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do
Enunciado da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal
Federal, que interdita a esta Corte, em sede de
recurso extraordinário, sindicar matéria fática,
‘verbis’: (...). (Precedentes: RE n 404.801-AgR, Relator
o Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, Dj de 04.03.05; AI n.
466.584-AgR, Relator o Ministro Nelson Jobim, 2ª
Turma, DJ de 21.05.04, entre outros). 4. ‘In casu’, o
acórdão originariamente recorrido assentou:
‘AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRECATÓRIO – NÃO
INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA – INTELIGÊNCIA DA
SÚMULA 17, DO STF – ATUALIZAÇÃO – ÍNDICE DE
REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA –
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1) É vedada a
incidência de juros no cálculo da atualização dos
valores de precatórios, exceto se houver mora no seu
pagamento (STF: Súmula Vinculante n. 17). 2) Após o
advento da emenda Constitucional n. 62/2009, a
atualização de valores de precatórios, após sua
expedição, até o efetivo pagamento,
independentemente de sua natureza, passou a ser
feita pelo índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança (CF/88: art. 100, § 12º). 3)
Recurso conhecido e parcialmente provido’. 5.
Agravo regimental a que se nega provimento” (RE
684.571-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira
Turma, DJe 30.10.2012 – grifos nossos). 5. Pelo exposto,
dou parcial provimento a este recurso extraordinário
(art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil e art. 21,
§ 2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal) para reafirmar a inconstitucionalidade da
expressão “índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança”, constante do § 12 do art.
100 da Constituição da República e determinar que o
Tribunal de origem julgue como de direito quanto à
aplicação de outro índice que não a taxa referencial
(TR). Publique-se. Brasília, 13 de junho de 2013. Ministra
CÁRMEN LÚCIA Relatora (RE 747706, Relator(a): Min.
CÁRMEN LÚCIA, julgado em 13/06/2013, publicado
em DJe-124 DIVULG 27/06/2013 PUBLIC 28/06/2013)

No dia 27 de maio de 2013, o ministro Castro Meira, do STJ, proferiu


decisão semelhante, favorável a uma credora da União que teve a
indenização reconhecida pela Justiça por violação de direitos
fundamentais. E foi além: determinou a aplicação do IPCA para atualizar
o valor dos precatórios. A União recorreu da decisão alegando que a
decisão do Supremo ainda não havia sido publicada. No dia 26 de junho,
a 1ª Seção do STJ rejeitou o recurso.

EXECUÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 11.761


- DF (2008/0132683-2) RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE
DA PRIMEIRA SEÇÃO EXEQUENTE : HELIANA CALMON
DOS REIS INÁCIO DE SOUZA
ADVOGADO : MARCELO PIRES TORREÃO E OUTRO(S)
EXECUTADO : UNIÃO
DECISÃO
A Coordenadoria de Execução Judicial-CEJU prestou
a seguinte informação:
Transitada em julgado a decisão que homologou os
cálculos apresentados pela União nos embargos à
execução e remetidos os autos a esta Unidade,
conforme decisão de fl. 124 dos embargos,
procedeu-se atualização da conta de liquidação.
Apurou-se como devido à exequente, em abril/2013,
o valor de R$ 971.061,57 (novecentos e setenta e um
mil, sessenta e um reais e cinquenta e sete centavos),
conforme demonstrado na planilha anexa.
No cálculo do quantum debeatur foram mantidos os
critérios empregados na conta elaborada pela União
e homologada na decisão de fls. 40-43 dos
embargos, quais sejam: " Incidência de juros de mora
no percentual de 0,5% ao mês, até o trânsito em
julgado dos embargos, ocorrido em agosto/2011;
" Correção monetária pelo IPCA-E/IBGE.
Destaque-se que estendeu-se a utilização do IPCA-E
para atualização da conta até a data corrente,
tendo em vista ter sido esse o índice empregado na
conta homologada e, ainda, porque o Supremo
Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4357, acórdão
pendente de publicação, julgou parcialmente
inconstitucional o § 12 no tocante às expressões
"índice oficial de remuneração básica da caderneta
de poupança" e "independentemente de sua
natureza" e, por arrastamento, essas mesmas
expressões constantes no art. 1°-F da lei n. 9.494/1997,
alterado pelo art. 5° da lei n. 11.960/2009 (Ata n° 5, de
14/3/2013, publicada no DJe n. 59, de 1/4/2013),
excluindo, desse modo, a Taxa Referencial - TR como
fator de atualização das condenações impostas à
Fazenda Pública.
Registre-se, ainda, que nessa ADI também foi
declarada a inconstitucionalidade dos §§ 9° e 10 do
art. 100 da Constituição Federal, que tratam da
compensação de débitos dos beneficiários de
precatórios junto á Fazenda Pública devedora.
Diante do exposto, submetemos estes autos à
consideração de Vossa Excelência com a proposição
de que sejam intimadas as partes para se
manifestarem sobre o cálculo atualizado por esta
Unidade para expedição do respectivo precatório (e-
STJ fl. 343).
Instadas, as partes manifestaram-se. A exequente
aprovou os cálculos (e-STJ fl. 352), enquanto a União
discordou no ponto em que "foi considerada a
variação do IPCA-e para correção monetária para
todo o período quanto o correto seria aplicar a
variação da TR a partir de julho de 2009, nos termos
da Lei 11.960/2009 e Manual de Cálculos da Justiça
Federal" (e-STJ fl. 355).
É o relatório. Decido.
Corretos são os cálculos apresentados pela CEJU,
porquanto, além de ter sido o IPCA-E o índice
empregado na conta homologada, olvida-se a União
de que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.357/DF,
em 14.3.2013, declarou a inconstitucionalidade, por
arrasto, das expressões "independentemente de sua
natureza" (para efeito de correção monetária) e
"índices oficiais de remuneração básica", contidos no
art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei
11.960/2009.
Significa dizer que, no tocante à correção monetária,
mesmo a partir de julho/2009, continuará sendo
adotado o IPCA-E/IBGE, e não mais o índice previsto
no Manual de Orientação de Procedimentos para os
Cálculos na Justiça Federal.
Ante o exposto, expeça o precatório nos termos da
planilha de cálculos elaborada pela CEJU às e-STJ fls.
343-344.
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 27 de maio de 2013.
Ministro Castro Meira
Presidente da Seção
(Ministro CASTRO MEIRA, 31/05/2013)

Sendo assim, Excelência, é pacífico nos Tribunais Superiores que não se


aplica a TR como índice de correção.

Após o julgamento da ADIN 4357 do STF, todos os julgamentos nos


Tribunais Superiores sobre o tema, estão sendo feitos monocraticamente.

Exemplificando, segue julgado do início de setembro de 2013.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.423.183 - SC


(2011/0153560-4)
RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS
AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL - INSS
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL - PGF
AGRAVADO : IRACI MARIA VARNIER GOLO
ADVOGADO : JAMILE ELIAS DE OLIVEIRA LIMA
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO
IMPOSTA À FAZENDA
PÚBLICA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 5º DA
LEI N. 11.960/09,
QUE ALTEROU O ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97.
REMUNERAÇÃO BÁSICA DA
CADERNETA DE POUPANÇA. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL
POR ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF). ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA
APLICÁVEL: IPCA. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO
ESPECIAL PARCIALMENTE
PROVIDO.
DECISÃO
Vistos.
Cuida-se de agravo apresentado pelo INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSS contra decisão
que obstou a subida do recurso especial interposto,
com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição
Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do
Estado de Santa
Catarina assim ementado (fls. 15/16, e-STJ):
"AÇÃO ACIDENTÁRIA - IMPROCEDÊNCIA EM PRIMEIRO
GRAU DE JURISDIÇÃO - INSURGÊNCIA - LESÃO NO
OLHO ESQUERDO EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE
TRABALHO - PREJUÍZO DA CAPACIDADE LABORATIVA
E CONSOLIDAÇÃO DO PROBLEMA NÃO
RECONHECIDOS PELO TOGADO - PERÍCIA MÉDICA
QUE ACENA PARA A OCORRÊNCIA DESSES REQUISITOS
- REVERSIBILIDADE DO QUADRO CONDICIONADA À
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO E TRANSPLANTE DE
CÓRNEA - SEGURADO QUE NÃO PODE SER OBRIGADO
A ESSA ESPÉCIE DE TRATAMENTO - EXEGESE DO ART.
101, DA lEI N. 8.213/91 - PRESSUPOSTOS PARA A
OUTORGA DO AUXÍLIO-ACIDENTE VERIFICADOS -
BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO PROVIDO.
"Demonstrado o nexo etiológico entre o acidente do
trabalho e a lesão que culminou na diminuição da
capacidade funcional do obreiro, impõe-se o
pagamento do auxílio-acidente." (AC n. 2004.020176-
1, de Criciúma, Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, j.
26.10.2004).
TERMO A QUO - DIA SEGUINTE À CESSAÇÃO DO
AUXÍLIO-DOENÇA – PAGAMENTO DAS PARCELAS
ATRASADAS - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL -
CORREÇÃO MONETÁRIA A CONTAR DOS
RESPECTIVOS VENCIMENTOS COM BASE NO IGP-DI -
JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS DESDE A CITAÇÃO -
CUSTAS PELA METADE - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM 10% SOBRE O VALOR DAS
PARCELAS VENCIDAS ATÉ A DATA DA PUBLICAÇÃO
DO ACÓRDÃO (VERBETE 111 - STJ).
"A data em que houve o cancelamento do auxílio-
doença deve ser considerada como o termo inicial
do auxílio-acidente." (Resp n. 556604/RJ, Quinta
Turma, Rela. Mina. Laurita Vaz, j. 18.03.2004).
"Em tema de cobrança judicial de benefícios
previdenciários, a egrégia Terceira Seção consolidou
o entendimento jurisprudencial de que a correção
monetária das parcelas pagas com atraso incide na
forma prevista na Lei nº 6.899/81 e deve ser aplicada
a partir do momento em que eram devidas [...]" (Resp
209676 / MG, Sexta Turma, Rel. Min. Vicente Leal, j.
05.10.2000)."
Sustenta o agravante, em recurso especial, que o
Tribunal de origem contrariou o art. 1º-F da Lei n.
9.494/1997, com a nova redação dada pela Lei n.
11.960/2009, ao não fixar os juros moratórios e
correção com base nessa nova lei, sustentando que
ela tem incidência imediata, sendo aplicável aos
processos iniciados antes mesmo de sua vigência.
Sem as contrarrazões, sobreveio juízo de
admissibilidade negativo na instância de origem, o
que deu ensejo à interposição do presente agravo.
É, no essencial, o relatório.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade do
agravo, passo à análise do recurso especial.
O recurso merece prosperar em parte.
Com efeito, em relação à aplicação dos juros
moratórios, segundo entendimento firmado pela
Corte Especial no julgamento dos EREsp 1.207.197/RS,
relator Ministro Castro Meira, publicado no DJE de
2.8.2011, em todas as condenações impostas contra
a Fazenda Pública, para fins de atualização
monetária, remuneração do capital e compensação
da mora, haverá a incidência, uma única vez, até o
efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, consoante a redação do art. 1º-F da
Lei n. 9.494/97, alterado pelo art. 5º da Lei n. 11.960/09,
dispositivo que deve ser aplicado aos processos em
curso à luz do princípio do tempus regit actum.
Nesse sentido:
"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.
JUROS MORATÓRIOS. DIREITO INTERTEMPORAL.
PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. ARTIGO 1º-F, DA
LEI Nº 9.494/97. MP 2.180-35/2001. LEI nº 11.960/09.
APLICAÇÃO AOS PROCESSOS EM CURSO.
1. A maioria da Corte conheceu dos embargos, ao
fundamento de que divergência situa-se na
aplicação da lei nova que modifica a taxa de juros
de mora, aos processos em curso. Vencido o Relator.
2. As normas que dispõem sobre os juros moratórios
possuem natureza eminentemente processual,
aplicando-se aos processos em andamento, à luz do
princípio tempus regit actum. Precedentes.
3. O art. 1º-F, da Lei 9.494/97, modificada pela Medida
Provisória 2.180-35/2001 e, posteriormente pelo artigo
5º da Lei nº 11.960/09, tem natureza instrumental,
devendo ser aplicado aos processos em tramitação.
Precedentes.
4. Embargos de divergência providos."
(EREsp 1.207.197/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Corte
Especial, julgado em 18.5.2011, DJe 2.8.2011.)
Posteriormente, a Corte Especial do STJ, no
julgamento do REsp 1.205.946/SP, de relatoria do
Ministro Benedito Gonçalves, submetido ao rito dos
recursos repetitivos, consolidou tal entendimento ao
declarar que o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 é norma de
caráter eminentemente processual, devendo ser
aplicado sem distinção a todas as demandas judiciais
em trâmite.
A propósito, a ementa do referido julgado:
"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO
ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. VERBAS
REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS
DE MORA DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA. LEI
11.960/09, QUE ALTEROU O ARTIGO
1º-F DA LEI 9.494/97. NATUREZA PROCESSUAL.
APLICAÇÃO IMEDIATA AOS PROCESSOS EM CURSO
QUANDO DA SUA VIGÊNCIA. EFEITO RETROATIVO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de
aplicação imediata às ações em curso da Lei
11.960/09, que veio alterar a redação do artigo 1º-F
da Lei 9.494/97, para disciplinar os critérios de
correção monetária e de juros de mora a serem
observados nas "condenações impostas à Fazenda
Pública, independentemente de sua natureza", quais
sejam, "os índices oficiais de remuneração básica e
juros aplicados à caderneta de poupança".
2. A Corte Especial, em sessão de 18.06.2011, por
ocasião do julgamento dos EREsp n. 1.207.197/RS,
entendeu por bem alterar entendimento até então
adotado, firmando posição no sentido de que a Lei
11.960/2009, a qual traz novo regramento
concernente à atualização monetária e aos juros de
mora devidos pela Fazenda Pública, deve ser
aplicada, de imediato, aos processos em
andamento, sem, contudo, retroagir a período
anterior à sua vigência.
3. Nesse mesmo sentido já se manifestou o Supremo
Tribunal Federal, ao decidir que a Lei 9.494/97,
alterada pela Medida Provisória n. 2.180-35/2001, que
também tratava de consectário da condenação
(juros de mora), devia ser aplicada imediatamente
aos feitos em curso.
4. Assim, os valores resultantes de condenações
proferidas contra a Fazenda Pública após a entrada
em vigor da Lei 11.960/09 devem observar os critérios
de atualização (correção monetária e juros) nela
disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no
período anterior, tais acessórios deverão seguir os
parâmetros definidos pela legislação então vigente.
5. No caso concreto, merece prosperar a insurgência
da recorrente no que se refere à incidência do art. 5º
da Lei n. 11.960/09 no período subsequente a
29/06/2009, data da edição da referida lei, ante o
princípio do tempus regit actum.
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do
CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Cessam os efeitos previstos no artigo 543-C do CPC
em relação ao Recurso Especial Repetitivo n.
1.086.944/SP, que se referia tão somente às
modificações legislativas impostas pela MP 2.180-
35/01, que acrescentou o art. 1º-F à Lei 9.494/97,
alterada pela Lei
11.960/09, aqui tratada.
8. Recurso especial parcialmente provido para
determinar, ao presente feito, a imediata aplicação
do art. 5º da Lei 11.960/09, a partir de sua vigência,
sem efeitos retroativos."
(REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Corte Especial, julgado em 19.10.2011, DJe 2.2.2012.)
Todavia, em 14.3.2013, o Plenário do STF, no
julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito,
declarou a inconstitucionalidade parcial por
arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09.
Por conseguinte, a Primeira Seção, por unanimidade,
na ocasião do julgamento do Recurso Especial
repetitivo 1.270.439/PR, assentou que, nas
condenações impostas à Fazenda Pública de
natureza não tributária, os juros moratórios devem ser
calculados com base no índice oficial de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei
9.494/97, com redação da Lei 11.960/09. Já a
correção monetária, por força da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09, deverá ser calculada com base no IPCA,
índice que melhor reflete a inflação acumulada do
período.
Confira-se a ementa do referido julgado na parte que
ora importa:
"RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC
E RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. INCORPORAÇÃO DE
QUINTOS. MEDIDA PROVISÓRIA N.º 2.225-45/2001.
PERÍODO DE 08.04.1998 A 05.09.2001. MATÉRIA JÁ
DECIDIDA NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC.
POSSIBILIDADE EM ABSTRATO. AUSÊNCIA DE INTERESSE
PROCESSUAL NO CASO CONCRETO.
RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO DO DIREITO.
AÇÃO DE COBRANÇA EM QUE SE BUSCA APENAS O
PAGAMENTO DAS PARCELAS DE RETROATIVOS AINDA
NÃO PAGAS.
(...)
PRESCRIÇÃO. RENÚNCIA. INTERRUPÇÃO. REINÍCIO
PELA METADE. ART. 9º DO DECRETO 20.910/32.
SUSPENSÃO DO PRAZO NO CURSO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO. ART. 4º DO DECRETO 20.910/32.
PRESCRIÇÃO NÃO VERIFICADA.
(...)
VERBAS REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E
JUROS DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA. LEI 11.960/09,
QUE ALTEROU O ARTIGO 1º-F DA LEI 9.494/97.
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL
POR ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF).
12. O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida
pela Lei 11.960/2009, que trouxe novo regramento
para a atualização monetária e juros devidos pela
Fazenda Pública, deve ser aplicado, de imediato, aos
processos em andamento, sem, contudo, retroagir a
período anterior a sua vigência.
13. "Assim, os valores resultantes de condenações
proferidas contra a Fazenda Pública após a entrada
em vigor da Lei 11.960/09 devem observar os critérios
de atualização (correção monetária e juros) nela
disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no
período anterior, tais acessórios deverão seguir os
parâmetros definidos pela legislação então vigente"
(REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
Corte Especial, DJe 2.2.12).
14. O Supremo Tribunal Federal declarou a
inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do
art. 5º da Lei 11.960/09, que deu nova redação ao art.
1º-F da Lei 9.494/97, ao examinar a ADIn 4.357/DF, Rel.
Min. Ayres Britto.
15. A Suprema Corte declarou inconstitucional a
expressão "índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança"contida no § 12 do art. 100
da CF/88. Assim entendeu porque a taxa básica de
remuneração da poupança não mede a inflação
acumulada do período e, portanto, não pode servir
de parâmetro para a correção monetária a ser
aplicada aos débitos da Fazenda Pública.
16. Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade
da expressão "independentemente de sua natureza"
quando os débitos fazendários ostentarem natureza
tributária. Isso porque, quando credora a Fazenda de
dívida de natureza tributária, incidem os juros pela
taxa SELIC como compensação pela mora, devendo
esse mesmo índice, por força do princípio da
equidade, ser aplicado quando for ela devedora nas
repetições de indébito tributário.
17. Como o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da
Lei 11.960/09, praticamente reproduz a norma do § 12
do art. 100 da CF/88, o Supremo declarou a
inconstitucionalidade parcial, por arrastamento,
desse dispositivo legal.
18. Em virtude da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09: (a) a correção monetária das dívidas
fazendárias deve observar índices que reflitam a
inflação acumulada do período, a ela não se
aplicando os índices de remuneração básica da
caderneta de poupança; e (b) os juros moratórios
serão equivalentes aos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta
de poupança, exceto quando a dívida ostentar
natureza tributária, para as quais prevalecerão as
regras específicas.
19. O Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto,
não especificou qual deveria ser o índice de
correção monetária adotado. Todavia, há
importante referência no voto vista do Min. Luiz Fux,
quando Sua Excelência aponta para o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, que ora se adota.
20. No caso concreto, como a condenação imposta
à Fazenda não é de natureza tributária - o crédito
reclamado tem origem na incorporação de quintos
pelo exercício de função de confiança entre abril de
1998 e setembro de 2001 -, os juros moratórios devem
ser calculados com base no índice oficial de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei
9.494/97, com redação da Lei 11.960/09. Já a
correção monetária, por força da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09, deverá ser calculada com base no IPCA,
índice que melhor reflete a inflação acumulada do
período.
21. Recurso especial provido em parte. Acórdão
sujeito à sistemática do art. 543-C do CPC e da
Resolução STJ n.º 08/2008."
Para melhor esclarecimento, transcrevo trecho do
voto condutor do acórdão que esclarece
expressamente a extensão da declaração de
inconstitucionalidade do art. 5º da Lei n. 11.960/09
pelo STF, in verbis:
"O Supremo Tribunal Federal, em acórdão ainda não
publicado, declarou a inconstitucionalidade parcial,
por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/09, que deu
nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/99, ao
examinar a ADIn 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Britto.
Diz-se por arrastamento porque o objeto principal da
ADIn não era o dispositivo legal, mas a norma
constante do art. 100, § 12, da CF/88, que tem
redação muito semelhante a adotada pelo art. 5º da
Lei 11.960/09.
Assim, reconhecida a inconstitucionalidade parcial
da regra do art. 100, § 12, da CF/88, declarou-se a
inconstitucionalidade, na mesma medida e
proporção, do art. 1º-F da Lei 9.494/99, com redação
da Lei 11.960/09.
Vale a pena conferir os termos em que declarada a
inconstitucionalidade da norma, a partir da
transcrição do voto condutor da lavra do eminente
Min. Ayres Britto (Relator) verbis:
28. Prossigo neste voto para assentar, agora, a
inconstitucionalidade parcial do atual § 12 do art. 100
da
Constituição da República. Dispositivo assim
vernacularmente posto pela Emenda Constitucional
n.º 62/2009:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda
Constitucional, a atualização de valores de
requisitórios, após sua expedição, até o efetivo
pagamento, independentemente de sua natureza,
será feita pelo índice oficial de remuneração básica
da caderneta de poupança, e, para fins de
compensação da mora, incidirão juros simples no
mesmo percentual de juros incidentes sobre a
caderneta de poupança, ficando excluída a
incidência de juros compensatórios.
....................................................................
30. Observa-se, então, que, em princípio, o novo § 12
do art. 100 da Constituição Federal retratou a
jurisprudência consolidada desta nossa Corte, ao
deixar mais clara: a) a exigência da "atualização de
valores de requistórios, após sua expedição [e] até o
efetivo pagamento"; b) a incidência de juros simples
"para fins de compensação da mora"; c) a não
incidência de juros compensatórios (parte final do §
12 do art. 100 da CF). Mas o fato é que o dispositivo
em exame foi além: fixou, desde logo, como
referência para correção monetária, o índice oficial
de remuneração básica da caderneta de
poupança, bem como, "para fins de compensação
de mora", o mesmo percentual de juros incidentes
sobre a caderneta de poupança. E contra esse plus
normativo é que se insurgem os requerentes.
31. Insurgência, a meu ver, que é de ser acolhida
quanto á utilização do "índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança" para a
atualização monetária dos débitos inscritos em
precatório. É que a correção monetária, consoante
já defendi em artigo doutrinário, é instituto jurídico-
constitucional, porque tema específico ou a própria
matéria de algumas normas figurantes do nosso
Magno Texto, tracejadoras de um peculiar regime
jurídica para ela. (...)
....................................................................
33. Convém insistir no raciocínio. Se há um direito
subjetivo à correção monetária de determinado
crédito, direito que, como visto, não difere do crédito
originário, fica evidente que o reajuste há de
corresponder ao preciso índice de desvalorização da
moeda, ao cabo de um certo período; quer dizer,
conhecido que seja o índice de depreciação do
valor real da moeda a cada período legalmente
estabelecido para a respectiva medição - , é ele que
por inteiro vai recair sobre a expressão financeira do
instituto jurídico protegido com a cláusula de
permanente atualização monetária. É o mesmo que
dizer: medido que seja o tamanho da inflação num
dado período, tem-se, naturalmente, o percentual de
defasagem ou de efetiva perda de poder aquisitivo
da moeda que vai servir de critério matemático para
a necessária preservação do valor real do bem ou
direito constitucionalmente protegido.
34. O que determinou, no entanto, a Emenda
Constitucional nº 62/2009? Que a atualização
monetária dos valores inscritos em precatório, após
sua expedição e até o efetivo pagamento, se dará
pelo índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança. Índice que, segundo
já assentou este Supremo Tribunal Federal na ADI 493,
não reflete a perda de poder aquisitivo da moeda.
Cito passagem do minucioso voto do Ministro Moreira
Alves: "Como se vê, a TR é a taxa que resulta, com a
utilização das complexas e sucessivas fórmulas
contidas na Resolução nº 1085 do Conselho
Monetário Nacional, do cálculo da taxa média
ponderada da remuneração dos CDB/RDB das vinte
instituições selecionadas, expurgada esta de dois por
cento que representam genericamente o valor da
tributação e da 'taxa real histórica de juros da
economia' embutidos nessa remuneração. Seria a TR
índice de correção monetária, e, portanto, índice de
desvalorização da moeda, se inequivocamente essa
taxa média ponderada da remuneração dos
CDB/RDB com o expurgo de 2% fosse constituída
apenas do valor correspondente à desvalorização
esperada da moeda em virtude da inflação. Em se
tratando, porém, de taxa de remuneração de títulos
para efeito de captação de recursos por parte de
entidades financeiras, isso não ocorre por causa dos
diversos fatores que influem na fixação do custo do
dinheiro a ser captado.
(...)
A variação dos valores das taxas desse custo
prefixados por essas entidades decorre de fatores
econômicos vários, inclusive peculiares a cada uma
delas (assim, suas necessidades de liquidez) ou
comuns a todas (como, por exemplo, a concorrência
com outras fontes de captação de dinheiro, a
política de juros adotada pelo Banco Central, a maior
ou menor oferta de moeda), e fatores esses que nada
têm que ver com o valor de troca da moeda, mas,
sim o que é diverso -, com o custo da captação
desta".
35. O que se conclui, portanto, é que o § 12 do art.
100 da
Constituição acabou por artificializar o conceito de
atualização monetária. Conceito que está
ontologicamente associado à manutenção do valor
real da moeda. Valor real que só se mantém pela
aplicação de índice que reflita a desvalorização
dessa moeda em determinado período. Ora, se a
correção monetária dos valores inscritos em
precatório deixa de corresponder à perda do poder
aquisitivo da moeda, o direito reconhecido por
sentença judicial transitada em julgado será satisfeito
de forma excessiva ou, de revés, deficitária. Em
ambas as hipóteses, com enriquecimento ilícito de
uma das partes da relação jurídica. E não é difícil
constatar que a parte prejudicada, no caso, será,
quase que invariavelmente, o
credor da Fazenda Pública. Basta ver que, nos últimos
quinze anos (1996 a 2010), enquanto a TR (taxa de
remuneração da poupança) foi de 55,77%, a inflação
foi de 97,85%, de acordo com o IPCA.
36. Não há como, portanto, deixar de reconhecer a
inconstitucionalidade da norma atacada, na medida
em que a fixação da remuneração básica da
caderneta de poupança como índice de correção
monetária dos valores inscritos em precatório implica
indevida e intolerável constrição à eficácia da
atividade jurisdicional. Uma afronta à garantia da
coisa julgada e, por reverberação, ao protoprincípio
da separação dos Poderes.
37. Certo que, bem pontuou o Advogado-Geral da
União, o § 12 do art. 100 da Constituição Federal não
se reporta à correção monetária já aplicada pelo
Juízo competente.14 Trata, isto sim, de atualização
dos valores constantes de ofícios requisitórios, após
sua expedição
e até a data do efetivo pagamento. Também correta
a assertiva de que pode a lei, a fim de evitar "dissensos
jurisprudenciais e morosos debates acerca do índice
a ser aplicado", fixar, desde logo, um índice oficial.
Mas nem por isso deixa de haver violação à coisa
julgada e à separação dos Poderes. Primeiro, porque
de nada adianta
o direito reconhecido pelo Judiciário ser
corretamente atualizado até a data de expedição
do precatório, se, entre a expedição do requisitório e
seu efetivo pagamento, pode ele (o direito) sofrer
depreciação de 10, 20, 40%. Qualquer ideia de
incidência mutilada da correção monetária, isto é,
qualquer tentativa de aplicá-la a partir de um
percentualizado redutor, caracteriza fraude à
Constituição.
Segundo, o que jaz à disponibilidade do legislador
(inclusive o de reforma da Constituição) não é o
percentual da inflação. Esse percentual, seja qual for,
já estará constitucionalmente e recepcionado como
o próprio reajuste nominal da moeda. O que fica à
mercê do poder normativo do Estado é a indicação
de providências viabilizadoras de uma isenta aferição
do crescimento inflacionário, tais como: a) o lapso
temporal em que se fará a medida da inflação,
compreendendo a data-base e a periodicidade; b)
as mercadorias ou os bens de consumo que servirão
de objeto de pesquisa para o fim daquela aferição,
com o que se terá um índice geral, ou, então, um
índice setorial de preços; c) o órgão ou entidade
encarregada da pesquisa de mercado. Daí que um
dado índice oficial de correção monetária de
precatórios possa constar de lei, desde que tal índice
traduza o grau de desvalorização da moeda.
Principalmente se levar em conta que o art. 97 do
ADCT (acrescentado pela EC nº 62/2009) instituiu
nova moratória de 15 (quinze) anos para pagamento
de precatórios por Estados, Distrito Federal e
Municípios. Do que resulta o óbvio: se a "preservação
do valor real" do patrimônio particular é
constitucionalmente assegurada, mesmo nos casos
de descumprimento da função social da
propriedade (inciso III do § 4º do art. 182 e caput do
art. 184, ambos da CF), como justificar o sacrifício ao
crédito daquele que tem a seu favor uma sentença
judicial transitada em julgado?
38. Com estes fundamentos, tenho por
inconstitucional a expressão índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança,
constante do § 12 do art. 100 da Constituição Federal,
do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias.
39. Já no tocante à "compensação da mora",
estabeleceu o novo § 12
do art. 100 da Constituição Federal que "incidirão
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes
sobre a caderneta de poupança.
Incidência que se dará sobre os valores dos ofícios
requisitórios, após sua expedição e até o efetivo
pagamento, "independentemente de sua natureza".
Pelo que os autores arguem violação ao princípio da
isonomia, devido a que foi adotado critério de
discriminação, sem motivo razoável, entre a
aplicação de juros aos débitos do Estado e aos do
contribuinte.
40. Muito bem. Este Supremo Tribunal Federal já se
debruçou sobre o tema no RE 453.740. Naquela
oportunidade, o Plenário desta nossa Corte julgou
constitucional o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, em sua
redação originária, que dispunha não poderem
ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano os
juros de mora, "nas condenações impostas à Fazenda
Pública para pagamento de verbas remuneratórias
devidas a servidores e empregados públicos". Lembro
que fiquei vencido, na honrosa companhia da
Ministra Cármen Lúcia e dos Ministros Marco Aurélio e
Sepúlveda Pertence, por entender preterido o
princípio da isonomia, pela discriminação que se
abria entre a parte processual privada credora e a
parte estatal eventualmente credora, também em
Juízo, sabido que, pelo § 1º do art. 161 do Código
Tributário Nacional, os juros de mora são calculados à
taxa de 1% ao mês em favor do Estado, salvo expressa
determinação legal em contrário.
41. Ora, no caso dos autos, as mesmas razões me
parecem socorrer os requerentes. Há, porém, uma
outra: no julgamento do RE 453.740, esta nossa Corte
julgou constitucional o art. 1º-F da Lei nº 9.494, em sua
redação originária, porque o dispositivo legal se
referia à específica condenação do Estado ao
pagamento de verbas remuneratórias devidas a
servidores e empregados públicos. Aduziu o eminente
relator, Ministro Gilmar Mendes, no que foi
acompanhado pela maioria deste Supremo Tribunal,
que a situação não era comparável aos juros
incidentes sobre o crédito tributário. Isso porque, "o
indébito tributário é resolvido por meio de
compensação ou restituição, nos termos do § 4º do
art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995, que nos remete à taxa
SEL IC". "Remunera-se do mesmo modo como se exige
o pagamento", asseverou Sua Excelência. Sucede
que o § 12 do art. 100 da Constituição da República,
com a redação dada pela Emenda Constitucional nº
62/2009, ordenou que se aplicassem os juros de mora
incidentes sobre a caderneta de poupança aos
valores constantes de ofícios requisitórios,
"independentemente de sua natureza". Logo, até
mesmo aos precatórios concernentes a restituições
tributárias. Daí porque tenho por inconstitucional, se
não todo o § 12 do art. 100 da Constituição, pelo
menos o fraseado "independentemente de sua
natureza", para que aos precatórios de natureza
tributária se apliquem os mesmos juros de mora
incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário.
....................................................................
56. Por todo o exposto, julgo procedente a ação para
declarar a inconstitucionalidade formal de toda a
Emenda Constitucional nº 62, de 09 de dezembro de
2009. Caso vencido quanto ao vício de
inconstitucionalidade formal, julgo parcialmente
procedente a ação para o fim de: a) declarar a
inconstitucionalidade da expressão "na data de
expedição do precatório", contida no § 2º do art. 100
da Constituição Federal; b) declarar inconstitucionais
os §§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição da República;
c) assentar a inconstitucionalidade da expressão
índice oficial de remuneração básica da caderneta
de poupança", constante do § 12 do art. 100 da
Constituição Federal, do inciso II do § 1º e do § 16,
ambos do art. 97 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias; d) declarar
inconstitucional o fraseado "independentemente de
sua natureza", contido no § 12 do art. 100 da
Constituição, para que aos precatórios de natureza
tributária se apliquem os mesmos juros de mora
incidentes sobre o crédito tributário; e) declarar a
inconstitucionalidade, por arrastamento (itens "c" e
"d" acima), do art. 5º da Lei nº 11.960/2009; f) assentar
a inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 da
Constituição Federal e de todo o art. 97 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias
(especificamente o caput e os §§ 1º, 2º, 4º, 6º, 8º, 9º,
14 e 15, sendo os demais por arrastamento ou
reverberação normativa).
57. É como voto. Como se vê, a Suprema Corte
declarou inconstitucional a expressão "índice oficial
de remuneração básica da caderneta de
poupança" contida no § 12 do art. 100 da CF/88.
Assim entendeu porque a taxa básica de
remuneração da poupança não mede a inflação
acumulada do período e, portanto, não pode servir
de parâmetro para a correção monetária a ser
aplicada aos débitos da Fazenda Pública.
Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da
expressão "independentemente de sua natureza"
quando os débitos fazendários ostentarem natureza
tributária. Isso porque, quando credora a Fazenda de
dívida de natureza tributária, incidem os juros pela
taxa SELIC como compensação pela mora, devendo
esse mesmo índice, por força do princípio da
equidade, ser aplicado quando for ela devedora nas
repetições de indébito tributário.
Como o art. 1º-F da Lei 9.494/99, com redação da Lei
11.960/09, praticamente reproduz a norma do § 12 do
art. 100 da CF/88, o Supremo declarou a
inconstitucionalidade parcial, por arrastamento,
desse dispositivo legal.
A norma dispunha o seguinte: "Art. 1º-F. Nas
condenações impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza e para fins de
atualização monetária, remuneração do capital e
compensação da mora, haverá a incidência uma
única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança."
Assim, qualquer que fosse a natureza da
condenação imposta à Fazenda Pública, a dívida
fazendária estaria sujeita a incidência, uma única vez,
para fins de atualização monetária juros de mora, dos
índices oficiais de remuneração básica e juros
aplicados à caderneta de
poupança. A partir da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09:
(a) a correção monetária das dívidas fazendárias
deve observar índices que reflitam a inflação
acumulada do período, a ela não se aplicando os
índices de remuneração básica da caderneta de
poupança; e (b) os juros moratórios serão
equivalentes aos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta
de poupança, exceto quando a dívida ostentar
natureza tributária, para a qual prevalecerão as
regras específicas.
Vale ressaltar que o Relator da ADIn no Supremo, Min.
Ayres Britto, não especificou qual deveria ser o índice
de correção monetária adotado.
Todavia, há importante referência no voto vista do
Min. Luiz Fux, quando Sua Excelência aponta para o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e para o
IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fundação
Getúlio Vargas.
Por sua pertinência, destaca-se o seguinte fragmento
do voto vista: A inflação, por outro lado, é fenômeno
econômico insuscetível de captação apriorística. O
máximo que se consegue é estimá-la para certo
período, mas jamais fixá-la de antemão. Daí por que
os índices criados especialmente para captar o
fenômeno inflacionário são sempre definidos em
momentos posteriores ao período analisado, como
ocorre com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC),
divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A
razão disso é clara: a inflação é sempre constatada
em apuração ex post, de sorte que todo índice
definido ex ante é incapaz de refletir a efetiva
variação de preços que caracteriza a inflação. É o
que ocorre na hipótese dos autos. A prevalecer o
critério adotado pela EC nº 62/09, os créditos inscritos
em precatórios seriam atualizados por índices pré-
fixados e independentes da real flutuação de preços
apurada no período de referência. Assim, o índice
oficial de remuneração da caderneta de poupança
não é critério adequado para refletir o fenômeno
inflacionário.
Creio que o IPCA, por ser mais abrangente que o IPC,
melhor reflete a inflação acumulada do período e
serve de norte seguro para a atualização das
condenações impostas à Fazenda Pública.
Assim, no caso concreto, como a condenação
imposta à Fazenda não é de natureza tributária o
crédito reclamado tem origem na incorporação de
quintos pelo exercício de função de confiança entre
abril de 1998 e setembro de 2001 , os juros moratórios
devem ser calculados com base no índice oficial de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei
9.494/99, com redação da Lei 11.960/09.
Já a correção monetária, por força da declaração
de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09, deverá ser calculada com base no IPCA,
índice que melhor reflete a inflação acumulada do
período.
Ante o exposto, com fundamento no art. 544, § 4º, II,
"c", do CPC, conheço do agravo e dou parcial
provimento ao recurso especial, a fim de consignar
que o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada
pela Lei 11.960/2009, deve ser aplicado sem distinção
a todas as demandas judiciais em trâmite, a partir de
sua vigência, ressaltando-se que a correção
monetária deve ser calculada com base no IPCA.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 30 de agosto de 2013.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS
Relator (Ministro HUMBERTO MARTINS, 06/09/2013)

Destacamos que desde a sua origem, o FGTS teve previsão legal de


correção de seus valores, com garantia da atualização monetária e a
capitalização de juros à base de 3% ao ano, fato que não ocorre quando
é utilizado a TR.

DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS

Os patronos da parte autora declaram a autenticidade de toda


documentação ora anexada em cópia reprográfica.

DOS PEDIDOS

Isto posto, pede-se:


I. Que seja deferido o benefício de justiça gratuita;

II. A condenação da Ré a proceder a correção monetária dos


valores depositados em favor da parte autora, a partir de 1999,
em índices diferentes do da TR, utilizando para a correção
monetária o INPC em conformidade com a planilha de
cálculos em anexo, ou sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro
índice que efetivamente recomponha o valor monetário,
perdido pela inflação.

II. Condenar a Ré proceder essa correção desde 1999, data em


que a TR parou de recompor as perdas com a inflação;

III. Condenar a Ré no pagamento dos valores ao final apurados,


promovendo o crédito respectivo na Conta Vinculada do FGTS
da parte autora.

IV. Caso a parte autora tenha sacado os valores depositados


em sua conta vinculada do FGTS, que seja determinada o
deposito dos valores ao final apurado, em conta judicial, para
posterior levantamento para parte autora, por meio de alvará
judicial, alvará que fica desde logo requerido.

V. condenar a ré ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios no montante de 20% do valor da
condenação.

Requerimentos:

Requer a citação da CEF - Caixa Econômica Federal, no endereço de


sua sede, para responder no prazo legal, querendo, a presente ação.

Requer a juntada dos contratos de honorários advocatícios, requerendo,


ao final, antes da liberação dos valores para a conta vinculada ao FGTS,
valores esses que a ré for condenada a pagar ao autor, que o montante
pactuado no instrumento contratual anexo seja liberado diretamente
para este patrono, através de alvará, conforme art. 22, §4º do EOAB.

PROVAS

Apresenta parte Autora, desde já, os documentos acostados à peça


exordial, protestando, ainda, pela juntada de novos documentos e de
complementação de extratos da conta vinculada da parte Autora para
liquidação.
Requer, finalmente, a intimação da ré para juntar aos autos os extratos
da evolução dos depósitos, atualização monetária e juros creditados na
conta vinculada da parte autora, posto que é a atual administradora dos
recursos do FGTS.

DO VALOR DA CAUSA

Para efeitos meramente fiscais dá-se à causa o valor de R$ 0.000,00 (valor


total da diferença entre TR e INPC).

Documentos Anexos:

Procuração;
Cédula de Identidade;
CPF;
Comprovante de Endereço;
Declaração de Pobreza;
Extrato Analítico do FGTS;
Planilha de Cálculos;
Contratos de honorários advocatícios.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Local e data,

XXXXXXXXX
OAB/xxxxxx

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