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A Ética Obscurantista e o Espírito Do Imbecil - Artigo - 10 - 05 - 19 PDF
A Ética Obscurantista e o Espírito Do Imbecil - Artigo - 10 - 05 - 19 PDF
Não se deve achar que uma pessoa que defende o fascismo, não o faça
ideologicamente, tampouco, que tal pessoa não esteja sendo racional ou moral ao fazê-
lo. Uma pessoa que defende esse tipo de situação possui valores, em geral
conservadores, e reacionários, são também indivíduos medrosos das mudanças que a
história propõe. Defender o fascismo é componente cultural de pessoas que
desenvolveram uma espécie de ética obscurantista, aqui o conceito vem em oposição às
luzes, ao fenômeno histórico do Iluminismo (séculos XVII e XVIII), que propõe a razão
e a ciência como centro do homem, postulando, assim o antropocentrismo no lugar do
teocentrismo e por extensão o geocentrismo no lugar do heliocentrismo.
A filósofa alemã Hanna Arendt (1906-1975), nos convida a pensar contra o mal
e o obscurantismo do nosso tempo e a falta de pensamento racional, no que ela chamou
de totalitarismo, um Estado acima da lei, que age sem limites, que vê as pessoas como
meios, que se entende no direito de intervir e direcionar a sociedade, reescrever a
história, etc. Esse totalitarismo é promovido por sociopatas, no caso hoje de um guru
astrólogo (estampado na capa da revista IstoÉ com o título “O IMBECIL”, 10,
maio/2019, edição nº 2576) ou governante acéfalo, homofóbico, machista, racista e que
defende o livre porte de revólver para matança desenfreada do seu povo. Esse tipo de
governante organiza o aparato burocrático e arrebanha pessoas comuns para seu
exército genocida, aqui uma clara referência ao nazismo estudado por Arendt, mas que
pode ser transplantado para o Brasil do ano de 2019. É fácil desumanizar uma pessoa
quando há um aparato burocrático por trás, levando pessoas comuns a compactuarem
com atos horrendos propagados pelo fascismo, como por exemplo o povo alemão que
colaborou com o nazismo e o exemplo atual em que o povo brasileiro colabora com o
obscurantismo fascista. Devemos ficar atentos à seguinte lição de Arendt: o
totalitarismo, (desumanização, obscurantismo) é o mal do nosso tempo. Temos que
combater essas trevas o tempo todo (PANELLI, s/d).
O Iluminismo ainda está muito longe dessas almas que consomem a ética
obscurantista de vertente fascista como alimento para sua escuridão e a sua
desumanidade, fazem do irracionalismo suas virtudes políticas e consolidam a barbárie
como modus operandi. As relações virtuais potencializam e complementam a existência
necrófila do espírito fascista, a naturalização idiotizada do ódio e da agressão ao outro;
leia-se aqui, negros, índios, putas, mendigos, ateus, “comunistas” (sic), ou qualquer
inimigo interno que pode ir do lobo (Thomas Hobbes 1588-1679), passando pelo rato e
pelo besouro e chegando ao vírus, note-se que houve uma redução na escala do
potencial agressor ou do inimigo interno. Com o problema final de que o último inimigo
agora é capilar, microscópico, age no corpo físico (gripe) e no corpo virtual (trojan). O
medo do pseudo-inimigo faz com que o obscurantista crie mecanismos discursivos de
defesa que é o constante ataque à humanidade, à razão, à filosofia por fim à
universidade pública, lugar de luzes!
Tais seres obscurantistas vivem nas margens dos grupos sociais humanos, foram
ou são relegados ao seu universo virtual, precisam ficar escondidos nas sombras, pois
não suportam o debate cara a cara, odeiam o contraditório, as subjetividades alheias,
pois têm medo de que a razão prevaleça sobre sua ética obscurantista e que destrua seu
espírito fascista o último reduto de sua existência. O indivíduo reduzido pela retórica
obscurantista luta por sua escravidão voluntária ao fascismo como se fosse sua
emancipação de uma vida vazia, ou cheia de raiva, fracasso, medo e frustrações.