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FICCIONAL
Roberto J. Medeiros
uma vez que não compreendiam a noção de dogma, bem como não enxergavam a
filmagens seguem até o ponto curioso de uma revelação. Tal povo nunca existiu.
Viveiros de Castro e Antonin Artaud. Estas notas são, assim, uma homenagem aos
lampejos de insistência.
sabe que pode não; ele não exige a liberdade de poder transformar tudo em
objetivos alheios a elas próprias. Ele está atento ao que cada tradição, cada prática,
cada técnica em si configura como mundo distinto dos outros, e não como critério
uma ação; não se refere nunca aos riscos de insucesso ou da não geração de frutos
critério de avaliação tem como ponto de partida os efeitos em tudo aquilo que não
é a sua atividade mesma; é atento à maneira como sua prática pode afetar os outros
mundos, sendo este o risco levado em consideração para engendrar ou não uma
ação.
não se trata, então, de oposição, mas de diferença radical, que pode ser manifesta
que pode ser invadida a qualquer momento por uma multiplicidade de valores,
apresenta aos olhos dos outros como imprevisível, sem sentido, como ausência de
dizer sobre ele: aquele que só é em referência a, por avesso pensamos a figura
sempre separado dele mesmo; é atento a tudo que povoa os mundos e compõe as
certa ontologia surda e cega, ao mesmo tempo que ensurdecedora. Ele, portanto,
relação à ordem econômica, seja por um desejo explícito e declarado de assim fazê-
ordem. Sua ação denuncia (por mostrar outro modo possível), desmistifica,
antiempreendedor neste terreno, uma vez que, desta forma, ele pode estar
mundos e outras visões. Quando se fala de mundo, como se fala, por exemplo,
tomada como ponto de partida, ainda que muitas vezes não se perceba tal a
apresenta uma natureza distinta, com seu povo e sua imagem espiritual
técnicas, rituais, saberes etc., é abri-lo para a capacidade de abarcar uma série
de visões de mundo, uma vez que cada uma destas técnicas, saberes ou
perceber que estes mundos podem não ser compostos das mesmas
alguns efeitos destes outros mundos sob nossas lentes, ou até acessá-los, mas
(quase?) sempre terminar por utilizar nosso repertório ontológico, por mais
personagem conceitual que não existe em si mesmo, mas, ainda assim, como
várias ficções produzidas pela ontologia ocidental que também não existiam
efeitos que reverberam neste e em outros mundos. O que se quer tentar evitar
com a construção deste modelo não é a guerra entre mundos, mas a destruição
afirma que o Estado é seu inimigo e um obstáculo à sua atividade, mas precisa que
sua exigência seja ouvida ativamente por este, bem como usufrui das funções da
Estado e Economia que se mostra conflitante apenas em sua epiderme visível. Por
explícita contra este ou em sua indiferença frente a ele, ao mesmo tempo em que é
forma de uma afirmação de um outro modo de viver, razão pela qual negação
verdade possui um só. Tal afirmação não se coloca enquanto projeto ou meta,
encarada enquanto crime, isto se deve ao fato de que, num mundo onde tudo
algumas vezes visto como extremamente passivo, isto porque ele despreza a
visto como um ingênuo ou imaturo, podendo outras vezes ser visto como
econômica e contábil, conforme alguns. Suas ações podem ser pautadas por
ponto de vista financeiro quanto dos ganhos pessoais imateriais e sem expectativa
podem conceber sua ação, em alguns casos, como genuinamente solidária, embora,
§
10. A relação estabelecida entre o antiempreendedor e seu pensamento, suas
materiais que o cercam não é pautada pela noção de propriedade. Entre ele e estes
antiempreendedor pode também ser usado pelas aptidões, pelos objetos materiais,
10.1. Por uso compreende-se não apenas uma forma de contato outra com as
coisas que não seja a mediada pela propriedade, mas também uma lógica de
algo semelhante ao que foi proposto nessas palavras por Hélio Oiticica. Ao
com a mercadoria e desativam a distinção entre tempo útil e tempo ocioso. Ainda
mesmo inconsistente a noção de ócio, uma vez que ao ócio não contrapõe um outro
antiempreendedor uma vez que não há um momento de tempo em que ele esteja
ocupado com algo que não diga respeito à sua inclinação própria — o tempo do
acréscimo de si etc. O antiempreendedor não antevê. Ele é aquele que está presente
em cada momento e não toma este seu presente como um meio para um fim futuro.
sua forma-de-vida, inseparável dele mesmo; ele vive uma heterocronia em relação
julgamento moral e estético, em seu sentido mais pobre; eis porque, diante disto,
mesmo tempo que alimenta a criação de usos comuns das coisas e dos corpos,
do empreendedor.
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