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Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

“Aproveitamentos Hidroeléctricos”

Elaborado por:
- Roberto José Cura Martins n.º 2007122183

- Tiago André Ferreira de Almeida n.º2007122249


ÍNDICE

Introdução ...................................................................................................................3
Central hidroeléctrica .................................................................................................5
Princípio de Funcionamento ...................................................................................5
Constituição .............................................................................................................6
Classificação das centrais ........................................................................................6
Produção em escala reduzida....................................................................................22
Mini-Hídricas.........................................................................................................22
Turbinas ....................................................................................................................24
Tipos de turbinas ...................................................................................................24
Constituição de uma turbina.................................................................................31
Distinção/Eleição....................................................................................................32
Geometria das Barragens .........................................................................................34
Barragens de Betão................................................................................................34
Barragem de aterro ...............................................................................................38
Vantagens e Desvantagens ........................................................................................43
Vantagens...............................................................................................................43
Desvantagens..........................................................................................................44
Ponto de situação em Portugal .................................................................................47
Situação actual no SEN .........................................................................................47
Projectos futuros....................................................................................................54
Curiosidades ..............................................................................................................57
Conclusão ..................................................................................................................60
Anexos........................................................................................................................61
Bibliografia................................................................................................................63
Introdução

A energia da água em movimento foi desde há milhares de anos utilizada para os


mais diversos fins. No século XX, a produção de hidroelectricidade foi principalmente
efectuada através da construção de barragens de grande ou média capacidade. Nestas
constituía-se um "depósito" de água interrompendo pontualmente o fluxo de água nos
rios.
A energia hidroeléctrica, como o seu próprio nome indica, é a energia da água
transformada em electricidade. A energia solar evapora a água dos oceanos e dos
grandes lagos. Este vapor de água condensa e é transformado em chuva ou neve,
alimentando os rios que correm devolvendo a água à sua proveniência. A isto chama-se
o ciclo da água. A água dos rios tem energia cinética (movimento) e potencial gravítica
(pode cair de grandes alturas). Esta energia pode ser convertida em electricidade em
centrais que são construídas para aproveitar aqueles dois tipos possíveis de energia da
água.

A hidroelectricidade é hoje uma das formas tradicionais de produção de energia,


é considerado um recurso energético renovável, isto é, a sua fonte, a água, é
teoricamente inesgotável, pois circula na natureza em circuito fechado.
Em Portugal a produção hidroeléctrica tem um peso significativo no balanço
energético, devendo-se a ela uma grande parte da produção nacional de energia.
A primeira central hidroeléctrica do mundo foi instalada em 1881 no Rio Wey no
condado de Surrey (Grã-Bretanha) aproveitando a corrente de água para produzir
electricidade para consumo público. Mas a primeira grande central hidroeléctrica foi
construída em 1895 junto às cataratas do Niagara (Nova Iorque). Apenas uma pequena
fracção da água das quedas foi aproveitada para fazer mover as duas turbinas com
11.000 cavalos de potência.
Em Portugal, o aproveitamento hidroeléctrico mais antigo para uso público data
de 1891 e foi construído no rio Cávado, próximo de Penide. Na ilha de S.Miguel
encontra-se, ainda hoje, em serviço a Central da Vila, na Ribeira da Praia, construída em
1899.
No entanto, é preciso não esquecer que a produção deste tipo de energia está
directamente dependente da chuva. Quando a precipitação é mais abundante, a
contribuição destas centrais atinge os 40%. Pelo contrário, nos anos mais secos, apenas
20% da energia total consumida provém dos recursos hídricos.
As barragens produzem aproximadamente cerca de 20% de toda a electricidade
do mundo.
A China ocupa o primeiro lugar do mundo na reserva dos recursos hídricos e
possui grande potencialidade na sua exploração.
Até os fins do ano passado, a capacidade instalada dos grupos de geradores da
China foi de 440 milhões de kilowatts, da qual a dos geradores hidroeléctricos ocupou
apenas 25%. Especialistas prevêem que até 2020, o consumo da energia na China
dobrará de base no consumo actual. Levando em consideração os recursos energéticos e
a realidade do País, a China tem grande potencialidade na exploração da
hidroelectricidade.
Central hidroeléctrica
Princípio de Funcionamento

As águas dos rios, em constante movimento adquirem uma energia cinética que
pode atingir valores bastantes elevados, se as massas de água forem grandes. As centrais
hidroeléctricas aproveitam este facto para produção de energia eléctrica; isto é,
transformam a energia do movimento das águas em energia eléctrica. Para que a
potência eléctrica produzida seja elevada, há necessidade de aumentar a velocidade das
águas. Isso é conseguido construindo desníveis artificiais, de tal forma que a água vai
“cair” de um local a nível elevado (com a energia potencial elevada) para outro a nível
inferior (com a energia potencial inferior), atingindo grandes velocidades. Esta água, a
grande velocidade é injectada sobre as pás de turbinas ligadas a alternadores, através
dos seus veios, aos quais produzem finalmente energia eléctrica.

Da física sabe-se que uma massa de água (m), localizada a uma altura (h), possui
uma energia potencial WP.

WP = m × g × h
Constituição

Classificação das centrais

As centrais hidroeléctricas, embora aparentemente iguais entre si deferem


quanto a um conjunto de factores, que tem implicações no valor da potência produzida,
no serviço desempenhado e na continuidade da energia fornecida. Assim as centrais
hidroeléctricas são geralmente classificadas quanto á: Potência, queda útil, caudal, tipos
de aproveitamento e serviço desempenhado.

Queda útil
Consoante o valor da altura útil (h) da queda de agua, assim podemos classifica-las em:

Designação Altura (h)


Alta queda h >250m
Média queda 50m≤ h ≤250m
Baixa queda h <50m

Definições:
Queda total: Diferença entre as cotas máximas e mínimas de desnível. Local onde se
inicia a queda e onde se realiza a descarga.
Queda útil: Queda efectivamente aproveitada pelas turbinas.

Caudal médio

Quanto ao caudal médio (Q), podem ser classificadas em:

Designação Q (m3/s)
Grande caudal Q >100
Médio caudal 10≤ Q ≤100
Pequeno caudal Q <10
Cálculo do caudal:

Caudal = Secção × Velocidade Médio

Definições:
Caudal: é o volume de água que atravessa uma dada área por unidade de tempo. O
caudal definido desta forma é chamado caudal volumétrico (por apenas ser analisada a
quantidade de fluido em unidades de volume);
Caudal Característico Médio : valor cuja duração do caudal é garantida em 100 dias
por ano;
Caudal máximo: Valor máximo de o caudal num determinado período de tempo;
Caudal máximo de 10dias: valor em relação ao qual os caudais só são superiores no
máximo 10 dias em cada ano;
Caudal de Estiagem: Valor em relação ao qual os caudais só são inferiores 10dias em
cada ano.

Potência
Quanto á potência instalada (Pi), podem ser classificadas em:

Designação Pi (MW)
Central hidroeléctrica >10
Pequena central hidroeléctrica <10
Mini central hidroeléctrica <2

A potência da central hidroeléctrica (Pi) pode ser calculada pela variação de


energia do sistema (δE) em determinado intervalo de tempo (δt) e dada pela seguinte
expressão:
∂E P
Pi =
∂t
∂ (m × g × h)
⇔ Pi =
∂t
∂V Equação 1
⇔ Pi = g × h × ρ ×
∂t
⇔ Pi = g × h × ρ × Q

3
Na equação 1, g × ρ = 9810 N / m 3 é o peso volúmico da água, Q (m /s) é o
caudal de água que passa pela central, h (m) é a altura de queda útil – desnível entre
montante e jusante.
Se considerarmos o rendimento de transformação (η), a potência que chega às
pás da turbina é:

P = g × ρ × h × Q ×η

3
À parte o peso volúmico, que pode ser expresso em kN/m para a potência vir
expressa em kW, nenhuma das grandezas da expressão é constante. Esta circunstância
torna o processo de escolha da potência a instalar, e a sua repartição pelo número de
grupos, uma operação complexa.
O factor que mais influencia a potência a instalar é o caudal, até porque é aquele
que apresenta um maior espectro de variação. Nem todo o caudal afluente é, em geral,
aproveitado para obter energia: pode haver limitações por exigências de água para
abastecimento ou rega, ou, ainda, pela garantia do caudal ecológico. Assim, não será
económico instalar equipamentos que só seriam plenamente aproveitados poucas horas
por ano. Por outro lado, também não interessa usar as turbinas para uma pequena
fracção do seu caudal nominal, porque o rendimento é demasiado baixo.

Uma expressão, derivada da equação anterior, muito vulgarizada para o cálculo


da potência eléctrica, em kW, é:
P = 8×Q × h Equação 2

O que equivale a tomar para rendimento global de todo o aproveitamento


3
hidroeléctrico, o valor de 81,6%. Q (m /s) é o caudal nominal e h (m) é a altura bruta de
queda, suposta conhecida.

O rendimento global, que depende do caudal, é o produto dos rendimentos do


circuito hidráulico, da turbina, do gerador e do transformador, e ainda inclui os
dispêndios de energia nos equipamentos auxiliares. Tomar 81,6%, para valor médio
deste rendimento global, é demasiado optimista para os pequenos aproveitamentos;
nestes casos, será mais realista contar com valores entre 60 a 70%, e, portanto, o
coeficiente da equação 2 deverá ser reduzido para 6 ou 7.
Uma expressão prática de cálculo a usar para determinar a potência eléctrica (em
kW) numa central mini hídrica poderá vir:

P = 7×Q×h Equação 3

A gama de potências nominais dos equipamentos existente no mercado é


discreta, pelo que a opção se fará pelo grupo turbina/gerador, de entre os que o mercado
oferece, cuja potência nominal mais se aproxima do valor calculado.
A potência nominal do grupo turbina/gerador define o caudal nominal (através
da equação 2 ou da equação 3); há, portanto, que proceder à correcção da estimação
inicial do caudal nominal, em face do valor da potência efectivamente instalada.

Tipos de aproveitamento

Quanto ao tipo de aproveitamento, elas podem ser classificadas em 3 tipos:


• Centrais a fio-de-água
• Centrais de albufeira
• Centrais de bombagem
Centrais a fio-de-água

As centrais de fio-de-água não têm grande capacidade de armazenamento de


água. São definidas como as “centrais cujo período de esvaziamento da água
armazenada é inferior a 100 horas, á potência máxima e sem haver caudais afluentes”.
Visto a capacidade de armazenamento ser reduzida, as águas afluentes são logo
turbinadas ou mesmo descarregadas quando em excesso. Em períodos de grande
pluviosidade, chega a haver grande desperdício de água e, portanto, de energia.

Barragem de Crestume-Lever

Figura 1 - Central fio-de-água da Crestuma-Lever (Rio Douro)

Caracteristicas:
UTILIZAÇÕES - Energia / Abastecimento / Navegação

LOCALIZAÇÃO DADOS GERAIS


Distrito - Porto Promotor - CPPE, Cª. Portuguesa de Produção de
Concelho - Porto Electricidade, SA
Local - Crestuma Dono de Obra (RSB) - CPPE
Bacia Hidrográfica - Douro Projectista - EDP
Linha de Água - Rio Douro Construtor - Construtora do Tâmega, Ldª.
Ano de Projecto - 1976
Ano de Conclusão - 1985

CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS CARACTERÍSTICAS DA ALBUFEIRA


Área da Bacia Hidrográfica - 92040 km2 Área inundada ao NPA - 12980 x 1000m2
Precipitação média anual - 1078 mm Capacidade total - 110000 x 1000m3
Caudal integral médio anual - 7388900 x 1000 Capacidade útil - 22500 x 1000m3
m3 Nível de pleno armazenamento (NPA) - 13 m
Caudal de cheia - 26000 m3/s Nível de máxima cheia (NMC) - 21,5 m
Período de retorno - 1000 anos

CARACTERÍSTICAS DA BARRAGEM DESCARREGADOR DE CHEIAS


Betão - Gravidade Localização - No corpo da barragem
Altura acima da fundação - 65 m Tipo de descarregador - Sobre a barragem
Cota do coroamento - 25,5 m Desenvolvimento da soleira - 241,6 m
Comprimento do coroamento - 470 m Comportas - 8
Largura do coroamento - 8,2 m Caudal máximo descarregado - 26000 m3/s
Fundação - Xisto Dissipação de energia - Bacia de dissipação
Volume de betão - 205 x 1000 m3

CENTRAL HIDROELÉCTRICA
Tipo de central - Contínua Barragem
Nº de grupos instalados - 3
Tipo de grupos - Kaplan
Potência total Instalada - 108 MW
Energia produzida em ano médio - 366,9 GWh
Centrais de albufeira

As albufeiras possuem grande capacidade de armazenamento de água, nas suas


albufeiras. São definidas como as “centrais cujo período de esvaziamento é superior a
100 horas, á potência máxima e sem haver caudais afluentes”. Podem, por isso, guardar
a água durante períodos prolongados, de modo a ser utilizada quando for mais
necessária, como por exemplo durante o verão ou em períodos de seca prolongada.
Estas centrais podem, por isso, fornecer potencias mais elevadas, em virtude de as águas
se encontrarem geralmente em níveis superiores, o que é importante quando a potência
total exigida é elevada (nas horas de ponta do consumo de energia).

Figura 2 - Esquema do princípio de funcionamento de uma central de Albufeira


Barragem do Torrão

Figura 3 - Central de albufeira do Torrão (Rio Tâmega)

Caracteristicas:

UTILIZAÇÕES - Energia

LOCALIZAÇÃO DADOS GERAIS


Distrito - Porto Promotor - CPPE, Cª. Portuguesa de Produção de
Concelho - Marco de Canavezes Electricidade, SA
Local - Torrão/Alpendurada Dono de Obra (RSB) - CPPE
Bacia Hidrográfica - Douro Projectista - EDP
Linha de Água - Rio Tâmega Construtor - Mota & Companhia/Conduril
Ano de Projecto - 1979
Ano de Conclusão – 1988

CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS CARACTERÍSTICAS DA ALBUFEIRA


Área da Bacia Hidrográfica - 3252,1 km2 Área inundada ao NPA - 6500 x 1000m2
Precipitação média anual - 1273 mm Capacidade total - 124000 x 1000m3
Caudal integral médio anual - 2110800 x 1000 Capacidade útil - 77000 x 1000m3
m3 Volume morto - 47000 x 1000m3
Caudal de cheia - 4150 m3/s Nível de pleno armazenamento (NPA) - 65 m
Período de retorno - 500 anos Nível de máxima cheia (NMC) - 65 m
Nível mínimo de exploração (Nme) - 49 m

CARACTERÍSTICAS DA BARRAGEM DESCARREGADOR DE CHEIAS


Betão - Gravidade aligeirada Localização - No corpo da barragem
Altura acima da fundação - 69 m Tipo de controlo - Controlado
Cota do coroamento - 69 m Tipo de descarregador - Sobre a barragem
Comprimento do coroamento - 218 m Cota da crista da soleira - 54,4 m
Largura do coroamento - 8,35 m Desenvolvimento da soleira - 53,50 m
Fundação - Granito Comportas - 5
3
Volume de betão - 224,415 x 1000 m Caudal máximo descarregado - 4500 m3/s
Dissipação de energia – Ressalto

DESCARGA DE FUNDO CENTRAL HIDROELÉCTRICA


Localização - Talvegue Tipo de central - Subterrânea
Tipo - Através da barragem Nº de grupos instalados - 2
2
Secção da conduta - 2x4,91=9,82m Tipo de grupos - Turbina/Bomba
3
Caudal máximo - 250 m /s Potência total Instalada - 146 MW
Controlo a montante - Não Energia produzida em ano médio - 228 GWh
Controlo a jusante - Sim

Centrais de bombagem

As centrais de bombagem são centrais de albufeira que têm a função de produzir


energia eléctrica durante o dia, e bombear a água para uma albufeira a cota superior
durante a noite.
Como se sabe as centrais de fio-de-água descarregam a agua em excesso ( não
pode ser turbinada) quando os caudais são elevadas. Ora, durante a noite, a energia
eléctrica produzida (principalmente as centrais de fio-de-água, que estão em
funcionamento permanente) é frequentemente superior a energia pedida pelos
consumidores. Entao, há que aproveitar o excesso de energia produzida para bombear
água para uma albufeira a cota superior, de forma a poder ser utilizada quando
necessária (geralmente durante o dia, nas horas de ponta).
Para que uma central de albufeira possa funcionar como uma central de
bombagem, ela deve ter as seguintes maquinas: Turbina+bomba+máquina síncrona ou
grupos reversíveis (turbina+máquina síncrona). A máquina síncrona pode funcionar
como alternador ou como motor. Quando a central fornece energia eléctrica funciona o
grupo turbina+alternador. Quando a central bombeia água funciona o grupo
motor+bomba. No caso dos grupos reversíveis a turbina pode funcionar nos dois
sentidos.

Figura 4 - Esquema do princípio de funcionamento de uma central de bombagem


Figura 5 - Espectro energético de um dia de uma central de bombagem
Barragem do Alqueva

Figura 6 - Central de bombagem da Alqueva (Rio Guadiana)

Caracteristicas:

UTILIZAÇÕES - Reserva / Rega / Abastecimento / Energia

LOCALIZAÇÃO DADOS GERAIS


Distrito - Beja Promotor - Empresa de Desenvolvimento e
Concelho - Moura Infra-estruturas do Alqueva SA (EDIA)
Local - Alqueva Dono de Obra (RSB) - EDP - Direcção
Bacia Hidrográfica - Guadiana Operacional de Equipamento Hidráulico
Linha de Água - Rio Guadiana Construtor - Ace-Somague-Bento Pedroso-
Cubiertas- Dragados
Ano de Projecto - 1994
Ano de conclusão - 2002

CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS CARACTERÍSTICAS DA ALBUFEIRA


Área da Bacia Hidrográfica - 55000 km2 Área inundada ao NPA - 250000 x 1000m2
Caudal integral médio anual - 2851000 x Capacidade total - 4150000 x 1000m3
1000 m3 Capacidade útil - 3150000 x 1000m3
Caudal de cheia - 12000 m3/s Nível de pleno armazenamento (NPA) - 152
Período de retorno - 1000 anos m
Nível de máxima cheia (NMC) - 154,7 m
Nível mínimo de exploração (Nme) - 135 m

CARACTERÍSTICAS DA BARRAGEM DESCARREGADOR DE CHEIAS


Betão - Abóboda de dupla curvatura Localização - 2 no corpo da barragem e
Altura acima da fundação - 96 m encontros
Cota do coroamento - 154 m Tipo de controlo - Controlado
Comprimento do coroamento - 458 m Tipo de descarregador - Soleira tipo Wes c/
Largura do coroamento - 7 m canal a jusante
Fundação - Rocha Cota da crista da soleira - 139 m
Volume de betão - 687 x 1000 m3 Desenvolvimento da soleira - 2 x 19 = 38 m
Caudal máximo descarregado - 6300 m3/s
Dissipação de energia - Trampolim

DESCARGA DE FUNDO CENTRAL HIDROELÉCTRICA


Localização - Incorporada na galeria de Tipo de central - Pé da barragem c/
derivação provisória bombagem
Secção da conduta - d 3m Nº de grupos instalados - 2
Caudal máximo - 160 m3/s Tipo de grupos - Reversíveis Turbo/Francis
Controlo a montante - Potência total Instalada - 240 MW
Controlo a jusante - Energia produzida em ano médio - 269
Dissipação de energia - Trampolim GWh
Serviço desempenhado
Quanto ao serviço desempenhado, podemos classifica-las em:

• Centrais de Base
• Centrais de Ponta

Uma central de base é uma central que funciona continuamente, durante as 24


horas, com a totalidade ou parte dos seus grupos-alternadores. São, por isso, a base do
sistema electroproductor.
Uma central de ponta é uma central que funciona apenas para cobrir eventuais
necessidades energéticas nas horas de ponta de consumo.
Nem sempre é fácil definir, à partida, que esta ou aquela central tem de ser uma central
de base ou uma central de ponta. Na verdade, o seu tipo de funcionamento (ou serviço
desempenhado) vai depender de vários factores, entre os quais: a relação entre a
potência total do sistema produtor e a potência total exigida pelos consumidores, o tipo
de diagrama de carga exigido, a percentagem de potência instalada por tipo de central
(hidroeléctrica, termoeléctrica classica ou nuclear, solar, eólica, etc.)
As centais de fio-de-água fazem geralmente o serviço de base, sendo
denominadas centrais de base. Quanto as centrais de albufeira, é preocupação dos
técnicos responsáveis não deixar esvaziar as albufeiras para além de determinados
limites, de modo a haver uma potência mínima durante os períodos mais secos. Assim
estas centrais só entram em funcionamento quando necessário, nomeadamente para
satisfazer as pontas dos consumos, funcionando portanto frequentemente como
centrais de ponta. Estas centrais funcionam também como centrais de base quando a
pluviosidade é bastante grande e as albufeiras se encontram cheias; há por isso
necessidade de descarregar a água.
Produção em escala reduzida

Mini-Hídricas
Características
A designação de central mini-hídrica é usada para designar os aproveitamentos
hidroeléctricos de potência inferior a 2MW.

Em regra geral as mini-hídricas são centrais de fio-de-água, logo não sendo


possível grande regularização de caudal afluente como acontece nas centrais de
albufeira.

Designação Pi (MW)
Mini central hidroeléctrica <2
Micro central hidroeléctrica <0,5
Pico central hidroeléctrica <0,05

As mini-hidricas têm características bastante próprias comparando com as


grandes centrais hidroeléctricas:

• Obra civil orientada para sistemas simples e compactos, com vista a reduzir
trabalhos no local;

• Turbinas normalizadas com bons rendimentos para uma larga gama de regimes
de funcionamento;

• Maior simplicidade de operação com automatização total;

• Existe um maior número de locais com bom potencial já que se encontram em


locais de baixa queda;

• São utilizadas máquinas assíncronas como geradores.


Nas figuras seguintes, estão bem representados diferentes configurações que este
tipo de centrais podem ter:

Figura 7 - Central com canal de adução e conduta forçada, com alta queda e afastada da barragem

Figura 8 - Central apenas com conduta forçada, com alta queda e perto da barragem

Figura 9 - Central encastrada na própria barragem com baixa queda


Figura 10 - Central com canal de adução e câmara forçada, com baixa queda e afastada da
barragem

Motivações
Este tipo de aproveitamento hídrico além de ter as mesmas vantagens e
desvantagens faladas até agora, tem como motivação a elevada eficiência(70% a 90%),
é uma tecnologia robusta a matura á mais de 40 anos, tem taxas de intermitência
suaves(pequenas variações de dia para dia), e como é baseada essencialmente em
aproveitamentos de fio-de-água os seus impactos ambientais não são significativos.
Apesar de ser difícil estimar o potencial de exploração mini-hídrica existente em
Portugal é possível apontar para valores perto dos 1.000 MW, dos quais entre 500 e 600
MW são concretizáveis em poucos anos (até 2010), com uma produção média entre
1.500 e 1.800 GWh/ano.

Turbinas
Tipos de turbinas

As turbinas são projectadas para converter a energia (potencial gravítica e


cinética) armazenada na água ou outro fluído em energia mecânica.
As turbinas hidráulicas podem ser classificadas em turbinas de acção (funcionam
ao ar livre) e em turbinas de reação (funcionam no seio da água turbinada).
As turbinas dividem-se em 3 tipos principais:
• Pélton
• Francis
• Kaplan
Cada um destes tipos é adaptado para funcionar em centrais com uma
determinada faixa de altura de queda. Os fluxos volumétricos podem ser igualmente
grandes em qualquer uma delas, mas a potência será proporcional ao produto da queda
(H) e do fluxo volumétrico (Q).
Em todos os tipos há alguns princípios de funcionamento comuns. A água entra
pela tomada de água, a montante da central que está num nível superior, e é levada
através de uma conduta até a entrada da turbina. Aí a água passa por um sistema de
guias móveis, que controlam o fluxo volumétrico fornecido à turbina. Para se aumentar
a potência as guias abrem-se, para diminuir a potência fecham-se. Após passar por este
mecanismo a água chega ao rotor da turbina. Nas turbinas Pelton, não há um sistema de
guias móveis mas sim um bocal com uma agulha móvel, semelhante a uma válvula. O
controlo da vazão é feito por este dispositivo.
Por transferência de quantidade de movimento, parte da energia potencial dela é
transferida para o rotor na forma de torque e velocidade de rotação. Devido a isto a água
na saída da turbina está a uma pressão pouco menor que a atmosférica e bem menor do
que a inicial.
Após passar pelo rotor, um duto chamado tubo de sucção conduz a água até á
parte jusante do rio, no nível mais baixo. As turbinas Pelton têm um princípio um pouco
diferente (impulsão), pois a pressão primeiro é transformada em energia cinética num
bocal, onde o fluxo de água é acelerado até uma alta velocidade e em seguida choca
com as pás da turbina imprimindo-lhe rotação e torque.
Normalmente, devido ao seu alto custo e necessidade de ser instalada em locais
específicos, as turbinas hidráulicas são usadas apenas para gerar electricidade. Por esta
razão a velocidade de rotação é fixada num valor constante.

Turbinas Pélton

A turbina Pelton é uma das mais eficientes do mundo. É uma máquina de


impulso, significando isto que usa a segunda lei de Newton para extrair energia do fluxo
de água.
A turbina usa um fluxo de água tangencial, ou seja, a água flui em direcção
tangente à hélice. Um conjunto de bocais dirige fortes fluxos de água contra uma série
de baldes, os quais estão montados na extremidade de uma roda. Cada balde inverte o
fluxo de água deixando-o com menor energia, O impulso resultante faz girar a turbina.
A roda de Pelton é muito eficiente em aplicações de grande altura de queda de água.
Um dos maiores problemas destas turbinas, devido à alta velocidade com que a
água choca com o rotor, é a erosão provocada pelo efeito abrasivo da areia misturada
com a água, comum em rios de montanhas. As turbinas Pelton, devido à possibilidade
de accionamento independente dos diferentes bocais, tem uma curva geral de
rendimento plana, que lhe garante boa performance em diversas condições de operação.

Figura 11 - Príncipio de funcionamento de uma turbina Pélton

Para locais de grande queda e pequenos fluxos a Pelton é a turbina de eleição.


No entanto as rodas de Pelton são feitas em todos os tamanhos. Existem rodas Pelton de
várias toneladas montadas na vertical, apoiadas em chumaceiras a óleo em grandes
centrais hidroeléctricas. As maiores unidades podem chegar aos 200MW. As mais
pequenas Pelton podem medir apenas algumas polegadas e são usadas, por exemplo, em
aplicações domésticas. Dependendo do fluxo de água e do design as rodas Pelton
podem operar com quedas tão pequenas como 15m e tal elevadas como 1800m.
Em geral, com o aumento da queda, menor volume de água é necessário para
gerar a mesma potência.
Toda a instalação tem a sua própria configuração de máximo rendimento,
velocidade e volume.
Normalmente as pequenas instalações usam turbinas standard e adaptam um
gerador a estas. Em grandes instalações usam um gerador standard e adaptam a
configuração da turbina para um determinado torque e volume apropriado a esse
gerador.

Figura 12 - Roda Pélton

Turbinas Francis

A turbina é uma turbina de entrada de fluxo que combina conceitos de fluxo


radial e axial. É actualmente a turbina de água mais usada. Pode trabalhar com uma
queda de água desde os 10m até várias centenas de metros, sendo principalmente usadas
para a produção eléctrica.
A turbina Francis é uma turbina de reacção, o que significa que a pressão do
líquido se altera á medida que se move sobre ela, transferindo assim a energia. A turbina
está localizada entre a entrada de água de alta pressão e a saída desta a baixa pressão,
normalmente na base da represa.
O canal de entrada é espiralizado. Guias conduzem a água directamente para a
hélice. Este fluxo radial actua nas pás da turbina causando a sua rotação. As guias
podem ser ajustadas para diferentes condições de fluxo de modo a permitir um
funcionamento eficiente da turbina.

Figura 13 - Turbina Francis acoplada a um gerador

Guias reguladas para menor fluxo Guias reguladas para maior fluxo

Figura 14 - Interior turbina Francis

O tubo de saída de água é feito de modo a ajudar a desaceleração do fluxo da


água antes que esta atinja o rio.

Figura 15 – Princípio de funcionamento da turbina Francis


As grandes turbinas Francis são individualmente desenhadas para cada central
de maneira a atingirem o máximo rendimento possível, tipicamente acima dos 50%.
Elas são apropriadas para sítios com elevados fluxos e quedas baixas ou médias. O seu
planeamento, produção e instalação é muito caro mas elas podem trabalhar durante
décadas.
Além da produção eléctrica, elas podem também ser usadas na bombagem, ou
seja, bombear água para montante nas horas de baixo consumo eléctrico para que possa
voltar a ser usada posteriormente nas horas de pico.

Figura 16 - Imagens de turbinas Francis

Turbinas Kaplan

A turbina de Kaplan é uma turbina de água de hélice com lâminas ajustáveis.


Esta turbina era uma evolução da Francis. A sua invenção permitiu a obtenção de
potência em instalações de baixa queda onde não era possível usar a Francis.
São actualmente usadas em todo o mundo em aplicações de alto fluxo e de baixa
queda.
A Kaplan é também uma turbina de reacção e de entrada de fluxo, tal como a
Francis. Aliás, a única diferença entre as turbinas Kaplan e Francis é o rotor. Este
assemelha-se a um propulsor de navio (similar a uma hélice) com duas a seis pás
móveis. Um sistema de êmbolo e manivelas montado dentro do cubo do rotor é
responsável pela variação do ângulo de inclinação das pás. O óleo é injectado por um
sistema de bombeamento localizado fora da turbina, e conduzido até ao rotor por um
conjunto de tubagens rotativas que passam por dentro do eixo.
O accionamento das pás é acoplado ao das guias do distribuidor, de modo que
para uma determinada abertura do distribuidor corresponde um determinado valor de
inclinação das pás do rotor.

Figura 17 - Princípio de funcionamento da turbina Kaplan

As Kaplan também apresentam uma curva de rendimento "plana" garantindo


bom rendimento numa ampla faixa de operação.
Tal como as Francis, o seu desenvolvimento e produção é extremamente caro,
valendo a sua grande longevidade.

Figura 18 - Imagens de turbinas Kaplan


Constituição de uma turbina
Uma turbina é constituída basicamente por cinco partes:
• Caixa espiral
• Pré-distribuidor
• Distribuidor
• Rotor e eixo
• Tubo de sucção

Caixa espiral
É uma tubulação que envolve a região do rotor. Esta parte fica integrada à
estrutura civil da central, não sendo possível ser removida ou modificada. O objectivo é
distribuir a água igualmente na entrada da turbina.
É fabricada com chapas de aço carbono soldadas em segmentos. A caixa espiral
liga-se à conduta na secção de entrada e ao pré-distribuidor na secção de saída.

Pré distribuidor
A finalidade do pré-distribuidor é direccionar a água para a entrada do
distribuidor. É composta por dois anéis superiores entre os quais são montados um
conjunto de 18 a 24 guias fixas, com perfil hidrodinâmico de baixo atrito, para não gerar
perda de carga e não provocar turbulência no escoamento. É uma parte sem movimento,
soldada à caixa espiral e fabricada com chapas ou placas de aço carbono.

Distribuidor
O distribuidor é composto por uma série de 18 a 24 guias móveis, accionadas
por um mecanismo hidráulico montado na tampa da turbina (sem contacto com a água).
Todas as guias tem o seu movimento conjugado, isto é, todas se movem ao mesmo
tempo e de maneira igual.
O accionamento é feito por um ou dois pistões hidráulicos que operam numa
faixa de pressão de 20 bar (nas mais antigas) até 140 bar (nos modelos mais novos).
O distribuidor controla a potência da turbina pois regula o fluxo da água. É um
sistema que pode ser operado manualmente ou em modo automático, tornando o
controle da turbina praticamente isento de interferência do operador.
Rotor e eixo
O rotor da turbina é onde ocorre a conversão de energia hídrica em potência de
eixo.

Tubo de sucção
Conduta de saída da água, geralmente com diâmetro final maior que o inicial,
desacelera o fluxo da água após esta ter passado pela turbina, devolvendo-a à parte
jusante do rio.

Distinção/Eleição

A escolha da turbina é crucial para o bom rendimento da central, devendo ser


feita de acordo com a altura útil da queda de água, caudal e a velocidade especifica da
turbina.

Intervalo típicos de Quedas de água (H)

Designação Turbina Altura (m)


Pélton 15m< H <1800m
Francis 10m< H <350m
Kaplan 2m< H <40m

Velocidade especifica

A velocidade específica (n), de uma turbina caracteriza a sua forma de uma


maneira não relacionada com o seu tamanho. Isso permite projectar uma nova turbina a
partir de uma já existente, cuja performance é conhecida, apenas alterando a escala. A
velocidade específica é também o principal critério na escolha de uma turbina para uma
determinada central.
A velocidade específica de uma turbina é fornecida pelo fabricante e refere-se
sempre ao ponto de máximo rendimento. Isto permite fazer cálculos precisos do
desempenho de uma turbina para uma determinada gama de quedas e fluxos.

Figura 19 - Comparação da forma da turbina vs velocidade específica

ns = n P / H 5 / 4 (parametro dimensionado), n=rpm

Ω P/ρ
Ns =
gH 5 / 4 (parametro não dimensionado), Ω=velocidade angular (rad/s)

Potência

A potência de uma turbina pode ser calculada pela seguinte expressão:

P = ρ × Q × H × g ×η

P – Potência (J/s ou Watts)


ρ – Densidade da água ( Kg/m²)
Q - Fluxo volumétrico (m³/s)
H – Queda (diferença de altura entre as superfícies de entrada e saída da água, m)
g – Aceleração da gravidade (9.8 m/s²)
η – Rendimento da turbina
O rendimento é a fracção da energia total da fonte de energia primária (no caso a
água) que é convertida em energia útil (no caso potência de eixo). As principais causas
da "perda" de energia nas turbinas são:

- perdas hidráulicas: a água tem que deixar a turbina com alguma velocidade e
esta quantidade de energia cinética não pode ser aproveitada pela turbina.
- perdas mecânicas: são originadas por atrito nas partes móveis da turbina e calor
perdido pelo aquecimento dos mancais.

Tipicamente as turbinas modernas têm um rendimento entre 85% e 95%, que


varia conforme a vazão de água e a potência gerada.

Geometria das Barragens

As barragens são feitas de forma a acumularem o máximo de água possível,


tanto através da chuva como tambám pela captação da água caudal do rio existente. Faz-
se a barragem unindo as duas margens aprisionando a água na albufeira
(barragem)(represa artificial das águas correntes ou pluviais, para irrigação).
A construção de uma barragem tem sempre de passar por quatro etapas fundamentais: o
projecto, a construção, a exploração e a observação. No projecto é determinado, após
estudos no local e estudos relativos à rentabilidade da barragem, o tipo de barragem a
construir. Desta forma, podemos dividi-las em dois grupos essenciais relativamente ao
material de que são constituídas:

• Barragem de betão
• Barragem de aterro

Barragens de Betão

As barragens de betão são feitas em vales apertados pois a resistência do betão


tem algumas limitações relativamente ao comprimento da barragem. Apesar de muito
resistentes, estas barragens são também muito vulneráveis a certos tipos de situações. Se
houver algum erro de projecção e a barragem fender pode ter consequências
catastróficas. Já numa situação de galgamento pela água da albufeira não é tão
prejudicial. De acordo como transmitem os esforços à fundação e a forma como são
construídas as barragens de betão podem ser:

• Barragem de gravidade
• Barragem em contrafortes
• Barragem de arco-gravidade
• Barragem de arco-abóboda
• Barragem de betão compactado (BCC)
• Barragem mistas dos tipos anteriores

Barragem de betão de gravidade


As barragens de gravidade transmitem os esforços, como o próprio nome indica
por gravidade. Este tipo de barragem é característico pelos seus maciços trapezóidais
adequados a regiões de topografia suave com vales largos. Apresentam uma secção
transversal trapezoidal que lhe confere estabilidade por si só e resistem apenas pelo seu
peso requerendo, por isso, em geral um maior volume de betão em comparação com os
outros tipos de barragens. Em termos de fundação são bastante exigentes no que diz
respeito à resistência dos terrenos, idealmente formados por um substrato rochoso a
relativa pequena profundidade.

Figura 20 - Desenho esquemático de uma barragem de gravidade


Barragem de betão em contrafortes
As barragens de contrafortes correspondem genericamente a barragens de betão
gravidade aligeiradas. Estas barragens são constituídas por elementos estruturais
transversais à secção ou contrafortes, com o objectivo de simultaneamente contribuir
para a redução do volume de betão e diminuição das sub-pressões. Em termos de
fundação requerem terrenos muito resistentes, uma vez que as forças concentram-se nos
apoios (contrafortes). Geralmente são adequadas para regiões de topografia suave com
vales amplos e elevações relativamente baixas.

Figura 21 - Desenho esquemático de uma barragem em contrafortes

Barragem de betão em arco-gravidade (gravidade com curvatura)


As barragens de betão arco-gravidade correspondem genericamente a barragens
de betão gravidade aligeiradas e dispostas em planta em arco. As barragens de arco -
gravidade transmitem os esforços da coluna de água imposta pelo reservatório,
simultaneamente por gravidade e aos encontros devido ao efeito arco.

Figura 22 - Desenho esquemático de uma barragem em arco-gravidade


Barragem de betão em arco-abóboda
As barragens de betão arco-abóboda são as mais complexas do ponto de vista de
projecto, análise e construção uma vez que que se tratam de estruturas muito esbeltas,
com curvatura em planta (semelhante às barragens arco-gravidade) e em perfil. Neste
tipo de barragem tira-se partido da elevada resistência da fundação e encontros para
diminuir notavelmente o volume de betão usado na barragem.
As barragens de arco-abóboda caracterizam-se por transmitir os esforços
impostos pela coluna de água aos encontros pelo efeito de arco. Deste modo, não só
necessitam de um terreno de fundação altamente resistente, como também a garantia de
que a orientação e resistência das descontinuidades nos encontros, seja a adequada para
assegurar a estabilidade destes. Podem ser construídas com alturas elevadas e são
adequadas em regiões de topografia vigorosa com vales apertados.

Figura 23 - Desenho esquemático de uma barragem em arco-abóboda

As barragens de abóbodas múltiplas são outro tipo de barragens que podem ser
incluído nas barragens de arco-abóboda uma vez que correspondem a barragens de arco-
abóbada com mais do que uma abóboda. Estas barragens transmitem os esforços da
coluna de água de forma semelhante às barragens de arco, apenas com a diferença que
nestas existe mais do que um arco.
Barragem em betão compactado (BCC – Betão compactado com
cilindros)
Nos últimos vinte anos tem-se desenvolvido consideravelmente a técnica do
betão compactado com cilindros (BCC). Esta técnica consiste em construir a barragem
em betão utilizando os equipamentos e técnicas usados na construção de barragens de
aterro. O betão coloca-se em camadas de espessura variável (da ordem dos 30 cm) que
são espalhadas com um bulldozer e posteriormente compactadas com cilindros
vibradores. As barragens de betão compactado comportam-se, no geral, como as
barragens de gravidade podendo apresentar um efeito de arco através da adopção de
uma geometria curva.
A construção deste tipo de barragens é bastante vantajosa em relação às
tradicionais de betão não só porque o encargo económico é bastante menor (25 a 50%
menor que nas barragens de betão convencionais) como também o tempo de construção
é significativamente menor.

Barragem mistas dos tipos anteriores


Neste tipo de barragens é característico o emprego de dois tipos de barragem de
betão anteriormente descritos, numa mesma barragem. Geralmente a opção por este tipo
de barragem é devido essencialmente à topografia local.

Barragem de aterro
A barragem de aterro é uma barragem construída de materiais escavados
colocados sem mistura de outros materiais artificiais usualmente obtidos no local da
barragem ou nas suas proximidades e normalmente construídas em vales largos. O
sistema de construção destas barragens consiste na compactação dos materiais dispostos
em camadas de espessura variável com equipamentos específicos. As barragens de
aterro comportam-se de maneira razoável em praticamente todos os tipos de fundação,
uma vez que os esforços transmitidos à fundação por unidade de área são menores que
nas barragens de betão, e os assentamentos verificados durante e após a construção não
são significativos para comprometer a estabilidade da barragem, devido à fácil
adaptabilidade do material do aterro.
De acordo com o tipo de material utilizado no corpo da barragem, as barragens
de aterro podem ser subdividas em:
• Barragem de terra
• Barragem de enrocamento
• Barragem mista de aterro

Figura 24 - Desenho esquemático de uma barragem de aterro

Barragem de terra
Este tipo de barragem é característico pelo seu maciço trapezoidal adequado a
regiões de topografia suave e vales amplos. Transmite, usualmente, os esforços
impostos pela coluna de água no reservatório por gravidade. De acordo com o tipo de
perfil adoptado, distinguem-se em homogéneas e zonadas.

Barragens de terra homogéneas


As barragens de terra homogéneas são caracterizadas pela utilização de apenas
um tipo de material no seu corpo, geralmente de natureza impermeável. Para controlar a
percolação através do corpo da barragem podem utilizar-se diferentes tipos de drenos
(de chaminé, pé de jusante, horizontal, entre outros. Geralmente este tipo de barragens
não atinge alturas muito significativas, sendo adequado a pequenos empreendimentos
para abastecimento/irrigação.
Figura 25 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno no pé de jusante

Figura 26 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno horizontal ou tapete
drenante

Figura 27 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno vertical ou chaminé e
horizontal

Barragens de terra zonadas


No corpo das barragens de aterro zonadas utilizam-se diferentes tipos de
materiais extraídos de diferentes áreas de empréstimo, tirando partido, deste modo, da
heterogeneidade dos materiais incluídos na área da futura albufeira. Os materiais
distinguem-se função do seu objectivo: núcleo, que constitue o elemento
impermeabilizante da barragem; maciços estabilizadores, que conferem estabilidade à
barragem e órgãos de drenagem (filtros e drenos).
Figura 28 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem de aterro zonada

Este tipo de barragens é contituído basicamente por duas classes de materiais. O


núcleo pode apresentar diferentes posições e disposições das quais, são apresentadas
apenas duas a título exemplificativo.

Figura 29 - Desenho esquemáticodo perfil tipo de uma barragem com núcleo central

Figura 30 - Desenho esquemáticodo perfil tipo de uma barragem com núcleo inclinado

Barragem de enrocamento
No caso das barragens de enrocamento, o elemento impermeabilizante pode ser
um núcleo interno argiloso, ou o paramento de montante impermeabilizado através do
emprego de geomembranas, camadas de betão, betão asfáltico, betão betuminoso ou
chapa metálica.
Figura 31 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem com paramento
impermeablizado

Figura 32 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem de enrocamento


zonada

O elemento impermeabilizante pode ser também um núcleo interno argiloso que


pode assumir diferentes configurações.

Barragem mista de aterro


Ainda de referir um tipo barragens mistas entre terra e enrocamento, em que os
materiais são usados distintamente em aterros diferentes.

Barragens de Mistas (Betão e aterro)

Este tipo de barragens é característico pelo emprego de dois tipos de barragem


numa mesma barragem. Geralmente é comum em locais ou onde há falta de materiais
suficientes para a construção apenas de aterros ou vales muito amplos, onde a
construção apenas em betão, poderia encarecer e aumentar substancialmente o tempo de
construção.
Vantagens e Desvantagens
Vantagens
As vantagens e mesmo benefícios provenientes deste tipo de tecnologia, além do
sector eléctrico, podem-se ver em:
• Sector eléctrico
• Economia
• Recursos hídricos
• Agricultura
• Ambiental/Florestal

Sector eléctrico
Recurso renovável;
Dão resposta quase imediata às variações da procura, e consequentemente, um
rápido ajuste da produção ao consumo (serviço dinâmico);
Aumentam a fiabilidade do serviço, pois permitem uma intervenção rápida em
situações de problemas na rede, garantindo assim a continuidade dos fornecimentos;
Armazenam grandes quantidades de energia nas albufeiras, o que constitui a
forma mais atraente de criar reservas estratégicas de energia eléctrica;
Os aproveitamentos equipados com bombagem são essenciais e importantes no
equilíbrio pelo seu modo de operar;
O aumento deste tipo de produção de energia contribui para a independência
energética do exterior (tal como outros tipos de produção);
Contribuem para a integração de fontes intermitentes tais como a energia eólica
e a energia solar fotovoltaica.

Economia
Criação de condições que permitem, o desenvolvimento regional e fixação da
população;
O turismo também beneficiado no que toca a actividades de recreio, desportos,
campismo, lazer, e mesmo na hotelaria e restauração.
Recursos hídricos
Aumento da disponibilidade de água em quantidade, em qualidade para o
abastecimento público, e outros fins;
Diminuição da quantidade e da severidade das cheias e consequentemente dos
prejuízos causados por estas;:
Possibilidade de estabelecer caudais estivais satisfatórios;
Protecção contra a crescente irregularidade climática prevista.

Agricultura
Permite a diversificação das culturas;
Provoca o aumento da produtividade em consequência de um melhor controlo e
aumento da irrigação.

Ambiental/Florestal
Garantia de caudais em períodos críticos;
Contribui para a redução de emissões atmosféricas, cumprindo assim as
exigências do protocolo de Quioto;
Permite a diminuição de catástrofes como os incêndios, uma vez que, estão
criadas as condições necessárias para o reabastecimento de meios aéreos (cada vez mais
eficazes e importantes no combate a incêndios); por exemplo, calcula-se que as
albufeiras com planos de água superiores a 2km contribuem com uma redução de área
ardida num raio de 25km na sua zona da ordem dos 10% -20%.

Desvantagens
A construção de aproveitamentos hidroeléctricos, ao promover a edificação de
um obstáculo transversal ao curso de água, com a subsequente divisão do habitat em
dois compartimentos, altera inevitavelmente as características ecológicas da secção da
bacia hidrográfica onde a obra hidráulica se insere. Esta alteração ecológica e ambiental
apresenta algumas desvantagens como:
• Efeito barreira à actividade migratória
• Alteração de habitat
• Alteração no regime de escoamento
• Alteração da qualidade e dos parâmetros físico-químicos da água
• Risco de predação e doenças

Efeito barreira à actividade migratória


A edificação de obras hidráulicas limita os movimentos das espécies migradoras
e/ou residentes para montante ou jusante, reduzindo a acessibilidade dos taxa piscícolas
a locais fundamentais para completarem o seu ciclo de vida. Esta situação pode
provocar o isolamento populacional, compartimentando diferentes classes de idade a
montante e jusante (que com o decorrer das gerações poderá conduzir ao isolamento
genético), causar desequilíbrios na taxa de recrutamento e na estrutura etária, e ainda ser
responsável pelo desaparecimento de certas espécies a montante, sobretudo diádromas.
O efeito dos obstáculo face às rotas migratórias depende da altura imposta, da
capacidade locomotora das espécies migratórias e das condições hidrodinâmicas sobre e
imediatamente a jusante do obstáculo, especialmente a velocidade da corrente, a altura
da lâmina da água, a configuração dos jactos e a profundidade e turbulência da massa de
água. Para evitar que estas obras influenciem na actividade migratória cíclica dos peixes
e ouros animais o homem viu-se obrigado a construir as chamadas “passagens para
peixes”. Em termos genéricos, esta estrutura pode ser definida como um caminho
artificial, alternativo ao curso de água onde foi edificada uma barreira, que para a
ictiofauna dulçaquícola se apresenta intransponível ou dificilmente superável. O
princípio geral de funcionamento consiste em atrair os peixes migradores a um ponto do
sistema fluvial, a jusante do obstáculo, e incitá-los a deslocarem-se para montante
através de uma estrutura onde flua água.

Alteração de habitat
Como o fluxo unidireccional da água é interrompido formam-se zonas de
características lênticas, reduzindo significativamente a heterogeneidade ao nível dos
habitats, alterando igualmente a composição das comunidades piscícolas.
Em função das flutuações no nível da água verificadas a montante da barreira
podem existir variações morfológicas e estruturais das margens, com alterações na
constituição da vegetação ripária e aquática.

Alteração no regime de escoamento


Em cursos de água submetidos a regulação por obras hidráulicas o regime
natural é modificado, podendo existir alterações bruscas de caudais, as variações
sazonais podem desaparecer, o período estival sem caudal pode ser prolongado e os
picos de cheia eliminados (ou ocorrem mais tarde do que o esperado, apresentando
magnitudes inferiores). Em situações extremas, sobretudo no troço entre a captação e a
restituição dos aproveitamentos hidroeléctricos, a alteração de caudais poderá ser
drástica, permanecendo esta secção sem água. A modificação do regime de escoamentos
influencia igualmente a produção de alimento e a existência de condições para a
sobrevivência de ovos e alevins, devido ao seu arrastamento para jusante.

Alteração da qualidade e dos parâmetros físico-químicos da água


A construção de obras hidráulicas induz alterações significativas na qualidade e
nos parâmetros físico-químicos da massa de água. Tal facto resulta do seu represamento
e de eventuais descargas da albufeira (aquando de limpezas ou obras de manutenção).
A retenção de água modifica as condições de transporte sólido preexistente,
provocando a sedimentação de material sólido a montante do paredão – assoreamento
da albufeira. A nível da temperatura, é provável que sofra alterações na secção fluvial
(para montante e jusante) influenciada pela imposição do obstáculo, sendo que a
natureza e amplitude destas variações dependem das condições climáticas, das
características dos sistemas fluviais e também do tipo de obra.

Risco de predação e doenças


A acumulação de uma grande densidade de indivíduos em migração,
essencialmente a jusante das barragens, constitui um alvo fácil para predadores
piscícolas e mesmo para algumas aves ou mamíferos.
Para além das possíveis desvantagens ecológicas e ambientais que as
construções necessárias para haver aproveitamentos hídricos provocam, é necessário
focar também o facto de que é essencial haver um fornecimento regular de água ás
centrais hidroeléctricas, esse fornecimento provém das barragens, no entanto se não
houver água suficiente armazenada nestas, as centrais não receberão água e por sua vez
não produzirão energia. É aqui que entra a importância das condições climatéricas
nomeadamente da pluviosidade. É sabido que quanto mais chove maior será o
armazenamento de água nas barragens e por conseguinte as centrais poderão receber
maior quantidade de água. É portanto, a dependência da pluviosidade, mais uma
desvantagem neste tipo aproveitamento para a produção de energia. Por outro lado,
infelizmente, os locais disponíveis para a construção destes grandes aproveitamentos
estão a acabar.

Contudo os aproveitamentos hidroeléctricos podem ser feitos em dimensões


mais reduzidas, até por vezes, sem recorrer a armazenamento de água e assim, com
impactos bastante reduzidos. Os aproveitamentos em pequena escala são denominados
de mini e micro hídricas.

Ponto de situação em Portugal


Situação actual no SEN

Portugal é o país da Europa com maior potencial hídrico por aproveitar, estando
a ser apenas aproveitadas metade (46%) das capacidades dos rios , e onde é produzida
apenas 30% do total de energia. Na figura seguinte estão apresentados os
aproveitamentos hidroeléctricos existentes neste momento em Portugal:
Figura 33 - Zona Norte (fonte: PNBEPH)
Figura 34 - Zona Sul (fonte: PNBEPH)
No quadro seguinte é nos mostrado a capacidade útil de armazenamento e
potência hidroeléctrica instalada nas principais bacias hidrográficas nacionais:

Potência
Afluências anuais Capacidade útil das
Bacia hidrográfica hidroeléctrica
(hm3) albufeiras (hm3)
(MW)
Lima 3000 355 652
Cávado 2300 1142 632
Douro 18500 380 1882
Vouga 2000 0 0
Mondego 3350 361 290
Tejo 12000 2355 569
Guadiana 4500 3244 250
Sado 1460 444 0
Mira 330 240 0
Ribeiras Algarve 400 341 0
Total 47800 8862 4275

Apesar de existirem protocolos a cumprir entre Portugal e Espanha é de salientar


que os principais rios onde são feitos aproveitamentos hidroeléctricos no SEN nascem
em Espanha, o que se torna uma desvantagem, já que os níveis de caudal vão depender
não só das condições climáticas mas também de políticas externas ao nosso País.

Como já sabe a emissão de energia hidroeléctrica depende de diversas


condições, tanto a nível de procura de mercado, como de condições ambientais. No
gráfico que se segue temos tanto a emissão hidráulica como a energia utilizada nos
grupos reversíveis:
Figura 35 – Gráfico de emissão e consumo em bombagem hidráulica (fonte: REN)

No gráfico seguinte, é apresentada de forma esclarecida a evolução incostante


que Portugal teve nos últimos dez anos a nível de investimentos neste tipo de energia:

Figura 36 - Gráfico de potência instalada (fonte: REN)


No que se refere á produção hidroeléctrica, a situação actual é muito diferente da
observada nos anos 50 e 60, no decurso dos quais a produção hidroeléctrica foi
dominante. Nesses tempos as centrais hidroeléctricas asseguravam a quase totalidade
dos diagramas de carga, com as centrais térmicas a prestarem apoio nos períodos de
estiagem (seca).
Os três exemplos de diagramas de carga recentes apresentados, correspondem a
um dia de baixa hidraulicidade e alto consumo (30 Janeiro 2006), dia chuvoso de
Inverno (14 de Fevereiro 2007), e dia de estiagem (11 Julho 2006).

Figura 37 - Diagrama de carga diário em dia de baixa Hidraulicidade (fonte: REN)

Figura 38 - Diagrama de carga diário em dia de alta Hidraulicidade (fonte: REN)


Figura 39 - Diagrama de carga diário em dia de estiagem (seca); (fonte: REN)

Nas duas figuras seguintes são apresentadas previsões para diagramas de carga
no ano de 2011 em dias de diferentes características:

Figura 40 - Diagrama de carga previsto em dia de baixa hidraulicidade


Figura 41 - Diagrama de carga previsto em dia de média hidraulicidade

Projectos futuros

Portugal vai aumentar a capacidade instalada a nível hidroeléctrico no país. Uma


das razões mais importantes para se apostar rapidamente e em grande escala no
investimento hídrico é devido á evolução da energia eólica que se comporta como uma
energia instável. Assim será vantajosa para as situações, em que, exista excesso de
produção de energia e onde será utilizada para bombear água com o objectivo de
armazenagem. De salientar também que a energia hídrica continuará a ser uma energia
alternativa e renovável que graças a uma rápida resposta satisfará a qualidade de
serviço;

Segundo fontes da REN, e no programa apresentado pelo (PNBEPH) Programa


Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, constavam um total de
25 aproveitamentos com elevado potencial hidroeléctrico bastante viáveis. Os locais
inventariados localizavam-se todos a norte do Rio Tejo inclusive, sendo os seguintes:
• Assureira (Rio Lima);
• Póvoa e Pinhosão (Rio Vouga);
• Asse-Dasse, Girabolhos, e Midões (Rio Mondego);
• Almourol, Santarém, Erges e Alvito (Rio Tejo);
• Atalaia, Senhora do Monforte, Pêro Martins, Sampaio, Mente, Rebordelo, Foz
Tua, Castro Daire, Alvarenga, Castelo de Paiva, Padroselos, Vidago, Daivões,
Fridão e Gouvães (Rio Douro).

Figura 42 - Potência instalada por aproveitamento (fonte: PNBEPH)


Figura 43 - Potência produzida por aproveitamento (fonte: PNBEPH)

Figura 44 - Capacidade de armazenamento das albufeiras (fonte: PNBEPH)

Neste momento estão aprovadas dez novas barragens que fazem parte do plano
nacional que pretende dotar o País, ainda antes de 2020, de um total de potência
hidroeléctrica de 7000 megawatts (MW). Actualmente Portugal tem uma capacidade
instalada de 4800 MW.
Esta instalação vai gerar investimentos na ordem dos dois mil milhões de euros
incluindo os pequenos aproveitamentos hidroeléctricos que lhe estarão associados.

Segundo dados oficiais com estas novas dez, e mais outros projectos já
definidos, Portugal deverá atingir os 70% da potência hídrica possível de tirar partido.

As novas dez localizações, todas no Norte e Centro do País, são Padroselos,


Daivões, Fridão, Gouvães e Vidago, na bacia do rio Tâmega, Foz Tua, no rio Tua ,
Pinhosão (Vouga), Girabolhos (Mondego), Alvito (Ocreza) e Almourol (Tejo). As
localizações foram escolhidas de entre as 25 anteriormente faladas.

Com uma potência de 1100 MW, o destaque vai para a de foz Tua, que com os
seus 234 MW passará a ser uma das maiores do País, só ultrapassada pela de Alqueva.
O investimento previsto é de 1100 milhões de euros, a que se juntam os já estimados
para a barragem do Baixo Sabor (cerca de 355 milhões), os reforços de Picote,
Bemposta e Alqueva (435 milhões) e outros não especificados, que deverão orçar cerca
de 650 milhões de euros.

O reforço do potencial hídrico nacional é uma das vias para a garantia de 45 %


de fontes de energia renováveis no produção eléctrica em Portugal até 2010.

NOVAS METAS
REFERÊNCIA METAS ANTERIORES
2007-2010
Produção de electricidade
com base em energias 39% do consumo bruto 45% do consumo bruto
renováveis

7000 MW em 2020,
46% do potencial
Energia hidroeléctrica 70% do potencial.
5000 MW em 2010
(5575 MW em 2010)

De frisar ainda que a “Energias do Brasil”, empresa do grupo EDP, iniciou a


construção da Pequena Central Hidroeléctrica (PCH) de Santa Fé. Localizado na cidade
de Alegre, Espírito Santo, o empreendimento terá capacidade instalada de 29 megawatts
(MW) e energia assegurada de 16,4 MW.
Até o primeiro semestre de 2010, a “Energias do Brasil" espera obter a licença
de instalação de 24 pequenas centrais hidroeléctricas, com potência até 30 MW cada
uma, que totalizam uma potência de 538 MW e estão em fase de estudos de viabilidade.

Curiosidades

• A Barragem das Três Gargantas (Three Gorge) é a maior central


hidroeléctrica do mundo, construída no Rio Yangtzé, o maior da China. A obra foi
concluída em 20 de maio de 2006, seis meses antes do prazo previsto. Foi aplicado um
rígido controlo de qualidade, para garantir que a obra não tenha nenhum risco na sua
futura operação. A obra das Três Gargantas tem como função a prevenção de enchentes,
a geração de energia, e aumentar a facilidade do transporte fluvial, e por assim ela
desempenha um papel importante no desenvolvimento sócio-económico da China.

A construção da Barragem das Três Gargantas foi iniciada em 1993, e até fins de
2004, quatro turbinas entraram em funcionamento. Em 2009, com 26 turbinas
instaladas, a capacidade da barragem deverá ser de 18.200 megawatts, e ultrapassará a
potência de Itaipu (Brasil), até então a maior barragem hidroeléctrica em potência
instalada no mundo. O descarregador está projectado para 116110 m³/s e vai ser, junto
com o da Central Hidroeléctrica de Tucuruí, no rio Tocantins, o maior do mundo em
vazão.
• Barragens de Alvenaria, são o tipo de barragens mais antigo construído em
Portugal. Entre as quais, a título exemplificativo se ilustram as barragens de alvenaria
do Covão de Ferro e da Lagoa Comprida, ambas situadas na Serra da Estrela.

Figura 45 - Barragem da Lagoa Comprida e a do Covão do Ferro (Serra da estrela)

As barragens de Burgães (Vale de Camba), Vale de Rossim (Gouveia), Penide e


Penedo Redondo (Castelo Branco) contituem outros exemplos de barragens de
alvenaria. Com o desenvolvimento da tecnologia do betão este tipo de construção de
barragens foi abandonado devido ao seu processo de construção moroso e dispendioso.
Conclusão

Com o aumento do preço dos combustíveis e a crescente preocupação com o


ambiente, nomeadamente com emissões de gases poluentes devido, por exemplo, à
utilização de combustíveis fósseis para gerar electricidade, torna-se cada vez mais
necessário optar por recursos com menor impacto ambiental e de preferência,
renováveis. Uma boa resposta a esta demanda é sem dúvida a Energia Hidroeléctrica.
Uma das suas grandes condicionantes é o facto de estar muito dependente do factor
hidrológico, pois se não chover, não haverá água armazenada nas albufeiras e logo, não
haverá capacidade de produção eléctrica. Não é portanto uma fonte de energia eléctrica
da qual se possa estar exclusivamente dependente. No entanto é muito importante, por
várias outras razões. A Hidroelectricidade é importante pela sua disponibilidade pois
pode-se pôr uma central em funcionamento com relativa rapidez e pode-se aumentar ou
diminuir a sua produção energética quase instantaneamente conforme as necessidades
imediatas da rede. Desempenha assim um papel bastante importante ao permitir a
estabilidade de tensão na rede e aumentando portanto, a fiabilidade do serviço prestado
ao consumidor. Além disso, as centrais de bombagem são o único meio eficaz de
armazenamento de electricidade.
Em resumo, a Hidroelectricidade, além de ser um meio de produção energética
sem emissões poluentes e renovável, possui também a capacidade de melhorar a
qualidade do sistema eléctrico do ponto de vista da eficácia, segurança e mais
importante, da fiabilidade.
Anexos

Figura 1 - Central fio-de-água da Crestuma-Lever (Rio Douro) ..............................................11

Figura 2 - Esquema do princípio de funcionamento de uma central de Albufeira.....................14

Figura 3 - Central de albufeira do Torrão (Rio Tâmega)..........................................................15

Figura 4 - Esquema do princípio de funcionamento de uma central de bombagem ..................17

Figura 5 - Espectro energético de um dia de uma central de bombagem ..................................18

Figura 6 - Central de bombagem da Alqueva (Rio Guadiana)..................................................18

Figura 7 - Central com canal de adução e conduta forçada, com alta queda e afastada da
barragem ................................................................................................................................23

Figura 8 - Central apenas com conduta forçada, com alta queda e perto da barragem ..............23

Figura 9 - Central encastrada na própria barragem com baixa queda .......................................23

Figura 10 - Central com canal de adução e câmara forçada, com baixa queda e afastada da
barragem ................................................................................................................................24

Figura 7 - Príncipio de funcionamento de uma turbina Pélton .................................................26

Figura 8 - Roda Pélton............................................................................................................27

Figura 9 - Turbina Fancis acoplada a um gerador....................................................................28

Figura 10 - Interior turbina Francis .........................................................................................28

Figura 11 – Princípio de funcionamento da turbina Francis.....................................................28

Figura 12 - Imagens de turbinas Francis .................................................................................29

Figura 13 - Princípio de funcionamento da turbina Kaplan......................................................30

Figura 14 - Imagens de turbinas Kaplan..................................................................................30

Figura 15 - Comparação da forma da turbina vs velocidade específica ....................................33

Figura 16 - Desenho esquemático de uma barragem de gravidade ...........................................35

Figura 17 - Desenho esquemático de uma barragem em contrafortes.......................................36

Figura 18 - Desenho esquemático de uma barragem em arco-gravidade ..................................36

Figura 19 - Desenho esquemático de uma barragem em arco-abóboda ....................................37

Figura 20 - Desenho esquemático de uma barragem de aterro .................................................39


Figura 21 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno no pé de jusante ..40

Figura 22 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno horizontal ou tapete
drenante .................................................................................................................................40

Figura 23 - Desenho esquemático de uma barragem homogénea com dreno vertical ou chaminé
e horizontal ............................................................................................................................40

Figura 24 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem de aterro


zonada ...................................................................................................................................41

Figura 25 - Desenho esquemáticodo perfil tipo de uma barragem com núcleo central..............41

Figura 26 - Desenho esquemáticodo perfil tipo de uma barragem com núcleo inclinado..........41

Figura 27 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem com


paramento impermeablizado...................................................................................................42

Figura 28 - Desenho esquemático de um perfil tipo simplificado de uma barragem de


enrocamento zonada...............................................................................................................42

Figura 33 - Zona Norte (fonte: PNBEPH)...............................................................................48

Figura 34 - Zona Sul (fonte: PNBEPH) ..................................................................................49

Figura 35 - Diagrama de carga diário em dia de baixa Hidraulicidade (fonte: REN) ................52

Figura 36 - Diagrama de carga diário em dia de alta Hidraulicidade (fonte: REN)...................52

Figura 37 - Diagrama de carga diário em dia de estiagem(seca) (fonte: REN) .........................53

Figura 38 - Diagrama de carga previsto em dia de baixa hidraulicidade ..................................53

Figura 39 - Diagrama de carga previsto em dia de média hidraulicidade .................................54

Figura 40 - Potência instalada por aproveitamento (fonte: PNBEPH) ......................................55

Figura 41 - Potência aproveitada por aproveitamento (fonte: PNBEPH)..................................56

Figura 42 - Capacidade de armazenamento das albufeiras (fonte: PNBEPH)...........................56

Figura 43 - Barragem da Lagoa Comprida e a do Covão do Ferro (Serra da estrela) ................59


Bibliografia

• Revisão e actualização do Trabalho do ano lectivo 2006/2007

• Lista de sites:
http://www.energiasrenovaveis.com/
http://www.esha.be/index.php?id=4
http://www.inag.pt/
http://www.edp.pt/EDPI/Internet/PT/Group/AboutEDP/default.htm
http://www.ren.pt/portal/home.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal
http://www.historia-energia.com/
http://www.fwee.org/
http://www.edia.pt/portal/page?_pageid=53,1&_dad=portal&_schema=PORTAL
http://www.aprh.pt/
http://dn.sapo.pt/media/

• Obras consultadas:
[Matias, José Vagos Carreira], “Tecnologias da Electricidade”, Didáctica
Editora, ano 2000, 4.ª Edição, Volume 1;

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