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RESUMO
O concreto auto adensável vem sendo um grande aliado para a construção civil,
principalmente por possuir características únicas como sua capacidade de executar
formas complexas, diminuir o número de trabalhadores, entre outros. Para que um
concreto convencional se torne um concreto auto adensável é necessário o uso de
aditivos, sendo que estes estão presentes no mercado em diversas marcas e
características. A base química do aditivo tem grande influência nos resultados do
concreto, como o tempo de pega e resistência a compressão. Para este estudo foram
avaliadas as características do concreto auto adensável quando utilizado aditivo
plastificante de base química lignosulfonato e naftaleno e aditivo superplastificante de
base química policarboxilato. Para a avaliação das características reológicas do concreto
foram realizados os ensaios de espalhamento, caixa L e funil V, comparando os
resultados experimentais com os valores disponíveis na literatura. Além disso, corpos de
prova foram moldados para avaliar a resistência à compressão do concreto em diferentes
idades no estado endurecido. Os resultados obtidos mostram o aditivo superplastificante
de base química policarboxilato como o mais eficiente, sendo que este apresentou em
todas as etapas boa fluidez e coesão, homogeneidade e em nenhum momento apresentou
segregação. Os resultados no ensaio de compressão também se mostraram superiores
quando comparados aos concretos com utilização dos aditivos lignosulfonato e
naftaleno.
Nesse contexto surge o concreto auto adensável (CAA), que é capaz de preencher as
formas e passar por obstáculos apenas com a ação do seu peso próprio, não necessitando
de nenhum meio de adensamento.
Entre as principais vantagens encontradas quando se faz o uso do CAA está a economia
pela ausência de vibração, melhor trabalhabilidade do concreto, redução do número de
trabalhadores na etapa de concretagem e a possibilidade de deixar o ambiente de
trabalho mais tranquilo devido a ausência de ruídos ocasionados pelos equipamentos de
adensamento.
Os materiais utilizados para a produção do CAA podem ser os mesmos utilizados para a
produção de concretos convencionais, apenas utilizando maior quantidade de finos e
também aditivos plastificantes e superplastificantes, proporcionando maior facilidade de
bombeamento, homogeneidade, resistência e durabilidade.
Definir o tipo de aditivo e conhecer sua base química altera e explica diretamente os
resultados finais do concreto. As bases químicas encontradas nos aditivos plastificantes
e superplastificantes são os lignossulfanatos, melanina, naftaleno e policarboxilato.
O que deve ser observado com cautela no uso de aditivos é a dosagem utilizada, sendo
esta uma relação entre aditivo e cimento. Essa relação ocorre pois o sucesso do uso do
aditivo está diretamente ligado ao tipo de cimento utilizado na mistura, pois podem
ocorrer incompatibilidades. A quantidade ideal de aditivo pode ser observada em testes
laboratoriais, sendo observado o momento em que a mistura não apresenta melhora na
fluidez, conhecido como o ponto de saturação. A partir desse ponto o concreto pode
apresentar segregação ou exsudação além de um tempo excessivo para efetuar a pega.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Antes de produzir o concreto realizou-se a caracterização dos materiais, gerando a curva
granulométrica do agregado miúdo e graúdo, valores de massa específica, massa
unitária e material pulverulento.
O traço base foi calculado por Soares (2014), sendo este obtido com o método
experimental de Tutikian e Dal Molin (2004). Somente o aditivo foi utilizado em
proporções diferentes em cada traço, podendo ser verificado na tabela 01 abaixo.
O próximo ensaio foi o Caixa L, onde o equipamento foi preenchido com concreto e
então a comporta existente no equipamento foi aberta permitindo que o concreto
passasse pelas armaduras. O resultado do ensaio é uma relação entre a altura do
concreto na saída da comporta e a altura do concreto no final da caixa (figura 02).
O último ensaio realizado com o concreto fresco foi o Funil V, onde o funil foi
preenchido com concreto e em seguida a porta localizada na parte inferior do funil foi
aberta para que o concreto escoasse. Então o cronômetro foi acionado, gerando assim o
tempo exato que o concreto levou para escoar completamente conforme figura 03.
Figura 03 – Ensaio funil V
Após a realização de todos os ensaios foram preparados os corpos de prova, sendo que
os corpos de prova com o concreto referência foram preenchidos com a concha côncova
até a sua metade e realizado adensamento manual com 12 golpes e após preenchido o
restante e efetuado mais 12 golpes. No caso dos concretos com aditivo, os mesmos
foram despejados nos corpos de prova com a concha côncova, sem utilização de
nenhum meio de adensamento.
Chegada a idade para que estes fossem rompidos os mesmos foram retirados da água,
realizado a retífica dos corpos de prova e então o teste de resistência a compressão.
70
Teste de espalhamento
64 67 68
centímetros
13,5
Ensaio Caixa L
1
0,91 0,93
0,8
H2/H1
0
Com o concreto referência não foi possível finalizar o ensaio, pois este concreto não
passou completamente pelas armaduras e não chegou ao final da caixa. Os demais
traços apresentaram uma passagem pelos obstáculos de forma homogênea, apresentando
boa fluidez e coesão, sem ocorrer segregação.
Ensaio Funil V
11,3
10
9,1
8,6
Segundos
Com a realização do teste com o concreto referência verificou-se que o mesmo não
escoou completamente do funil, sem chegar a um resultado final. Os traços com uso de
aditivo apresentaram resultados satisfatórios de acordo com os autores, não ocorrendo
bloqueio na saída do funil, apresentando boa fluidez e escoando rapidamente.
Ensaio compressão
7 dias
26,42
17,67
14,94 15,12
MPa
Aos 21 dias foram rompidos mais 03 corpos de prova para cada traço, apresentando os
resultados que podem ser verificados na figura 08 abaixo.
Ensaio compressão
21 dias
29,53
20,45
18,73
15,59
MPa
Ensaio compressão
28 dias
31,45
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além dos testes realizados, também foi avaliado o tempo de pega de cada traço de
concreto, onde o único que apresentou retardo significativo foi o concreto com
plastificante lignossulfonato. Os corpos de prova preenchidos com este concreto
necessitaram de 48 horas para que pudessem ser desmoldados, os demais traços
puderam ser desmoldados após 24 horas. Este plastificante é utilizado em larga escala
no mercado e apesar deste efeito retardador ainda pode ser considerado uma boa opção,
já que nos demais testes seus resultados foram satisfatórios.
REFERÊNCIAS