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O movimento “Gilets Jaunes” em França

Assistimos nas últimas semanas, em França e na Ilha da Reunião, território francês do


Ultramar, a um movimento de protesto sem igual no século XXI.

Cansados de pagar impostos e de verem os seus rendimentos a diminuir, os franceses saíram


para a rua, num protesto pacífico, vestidos com os coletes amarelos (que fazem parte do
equipamento obrigatório das viaturas da UE) e tornaram bem visíveis as suas reivindicações.

Franceses de todas as idades bloquearam estradas, as refinarias e manifestaram-se das mais


diversas maneiras em todas as regiões. Por exemplo: três franceses aposentados, numa aldeia
quase despovoada, passaram o dia a atravessar a estrada na passadeira de modo a impedir
que o trânsito andasse ao ritmo normal e assim fizeram prova da sua indignação.

Que reclamam os franceses? Que não voltem a subir os impostos sobre os combustíveis e que,
em vez disso, o estado reponha o chamado ISF (imposto sobre a fortuna), de modo a que os
mais ricos contribuam mais e que os mais pobres consigam manter o seu poder de compra.

Agora que as instituições internacionais já reconheceram que o modo como trataram a crise
económica em Portugal, empobrecendo os portugueses e retirando aos mais pobres o poder
de compra que lhes permitia uma vida digna… Agora que já temos conhecimento de que há
inúmeros portugueses trabalhadores cujos salários não lhes permitem o acesso a uma
habitação adequada nos centros das cidades… Agora que já sabemos que há imenso
profissionais a trabalhar demasiadas horas e a atingir níveis de fadiga insuportáveis… Agora
seria o melhor momento para nós (conjuntamente com os nossos responsáveis políticos)
repensarmos e redefinirmos algumas normas do nosso quotidiano.
A Torre Eiffel - UMA TORRE POLÉMICA

Com as Exposições de Paris em 1855, 1867, 1878, 1889 e 1900, o estado francês queria
mostrar a todo o mundo que a França era uma nação poderosa e com uma forte personalidade
cultural, política e económica.

Ficou famosa a Exposição de 1889, comemorativa do centenário da Revolução Francesa, pela


polémica gerada à volta da construção da Torre Eiffel. Aquele que é, atualmente, o principal
símbolo da "cidade-luz" foi objeto de grande contestação por parte dos intelectuais franceses
da época.

Um protesto assinado, entre outros, por Maupassant, Dumas, Charles Garnier e Delaunay fazia
constar:

"Nós, escritores, escultores, arquitetos, pintores amadores apaixonados da beleza até aqui
intacta de Paris, vimos protestar com todas as nossas forças, com toda a nossa indignação, em
nome da arte e da história francesa ameaçadas, contra a construção, em pleno coração da
nossa capital, da inútil e monstruosa Torre Eiffel. Vai a cidade de Paris associar-se durante mais
tempo às barrocas, às mercantis imaginações de um construtor de máquinas, para perder a
honra e desfear-se irreparavelmente? Porque a Torre Eiffel, que nem a comercial América
quereria, é, não duvidem, a desonra de Paris. Todos o sentem, todos o dizem, todos se afligem
profundamente, e nós somos apenas um fraco eco da opinião universal, tão legitimamente
alarmada. Quando os estrangeiros vierem visitar a nossa exposição, gritarão espantados: 'O
quê? É este horror que os Franceses encontraram para nos dar a ideia do gosto de que tanto
se arrogam?' Eles terão razão em nos ridicularizar, porque Paris dos góticos sublimes, (…),
ter-se-á tornado Paris do senhor Eiffel. (caligrama, 1918, G. Apollinaire)

Será que conseguimos imaginar como seria hoje a cidade de Paris se, tal como pretendiam,
estes intelectuais tivessem conseguido que a torre Eiffel fosse demolida?

A Coordenação de Área de francês

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