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ANAIS DE EVENTO
26 a 28
OUTUBRO
2017
Sétimo Seminário Mato-grossense de
Habitação de Interesse Social
Habitação e Cidade: Construindo Consensos
WALTER CLAYTON DE OLIVEIRA CRB 1/2049
Inclui Bibliografia
ISSN 2177-4498
CDU 711:342.71(817.2)
Sétimo Seminário Mato-grossense de
Habitação de Interesse Social
Habitação e Cidade: Construindo Consensos
Coletânea de Artigos
ORGANIZAÇÃO
Organização Geral
Dra. Gisele Carignani
Comitê Científico
CIDADE
Dra Alessandra Cristina dos Santos
Dra. Ana Paula de Oliveira Lepori
Dra. Doriane Azevedo
Dra. Gisele Carignani, UNEMAT-Barra do Bugres
Dra. Juliana Demartini, UNEMAT-Barra do Bugres
Dra. Kelly Cristina Magalhães
Dra. Olivia Maia, UFTO-Tocantins
Dra. Yara da Silva Galdino, UFMT-Cuiabá
Me. Érick de Santana Melo, UNEMAT, Barra do Bugres
Me. Lara Alexandrina Amorin Nunes, UNEMAT-Barra do Bugres
Me. Natalia Lemos, UNB-Brasília
CONFORTO
Dr. João Carlos Machado Sanches
Dra. Luciane Ceonice Durante
Dr. Rodrigo Rodrigues da Cunha Paiva
Me. Laís Braga Caneppele, UNEMAT-Barra do Bugres
Me. Monica Dolce
Me. Simone Berigo Buttner
ESPAÇO/PROJETO
Dra. Ana Paula de Oliveira Lepori
Emeli Lalesca Aparecida da Guarda
Me. Louise Logsdon
Me. Monica Dolce
Me. Simone Berigo Buttner
GESTÃO E PRODUÇÃO
Dr. André Ferraz
Dr. Douglas Brandão
Me. Marcos Valin Junior
SOCIAL
Dra. Juliana Demartini, UNEMAT-Barra do Bugres
Dra. Olivia Maia, UFTO-Tocantins
Dra. Yara da Silva Galdino, UFMT-Cuiabá
Me. Lara Alexandrina Amorin Nunes, UNEMAT-Barra do Bugres
TECNOLOGIA
Dr. Adnauer Tarquínio Daltro, UFMT
Dr. Cláudio Cruz Nunes, UFMT-Cuiabá
Dr. Ivan Julio Apolonio Callejas
Dra. Jane Eliza de Almeida Lacombe, UNEMAT-Barra do Bugres
Me. Eveline Nunes POssignolo Costa, UNEMAT-Barra do Bugres
Me. Simone Berigo Buttner
Coordenação Científica
Dra. Erica Mine Umakoshi, UNB-Brasília
Dra. Gisele Carignani, UNEMAT-Barra do Bugres
Apoio Acadêmico
Alessandra Amajunepá dos Reis Borges
Aline Cristina da Silva Rondon
Ana Poliana da Silva Dutra
Anne Caroline Menequine de Souza
Bianca Carvalho de Lima
Daniela Cássia Cardoso de Sousa
Gabriela Miranda da Cruz Cebalho
Henrique Ravaneda Santos
Joel Junior Candioto
Juliana Pereira Zancanaro
Kawane Varotto Marcussi
Leticia Aparecida Paelo Ferreira
Mackson Willian Barros Roteias
Marcela de Carvalho Beltramini
Marcos Antonio Goulart
Nátali de Paula
Pedro Henrique La Serra Rabecini (Capa e arte gráfica)
Renata Aparecida Santiago
Thais Lara Pinto de Arruda
Thuane Lazzarotto Miotto
Vivien Leigh Dorileo Ourique
CIDADE
ANÁLISE DOS ASPECTOS DE APROVAÇÃO DE LOTEAMENTOS URBANOS DE INTERESSE
SOCIAL EM TANGARÁ DA SERRAMT E BARRA DO BUGRES-MT-----------------------------------11
ARQUITETURA SOCIAL DESTINADA A ESPÇAOS PÚBLICOS NO MUNICÍPIO DE VÁRZEA
GRANDE-MT------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
DIAGNÓSTICO URBANÍSTICO DO BAIRRO SÃO MATEUS---------------------------------------------29
DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DE LOTEAMENTOS E EDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS--
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -40
ESTUDO DO AMBIENTE DA PRAÇA ÂNGELO MASSON-----------------------------------------------47
ESTUDOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELA IMPLANTAÇÃO DO
ASSENTAMENTO SERRA DOURADA EM CUIABÁ-MT---------------------------------------------------59
ÍNDICE DE CAMINHABILIDADE (WALKABILITY) EM UMA REGIÃO CENTRAL NA CIDADE DE
CUIABÁ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------75
ÍNDICE DE MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL (IMUS) PARA O DOMPINIO
PLANEJAMENTO INTEGRADO EM SINOP-MT--------------------------------------------------------------90
INTERVENÇÃO NO QUARTEIRÃO DAS CARDOSAS NA CIDADE DO PORTO, PORTUGAL---
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------102
MOFOLOGIA URBANA E AS POLÍTICAS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM
BARRA DO BUGRES-MT------------------------------------------------------------------------------------------112
PARQUE LINEAR PARA A CIDADE DE NOVA MUTUM-MT--------------------------------------------121
PARQUE URBANO PARA A CIDADE DE VÁRZEA GRANDE-MT------------------------------------133
PROJETO ARQUITETÔNICO E PAISAGÍSTICO DA PRAÇA SANTA ISABEL EM VÁRZEA
GRANDE-MT----------------------------------------------------------------------------------------------------------145
PROPOSTA DE INERVENÇÃO URBANA PAISAGÍSTICA NO BAIRRO BOM JARDIM NO
MUNICÍPIO DE SINOP-MT----------------------------------------------------------------------------------------154
REQUALIFICAÇÃO DO MERCADO PÚBLICO ANTÔNIO MOISÉS NADAF-PORTO------------163
UMA PROPOSTA DE CICLOVIA PARA ALTA FLORESTA----------------------------------------------175
CONFORTO
CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL E ETIQUETAGEM DE EDIFICAÇÕES NO BRASIL---------------187
DESEMPENHO TÉRMICO E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA ENVOLTÓRIA DE HABITAÇÃO
DE INTERESSE SOCIAL NAS ZONAS BIOCLIMÁTICAS NO ESTADO DE MATO GROSSO-----
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------198
SUMÁRIO
TEMÁTICAS
CIDADE
CONFORTO
ESPAÇO/PROJETO
GESTÃO E PRODUÇÃO
SOCIAL
TECNOLOGIA
TEMÁTICA
CIDADE
UNEMAT Barra do Bugres, 26 a 28 de outubro de 2017
ANÁLISE DOS ASPECTOS DE APROVAÇÃO DE LOTEAMENTOS URBANOS DE
INTERESSE SOCIAL EM TANGARÁ DA SERRA-MT E BARRA DO BUGRES-MT
Alana Andressa1
Caio Cesar Tomaz de Oliveira2
Wesley Afonso da Silva Dias3
RESUMO
As obras de infraestrutura de um bairro são de vital importância para uma qualidade de vida ser
considerada aceitável. Entretanto, diversos fatores podem interferir nesse processo, como pode ser
constatado nos bairros Residencial Madri e Residencial Paris localizados na cidade de Tangará da Serra
e o bairro Jardim Imperial na cidade de Barra do Bugres que apresentaram diversos problemas de
construção como a falta de uniformidade das calçadas, emprego de materiais de baixa qualidade e até
mesmo a falta de um sistema de esgoto que atendesse a demanda populacional. O presente artigo objetiva
abordar os problemas apresentados nos bairros citados no ponto de vista dos moradores, do setor público
e do setor privado envolvidos na construção dos bairros. A metodologia empregada foi a de pesquisa
empírica, concretizada por entrevistas com os moradores locais para a coleta de dados e informações
consideradas relevantes para a pesquisa, visita in loco dos bairros e de dados fornecidos pelo setor
público. Após a análise dos dados obtidos, foi possível constatar que a inércia do setor público em
fiscalizar rigorosamente foi o maior influenciador nos problemas apresentados nos bairros de Tangará
da Serra, e a constante violação das leis por parte do setor privado e a falta de fiscalização por parte do
setor público foi o estopim para que esses problemas tivessem início no bairro de Barra do Bugres.
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Acadêmica, Universidade do Estado de Mato Grosso, Avenida José Antônio
de Farias, Jardim Elite, CEP 783900-000, Barra do Bugres-MT, E-mail: desabafosdelanita@gmail.com.
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista de Iniciação Científica, Universidade do Estado de Mato Grosso,
Rua Florianópolis, Jardim Elite, CEP 783900-000, Barra do Bugres-MT, E-mail: caiocesartga1@gmail.com.
3
Mestrando em Projeto e Cidade, Professor Assistente, Faculdade de Arquitetura e Engenharias, Rua João de
Campos Borges, Centro, CEP 783900-000, Barra do Bugres-MT, E-mail: wesleydiasarquitetura@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
A constante evolução das cidades demandou modificações drásticas quantitativas e qualitativas, uma
vez que foi preciso atender a um número cada vez maior de pessoas que vivem nos centros urbanos.
Esse crescimento é abordado por Zmitrowicz e Neto (1997), onde afirmam que esse processo cada vez
mais comum nas cidades está atrelada a expansão urbana através de novos loteamentos nos arredores
das cidades, conjuntos habitacionais financiados pelo Governo Federal, indústrias, centros comerciais
ou até mesmo no adensamento de regiões previamente habitadas, que passam por uma alteração das
construções já existentes e agora precisam se adaptar as novas necessidades locais.
As primeiras cidades surgiram como pequenos povoados com uma infraestrutura arcaica e precária, mas
ela foi um dos fatores que mais influenciaram no desenvolvimento desses pequenos núcleos urbanos e
que deram origem às cidades atualmente conhecidas (BENÉVOLO,1983). Mas antes de se abordar as
questões urbanas, é preciso entender o que é infraestrutura urbana e quais os seus componentes. Diversos
modelos vêm sendo empregados com o passar dos anos e sendo alterados de acordo com a necessidade
da cidade ou região. Um exemplo é o Império Romano que no seu apogeu apresentava cerca de 19
aquíferos que abasteciam toda a cidade de Roma, além de um sistema eficiente de esgoto e ruas
pavimentadas que atendiam cerca de 1 milhão de moradores na época. (FERRARI, 1991).
Essas técnicas foram aperfeiçoadas e aplicadas com o passar do tempo, em diversas cidades espalhadas
pelo mundo, como o fornecimento de gás, energia elétrica e asfaltamento de ruas. O conceito que é
utilizado atualmente de infraestrutura ainda é debatido por diversos autores e cada um apresenta um
conceito que pode ser semelhante ou não:
Já Smilor e Wakelin (1990) adotam o termo infraestrutura inteligente para exemplificar os elementos
complementares da infraestrutura elaborada por Mascaró (2005), como informação, educação, qualidade
ambiental, que futuramente se tornarão elementos fundamentais na competitividade de grandes centros
e a base para um desenvolvimento da região.
O Banco Mundial (1994) adota um conceito de infraestrutura urbana semelhantes aos autores já citados,
onde engloba as estruturas de engenharia permanentes e de baixa manutenção. Ainda de acordo com o
Banco Mundial (1994), ela também pode ser agrupada em categorias de acordo com a sua função
principal: infraestrutura econômica (energia elétrica, comunicação e transporte), infraestrutura
ambiental, infraestrutura do conhecimento e a infraestrutura social (água, esgoto e saúde).
A infraestrutura urbana contribui em diversos aspectos da sociedade civil, como a melhora na
produtividade, já que os trabalhadores dispõem da fácil locomoção para os serviços e aumento na
qualidade de saúde por haver a presença de esgoto e água encanada (KESSIDES, 1993).
Choguill (1996) salienta que a infraestrutura urbana, especialmente a que é responsável pela oferta de
água, esgoto tratado, drenagem e gestão dos resíduos sólidos é de vital importância para os índices de
sustentabilidade urbano e atender as necessidades humanas mais básicas.
Choguill (1996) ainda salienta que os índices de infraestrutura apresentados pelos países em
desenvolvimento, é possível notar que há a necessidade de se criar alternativas viáveis que possam suprir
a crescente demanda populacional por moradias. É nesse contexto que os governos são responsáveis
com uma parcela considerável da responsabilidade em fornecer esses serviços. Uma das ferramentas
criadas pelo Governo Federal para fornecer esses serviços de forma barata e rápida é o Programa Minha
Casa Minha Vida (MCMV), onde uma empresa vencedora da licitação fica responsável pela construção
de um bairro inteiro dotado de toda a infraestrutura necessária para se viver, e há outra forma encontrada
pelo governo em que o local para a construção desse bairro é feito totalmente pela iniciativa privada
sem os recursos federais, mas recebem o auxílio no processo de vendas dos imóveis (CAIXA, 2009).
Existem diversas regras que as empresas devem seguir relacionadas com a infraestrutura mínima que o
bairro deve apresentar, como asfaltamento das ruas, esgoto e água encanada, energia elétrica e coleta de
lixo. Entretanto, de acordo com dados apresentados pela Controladoria Geral da União (CGU, 2017)
cerca de 20% de todas as obras do MCMV apresentam problema em suas obras de infraestrutura.
Sendo que a Lei 6.766 (1979) em seu quinto paragrafo descreve que os loteamentos deverão possuir a
infraestrutura: “§5º A infraestrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos
de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água
potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação.”, já no §6º da mesma lei, reforça que
para zonas de habitações sociais são indispensáveis a execução destas, reforçado na Lei 11.445 (2007)
que trata especificamente de saneamento básico, que aborda da mesma maneira, assim se torna claro
que todo loteamento para finalidade de habitação deve possuir a infraestrutura básica.
Porém, mesmo com a exigências destas legislações, é possível notar discrepâncias no processo de
criação desses bairros, como pode ser notado em duas cidades: Tangará da Serra-MT e Barra do Bugres-
MT, onde cada cidade apresenta bairros que foram financiados pelo Governo Federal, entretanto, os
bairros Residencial Paris e Residencial Madri localizados em Tangará da Serra contam com toda a
infraestrutura mínima necessária e os moradores só receberam autorização para morarem após o térmico
das obras, já o bairro Jardim Imperial localizado em de Barra do Bugres apresenta diversas falhas e
mesmo assim foi aprovado pelo setor público para que os moradores pudessem habitar e atualmente as
obras continuam inacabadas.
2. OBJETIVOS
Para tentar compreender melhor esse panorama estabelecido nas cidades brasileiras, o trabalho tem
como objetivo geral analisar as obras de infraestrutura que foram realizadas através do MCMV e de
cunho privado em cidades específicas e assim tentar estabelecer um paralelo sobre as maiores
deficiências que os bairros possam apresentar. E como objetivos específicos tentarão ser respondidas as
seguintes questões: Porque na cidade Tangará da Serra os moradores só puderam habitar os bairros após
o término das obras e na cidade de Barra do Bugres os moradores puderam mudar mesmo com a
infraestrutura inacabada?
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para que o objetivo fosse alcançado, propõe-se uma pesquisa sobre a evolução do fornecimento de
infraestrutura por parte do Governo Federal em bairros do MCMV a fim de averiguar quais as possíveis
origens da falta de fiscalização. Para isso, utilizou-se de pesquisa empírica, fontes em sua grande parte
diretas e primárias, entrevistas e observação in loco.
A entrevista foi realizada por questionário composto por cinco perguntas, a partir das quais o
entrevistado descreveria os fatos ocorridos. 5 moradores foram entrevistados e divididos em três
categorias de envolvimento: moradores, construtora e a prefeitura local.
As perguntas direcionadas aos moradores tiveram o objetivo de relatar os fatos ocorridos pela ótica dos
mais prejudicados, a entrevista da prefeitura buscou informações pertinentes a possíveis irregularidades
na aprovação desses loteamentos e por fim a entrevista com a construtora responsável pelas obras e qual
sua posição quanto à situação.
A primeira visita in loco ocorreu no dia 7 de agosto de 2017 ao bairro Jardim Imperial, na cidade de
Barra do Bugres, onde foram tiradas fotos de boa parte do bairro para que as análises pudessem ser feitas
com mais precisão, assim como também ocorreu uma entrevista com os moradores para fosse possível
ouvir o relato pela ótica dos mais prejudicados nesse processo.
A segunda visita in loco ocorreu no dia 11 de agosto de 2017 ao bairro Residencial Paris e Residencial
Madri, na cidade de Tangará da Serra, onde foram tiradas fotos e alguns moradores foram questionados
acerca da qualidade das obras que aconteceram no bairro. Também foram coletados dados do setor
público referentes à construção desses bairros.
Por último, analisaram-se os dados obtidos e buscou-se saber quais os motivos que levaram o setor
público a aprovar o bairro que não apresentava os requisitos mínimos exigidos pelo Governo Federal e
quais poderiam ser as consequências dessa aprovação.
As ruas são todas pavimentas com asfalto e apresentam toda a sinalização necessária para orientar os
motoristas, existe a presença de uma escola de ensino fundamental e uma quadra poliesportiva que foram
construídas para atender a nova de demanda de educação e lazer para esta população. Entretanto, não
existe faixa de pedestre em frente à escola e pode causar certa insegurança por parte dos pais ao fazer
uso da via com os filhos, já a quadra poliesportiva nunca recebeu manutenção e atualmente está
abandonada por parte do poder público.
As calçadas apresentam uma padronização de materiais e dimensão, na Figura 3 é possível notar que
existe uma faixa com 1,1m de largura de concreto e o restante do espaço destinado a calçada (1,4 m) é
composta por terra. Apesar de apresentar rampas de acessos em todas as esquinas para facilitar a
locomoção dos moradores, as calçadas não respeitem a estrutura ideal conforme consta na NBR 9050,
que deveria ter sido aplicada no bairro (faixa de serviço, faixa livre e faixa de acesso), além de ser muito
estreita as árvores e postes estão locados de forma inadequada.
condição de pagar aluguel e o valor da mensalidade dos imóveis que não eram entregues por parte da
construtora. Eles permaneceram no local até meados de abril de 2017, mesmo sendo privados dos
serviços básicos como esgoto, água encanada e coleta de lixo, quando finalmente houve um acordo entre
a construtora e a prefeitura e o novo projeto de esgoto foi aprovado e executado em trinta dias.
Como o bairro foi construído pela mesma empresa que construiu o Residencial Paris, a configuração se
manteve parecida: Nas Figuras 4 e 5 é possível notar que as calçadas construídas contam com faixa de
concreto de dimensão de 1,1m e o restante é composto por terra, também não atende a estrutura ideal da
disposição dos elementos na calçada, existe a presença de rampas de acesso para carros e pedestres,
arborização considerável, postes de iluminação dispostos a cada 50 metros e altura padrão, porém não
são satisfatórios, por não atenderem a demanda da NBR 9050.
Por ser um bairro novo, ainda não apresenta internet e telefone fixo, a iluminação pública é eficiente e
distribuída de maneira uniforme pelo bairro. Há também a presença de uma escola de ensino
fundamental localizada no bairro que visa atender as crianças moradoras da região. Por estar localizado
em uma região mais distante do centro, foi necessário a criação de novas rotas de transporte público
para atender à demanda e como o comércio local é quase inexistente, exige por parte dos moradores
longos trajetos para outras regiões para o cumprimento de tarefas diárias.
Não foi constatado nenhum problema referente a
abastecimento de água ou energia no bairro por
parte dos moradores, apenas o incômodo que a
falta de solução do problema do sistema de esgoto
causou aos moradores.
Em parte do ano é possível notar que há um aumento de poeira que causa desconforto para os moradores
e foi observado durante a visita in loco, além de ser um gerador de desconforto físico, agregador de
problemas respiratórios e demais fatores relacionados à saúde populacional.
Por esse bairro ter surgido através da iniciativa privada e não convênio com a Caixa Econômica, que
possui uma série de regras e critérios que devem ser seguidos, o Jardim Imperial apresenta diversas
deficiências com relação às infraestruturas básicas: inexistência de pavimentação das vias, sistema de
esgoto e águas pluviais, que se agravam com o passar do tempo. Como alternativa, a falta de
infraestrutura, boa parte das residências adotaram o uso e implantação da fossa séptica para descarte de
dejetos. Quanto a coleta de lixo, foi informado pelos moradores que ocorrem três vezes na semana (terça-
feira, quinta-feira e sábado).
De acordo com os moradores local, um dos aspectos positivos é o fato de haver abastecimento de água
de forma adequada e ininterrupta, mesmo em períodos os quais está vem a falhar em alguns bairros do
município. Os postes de iluminação pública são dispostos em distâncias de aproximadamente 30 metros
um do outro, com altura padrão de 8 metros e com apenas uma lâmpada como observada nas figuras 8
e 9.
A divisão de serviços no bairro fica somente na teoria, ou seja, o bairro é basicamente residencial, conta
com cerca de seis pontos comerciais, e apenas um deles é mercearia, os demais são para outras
finalidades. Existe uma creche ainda em fase inicial de construção, as áreas deixadas para a finalidade
de equipamentos institucionais estão inutilizadas por falta de incentivo do poder público.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode ser constatado que o processo de aprovação dos bairros financiados pelo Governo Federal e o da
iniciativa privada foram diferentes. Como já apontado anteriormente, há diversas leis que regem o
parcelamento de solo para fins de interesse social, logo, o Residencial Madri e o Residencial Paris
localizados em Tangará da Serra – MT tiveram uma fiscalização por parte do setor público para que
assim fossem aprovados. Entretanto, mesmo com a fiscalização que ocorreu no local, houve sérios
problemas envolvendo infraestrutura urbana em um dos bairros e que só foi resolvido quando a justiça
foi acionada. Outro ponto constatado é que houve também o descumprimento de regras na construção
das calçadas, onde um modelo não ideal foi amplamente utilizado nos dois bairros por se tratar da mesma
empresa que construiu os bairros e por ser um método barato e rápido de construção.
A construtora não quis se pronunciar sobre os problemas apontados no presente artigo, entretanto, os
problemas mais graves do bairro Residencial Madri foram resolvidos após um acordo entre as partes
evolvidas. O setor público de Tangará da Serra responsável pelas obras de habitação afirmou que ocorreu
de forma constante as fiscalizações nos bairros citados e que a construtora se aproveitou de brechas na
lei para que a construção de alguns itens fosse acelerada.
O bairro Jardim Imperial foi totalmente construído pela iniciativa privada no município de Barra do
Bugres – MT e teve o aval do setor público, pois foi considerado como benéfico para a população que
carecia de moradias. Mas, como a fiscalização se tornou mais frágil por não envolver o setor público
diretamente acarretou em diversos problemas de infraestrutura já apontados e que perduram até
atualmente. A prefeitura de Barra do Bugres afirma que houve negligência por parte do setor público
em fiscalizar com mais rigor as obras e atribui esse contratempo ao baixo número de fiscais da prefeitura,
mas afirmou que continua até hoje cobrando por parte do setor privado que termine as obras de
infraestrutura básica necessária para o bairro.
A empresa responsável pela construção do bairro não foi encontrada para que se ouvisse seus
argumentos sobre a construção do bairro. As residências construídas no local dificilmente receberão
incentivos por parte do Governo Federal por não apresentar os requisitos mínimos de infraestrutura
básica para se morar no local. Mais uma vez quem sai como o maior prejudicado é a população que não
enxergava outra possibilidade a não ser adquirir esses imóveis mesmo com diversos problemas de
construção.
6. CONCLUSÕES
O intuito da pesquisa foi de analisar o processo de aprovação dos bairros em diferentes cidades e quais
os fatores de maior influencia nesse processo. Após as entrevistas e a visita in loco foi possível constatar
que os bairros que foram financiados pelo Governo Federal apresentavam uma fiscalização mais rígida
se comparada ao bairro do setor privado, entretanto, houve certa inércia por parte do setor público em
fiscalizar minuciosamente e que pode ser constatado no Residencial Madri que demorou dois anos para
ser construído e mesmo assim os moradores foram obrigados a esperar cerca de seis meses para o projeto
de esgoto fosse feito e aprovado pelo setor público.
Já o bairro que foi construído pelo setor privado teve diversas facilidades em ser construído por se
aproveitar de brechas da legislação e conseguiu aprovar o loteamento. Fica mais uma vez constatado
que a fiscalização das obras foi falha, os responsáveis pelo loteamento também fizeram uso do seu poder
de influencia na cidade e o setor público foi condescendente.
Por último, a população que terá que arcar com as consequências da ganância de um grupo de pessoas
que visavam aumentar seu lucro em detrimento dos problemas que causariam para os moradores e
também pela indiferença do setor público em fiscalizar em oferecer soluções viáveis para que esses
problemas fossem sanados.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANCO MUNDIAL (BIRD). World Development Report 1994. Oxford University Press, 1994.
BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. In: História da cidade. 1983.
BRASIL. Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e
dá outras Providências. Diário Oficial da União de 19 de dezembro de 1979.
BRASIL. Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de
1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de
11 de maio de 1978; e dá outras providências. Diário Oficial da União de 5 de janeiro de 2007.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, Cartilha Minha Casa Minha Vida. Governo Federal, 2009.
CHOGUILL, C. Ten steps to sustainable infrastructure. Habitat International, v. 20, n. 3, 1996.
CRESPO, P. G. Sistema de esgotos. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.
FERRARI, C. Curso de Planejamento Municipal Integrado: Urbanismo. 7.ed. São Paulo,
Pioneira, 1991.
KESSIDES, C. The Contributions of Infrastructure to Economic Development: a review of
experiences and policy implications. Washington, DC, 1993 (World Bank Discussion Paper, n. 213).
KOPPEN, W. 1900: Versuch einer Klassifikation der Klimate, vorzugsweise nach ihren
eziehungen zur Pflanzenwelt. – Geographische Zeitschrift 6, 593–611, 657–679.
MASCARÓ, Juan Luis; YOSHINAGA, Mário. Infraestrutura urbana. Masquatro, 2005.
SMILOR, R. W.; WAKELIN, M. Smart infrastructure and economic development: the role of
technology and global networks. In: KOSMETSKY, G.; SMILOR, R. W. (Ed.). The technopolis
phenomenon. Austin: University of Texas, 1990.
ZMITROWICZ, Witold; NETO, Generoso de Angelis. Infraestrutura Urbana. São Paulo: Textos
Técnicos POLI USP, 1997. Disponível em: Acesso em: ago de 2017.
RESUMO
Um importante espaço público que envolve toda sociedade são as praças, podendo se tornar identidade
e referência no local em que se encontram. Nelas, ocorrem os principais pontos de encontro e lazer de
uma cidade. Por esta razão o presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de
revitalização da praça Santa Isabel localizada na rua Luis José da Silva Neto no Bairro Santa Isabel em
Várzea Grande – MT. Para isto, foram realizadas visitas em campo, assim como coletas e
processamentos de dados, geográficos e socioeconômico do local e dos seus moradores, traçando um
perfil de usuários através de entrevistas com as pessoas que residem próximas ao local. Por meio do
softwares Autocad e Sketchup foi traçado o plano de propostas tendo como base desenvolver um
espaço que atendesse a toda a sociedade do bairro desde crianças a idosos e pessoas com deficiências
físicas criando um ambiente aconchegante e familiar sem que houvesse muita alteração nas
construções existentes, buscando preservar também a maior parte da vegetação existente. A partir
deste pensamento, alguns canteiros foram revitalizados, a quadra poliesportiva foi reformada, foi
desenvolvido rampas de acesso e piso táteis ao redor da praça, criou-se novos espaços como mesa de
jogos, playground, banheiros com acessecibilidade, posto policial e espaço para alimentação com foco
multiuso.
-------------------------------------------
1
Mestre em Recursos Hídricos, Professor Orientador, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Centro
Universitário de Várzea Grande, Av. Dom Orlando Chaves, 2665, Bloco D, Coordenação de Arquitetura e
Urbanismo, CEP 78.118-900, Várzea Grande-MT, E-mail: cezarbiologo@gmail.com.
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Acadêmico, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua C, Quadra 20,
757, Jardim Araça, CEP 78035-220, Cuiabá-MT, E-mail: admalinearaujo@hotmail.com
3
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Acadêmico, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua Coronel Neto,
468, Bairro Goiabeiras, CEP 78032-110, Cuiabá-MT, E-mail: arrudamariana14@gmail.com
4
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Acadêmico, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua Vinte e Cinco, 25,
Coophamil, CEP 78028-200, Cuiabá-MT, E-mail: tamela_macene@hotmail.com
5
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Acadêmico, Centro Universitário de Várzea Grande, Av. A, Quadra 04,
Lote 09, Boirro Dom Orlando Chaves, CEP 78118-180, Várzea Grande-MT, E-mail: mininelwj@gmail.com
Figura 1 - Imagem de satélite da praça central Santa Isabel (Google Maps, 2017).
Quadra de esportes
A quadra de esporte é um principal ponto da praça, pois segundo osmoradores neste local acontece
diversas competições e aulas de futebol para crianças. Porém este ambiente se mostra totalmente
danificado e as pinturas estão quase apagadas (figura 6). Para este espaço foi decidido reformar toda a
praça desde trincas à pintura nova e criar pequenos bancos que lembrassem uma arquibancada em
apenas um lado da quadra (figura 7).
Playground
Para atender à todas crianças do bairro, é proposto criar um playground com chão de areia. È proposto
os seguintes brinquedos: escalada, gira-gira, gangorra, escorrega e balanço (figura 11).
Proposta de acessibilidade
Para que a praça pudesse se tornar um lugar acessível para todos foram projetados rampas de acesso
nos locais que apresentavam desníveis, banheiros para portadores de necessidades especiais (PNE) e
piso tátil no entorno da praça tal qual dita a NBR 9050/2015.
Após o contato e catalogação, é proposto manter as árvores e retirar apenas os 2 pinheiros existentes e
os pingos de ouro, pois estes nao se enquadravam na nova proposta.Optou-se por colocar plantas que
fossem simples e coloridas, escolhendo árvores e arbustos que tem cores branco, vermelho, amarelo
presente em suas folhagens ou flores.
Foram acrescentados Ipê amarelo (Handroanthusalbus), Pata de vaca (Bauhiniavariegata),
Quaresmeira vermelha (Tibouchinagranulosa) e um Oiti (Licaniatomentosa). Para os canteiros foram
escolhidos os seguintes arbustos e flores Cambará (Lantana camara), Agave dragão (Agaveattenuata),
Hibisco (hibiscus rosa-sinensis), Cóleus (Solesnostemonscutillarioides), Cica (Cycasrevoluta), para os
pergolados as seguintes trepadeiras Alamanda (Allamandacathartica) e Ipoméia (Ipomoeacairica).
Como forração rasteira foi proposto a utilização da Grama Amendoim (Arachisrepens) e a Grama
Esmeralda (Zoysiajaponica).
O slogan “um lugar de todos para todos”, vem dizer que a praça é um espaço público a aberto para
todas as pessoas e por ter acessibilidade ela se torna um lugar onde qualquer um pode usar até mesmo
as pessoas portadoras de necessidades especiais.
4.CONCLUSÃO
O projeto de revitalização desta praça é parte prática do projeto integrador de alunos do quinto
semestre de Arquitetura e urbanismo do UNIVAG (centro universitário de Várzea Grande) onde nós
alunos ganhamos a oportunidade de trabalhar em espaços urbanos como a finalidade de preencher
grandes áreas abandonadas em centros ou periferias urbanas de responsabilidade pública, projetando
espaços que deem a ideia de modificação do clima, da paisagem e da região e proporcione a formação
de vínculos sociais entre moradores da região, ampliando assim a expansão demográfica do local.
O aproveitamento dessa áreadegradas possibilita ao bairro não somente a questões sociais, mas
também proporciona a preservação do meio ambiente.Além de ser um lugar seguro por agora possuir
um posto de policial. Além disso a praça oferece equipamentos para atividades físicas e esportes. Essa
revitalização obteve a intensão de criar não só um espaço de lazer,mas de também de se tornar o local
de união da população.
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Disponível em: <www.applocal.com.br> Acesso em:29 de maio de 2017.
MATOS, F. L. de. Espaços Públicos E Qualidade de Vida nas Cidades- O Caso da Cidade Porto.
Revista Eletrônica de Geografia. OBSERVATORIUM v.2, n.4, p.17-33, jul. 2010.
REVISTA ARQUITETURA E URBANISMO – O que é espaço públicos?. Disponível em: <
http://www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/232/o-que-e-espaco-publico-292045-1.aspx >
Acesso em: 17 de março de 2017
VIERO, V. C.; FILHO, L. C. B. Praças Públicas – Origem, Concitos e funções. In: Jornada de
pesquisa e Extensão. 2009.
RESUMO
O presente artigo consiste no levantamento e estudo urbanístico do Bairro São Mateus, localizado no
município de Cuiabá – MT. Por meio de pesquisas foram analisadas as possibilidades e viabilidade de
regularização da área a partir dos dados coletados, considerando as normas/ legislações vigentes e as
características do local, a fim de melhorar as condições de sobrevivência dos usuários do bairro. O
resultado do extenso levantamento foi o diagnóstico da área, objetivando vislumbrar as características
urbanísticas do Bairro originadas pelo seu desenvolvimento histórico, tal qual se define pela ocupação
irregular, que deu início à urbanização do local, essa expansão fez com que a área se tornasse
extremamente densa, impossibilitando a intervenção proposta com o intuito de dispor áreas verdes e
preservar as margens do córrego. Esse estudo feito nesses loteamentos irregulares demonstra a falta de
preparo da cidade para atender essa demanda populacional que cresce desordenadamente. O bairro está
localizado em uma Área de Preservação Permanente- APP, às margens do córrego do gambá, e está
inserido abaixo da cota 150, que caracteriza área de alagamento, todo o entorno é atingido por essa
problemática. O diagnóstico a seguir demonstra o processo de levantamento da área de estudo, que
apesar de ser uma ocupação irregular, mostra uma grande densidade.
1
Arquiteta e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: ana.laturner@hotmail.com.
2
Arquiteta e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: annalibera.salierno@gmail.com.
3
Arquiteta e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: aurea.arq.bio@gmail.com.
4
Especialização em Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela AVM Faculdade Integrada,
Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de
Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: marcelacebalho@hotmail.com.
5
Mestre em Engenharia Civil, Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das
Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
tatienecastro@yahoo.com.br
6
Mestre em Física Ambiental, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua
das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
paula.libos@kroton.com.br.
1. INTRODUÇÃO
O artigo consiste no levantamento e estudo urbanístico do Bairro São Mateus, localizado no município
de Cuiabá – MT, pelo Escritório Modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da
Universidade de Cuiabá (UNIC) – Campus Beira Rio. A metodologia utilizada foi o levantamento “in
loco”, estudos de caso, pesquisa de projetos de referência e como um estudo mais abrangente, foi
realizado entrevistas com os moradores do bairro (residências e comércios).
O resultado do extenso levantamento foi o diagnóstico da área, objetivando vislumbrar as características
urbanísticas do Bairro originadas pelo seu desenvolvimento histórico, tal qual se define pela ocupação
irregular, que deu inicio á urbanização do local. O bairro está localizado em uma Área de Preservação
Permanente- APP, às margens do córrego do gambá, e está inserido abaixo da cota 150, que caracteriza
área de alagamento.
O objetivo da pesquisa é analisar as possibilidades e viabilidade de regularização da área a partir dos
dados coletados, considerando as normas/ legislações vigentes e as características do local, afim de
melhorar as condições de sobrevivência dos usuários do bairro.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Boa parte do território urbano no Brasil constituiu-se através dos loteamentos clandestinos, onde a
população se apropria de lotes sem autorização de qualquer órgão competente. Tais áreas se constituem
então sem qualquer planejamento urbanístico e acabam sofrendo pela carência de infraestrutura urbana.
Conforme Silva, dentre os acontecimentos que caracterizaram o desenvolvimento e a história do Brasil,
estão às migrações inter-regionais, as quais ocorrem dentro do país entre as regiões que o constituem.
As migrações que ocorreram no Brasil estão relacionadas aos ciclos econômicos, no qual a população
em busca de melhorias nesse sentido e também melhorias no que diz respeito aos benefícios sociais
buscam novas oportunidades. Na região Centro-Oeste, onde se localiza o estado de Mato Grosso, entre
os anos 70 e 80, decorrendo das fronteiras agropecuárias, a região sofreu a supervalorização da
especulação agrícola o que ocasionou o êxodo rural e, no entanto, o crescimento desordenado das
cidades, como Cuiabá, provocando assim as ocupações irregulares no município.
Em meio aos bairros ocupados desordenados, na capital Mato-Grossense, está o Bairro São Mateus,
localizado na região Leste do perímetro urbano de Cuiabá. O São Mateus é um bairro
predominantemente residencial e se formou pelo processo de invasão, conhecido também como
grilagem de terra. Devido tal fato, a apropriação irregular do local tomou conta de toda a área invadindo
até mesmo a área de preservação permanente, com isso o bairro possui pouca infraestrutura e sofre em
decorrência da ausência de iluminação pública adequada, rede de esgoto, vias pavimentadas, além de
espaços públicos como praças.
Conforme a LEI Nº 3.756 DE 03 DE JULHO DE 1998, ficou instituído pelo Art. 1º no Município de
Cuiabá que o programa denominado TERRA DA GENTE – PROTEGE visava à regularização fundiária
em áreas invadidas, localizadas na capital Cuiabana, dentre as tais o Bairro São Mateus.
O Bairro São Mateus, localizado no município de Cuiabá, é um bairro de classe média baixa, que surgiu
através do processo de grilagem, onde se invadiam determinada área e envelheciam os documentos em
uma gaveta com grilos, a fim de falsificar documentos de posse de um local. Dessa maneira, sem
planejamento urbano realizado por órgãos competentes, o bairro cresceu de forma desordenada e
irregular. Hoje em dia o bairro passa por sérios problemas de infraestrutura urbana e é altamente
adensado.
Para um conhecimento mais exato da situação do bairro, foram elaboradas entrevistas com a população,
em todas as 26 quadras que compõem o São Mateus. Um questionário foi elaborado para a pesquisa
visando coletar o maior número de informações possíveis sobre os moradores e a atual situação do
bairro. Tais entrevistas tiveram início do dia 13 de maio e se enceraram no dia 20 de junho do ano de
2016, conforme modelo de questionário no Anexo um. , que totalizaram em aproximadamente 433
Figura 1 – Mapa de uso e ocupação do solo do bairro São Mateus. Fonte: os autores.
A maior parte da população é composta por adultos acima de 18 anos. Em relação ao nível de
escolaridade, notou-se que os números de moradores analfabetos são uma pequena minoria da
população. Enquanto 20% possuem ensino fundamental completo e 29% possuem ensino fundamental
incompleto.
Constatou-se uma predominância do gênero feminino dentre a população do bairro. De acordo com o
levantamento uma parcela muito pequena do bairro possui necessidades especiais ou dificuldade para
locomoção, somente 1%, média bem abaixo da média nacional que segundo o IBGE é de 6,2 %.
Em relação ao a renda familiar do bairro, mais da metade das famílias tem rendimento de dois salários
mínimos. O meio de transporte mais utilizado é o carro próprio, com um pouco mais de um terço do
uso. Em segundo lugar com pouco menos de um terço do uso está à motocicleta.
Mais de dois terços da população do bairro são naturais da capital mato-grossense, e as demais são de
municípios vizinhos e outros estados. E mais de metade da população do bairro reside a mais de 20 anos
no local.
Sobre a iluminação pública, somente uma porção pequena dos moradores classificam como ruim, a
maioria tem a iluminação pública como um item satisfatório.
Segundo os moradores do bairro a coleta de lixo e feita três vezes por semana e também é um item
bastante satisfatório para os moradores.
Constatou-se que o serviço de correio é satisfatório, com mais de 80% de aprovação dos moradores. Foi
observado que os moradores que se situam mais próximos a Avenida Beira Rio classifica o transporte
público como bom, em decorrência do fluxo de ônibus que são destinados a atenderem a demanda das
faculdades que ali se situam. Quanto mais se afasta da avenida, mais reclamações são feitas em relação
a esse item.
Observou-se que, quanto mais próxima à moradia esta do córrego que atravessa o bairro, maiores são as
queixas sobre o saneamento básico.
Cerca de um terço da população do bairro classificou o abastecimento de agua como ruim, a maioria
clássica entre bom e regular.
Houve um equilíbrio sobre a situação das vias, somente um terço da população classificou as vias
públicas como ruim.
Figura: Gráficos de passeio e segurança.
As predominâncias absolutas dos moradores alegam que as áreas verdes do bairro são ruins, isso se dá
pelo fato de não existirem áreas que se enquadrem nesse quesito.
As áreas públicas foram classificadas predominantemente como ruins, em torno de dois terços da
população as classificaram desta forma.
As edificações são predominantemente compostas entre três e cinco ambientes, metade das residências
entrevistadas tem este perfil. Essas edificações tem em sua maioria somente um sanitário. As edificações
são 99 % em alvenaria com onde mais da metade utilizam a cobertura cerâmica e as demais utilizam
telha de fibrocimento.
De acordo com o Código Florestal, Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012, as Áreas de Preservação
Permanente (APP) “consistem em espaços territoriais legalmente protegidos, ambientalmente frágeis e
vulneráveis, podendo ser públicas ou privadas, urbanas ou rurais, cobertas ou não por vegetação nativa”.
Em meio urbano, suas funções são de proteção do solo, proteção dos corpos d’água, manutenção da
permeabilidade do solo, abrigo para fauna e flora e amenização do desconforto térmico local. A
urbanização sem planejamento acarreta o crescimento desordenado das cidades, gerando entre outros
fatores negativos, a ocupação irregular, entre elas a APP. Para atenuar essa problemática, deve haver
mobilização por parte do poder público, através de fiscalização, recuperação e monitoramento, bem
como da população em geral, através da conscientização.
Ainda de acordo com o Código Florestal, dentre as Áreas de Preservação Permanente, em zonas rurais
e urbanas, encontram-se “as faixas marginais de qualquer” curso d’água natural perene e intermitente
excluído os cursos d'água efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de faixa
de APP de 30 metros para largura do curso d’água de até 10 metros, que é o caso desse objeto de estudo.
A micro bacia do Córrego Gambá localiza-se na área urbana do município de Cuiabá/MT, sendo que a
nascente se situa na Praça Dona Palmira Pereira Dias, sob as coordenadas geográficas 56°05’04,0”W
15°35’42”S no bairro Lixeira. A extensão do curso d’água Córrego Gambá é de aproximadamente 4,5
km e a área da sub-bacia é de 375 há, passando pelos bairros: Lixeira, Jardim Leblon, Areão, Poção,
Dom Aquino, Jardim Paulista e Grande Terceiro (IPDU. 2007).
Entre os bairros que o córrego permeia, encontra-se o Bairro São Mateus, temática desse trabalho, que
possui sua APP irregularmente ocupada. Essa ocupação ocorre principalmente devido à falta de políticas
públicas adequadas no sentido de prever um planejamento urbano que contemple todas as classes da
população, proporcionando serviços básicos de saúde, como saneamento e moradia.
São Mateus, a ocupação de moradias ocorre às margens do córrego do Gambá, ocasionando entre os
diversos impactos ambientais: erosão, vegetação degradada e despejo de resíduos domiciliares.
A ocupação irregular da APP é uma das condicionantes que inviabiliza a regularização fundiária do
Bairro São Mateus.
Figura 15 – Mapa do bairro São Mateus com informações da carta geotécnica. Fonte: os autores.
Figura 16 – Carta geotécnica de Cuiabá. Fonte: Universidade Federal de Mato Grosso e Prefeitura Municipal de
Cuiabá, 1990.
De acordo com a Carta, grande parte do bairro está inserida na planície de inundação e em áreas
aplainadas. A partir de estudos baseados no mapa topográfico oferecido pela prefeitura da cidade, notou-
se que o bairro em sua maioria é plano, aumentando as evidências de que é uma área propícia a
alagamentos e enchentes.
Figura 17 – Mapa topográfico do bairro São Mateus. Fonte: Prefeitura de Cuiabá, editado pelo autor.
Algumas das recomendações para essas áreas, de acordo com a carta geotécnica, são evitar a
permanência humana e de bens perecíveis e a implantação de sistema de previsão de enchentes.
O bairro sofre muito nos períodos de chuva, principalmente por possuir córregos poluídos que
colaboram para esses acontecimentos. Por conta do lixo jogado pelos próprios moradores nesses
córregos, a água da chuva não consegue seguir seu curso fazendo com que seu nível eleve e chegue às
casas que estão próximas, fazendo com que os moradores percam seus móveis e mantimentos.
Juntos, a planicie de inundação e a Área de Preservação Permanente ocupam cerca de 75% da área
total do bairro, o que inviabiliza a remoção dos moradores que estão nessas áreas para outro local do
bairro ou a regularização desses lotes.
Figura 18 – Mapa do bairro São Mateus com informações da carta geotécnica e área de proteção permanente.
Fonte: os autores.
7. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 3.756, de 3 de julho de 1998. Dá nova redação ao artigo 1º da Lei municipal nº 2.219/84,
de 27 de outubro de 1.984, que instituiu o Programa TERRA DA GENTE - PROTEGE.
_____. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as
Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro
de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a
Medida Provisória nº 2.166- 67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.
SILVA, Júlio César Lázaro Da. "Principais Migrações Inter-regionais no Brasil"; Brasil Escola.
Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/principais-migracoes-inter-regionais-no-
brasil.htm>. Acesso em 01 de novembro de 2016.
RESUMO
Esta trabalho apresenta um estudos sobres as diretrizes para formulação de cidades e loteamentos mais
sustentáveis. Tendo em vista que atualmente as cidades consomem muitos recursos naturais para sua
manutenção, sejam para produção de alimentos, produtos, bens, energia, serviços e lazer, por
concentrarem uma população crescente que nelas moram, estudam, trabalham e interagem. Esse
dinamismo tem consequências sobre as mudanças climáticas, através do surgimento de espaços
urbanos com muitas construções, amplas áreas impermeabilizadas, poucas áreas verdes, aumento da
poluição do ar e com um intenso tráfego de veículos. Sobre esse aspecto torna-se necessário a
realização de conferências, acordos, legislações que possibilitem uma maneira de nortear o
desenvolvimento do município para o enfrentamento das questões ambientais. Assim, a metodologia
utilizada consistiu em um levantamento bibliográfico das normas, certificações e programa que tratam
sobre o tema. Como resultado foi apontado as principais diretrizes que devem ser observadas para a
concepção das novas cidades, tendo em vista que o papel delas é ampliado no sentido de existir uma
maior mobilização para enfrentamento das mudanças climáticas de modo a proporcionar um futuro
melhor, norteando o desenvolvimento do município para o enfrentamento da degradação ambiental.
Por fim, esse trabalho tem como objetivo propor princípios da arquitetura bioclimática e sustentáveis,
através da adoção de normas e critérios de certificações para adoção de tecnologias sustentáveis,
fundamentais para as novas ocupações urbanas do século XXI.
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET,
Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: marcelramosarq@gmail.com.
2
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET,
Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: gabriel.moraes4@gmail.com.
3
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET,
Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: luizdiedrich@gmail.com.
4
Doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001). Pós-doutorado na
Universidade Federal do Paraná. Professora associada da Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando
Correa, 2367, FAET, Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: elianar@ufmt.br.
1. INTRODUÇÃO
Um das grandes preocupações atualmente refere-se a crescente ocupação urbana e os impactos
causados no ambiente, com aproximadamente metade da população do Planeta 3,5 bilhões de pessoas
vivendo nas cidades, existindo ainda uma expectativa que até o ano de 2030 esse percentual aumente
para 60%, sobre esse aspecto outro índice preocupante refere-se a população que não possui acesso a
moradia, sendo que aproximadamente 828 milhões de pessoas vivem ainda em favelas, tal constatação
demonstra a necessidade de se repensar as cidades e as formas de ocupação do espaço e dos impactos
que estão sendo gerados (ONU, 2017).
O rápido processo de urbanização que as cidades estão sofrendo está exercendo uma pressão sobre a
oferta dos recursos naturais e aspectos como água potável, fornecimento de esgoto, da conservação
ambiental, afetando primeiramente áreas próximas aos cursos de água, áreas ribeirinhas,
posteriormente a distribuição ao longo das linhas naturais de escoamento de impermeabilização,
aumento de inundações, alagamentos resultado a falta de infraestrutura e acesso a oportunidade de
desenvolvimento econômico e humano.
Outro grande desafio que as cidades estão enfrentando ocorre em virtude do grande impacto que o
segmento da construção civil proporciona. Na cidade de Cuiabá são recolhidos cerca de 30 mil metros
cúbicos diários de entulho segundo EcoAmbiental (2017) única empresa responsável pela coleta,
tratamento e aproveitamentos do resíduos da construção civil, onde cerca de 40% dos resíduos gerados
são das construtoras e 60% são de pequenas construções realizadas em bairros distintos.
Assim, observamos uma necessidade de se mudar a forma de ocupação das novas cidades, bem como
a maneira de morar e construir nossas edificações, onde conceitos de edifícios que produzem menos
impacto no meio biótico e abiótico como, Green Buildings, e de cidades inteligente Smart Cities que
comecem a pensar as cidade como organismos vivos, adaptadas ao local de sua construção e capazes
de suprir suas necessidades de água e energia a partir de elementos naturais, ações e práticas de
sustentabilidade, tais como:
Isolamento térmico e acústico;
Vedação adequada à zona bioclimática;
Reaproveitamento de resíduos no canteiro de obras;
Adequação às condições físicas do terreno;
Plano de redução de impactos ambientais no canteiro de obras.
As cidades atualmente precisam se ajustar a essa nova realidade, pois é inevitável conviver com esses
impactos. Nesse sentido, a adaptação pode ser entendida como o processo pelo qual os sistemas
naturais e humanos se ajustam aos efeitos climáticos presentes e futuros. Em sistemas humanos, a
adaptação inclui a busca por moderar ou evitar danos ou mesmo explorar oportunidades benéficas.
Como exemplo dessa nova forma de pensar as ocupações urbanas, o bairro solar Schlierberg,
localizada na cidade Friburgo Alemanha e que desenvolveu diversos planos para aumentar a
quantidade de áreas verdes, diminui a poluição acústica e ter espaços públicos mais atrativos que
fomentem as caminhas e o uso da bicicleta. Além disso, a adoção de novos conceitos arquitetônicos
como a arquitetura biomimética, uma corrente contemporânea que busca soluções sustentáveis na
natureza, sem simplesmente replicar suas formas, mas através da compreensão das normas que a
regem.
Portanto, esse estudo procura apresentar princípios para formulação da arquitetura bioclimática e de
cidades sustentáveis, que produzem menos impactos através da adoção de princípios construtivos e
adaptadas as características regionais, com adoção tecnologias que produzem menos agressão ao
ambiente.
4. MÉTODOS CONSTRUTIVOS
A relação do homem com o espaço edificado teve muitas percepções e intenções diferentes ao longo
da sua evolução, com isso os aspectos e definições a respeito da moradia foram mudando, onde antes
era um lugar de abrigo, passou a ser também um espaço de descanso, um lugar para o estabelecimento
das relações sociais e de convívio entre os membros.
Assim, a temporalidade e o contexto social são reflexos que podem ser identificado na relação do
homem com sua moradia, como um espelho de cada período histórico, onde podemos relacionar a
história do homem, com o seu meio de morar. Tal constatação é fundamental, pois a resolução dos
problemas atuais relacionados à moradia, passam também pela identificação das percepções do
homem contemporâneo sobre as suas necessidades. A partir destes estudos históricos baseados nos
conceitos de edificáveis sustentáveis para determinou-se os principais fatores que deverão ser
considerados como condicionantes para orientar a concepção de um novo modelo de habitação.
Nesse aspecto, os princípios da arquitetura sustentável, inovação, a respeito da qualidade do ambiente
construído, também foram incorporados na concepção do espaço urbano, buscando o equilíbrio entre
preço, prazo e qualidade, segundo (THOMAZ, 2001).
A tecnologia do uso do concreto avançou muito nas últimas décadas, permitindo o dimensionamento
de peças estruturais com seção cada vez menores bem como novas modelagens do mesmo. Uma delas
é a utilização do concreto autoadensável aerado, já incorporado por grandes construtoras nacionais,
devido dispensar a vibração da massa para que a mesma ocupe os espaços vazios das formas, seu
rápido endurecimento, diminuindo o tempo para se desformar as peças e pelo fato de haver em sua
composição inúmeras bolhas de ar que podem proporcionar melhor conforto acústico e térmico para a
edificação.
A utilização dessa técnica permite que o processo de construção seja projetado com o objetivo de
minimizar as perdas de material, maximizar a utilização da mão de obra bem como ter um prazo de
entrega muito mais rápido, dessa forma existe menor agressão ao meio ambiente, favorece
positivamente na economia financeira e gera menor quantidade de resíduos .
Uma edificação de concreto auto adensável, conforme as características do solo e do número de
pavimentos, necessita de uma estrutura superficial, chamada de radier, sobre a qual será instalada as
formas metálicas que darão forma às paredes da edificação, tendo ja sido instalado todas tubulações de
elétrica, água e esgoto. Feito esse procedimento basta fazer o lançamento do concreto e realizar a
desforma com 12 horas após a concretagem conforme figura 1. Após essa etapa, que leva, conforme a
edificação, de sete a dez dias, pode-se partir para a instalação da cobertura e demais acabamentos da
edificação.
Quanto a técnica vernacular, a que que se destaca nesse trabalho é a utilização de terra crua para
construção de vedações externas, a fim de atender as exigências impostas pela zona bioclimática na
qual o projeto se insere, bem como a fim de se reproduzir as edificações históricas da região, é o super
adobe. Essa técnica faz uso do solo encontrado no próprio terreno da edificação, o qual é ensacado em
sacos de dez metros de comprimento e instalados um sobreposto ao outro para formar a parede.
Após alguns dias de secagem ao sol, os sacos podem ser rasgados ou mesmo queimados deixando
exposta a terra já seca e pronta para receber tratamentos de acabamento desde a simples caiação
quanto a aplicação de revestimentos cerâmicos simples quanto os de alto padrão, conforme figura 2. A
utilização dessa técnica viabiliza a utilização de mão de obra local bem como proporciona o resgate
histórico da população local.
Como elemento para separação de ambientes internos, fora a construção de paredes, aponta-se a
possibilidade de utilização de anteparos fabricados com fibra natural utilizada para a confecção das
paredes das ocas indígenas conforme a figura 3. Essas tramas são feitas para impedir a entrada de
elementos externos da edificação bem como das intempéries, podendo ser utilizadas também como
elemento decorativo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nas certificações nacionais e internacionais, além de se considerar as características locais,
foram estabelecidas 22 diretrizes construtivas para as edificações para implantação de um loteamento
sustentável, que são as seguintes:
O emprego das diretrizes propostas se caracteriza como uma ferramenta de trabalho pode auxiliar os
projetistas no desenvolvimento de edificações e loteamentos, de forma a minimizar os impactos
ambientais e estimular os construtores e futuros usuários no cumprimento das metas sustentáveis.
Com isso, são previstas vantagens, sendo elas: a redução da extração recursos do meio ambiente;
redução do consumo de energia e água; diminuição da geração de resíduos de construção civil; e
redução das emissões de gases poluentes na atmosfera.
6. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Portanto, através de uma contextualização histórica, observa-se uma evolução dos aspectos referentes
à moradia, porém atingimos o século XXI sem ter conseguido superar a exclusão social e a falta de
moradia ou de sua qualidade oferecida, bem como não superamos a concepção é separação em
cômodos, advindas de outras épocas.
A revisão de literatura trouxe à luz do conhecimento a utilização de normas nacionais e internacionais
quanto a construções com características de baixo impacto ambiental em especial a utilização das
certificações a fim de garantir, que de fato a edificação não impacta o meio ambiente, sendo possível a
utilização das mesmas para nortear as futuras instalações, em especial, as edificações.
Por fim, a utilização de técnicas e tecnologias para construção, que se fazem valer do uso de
conhecimentos recentes da construção civil, bem como o uso de saberes muitas vezes adormecidos,
podem favorecer para concepção de empreendimento imobiliário, com baixo impacto ambiental e
podendo proporcionar aos seus usuários uma experiência única e significativa para a manutenção do
meio ambiente, pela utilização de elementos muitas vezes esquecido no processo de construção como
a terra, exceto quando se trata de realizar cortes ou aterro nos terrenos para que as construções sejam
acomodadas mais facilmente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, M.C.; BASTOS, N.F.A. Edificações Sustentáveis e Certificações Ambientais – Análise
do Selo Qualiverde. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Construção Sustentável. 2017. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/construção-sustentável>.
Acesso em: 20 jul. 2017
CÂMARA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Guia de Sustentabilidade na Construção. Belo
Horizonte, 2008. 60p.. Disponível em: <http://www.sindusconsp.com.br/img/meioambiente/05.pdf>.
Acesso em: 10 jun. 2017.
CARNEIRO, Gabriel Raia. Casa ecológica brasileira. Disponível em:
<http://www.earthbagbuilding.com/projects/casaeco.htm>. Acesso em: 20 jul. 2017.
RESUMO
O objetivo do trabalho é fazer uma relação entre o ambiente estudado, Praça Ângelo Masson, situada
em Barra do Bugres – MT, com os conceitos bibliográficos de espaço público, baseado em livros de
autores como Kevin Lynch (1960), Jane Jacobs (1961), Fraçoise Choay (1965) e Angelo Serpa (2007),
que consiste em um ambiente de espaço generalizado, possuindo caráter social, visto que deve ser usado
por toda e qualquer pessoa, sem nenhuma restrição, tendo também como intuito proporcionar lazer e
interação para o centro urbano, sendo o conceito de praça semelhante. Para o presente artigo foi
necessária a realização de uma pesquisa com a população para saber sua opinião a respeito da praça,
afim de que seja possível entender como o local é visto pelos mesmos e se esta cumpre seu papel de ser
um local de lazer e convívio para os cidadãos. O resultado das pesquisas realizadas, tanto presencial
quanto virtual, é que a praça em questão não é considerada atrativa pelas pessoas que vivenciam a
mesma, tornando-a, na maioria das vezes, um local de passagem. Diversas melhorias foram sugeridas
para sua estrutura, uma vez que essa não possui uso frequente. Portanto, o estudo serviu para melhor
compreensão do conceito de praça, podendo-se observar e concluir que o local de estudo, praça Ângelo
Masson, possui algumas sequelas, tais como falta de iluminação, espaço de lazer, arborização, bancos e
eventos, prejudicando assim seu uso e fazendo com que ela não exerça seu papel principal de espaço
público urbano, pois para o funcionamento deste ambiente, é necessário que o mesmo seja usado,
praticando-se então uma troca social de todas as pessoas nela envolvidas.
1. INTRODUÇÃO
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, discente autora, Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT, Barra
do Bugres – MT, E-mail: lariferreiraofc@gmail.com
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo, discente autora, Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT, Barra
do Bugres – MT, E-mail: vivienourique@gmail.com
3 Professora Mestre, Curso de Arquitetura e Urbanismo, orientadora, Universidade do Estado de Mato Grosso,
UNEMAT, Barra do Bugres – MT, E-mail: graciene.verdecio.gusmao@gmail.com
4 Professor Mestre, Curso de Arquitetura e Urbanismo, orientador, Universidade do Estado de Mato Grosso,
UNEMAT, Barra do Bugres – MT, E-mail: erickmello@yahoo.com.br
2. CONCEITOS
Espaço público é um local de ação política ou que possibilite essa ação, sendo este um ambiente de
acessibilidade generalizada sem restrição (SERPA, 2007). Segundo Lefebvre, o mesmo possui,
sobretudo, um caráter social (SERPA, 2007, pag. 19), pois é neste ambiente que as pessoas se misturam,
independente de idade, gênero e classe socioeconômica, sendo este conceituado pelo artigo 99º do
código civil como uso comum do povo, sem nenhuma restrição, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças (PLANALTO, 2002).
Pensar em cidade é pensar em pessoas e nos ambientes em que elas transitam. Deste modo, o espaço
público engloba os locais com serviços urbanos, tornando-se um conector de lugares e pessoas, uma vez
que a qualidade de um município está vinculada com sua dimensão de vida coletiva, que é determinado
pelos seus espaços distribuídos de forma democrática (CAU/SP, 2013). Além da qualidade de vida da
cidade, os espaços influenciam também no dia a dia da população, visto que podem ajudar no sentidos
dos indivíduos (JACOBS, 1998). Os caminhos, limites e marcos são de grande importância para a
criação da legibilidade, ou seja, para a criação da percepção dos lugares de uma cidade, uma vez que os
ambientes devem transmitir ao público uma sensação de acolhimento, de continuidade e segurança
(LYNCH, 1960).
Os ambientes urbanos já foram mais valorizados, sendo considerados pontos de encontro cultural e
político, porém, atualmente, muitos estão sendo pensados apenas como uma forma de valorização de
determinadas classes e regiões urbanas, possuindo um maior investimento nos espaços públicos visíveis,
capazes de atrair clientes e não cidadãos comuns (SERPA, 2007).
2.2 Praça
A praça pode ser vista com um dos ambientes públicos primordiais, sendo considerado um “espaço
ancestral que se confunde com a própria origem do conceito ocidental de urbano” (SEGAWA, 1996,
pagina 31). As mesmas surgiram, inicialmente, nas Ágoras gregas e Fórum romanos, correspondendo,
em ambos casos, como local de representação política, social e cultural daquela época, já na idade
medieval ganharam uma representação mais comercial, tornando-se pontos de troca de mercadorias.
Deste modo, nota-se que as praças sempre estiveram em contato com o ambiente urbano das cidades,
porém somente nas cidades renascentistas que passaram a possuir um significado mais urbano, sendo
consideradas parte do traçado urbano e adquirindo, portanto, um significado político e social (SOARES,
2007). Apenas no período moderno que as praças adquiriram um valor representativo voltado ao lazer
e ao divertimento. Com o pós-modernismo e a contemporaneidade, além de servir como espaço de troca,
centro cultural e de lazer, passa a receber serviços públicos, como ponto de ônibus e telefones públicos,
tornando-se cada vez mais um espaço de transição entre os pontos da cidade (SOUSA, 2010).
Para Kevin Lynch existem cinco dimensões para a construção de bons ambientes, sendo eles: presença,
uso e ação, apropriação, modificação e disposição. Para a elaboração das praças, a presença, o uso e a
ação são fatores importantes, uma vez que, o uso e a ação estão ligados ao fato de como as pessoas usam
o espaço público, e a presença com o direito de acesso ao lugar. (ALEX, pag. 21, 2008, apud. LYNCH,
1987).
Os acessos a um local são fundamentais para o uso do espaço. Deste modo, Stephen Carr estabelece três
tipos de acesso: físico, quando há ausência de barreiras; visual, referindo-se à qualidade de primeiro
contato, e por fim, simbólico ou social, que está ligado aos sentidos e/ou sinais que estabelecem quem
é e quem não é bem-vindo ao local. (ALEX, pag. 25, 2008, apud. CARR, 1995).
O uso das praças está ligado ao processo de diversidade social, aumentando desta maneira a cidadania
e democratização de uma cidade. (ALEX, pag. 27 e 279, 2008). Sua falta de uso pode ocasionar a
formação de ambientes privados, para a prática da vida pública, que como consequência cria uma
exclusão de determinados grupos, perdendo, desta maneira, a sociabilização do ambiente urbano.
(ALEX, pag, 279, 2008).
Portanto, podemos afirmar através do embasamento sobre os conceitos de LYNCH e CARR, que o uso
e o acesso de um local são fundamentais para o espaço e construção de bons ambientes. As praças, por
sua vez, são centros sociais que estão integrados ao traçado urbano, tendo elas um valor histórico, além
de participação no cotidiano do centro urbano. (ALEX, 2008). Logo, uma praça aberta ao entorno,
incluída ao traçado, sem barreiras e com qualidade visual, possui uma chance de se tornar um ambiente
agradável e de uso da população.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O presente artigo configura-se como qualitativo, onde os resultados obtidos são de caráter subjuntivos,
possuindo procedimentos técnicos bibliográficos com levantamentos, tendo como base teórica livros de
estudo do espaço urbano, sendo estes dos autores Kevin Lynch (1960), Jane Jacobs (1968) e Françoise
Choay (1965), entre outros. As bases teóricas serviram para um melhor conhecimento de conceitos como
espaço público, função social de uma praça e sua importância. Por sua vez, o levantamento será para
compreendermos a percepção visual do espaço público da Praça Ângelo Masson por parte da população
de Barra do Bugres – MT e como eles se sentem estando no presente local.
Os participantes da formação deste artigo são discentes do curso de Arquitetura e Urbanismo de Barra
do Bugres – MT, juntamente com o corpo docente. As pesquisas foram realizadas com a população, que
possui idades variadas, através do site Google Forms, uma vez que as perguntas realizadas eram de um
vocabulário capaz de ser compreendido por todos e não apenas por profissionais da arquitetura, visto
que os questionamentos foram criados com a intenção de entender a opinião da população a respeito de
alguns pontos do ambiente estudado, observando-se também quais são as problemáticas do local. A
pesquisa virtual teve uma duração de 18 dias, sendo esta do dia 03 de julho de 2017 à 20 de julho de
2017. As interrogações foram:
A) Gênero:
B) Idade:
C) Como você se sente no ambiente da praça Ângelo Masson?
Além da pesquisa virtual, foi realizado uma pesquisa presencial, esta, porém, com uma duração mais
curta, de apenas 7 dias, sendo aplicada do dia 10 de julho de 2017 à 16 de julho de 2017. Os
questionamentos do levantamento presencial foram os mesmos do virtual, uma vez que as discentes
procuraram ir à praça em horários distintos, afim de observar o local em períodos diversos do dia.
Foram utilizados dois tipos de pesquisa com a intenção de se ter uma maior veracidade com os
resultados, pois acredita-se que nem sempre as pessoas que poderiam responder à pesquisa virtual são
as que necessariamente são frequentadoras do ambiente, diferentemente da presencial, que, por sua vez,
mostra uma intenção real da população de estar naquele local.
Por fim, uma interpretação dos dados levantados será realizada através de base teórica, fazendo-se,
posteriormente, a conclusão do presente artigo.
4. DISCUSSÃO E RESULTADO
4.1. Presencial
Para a realização da pesquisa foram interrogadas 21 pessoas, de diferentes gêneros e idades, afim de
obter diversas percepções de acordo com a experiência em relação ao local de pesquisa, Praça Ângelo
Masson.
Gráfico 1 - Gênero
14
12
12
10
8 9
0
Masculino Feminino
Gráfico 2 – Idade
10 11
6
6
4
4
2
0
19 a 29 anos - 11 pessoas 30 a 40 anos - 4 pessoas 41 a 55 anos - 6 pessoas
16
14 15
12
10
4
4
2
1 1
0
Bem Tranquilo Neutro Mal
10
10
8 9
2
2
0
Sim Mais ou menos Não
De acordo com as respostas obtidas, ao observar dos gráficos 1 ao 4, é notório identificar que, tanto
homens quanto mulheres de diferentes idades, se sentem, em sua maioria, bem no ambiente da praça,
fazendo com que, dessa forma, exista uma interação entre a população, cumprindo a sua função social.
Porém, no quesito de consideração da praça atrativa, as opiniões foram divergentes na questão “sim” e
“não”, pois ambas tiveram quase o mesmo número de votos, já que muitos disseram que a praça
precisaria melhorar nos quesitos de aparência visual e estrutural para ser um ambiente mais atraente.
14
12
12
10
2
1 2 2 1 1 1 1
0
De acordo com o gráfico 5, na percepção visual dos entrevistados, o elemento mais marcante é o palco.
Segundo Lynch, os marcos são fatores importantes para a criação da percepção visual de um local,
portanto, o elemento palco compõe aquele ambiente, estando presente na memória visual dos cidadãos.
Todavia, é válido expor que a maioria das opiniões também fazem críticas ao elemento, devido ao fato
de que o mesmo não possui um uso contínuo.
5
5 5
4
4 4
3
2
2
1
1
0
Arborização Iluminação Paisagismo Eventos Lazer para Mobiliário
Culturais / crianças Urbano
Atração
O questionamento sobre melhorias propostas à praça, gráfico 6, serviu para melhor compreensão de
como a estrutura do local influencia na formação do ambiente para que ele seja mais atrativo, tendo
assim um maior uso. Foram diversas as sugestões propostas, sendo observado uma predominância
quanto a melhorias estruturais, mostrando assim que a praça possui algumas barreiras físicas, como falta
de mobiliário urbano, arborização e iluminação, que impedem um melhor aproveitamento do espaço.
6
6
5
5
4
4 4
3
2
2
1
0
0
1 vez ao dia 1 vez na semana Mais de uma vez na 1 vez no mês 2 à 5 vezes no mês 1 vez a cada 6
semana meses
Por fim, a última pergunta da pesquisa presencial é a respeito de com qual assiduidade os entrevistados
iam a praça. A mais discorrida, demostrada no gráfico 7, foi “mais de uma vez na semana”, podendo-se
concluir que a praça não está fora do cotidiano das pessoas entrevistadas, porém ela poderia ter maior
uso se possuísse as melhorias propostas, uma vez que, uma das entrevistadas relatou que era sua primeira
visita à praça em um período de 5 anos residindo em Barra do Bugres, assim como um entrevistado, que
possuiu uma barraca de lanche no local, comentou que de segunda a sexta-feira a praça está “morta”,
4.2. Virtual
A pesquisa foi iniciada no dia 03 de julho de 2017 (segunda-feira) à 20 de julho de 2017 (quinta-feira),
com o intuito de abranger o maior número de pessoas possíveis para a realização da pesquisa, uma vez
que a internet é muito utilizada atualmente. O horário disponibilizado foi de 24 horas por dia, dando a
oportunidade de todos responderem quando pudessem. Para melhor divulgação, as discentes receberam
auxílio do corpo docente da Instituição de Ensino UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso),
através de redes sociais.
Para a realização da pesquisa, foram interrogadas 50 pessoas, de diferentes gêneros e idades, para se
obter diversas percepções de acordo com a experiência em relação ao local de pesquisa, Praça Ângelo
Masson, e, assim como na pesquisa presencial, o vocabulário do questionário foi de fácil entendimento.
Gráfico 8 – Gênero
40
35 38
30
25
20
15
10 12
5
0
Masculino Feminino
Gráfico 9 – Idade
35
30
25
20
15
10
6
5 3
0
15 a 25 anos 26 a 40 anos 40 a 60 anos
16
14
14 14
12 13
10
8
6
4 5
4
2
0
Desconfortável Bem Calor Indiferente Acredito não
possuir estrutura
Na presente pesquisa foi identificado um maior número do público feminino, gráfico 8, dentre as mais
variadas faixas etárias, sendo elas de 17 a 59 anos, gráfico 9. Na pesquisa virtual, assim como na
presencial, as pessoas, em sua maioria, se sentem bem no local, gráfico 10. Porém, uma determinada
quantidade de pessoas respondeu que a praça não possui estrutura adequada para a demanda, não
dizendo, em específico, uma sensação em relação ao local de estudo. Portanto, apesar de promover uma
interação entre a população, o ambiente possui uma deficiência em seu uso devido ao seu espaço físico.
40
35 38
30
25
20
15
10 14
0
Não Sim
Diferente da pesquisa presencial, a quantidade de pessoas que não consideram a praça atrativa foi
superior em relação às respostas que consideram atrativa, gráfico 11, trazendo críticas em relação à sua
estrutura e uso. Esse resultado está relacionado à quantidade de pessoas que consideram o local sem
estrutura, sendo esta uma barreira para o seu uso, fazendo com que, neste caso, a praça não seja um
ambiente de qualidade, não despertando em todos um desejo de atratividade, tendo em vista que o espaço
público é um local de convívio que auxilia no funcionamento urbano.
35
30
29
25
20
15
10
5 8
1 3 2 2 2
0
Palco Orelhão Caixa Áreas verdes Estátua Do Localização Não tem
Peixe Eletrônico Índio
Novamente o “palco” foi considerado o elemento mais marcante da praça, gráfico 12, devido a sua forma
diferenciada e por ser chamativo. Podemos concluir, avaliando os dados referentes às pesquisas
presencial e virtual aplicadas, que o palco é o marco que está mais presente na memória visual dos
entrevistados, mostrando, dessa forma, sua influência na criação da leitura espacial daquele local,
20
18 19
16
14
12
10
8 10
6
4 6 6
2 4
2 2 1
0
Arborização Quisque Espaço de Mobiliario Eventos Iluminação Estrutura Caixa
lazer Urbano Eletrônico
No gráfico 13, sobre propostas de melhorias na praça, a mais citada foi a “arborização” pois, segundo
alguns comentários, essa solução faria com que as ilhas de calor diminuíssem, tornando assim a praça
um ambiente mais agradável. Melhorias no mobiliário urbano também foram citadas, mostrando que
melhorias físicas de uso e acesso ao local são fundamentais para o uso do ambiente, pois, conforme um
dos entrevistados, a praça precisa se adaptar ao uso de portadores de deficiências físicas, abrangendo
toda a população e cumprindo, então, seu papel de ser um espaço público de acesso a todos, sem
nenhuma restrição.
Para finalizar, o último gráfico 14, traz sobre uma relação de frequência em relação à praça. A resposta
mais mencionada foi uma vez ao mês, sendo observado, então, que o local não está presente no cotidiano
da maioria dos entrevistados virtuais. Esse resultado está muito ligado às outras perguntas, pois como
foi percebido, a pesquisa virtual trouxe resultados mais negativos, como o gráfico 11, que mostra que
36 pessoas não consideram a praça atrativa, assim como o gráfico 10, onde foi analisado que 14 pessoas
consideram a praça sem estrutura. Dessa forma, nota-se que a estrutura, a sensação e o uso do local são
aspectos importantes para a frequentação do ambiente.
Para a realização do trabalho, foi necessário um estudo teórico para melhor compreensão dos conceitos
de espaços públicos, como praças, assim como a importância desses ambientes, pois para que se entenda
o desenvolvimento destes, é necessário entender diretrizes básicas. As pesquisas serviram para que as
discentes entendessem o que faltava no funcionamento do espaço. Foi concluído, através da pesquisa
inter-relacionada à parte teórica, que a Praça Ângelo Masson é vista pela população como não atrativa
e que possui diversas falhas estruturais, causadoras de um certo desânimo ao ser visitada e frequentada
pela população barra-bugrense, uma vez que as falhas físicas também estão ligadas ao acesso ao local,
com sua percepção visual e os sentimentos que a mesma desperta na população, auxiliando na
legibilidade do lugar. Através da pesquisa de campo e virtual, é evidente que o local necessita de
melhorias no espaço como um todo, para que assim, a praça cumpra sua função de uso e de convívio
social. O trabalho serviu também para incentivar, em especial, a comunidade acadêmica a frequentar a
praça, pois o artigo foi apresentado a discentes do curso na disciplina de Produção de Texto e Leitura,
que, infelizmente, em sua maioria, relataram não frequentar a praça em seu dia a dia. Apesar da estrutura
falha do ambiente, é necessário dar a ela uma utilização, aumentando o uso do espaço e não permitindo
a perda de sociabilização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALEX, Sun. Projeto da praça: Convívio e exclusão no Espaço Público. São Paulo, Editora Senac,
2008.
GATTI, Simone. Espaços Públicos, diagnostico e metodologia de projeto. São Paulo, 2013.
Disponível em: <http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-
content/uploads/2013/11/Manual%20de%20espacos%20publicos.pdf> Acesso: 08 de Maior de 2017.
JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo, Editora Martins Fontes, 1961.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa: Editora Edição 70, 1960. Disponível em:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/4051350/a-imagem-da-cidade-kevin-lynch> Acesso: 23 de
Junho de 2017.
SEGAWA, Hugo. Ao amor do público: Jardins no Brasil. São Paulo, Editora Studio Nobel Ltda,
1996. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/mailhena/ao-
amordopublicojardinsnobrasilhugosegawa> Acesso 20 de Maio de 2017.
SERPA, Angelo. O espaço público na cidade contemporânea. São Paulo, Editora Contrates, 2007.
SOUSA, Rafael Oliveira de. A praça como lugar da diversidade cultural. Tangará da Serra, 2010.
Disponível em: <http://need.unemat.br/4_forum/artigos/rafael.pdf> Acesso: 21 de Junho de 2017.
1 – RESUMO
O processo de produção do espaço urbano acontece por meio da apropriação do solo, tanto pelas
ocupações regulares como pelos assentamentos informais, os quais interferem significativamente no
ambiente que, muitas vezes resultam em impactos ambientais e posteriormente na redução de
qualidade de vida dos moradores. Por este motivo, o presente trabalho apresenta uma análise sobre as
condições ambientais e urbanísticas do “Bairro” Serra Dourada, em Cuiabá MT, cuja implantação
ocorreu ha mais de 10 anos, como um assentamento irregular promovido por moradores de baixa
renda. Com o objetivo de analisar os impactos gerados no assentamento, foram utilizadas diferentes
técnicas de pesquisa, como levantamento de dados oficiais e em campo, análise de mapas e fotos
aéreas e aplicação de métodos de classificação dos indicadores ambientais. O entendimento da
dimensão do problema foi possível após a tabulação e sistematização dos dados e informações para
posterior produção de quadros gráficos para demonstração das magnitudes de cada impacto e suas
correlações com os componentes ambientais. Com isso, foi possível constatar diversas situações que
comprometem a qualidade ambiental atual e futura da região, bem como apresentar sugestões para
enfretamento do problema, que ultrapassa as dimensões da regularização jurídica e fundiária e deve
contemplar às melhorias urbanísticas, habitacionais, ambientais e sociais.
1
Acadêmica do 10º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMT. Av. Fernando Correa, 2367, FAET, Bloco C,
CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: deborahzanatta2@gmail.com
2
Acadêmica do 10º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMT. Av. Fernando Correa, 2367, FAET, Bloco C,
CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: gabrielavido@gmail.com
3
Acadêmico do 10º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMT. Av. Fernando Correa, 2367, FAET, Bloco C,
CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: joel.gatto@hotmail.com
4
Técnico em Eletrônica pelo IFMT e Acadêmico do 10º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMT. Av.
Fernando Correa, 2367, FAET, Bloco C, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: raphaelhique@hotmail.com
5
Arquiteto urbanista pela UFPR e Doutor em Urbanismo pelo PROURB – UFRJ. Av. Fernando Correa, 2367, FAET, Bloco
C, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: valdinirpiazza@hotmail.com
2 - INTRODUÇÃO
3 - METODOLOGIA
O assentamento estudado está localizado na região norte de Cuiabá, nas proximidades do bairro
Morada da Serra I (CPA I) e no final da Avenida Historiador Rubens de Mendonça (Avenida do
CPA). (Figura 01).
Figura 01- Localização do Bairro Serra Dourada (em Figura 02- Demarcação dos limites da área de
vermelho) na mancha urbana de Cuiabá. estudo, bairro Serra Dourada.
Fonte: Google Earth, acesso: 18/08/2017 Fonte: Google Earth, acesso: 18/08/2017
Trata-se de uma região de topografia plana, localizada entre dois cursos d’água, possuindo assim
pequenos declives em seus limites, os quais contemplam faixas de APPs (áreas de preservação
permanente). Seu entorno é composto pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça e por conjuntos
habitacionais da COHAB e do Minha Casa Minha Vida (Figura 02).
A cobertura vegetal é um importante indicador ambiental que tem, dentre outras funções, a de proteção
do solo contra erosões, impedindo o impacto direto da chuva com o mesmo e auxiliando-o em sua
estruturação por meio das raízes. Além disso, as raízes ajudam na captação da água e permeabilidade
do solo. Apesar de toda a importância da vegetação, ela está presente em apenas 8,16% da superfície
do bairro Serra Dourada, mostrando que ao longo do tempo a região passou por um intenso processo
de retirada da mesma, a fim de limpar a superfície para melhor aproveitamento do solo. A superfície
vegetada tem maior concentração nas Áreas de Preservação Ambiental, como ao logo do Córrego
Vassoral, onde existe uma faixa de vegetação mais densa. Entretanto, essa faixa é menor que 30
metros de extenção, previsto em lei, o que representa 61,66% APP desmatada, resultado direto dos 6%
das residências do bairro que se encontram dentro dessa faixa de proteção.
Na faixa mais densa de vegetação, ao longo do córrego Vassoral, percebe-se que boa parte das
espécies nativas foram substituídas por espécies exóticas, como mamona, bananeira, mamão e algumas
até espécies invasoras, como a Leucêna (Leucaena leucocephala.), que além de se reproduzir
rapidamente, impede o desenvolvimento de outras espécies ao seu redor.
O escoamento das águas superficiais depende das características geomorfológicas do terreno, e estas
podem ser modificadas conforte o tipo de ocupação. Isto resulta em novos caminhos para as águas, o
que aumenta sua velocidade e vazão, além da possibilidade de concentrar-se em pontos específicos
(inundações). A consequência disso pode ser a erosão, o acúmulo de sedimentos nos cursos d’água
(promovendo seu assoreamento) e a contaminação das águas.
No referido bairro não foram observadas grandes modificações na topografia, pois a maior parte do
terreno é plana. Os pontos mais modificados são aqueles de média declividade, correspondendo às
áreas próximas as APP. A figura 03 apresenta uma situação em que foi construído um dreno com
manilhas enterradas, interrompidas uma quadra antes de chegar ao córrego. A partir desse trecho, a
água escorre a céu aberto, através de uma pequena passagem entre os muros de duas residências,
construídas na APP. Diante disso, a classificação de drenagem natural no apêndice 01 é “alterada em
regiões não críticas” correspondendo a classe 2.
Ainda em relação à rede de drenagem, foi possível perceber que ela só existe nas poucas vias
pavimentadas, cujos bueiros e caixas de inspeção estão parcialmente obstruídos por entulhos e lixo e
não se conectam adequadamente ao curso d’água.
Não foi constatado assoreamento nos cursos d’água devido à da baixa declividade do relevo (ver
figura 04), e também devido à baixa ocupação das margens dos córregos. Dessa forma, o indicador
sedimentos nos cursos d’água foi enquadrado na classe 1 (ver apêndice 01).
Figura 03 – Galeria de drena-gem usada como Figura 04 – Rua estreita, com baixa declividade e
emissário de esgoto sanitário. Fonte: equipe sem pavimentação. Fonte: equipe
A construção do sistema viário dos loteamentos de Cuiabá deve seguir os parâmetros da Lei
Complementar nº 232/11, que prevê o Padrão Geométrico Mínimo (PGM) de 12 metros para as vias
locais e 18 metros para as vias coletoras. A implantação viária do bairro Serra Dourada é ortogonal,
até mesmo nas áreas de risco, e 84,55% dela é inferior ao PGM (classe 2). O calçamento dos passeios
existe apenas em 38% das casas. Isso é preocupante, pois gera diversos problemas quanto à
acessibilidade. A falta de pavimentação nas vias corresponde a 90,02% (Classe 3, Apêndice 1), fator
que acarreta problemas respiratórios e desconforto para os moradores, principalmente para crianças.
Segundo o artigo 114 da Lei Complementar nº 389/15, que dispõe sobre o uso e a ocupação do solo, a
inclinação das vias deve ser menor que 10%. Sobre este aspecto, 94,48% da extensão das vias do
bairro atendem às disposições legais (figura 05), o que permitiu enquadrar o bairro na classe 2 do
apêndice 1. De modo geral, o traçado das vias é ortogonal em grelha, com exceção de poucas ruas
mais próximas das bordas do bairro.
O sistema de infraestrutura é parte obrigatória e fundamental em qualquer loteamento, pois é ele que
vai possibilitar os serviços públicos fundamentais para as atividades humanas da vida urbana. O
abastecimento de água potável, a rede de energia elétrica e iluminação pública, a drenagem de águas
pluviais, rede de esgotamento sanitário, sistema viário e calçamento são benfeitorias que tornam
possível a ocupação adequada do espaço. Entretanto, na maioria dos casos, é difícil o sistema de
infraestrutura acompanhar o crescimento desordenado de bairros irregulares.
No Serra Dourada, há uma enorme precariedade relativa à estrutura viária, pois 90,02% das vias não
tem pavimentação. As únicas vias atendidas pelo asfalto são a via principal, onde passa o transporte
público, e uma via paralela a esta. Já a falta de calçamento dos passeios equivale a 62% dos lotes
acarretando em precariedade para pedestres, principalmente para idosos, pois as poucas calçadas têm
dimensões menores que as exigidas por lei, descontínuas e com muitos obstáculos.
O bairro é atendido pela rede oficial distribuição de energia elétrica e de abastecimento de água
potável. Porém, verificou-se que, ainda assim, 2% das residências declararam utilizar ligação
clandestina de abastecimento de água (Figura 07), principalmente as que estão próximas às Áreas de
Preservação Ambiental e se instalaram recentemente na no bairro.
Os moradores do bairro ainda não são atendidos pela rede esgotamento sanitário, obrigando-os a dar
destinação inadequada para os efluentes domésticos. 91% dos moradores lançam esgoto sanitário in-
natura, nas fossas negras, enquanto 8% escoam a céu aberto (Figura 08). 42% das águas servidas são
direcionadas para fossas negras e, 47% são despejadas a céu aberto (figura 09), muitas vezes na
própria via de logradouro ou no fundo do quintal, o que gera um ambiente extremamente insalubre e
danoso à saúde da população. Alguns moradores argumentam que as águas servidas são “mais
limpas”, e que se direcionadas para a fossa negra, acabam demandando muito pelo caminhão limpa
fossa. As águas servidas das residências que ficam próximas aos córregos acabam, por fim, indo para
os cursos d’água, assim como 11% das demais residências que depositam os dejetos diretamente nos
córregos.
O Plano Diretor de Cuiabá7 tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes em padrões dignos de conforto. Para isso, o
município deve assegurar para as presentes e futuras gerações o direito a terra urbanizada, aos serviços
e equipamentos públicos. No entanto, no bairro Serra Dourada, os equipamentos públicos como
escolas e creches ainda não foram construídos, nem mesmo praças e áreas lazer e recreação. O
transporte coletivo atende parcialmente à região, sendo que o único serviço ofertado com maior
eficiência é a coleta dos resíduos sólidos, que atende a população três vezes por semana, em 95% dos
domicílios.
As áreas públicas devem obedecer às propostas da Lei de Uso e Ocupação do Solo do município,
sendo que os novos loteamentos devem respeitar pelo menos de 35% de áreas públicas, englobando
10% destinadas para praças e áreas de lazer e 5% de equipamentos públicos e comunitários (creches e
escolas), e pelo menos 20% para a implantação do sistema viário.
Os parâmetros expostos acima não são atendidos no bairro. Em sua configuração não há áreas
reservadas às edificações públicas e à promoção de atividades recreativas. O espaço coletivo é
prejudicado em detrimento do espaço individual, o que obrigará o município a efetuar desapropriações
para implantação de equipamentos para a comunidade no futuro.
A questão fundiária é o tema mais importante, em termos jurídicos, para possibilitar a regularização de
uma ocupação irregular. Quando a área ocupada é de propriedade do poder público, a questão se torna
menos trabalhosa, pois basta aprovar o parcelamento do solo no municipal para a emissão dos novos
títulos de propriedade em nome dos moradores. Quando a área é de propriedade privada, a questão
fica mais complexa, pois é necessário desapropriar a área, transferindo-a para o poder público, o que
demanda recursos maiores. Para as áreas em litígio a questão se torna mais difícil, pois há necessidade
de resolver primeiro a questão jurídica, o que pode demandar longo tempo. No caso do bairro em
estudo, constatou-se que 100% das casas estão em situação fundiária irregular, e segundo informações
da presidente de bairro, parte da área é de propriedade do município e parte de propriedade privada,
logo a regularização fundiária fica muito complexa.
O bairro passou por várias tentativas de regularização, primeiro através do município, depois através
do estado por meio de empresa terceirizada, porém nenhuma se consumou, mantendo a área na
situação de informalidade, portanto enquadrada na classe 2 (Apêndice 01) .
O impacto ambiental geração de poeira é diretamente influenciado pela ausência de pavimentação das
vias, índices de cobertura vegetal e pelas atividades urbanas. O valor representa 60% do total possível
(no1 da figura 10). A falta de pavimentação nas vias é o fator que mais corroborou para o valor
elevado, acarretando inúmeros malefícios à saúde dos moradores e para o meio ambiente, como o
assoreamento dos córregos.
Este impacto está relacionado com a forma de lançamento do esgotamento sanitário e a coleta de
resíduos sólidos. Atingiu 72 pontos de uma escala que vai até 120 (no 2 da figura 10). Apesar da coleta
de resíduos atingir 95% dos domicílios, este valor foi fortemente influenciado pelo lançamento de
esgoto e águas servidas a céu aberto ou em fossas negras.
O valor do impacto alteração da cobertura vegetal foi baixo, chegando a 48 pontos numa escala que
chega a 240 (ver no 3 da figura 10). Foi influenciado, principalmente, pelos itens de maior peso como
o índice de cobertura vegetal e o percentual de preservação nas matas ciliares nas APP. Observou-se
que, em função da localização dos fragmentos de vegetação nas bordas do assentamento, este
corredores possibilitam a circulação de espécies animais, características que precisam ser preservadas
e até mesmo melhoradas.
O bairro está situado entre dois cursos d’água: na extremidade sudoeste pelo córrego Vassoural e por
outro córrego na extremidade nordeste. Este impacto ambiental, que deixa o Serra Dourada com um
alto índice de contaminação, chegando a 60% do valor máximo que é de 210 (no 4 da figura 10), é
decorrente da falta de um sistema de coleta de tratamento de esgoto sanitário e, como consequência
disso, 100% do esgoto in-natura e das águas servidas são lançados nas meio de fossas negras ou
simplesmente liberadas a céu aberto ou nos próprios córregos, que por fim contamina o solo, o lençol
freático e os cursos d’águas.
A avaliação deste impacto mostrou-se moderado ao atingir 36 pontos de uma pontuação máxima
possível de 120 (no 5 da figura 10). Apesar de a rede de drenagem ser quase inexistente e a alteração
da drenagem superficial ser mediana, o resultado se deve à baixa declividade da topografia e às
condições de preservação das APPs. Por estas características, parte dos sedimentos gerados pela
ocupação urbana não chegam aos córregos em curto espaço temporal.
1 - Geração de Poeira.
2 - Geração de Gases.
3 - Alteração da cobertura vegetal.
4 - Contaminação das águas.
5 - Assoreamento dos Cursos D’água.
6 - Intensificação dos processos erosivos.
7 - Degradação da paisagem.
8 - Redução das condições de circulação do sistema viário.
9 - Redução das condições de habitabilidade.
10 - Carência de serviços e equipamentos públicos.
11 - Insuficiência de áreas públicas.
12 - Carência de Infraestrutura.
13 - Desestruturação Fundiária.
Figura 10 – Gráfico de comparação dos valores de impactos ambientais obtidos e dos valores máximos;
Fonte: equipe
Este impacto ambiental mostrou-se moderado, cuja pontuação foi de 39 de um máximo possível de
130 pontos, portanto, equivalente a 30 % (no 6 da figura 10). Isso se deve principalmente a boa
proteção do solo e das APPs e às baixas declividades do relevo. Porém há necessidade de alguns
cuidados a respeito deste impacto, pois a tendência é de aumento da impermeabilização do solo e
consequentemente do aumento do volume das águas pluviais, o que pode intensificar os processos
erosivos.
O impacto degradação da paisagem do bairro corresponde a 40% do valor máximo (no 7 da figura 10).
Está relacionado com as águas servidas e ao esgotamento sanitário, lançados a céu aberto ou nas vias
públicas, agravado pela falta de pavimentação, com o surgimento de buracos e valas. Além disso, o
bairro passou por um intenso desmatamento, que deixa a paisagem restrita às edificações, ainda em
processo de melhorias e ampliações.
A redução das condições de circulação no bairro representa 40% da pontuação máxima, que vai até 60
(ver no 8 da figura 10). Embora as características construtivas do bairro ainda estejam em situação
precária, como a falta de hierarquização e dimensões das vias ( menores que o mínimo exigido por
lei), a baixa pontuação se deve em função dos poucos obstáculos nas vias, como erosões e lugares
íngremes.
Esse impacto ambiental foi considerado moderado, com uma pontuação de 32, correspondente a 40%
do total (no 10 da figura 10). Embora o bairro não conte com equipamentos públicos como escola,
creches e áreas de lazer e recreação, a pontuação foi influenciada pelas boas condições de coleta de
lixo. Neste caso, há a necessidade de uma análise mais detalhas de todos os serviços e equipamentos
públicos relacionados com este impacto, visto que a realidade do bairro é menos favorável que os
números indicam.
O impacto causado pela insuficiência de áreas públicas é, dentre todos os impactos, talvez o mais
problemático, visto que chegou a 42 pontos numa escala que vai até 60, ou seja, equivale a 70% do
máximo (no 11 da figura 10). Isso ocorreu porque o bairro foi construído sem reserva de áreas
públicas, o que já é uma dificuldade para o município no atendimento das necessidades da população,
o que gera pouca integração e interação social entre os moradores pela falta de espaços coletivos.
Este impacto ambiental alcançou 48 pontos de um máximo possível de 80 (no 13 da figura 10).
Embora a pontuação não seja relativamente elevada, as consequências da desestruturação fundiária são
pouco compreendidas pela população. Um bairro irregular representa perda de arrecadação por parte
do poder publico e, consequentemente, os recursos do município são insuficientes para investimentos
e melhorias do próprio espaço urbano. Quanto maior forem as irregularidades urbanísticas e fundiárias
da cidade, menores serão as condições para que o poder público atenda minimamente as necessidades
da população.
Em relação ao impacto sobre as águas de superfície, vê-se no número 1 da figura 11, que a pontuação
chegou a 94 numa escala que vai até 210, representando menos de 50% de degradação, portanto é um
impacto mediano. Tal resultado se deve, principalmente, pela questão de contaminação das águas,
devido ao lançamento em curso d’agua de águas servidas e negras por algumas residências próximas
aos córregos. As questões de assoreamento dos cursos d’água e preservação da vegetação contribuíram
para amenizar os resultados.
6.2 – Solo
Este componente obteve pontuação de 59 numa escala que vai até 180, cerca de 30% de degradação
(no 2 da figura 11). Mostrou-se como um resultado razoável obtido, principalmente, pela preservação
das APPs e pelo modelo construtivo das vias públicas em relação ao relevo. Porém, há necessidade de
melhor detalhamento dos componentes ambientais que interferem no solo, visto que o bairro não conta
com rede de esgoto, e a proliferação de fossas negras no bairro também é uma característica de
contaminação do solo.
Fauna e a flora são componentes ambientais importantes para o ecossistema da região, principalmente
pela presença de dois córregos nas extremidades do bairro. O impacto teve uma pontuação
moderadamente baixa, atingindo 88 pontos de um máximo de 220 (no 3 da figura 11). O crescimento
urbano desordenado do bairro, aliado ao forte desmatamento da região, gerou uma cobertura vegetal
bastante fragmentada, tendo pontos de concentração de vegetação nas faixas de APP. Ainda assim, a
parte da vegetação existente é exóticas e invasora, que afugentam a fauna e empobrece o próprio solo.
1 - Águas de
Superfície.
2 - Solo.
3 - Fauna e Flora.
4 - Qualidade do ar.
5 - Uso do Solo.
6 - Qualidade de
vida.
Figura 11 – Avaliação dos impactos sobre os componentes ambientais comparados aos valores máximos.
Fonte: equipe
6.4 - Qualidade do ar
Sobre o impacto na qualidade do ar, verificou-se o valor foi 85 pontos na escala máxima de 150 (no 4
da figura 11), portanto considera-se um impacto moderado. Neste caso, a qualidade do ar ficou
comprometida pelo lançamento de águas servidas diretamente nos quintais e nas ruas e pela pouca
pavimentação das vias, o que gera muita poeira, principalmente no período de estiagem.
O impacto sobre o uso do solo atingiu um a pontuação de 90 dentro de uma escala de 200, ou seja,
45% do total. As caraterísticas de uso e ocupação do solo são fortemente influenciadas pelo falta de
infraestrutura e pela inexistência de documentação dos lotes. Estes aspectos dificultam a dinâmica de
melhorias e investimentos feitos pelos próprios moradores e pelas atividades econômicas, o que leva o
bairro a permanecer por um período maior de estagnação.
O impacto sobre o componente qualidade de vida é gerado diretamente por praticamente todos os
indicadores ambientais. Chegou a 266 pontos de um total máximo possível de 500 (no 6 da figura 11).
É importante ressaltar que os aspectos precários dos serviços urbanos e equipamentos públicos, bem
como a falta de infraestrutura, contribuíram fortemente para essa pontuação. Essa precariedade obriga
os moradores a grandes deslocamentos até os bairros vizinhos, como o Conjunto Habitacional Morada
da Serra I e II, sobrecarregando os equipamentos existentes nesses bairros, não dimensionados para
essa população adicional, interferindo negativamente da qualidade de vida da circunvizinhança.
7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados levantados, pode-se constatar que a carência de infraestrutura no bairro Serra
Dourada representa um dos problemas de maior gravidade, pois gera diferentes impactos ambientais,
como geração de gases, poeira e contaminação de cursos d'água, prejudicam diretamente o bem-estar e
qualidade de vida dos moradores. Outro fator que deve ser considerado é a carência de equipamentos
públicos e áreas livres para lazer, que também comprometem o pleno desenvolvimento das funções
sociais e o bem-estar dos habitantes. No geral, a não aplicação da lei e o descaso do poder público
para com os assentamentos irregulares, como o do Serra Dourada, resultam nos impactos que
extrapolam os limites do bairro.
Constatou-se que as políticas públicas de regularização fundiária são limitadas a simples regularização
jurídica da propriedade, sendo que a regularização urbanística e ambiental é comumente deixada de
lado. Não são implantados os equipamentos comunitários de lazer e a infraestrutura que, na prática,
são itens importantes do direito à cidade.
O relevo do local apresenta boas condições para a urbanização e, por ser parte da área de prioridade
pública, os impactos ambientais podem ser minimizados se houver uma ação rápida do Governo do
Estado ou da municipalidade.
O estudo demonstrou a importância dos aspectos ambientais, urbanísticos e sociais no processo de
expansão e gestão da cidade. Mesmo sendo um estudo por amostragem de um único bairro, é
importante esse grande problema de Cuiabá seja enfrentado através de estudos e políticas embasadas
técnica e cientificamente.
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUIABÁ, Prefeitura Municipal de, Lei Complementar no. 232. Dispõe sobre a hierarquização viária
do Município de Cuiabá. Cuiabá: 2011.
______, Lei complementar nº 389. Disciplina o uso e ocupação do solo no Município de Cuiabá.
Cuiabá: 2015.
TOPANOTTI, V. P. Estudo dos impactos ambientais das invasões urbanas de Cuiabá – MT. 193 f.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental. COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2002.
9 - APÊNDICES
1 Menos de 3% da extensão das vias tem inclinação superior ao permitido pela legislação
Compatibili- 2 De 3 a 6% da extensão das vidas tem inclinação superior ao permitido pela legislação
dade com o
relevo 3 Mais de 6% da extensão das vias tem inclinação superior ao permitido pela legislação
Integração com 1 Integrado aos bairros circunvizinhos por duas ou mais vias públicas
as vias públicas 2 Integrado aos bairros circunvizinhos por apenas uma via pública
do entorno 3 Sem integração com os bairros circunvizinhos (somente circulação interna)
1 Não existem barreiras físicas dividindo o bairro
Integração 2 As barreiras físicas dividem o bairro em duas partes
interna 3 As barreiras físicas dividem o bairro em mais de duas partes
1 Atividades da categoria compatível ou de menor incomodidade
Atividades 2 Atividades das categorias compatível e baixo impacto
existentes 3 Atividades das categorias compatível, baixo impacto e médio impacto
1 Predomina afastamentos maiores que 10 m
Afastamento
2 Predomina afastamentos entre 10 e 6 m
das edificações
3 Predomina afastamentos menores que 6 m
1 Predomina edificações de alvenaria acabada
ocupação do solo
Tipologia
2 Predomina edificações de alvenaria inacabada
das edificações
3 Predomina edificações de madeira e/ou material reciclado
Uso e
Rede de 1 Mais de 95% dos domicílios são abastecidos pela rede pública
abastecimento 2 De 95% a 90% dos domicílios são abastecidos pela rede pública
de água 3 Menos de 90% dos domicílios são abastecidos pela rede pública
1 Bairro atendido por rede oficial
Distribuição de
2 Bairro parcialmente atendido por rede oficial
energia elétrica
3 Bairro atendido por rede clandestina
Pavimentação 1 Mais que 90% pavimentadas
das vias 2 De 90 a 30% das vias pavimentadas
públicas OK 3 Menos de 30% sem pavimentação
1 Mais de 30% da extensão das vias do bairro tem rede de drenagem
Infraestrutura
Drenagem das
2 De 30 de 20% da extensão das vias do bairro tem rede de drenagem
águas pluviais
3 Menos de 20% das vias do bairro têm galeria de drenagem das águas pluviais
1 Mais de 70% das casas tem calçada na frente do lote
Calçamento 2 De 70 a 40% das casas tem calçada na frente do lote
dos passeios
3 Menos de 40% das casas tem calçada na frente do lote
1 Mais de 30% (domicílios) lançado na rede pública
2 Menos de 30% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ à céu aberto
Esgotamento
sanitário 3 De 30% a 50% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ou à céu aberto
4 Mais de 60% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ou à céu aberto
1 Mais de 30% (domicílios) lançado na rede pública
Águas servidas 2 Menos de 30% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ou à céu aberto
3 De 30% a 50% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ou à céu aberto
4 Mais de 50% (domicílios) lançados em curso d’água e/ou fossa negra e/ou a céu aberto
1 3 equipamentos públicos
Equipamentos 2 1 ou 2 equipamentos públicos
públicos 3 Não existe equipamento público
Equipamentos 1 Totalmente urbanizada e equipada
de lazer e 2 Parcialmente urbanizada e equipada
recreação 3 Não existe área de lazer
serviços públicos
Equipamentos e
do solo 3 Irregular
1 Pública
Propriedade da 2 Particular
área invadida 3 Em litígio ou outra situação.
Apêndice 02 – Roteiro para definição dos valores de magnitude dos impactos ambientais.
Impacto Indicadores Pontu-
Classe Peso
ambiental ambientais ação*
Índice de cobertura vegetal 2 3 1
1 - Geração de poeira Atividades urbanas (categorias) 2 3 1
Pavimentação das vias 3 5 3
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 4,2
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 6
Sanitário 4 7 3
Esgotamento
Águas servidas 4 7 3
2 - Geração de gases
Coleta de Cobertura 1 1 3
resíduos sólidos Frequência 1 1 3
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 4
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 6
Função ecológica 1 1 1
Espécies existentes 1 1 1
3 - Alteração da
Função de proteção do solo 1 1 2
cobertura vegetal
Função de proteção da APP 1 1 3
Índice de cobertura vegetal 2 3 3
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 1,6
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 2
Sanitário 4 7 3
Esgotamento
Águas servidas 4 7 2
4 - Contaminação das Rede de drenagem 2 3 1
águas superficiais Coleta de Cobertura 1 1 2
resíduos sólidos Frequência 1 1 2
Sedimentos nos cursos d’água 2 3 2
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 4
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 6
Alteração da drenagem superficial 2 3 2
Função de proteção do solo 1 1 3
5 - Assoreamento dos Vegetação Função de proteção da APP 1 1 3
cursos d’água Índice de cobertura vegetal 2 2 3
Quantificação dos focos de erosão 1 1 3
Rede de drenagem 2 3 2
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 1,8
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 3
Função de proteção do solo 1 1 3
Vegetação Função de proteção da APP 1 1 2
Índice de cobertura vegetal 2 3 3
6 - Intensificação dos
Compatibilidade das vias com a topografia 2 3 3
processos erosivos
Impermeabilização do solo 2 3 1
Alteração da drenagem superficial 2 3 3
Quantificação dos focos de erosão 1 1 3
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 2,1
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 3
Sanitário 4 7 1
Esgotamento
Águas servidas 4 7 1
Coleta de resíduos Cobertura 1 1 2
sólidos Freqüência 1 1 2
7 - Degradação da
Afastamento das edificações 2 3 1
paisagem
Índice de cobertura vegetal 2 3 3
Tipologias das edificações 1 1 3
Taxa de ocupação (adensamento) 2 3 1
Dimensionamento das vias públicas 3 5 1
Magnitude do impacto ambiental = (pontuação x peso) / ( dos pesos) 2,6
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 4
Hierarquização 3 5 2
Dimensionamento das vias públicas 3 5 2
8 - Redução das condições
Compat. das vias com a topografia 2 3 3
de circulação do sistema
viário Orientação solar das vias 1 1 1
Integração do Externa 1 1 2
sistema viário Interna 1 1 3
Magnitude do impacto ambiental = (pont. x peso) / ( dos pesos) 2,6
Magnitude do impacto ambiental (escala 1-10) 4
RESUMO
Os deslocamentos a pé dentro de um ambiente urbano exigem certas condições que propiciem
essencialmente segurança, conforto e acessibilidade, fatores esses que interferem diretamente na
necessidade e no estímulo do caminhar de cada indivíduo. Tais condições podem ser avaliadas através
do índice de caminhabilidade, o qual permite uma metodologia com parâmetros perfeitamente
adaptáveis a cada cidade e com a possibilidade de avaliação, tanto em macros ou micros zonas urbana.
Com o objetivo de contribuir de forma significativa para mapear conflitos, além de auxiliar na tomada
de decisões de projetos de mobilidade voltados a necessidade pedonal, o índice de caminhabilidade
pode ser considerado como uma ferramenta importante de gestão dentro de um contexto de
planejamento urbano. Está pesquisa estruturou-se para a coleta de uma série de informações que
apresentassem o índice de caminhabilidade, evidenciando a realidade local, a área de estudo
considerada abrangeu uma micro zona na cidade de Cuiabá-MT, especificamente em dois segmentos
de calçadas situada na Rua 13 de junho, área central da cidade e incluiu categorias relacionadas a
calçada, mobilidade urbana, atração, ambiente e segurança viária, dentre cada uma delas estabeleceu-
se um total de 12 (doze) indicadores, com aspectos quantitativos e qualitativos como por exemplos
acessibilidade, travessias, rede cicloviária, ofertas de comércios e serviços entre outros que permitiram
chegar ao índice. A pesquisa conseguiu atingir o seu propósito classificando o local e indicando as
prioridades de intervenção.
Palavras-chave: índice de caminhabilidade, planejamento urbano, mobilidade urbana, necessidade
pedonal.
1
Arquiteta e Urbanista pela Universidade de Cuiabá, Tecnóloga em Controle de Obras pelo IFMT, Pós-
Graduada em Construções Sustentáveis - Green Building Council-Brasil e Sistema Viário e Mobilidade Urbana-
FAIPE-MT, Rua das Cerejeiras, 8, Cristo Rei ,CEP 78117-370, Várzea Grande-MT, E-mail:
ines.serpa@hotmail.com.
2
Doutor em Engenharia Civil, Professor do Centro Universitário - UNIVAG, Av. Dom Orlando Chaves, 2655 -
Cristo Rei, Várzea Grande - MT, 78118-000, Várzea Grande-MT, E-mail: hmetello@gmail.com
2. OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é levantar o índice de caminhabilidade, em dois segmentos de
calçadas na Rua 13 de Junho, no bairro Centro em Cuiabá, procurando assim fornecer parâmetros
seguros para a gestão e aplicação em projetos urbanos sustentáveis, tendo como referência a busca
pela qualidade de vida no ambiente urbano e a melhoria do espaço coletivo, sob a perspectiva do
pedestre.
3. JUSTIFICATIVA
Os segmentos como pequena amostra, foram escolhidos por apresentar um fluxo intenso de
pedestres diariamente, estando em uma região central com diversas conexões com o entorno.
Figura 3- Vista geral da área de estudo. A esquerda os segmentos de calçadas avaliados. A direita a Praça
da República que faz frente para o primeiro segmento avaliado. Fonte: Arquivo pessoal. (2017)
5.3Para a pesquisa em campo para Cuiabá, foi definido 5 (cinco) categorias com 12 (doze) indicadores
para coleta de dados, utilizando-se da metodologia do ITDP e a realidade local, conforme
demonstrados em cada tabela abaixo, a medição “in loco” também seguiu a metodologia do ITDP sito
a Tabela 7 utilizadas em campo nestas estão todas as considerações e resultados obtidos em campo.
Algumas adaptações no método de medição dos indicadores foram realizadas sendo eles de avaliação
da condição do piso, largura do piso e acessibilidade na categoria de calçadas, no indicador de oferta
de comércio e serviços na categoria de atração e na limpeza e coleta de lixo na categoria de ambiente.
Assim cada categoria avaliada foi estruturada conforme apresentado nos itens 5.3.1 a 5.3.5 da
seguinte forma:
5.3.1 Na categoria de calçadas procurou-se avaliar a condição do piso, a largura da calçada e a
acessibilidade que engloba todos os itens para uma calçada acessível, como a presença de rampas,
desníveis, piso tátil, obstáculos etc., definindo-se assim três indicadores conforme Tabela 2.
Condição do Piso
3 2 1 0
Largura do Piso
3 0
Largura é adequada a todo o segmento da
Largura (1, 5m mínimo) não é adequada a
calçada (Obs segmento a cada 50m largura
todo o segmento (50 m) da calçada
mínima 1,5 m)
A coleta de dados foi realizada por segmentos de acordo com a seguinte metodologia: Para o primeiro
indicador de condição do piso foi observando a presença de buraco, rampas declividade, e avaliado a
cada 50 m conforme a Tabela 2. No indicador de largura do piso foi avaliado da seguinte forma, se a
largura do trecho mais estreito for maior que a largura mínima adequada, e tiver dimensões suficientes
para comportar a demanda de horário de pico, ela deve ser considerada adequada, a atribuição de
pontuação ao segmento de calçada faz se de acordo com a Tabela 2. Para a acessibilidade foi
verificado a presença dos itens de rampa, piso tátil etc., a cada trecho com 50 metros de comprimento,
a Figura 4 mostra o primeiro segmento de calçada avaliada.
5.3.2 Na categoria de Mobilidade avaliaram-se dois indicadores o primeiro foi observado à distância a
pé para chegar a um transporte de média e alta capacidade, e o segundo a rede cicloviária em cada
segmento. A metodologia para o primeiro indicador foi quantificar a distância a pé ao ponto médio do
segmento da calçada e a estação de transporte mais próxima foi utilizado o google earth, considerando
a distância do caminho mais curto, a pontuação foi atribuída ao segmento de calçadas de acordo com a
Tabela 3. Para o indicador da rede cicloviária foi identificado a presença de condições adequadas para
a circulação em bicicletas nas ruas da área de estudo (sinalização, ciclovias, ciclofaixas), e aplicando a
pontuação definida.
5.3.3 A Atratividade do local é a quarta categoria levantada sendo avaliados as ofertas de comércio e
serviços, sombreamento e o fluxo de pedestres diurno e noturno. Ambos poderiam ser utilizados como
indicadores de segurança para local, categoria está não levantada nesta pesquisa.
5.3.5 - O quinto e último indicador e não menos importante é da segurança viária que abrange duas
categorias, a travessias e a velocidade das vias, conforme demonstrado na Tabela 6.
Figura 6- Avaliações das travessias. Travessia dos pedestres na Av. Galdino Pimentel, com o observador
estando no segundo segmento de calçada para o primeiro segmento. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 7- Avaliações das travessias. Travessia de calçadas na Rua 13 de Junho estando o observador no segundo
segmento de calçada. Fonte: Arquivo pessoal (2017)
5.4 Assim para todos os índices foram realizados o levantamento com coleta de dados “in loco”
de forma técnica, sendo realizadas medições, fotos, observações técnicas, avaliações arquitetônicas e
urbanísticas do entorno, contagem de pedestres, entre outros. Cada segmento foi avaliado conforme
metodologia já descrita no Item 5- descrições do produto ou processo chegando se a pontuação final e
resultados de campo, conforme apresentado no Anexo 1. Na Tabela 7, tem-se o resultado final de
forma resumida.
7. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
De acordo com a pesquisa realizada conforme demonstrado no Anexo 1 e na Tabela 7, para área
considerada neste trabalho o índice caminhabilidade no primeiro segmento de calçada contempla uma
pontuação de 1.20 no segundo segmento de calçada a pontuação encontrada é de 1.67, com a média
dos dois segmentos verifica-se na região avaliada uma pontuação de 1.43. Isso nos permite classificar
o índice de caminhabilidade de acordo com a Tabela 1 como ACEITÁVEL a mesma classificação
pode ser atribuída para ambos os segmentos avaliados. A sugestão para melhorias neste local seria
conforme a Tabela 1 uma intervenção PRIORITÁRIA com ações de CURTO PRAZO.
A pesquisa conseguiu atingir o seu objetivo e mostrar que a área pesquisada está dentro de uma
classificação aceitável, mas longe do ideal para o pedestre. Todos os parâmetros observados, as fotos
do local, as calçadas com larguras inapropriadas, forçando ao pedestre a utilizar o leito carroçável para
seus deslocamentos, nos remete a uma região de dificuldades para a prática pedonal e de prioridades
para o carro. A região embora apresente uma pontuação baixa de fluxo de pedestres noturno, o fluxo
diurno é intenso e isso deve ser considerado para melhorias da região e projetos futuros.
Compreender a importância deste estudo é permitir os avanços na melhoria do planejamento
urbano para Cuiabá, no incentivo ao caminhar na cidade e os diversos fatores que interferem nesta
escolha, contribuindo para a construção de uma cidade que apresentem para os pedestres e suas
diferentes limitações, locais mais seguros, tornando se uma cidade mais ativa, mais viva, mais
sustentável e com melhor qualidade de vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuírem no desenvolvimento deste trabalho especialmente a
Professora Doutora Maria Ermelinda Brosch (Meli Malatesta) pelas inúmeras contribuições e
inspiração frente ao ativismo pedonal.
Largura do Piso
1
3 0
C Largura é adequada a todo o segmento da Largura (1, 5m mínimo) não é adequada a todo o
A calçada (Obs segmento a cada 50m largura segmento (50m) da calçada
L mínima 1,5 m)
Ç
A 1º Seg. 0 2
D 2º Seg. 3 0 4
A Se a largura do trecho mais estreio for maior que a largura mínima
adequada, e tiver dimensões suficientes para comportar a demanda de
Método de medição:
horário de pico, ela deve ser considerada adequada. Atribuir pontuação ao
Metodologia ITDP com
segmento de calçada de acordo com a tabela acima.
ADAPTAÇÕES:
Acessibilidade
3 2 1 0
Presença de rampas Presença de até 2 Presença de até 1 Presença de nenhum Nº de
para cadeirante, piso acessórios acessório acessório ou acessório Sub
tátil, sem obstruções com implantação trechos
e obstáculos (sendo 3 inadequados (50 m)
ou mais acessórios avaliado
que permitam a s
acessibilidade com
implantação
adequada)
1º Seg. 1 0 2
2º Seg. 3 0 4
Verificar a presença dos itens acima a cada trecho com 50 m* de
Método de medição : comprimento. Atribuir pontuação ao segmento de calçada de acordo com
Metodologia ITDP com a tabela acima.
ADAPTAÇÕES:
* Obs: Para facilitar a pesquisa na Categoria calçada foi dividido o 1ºsegmento em sub trechos de 50 m cada
(tendo 2 trechos) e no 2º segmento foi dividido em 4 trechos de 50 m cada
Média do 1º segmento da categoria Calçada: 0,67
Média do 2º segmento da categoria Calçada: 2,33
∑ *Média dos segmentos da categoria Calçada : 1,50
*Média da pontuação dos indicadores que a compõe
1º Seg. 3
2º Seg. 3
Método de medição: Avaliar visualmente a presença de lixo, a regularidade da coleta a
Metodologia ITDP com presença e o estado de conservação das lixeiras. Classificar cada
ADAPTAÇÕES: segmento conforme a tabela acima.
Média do 1º segmento da categoria Ambiente: 1,50
Média do 2º segmento da categoria Ambiente: 1,5
∑ *Média dos segmentos da categoria Ambiente: 1,50
*Média da pontuação dos indicadores que a compõe
Travessias
5
3 0
S
A rede de travessias é completa Uma ou mais travessias não é / são completas (s)
E
G
0
U 1º Seg.
R 2º Seg. 0
A Método de medição : Verificar por meio de levantamento em campo se todas as travessias
N Metodologia ITDP adjacentes aos segmento de calçada são qualificáveis (acesso completo a
Ç cadeira de rodas, ilha de refúgio, alerta sonoro, semáfaro,piso tátil etc).
A Atribuir pontuação ao segmento de calçada de acordo com a tabela acima.
V Velocidade Viária
I
Á 3 0
R 30 Km/h ou menos Mais de 30 Km/h
I
A 1º Seg. 0
2º Seg. 0
Método de medição : Verificar a velocidade máxima permitida dos veículos motorizados da rua
Metodologia ITDP onde esta localizado o segmento. Atribuir pontuação ao segmento de
calçada de acordo com a tabela acima. A pontuação deverá ser zero se a
velocidade máxima permitida for maior que 15 Km/h.
Média do 1º segmento da categoria Segurança Viária: 0,00
Média do 2º segmento da categoria Segurança Viária: 0,00
∑ * Média dos segmentos da categoria Segurança Viária: 0,00
* Média da pontuação dos indicadores que a compõe
Índice de Caminhabilidade - por segmento e total
1º Segmento: 1,20
2º Segmento: 1,67
TOTAL Índice de Caminhabilidade encontrado: 1,43
Fonte: ITDP (2016) - Tabela -Arquivo pessoal com adaptações (2017)
Paulo Ferreira1
Emeli Lalesca Aparecida da Guarda2
Marlon Leão3
Luís Shigeharu Ohira4
João Carlos Machado Sanches 5
RESUMO
Com base no Índice de Mobilidade Urbana Sustentável – IMUS- desenvolvido por Costa (2008) este
trabalho tem por objetivo aferir, através do cálculo dos indicadores, os aspectos positivos e negativos na
atual conjuntura de desenvolvimento e mobilidade urbana, relacionado ao domínio Planejamento
Integrado, no município de Sinop/MT. Os dados aferidos entre os meses de agosto e outubro de 2015
estão relacionados a um contexto específico no tempo, podendo ser reavaliados em situações futuras,
em função de mudanças, de ordem econômica, social, ambiental ou do próprio sistema de mobilidade
urbana. Obteve-se o IMUS de 0,551 para o município de Sinop. Nesta avaliação, considera-se que Sinop
atingiu uma pontuação mediana de acordo com a escala proposta pelo IMUS. O município tem buscado
a viabilização de um desenvolvimento mais sustentável, porém, ainda tem muito que ajustar quanto ao
planejamento integrado, a partir de ações integradas e de pessoal qualificado. As ações de
reconhecimento e fiscalização estão presentes, ainda assim, o município possui pendências de
regularização de novos bairros e condomínios residenciais, faltam escolas e postos de saúde, reflexos
do constante e acentuado crescimento do município. Observa-se ainda que os problemas encontrados
impactam de maneira mais significativas as populações mais carentes, que ocupam as áreas mais
distantes do centro da cidade.
1
Engenheiro Civil, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, FACET, Graduado na Universidade de Mato
Grosso, Av. dos Ingás, 3001, Sinop-MT, E-mail: eng.pauloferreira.896@gmail.com
2
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Faculdade de
Arquitetura, PPGEEA, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa, 2367, FAET,
Cuiabá-MT, E-mail: emeliguarda@gmail.com
3
Doutor em Engenharia Civil na área de Eficiência Energética, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas,
FACET, Universidade de Mato Grosso, Av. dos Ingás, 3001, Sinop-MT, E-mail: leao@unemat.br
4
Mestre em Ciências Ambientais, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, FACET, Graduado na
Universidade de Mato Grosso, Av. dos Ingás, 3001, Sinop-MT, E-mail: luisohira@unemat-net.br
5
Doutor em Urbanismo, Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, FACET, Universidade de Mato Grosso,
Av. dos Ingás, 3001, Sinop-MT, E-mail: sanches@unemat-net.br
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
IMUS
Dominio
Tema
Indicadores
Escala 1:175.000
Vazios urbanos
Figura 2 – Hierarquia proposta para o IMUS
Fonte: Sanches, 2015
Assim, obteve-se a área de vazios urbanos, compreendendo todos os lotes e glebas já demarcados para
loteamento e/ou que ainda não foram ocupados. Para tanto, desconsiderou-se os residenciais mais
afastados como: Camping Clube, Alto da Glória, Jardim Planalto, Adalgisa, Aquarela Brasil,
Contudo, os pesos definidos pela dimensão social, econômica e ambiental estão relacionados aos pontos
em que cada um deles seja condicionado na pontuação do tema. Para determinar o resultado das
dimensões, deve-se realizar um cálculo onde se multiplica os resultados dos temas pelas dimensões.
Pressupõe que quando obtido os valores agrupados dos temas e indicadores, se indica o desempenho do
domínio calculado. Quando não se tem o resultado de alguns indicadores, os pesos são redistribuídos
entre seus respectivos temas. O quadro abaixo demonstra os valores atribuídos aos pesos das dimensões,
temas e indicadores definidos por Costa (2008).
7º7ºSHIS
SHIS- -BARRA
BARRADO
DOBUGRES,MT
BUGRES,MT- -2017
2017 100
99
e) Ocupações irregulares.
Não existem moradias em áreas de risco, e também não há terrenos sobre domínio de posseiros. Os
loteamentos irregulares correspondem a uma área total de 1,66 Km². A área efetivamente urbanizada é
de 51,92 Km², e o resultado em porcentagem é 3.20%, obtendo um score de 1,00.
As ações de reconhecimento e fiscalização de obras estão presentes. Ainda assim, o município possui
pendências, no que tange à regularização de novos bairros e condomínios residenciais. Faltam escolas e
postos de saúde e as ações, até o momento, desenvolvidas, não acompanham o constante e acentuado
crescimento da cidade. Destaca-se, por fim, que os problemas encontrados impactam de maneira mais
significativas as populações mais carentes, que ocupam as áreas mais distantes do centro da cidade. Fica
claro que não há uma justa distribuição dos ônus e bônus decorrente da urbanização, realidade da maioria
das cidades brasileiras que se repete em Sinop.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABDALA, I. M. D. R. Aplicação do Índice de Mobilidade Urbana Sustentável (IMUS) em
Goiânia –Goiânia, GO: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2013. 203 p. (Dissertação de
mestrado).
ASSUNÇÃO, M. A. D. Indicadores de mobilidade urbana sustentável para a cidade de
Uberlândia, MG.Uberlândia, MG: Faculdade de Engenharia Civil,Universidade Federal de
Uberlândia, 2012. 144 p. (Dissertação de mestrado).
CARMO, Erika Motta. NETTO, Luiz da Rosa Garcia. Cadastro Territorial Multifinalitário e
planejamento urbano, instrumento de domínio e poder. Ill Simpósio de Ciências Geodésicas e
Tecnologias da Geoinformação, Recife, 2010
COSTA, M. D. S. Um Índice de Mobilidade Urbana Sustentável. São Carlos: Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2008. 248 p.
FERNANDES, M. Entraves do Planejamento Urbano no Brasil: dos planos de desenvolvimento
integrado à fragmentação das políticas urbanas na RMSP. Tese (mestrado). Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2013.
INSTITUTIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População das cidades.
Disponível em:
http:www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&odmun=510790&saerch=matoGrosso/sinop/inf
ográficos:-informacoes-completas.- acesso em 21 agosto de 2015.
MANCINI, Marcelo Tadeu. Planejamento Urbano baseado em cenários de mobilidade
sustentável. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia São Carlos da Universidade de São Paulo,
2011.
MIRANDA, H. D. F. Mobilidade urbana sustentável e o caso de Curitiba. São Carlos, SP: Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2010. 160 p. (Dissertação de mestrado).
MORAIS, T. C. D. Avaliação e seleção de alternativas para promoção da mobilidade urbana
sustentável – o caso de Anápolis, Goiás. São Carlos, SP: Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2012. 141 p. (Dissertação de mestrado).
PONTES, T. F. Avaliação da mobilidade urbana na área metropolitana de Brasília. Brasília, DF:
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, 2010. 250 p. (Dissertação de
mestrado).
Thais Bacchi1
Nicole Ferrer 2
Luíza Reithler3
Jakeline Varjão4
RESUMO
O presente trabalho irá apresentar a intervenção realizada em um quarteirão na cidade do Porto,
Portugal, com projeto desenvolvido pela Porto Vivo, SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana da
Baixa Portuense AS). Designado por Quarteirão das Cardosas, devido à presença de um importante
exemplar da arquitetura portuense, o Palácio das Cardosas, construído no século XIX no antigo
Convento dos Lóios, tem elevado valor patrimonial. O quarteirão das Cardosas está situado dentro da
área de proteção da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),
na região central da cidade do Porto. Possui uma de suas fachadas posicionadas de frente para a
Avenida dos Aliados e para a Praça da Liberdade, símbolo da centralidade cívica e sociocultural da
cidade. A finalidade do texto é, através do estudo proposto, relatar os objetivos da intervenção
arquitetônica e os benefícios no âmbito da reabilitação de centros históricos degradados e
abandonados, pretendendo contribuir para as discussões em torno da gestão de centros históricos e
metodologias de intervenção no patrimônio construído, tanto do ponto de vista arquitetônico como
urbanístico e suas envolventes sociais, culturais e econômicas, uma vez que se propõe uma
intervenção renovadora do espaço público e do edificado, proporcionando novas relações urbanas com
inter-relações entre as atividades fundamentais da cidade: habitação, comércio, serviço e lazer.
1
Mestra em Metodologias de Intervenção em Patrimônio Arquitetônico, Professora, FACIMED, Av. Cuiabá,
3087, Jd. Clodoaldo, CEP 76.963-665, Cacoal-RO, E-mail: thais.bacchi@gmail.com.
2
Mestra em Projeto de Arquitetura, Professora, FACIMED, Av. Cuiabá, 3087, Jd. Clodoaldo, CEP 76.963-665,
Cacoal-RO, E-mail: nicferrer.arq@gmail.com.
3
Especialista em Gestão de Restauro, Professora, FACIMED, Av. Cuiabá, 3087, Jd. Clodoaldo, CEP 76.963-665,
Cacoal-RO, E-mail: luiza.reithler@gmail.com.
4
Especialista em Didática do Ensino Superior, Professora, FACIMED, Av. Cuiabá, 3087, Jd. Clodoaldo, CEP
76.963-665, Cacoal-RO, E-mail: jakelinevarjaoarquitetura@gmail.com.
Figura 1 – Convento dos Lóios e Praça Nova (atual Praça da Liberdade) em 1794. (Fonte: PORTO VIVO, 2007)
Conforme a Figura 1 é possível analisar a composição espacial original do quarteirão, antes mesmo da
construção do Palácio das Cardosas. Seus cheios e vazios, edifícios e espaços públicos, que foram
ganhando novas formas e novos usos através do tempo. Mostrar, através da análise dos registros
históricos encontrados, as diversas transformações que o Quarteirão das Cardosas sofreu ao longo dos
séculos, é o objetivo deste estudo, analisando até os dias atuais e como elas interferem nas inter-
relações funcionais da cidade.
Área de Estudo
Figura 3 – Mapa da cidade do Porto de 1813 Figura 4 – Mapa da cidade do Porto de 1833
(Fonte: Arquivo Histórico da Casa do (Fonte: Arquivo Histórico da Casa do
Infante Porto) Infante Porto)
Figura 5 – Mapa da cidade do Porto de 1844 Figura 6 – Mapa da cidade do Porto de 1892
(Fonte: Arquivo Histórico da Casa do (Fonte: Arquivo Histórico da Casa do
Infante Porto) Infante Porto)
Figura 7 – Foto da cidade do Porto de 1939 Figura 8 – Foto de satélite da cidade do Porto
(Fonte: Google Earth, 2008)
(Fonte: Arquivo Histórico da Casa do Infante
Porto)
Com o crescimento das cidades circunvizinhas e consequente oferta de novas tipologias habitacionais
que atendem aos anseios da sociedade, agregado a outros fatores socioeconômicos, houve uma evasão
da população do centro histórico, o que fez com que as edificações fossem, aos poucos, sendo
ocupadas por atividades comerciais, a nível térreo e primeiro andar, e os demais pavimentos ficassem
desocupados e sem manutenção, o que acelerou o grau de degradação e a ocorrência de sinistros, tais
como incêndios possíveis de verificar nas figuras 9 e 10.
Sabe-se que para que a dinâmica urbana esteja equilibrada, é preciso que haja uma inter-relação entre
as atividades fundamentais da cidade (habitação, comércio, serviço e lazer). Pensando nisso, a SRU
desenvolveu um projeto que devolvesse tais atividades fundamentais e servisse como ponto inicial de
um processo de requalificação urbana na cidade do Porto, que funcionaria como um efeito dominó.
2.2. Intervenção
O objetivo da intervenção proposta pela SRU, conforme Documento Estratégico, da Unidade de
Intervenção do Quarteirão das Cardosas, volume 1, é:
[...] um programa renovador para uma área central da cidade, que concilie
uma função comercial já existente, que deverá tornar-se mais qualificada e
diversificada, com a recuperação generalizada dos imóveis para fins
residenciais, dentro de um standard mais elevado, e, ainda, do
reordenamento interior do quarteirão, no sentido da sua funcionalidade,
salubridade e segurança. Esta composição funcional será enriquecida com a
instalação de um hotel de gama alta (4 ou 5 estrelas) no edifício das
Cardosas, com frente para a Praça da Liberdade, e parcelas adjacentes. A
centralidade do quarteirão será ainda reforçada com a criação de um
estacionamento público. (PORTO VIVO, 2007)
Para atingir tal objetivo de renovação com padrão elevado e funcional, adequações das condições de
salubridade, segurança e de um ambiente urbano renovado e atrativo, dotado de acessibilidade, as
intervenções realizadas no Quarteirão das Cardosas foram pautadas em ações, tais como a demolição
das edificações irregulares existentes no interior do quarteirão, visíveis em cinza escuro na Figura 11,
liberando todo o espaço interior da “ilha”, como é possível averiguar na Figura 12, abaixo.
Figura 11 – Planta Baixa das Intervenções do Quarteirão das Cardosas. (Fonte: PORTO VIVO, 2007)
Foram demolidos dois edifícios localizados no perímetro do quarteirão, o primeiro voltado para a Rua
das Flores, à direita do quarteirão, como acesso de pedestres (Figura 13) e outro para a Rua Trindade
Coelho, como acesso de veículos, à esquerda, voltado para o Largo dos Lóios (Figura 14). Passagens
foram feitas para permitir o acesso à nova praça interna, onde houve a constituição de um novo espaço
voltado para atividades de lazer e apoio ao comércio local instalado no piso térreo, como cafés, bares e
restaurantes, que puderam acomodar mesas e usufruir da esplanada.
Figura 13 – Acesso de pedestre pela Rua das Figura 14 – Acesso de veículos pela Rua Trindade
Flores Coelho
(Fonte: Acervo Thais Bacchi) (Fonte: Acervo Thais Bacchi)
Além da reabilitação do Palácio das Cardosas, com instalação de uma unidade hoteleira com entrada
pelo passeio da fachada norte (Figura 16) aconteceu também a reabilitação generalizada de todas as
edificações a serem mantidas, visando a recuperação, e em alguns casos, a reconstituição das fachadas
posteriores das edificações (Figuras 17 e 18), que agora, com os novos usos destinados às áreas
públicas, serão vistas como fachadas frontais voltadas para a esplanada no interior do quarteirão.
Figura 16 – Fachada Praça da Liberdade, Edifício das Cardosas (Fonte: PORTO VIVO, 2007)
Figura 17 – Fachadas voltadas para a esplanada Figura 18 – Recuperação de fachada voltada para o
interior do quarteirão (Fonte: Acervo Thais Bacchi) interior do quarteirão (Fonte: Acervo Thais Bacchi)
Figura 19 – Piso térreo com uso comercial Figura 20 – Pisos superiores com uso habitacional
(Fonte: Acervo Thais Bacchi) e de serviço (Fonte: Acervo Thais Bacchi)
A execução deste projeto idealizado pela SRU foi viabilizada através de parceria público-privada,
juntamente com ampla análise e planejamento pontual das edificações, para que atendesse aos anseios
dos proprietários e aos objetivos da proposta de intervenção, que tinha como diretriz a diversificação
das atividades fundamentais da cidade e suas inter-relações. Para isso, desenvolveu-se um estudo de
uso e ocupação das edificações, resultando na Figura 21, em que vermelho indica o uso habitacional,
amarelo comercial, rosa serviço, azul café ou restaurante, o branco indica armazéns, laranja banca e as
demais parcelas na cor cinza são ocupações indeterminadas até o momento.
Figura 21 – Fachada Rua das Flores e Almeida Garret do Quarteirão das Cardosas (Fonte: PORTO VIVO,
2007)
Os principais pontos a serem atendidos com a intervenção foram: segurança estrutural e contra
incêndio, qualidade ambiental, conforto térmico, higrométrico e acústico, iluminação, instalações
hidráulicas, elétricas, telecomunicações, gás e segurança ativa, assim como durabilidade do espaço
3. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
A intervenção do patrimônio não se trata somente de resolução das problemáticas arquitetônica
isoladas, visando à preservação e a salvaguarda de elementos estéticos ou artísticos. É necessário
pensar no conjunto de fatores que devem ser levados em consideração, relacionados também a outras
áreas que proporcionem o equilíbrio entre as diversas atividades funcionais que a cidade acolhe, bem
como o conceito defendido abaixo,
Conclui-se que com o passar dos tempos, a sociedade vai se transformando e consequentemente,
imprime na cidade as novas necessidades que vão surgindo. Assim como as primeiras intervenções
que ocorreram no Quarteirão das Cardosas, no início do século XIX (a demolição do Convento do
Lóios) e posteriormente em 1844 (a abertura de uma via de circulação) para atender uma demanda da
época, atualmente nos deparamos com novas tecnologias, novas estruturas familiares, um contexto
econômico instável, além da questão da sustentabilidade.
Tudo isso requer um olhar mais amplo para o patrimônio construído, que veja o edifício ou o conjunto
tombado como uma mais valia para a cidade, uma oportunidade aos usuários e turistas de usufruírem
uma experiência ímpar em espaço de elevado valor histórico patrimonial e ao mesmo tempo que
atenda às expectativas de uma sociedade moderna e globalizada.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENEVOLO, Leonardo. A cidade e o arquitecto. Tradução: Rui Eduardo Santana Brito. Lisboa:
Edições 70, 1998. 146p.
CASTRIOTA, Leonardo B. Cidade e Iluminação: Intervenções sobre o patrimônio urbano.
Conteúdo da Palestra Ampliação do Conceito de Patrimônio X Gestão do Patrimônio, 2006, 56p.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. STATISTICS PORTUGAL. 2011. Disponível em:
<https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_piblicacoes&PUBLICACOEStipo=ea&PU
BLICACOEScoleccao=107656&selTab=tab0&xlang=pt>. Acesso em: 24/08/2017.
FAMÍLIA PROENÇA. Mapas: Portugal. Disponível em:
<https://www.familiaproenca.com.br/mapas/mapa_portugal.html>. Acesso em: 24/08/2017.
NUCLEOAP. NÚCLEO DE ARQUITECTURA PAISAGISTA. Edifícios do Porto em 1833 por
Vilanova: 175 anos. Disponível em: <https://nucleoap.blogspot.com/2008/01/edificios-do-porto-em-
1833-por-vilanova.html>. Acesso em: 24/08/2017.
PORTO. Câmara Municipal do Porto. Comissariado para renovação urbana da área da Ribeira Barreto
CRUARB. Porto a Patrimônio Mundial: Processo de candidatura da cidade do Porto à
classificação pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade. 2ª ed. Porto: Câmara
Municipal do Porto, 1996. 183p.
PORTO. Câmara Municipal do Porto. Gabinete do Planejamento Urbanístico. Porto Projecto Cidade
Nova. Porto, 1985. 101p.
PORTO VIVO SOCIEDADE DE REABILITAÇÃO URBANA. Documento Estratégico:
Quarteirão das Cardosas. Porto, 2007. 105p.
RAMOS, Luís A. de Oliveira (dir.). História do Porto. Porto: Porto Editora Lda, 1994. 680p.
Nátali de Paula1
Gisele Carignani2
RESUMO
A cidade de Barra do Bugres, seguindo o padrão de expansão das cidades brasileiras, tem mostrado
uma tendência de crescimento disperso influenciado por questões capitalistas como o parcelamento
racional e a rentabilidade do solo evidente frente à grande concentração de terras no município. Nesse
contexto, as políticas urbanas de habitação tem grande influência na configuração do tecido urbano,
pois são elas que geralmente são destinadas às franjas da cidade solucionando quesitos quantitativos,
mas gerando vários outros problemas urbanos como a segregação socioespacial, afastando a população
dos serviços, das oportunidades e de suas raízes históricas ocasionando a perda da coletividade da
população. O objetivo deste trabalho é analisar a morfologia urbana e a relação com as políticas
habitacionais, utilizando-se de planos, leitura de mapas e de experiências de percepção da cidade, a
fim de mostrar como se desenvolveram as políticas urbanas de Habitação de Interesse Social (HIS) e
suas consequências no espaço urbano e na qualidade de vida da população que as utiliza. Na cidade,
poucos foram os reais incentivos para apoio à população carente, sendo as obras mais relevantes
surgidas através do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) do governo federal a partir de 2010.
Os resultados mostram que, apesar de serem previstos no Plano Local de Habitação de Interesse Social
(PLHIS), os novos loteamentos de interesse social continuam sendo realizados nas periferias, apesar
dos diversos vazios urbanos existentes, oferecendo baixa qualidade ambiental e urbanística em
discordância com este plano. Ao passo em que a administração pública parece privilegiar uma
determinada camada da população que tem maior poder aquisitivo, as HIS têm sido aplicadas nos
locais mais carentes evidenciando a forte desigualdade social existente entre os dois lados da cidade e
contribuindo para a dispersão do tecido urbano.
1
Graduanda no curso de Arquitetura e Urbanista, Bolsista de Projeto de Extensão, Universidade do Estado de
Mato Grosso, Rua A s/n, São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail: natalidp@hotmail.com.
2
Professora e pesquisadora doutora no curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade do Estado de Mato
Grosso, Rua A s/n, São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail: carignani@hotmail.com.
3
Conceito abordado por Kevin Lynch em A Imagem da Cidade.
Figura 3 – Localização das HIS e distribuição de infraestrutura e equipamentos urbanos em Barra do Bugres.
Como consta no plano diretor do município, são objetivos da politica de desenvolvimento urbano
garantir o direito à cidade sustentável e a inclusão social, itens que não compactuam com os
loteamentos de interesse social criados. As políticas aplicadas às HIS ainda são destinadas em setores
isolados oferecendo baixa qualidade de habitação para os usuários e aumentando ainda mais a sua
exclusão social. De acordo com Lamas (2004), a criação de áreas exclusivamente reservados à
habitação, causam efeito negativo no espaço urbano, pois restringe seu uso a horários específicos,
ficando, a maior parte do tempo, isto é, quando seus moradores estão no trabalho, abandonada e
suscetível a atividades ilícitas. Para tanto, a redução dos vazios urbanos (ver figura 4) deve ser
incentivada tendo diversos instrumentos do Estatuto da Cidade e previstos no Plano Diretor – como,
por exemplo, o IPTU Progressivo, Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios,
Desapropriação com Pagamento em Títulos - que aumentam a qualidade do ambiente urbano e dão a
possibilidade de inserir os equipamentos urbanos necessários, reduzindo custos extras e evitando o
desenvolvimento disperso uma vez que são aproveitados os locais que já possuem infraestrutura. Além
disso, deve-se levar em consideração o aumento da densidade construtiva visto que a cidade é cercada
por áreas de APP que por si só, força à ocupação de novas áreas. Contudo, as ações do município
parecem não considerar as recomendações do PLHIS tendo se passado quase dez anos desde sua
elaboração visto que a cidade continua cheia de áreas subutilizadas que poderiam ser utilizadas para
moradias como uma alternativa ao seu distanciamento. Se a razão em se projetar as HIS nos referidos
locais se justifica pela urgência da demanda, uma vez que o PLHIS fora elaborado em 2009 e os
loteamentos de HIS datam de 2010 em diante, o mesmo perde sua justificativa pela demora na
construção e entrega das habitações.
O espaço urbano de Barra do Bugres revela, de forma muito clara, a priorização de determinada
camada da sociedade em detrimento dos menos favorecidos. De acordo com os resultados do
Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana (Brasil Acessível), o sistema viário é um espaço em
permanente disputa entre diferentes atores sociais. A cidade apresenta em suas formas as lutas sociais
e explicita a luta de classes através das ruas, da arquitetura e da tipologia dos espaços públicos. O
Estado que prioriza os automóveis em detrimento da população que anda a pé; que promove
loteamentos em locais desconexos com a área já urbanizada, diminuindo as oportunidades
principalmente através da mobilidade; que neglicencia a qualidade do meio, a infraestruturação, os
espaços públicos e serviços diversos. É como se rotulasse esses espaços como local de moradia de
baixa-renda o que acaba refletindo negativamente na vida das pessoas. A acessibilidade à cidade vai
muito além da capacidade de se movimentar, mas este é o mecanismo inicial para que sejam reduzidas
as desvantagens ocupacionais de quem não tem acesso às oportunidades que atingem de forma mais
contundente a população mais carente (Brasil Acessível, 2006).
5. CONCLUSÃO
Apesar dos seus 73 anos de existência e um perímetro urbano relativamente pequeno, a dispersão que
vem ocorrendo na cidade não condiz com a situação financeira da maior parte de sua população que se
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, Débora Cristina; VILLA, Simone Barbosa. Novos formatos familiares em habitações de
interesse social: o caso do conjunto habitacional Jardim Sucupira em Uberlândia. 3º Congresso
Internacional de Habitação no Espaço Lusófono. São Paulo, 2015.
BRASIL, Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana. Construindo a Cidade Acessível.
1 ed. Brasília/DF, 2006.
CUSTODIO, Vanderli; CAMPOS, Ana Cecília de Arruda; MACEDO, Silvio Soares; QUEIROGA,
Eugenio Fernandes. Sistemas de espaços livres e forma urbana: algumas reflexões. Anais. Recife:
ANPUR, 2013.
AGRADECIMENTOS
Em especial, à minha orientadora, Gisele Carignani, pela confiança, incentivo e ensinamentos. À
UNEMAT que me proporcionou o acesso a esse universo maravilhoso da Arquitetura e do Urbanismo
e aos meus pais e demais colegas e professores que contribuíram, de alguma forma, com a minha
formação acadêmica.
RESUMO
O projeto visa apresentar uma proposta de um Parque Linear para a cidade de Nova Mutum – MT,
localizado na região central nas imediações do Córrego do Bujuizinho. O trabalho parte da premissa
do diagnóstico do local, com levantamento de dados para elaboração das diretrizes projetuais. A
solução urbanística adotada é composta de estudos arquitetônicos que foram embasados na coleta de
dados referente aos condicionantes físicos, históricos e sociais que englobam o local e o entorno. A
ideia dominante é a proposta de implantação do parque como elemento restaurador da Área de
Proteção Permanente (APP) ao longo do córrego, sua extensão corta a cidade inteira e este foi um fator
determinante para a origem da região e a estruturação do traçado urbano. O projeto faz referência ao
conceito paisagístico de Burle Marx, empregando o uso da flora nativa e do alinhamento entre a
natureza e o entorno através do traçado orgânico. Outra diretriz defendida ao longo do artigo refere-se
a da educação sócio ambiental como forma de estabelecer uma conexão entre a área de intervenção e a
sociedade existente no entorno. Um breve estudo acerca da necessidade dessa população leva a
defender o uso de equipamentos de uso múltiplo, como base para o conforto dos usuários e atrativo
para o local, projetados de acordo com as normas específicas de adequação das mesmas.
Parque linear, requalificação urbana, área de preservação permanente.
1
Arquiteto e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: juliano.ferri@hotmail.com.
2
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda,
3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: emanuelelarissa@hotmail.com.
3
Mestranda em Engenharia de Edificações, Coordenadora do Curso de Design de Interiores, Universidade de
Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
manoela.bastos@kroton.com.br.
4
Mestrando em Engenharia de Edificações, Professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de
Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
galvaoarquiteto@gmail.com.
5
Mestre em Física Ambiental, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua
das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
paula.libos@kroton.com.br.
1. INTRODUÇÃO
O parque linear hoje, é uma ferramenta de urbanismo utilizada em vários locais do mundo visando a
reestruturação de fundos de vale, ocupando áreas de Áreas de Preservação Permanente (APP) afim de
evitar possíveis ocupações irregulares e também vazios urbanos em meio a grandes cidades. É um
tema que ganhou grande valor hoje no mundo, cada dia que passa os grandes centros urbanos
principalmente em nosso país, engolem as áreas verdes que estão dentro do perímetro urbano. O
parque linear é uma maneira efetiva de evitar com que isso aconteça, fazendo a delimitação e transição
da cidade para com a área verde, dando um uso para a mesma. Um uso de bem social, melhorando a
qualidade de vida proporcionando a população atividades diversas, evitando a ocupação e poluição.
O objetivo geral deste projeto é desenvolver o estudo arquitetônico urbanístico de um parque linear
urbano para Nova Mutum – MT, como objetivos específicos de criar um ambiente que integre todos os
meios, que possa mostrar um pouco da beleza do cerrado aliada com o aproveitamento do público,
que tenha espaço para vários tipos de pessoas e esportes chamando assim a população para fazer uso
do mesmo, fazendo a conexão dos bairros ao centro urbano, interligando o mesmo com transporte
público, fazendo assim com que seja uma área de transição para pedestres e ciclistas.
A metodologia adotada para definir as diretrizes de projeto e a elaboração da proposta de intervenção
urbanística foi a de levantamento arquitetônico, através da coleta de dados do local e de referências
bibliográficas de acordo como tema, incluindo análise de projetos de precedência e referência.
Na segunda metade do século XV até o século XVIII surgiram algumas ideias para transformação do
espaço urbano e paisagem na Europa, jardins e praças em lugares da Itália, França, Espanha e
Inglaterra. Sendo assim na idade média, essas praças eram separadas em categorias como: praça de
mercado, praça de entrada da cidade, praça como centro da cidade, próximo de igrejas e praças
agrupadas, mais relacionadas ao contexto urbano (ZUCKER, 1959).
Com o passar dos anos acontece uma transição da era medieval para a moderna. Percebe-se que os
espaços públicos foram ganhando algumas modalidades mais especificas, no caso duas, a praça e o
jardim público. O primeiro era um espaço mais festivo nas áreas centrais e começaram a ganhar mais
mobiliários como chafariz, fontes, bancos e escadarias. Já o segundo era um espaço mais privativo, de
contemplação da natureza, considerando o jardim como o remédio moderno para as praças medievais e
como uma prévia da praça moderna (SEGAWA,1996).
As praças são os ambientes públicos mais antigos que o homem conhece, sempre estando presente
durante seu processo evolutivo para com a sociedade como pode ser concluído a seguir:
(...) A praça, juntamente com a rua, consiste em um dos mais importantes espaços
públicos da história da cidade no país, tendo, desde os primeiros tempos de colônia,
desempenhando um papel fundamental no contexto das relações sociais em
desenvolvimento. (...) (ROBBA, 2003, p.12).
Já no Brasil, vale lembrar o Passeio público no Rio de Janeiro (Figura 1), primeiro recinto criado
propriamente com ideais urbanísticos da Europa, foi um marco no desenvolvimento urbanístico do
Brasil. Percebe-se uma leve diferença de ideais do passeio público do Rio para os da Europa, pois
eram muito reservados e não visavam atender toda população, apenas pessoas de renome. Mas mesmo
assim, foi um marco no desenvolvimento de parques, praças e passeios no Brasil (SEGAWA,1996).
O passeio do Rio de Janeiro foi uma ferramenta para a requalificação da antiga Lagoa do Boqueirão,
local onde eram despejados dejetos, então a mesma foi aterrada, com o ideal de se criar o primeiro
jardim público da cidade, entregando a tarefa ao Mestre Valentim e posteriormente Glaziou. (Figura 1)
Figura 1 – Traçado passeio público Rio, o primeiro feito por Valentin e o segundo por Glaziou. Fonte: Acervo
BN RJ
Olhando esses traçados, percebe-se que os primeiros modelos de praças ou passeios eram apenas para
contemplação e possuíam pouco mobiliário. Esse traçado de Valentin busca a praça como obra de arte,
com figuras geométricas e vegetação imponente. Já o traçado feito por Glaziou buscava uma maior
harmonia com o entorno, com traços leves e orgânicos, com uma maior harmonia. (Figura 1)
Parque linear, apesar de parecer um termo novo, surgiu na Europa no século XIX, buscando como hoje
ainda se busca no Brasil, solucionar problemas em áreas hídricas urbanas. Onde a sociedade
antigamente buscava a proximidade dos rios para lazer, hoje busca se afastar pela poluição dos
mesmos. Exemplos disso são, Birkenhead Park na Inglaterra como mostra a (Figura 2).
Ou seja, podemos dizer que parque linear já existiu, muito antes de se definir um conceito para o
mesmo.
(...) A autoria do conceito de parque Linear foi atribuída ao arquiteto norte
americano Frederick Law Olmsted. Inspirado pelos conceitos de cinturão verde e
pelos bulevares europeus, o arquiteto implantou seu primeiro projeto no Brooklin,
em 1867, o Brooklyn’s Prospect Park. A partir daí o arquiteto começou a expandir
seus projetos pra outras áreas dos Estados Unidos, como Nova York e Chicago.
Após a segunda metade do século XX os parques lineares ganharam mais espaço no
mundo com o objetivo de melhorar a vida nas cidades. (...) (MARTINS et al, 2015,
p.7).
Logo, é possível perceber que o conceito de parque linear é algo novo e totalmente mutável, se
adaptando de acordo com o tempo e necessidades do mesmo. Buscando a melhor interpretação de
parque linear seguiremos os ideais de Da Costa (2009), visando a relação da cidade com os recursos
hídricos, algo muito antigo, a maioria das cidades coloniais Brasileiras surgem à beira de rios e
córregos transformando esse entorno natural em contexto urbano. Em meados de 1960, ocorre o
processo intenso de industrialização em nosso país, devastando das áreas naturais em razão desse ideal
desvirtuado de progresso. Surgem então poluições nos recursos hídricos, frutos de uma urbanização
mal planejada e assim a população que antes se aproximava dos rios começa a deixá-los. Acontecendo
muitas vezes ocupações irregulares, decorrentes de negligências passadas. Então surgem propostas que
podem resgatar essas orlas e dar utilização as mesmas, entram aí os ideais de parque linear, que busca
a reestruturação urbana dessas áreas degradadas fazendo um processo de requalificação das margens,
fazendo com que os recursos hídricos voltem a fazer parte das cidades.
No Brasil, percebe-se algumas iniciativas que buscam esse ideal. Arquitetos estão buscando essa
solução em algumas cidades brasileiras. A região de São Paulo teve um aumento nos últimos anos no
sentido de áreas verdes urbanizadas, um exemplo é o parque linear Tiquatira (Figura. 3 e 4), zona leste
de São Paulo, com extensão de 3km (três quilômetros) e área de 320.000 m² (trezentos e vinte mil
metros quadrados) com a implementação desse parque, que foi o primeiro da cidade, ouve uma grande
melhora no bem estar social das pessoas que ali residem, recuperando a área degrada e transformando
em uma grande área verde com atrativos para a população como quadras, área de convivência, pista de
skate e etc. Ou seja, os parques lineares hoje são realidade no país e são a maior solução encontrada
para os vazios urbanos deixados em áreas verdes dentro das nossas cidades (MARTINS ET AL,
2015).
Um fator importante que rege os ideais desse projeto é o fato de nosso país ser abundante em recursos
hídricos, o estado de Mato Grosso, que possui uma grande diversidade de biomas como: Pantanal,
Amazônica e Cerrado e bacias hidrográficas: Amazônica, Platina e Tocantis, favorecendo assim a
implantação. Sendo assim, podemos concluir que devemos ter um maior cuidado com nossos recursos
naturais, para que assim, possa ser feito um desenvolvimento urbano sustentável devolvendo um
pouco da natureza, que aos poucos vem sendo engolida pelas cidades.
Figura 5 – Nova Mutum dentro do estado de Mato Grosso. Fonte: Google maps editado pelo autor.
Figura 6 – Imagem aérea da cidade. Fonte: Imagem de satélite google maps editado pelo autor.
A área escolhida para a intervenção, como mostra a (Figura 7) possui um certo contexto histórico e
sentimental para com a cidade, afinal foi esse córrego, chamado de Bujuizinho, que abasteceu a cidade
quando ainda era um povoado e só assim a mesma pode se desenvolver. Hoje existe uma sequência de
lagoas de contenção de águas da chuva em seu lugar. Além disso outro motivo para a escolha desse
local foi o fato de possuir um enorme potencial, sendo uma área linear com 2,8km no centro da cidade,
fazendo ligações dos bairros com o centro, além de possuir uma ciclovia em todo seu entorno.
O local de intervenção selecionado possui uma área de 465.000m² (quatrocentos e sessenta e cinco mil
metros quadrados). A ideia de um parque linear vem do possível potencial encontrado nesta área, além
dos benefícios que poderia trazer para a cidade, uma área de convívio, lazer e cultura, trabalhando
como um pulmão verde na região central da cidade. Os bairros que compõem o entorno da área de
intervenção são: Bela vista, Alto da colina, Colina II, Jardim das orquídeas, Jardim, Centro, Jardim II e
Nossa Senhora aparecida como pode-se observar na no mapa a seguir.
Figura 8 – Mapas de bairros de entorno. Fonte: Prefeitura municipal, editado pelo autor.
A escolha desse terreno para aplicação de um parque linear veio da necessidade das cidades hoje, em
dar uso a suas áreas de APP’s para que assim elas não sejam ocupadas e poluídas pela população.
Além de estar bem localizado, com um entorno que aceitaria a implantação do mesmo sem grande
impacto, poderia ser um ponto de circulação para as pessoas que desejam atravessar a cidade, já que
possui várias instituições no entorno como a UNEMAT (Universidade estadual do Mato Grosso),
SENAI (serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Prefeitura Municipal, Câmera de vereadores,
quatro colégios (estadual, municipal e privado), creches, praças além da ciclovia.
Observa-se que existem instituições (Escola, faculdade, banco e órgão público) próximas a área
escolhida, elas estão bem distribuídas, algumas realmente muito próximas. Existem sete praças ou
áreas verdes nas proximidades, além disso possui uma ciclovia com oito quilômetros que percorre ao
toda a área. O relevo da cidade não é muito acentuado possuindo desníveis com porcentagem de
inclinação muito baixa, sempre descendo para o sentido de rios e áreas de fundo de vale como pode-se
perceber no mapa de topografia a seguir (Figura. 10).
Figura 11 e 12 – Mapa de localização a esquerda e proposta para novo uso a direita. Fonte: Labverde, 2012.
Percebe-se que o parque tem como foco a restauração ambiental do lugar, a área estava sendo ocupada
e poluída e uma maneira encontrada pelos arquitetos foi de fazer a implantação deste parque linear,
para restaurar e evitar futuras poluições e dar um retorno aos moradores que ali vivem como podemos
observar nas imagens a seguir.
Ao observar o parque hoje, podemos ver que essa área ganhou um valor significativo para a
população, sendo um verdadeiro equilíbrio entre cidade e população, ideal em uma cidade
contemporânea que valoriza o bem-estar de sua população.
Uma das diretrizes que serão utilizadas vem de um dos arquitetos e paisagistas mais importantes que
nosso país já teve, Burle Marx, conhecido por seus traçados orgânicos e utilização de vegetação
nativa. Burle Marx buscava sempre aliar a paisagem ao entorno, para que assim não pudesse agredir o
local de implantação, segundo os ideais do mesmo, natureza e homem devem andar alinhados
paralelamente, para que os interesses de um não afetem no detrimento de outros. Vale sempre lembrar
que o lado artístico dele sempre foi um dos grandes motivos para suas obras serem marcantes, ele não
projetava e sim fazia arte, e esse é um dos conceitos e diretrizes que irão nortear esse projeto
(GUERRA, 2006).
O traçado orgânico e a utilização do paisagismo tropical foram adotados em toda a proposta do parque
linear para a Cidade de Nova Mutum, buscando um equilíbrio entre as formas orgânicas e as margens
do córrego, alinhado ao paisagismo proposto. (Figura. 13 e 14).
Figura 13 – Perspectiva do Parque Linear proposto para a cidade de Nova Mutum - MT. Fonte: Autor.
Além dessa interação com a natureza, outra diretriz será baseada em educação socioambiental,
buscando sempre a participação da sociedade, através equipamentos públicos autossustentáveis
(Figura 15) aliados com a requalificação urbana, ambiental e gestão sempre visando a sustentabilidade.
Outros aspectos nesse projeto que entram como diretriz é a utilização de mobiliários com várias
utilidades (Figura 16), ou seja, podendo atender a população da maneira que o mesmo achar melhor.
Dessa forma foi proposto um modelo de mobiliário para o parque de acordo com essas diretrizes, os
bancos oferecem conforto para longa permanência e as áreas cobertas representam pontos de interesse
visual. (Figura 18).
Figura 15 e 16 – Equipamento autossustentável a esquerda e mobiliário com uso múltiplo a direita. Fonte:
Bianca Rezende; Eduardo Raimondi (ArchDaily, 2016).
3. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Neste trabalho podemos entender que o tema abordado é de suma importância urbanisticamente
falando, podendo resolver problemas de vazios criados em meio as cidades principalmente em áreas de
APP’s, dando uma solução que visam a criação de espaços públicos melhorando assim
consideravelmente a qualidade de vida das pessoas, seja direta ou indiretamente.
Em relação aos objetivos, foram alcançados, a ideia de reestruturar essa área escolhida dando uso a
mesma e mostrando que ali existe um potencial inimaginável para espaços públicos, com esse trabalho
é possível perceber que independe de quem faça o projeto, é uma área de grande valor para a cidade,
um dos principais objetivos foi atingido, o de mostrar o potencial dessa área para a cidade, quem sabe
num futuro próximo apresentando o mesmo para a população da cidade, para que as mesmas abram os
olhos e percebam que um parque nesta localidade poderia alterar consideravelmente a qualidade de
vida de todos na cidade.
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RESUMO
Ao longo deste artigo serão expostas as informações necessárias para o entendimento do
projeto abordado com o conceito do tema Parque Urbano. A localização do projeto abordado
se da no estado de Mato Grosso, no Município de Várzea Grande, mais precisamente no
bairro Jardim Aeroporto, na região Centro Sul do município, em uma zona
predominantemente residencial. A metodologia de estudo do tema foi feita primeiramente
através de inúmeras pesquisas, estudos, analises e entrevistas, para o melhor desenvolvimento
do projeto, assim objetivando atender as necessidades e anseios dos os usuários que ali se
beneficiariam do local. O projeto visa elaborar um espaço com um novo proposito, com
integração social e ambiental, áreas de vivência, conforto térmico, e áreas de contemplação da
paisagem natural. O município de Várzea Grande é carente de espaços de lazer e convívio,
com alto índice de vazios urbanos, e a ideia do projeto é atender não só os usuários do bairro,
mas sim uma grande área de abrangência, através de um de relação sociais e integração com a
comunidade, por meio de praticas esportivas, culturais, artísticas, ambientais e sócios
educativas. Assim por meio deste serão apresentadas as principais ideias para a concepção de
um escopo completo com os conceitos de um parque urbano. O presente estudo fez-se
perceber a carência de áreas verdes, espaços públicos destinados ao lazer e as más condições
de infraestrutura básica do bairro, quesitos importantes para a qualidade de vida da população.
1
Arquiteta e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: alirian1@gmail.com.
2
Graduando em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda,
3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: fagnercarboni@hotmail.com.
3
MBA Executivo em Gerenciamento de Projetos, Professora no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-
mail: danielleferrazg@hotmail.com.
4
Mestre em Engenharia de Edificações, Professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá,
Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
josemaria.andrade@yahoo.com.br.
5
Mestrando em Engenharia de Edificações, Professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de
Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
galvaoarquiteto@gmail.com.
6
Mestre em Física Ambiental, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua
das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
paula.libos@kroton.com.br.
1. INTRODUÇÃO
O local escolhido encontra-se no estado de Mato Grosso, no Município de Várzea Grande, região
Centro Sul do município no bairro Jardim Aeroporto, em uma zona predominantemente residencial
(ZR). A metodologia de escolha das áreas de intervenções deu-se por estar em uma área que requer
preservação por sua proximidade ao córrego, por estar próxima a instalação da estação do VLT
(Veículo leve sobre trilhos), além de estar em meio a porta de entrada da cidade, o Aeroporto
Internacional Marechal Cândido Rondon.
Várzea Grande tem a segunda maior população de Mato Grosso, sua economia tem como principal
atividade a prestação de serviços. A cidade possui ausência de áreas livres com funções, Lerner (2003)
relata que a falta de continuidade no meio urbano, os espaços vazios por falta de atividade ou terrenos
baldios é um grande problema, aponta ainda a importância do preenchimento destes vazios, porém
incluindo função necessária para cada área. Atualmente o território várzea-grandense conta com 3
parques urbanos, dos quais dois fazem parte de Unidades de Conservação Municipais.
Este trabalho tem propósito de arquitetar um projeto urbanístico e paisagístico de um Parque Urbano
para cidade de Várzea Grande-MT, para estabelecimento de relações sociais, por meio de práticas
esportivas, culturais, artísticas, ambientais, educativas, e uso comunitário com componentes da
paisagem natural.
2. FUNDAMENTAÇÃO E LOCAL
Os parques possuem várias tipologias, desempenham diferentes funções e configurações nas cidades, a
palavra “parque” deriva do latim parricum (Cunha, 2010).
Para Kilas (1993) parques são “espaços públicos com dimensões significativas e predominância de
elementos naturais principalmente, de cobertura vegetal, destinados à recreação”. Nessa linha de
raciocínio, Macedo e Sakata (2003, p.14) definem parque como:
[…] todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que
seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura
morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua
configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno.
Os autores explicam de um modo geral, a ligação com a recreação, independente da função e
morfologia, e a obrigatoriedade da presença de vegetação, estas desempenham papel importantíssimo
no ambiente urbano. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), pela Lei n.
9.985/2000, fixa parque a unidades de conservação (UC), onde a concepção deles tem a intenção de
preservar o meio ambiente e a qualidade de vida dos habitantes do entorno dessas áreas.
Friedrich (2007) relata não existir um padrão, uma vez que, está relacionado diretamente pela função.
No decorrer das décadas os parques assumiram diversos aspectos, tangendo as atividades
desenvolvidas, a estrutura urbana e a cultura.
Os Parques Urbanos compreendem diferentes configurações, as cidades brasileiras requerem novos
parques normalmente de dimensões menores pertinentes à ausência e ao alto custo da terra (MACEDO
E SAKATA, 2003).
Santucci (2003) relata que os primeiros espaços ajardinados projetados para uso público, os jardins e
parques, apareceram no final do século XVIII e início do século XIX, período da Revolução Industrial,
eles eram abertos a população somente em ocasiões especiais. No período pós-revolução na França, os
espaços reais foram abertos ao público.
A inspiração do parque urbano foi do modelo paisagístico dos jardins ingleses do século XVIII, de
origem romântica, criando sensibilidade e fascinação sobre a natureza, através de estudos
desenvolvidos sobre a fauna e flora (SILVA; PASQUALETTO, 2003).
Para Macedo e Sakata (2003), no Brasil os parques surgiram a partir do século XIX voltados para as
elites, um modelo idealizado em bairros burgueses com finalidades de exibição social, procurando
dotar as cidades de espaços adequados para uma nova demanda social. O país passava por um
momento de estruturação como nação, devido principalmente pela vinda da família real portuguesa,
em 1808, onde as velhas cidades passaram a desempenhar novas e sofisticadas funções.
A partir daí surgem os primeiros parques brasileiros na cidade do Rio de Janeiro, são eles: o Campo de
Santana e o Passeio Público no Centro Histórico e o Jardim Botânico junto à Lagoa Rodrigo de Freitas
(KLIAS, 1993; MACEDO E SAKATA, 2003).
A cidade de Várzea Grande-MT objeto de estudo deste trabalho, possui ausência de áreas livres com
funções, Lerner (2003) relata que a falta de continuidade no meio urbano, os espaços vazios por falta
de atividade ou terrenos baldios é um grande problema, aponta ainda a importância do preenchimento
destes vazios, porém incluindo função necessária para cada área.
O Parque Urbano será proposto para a região Centro Sul da cidade e além de embelezar a paisagem do
local, preencherá partes dos espaços vazios, promovendo função, concedendo adensamento,
incentivando práticas de esporte, o convívio social e recreação.
Atualmente o território várzea-grandense conta com 3 parques urbanos, dos quais dois fazem parte de
Unidades de Conservação Municipais, sobre a responsabilidade das secretarias municipais
responsáveis pela gestão do meio ambiente local.
2.1 Diagnóstico
Segundo o IBGE Várzea Grande ocupa uma extensão territorial de 1.048,212 Km², dividido em 5
distritos, a Sede, Capão Grande, Cristo Rei, Passagem da Conceição e Bonsucesso. Estimativa
populacional para 2016 de 271.339 habitantes (IBGE 2010).
Atualmente Várzea Grande tem a segunda maior população de Mato Grosso, sua economia tem como
principal atividade a prestação de serviços, cerca de 60% da renda da cidade vem de setores como
clínicas médicas e odontológicas, hoteleiro e de lojas de assistência informática, 30% são provenientes
do comércio, apenas entre 13% a 15% do lucro é pelo setor industrial. Sua arrecadação em torno de
R$ 250 milhões anualmente entre receitas e repasses (PIMPÃO 2014).
Várzea Grande obteve um desenvolvimento real no século XX, quando Júlio Müller inaugurou a ponte
de concreto unindo a cidade a capital e dotando a cidade de energia elétrica. Nessa época que de fato
foram materializadas as circunstâncias com as quais o povoado pôde evoluir e firmar sua
independência político administrativa, que veio a se efetuar com a Lei Estadual nº 126, de 23 de
setembro de 1948, responsabilidade do deputado Licínio Monteiro, criou o município de Várzea
Grande, com território desmembrado do município de Cuiabá, seu primeiro prefeito municipal,
nomeado, foi o major Gonçalo Romão de Figueiredo. Somente partir da década de 70, a cidade passa
de categoria de dormitório para a de centro industrial, dando novos rumos ao progresso municipal
(FERREIRA, 2001; VÁRZEA GRANDE).
Figura 4 – Marcos da paisagem de entorno. Fonte: Google Earth, editado pelo autor, 2017.
As áreas de intervenções localizam-se na região Centro Sul do município no bairro Jardim Aeroporto,
instalado entre os bairros Centro Norte situado acima no mapa, Vila Pirineu e Vila Ipase posicionados
abaixo no mapa (Fig. 5). Setor inicialmente habitado por volta dos anos 60 fase 3, já o Aeroporto na
fase 2 início do século XX. O terreno escolhido além de estar em uma área que requer preservação,
por estar próximo de um córrego, está em meio a porta de entrada da cidade, o Aeroporto Internacional
Marechal Cândido Rondon.
A região está situada no perímetro urbano do município na ZR (Zona Predominantemente
Residencial), que são zonas que privilegiam o uso residencial, mas permitem atividades de comércios
e serviços complementares ao uso, e por este motivo e por estar próximo ao Aeroporto, conta com
empreendimentos como Shopping Center, Hotéis, Universidades, Escolas, Farmácia, e principalmente
edificações residenciais multifamiliares.
As áreas de intervenção são compostas por três terrenos e a via que margeia o córrego, onde o
primeiro lote com 10.031,92m² e o segundo com 4.762,62m² serão integrados para melhor
aproveitamento, visto que a via que os separa não influenciará no cotidiano local. O primeiro terreno
encontra-se murado, servindo de depósito para os equipamentos e materiais da obra da estação do VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos) que não foi concluída até o momento. Já os restantes dos terrenos
encontram-se vazio.
O mapa topográfico dos terrenos, tem como ponto mais alto em laranja a curva de 176.4m e o nível
mais baixo representado em amarelo a curva de 171.6m, para o primeiro lote abrange somente 4
curvas, são elas 176.4m, 175.0m, 174.5m e 173.1m findando um desnível de 3,30m. Para o segundo
lote as curvas são 176.4m, 175.0m, 174.5m, 173.1m, 171.6m, totalizando um desnível maior de 4,80m.
Devido à sua grande extensão as curvas de nível se apresentam de maneira suave
3. PROJETO
As diretrizes que determinaram o planejamento do Parque Urbano para Várzea Grande foram baseadas
em uma pesquisa de campo na região de implantação, através de um questionário com o objetivo de
conhecer o perfil dos usuários e diagnosticar as carências do seu entorno. A pesquisa foi realizada no dia
19 e 24 do mês de março de dois mil e dezessete no período vespertino, onde os resultados obtidos foram
refletidos em função da opinião de 16 moradores da região, e os dados coletados processados em índices
percentuais para uma melhor ilustração dos resultados.
Para implantação do parque foram consultadas legislações, das quais o instrumento básico da política de
desenvolvimento no Município e o processo de planejamento trata-se da Lei nº 3.112/2007 - Institui o Plano
Diretor do Município com fundamento na Constituição Federal, em especial no que estabelecem os seus artigos
30 e 182, na Lei Federal nº 10.257/01 - Estatuto da Cidade, e na Lei Orgânica do Município de Várzea Grande,
institui o Plano Diretor Municipal e estabelecem as normas, os princípios básicos, as diretrizes e os instrumentos
para sua implantação. O parque urbano proposto para Várzea Grande tem o propósito de integração social e
ambiental, conforto climático, satisfação estética, a presença da paisagem natural também promoverá suporte à
fauna, combinando lazer ativo e contemplativo.
As diretrizes do programa de necessidades foram fundamentadas com a pesquisa de campo através da entrevista
e pelos aspectos físicos dos terrenos, que apresentam áreas e formatos distintos, dessa forma os lotes foram
divididos por setores: setor administrativo, setor educacional, setor cultural, setor de alimentação, setor esportivo
e recreativo. Porém a distribuição desses setores não se limitou a apenas um terreno, pois o esportivo agregou
para os dois. A implantação dos equipamentos inseridos e as trilhas de circulação foram pensando no acesso fácil
e na permeabilidade. Por meio do diagnóstico do local e entorno observou-se a presença de uma grande quantia
de veículos adaptados para produzir e servir refeições nas ruas os food truck, por este motivo foi destinado uma
área no primeiro lote para o setor de alimentação, facilitando seu acesso pela Rua Arthur Bernardes, via de
grande fluxo e a qual está farta desses veículos. Para maior conforto dos usuários, projetou-se uma cobertura
contra as intempéries climáticas, conta ainda com sanitários e playgrounds. Por fim, um espaço para esportes
radicais e área verde.
O primeiro terreno foi contemplado com a praça de alimentação, destinada aos diversos food trucks existente em
seu entorno, com a intenção de trazer conforto aos usuários, através da cobertura, dos sanitários e ainda do
playground, possui também a pista de esportes radicais.
Os acessos ocorrem pela via compartilhada, Rua Itapuã, Rua Presidente Arthur Bernardes e Rua Hercílio Luz,
sendo esse último acesso dos veículos adaptados os food trucks e ainda acesso de pedestre, portanto não possui
uma entrada principal valorizando o fluxo e a fruição dos pedestres. Conta com seis acessos de pedestre, e um
acesso para os Food trucks.
A praça de alimentação é composta por um salão central para distribuição das mesas, em seu entorno o
estacionamento para Food Truck. Os sanitários foram dispostos na parte externa da cobertura em folha e na
porção central do primeiro terreno para que também possa atender aos usuários do playground e da pista de
esportes radicais. O salão tem capacidade para 68 mesas, 272 pessoas em um pé direito de 10m.
O projeto combinou um grande vão livre com estrutura leve, teve como partido um grande arco central cruzando
a praça longitudinalmente e sustentando a cobertura em membrana tensionada, através dos cabos de aço. A
estrutura do arco está apoiada em fundações individuais em concreto.
Utilizou-se 01 vaga para cada 30m² de área construída destinada à sala de refeições. Para o Auditório, empregou-
se 01 vaga para cada 60m², no setor educacional aplicou-se 01 vaga para cada sala de aula, mais uma vaga para
cada 60m² de área administrativa construída para estabelecimentos de ensino. Já o restante das áreas onde os
usos não são especificados na norma, tomou-se por base 01 vaga para cada 120m² de área construída.
4. CONCLUSÃO
Os parques urbanos são fundamentais por serem espaços públicos destinados para as práticas de lazer
barato e saudável, minimizando a segregação social e favorecendo a democratização, a convivência
entre as distintas classes sociais e etárias usufruindo de maneira harmônica de um mesmo espaço. O
meio urbano influencia a quantidade de atividade física, a saúde e o bem-estar das pessoas, seu
planejamento deve ser inspirado nas perspectivas das pessoas que caminham.
Pretende-se com esse estudo estimular o progresso das políticas públicas na conservação e criação de
novos parques na cidade, áreas pequenas são mais acessíveis, ofertadas e mais práticas
economicamente.
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defesa do meio ambiente e recur-sos naturais do município de Várzea Grande-MT. Lex: coletânea de
legislação e jurisprudência, Várzea Grande, 1994.
RESUMO
O espaço público é um espaço fundamental e representativo que conecta os lugares e as pessoas, um
local de interação e socialização, podendo ser para o lazer, contemplação, preservação, circulação
dentre outras finalidades. O local de estudo é a praça central do bairro Santa Isabel localizada na
Avenida Ari Leite Campos. Para a realização do diagnóstico foram realizadas visitas de campo e
conversa com os moradores, onde foi identificada a situação atual da praça para subsidiar a proposta
de revitalização e por ser bairro mais humilde os espaços públicos são de grande valia para a habitação
social, sendo referência para a comunidade. Foi realizado um levantamento métrico inicial com trena e
posteriormente foi feito a o levantamento planimétrico com a utilização de estação total para maior
precisão. A praça tem três espaços distintos, sendo um com canteiros com vegetação arbórea , outra
com uma quadra esportiva e o terceiro uma área descoberta com vegetação arbórea, sendo que a
maioria foi plantada pelos próprios moradores, no local foi possível observar acúmulo de lixo e
matagal. Para a revitalização buscou-se maior integração e socialização da comunidade através da
implantação de equipamentos urbanos e serviços que proporcionem bem-estar e segurança a
comunidade. Foi projetada uma praça de alimentação com a construção de quiosques, intervenção
paisagística geral na praça, criação de um espaço para jogos e leitura, adequação da quadra
poliesportiva com iluminação adequada e arquibancadas, playground, academia ao ar livre, posto
policial, sanitários para pessoas com deficiências, colocação de lixeiras, adequação das calçadas com
piso tátil e rampas de acesso a cadeirantes, dentre outras intervenções.
1
Licenciada em Ciências Biológicas e acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de
Várzea Grande, Rua H nº 05, Setor Oeste Morado do Ouro, Cuiabá - MT, E-mail: frannovack@hotmail.com.
2
Professor orientador do Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG, AV. Dom Orlando Chaves N°
2655, Bairro Cristo Rei, Várzea Grande - MT, E-mail: cezarbiologo@gmail.com.
3
Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua 2, quadra 2, casa
23, Jardim Comodoro, Cuiabá - MT, E-mail: debora12matos@gmail.com.
4Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua 20, quadra53,
casa 20, Jardim Florianópolis, Cuiabá - MT, E-mail: marinobre2018@gmail.com.
5
Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário de Várzea Grande, Rua México, quadra
13, lote 02, Nova Era, Várzea Grande - MT, E-mail: renata.campos.arq@hotmail.com
Figura 1A - Mapa do bairro Santa Isabel em Várzea Grande - MT; 1B Praça central do bairro Santa Isabel
A Cohab Santa Isabel foi inaugurada em 1989 e foi entregue com os serviços de iluminação e
saneamentos básicos, tendo hoje por volta de 500 lotes cadastrados na prefeitura, conforme dados
fornecidos pela Prefeitura Municipal de Várzea Grande, totalizando cerca de 1550 moradores,
conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Cohab também possui uma área destinada à uma escola estadual e outra para uma praça, que é o
nosso objeto de estudo, ambas localizadas no centro da Cohab. As moradias originais estão
classificadas no registro da prefeitura como médio baixo, sendo que hoje poucas residências mantem
as mesmas características.
No entorno da praça estão edificações residenciais, comerciais, uma igreja católica e uma escola
(Figura 2).
A B
LEGENDA
Vegetação arbórea porte médio
Vegetação arbórea porte baixo
Estrutura de alvenaria baixa
Bancos de concreto
Boca de lobo
Meio fio e delimitação da praça
Figura 3 – Representação da praça Santa Isabel no Autocad 2015
Para a elaboração da proposta de revitalização, o arquivo do software Autocad 2015 foi importado
para o Revit 2017, no qual foi desenvolvido todo o projeto com a utilização de componentes
paramétricos que mais se aproximam da ideia adotada pelo grupo de trabalho.
Após a conclusão do projeto foram elaboradas perspectivas em formato de foto que foram
utilizadas para melhor demonstrar o projeto proposto.
3. RESULTADOS E DISCUÇÕES
3.1 Projeto de implantação
Buscou-se maior integração e socialização da comunidade com a revitalização da praça, através da
implantação de equipamentos urbanos e serviços que proporcionem bem-estar e segurança à
comunidade. Para isso foi proposto o paisagismo dos canteiros, implantação de vegetação arbórea para
sombreamento, local para jogos e leitura, playground, academia ao ar livre, quadra poliesportiva com
arquibancada, praça de alimentação, posto policial e sanitários, bicicletários e estacionamento
adequado para PCD.
O projeto conta com acessibilidade em seu entorno, tornando-se uma praça inclusiva e acessível a
todos, proporcionando uma boa estética e conforto à comunidade.
Nesse processo, a comunidade tem um papel muito importante de conscientização e zelo com o
espaço público, podendo valer-se dos benefícios que podem lhe proporcionar um espaço bem
conservado e com a devida manutenção.
A maior parte das intervenções ocorreu à direita da praça (Figura 4), pois era uma área descoberta
com vegetação arbórea apenas e sem muita utilidade para a comunidade, o que favorecia a colocação
de lixo, proliferação de mato, estacionamento inadequado de veículos, dentre outros.
Para melhor identificação dos espaços e intervenções, a praça foi setorizada, conforme elencado na
Tabela 1 e disposto na Figura 4.
Tabela 1 – Setorização e elementos
01 - Praça de alimentação 06 - Estacionamento
02 - Posto Policial, sanitários e bebedouros 07 - Quadra de esportes
03 - Academia ao ar livre 08 - Espaço para convívio, jogos e leitura
04 - Playground 09 - Calçadas acessíveis
05 - Bicicletário 10 - Paisagismo
04
08 01
07
03 02
05
09
A B C
Figura 5A- Situação atual da praça; 5B- Vista 2D do projeto quiosque; 5C- Vista 3D espaço de alimentação
Elementos 02 – Posto policial, sanitários e bebedouros (Figura 6) - O posto policial está instalado
ao lado da academia e praça de alimentação em uma das laterais da praça, onde será o local de maior
fluxo de pessoas. Para melhor atender a população que frequenta a praça, foram projetados dois
sanitários acessíveis, um feminino e um masculino, anexos ao posto policial, visando maior segurança.
Também foi proposto a colocação de dois bebedouros coletivos na lateral da construção em alturas
diferentes para atender as variadas estaturas do público da praça.
A B C
A B C
A B C
A B C
Figura 10A - Situação atual do canteiro; 10B - Vista 2D do espaço projetado; 10C - Vista 3D do espaço de
convívio, jogos e leitura.
Elemento 09 – Calçadas acessíveis (Figura 11) - A adequação de toda a calçada no entorno da praça
é necessária, com a colocação de rampas de acesso à cadeirantes, piso tátil para pessoas com
deficiência visual, visando a acessibilidade e proporcionando a oportunidade de todos frequentarem a
praça com autonomia e segurança.
A B
Figura 11A - Situação atual das calçadas; 11B – Vista 2D das calçadas acessíveis.
Elemento 10 – Paisagismo (Figura 12 e Tabela 2) - Foi proposto a implantação de espécies vegetais
em locais estratégicos, que interagissem com a já existente na praça, considerando diversas
características, como o porte, o ciclo de vida, a época de floração e frutos, dimensão, toxidade e
adaptação as qualidades do solo.
As espécies escolhidas se integram ao todo, como um conjunto que se articula e modifica os
espaços livres, priorizando espécies nativas da região e disponíveis comercialmente, para facilitar na
manutenção.
4.CONCLUSÃO
A praça, como um espaço urbano tem um papel fundamental nas comunidades, pois é capaz de
promover a integração das pessoas e proporcionar o bem estar.
Em muitas comunidades a praça é um dos únicos locais de lazer, interação e socialização, por isso
a importância de torná-la um local acessível, confortável e atrativo à comunidade.
O projeto proposto busca atender a estes anseios e necessidades da comunidade, proporcionando
às pessoas um local adequado, agradável, atrativo e seguro.
RESUMO
Os centos urbanos têm sofrido influência direta na moderna sociedade urbana, tornando o foco central
da atividade economia e social. Não muito obstante disso Sinop – MT vem crescendo
desordenadamente com a grande influência de migrações em busca de melhorias salariais e estudos,
com isso, a especulação imobiliária tem conquistado grande avanço, enriquecendo as áreas centrais e
favorecendo o crescimento dos bairros e periferias. O bairro Bom Jardim é um dos favorecidos o qual
se encontra inserido na região afastada da área central do município, tida como setor de chácaras
suburbanas. Essa classificação se deve ao afastamento do local, tratando de uma área adensada, com
casebres, moradias irregulares, infraestrutura precária e a falta de serviços públicos, tornando a
qualidade de vida dos moradores quase que subumana. O setor conta com apenas duas ruas estreitas ao
longo do perímetro e os imóveis estão assentados no limite das vias, contendo déficit em saneamento
básico. Sendo assim o projeto proposto tem por objetivo oferecer a comunidade, infraestrutura urbana
adequada e sustentável como: pavimentação, ciclovia, equipamentos públicos, além de resgatar a
cidadania através de esporte, lazer e cultura, gerando melhorias na qualidade de vida dos residentes do
bairro, e de forma positiva integra-los a cidade, com sustentabilidade e eficiência.
1
Arquiteto e Urbanista, Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Sinop (FACISAS), Estrada Nanci - Eunice,
CEP 78550-970, Sinop-MT, E-mail: dhiego.c.s@hotmail.com.
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental (PPGEEA), Bolsista
FAPEMAT/CAPES, Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia
(FAET) Avenida Fernando Correa da Costa, Bairro Boa Esperança, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail:
emeliguarda@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
O excessivo processo de espacialização, que é resultado de um sistema capitalista, vem determinando
a forma como as cidades brasileiras são produzidas. Uma intensiva urbanização das cidades brasileiras
vem ocorrendo desde metade do século XX, o favelamento tornou um fenômeno temporário em uma
situação consolidada na cidade. Segundo França (2009, p.239), “a formação inicial das periferias é o
resultado de movimentos migratórios, originados através das atrações que as cidades oferecem e
exercem sobre uma população que busca emprego ou uma atividade, que proporcionasse algum tipo de
renda, mesmo sendo informal”.
Muitos consideram que o favelamento e as periferias são como, “bolsões de pobreza, insalubridade e
violência, cujos padrões urbanísticos e estéticos fogem aqueles “aceitáveis”, ou mesmo considerada o
lugar da violência, da precariedade e da exclusão, mas para a população que ali habita é o lugar das
possibilidades”. (RUBIO, 2011)
As periferias, hoje, é um fenômeno contemporâneo não separado da cidade. É uma parte que constitui
as grandes metrópoles, da qual permanência da população não é temporária, como se acreditava. O
censo do IBGE em 1980 registrou 480.595 domicílios em aglomerados subnormais no Brasil, que
corresponde a 1,89% dos domicílios brasileiros, em 1991 esse número subiu para 1,14 milhões
domicílios em favelas, representando assim 3,28% do total de domicílios brasileiros do total dos
domicílios do país. Em 2010, os últimos censos declaram que aglomerados de residências subnormais
são de 11.425,644, saltando para 6% o número de brasileiros residentes em assentamentos precários.
Dentre tantos dados, é possível notar que a urbanização está acontecendo de forma problemática, pois
o aumento populacional urbano é relativamente maior que a capacidade de geração de empregos.
Assim, a falta de planejamento somada a crise social e econômica potencializa a desorganização
urbana e uso do solo, gerando bairros afastados e sem infraestrutura, alguma aumentando a destruição
das áreas de reservas e espaços verdes, além de adensar os serviços públicos oferecidos tornando-os
igualitários.
Diante desse contexto, Sinop – MT é considerada uma cidade de médio porte, com um crescimento
anual de 10%. Segundo o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no censo de 2010 a
população estimada e em torno de 129.916, sendo que o índice de pobreza varia em torno de 10,14% a
31,31%, elevando a taxa de problemas em questões urbanas.
Assim, temos como base, dados do Ministério de Desenvolvimento Social e de Combate à Fome,
constata se que o modelo de desenvolvimento é marcado pela extrema concentração de renda (SILVA
E SILVA, 2005), gerando problemas como: violência urbana; caos no trânsito; vias saturadas e mal
planejadas; transportes urbanos eficientes e insuficientes; problemas com educação, saúde e habitação;
poluição de córregos e rios; poluição atmosférica e visual; bairros sem infraestrutura; discriminação
com moradores de comunidades carentes (CARLOS & LEMOS, 2003).
Sendo assim, este trabalho objetiva diagnosticar os distúrbios causados pela ocupação do solo indevida
no Bairro Bom Jardim no município de Sinop – MT, propondo em projetos a correção do
planejamento urbano danificado, sendo o mesmo em nível de cidade, proporcionando novas
estratégias para melhorar a qualidade dos residentes.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de Estudo
Os centos urbanos têm sofrido influência direta na moderna sociedade urbana, tornando o foco central
da atividade econômica e social. Não muito obstante disso, Sinop – MT vem crescendo
desordenadamente com a grande influência de migrações que vieram buscar melhorias salariais e
estudos, com isso, a especulação imobiliária tem crescido, enriquecendo as áreas centrais favorecendo
o desenvolvimento das periferias.
O estudo ocorreu no bairro Bom jardim situado na cidade de Sinop-MT, a 503 km da capital Cuiabá,
sua localização situa-se a cerca de 17 km do centro do município. A escolha da comunidade se fez
pelo fato de que a população residente está em torno de 1.800 habitantes e não possui infraestrutura
adequada para o convívio urbano.
O bairro Bom Jardim se encontra inserido em uma área afastada da área central do município, tida
como setor de chácaras suburbanas. Essa classificação deve ao afastamento do local, tratando de uma
área adensada, com casebres, moradias irregulares, infraestrutura precária e a falta de serviços
públicos, tornando a qualidade de vida dos moradores quase que subumana. A área conta com apenas
duas ruas estreitas e os imóveis estão assentados a beira das vias, sem asfaltamento, contendo com um
déficit em saneamento básico.
O projeto proposto para a comunidade é de oferecer infraestrutura urbana adequada e sustentável
como: pavimentação, ciclovia, equipamentos públicos, além de resgatar a cidadania através de esporte,
lazer e cultura, gerando melhorias da qualidade de vida da população e de alguma forma integrando a
população a cidade, com modais de deslocamento.
2.2 Metodologia
Na produção desse trabalho, os resultados serão analisados sob abordagem qualitativa e empírica,
passando os objetivos definidos, apresentando-se uma pesquisa empírico-descritiva, na busca de
possibilidades para intervenção urbanística no bairro Bom Jardim no município de Sinop/MT.
A técnica de pesquisa empírico-descritiva estuda a "face empírica e fatual da realidade; produz e
analisa dados, procedendo sempre ela via do controle empírico e fatual" (DEMO, 2000, p. 21). A
importância desse tipo de pesquisa está na "possibilidade de oferecer maior concretude às
argumentações [...]. O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes
dados agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática"
(DEMO, 1994, p. 37).
Os dados metodológicos serão obtidos através de pesquisa de campo, pesquisa bibliográfica,
observação na comunidade, entrevista com lideranças locais como “presidente do bairro”, relato
fotográfico e posteriormente aplicação de questionários com os moradores do bairro.
Para identificar as impressões e as perspectivas dos moradores utilizou - se da técnica de observação
participativa, considerada como uma coleta de dados para conseguir informações sob determinado
aspecto da realidade, com a integração do investigador ao grupo investigado segundo LAKATOS
(1996 p.79), e COSTA (1987) apud QUAREMA (2005 p.71).
Assim, o processo de pesquisa tomará rumos satisfatórios através da pesquisa de campo que, segundo
Marconi e Lakatos (2010, p. 169) “consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem
relevantes, para analisá-los”.
Segundo GRUBITS (2004, p. 99), a compreensão é o modo de conhecimento próprio das ciências
humanas, pois, por meio dela, se pode apreender, entender e interpretar a gama de significados e
valores contidos na experiência humana.
Para prosseguir efetivamente o desenvolvimento da pesquisa, será fundamental a realização da
pesquisa bibliográfica, a qual reforçará os dados coletados na realidade vivida, uma vez que “abrange
toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses” (MARCONI E LAKATOS, 2010, p. 166).
Também será fundamental pesquisa documental, como o censo realizado pelo IBGE Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nesse sentido, é possível inferir que a pesquisa empírico-descritiva dentre suas subdivisões, estuda a
descrição de população fornecendo “a exata descrição de certas características quantitativas de
3. DIAGNÓSTICOS
Diante dos relatos fotográficos obtidos na primeira visitação a comunidade para o reconhecimento e
análise das necessidades da população residente, faz-se necessário um estudo mais aprofundado e
detalhado para que, com a elaboração de uma proposta de intervenção urbanística, os anseios e
necessidades desta população sejam supridas.
O primeiro passo foi procurar a enfermeira chefe do posto de saúde local, para se obter dados da
quantidade de atendimento diário e quais faixas etária – criança, jovem e idoso – recebem atendimento
do posto de saúde, porém descobriu-se que, o posto de atendimento estava inoperante do momento,
forçando a população residente percorrer 14 km para obter atendimento no centro urbano e/ou no
bairro mais próximo.
O presidente do bairro informou que o bairro foi iniciado por volta do ano de 1997, sendo o mesmo
promovido pela IMOBILIÁRIA IRMÃOS NOGUEIRA LTDA, inscrita no CRECI de n. J-0842,
inicialmente o objetivo do bairro era de ser chácaras pequenas para lazer, porém com o custo
relativamente baixo dos lotes a população de baixa renda, começou a adquirir lotes, tornando hoje um
bairro com 1.800 pessoas residentes atualmente.
Após conversar com as lideranças e secretários municipais, aplicou-se o questionário e logo após
tabulação dos dados, assim podemos analisar mais de perto a real situação do bairro. Em seguida
efetuou-se o levantamento da tipologia das residências, vale ressaltar que para essa pesquisa foi
entrevistada 9,90% da população atual, totalizando um percentual de 195 pessoas, ressaltando também
que algumas regiões não foram adentradas por motivos de tráfico de drogas e violência, representando
perigo a integridades dos acadêmicos.
Verificou-se que o bairro possui uma população jovem – entre 30 a 50 anos de idade – sendo
composta também por crianças e jovens, apresentando necessidade de programas educativos e de
desenvolvimento psicossocial para a sua inserção no mercado de trabalho e como consequência a
melhoria da renda familiar.
O anseio principal é a infraestrutura básica – asfalto, iluminação e mobiliários urbanos demonstrando a
visão primaria da população em relação ao que seria qualidade de vida urbana e social, sem demais
perspectivas como o lazer. Um ponto de destaque foi a saúde, pois o atual posto de saúde que se
encontra no bairro está inoperante no momento pela falta de equipe e medicamentos para atender o
bairro, logo em seguida vem o âmbito segurança, a falta da mesma gera violência e potencializa
roubos, tráficos, e a preocupação da população, na sequencia vem a educação e o lazer.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A ausência de políticas pública e o capital social tem gerado a segregação espacial e socioambiental,
que resulta em assentamentos precários, cuja morfologia da ocupação do solo é voltada para o uso
unifamiliar e multifamiliar de pequeno porte, que tenham sido implantadas sem previa aprovação dos
órgãos públicos responsáveis e implantados em desacordo com a legislação municipal de loteamento.
Desse modo, a comunidade caminha para um favelamento, com problemas de ocupação desordenada e
amontoada, problemas com o município na questão fundiária, precariedade em moradias,
insalubridade, ausência de espaços para lazer, esporte e cultura, e condições de qualidade de vida
baixas e infraestrutura precária.
Por ser uma comunidade afastada do centro do município, a população sente excluída aos serviços
públicos oferecidos pelo município, causando uma depressão comunitária e isolamento dos residentes.
A comunidade escolhida para a intervenção urbanística é o bairro Bom Jardim que fica situado a cerca
de 17 km do centro do município de Sinop, MT, sendo um grande exemplo de que a especulação
imobiliária “empurra” para cada vez mais distantes famílias que buscam oportunidades empregatícias,
educacionais e/ou outros, agravando cada vez mais problemas como o de planejamento urbano
municipal.
Logo, nota-se a distância em que o bairro se situa da centralidade do município, sendo um fator
relevante na questão socioeconômico do bairro, no âmbito planejamento e qualidade de vida urbana. O
bairro se situa na Rodovia João Adão Scheeren no KM 38, essa mesma rodovia é de acesso a Cidade
de Santa Carmem figura 01.
Figura 1 - Afastamento da localidade ao centro municipal Fonte: Software:GoogleMaps, bairro Bom Jardim,
Sinop, MT (2016)
Á primeira vista notamos que a falta de planejamento e a precariedade pode ser vista pela falta de
asfalto, calçamento, divisão de vias para: pedestres e veículos, sendo utilizada para diversos modais de
deslocamento, gerando uma desordem na malha urbana e paisagística no bairro figura 2.
Figura 2-Vista área do Bairro Bom Jardim, Sinop-MT Fonte: Dhiego Souza, 2016.
Nas edificações, é possível encontrar casas com diversos tipos de sistemas construtivos – madeira e/ou
alvenaria - sem projeto e planejamento algum, em sua maioria sem muramento, calçamento e muitas
das mesmas inacabadas, ou em situação de desgaste devido à má execução, falta de projeto e
planejamento. Muitas das edificações estão locadas indevidamente no terreno, com aberturas em
divisas, muitos terrenos se encontram com aglomeradas residências, gerando problemas como a
insalubridade figura 3.
Figura 3 - Edificações em diversos tipos de sistemas construtivos Fonte: Software:GoogleMaps, bairro Bom
Jardim, Sinop, MT (2016)
É possível notar a falta de espaços para lazer, crianças, jovens e adultos usam a beirada e/ou meio da
rua como uma forma de lazer figura 4. Ao fundo do bairro encontra-se a área verde e/ou APP – Área
de Preservação Permanente- degrada, servido de deposito para lixo e entulhos. Constando assim, a
falta de planejamento, respeito ao meio ambiente e falta de políticas públicas.
Figura 4 - Bancos de madeira em frente à residência servindo de lazer; crianças brincando ao meio da rua
Fonte: Software:GoogleMaps, bairro Bom Jardim, Sinop, MT (2016)
A projeção da comunidade é de forma retangular, o que dificulta à integração e socialização por parte
dos moradores, fazendo se necessária a abertura de “clarões” para a realização de atividades entre os
moradores, não deixando de observar que há necessidade da criação de novas vias de acesso,
permitindo o melhor deslocamento dos modais de deslocamento tanto privado quando público,
gerando fluxo no trânsito local.
É de fundamental importância propor um espaço para o lazer da comunidade, visto que nas pesquisas
de campo, constatou carência de áreas verdes e áreas para recriação, o projeto prevê áreas verdes para
a prática de esportes e lazer, sendo os mesmos próximos a áreas verdes atuais, pela busca do conforto
bioclimático.
Diante dos fatos apresentados a proposta para o bairro Bom Jardim como projeto, abarca o eixo que é
definido em três etapas de organização espacial urbana, subdividido em setores para melhor
entendimento, iniciando primeiramente pela organização da malha viária como: aberturas de novas
vias e organização das atuais (SETOR 01), depois segue com a implantação de uma ciclovia central,
para atender melhor a população residente e a inserção de calçadas para passeio público (SETOR 02).
Por fim a proposta da implantação de uma praça e arborização, favorecendo a pratica do lazer e
esporte, além de recuperar áreas ambientais degradadas (SETOR 03) figura 5.
Figura 5-Área de intervenção do bairro Bom Jardim em Sinop-MT. A intervenção foi dividida em setores sob
seguinte setorização: Setor 1: Organização da malha viária e inserção de novas vias; Setor 2: Implantação de
ciclovia central; Setor 3: Inserção de uma praça e arborização no local para recuperação de áreas ambientais.
Fonte: Montagem do Autor, 2016/Imagem de Satélite – Google Earth, 2007.
Para melhor dimensionamento das propostas citadas acima e infraestruturas necessárias para cada
setor da intervenção, foi elaborado um estudo em nível de projeto se fundamentando sob o aumento do
potencial ambiental e a busca da qualidade de vida urbana dos residentes do bairro Bom Jardim,
portanto segue a proposta caracterizada como Setor 1 figura 6.
Figura 6 - Proposta de Intervenção do Bairro Bom Jardim, Sinop-MT, em nível de projeto. Fonte: Modelagem
do Autor, 2016/Software AutoCad, 2016.
Como citado acima, para o Setor 2 e 3 as propostas são de caráter de recuperação da qualidade urbana
do bairro Bom Jardim, como a implantação de ciclovia central a inserção de praça para a pratica do
lazer, buscando aumentar a arborização do bairro em busca da recuperação das áreas ambientais,
figura 7.
Figura 7 - Proposta de Intervenção do Bairro Bom Jardim, Sinop-MT, em nível de projeto, detalhamento. Fonte:
Modelagem do Autor, 2016/Software AutoCad, 2016.
Sendo assim, a intervenção urbana proposta para o bairro Bom Jardim é uma nova forma de pensar
intervenção, que procura disponibilizar melhorias através de um conjunto de ações, levando em
considerações pautas como: econômicas, sociais, culturais, funcionais e ambientais, o projeto proposto
procura dispor uma nova vida as áreas degradadas do bairro, buscando a qualidade de vida urbana dos
residentes.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após um longo processo de pesquisa e obtenção de dados, foi possível o reconhecimento da estrutura
do bairro e dos cidadãos que a compõem, a partir dos dados é possível propor um projeto de
intervenção urbanística que contemple os anseios e necessidades dessa população. Considerando que
as populações predominantes são jovens e de realidade de carência.
De maneira geral, é indispensável uma ação conjunta do poder privado e do poder público e com a
participação da população, promovendo melhorias urbanas para alcançar uma revitalização eficiente,
além de proporcionar outras infraesturas básicas, para que alcance uma melhoria na qualidade de vida
da população e a preservação do meio ambiente.
Assim como uma boa parte das cidades de médio porte brasileiras, Sinop-MT está enfrentando
relevantes processos de mudanças em sua organização espacial e na sua paisagem urbana. Nesse
contexto a proposta de intervenção no bairro Boa Jardim se constitui de um projeto de intervenção que
atenderá os anseios da população que reside do bairro, oportunizar a qualidade de vida urbana,
recuperar áreas ambientais destruídas e ocupadas indevidamente, potencializar o convívio dessa
população.
O regaste da qualidade de vida urbana, a recuperação do meio ambiente e a inserção de infraestrutura
adequada, a inserção de uma área que busca o convívio entre a natureza e o homem é a prefiguração
de um presente melhor para a cidade, que uni definitivamente a população a sua cidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARLOS, A. F. A.; LEMOS A. I. G. Dilemas Urbanos. São Paulo: Contexto, 2003.
CASTELLS, Manuel - A Questão Urbana, tradução de Arlene Caetano.01ªed. Rio de Janeiro:
Editora Paz e Terra S.A., 1983.
FRANÇA, Elisabete. Favelas em São Paulo (1980-2008). São Paulo: Tese de Doutorado apresentada
na Universidade Mackenzie, 2009.
SILVA E SILVA, Maria Ozanira. Os programas de transferência de renda e a pobreza no Brasil:
superação ou regulação. Revista de Políticas Públicas. V.9, n.1, p.251-278, jan. /Jun. 2005.
RESUMO
No decorrer deste artigo serão apresentadas informações necessárias para a concepção de um escopo
completo para a requalificação de um mercado público, que carrega em si várias marcas históricas e
culturais por estar situado em uma região histórica da cidade de Cuiabá-MT. A proposta consiste na
requalificação do Mercado Público Antônio Moisés Nadaf, mais conhecido como Mercado do Porto, a
região onde está localizado possui vários traços de tradição da cultura cuiabana, situado em um dos
locais mais antigos da cidade. Ele é considerado um ponto de referência para os moradores e turistas
que por ali passam, com grande representatividade para a sociedade. Durante o desenvolvimento do
mesmo, serão citadas a fundamentação, o conceito do tema, a contextualização histórica, o local
escolhido, projetos de referência, as condicionantes técnicas e normativas, além de toda a parte do
desenvolvimento e concepção do projeto. Com base nisso a proposta do projeto é proporcionar bem-
estar aos comerciantes e ao público que ali frequentam, com espaços ergonômicos, conforto térmico e
acústico. Visando principalmente o resgate da cultura e tradição da região, para que continue sendo um
ponto de referência no espaço do turismo mato-grossense. Assim proporcionando um local satisfatório
para a comercialização de produtos que são produzidos na região por moradores locais.
Palavras-chave: Mercado público, Cultura, requalificação.
1
Arquiteta e Urbanista, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim
Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: danielafialho55@gmail.com.
2
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda,
3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: kathleeneing3@gmail.com.
3
Especialista em Patrimônio, Turismo e Desenvolvimento Regional, Professora no Curso de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP
78065-900, Cuiabá-MT, E-mail: arq_flaviasn@hotmail.com.
4
Mestrando em Engenharia de Edificações, Professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de
Cuiabá, Rua das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
galvaoarquiteto@gmail.com.
5
Mestre em Física Ambiental, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá, Rua
das Violetas, R. Manoel José de Arruda, 3100, Jardim Europa, CEP 78065-900, Cuiabá-MT, E-mail:
paula.libos@kroton.com.br.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Bonduki (2010, p.144), o mercado é “[...] o local onde os produtores, comerciantes e consumidores
de uma região se reúnem para trocar seus produtos’’.
De acordo com Ferreira, Aurélio (2004, p1313), “Mercado é um lugar público coberto ou ao ar livre onde se
compram mercadorias postas à venda’’.
Levando em consideração o grande fluxo de pessoas, a importância cultural, histórica e econômica
para a região de Cuiabá, surgiu a intenção de requalificar o Mercado público do Porto – Antônio
Moisés Nadaf.
Após a apresentação do conceito do tema e tendo em vista os aspectos observados, o mercado público
vem adquirindo um grande potencial cultural, proporcionando uma troca de experiências de costumes,
dialetos e culinária de uma região, tornando um espaço de grande importância para a população do
local.
Dessa forma fica claro, portanto, a importância do mercado público para a população e região onde se
encontra implantado, tornando um ponto turístico da cultura local.
O presente artigo apresenta um projeto de requalificação do mercado público do Porto – Antônio
Moisés Nadaf localizado no município de Cuiabá – MT.
O projeto tem por objetivo recuperar a estrutura do edifício, visando atender as necessidades dos
usuários e comerciantes, tornando um espaço para troca de cultura e tradição local.
O produto final é intervir de modo significativo não somente para os comerciantes que se encontram
instalados, mas também aos visitantes que frequentam o local. Para o desenvolvimento do escopo do
projeto foi feita uma breve análise, levando em consideração as informações físicas, culturais,
econômicas e sociais da área.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Desde a origem da humanidade, o homem explorava novas tecnologias que eram necessárias para a
sua sobrevivência, segundo Oliveira Júnior (2006), com o surgimento da agricultura no período
neolítico, fez com que o homem alcançasse um importante grau de conhecimento na criação de
animais e cultivos de plantas, e com o tempo novas técnicas de cultivos foram criadas, com a evolução
dessas tecnologias foi possível produzir em excesso, que logo passaram a ser usados como moeda de
troca por mercadorias, dessa forma, surgiu o comércio em sua forma rudimentar.
Segundo Vargas (2001 apud OLIVEIRA JÚNIOR, 2006, p.23), descreve que os bazares eram
constituídos por vários pátios internos, possuindo mercados, fontes, lojas e casas de oração, os
produtos eram organizados de forma que se obedece aos princípios funcionais, criando elementos de
atratividade e direcionamento do fluxo.
A disposição do mercado era diferente de cada local e período, sendo apresentado em locais que
serviam para realizações de reuniões populares, segundo Leal (2011), os primeiros mercados na Grécia
antiga eram ao ar livre, no espaço da Ágora onde eram realizadas as reuniões e assembleias populares,
sendo que a tipologia do mercado grego se desenvolveu no século II A.C. possuindo uma planta
retangular.
De acordo com Oliveira Júnior (2006), o espaço da Ágora era rodeado por templo, fonte ou oficina de
artesão, os espaços livres no centro eram destinados às barracas nos dias de feiras.
Os aspectos que foram observados no texto mostram que o mercado foi evoluindo de acordo com as
condições econômicas e físicas de cada região e que por falta de espaços apropriados o mercado teve
início em locais a céu aberto.
3. LUGAR
3.1 Cidade de Cuiabá
Conforme o Instituto Brasileiro de geografia e estática IBGE (2016), a cidade de Cuiabá foi fundada
no dia 08 de abril de 1719, nessa data Pascoal Moreira Cabral assinou as margens do rio Coxipó a ata
de fundação de Cuiabá.
De acordo com Perfil Socioeconômico de Cuiabá (2012), as principais atividades econômicas do
município são, o comércio, indústria e agronegócio. Possuindo como vegetação predominante o
cerrado, e entre as vegetações nativas do local, estão a Bocaíuva, o pequi, o cumbaru, entre outros,
apresentando um clima tropical continental, dispondo de dois períodos distintos, sendo eles o chuvoso
com duração de oito meses e seco com duração de quatro meses.
A área de estudo escolhida foi o bairro do porto, localiza-o na região oeste de Cuiabá, com o intuito de
conhecer o contexto urbano que o bairro se encontra, foi feito uma breve analise, levantando
informações físicas, econômicas e sociais da área citada.
Os comércios e serviços estão distribuídos entre as principais vias que atendem o bairro do porto,
sendo eles de variados usos.
O uso institucional do bairro e bem diversificado, sendo eles, prédio de caráter cultural, como o
aquário municipal, mercado público e museu, estabelecimentos educacionais, como creches
municipais, escolas estaduais e faculdade.
Possuindo uma pequena área destinada à preservação de interesse histórico, localizado na Rua 13
de junho com a Avenida Oito de abril.
O bairro possui algumas áreas destinadas à preservação ambiental, localizado na Avenida Beira
Rio e na Rua 13 de Junho. Dispondo de algumas áreas de lazer que estão distribuídas pelo bairro.
3.3 Zoneamentos
De acordo com o Mapa de Zoneamento e a Lei Complementar Nº389/2015 de Uso e Ocupação do solo
de Cuiabá, verifica-se que o bairro do Porto pertence a seis diferentes zonas, sendo elas:
ZUM (Zona Urbana de Uso Múltiplo)
ZIA1(Zona de Interesse Ambiental 1)
ZIA2(Zona de Interesse Ambiental 2
ZIA3(Zona de Interesse Ambiental 3)
ZIH2(Zona de Interesse Histórico 2)
ZC(Zona Central).
4.2 Renda
Segundo os dados do Perfil Socioeconômico de Cuiabá (2012), o bairro do Porto está classificado na
renda média. De acordo com o gráfico ao lado, podemos perceber que a renda por domicilio
predominante é de 5 a 10 salários mínimos, representando 25,45% dos domicílios.
4.4 Terreno
A seguir foram dispostas algumas fotos do local e seu entorno.
Figura 01 – Fachada Mercado Público. Fonte: os Figura 02 – Vista lateral direita mercado. Fonte: os
autores. autores.
5. PROCESSO
5.1 Aspectos Técnicos
Os aspectos técnicos considerados para atender a necessidade do local são:
COBERTURA COM SHEDS - Foi usado a cobertura com Sheds para ter um melhor
aproveitamento da iluminação natural, proporcionando uma iluminação equilibrada e indireta
nos ambientes;
PISO DRENANTE - Para atender a lei de uso e ocupação do solo de Cuiabá, que determina
25% de área permeável na edificação, esta-rá sendo usado piso drenante nos estacionamentos
e es-paço para atividade cultural.
6. PROJETO
6.1 Diretrizes Projetuais
Para que seja analisado as necessidades dos comerciantes e frequentadores, tendo em vista, a escolha
do método, onde dessa forma será possível compreender e levantar as reais necessidades do local.
Tendo em mente a forma de pesquisa, escolheu-se utilizar o método de questionário avaliativo, sendo
realizado com 30 pessoas, dos quais são comerciantes e frequentadores. Para melhor compreensão dos
dados levantados foram feitos gráficos demostrando as reais problemáticas do local.
Com base na análise e interpretação dos dados levantados, foi possível definir algumas metas que
deverão ser seguidas para a concepção das ideias, sendo elas:
a. Aproveitamento da iluminação natural; e. Espaços com lanchonetes e restaurantes;
b. Acessibilidade; f. Conforto Térmico;
c. Adequação das quitandas de vendas; g. Segurança.
d. Espaço para atividade cultural;
6.5 Setorização
Na planta abaixo podemos observa como foi distribuído e organizado os setores, de acordo com cada
função que será adotado no mercado.
Sabendo dessas informações foi proposto o uso da cobertura termo acústica, além de proporcionar
uma melhora acústica e conforto térmico ao edifício. Para um melhor aproveitamento da iluminação
natural, foi mantido a ideia de cobertura com SHEDS, permitindo uma iluminação harmoniosa,
equilibrada e indireta nos ambientes.
Além desses pontos proposto para melhorar o conforto térmico do mercado, foi implantado vegetações
próxima do edifício, criando áreas sombreadas e agradáveis para os visitantes e comerciantes.
6.8 Cobertura
A cobertura foi desenvolvida de estrutura metálica tipo SHEDS, permitindo a entrada de iluminação
nos ambientes, coberta com telha termo acústica, sendo que nas escadas de emergência foi empregado
a laje impermeabilizada.
Atendendo a NBR 5626 e NBR 13714, foi posicionado 2 caixas d’água de 2000L em cada escada de
emergência para atender os restaurantes e sanitários da edificação e mais 1 caixa d’água de 1000L na
administração, possuindo um reservatório externo de 40.569L para atender o consumo do mercado,
administração, jardim e reserva técnica de incêndio.
7. CONCLUSÃO
A proposta de requalificação em questão tem por finalidade apresentar melhorias e novas áreas para
atender as necessidades dos comerciantes e visitantes que frequentam o local, destacando a
importância que o mercado possui para a divulgação da cultura e costumes locais, tornando um dos
pontos turísticos da região.
Para uma melhor compreensão das necessidades da área em questão, foi realizado uma pesquisa no
próprio local, levantando informações necessárias para o desenvolvimento do projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626: Instalação predial de água
fria. Rio de Janeiro: Norma Técnica, 1998. 41 p.
______. NBR 8995-1: Iluminação de ambientes de trabalho parte 1: interiores. Rio de Janeiro:
Norma Técnica, 2013. 46 p.
______. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
Rio de Janeiro: Norma Técnica, 2015. 148 p.
______. NBR 907: Saídas de emergência em edifícios. Rio de Janeiro: Norma Técnica, 2001. 35 p.
______. NBR 15215-4: Iluminação natural - parte 4: verificação experimental das condições de
iluminação internas de edificações - método de medição. Rio de Janeiro: Norma Técnica, 2004. 13
p.
______. NBR 13714: Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio. Rio de
Janeiro: Norma Técnica, 2000. 25 p. Dispo-nível em: <
http://www.vitalinox.com.br/download/NBR_13714_Hidrantes_e_mangotinhos.pdf >. Acesso em: 24
abr. 2017.
RESUMO
O município de Alta Floresta, localizado ao norte do estado do Mato Grosso, não oferece vantagens para
o uso da bicicleta como esporte saudável e meio de transporte sustentável. A cidade não foi devidamente
planejada para suportar o atual fluxo de veículos. Apesar de o automóvel ser o meio de transporte mais
usado pela população, grande parte utiliza a bicicleta tanto para trabalho quanto para lazer. O objetivo
deste artigo é informar dos benefícios que a proposta de ciclovia trará para a população, visando também
a economia de recursos e a diminuição da emissão de gases poluentes. A metodologia utilizada nessa
pesquisa de Iniciação Científica foi comparar a funcionalidade dos sistemas de ciclovias de cidades
Brasileiras e estrangeiras, e verificar como esse sistema pode ser aplicado em Alta Floresta. Como
resultado foi proposta uma rota de implantação da ciclovia para o município a fim de suprir a sensação
de insegurança que transmite o uso da bicicleta quando não há uma infraestrutura adequada para a
circulação, já que é uma preocupação constante na vida dos ciclistas. Através dessas pesquisas,
percebeu-se que as ciclovias oferecem maior segurança durante o trajeto ao longo da via, já que a
segregação impede a invasão de veículos sobre o espaço de circulação de bicicletas. Sua implantação
tem diversos benefícios. Os principais argumentos é a contribuição para o meio ambiente, redução dos
índices de congestionamentos e acidentes, saúde e vida longa e transporte econômico. Além disso, a
ciclovia atende tanto a concepção de servir ao lazer, quanto ao de esporte e de meio alternativo de
transporte para o trabalho. Uma vez que mover-se com qualidade é a face da mesma equação que habitar,
ou trabalhar, com qualidade.
1
Graduanda de Engenharia Civil, Faculdade de Direito de Alta Floresta FADAF, Av. Leandro Adorno,
s/n, Bloco D, CEP 78580-000, Alta Floresta – MT E-mail: laisamdz15@hotmail.com
2
Professora Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, UnB Campus
Universitário Darcy Ribeiro, Brasília, DF, CEP 70904-970. E-mail: eumakoshi@gmail.com
As cidades são uma das maiores criações do homem. Sempre foram objetos de desejos, desafios,
oportunidades e sonhos. E, devido a isso, muitas mudanças ocorreram no último século. A população
que antes vivia em zona rural passou a viver na zona urbana e a compor a paisagem das grandes
metrópoles. Entretanto, o fluxo da demanda foi tanto que houve uma superlotação nas cidades e, por
consequência, uma expansão territorial e populacional descontrolada. As cidades nunca abrigaram tantas
pessoas, e essa intensa urbanização ocasionou o aumento do consumo de recursos naturais, como água
e energia, e o aumento do nível de poluição gerada. ( LEITE, 2012)
Em 1930, o economista John Keynes previu que a humanidade dali a cem anos enfrentaria problemas a
esse respeito. Agora faltando menos de vinte anos para este cenário, talvez seja oportuno nos
preocuparmos com a grande questão do século: O Planeta Urbano. Afinal, se o século 19 foi dos
impérios e o 20, das nações, este é o das cidades ( LEITE, 2012).
Leite (2012, p. 73) aponta que grande parte das crises mundiais que ocorrem no mundo é originada de
problemas ambientais, já que sempre envolvem mudanças climáticas, poluição, escassez de água, dentre
outros. Isso por que as cidades são como organismos. Elas absorvem recursos e emitem resíduos. Ou
seja, quanto maior a cidade, maior será também sua dependência das áreas circundantes, assim como
também, maior a sua vulnerabilidade em relação às mudanças em seu entorno (ROGERS, 2001). Logo,
para que haja uma formação de cidades sustentáveis, capazes de atender as necessidades da população
e manter um equilíbrio entre o crescimento populacional e o meio ambiente é preciso que as cidades
sejam reinventadas. Sejam redesenhadas com maior eficiência em infraestrutura e mobilidade urbana,
para que assim promovam um melhor rendimento nos transportes públicos. Pois uma cidade reinventada
é uma cidade inovadora, uma cidade criativa. Logo, é uma cidade sustentável.
Segundo Rogers (2001, p. 5), o relatório das Nações Unidas diz que “os países devem aceitar o conceito
de ‘Desenvolvimento Sustentável’ como espinha dorsal de uma política econômica global”. Pois assim,
“poderá ser atendido as nossas necessidades atuais sem comprometer as futuras gerações”,
proporcionando cidades mais sustentáveis. (ROGERS, 2001)
Felizmente, hoje, ‘cidade sustentável’ virou pauta relevante para a sociedade. Segundo Leite (2012) é o
novo jogo do tabuleiro urbano, e não jogá-lo é pior que não fazer nada, uma vez que todos já estão
perdendo.
1- MODAIS DE TRANSPORTE
Nas últimas décadas, notou-se um aumento constante e significativo no número de carros e motos no
tráfego urbano. Esse crescimento desenfreado de veículos motorizados no dia a dia das cidades tem
favorecido para reduzir a sustentabilidade urbana, gerando impactos ambientais, sociais e econômicos
no sistema de transporte.
No Brasil o aumento dessa frota foi de mais de 250% (VASCONCELLOS, 2012). Esse fenômeno é o
reflexo do poder aquisitivo das pessoas e da deficiência do transporte público, já que as cidades têm sido
adaptadas para a fluidez no trânsito de carros, deixando para segundo plano o incentivo ao uso
sustentável de outros meio de transportes menos poluentes.
A renda familiar é proporcional à mobilidade pessoal. Ou seja, quanto maior o poder aquisitivo, o
automóvel é mais usado. Isto, porque o sistema viário não é distribuído igualmente devido a sua
priorização ao uso do automóvel, e essa priorização gera uma discriminação enorme quanto aos outros
meios de transporte. Uma vez que as cidades passam a organizar suas vias somente para carros, não
Figura 1: Avenida 23 de maio em São Paulo. Foto: Alexandre Moreira/ Brazil Photo Press/ Estadão
Conteúdo.
Segundo VASCONCELLOS (2012), o ônibus é o modal mais seguro, uma vez que, o risco de sofrer
um acidente em ônibus é menor do que na motocicleta ou no automóvel. Todavia, para o mundo
contemporâneo, esse meio de transporte tornou-se ultrapassado, e um “impedimento” na fluidez do
trânsito.
No Brasil e no mundo existem diversos meios de transporte: motocicleta, táxi, ônibus, metrô, trem,
dentre outros. Entretanto, o mais usual é o carro. O apoio ao uso intensivo do automóvel revela-se pela
construção de um sistema viário extenso, onde os usuários podem atingir qualquer ponto no espaço
geográfico, a qualquer hora.
Contudo, Apesar de ser o meio mais utilizado pela população, existem ainda as vantagens: como
percorrer distâncias em menos tempo e exercer menos esforços físicos; e também as desvantagens: como
o aumento de frotas de carros e motos, que por consequência, proporciona mais acidentes e emissão de
gases poluentes na atmosfera.
2- BICICLETAS
Figura 2: Essa é uma avenida de alta circulação, um dos poucos locais no centro de Amsterdam onde há
congestionamento (de carros e de bicicletas) pesado nas horas de pico. Foto: Natália Garcia, 2011.
O movimento dos ciclistas é bastante positivo, mas a implantação de medidas que priorizem as bicicletas
precisa ser bem planejada e com adaptação para todos, assim como, também, com uma fiscalização
eficaz.
Em países em desenvolvimento faltam ações específicas que fiscalizem diretamente as ações de trânsito
nas ruas. Pois, por falta dessa fiscalização os condutores de todos os tipos de veículos – carros, motos,
ônibus e outros- acostumaram-se a estabelecer sua velocidade baseados em suas próprias percepções
dos riscos, circulando mais rápido do que o recomendado pela segurança, uma vez que é preciso
considerar a existência de outros usuários em condições de grande vulnerabilidade no mesmo espaço,
como pedestres e ciclistas.
Para Vasconcellos (2012), a ausência de fiscalização estimulou a ideia de que não era preciso respeitar
a velocidade definida pela Sinalização. Sendo assim, a sensação de insegurança que transmite o uso da
bicicleta, quando não há uma infraestrutura adequada para a circulação é uma preocupação constante na
vida dos ciclistas. Logo, é preciso que haja uma infraestrutura que passe conforto e segurança.
As ciclovias oferecem maior segurança durante o trajeto ao longo da via, já que a segregação impede a
invasão de veículos sobre o espaço de circulação de bicicletas.
Todavia, além de proporcionar segurança, a ciclovia deve assegurar, também, conforto ao ciclista. A
pavimentação, por exemplo, precisa fornecer uma superfície de rolamento regular, impermeável e, se
possível, de agradável aspecto (BRASIL, 2001b, p. 68).
Segundo Gondim (2010) a largura mínima indicada é de 0,60m. Com 0,75m pode abrigar pequenos
arbustos. Com larguras superiores a 1,50m oferece suporte mais seguro ao pedestre. Com 2,40m permite
abrigar cadeiras de rodas e bicicletas.
Enquanto em alguns países a bicicleta é tida como símbolo de fracasso e exclusão social, em outros ela
é aceita como meio de transporte vital na sociedade. A maior parte dos países europeus possui centros,
onde andar a pé e de bicicleta são meios de mobilidade preferidos por grande parte da população.
Copenhague é a cidade Europeia que menos possui congestionamentos. Segundo Leite (2012), 36% dos
deslocamentos são feitos de bicicleta. Para Jahn Gehl (LEITE, 2012), “quanto mais rua se constrói, mais
trânsito aparece. Quanto mais ciclovia aparece, mais gente abandona o carro”.
O que todas essas cidades possuem em comum? Todas elas acreditam no uso da bicicleta como meio de
transporte alternativo. Todas elas adotam esse modal como parte de sua cultura. Todas elas são cidades
inovadoras. São cidades inteligentes. Para Enrique Peñalosa (LEITE, 2012), “Numa cidade avançada,
ricos usam o transporte público.” Ele diz, “que transporte não faz ninguém feliz, é apenas necessário,
assim como a água potável”.
No Brasil, a cidade mais sustentável é Curitiba. Apesar de não parecer, a cidade investe no uso da
bicicleta desde 1970. As primeiras ciclovias ligavam parques e seguiam linhas de trem, mostrando que
desde aquela época seu objetivo era focar na mobilidade. Com a crescente valorização do uso da
bicicleta, o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet (2013-2016) desenvolveu um novo plano cicloviário com
a ideia voltada para a ligação das ciclovias nas estruturas urbanas. O plano previa vários pontos
importantes. Dentre eles estavam a Via Calma e a Ciclorrota. A cidade de Curitiba possui uma malha
cicloviária de 190 km, tendo incluso ainda as Ciclovias, as Ciclofaixas, as Ciclorrotas, as Vias Calmas
e os Passeios Compartilhados.
Na cidade já existe uma avenida que possui ciclovia, sendo ela na avenida principal Mato Grosso. Essa
Avenida é responsável por ligar o Setor H- Industrial ao bairro Cidade Alta. Contudo, é preciso que haja
uma ampliação quanto a essa infraestrutura, uma vez que os ciclistas estão em diversos lugares ao longo
de toda a cidade.
Logo, a solução seria construir ciclovias desde a rodovia MT 208, a partir do Instituto Federal do Mato
Grosso – IFMT (ver fig. 08), e cruzar a cidade em suas duas entradas principais: uma ao longo da
perimetral Deputado Rogério Silva, passando pelo antigo zoológico em sentido ao bairro Cidade Alta,
interligando a Avenida Airton Senna; e outra nas duas principais avenidas, a Ludovico da Riva Neto e
a Ariosto da Riva Neto, interligando uma das ciclovias ao longo da Avenida do Aeroporto (Avenida
Jaime Veríssimo de Campos), visto que é uma das avenidas mais utilizadas para caminhadas e Ciclismo.
7- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- GONDIM, Monica Fiuza. Bicicletas. In: Cadernos De Desenho Ciclovias. Rio de Janeiro;
Universidade Federal Do Rio de Janeiro, 2010. P. 55.
- VASCONCELLOS, Eduardo Alcântara de. Mobilidade Urbana. São Paulo; Companhia das Letras,
2012.
CONFORTO
RESUMO
Com o advento da crise energética mundial na década de 70 e a escassez dos recursos naturais, o tema
eficiência energética no âmbito da construção civil tornou-se um dos maiores debates nas últimas
décadas, uma vez que as habitações e prédios comerciais são os principais consumidores de energia
elétrica. Devido a isso, cada país postulou leis e certificações que pudessem avaliar o nível de
eficiência energética das habitações. Para melhor entender o cenário das certificações sustentáveis nas
habitações de interesse social (HIS), foi estudado neste artigo a evolução histórica da sustentabilidade
empregada na HIS, bem como o panorama das leis, da etiquetagem e das principais certificações
utilizadas no país com o intuito de analisá-las e compará-las quanto a sua metodologia de avaliação.
Para fazer tal análise foi necessário pesquisar quais os motivos que levaram a criação das certificações,
quando e onde tudo começou, bem como o desenvolvimento da criação das normas e certificações
pelo mundo e no Brasil. No estudo realizado percebeu-se que são utilizadas no Brasil duas
certificações internacionais e duas nacionais, BREEAM e LEED; AQUA e Selo Casa Azul,
respectivamente. Além dessas, ainda é utilizado o Procel Edifica, que não se enquadra dentro das
certificações por se tratar de uma etiqueta que avalia somente o nível de eficiência energética através
dos seus regulamentos e manuais.
Palavras-chave: PBE Edifica, Selo Casa Azul, habitação de interesse social, certificações.
1
Estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná/CEULJI-
ULBRA, Avenida dos Universitários, 1002, Aurélio Bernardi, CEP 76907-438, Ji-Paraná-RO, E-mail:
aline.fernanda.ma@gmail.com.
2
Estudante do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações Ambiental, Bolsista do
CAPES, Universidade Federal de Mato Grosso, Rua São Judas Tadeu, 198, Jardim Kennedy, CEP
78065-010, Cuiabá-MT, E-mail: nandacavatti@hotmail.com.
3
Mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental, Avenida dos Universitários, 762, Aurélio
Bernardi, CEP 76907-438, Ji-Paraná-RO, E-mail: arquiteturajp@ulbra.br.
4.2 Procel
Em 1984, o Inmetro, junto à sociedade, começou um debate sobre a criação de programas para avaliar
o desempenho de eficiência energética dos produtos brasileiros, objetivando diminuir o uso de energia
elétrica no país. A princípio, o foco seria o setor automotivo, devido à crise mundial do petróleo,
ocorrida na década de 70 (PBE EDIFICA, 2017a). Contudo, foi observado que o setor automotivo era
uma pequena parcela se comparado a vários outros setores que também consumiam muita energia
elétrica. Pensando nisso, foi criado em 1985, através de um decreto emitido pelos Ministérios de
Minas e Energia da Indústria e Comércio, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(Procel). Ao longo do tempo, o Procel desenvolveu subprogramas específicos para diversas áreas de
atuação (PEREIRA; RAMOS; VIANA, 2010), como o Programa de Conservação de Energia Elétrica
Os itens avaliados nas edificações residenciais, são a envoltória e o sistema de aquecimento de água.
Quando o RTQ-R é utilizado, a edificação pode receber um dos cinco níveis de eficiência energética,
que vai de A (mais eficiente) até E (menos eficiente) (FREIRE, 2014).
A ENCE pode ser obtida em duas ocasiões: para o projeto e para a edificação construída. Elas podem
ser obtidas separadamente (BRASIL, 2013b) e a ENCE de projeto não é definitiva, fazendo com que
os proprietários possam aprimorar as tecnologias aplicadas à residência para melhorar o desempenho
energético da edificação e obter uma ENCE de edificação construída com melhor avaliação (FREIRE,
2014).
Quando a metodologia do PBE Edifica é utilizada para a concepção do projeto como um todo, é
possível que a edificação seja muito econômica (podendo chegar até 50% de economia no consumo de
energia em edificações novas) com investimentos menores se comparados às edificações que não estão
dentro dos parâmetros do PBE Edifica caso queiram se adequar (ARAÚJO; BENINCÁ;
RODRIGUES, 2016).
Para avaliar a envoltória o RTQ-R dispõe de dois métodos: o prescritivo e o de simulação. O método
prescritivo é realizado através de equações, cujo resultado geral gera um equivalente numérico que
determina o desempenho térmico da envoltória, todo o método é baseado na Zona Bioclimática na
qual a edificação se encontra. Para medir o desempenho da envoltória no método de simulação, a
geometria da residência deve ser projetada em um computador e deve passar por duas simulações,
onde numa simulação o projeto é ventilado naturalmente e noutra simulação ventilado artificialmente,
os resultados obtidos das simulações devem ser comparados com tabelas de classificação dos níveis de
eficiência energética da envoltória que estão disponíveis no site do PROCEL (BRASIL, 2012).
O RTQ-R avalia quatro tipos de aquecimento de água: solar, a gás, bombas de calor e sistema elétrico.
O sistema de aquecimento solar pode ser avaliado através do método de dimensionamento (através de
fórmulas) e de simulação (através de softwares), ambas buscam o fator solar do sistema para saber se o
mesmo se enquadra dentro dos limites disponíveis daquela determinada zona bioclimática. Quando o
sistema a gás não tiver a classificação de eficiência energética do PBE será necessário que seja
calculado o fator solar através das fórmulas já estipuladas para o sistema solar. Para saber qual o nível
de eficiência energética do sistema de aquecimento elétrico basta fazer uma busca no PBE, caso o
produto não esteja na lista ele será classificado em E (menos eficiente) O sistema de bombas de calor
deve ser avaliado de acordo com alguns cálculos da ASHRAE e comparar com a tabela de “Nível de
eficiência energética para bombas de calor”, que se encontra no RTQ-R (2010) (BRASIL, 2012).
4.5 AQUA-HQE
A certificação AQUA foi criada no Brasil no ano de 2008, pela Fundação Vanzolini, que em 2013 fez
uma parceria com a certificação francesa HQE, assim, quando essa certificação é a escolhida para
fazer a avaliação de desempenho térmico da edificação, se conseguir atingir os critérios propostos, a
construção ganha as duas certificações (BOTELHO, 2014).
Quando a edificação é nova, para conseguir a certificação do AQUA-HQE, é necessário que seja feita
a avaliação ao menos das seguintes fases: pré-projeto, projeto e execução; quando a edificações estão
em uso e operação elas precisam ser analisadas na fase de pré-projeto da operação e uso e na fase de
operação e usos periódicas. A certificação conta com 14 categorias para avaliação da Qualidade
Ambiental do Edifício, que podem ser classificadas como base, boas práticas ou melhores práticas.
Todas as categorias devem ser utilizadas, porém vai ficar a critério do empreendedor quais categorias
vão atingir classificação máxima, intermediária ou mínima, obedecendo sempre o seguinte perfil: 3
categorias no nível melhores práticas, 4 categorias no nível boas práticas e 7 categorias no nível base
(AQUA-HQE, 2017)
REFERÊNCIAS
ABIKO, Alex; BRUNA, Paulo Júlio V,; SPINOLA, Rosana Murinelly Gomes. EXPERIÊNCIA DE
RECONSTRUÇÃO EUROPÉIA PÓS-GUERRA E A LEGISLAÇÃO HABITACIONAL DE
INTERESSE SOCIAL - CASO DE SANTOS/SP, BRASIL. São Paulo: PLURIS, 2008. Disponível
em:
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=16&cad=rja&uact=8&ve
d=0ahUKEwiPmfbkiM_SAhUGGZAKHTEJDKY4ChAWCDUwBQ&url=http%3A%2F%2Fportalpb
h.pbh.gov.br%2Fpbh%2Fecp%2Ffiles.do%3Fevento%3Ddownload%26urlArqPlc%3Dexp_europ_rec
onst_posguer_e_legisl_habit_inter_soci.pdf&usg=AFQjCNG-2nCD4hfQAdH-As-
16Eqjx2kouw&sig2=C7eBCoZxk4xZ7iTD2IBVBg&bvm=bv.149397726,d.Y2I>. Acesso em: 11 de
mar. de 2017.
ADENE. [S.l.]: [S.n.], [S.d.]. Disponível em: <http://www.adene.pt/sce/textofaqs/certificacao-de-
edificios>. Acesso em: 04 de abr. de 2017.
ALMEIDA, Caliane Christie Oliveira de. Habitação social: origens e produção. 2007. 235 f.
Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo, São Carlos.
ARAÚJO, Edson de; BENINCÁ, Letiane; RODRIGUES, Cristiana. Eficiência energética nas
edificações: Programa Brasileiro de Etiquetagem - Procel Edifica. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS, 5., 2016, Passo Fundo. Anais
eletrônicos... Passo Fundo: IMED, 2016.
AQUA-HQE. [S.l]: [S.n], [S.d]. Certificação AQUA-HQE em detalhes. Disponível em:
<https://vanzolini.org.br/aqua/certificacao-aqua-em-detalhes/>. Acesso em: 23 de ago. de 2017.
RESUMO
Pensar as construções habitacionais de forma que se adequem ao clima de Mato Grosso é um exercício
interessante de decisões projetuais, uma vez que o estado possui extenso território, temperaturas
elevadas durante o ano todo, porém, com ampla variação higrométrica. Essas características climáticas
de clima quente, com estações seca e úmida requerem estratégias projetuais antagônicas. Assim sendo,
este artigo tem por objetivo geral analisar o enquadramento dos pré-requisitos da envoltória de uma
Habitação de Interesse Social (HIS) considerando os requisitos de desempenho térmico e eficiência
energética das quatro zonas bioclimáticas (ZB) do estado de Mato Grosso e orientação de implantação
mais desfavorável. A metodologia consiste em realizar o levantamento dos materiais de paredes e
coberturas, cores da envoltória e áreas mínimas de iluminação e ventilação natural, bem como identificar
pré-requisitos bioclimáticos das normas e regulamentos brasileiros. Por meio da comparação das
características da HIS e dos requisitos normativos, analisou-se o enquadramento da envoltória e
propostas de adequação foram elaboradas para obtenção do nível A de eficiência energética. As
intervenções nas paredes foram aumento da espessura do reboco nas ZB 5, 6 e 7 e inserção de material
isolante na ZB8. Na cobertura, as intervenções foram a inserção de manta isolante com alteração da
posição do forro para aumento do pé-direito nas ZB 5 e 8, e adoção de forro de madeira na ZB7. A
contribuição deste estudo reside no fato de evidenciar que é possível adequar a habitação com pequenas
intervenções nas características originais, mas com grande contribuição para a sustentabilidade da
habitação.
1
. Doutor em Física Ambiental, Professor Adjunto IV da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia,
Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa, 2367, FAET, Cuiabá-MT, E-mail:
luciane.durante@hotmail.com
2
. Mestranda do programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa,
2367, FAET, Cuiabá-MT, E-mail: emeliguarda@gmail.com
3
. Voluntário de Iniciação Científica, Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura, Engenharia
e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa, 2367, FAET, Cuiabá-MT, E-
mail: stefanyhoffmann@hotmail.com
4
. Voluntário de Iniciação Científica, Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de Arquitetura, Engenharia
e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa, 2367, FAET, Cuiabá-MT, E-
mail: raphaelpbrandao@hotmail.com
5
.Doutor em Física Ambiental, Professor Adjunto IV da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia,
Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa da Costa, 2367, FAET, Cuiabá-MT, E-mail:
luciane.durante@hotmail.com
2. MATERIAIS E MÉTODO
Figura 3 – Sistema de Vedação Vertical - Paredes Figura 4 – Sistema de Vedação Horizontal - Cobertura
Fonte: Rios (2015) Fonte: Rios (2015)
As janelas dos quartos e sala são do tipo veneziana e vidro, de correr com quatro folhas. Na cozinha, a
janela é do tipo basculante com vidro. Os percentuais efetivos de ventilação e iluminação
proporcionados por estas tipologias de esquadrias foram definidos conforme o Anexo II do Regulamento
Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R)
Sabe-se que a orientação ao sol de uma edificação é determinante nas trocas térmicas, no desempenho
térmico e, consequentemente nas condições ambientais internas proporcionadas. Considerando que nos
conjuntos residenciais, a HIS objeto de estudo pode ser implantada nas mais diversas orientações solares,
fez-se a proposta de adequação bioclimática deste artigo como sendo a de orientação mais desfavorável,
ou seja, a que resulta na maior temperatura interna média anual da HIS e que para proporcionar conforto
no seu interior exigirá maior consumo de energia. Assim, com base nos preceitos do RTQ-R, a fachada
principal pode estar orientada para Norte, Sul, Leste ou Oeste, sendo a orientação mais desfavorável
aquela em que a fachada principal está voltada para o Sul, ou seja, com azimute 180º (RIOS, 2015).
Tabela 3 – Comparação dos dados de iluminação e ventilação da HIS padrão com os pré-requisitos.
Em todas as zonas, a pintura externa deve ser de cor clara, com absortância igual a 0,10 (Tabela 5).
As adequações nas paredes da ZB5 consistiram de colocação de placas de poliestireno expandido de
2,5cm de espessura na face externa dos blocos cerâmicos com reboco externo de 1,5cm. Em caso de
HIS já construída, as placas e reboco podem ser aplicados sobre o reboco existente, o que proporcionará
igual adequação. Na cobertura, o pé-direito da Sala-Cozinha foi aumentado para 3,35m, o que equivale
a executar novo forro, acompanhando a inclinação da cobertura, sendo necessária a colocação de manta
isolante térmica entre o forro de PVC e as telhas, de 0,5cm de espessura.
Nas ZB 6 e 7, considerando-se as argamassas de reboco externa e interna com 2,5cm de espessura, é
possível adequar a tipologia das paredes à zona. Na ZB6, não são necessárias intervenções na cobertura
e na ZB7, há que se trocar o forro de PVC por madeira 1cm.
Na ZB8, as paredes e coberturas devem ser semelhantes à da ZB 5.
A tipologia padrão classificava-se em D nas ZB 5 e 8 e em D, nas ZB 6 e 7 (Tabela 6). Com estas
adequações, a reclassificação da eficiência energética da envoltória passou para o nível A.
Tabela 6 – Comparação de eficiência energética da HIS padrão para cada uma zonas bioclimáticas.
Ressalta-se que as alterações propostas são facilmente adotadas durante o processo de projeto das HIS
e passíveis de serem adotadas em uma etapa de reforma e adequação. Com ressalvas para a ZB8, que
exige aberturas muito maiores que a da HIS padrão, pode-se inferir que as medidas sugeridas são viáveis
e a reclassificação da eficiência energética da envoltória evidencia a efetividade das mesmas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-NBR 15220-1/2005 –
Desempenho térmico de Edificações (Parte 1: Definições, símbolos e unidades), 2005 a.
ARAUJO, L.; ROMERO, M. A. B. Conforto Ambiental e suas relações subjetivas: análise ambiental
integrada na habitação de interesse social. 2º. In: Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no
Ambiente Construído. X Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de
Edifícios. Anais... Rio de Janeiro, 2011
MARAFON, C.; LACO, MIRIAN; SANCHES, J. C. M.; LEÃO, M.; LEÃO, E. F. T. B. Estratégias
bioclimáticas em avaliação de desempenho térmico nas habitações de interesse social em Sinop/MT.
Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental - REGET, v. 18, n. 3, 2014,
p.1008-1021
PEEL et al. Updated world map of the Köppen-Geiger climate classification. Australia, Hydrology
and Earth System Sciences, v. 11, p. 1633–1644, 2007.
RESUMO
O Brasil possui uma localização privilegiada, é um país que se situa na região equatorial, que é a
região do planeta que mais receber radiação solar anualmente. Visando o aproveitamento e a grande
disponibilidade dessa energia vinda do Sol em forma de luz e radiação térmica (calor), propõe-se
como forma alternativa para geração de energia elétrica para a Habitação de Interesse Social, o uso de
tecnologias baseadas no aproveitamento da energia solar fotovoltaica, para geração energia elétrica e
solar térmica limpa, além de maximizar o aproveitamento da iluminação natural para iluminamento de
ambientes internos e áreas de convivência nas dependências da Habitação de Interesse Social. O
objetivo deste artigo é realizar o dimensionamento e verificar a economia de um sistema fotovoltaico
conectado à rede – SFCR, para suprimento de energia elétrica para consumo em habitações de
interesse social, assim como apresentando os requisitos e critérios que devem ser observados para
acesso desses sistemas ao sistema de distribuição de energia elétrica das concessionárias, as
normativas que regem os sistemas de micro e mini geração distribuída de energia elétrica e verificar se
o sistema de micro geração distribuída é a melhor opção para implementação Habitações de Interesse
Social. Através da análise de viabilidade do sistema, recomenda-se a geração de energia elétrica
através do sistema de micro geração distribuída com SFCR.
1.0 INTRODUÇÃO
Atualmente as questões ambientais vem ganhando grande destaque e ser tornaram tema principal de
muitos encontros e debates, entre a cúpula das nações unidas, que reúne líderes políticos de diversas
nações mundiais, pesquisadores e cientistas de grande renome, para discutir assuntos globalmente
relevantes, sobre os mais variados temas, como poluição, pobreza, desigualdade social, consumo
consciente de energia, mudanças climáticas, dentre outros. A cada dia vê-se que a ação antrópica sobre
a natureza tem trazido consequência dramáticas ao equilíbrio ecológico no planeta, devido ao consumo
excessivos de combustíveis fósseis, poluição das águas, degradação dos solos, emissão de gases do
efeito estufa na atmosfera e desmatamento das florestas, tem-se contribuído gradativamente para a
degradação da natureza e a intensificação das mudanças climática, que resultam no aumento, médio
das temperaturas a um nível global refletindo de forma negativa por todo planeta, alterando a
sazonalidade, o ciclos das águas, dos ventos, das marés, alterando o clima global. Esses desequilíbrios
por sua vez acabam por afetar o próprio homem, aumentando a ocorrência de desastres naturais dos
mais variados tipos: tempestades, enchentes, furações, tornados, aumento no nível dos oceanos, ondas
de calor e frio intensos em regiões atípicas em diversas regiões do mundo, Tsunamis, e outras mais.
Pensando nas consequências das ações do homem sobre o ambiente, a Organização das nações Unidas
desenvolveu os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - OSD’s, que foram
estabelecidos com bases em áreas nas quais as ações do homem possuem os impactos e efeitos mais
críticos e nocivos sobre o meio ambiente, saúde a qualidade de vida dos habitantes da terra, na Figura
1 é apresentado a lista de todos os ODS’s.
Energia Limpa e acessível é um dos sete primeiros objetivos do desenvolvimento sustentável definido
pela Organização das Nações Unidas. O uso das fontes de energia limpas são peças-chave para um
desenvolvimento sustentável, pois preservação e conservação da natureza, dos recursos naturais e das
condições de salubridades do planeta, são requisitos básico para manutenção da vida. O consumo de
combustíveis fósseis para geração de energia está intimamente ligado com a poluição e degradação do
meio ambiente, assim como agricultura e pecuária que juntas são responsáveis por 65% de toda
emissão de gases do efeito estufa lançados na atmosfera. Diante disso o desenvolvimento e uso de
formas alternativa para geração de energia limpa que não degrade o meio ambiente e que atenda as
demandas humanas pelo consumo consciente de energia são ações que poderão reduzir
significativamente os impactos negativos sobre o meio ambiente, diminuir a carga sobre os sistemas
naturais e ainda contribuir para aliviar os sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica. Nesse contexto surgiram diversas soluções, dentre elas, se destaca aqueles referentes a
implantação micro e mini geração distribuída de energia conectadas a rede, que são pequenas unidades
geradoras de energia elétrica, em geral por fontes alternativas de geração de eletricidade, solar
fotovoltaica, eólica, solar térmica dentre outras.
O Brasil possui uma localização privilegiada, é um país que se situa na região equatorial, que é a
região do planeta que mais receber radiação solar anualmente. Visando o aproveitamento e a grande
disponibilidade dessa energia vinda do Sol em forma de luz e radiação térmica (calor), propõe-se
como forma alternativa para geração de energia elétrica para a Habitação de Interesse Social, o uso de
tecnologias baseadas no aproveitamento da energia solar fotovoltaica, para geração energia elétrica e
solar térmica limpa, além de maximizar o aproveitamento da iluminação natural para iluminamento de
ambientes internos e áreas de convivência nas dependências da Habitação de Interesse Social. Estas
soluções sustentáveis para fornecimento de eletricidade e a redução de consumo da mesma em
sistemas de iluminação e aquecimento de água geram um consumo racional e consciente, poupando
recursos naturais, sem comprometer o suprimento das demandas da população, com baixas emissões
de gases de efeitos estufa na atmosfera, que venha a habitar na Habitação de Interesse Social.
O Sol é a principal fonte de energia do nosso planeta. Anualmente a superfície da terra recebe uma
quantidade enorme de energia e apenas uma pequena parcela dela é aproveitada, porém quase toda a
energia usada pelo ser humano no planeta tem sua origem no sol, que é a principal fonte de energia
que possuímos e pode ser considerado inesgotável para os padrões humanos de utilização, podendo ser
utilizada continuamente. (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
Essa energia proveniente do Sol pode ser aproveitada como fonte de calor para aquecimento (Solar
Térmica) ou para produção de eletricidade (Fotovoltaica). Esse aproveitamento caracteriza as
chamadas fontes alternativas de energia, que nada mais são do que formas ou estratégias de utilização
da energia das fontes renováveis de forma limpa e eficiente, como por exemplo, a do Sol.
(HASTINGS; WALL, 2007)
A energia solar fotovoltaica é caracterizada pelo aproveitamento da energia solar para produção de
energia elétrica de forma limpa, gerando eletricidade pelo efeito fotovoltaico. Estes sistemas podem
ser utilizados para geração de eletricidade pois são capazes de produzir corrente elétrica, que é
coletada e processada por dispositivos controladores e conversores, podendo ser consumida na
unidade geradora, armazenada em baterias ou utilizada diretamente em sistemas conectados à rede
elétrica, os chamados os sistemas On-grid, como pode ser visto como exemplo na Figura 2.
(1) Painel solar; (2) Inversor solar on-grid; (3) Quadro de distribuição de energia, (4) Utensílios e
Equipamentos Elétricos (consumo); (5) Medidor bidirecional sistemas on-grid
Fonte: PORTAL SOLAR (2017)
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL (2016), Geração distribuída de energia, é
caracterizada pela instalação de geradores de pequeno porte, normalmente a partir de fontes
renováveis ou mesmo utilizando combustíveis fósseis, localizados próximos aos centros de consumo
de energia elétrica.
Essas centrais ou unidade geradoras de pequeno porte são classificadas segundo a Resolução
Normativa Nº 482 de 2012 da ANEEL, em micro geração e mini geração, as micro gerações
distribuídas são aquelas em que a potência instalada não exceda 75kW, que utilize cogeração
qualificada, ou para as demais fonte renováveis de energia elétrica; as mini gerações distribuídas, são
aquelas em que a potência instalada estão entre 75kW à 3MW quando por fontes hídricas, ou com
potência instalada inferior a 5MW para cogeração qualificada, ou para as demais fontes renováveis de
energia elétrica, incluído a solar fotovoltaica e a solar térmica (voltada pra geração de eletricidade).
O acesso das micro e mini geradoras à rede elétrica, ou seja, ao sistema de distribuição no Sistema
Interligado Nacional – SIN, são normatizados e devem obedecer aos critérios estabelecidos, a nível
nacional, pelas normativas, Resolução Normativa Nº 414 de 2010, que estabelece as condições gerais
de fornecimento de energia elétrica; Resolução Normativa Nº 482 de 2012, que estabelece as
condições gerais para o acesso de micro geração e mini geração distribuídas aos sistemas de
distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica, e ainda aos
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, em seus
11 módulos, cujas disposições devem ser observadas pelas distribuidoras e consumidores (acessantes
e/ou usuários do sistema elétrico).
A nível estadual, esse acesso ainda deve obedecer aos princípios normativos e padrões estabelecidos
por cada distribuidora ou concessionária de energia elétrica local, que são definidas segundo a
resolução 414 de 2012 da ANEEL, como o agente titular de concessão ou permissão federal para
prestar o serviço público de distribuição de energia elétrica, logo são estas as responsáveis pela rede de
distribuição local, que é por onde se dará a conexão do acessam-te no SIN. No estado de Mato Grosso
em especial, essa concessão para prestar este serviço foi outorgada à Energisa-MT, uma empresa do
Grupo Enegisa, que estabeleceu, através da Norma de Distribuição Unificada - NDU 013 de abril de
2015, os critérios para a conexão de acessam-te de geração distribuída ao sistema de distribuição da
Energisa para conexão em baixa tensão, cujos valores eficazes não excedam 1kV (tensões: 127V,
220V, 380). Nessa norma são encontrados, definições, procedimentos burocráticos para solicitação de
acesso, as etapas necessárias, os prazos dos trâmites, assim como toda a documentação e requisitos
técnicos e de segurança obrigatórios e exigidos para a efetivação da conexão ao sistema de distribuição
de energia elétrica.
4
3.0 METODOLOGIA
Para se empreender uma unidade de pequeno porte de micro ou mini geração distribuída de energia
elétrica conectada à rede (on-grid) existem normais e procedimento técnicos e administrativos que
devem ser observados, assim para este tipo de empreendimento é recomendável a observâncias das
seguintes orientações:
Segundo ANEEL (2010), Consumidor pode ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, legalmente representada, que solicite o fornecimento, a contratação de energia ou o uso do
sistema elétrico à distribuidora. Assim todas as pequenas centrais geradoras, de geração distribuídas de
micro e mini gerações são considerados consumidores, pois se utilizam do sistema elétrico da
distribuidora.
Para se obter o correto delineamento do tipo de serviço a ser contratado, seja de fornecimento de
energia ou de uso do sistema distribuição como consumidor/gerador, deve-se estabelecer premissas,
que nada mais são do que definição de preferências que visa atender a um programa de necessidades
dos consumidores, onde este empreendedor deve responder a alguns questionamentos, como por
exemplos:
1. Qual a fonte alternativa será usada para gerar eletricidade: hidráulica, fotovoltaica, solar
térmica, eólica?
2. Qual tipo de sistema será utilizado, isolado (off-grid) ou conectada à rede da concessionária
(on-grid)?
3. Qual a finalidade do empreendimento, suprimento residencial, comercial, industrial?
4. Qual a potência que será instalada?
5. Qual a tensão de geração a ser trabalhada?
Dependendo das respostas poderão haver impactos no orçamento, pois dependendo do tipo de
sistema escolhido (on-grid ou off-grid), novos dispositivos poderão ser necessários e obrigatórios ao
sistema, além das implicações de ordem técnica terão aqueles referentes a questões contratuais quando
na solicitação de acesso ao sistema de distribuição: documentação, etapa e prazo a serem observado,
dentre outras; que fogem ao escopo deste trabalho. Assim o planejamento e projeto adequado dos
sistemas obedecendo a um programa de necessidades bem definido, são fundamentos chave para
aquele empreendedor que deseja se lançar como micro e mini gerador de energia distribuída conectado
à rede de distribuição.
Se o fornecimento de energia for em tensão igual ou superior a 2,3kV, o consumidor será classificado
como pertencente ao grupo A. Se o fornecimento for em tensão inferior a 2,3kV, será classificado
como pertencente ao grupo B (em geral constituído por consumidores residenciais, comerciais e até
pequenas industrias). Essa classificação resulta em critérios contratuais distintos. Para cada tipo de
grupo existem subgrupos que possuem diferentes condições de bandeiras tarifárias, ciclo de
faturamento, modalidades tarifárias e condições contratuais distintas.
São os passos necessários para solicitar o acesso ao sistema de distribuição. Consoante a NDU-013, A
solicitação de acesso deve ser feita, por meio de uma solicitação formal de acesso ao sistema, pelo
acessam-te, que é o consumidor micro ou mini gerador que deseja ser ligado, através do setor
comercial da Energisa-MT, por formulário específico a ser encaminhado obrigatoriamente à Energisa.
O que entregar?
Onde entregar?
O Formulário com a ART de projeto, segundo a NDU-013, devem ser entregues em Agências e postos
de atendimento ou por meio eletrônico disponível no site da Energisa, juntamente com a
documentação listada a seguir
Documentação exigida:
1. Projeto elétrico das instalações de conexão e memorial descritivo;
2. Diagrama unifilar e de blocos do sistema de geração, carga e proteção;
3. Certificado de conformidade do (s) inversor (es) ou número de registro da concessão do
INMETRO do (s) inversor (es) para a tensão nominal de conexão com a rede;
4. Dados necessários da central geradora conforme disponível no site da ANEEL:
www.aneel.gov.br/scg;
5. Lista de unidades consumidoras participantes do sistema de compensação (se houver)
indicando a porcentagem de rateio dos créditos e o enquadramento conforme os incisos VI a
VIII do art. 2º da Resolução Normativa nº 482/2012; Cópia de instrumento jurídico que
comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes (se houver);
6. Documento que comprove o reconhecimento, pela ANEEL, da cogeração qualificada (se
houver);
7. Planta baixa e de situação contendo o local de instalação do (s) equipamento (s) de geração,
inversor (es), quadros de distribuição e medição.
Não existindo pendências impeditivas por parte do acessam-te, a Energisa deve emitir o parecer de
acesso em:
1. Até 15 (quinze) dias após o recebimento da solicitação de acesso, para central geradora
classificada como micro geração distribuída;
2. Até 30 (trinta) dias após o recebimento da solicitação de acesso, para central geradora
classificada como micro geração distribuída;
Emitido o Parecer de Acesso com as informações descritas anteriormente, o Relacionamento
Operacional referente ao acesso e deve ser assinado entre as partes no prazo máximo de 07 dias após a
aprovação do ponto de conexão. Após o Relacionamento Opera vem a parte da ligação do micro
gerador a rede, que é onde ocorre a conexão, as vistorias das instalações.
Para um estudo mais aprofundado sobre o setor de energia na habitação de interesse social foi
realizado um levantamento das cargas elétrica de forma estimada, com base na lei de uso e ocupação
do solo, com área informada de média 200m² por lote, possibilitando a construção de uma vez a área
do lote.
Com base na tarifa vigente (Baixa Tensão). O valor da tarifa é a soma do valor da TUSD (Tarifa de
Uso do Sistema de Distribuição) + TE (Tarifa de Energia). A partir de 08 de abril de 2013, é
obrigatória a discriminação, na conta de energia, os valores separados, de acordo com a resolução
normativa nº 479/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Levantamento de cargas foram estimados um pré-dimensionamento dos circuitos elétricos, incluindo
iluminação LED, tomadas, equipamentos especiais e específicos para a obtenção de carga instalada na
residência, conforme apresentado no Quadro 1
A partir da carga instalada de 13,2 KW, é realizado o cálculo de demanda, para identificar a
classe de alimentação e sua tarifa.
QUADRO 3 - DIMENSIONAMENTO DA UC
POT.
UC PADRÃO: B2 15
DISPONIBILIZADA:
Categoria: (B) Encordoamento Classe 2 (7 fios) 16(16) mm2
Disjuntor: Bipolar 70 A
Ramal Lig.: Condutor Multiplex 1x10+10 mm
Fonte: Os Autores.
O valor total mensal da fatura calculado gira em torno de aproximadamente em R$ 181,15 por mês,
considerando a taxa de imposto de aproximadamente 30% em relação ao valor calculado, sendo o
valor real da fatura acrescentando o imposto igual a: R$ 235,49
Com o objetivo de redução da fatura elétrica calcula, será instalado placas solares para o abatimento da
conta com o uso de placas fotovoltaicas, utilizando os seguintes parâmetros:
• Produto: aquecimento solar
• Quantidade de pessoas: 4
• Água quente nos lavatórios: sim
• Água quente na ducha higiênica: sim
• Água quente na pia da cozinha: sim
• Possui banheira: não
• Estado de MT, Santo Antônio do Leverger
• Temperatura da região superior a 0º
• Origem de abastecimento de água: rede pública
Considerando esses itens é necessário 400L de boiler (reservatório) e 3 placas fotovoltaicas de 1,5m²,
conforme pode observado na Figura 4.
5.0 CONCLUSÕES
A partir do uso de placas solares temos uma economia mensal de R$ 174,43 reais por mês, sendo uma
economia anual de aproximadamente R$2.093,18. Com isso a nova fatura após a instalação dos
coletores solares passar a ser de R$ 235,49 subtraindo o valor gerado de R$ 174,43, possibilitando
com o abatimento do valor uma tarifação de R$ 61,06.
Os sistemas de micro geração distribuída é a melhor opção para implementação na Habitação de
Interesse Social, pois cada morador poderá, de forma individual, gerir sua própria unidade geradora de
energia, assim como contratar o serviço que mais lhe for conveniente para o e uso do sistema de
distribuição e acesso ao sistema de distribuição da Concessionária de distribuição de energia elétrica,
Energisa-MT.
10
REFERÊNCIAS
HELIOTEK – BOSH GROUP. Dimensione: Encontre a solução ideal para o seu projeto. Disponível
em: <http://www.heliotek.com.br/Dimensione/> Acessado em: 20/07/2017.
11
RESUMO
Este estudo tem como objetivo proporcionar subsídios aos profissionais na busca pela otimização dos
processos projetuais. O artigo foi baseado em uma pesquisa bibliográfica, a fim de realizar um
comparativo entre as diferentes opiniões que estão dispersas em várias literaturas, procurando
sintetizar e reorganizar os conceitos com foco no tema da racionalização em projetos. Os resultados
revelaram que há muitas pesquisas focadas em identificar os problemas que mais ocorrem durante o
processo de elaboração de um projeto com o intuito de buscar soluções que auxiliem o setor da
construção civil a melhorar a qualidade do produto final, a edificação. Entre as falhas mais recorrentes
identificadas temos a falta de atenção dada à fase de planejamento de projeto, dificuldade com o fluxo
de informações entre os projetistas e até mesmo entre projetistas e clientes, a multidisciplinariedade e
constante subdivisão desta etapa, falta de informações e também erros de compatibilização de projetos.
Com relação às linhas de estudo que procuram soluções para esses problemas, podemos destacar a
construção enxuta, a construtibilidade, a sustentabilidade e também os sistemas de gestão da
qualidade. Cada linha sugere diferentes formas de otimizar o processo de elaboração de projeto,
através, entre outras coisas, do uso de ferramentas computadorizadas, procedimentos de
gerenciamento de projeto e incentivo da integração das diversas etapas do processo. Constatou-se que
há muitos estudos sobre a racionalização da construção com foco na etapa de projetos, estes
começaram a ser produzidos principalmente na década de 90, pois foi nesse período que as empresas
preocupadas com a competitividade começaram a se modernizar através do aumento da qualidade e
produtividade. Essas discussões sobre a temática em questão precisam continuar acontecendo a fim de
disseminar o conceito que ainda é pouco conhecido e aplicado pelos profissionais da área.
1
Mestrando em Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, graduado em
Arquitetura e Urbanismo pela UNIC - Universidade de Cuiabá, Especialista em Master em Arquitetura e
Iluminação pelo IPOG- Instituto de Pós-Graduação, Cuiabá-MT. E-mail: edgard@arqed.com.br.
2
Aluna especial do curso de Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental da UFMT, graduada em
Arquitetura e Urbanismo pela UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: julialidani@gmail.com.
3
Aluna especial do curso de Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental, graduada em Arquitetura e
Urbanismo pela UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso, Especialista em Segurança do Trabalho
pela UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. E-mail: arq.mayara.fagudes@gmail.com.
4
Engenheiro Civil, Doutor em Engenharia de Produção, Professor do Departamento de Engenharia Civil e do
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
dbrandao@ufmt.br.
Figura 1: Capacidade de influenciar o custo total durante o ciclo do empreendimento (FRANCO e AGOPYAN,
1993 apud O’CONNOR; DAVIS, 1988)
O processo de elaboração do projeto é dividido por etapas. Prado (2001) apresenta o ciclo de vida do
projeto por quatro estágios básicos: concepção (viabilidade), planejamento, execução (desenho e
construção) e finalização (entrega). Podendo ser segmentado também de acordo com o nível de
O processo de produção do projeto começa pelo estudo preliminar, nesta etapa acontece a idealização
do produto, através da participação de todos os envolvidos a fim de definir o empreendimento. Em
seguida inicia-se o anteprojeto, ele contempla todas as diretrizes de projeto arquitetônico para que os
outros projetistas iniciem seu trabalho. Com o projeto arquitetônico e projetos complementares
definidos os projetistas elaboram o projeto executivo, este apresenta um nível de detalhamento muito
maior para que seja possível executar tudo que foi pensado e estudado nos estágios anteriores. E por
fim temos os detalhamentos, que não são necessários para todos os tipos de projetos, mas precisam ser
feitos em alguns casos como, marcação de pilares e projeto de fôrmas, por exemplo. (CARRARO;
MELHADO, 2014)
A racionalização é abordada por diversas linhas de estudo. Entre elas estão a construtibilidade, o
sistema de gestão da qualidade, a construção enxuta, sistemas padronizados e industrializados e a
sustentabilidade. Cada uma delas enfoca formas diferentes de chegarem a um mesmo resultado, ou
seja, conseguirem racionalizar. Entre as soluções estão a padronização, a compatibilização entre
projetos, modulação, simplificação de elementos, o uso de programas de gerenciamento, entre outros,
que serão aprofundados adiante neste artigo.
2.1 Planejamento
Segundo Oliveira (2005) os principais problemas encontrados no projeto são provenientes da fase de
planejamento inicial, onde são decididos a forma, funcionalidade e método de construção. Acontece
que nessa fase, em geral, o projetista ainda possui poucas informações com relação ao
empreendimento o que acaba acarretando em problemas futuros.
Nesta etapa são analisados os parâmetros referentes ao ambiente, local e possibilidade de construção.
Nela é necessário compreender além das especificações de projeto, acordos contratuais e desenhos de
conceitos iniciais, necessidades do cliente e a viabilidade técnico-econômica do empreendimento.
3.1. A construtibilidade
Para Franco e Agopyan (1993), a construtibilidade é, dentre os princípios utilizados para o
desenvolvimento dos projetos, aquele que fundamenta a grande parte das medidas de racionalização
do processo construtivo. Em outras palavras, podemos dizer que é aquilo que justifica a utilização de
certas medidas construtivas adotadas em projeto, com base na experiência e na forma de como essas
atividades serão posteriormente executadas.
De acordo com Sabattini (1989, apud FRANCO e AGOPYAN, 1993), a construtibilidade seria uma
diretriz para se alcançar uma maior racionalidade dos processos construtivos e justifica este
procedimento citando o próprio objetivo da mesma que seria “integrar projeto e construção dentro de
uma visão holística, adotar prioritariamente em todas as etapas os dados provenientes das operações
construtivas e considerar que a solução ótima é a de maior construtibilidade”.
Mesmo não se tendo ciência de uma metodologia específica para a aplicação da construtibilidade em
projetos, o simples fato de os projetistas refletirem sobre a forma como serão posteriormente
executados os seus planos, já representa um grande nível de controle sobre o andamento e a qualidade
da construção, o que repercutirá também na melhoria do seu projeto.
Com base na leitura citada, podemos elencar alguns conceitos que quando aplicados em projeto
facilitam as fases posteriores do empreendimento e aumentam as possibilidades de sucesso, como:
• Simplificação dos projetos, tornando-os soluções eficientes;
• Padronização, modulação e pré-montagens, otimizando o tempo na execução dos serviços;
• Acessibilidade (manuseabilidade), com a simplificação de elementos o projeto se torna mais
objetivo, sendo assim melhor compreendido;
• Projeto orientado para condições ambientais adversas, podendo ser executado
independentemente das condições a que estiver submetido em diferentes estações do ano;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise das bibliografias pesquisadas foi possível verificar a relevância da racionalização de
uma construção desde a fase inicial de projeto. Este artigo buscou caracterizar as diretrizes
construtivas para a obtenção da racionalização, o levantamento dos principais entraves encontrados
durante a fase de desenvolvimento dos projetos e os benefícios oriundos da aplicação desses princípios
nas construções, assim como a sua crescente difusão através do mercado e da indústria da construção
civil.
Observou-se que consiste em prática comum, entre os profissionais da construção civil, iniciar uma
obra, independente do seu tamanho, sem estar de posse de todos os projetos e análises necessárias. Isto
certamente gera inúmeros desperdícios, retrabalhos, erros de execução, desgaste de materiais, mau uso
do tempo, enfim, diversos fatores que prejudicam o bom andamento da construção. Para reverter essa
situação, apresentou-se nesse artigo, além dos principais fatores causadores desses problemas, algumas
soluções para obtenção de uma maior racionalização da construção iniciando pela etapa de projeto,
como a simplificação de elementos, a padronização, modulação, uso de programas de gerenciamento e
compatibilização de projetos, dentre outras práticas que devem necessariamente ser continuadas
também durante as etapas de planejamento, gerenciamento e execução, ou seja, por todas as fases da
obra.
Devido à grande importância dessa temática para o cenário atual da construção civil, espera-se que
este artigo possa colaborar para o entendimento e disseminação dos conceitos aqui apresentados,
dentre outros que também podem ser buscados e aplicados, além de auxiliar os profissionais e
empresas da área da construção de um modo geral a incorporar esses princípios na sua prática diária, a
fim de melhorar seus resultados no mercado como um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Leandra. Implementação de sistema de gestão da qualidade em empresas
gerenciadoras de obras: aspectos conceituais e características. São Paulo, 2008.
BLEY, Alfredo S. Administración de Operaciones de Construcción. Ediciones Universidad
Catolica de Chile. Faculdad de Ingeniaría. 1993.
CALLEGARI, S.; BARTH, F. Análise comparativa da Compatibilização de Projetos em Três
Estudos de Caso. Congresso Construção 2007 - 3.º Congresso Nacional, Coimbra, Portugal. 2007.
CAMERA, E.; CASTRO, M. D. G.; CAMPOS, R. Princípios e Ferramentas da Lean Construction:
uma comparação entre empresas. V Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção. Ponta
Grossa, 2015.
FRANCO, L.S.; AGOPYAN, V. Implementação da Racionalização Construtiva na Fase de
Projeto. Boletim Técnico BT/PCC/94: Escola Politécnica – USP, 1993.
MACHADO, R L; HEINECK, L. F. M. Estratégias de produção para a construção enxuta. XXI
Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. Salvador – BA, 2001.
MELHADO, S. B.; VIOLANI, M. A. F. Qualidade na Construção Civil e o projeto de edifícios.
Boletim Técnico. São Paulo: POLI/USP, 1992.
MELHADO, S.B. Gestão, cooperação e integração para um novo modelo voltado a qualidade do
processo de projeto na construção de edifícios. 2001. 135 p. Tese (Livre docência) – Escola
politécnica, Universidade de São Paulo, 2001.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo identificar as influências térmicas dos materiais em um estudo de caso de
uma edificação multifamiliar, usando como objeto de estudo um prédio já existente na cidade de Barra
do Bugres – MT. Com o propósito de alcançar o objetivo, foram utilizados os seguintes equipamentos
para a medição: dois registradores HOBO U12 que forneceram os dados referentes a temperatura e a
umidade interna e externa da edificação, em contrapartida, para a análise de dados foram utilizados os
softwares SketchUp, Excel, Open Studio e Energy Plus. Com os resultados, definiu-se o diagnóstico,
onde no período da manhã e à noite a temperatura interna é mais alta que a do exterior,
consequentemente a umidade relativa do ar interno é mais baixa. Assim, com base na NBR 15220/2005
notou-se que a edificação está inadequada para a zona bioclimática sete, onde a mesma sugere paredes
mais espessas, cobertura dupla e sombreamento de todas as aberturas. Por fim, a edificação estudada,
na qual fora realizado o diagnóstico de acordo com a zona adequada, ao mudar os principais materiais
construtivos notou-se um melhoramento do desempenho térmico da edificação.
1. INTRODUÇÃO
Nas décadas de 70 e 80, iniciam-se diversos movimentos de conscientização sobre a preservação
ambiental, reflexos diretamente das crises energéticas ocorridas neste mesmo período. Assim, o
desenvolvimento sustentável e a busca por edificações com níveis aceitáveis de desempenho térmico
acabam se tornando necessidades contemporâneas, como defende BRUNDTLAND apud CIB (2000,
p.17): “o desenvolvimento que vai ao encontro das necessidades do presente sem comprometer a
habilidade de futuras gerações de encontrar suas próprias necessidades”. Além disso, a abundância de
recursos tecnológicos atuais de condicionamento do ar, faz com que a análise de simples fatores
passivos, deixam de ser observados, como a insolação e ventilação natural (CARIGNANI et al. 2008).
A cidade de Barra do Bugres-MT recebe muitas pessoas que residem temporariamente, como
universitários e profissionais da educação, este perfil de habitante busca por moradias pequenas, locadas
e para um curto período de tempo. Vem-se crescendo o número de residenciais multifamiliares com
opções de apartamentos para um ou até dois quartos, na maioria das vezes com um alto potencial de
lucro com menor valor de investimento.
No entanto, deve-se buscar também o desempenho favorável do edifício após a ocupação pelos usuários.
Neste quesito nota-se que a cidade apresenta condicionantes climáticas e geográficas um tanto
específicas, tais como períodos de chuva e seca bem definidos e devido a cidade estar situada em uma
depressão, por este fato, torna-se complexo elaborar soluções arquitetônicas que atendam as diretrizes
bioclimáticas. Assim sendo, devido à falta de planejamento com projetos arquitetônicos de boa
qualidade, as problemáticas atuais se agravam, pois possuem um inadequado desempenho térmico em
edifícios multifamiliares e um alto gasto energético com equipamentos de condicionamento de ar. Deste
modo, é necessário o desenvolvimento de estudos baseando-se na relação entre os materiais construtivos
para a tipologia construtiva de edifícios multifamiliares com o seu desempenho térmico.
Assim o objetivo do presente trabalho, consiste em identificar a influência dos elementos construtivos e
seus respectivos acabamentos sobre os níveis de desempenho térmico em um edifício já existente, no
município de Barra do Bugres-MT. A partir do estudo de caso é possível desenvolver embasamento
teórico e técnico para possíveis soluções bioclimáticas/arquitetônicas para futuras habitações
multifamiliares.
2. DIRETRIZES BIOCLIMÁTICAS
A normativa NBR 15220 ABNT (2005), define as recomendações construtivas. Assim, divide-se o país
em oito zonas bioclimáticas, fornecendo soluções arquitetônicas para o melhor conforto térmico. O
município de Barra do Bugres-MT, segundo a NBR 15220-3 ABNT (2005), pertence a Zona
Bioclimática 7, mediante às suas características climáticas. Por isso, recomenda-se a utilização de
aberturas sombreadas e pequenas, além de vedações pesadas tanto da parede como da cobertura.
As aberturas pequenas e sombreadas devem ter área efetiva de 10% a 15% em relação ao piso, paredes
com transmitância térmica 2,20W/m².K, atraso térmico 6,5 horas e fator solar 3,5% e coberturas
com transmitância térmica 2,00W/m².K, atraso térmico 6,5 horas e fator solar 6,5% ABNT (2005).
No caso das paredes o material deve apresentar maior inércia térmica com maior espessura, ou se for o
caso, duplicar as mesmas e apresentar maior resistência acrescentando materiais como lãs minerais. Na
cobertura a situação é semelhante, têm-se telhados de espessuras mais grossas e o emprego de vegetação,
que se dá o “telhado verde”, auxiliando no peso e diminuindo o calor na moradia.
Além disso, a NBR 15220-3 ABNT (2005), define as estratégias bioclimáticas para Zona Bioclimática
7, na estação de verão sugere-se, o resfriamento evaporativo, que se dá pela vegetação, jardins internos,
ou métodos com água (fontes, espelhos d’água); a massa térmica para resfriamento, que são as paredes
mais grossas ocasionando o atraso térmico; e a ventilação seletiva, que deve ser feita durante a noite
para retirar o calor acumulado no dia e alterar a temperatura do dia seguinte, tornando o ambiente com
clima agradável.
3. LOCAL DE ESTUDO
O município de Barra do Bugres-MT está localizada na região Centro-oeste do Brasil (Figura 1). O
clima quente característico divide-se em duas estações bem definidas sendo verão quente e úmido,
período com grande incidência pluvial, de dezembro a abril, e o inverno quente e seco de maio a
novembro (CARIGNANI, et al. 2008). Por isso foi classificado com clima Tropical Semiúmido sendo
o mês de setembro o mais quente do ano, alcançando máximas acima de 40ºC (IBGE, 1988, p.31).
Figura 2 – Localização do Edifício A e do medidor externo (Google Earth, editado por autores).
Sudoeste
Fachada
Fachada
Fachada
Noroeste
Figura 3 – Planta baixa. Fonte: Acervo próprio
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Com intuito de alcançar o objetivo, coletou-se dados climáticos no interior do edifício já existente, e em
um abrigo para a coleta exterior, afins de comparação, e se possível relaciona-los com os elementos
construtivos analisados. Além disso, para auxílio, fez-se o uso da NBR 15220/3 ABNT (2005), que trata
das recomendações para projetos de arquitetura em suas respectivas zonas bioclimáticas, neste caso a
sete.
Para a coleta dos dados de temperatura do ar e umidade relativa do ar, foram utilizados dois dataloggers
HOBO U12-013 com sensores de temperatura e umidade, com intervalos de um minuto entre as
medições (Figura 3). Para oferecer estrutura ao aparelho, o mesmo foi instalado sobre um bloco de
madeira no centro dos ambientes numa altura de 1,70 m, contribuindo em sua eficácia. Para a
temperatura do ar e umidade relativa do ar externo, foi utilizado um HOBO U12-013, instalado em um
abrigo meteorológico no campus 2 da Universidade Estadual do Estado de Mato Grosso.
34 35
Medida
Temperatura do ar (ºC)
y = 0,3411x + 20,764 34
Simulada Ajustada
Temp. Medida (ºC)
33 R² = 0,7908 33
32
32 31
30
31 29
28
30 27
26
29 25
0:00:00
04:00
08:00
00:00
02:00
06:00
10:00
12:00
14:00
16:00
18:00
20:00
22:00
25 26 27 28 29 30
Temp. Simulada (ºC)
Horas
Figura 5 – Dispersão entre temperatura interna Figura 6 – Relação entre temperatura interna
simulada e medida. simulada, medida e ajustada.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Análise dos dados termo higrométricos
A partir dos dados obtidos pelos aparelhos, foram analisadas a temperatura e umidade relativa do ar
interno do edifício, quanto externo. Foram calculadas as médias das 24 horas do dia 10 de maio, visto
que neste dia as mediç. O mesmo foi dividido em manhã (6:00 às 11:00 horas), tarde (12:00 às 18:00
horas) e noite (19:00 às 5:00 horas).
Com base nos resultados tem-se que, no período da manhã e à noite a temperatura interna é mais alta
que a do exterior, assim, a umidade relativa do ar interno é mais baixa. Já no período da tarde, a
temperatura externa é mais baixa, e, consequentemente, a umidade relativa do ar interno é mais alta.
Conforme as tabelas:
Tabela 1 – Média de Temperatura do ar e umidade relativa do ar por três períodos
Local Período Média da Temp. do ar (ºC) Média da Umid. Rel. do ar (%)
Interna 06:00h às 11:00h 29,61 69,90
Externa 06:00h às 11:00h 23,95 76,52
Interna 12:00h às 18:00h 30,61 67,43
Externa 12:00h às 18:00h 30,29 63,71
Interna 19:00 às 05:00h 32,89 32,56
Externa 19:00h às 05:00h 26,85 92,99
Fonte: Acervo próprio
Além disso, através do uso de gráficos, podemos observar, que a temperatura externa chega a seu ápice
ao meio dia (12:00h), e após esse horário, a mesma tende a decair até as 05:00h (Figura 7). Em
contrapartida, a temperatura interna, que se eleva durante o período da manhã, continua a aumentar-se
gradativamente, já que as paredes poucas espessas permitem a entrada de calor com maior facilidade.
Deste modo, a temperatura da parte interna do edifício tende a demorar um período maior até se igualar
com a temperatura externa.
Em relação a umidade relativa do ar, a mesma tende a ser prejudicada internamente, no edifício, pois
a temperatura continua a aumentar durante o período noturno. Isso pode ser observado por na figura 8.
34 100
Temperatura do ar (ºC)
32
Umidade Relativa (%)
80
30
28 60
26
40
24
22 20
20 0
06:00 às 11:00 12:00 às 18:00 19:00 às 05:00 06:00 às 11:00 12:00 às 18:00 19:00 às 05:00
Períodos Períodos
Média Externa (ºC) Média Interna (ºC) MÉDIA EXTERNA (%) MÉDIA INTERNA (%)
5.2 Diagnósticos
Neste caso, a partir do cálculo de fluxo de calor, através da fórmula: ∅ = 𝑈. (𝛼 . 𝐼 . 𝑅 + ∆𝑡) . 𝐴,
considerando a radiação incidente, obtiveram-se diferentes resultados da Tabela 2:
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em vista dos argumentos apresentados pôde-se observar que o objeto de estudo (Edifício A) situado em
Barra do Bugres, MT, conforme análises, não possui um bom desempenho térmico. O principal motivo
para esta classificação se agrava por conta dos materiais de construção utilizados no mesmo, pelo fato
de não se encontrarem em acordo com as recomendações da NBR 15220/3-2005 para a zona estudada,
neste caso, a sete.
A Norma estabelece que as paredes e coberturas para esta zona devem ser de característica pesada, pelo
fato da região imprimir uma temperatura mais elevada, porém, o que ocorre na edificação é o contrário,
como proposta de solução foi sugerida a alteração nos materiais da parede de alvenaria de tijolo cerâmico
para bloco de concreto, e para a cobertura de telha de fibrocimento a sugestão de mudança ocorreu na
cor, de forma que a mesma contribui para o conforto térmico do ambiente.
Deste modo, foram realizados cálculos afim de verificar a diferença de temperatura entre um material e
outro quando expostos a radiação solar, além disso, foi medida a temperatura do ambiente externo para
serem feitas comparações, tanto do interno quanto do externo.
7 REFERÊNCIAS
CARIGNANI, Gisele; AZEREDO, Jaucele; FERREIRA, Andrea Paula. Análise bioclimática em
habitações obedecendo a uma sequência temporal e diversidade de técnicas construtivas na cidade de
Barra do Bugres-MT. XII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Universidade do
Estado de Mato Grosso – UNEMAT. Barra do Bugres. Brasil. 2008.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://mapas.ibge.gov.br/>.
MAITELLI, Gilda Tomasini; CHILETTO, Eduardo Cairo; ALMEIDA, Nicássio Lemes Junior;
CHILETTO, Rita. Intensidade da Ilha de Calor em Cuiabá/Mt, na Estação Chuvosa. CBMET
(Congressos Brasileiros de Meteorologia).
NBR 15220-3 / 2005 - Desempenho térmico de edificações - Parte 3: zoneamento bioclimático brasileiro
e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
30 p.
CIB (2000). International Council for Research and Innovation in Building and Construction. “ Agenda
21 para a Construção Sustentável ”. Trad. de I. de Gonçalves e T. Whitaker. Editores De Weinstock e
D. M. Weinstock. São Paulo. Brasil.
BARRA DO BUGRES, Prefeitura Municipal. Avaliação Temática Integrada do Município de Barra do
Bugres, 2006. Prefeitura Municipal de Barra do Bugres. Barra do Bugres, 2006.
RESUMO
Para melhor desempenho quanto a segurança, a habitabilidade e longividade de habitações residenciais
foi criada a Norma Brasileira NBR 15575, Normas de Edificações Habitacionais - Desempenho, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Assim, com a obrigatoriedade de aplicação da
norma, é importante que os conceitos de desempenho sejam contemplados pelos sistemas de
certificação, uma vez que estão orientados a uma avaliação ambiental e prescritiva. Este trabalho tem
como objetivo analisar e comparar o projeto de uma edificação residencial que possui certificação do
Inmetro em Eficiência Energética, a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), com os
critérios exigidos pela norma brasileira de desempenho para a zona bioclimática 5. O método de pesquisa
adotado foi uma revisão bibliográfica de cunho descritivo e exploratório, em que foram realizadas
análises comparativas entre a edificação certificada pelo Inmetro e os critérios de desempenho exigidos
pela norma para a busca de novas alternativas do desenvolvimento qualitativos térmico para a residência.
Como resultado foi observado que alguns critérios de aberturas não estavam dentro dos parâmetros
estabelecidos pela NBR 15575. A norma NBR 15575, visa assegurar a qualidade das habitações, cujas
exigências já estão sendo incorporadas, ainda que aos poucos, na forma de projetar e construir por grande
parte dos escritórios de projetos e construtoras. Além do que, os sistemas de certificações procuraram
adequar suas conformidades na busca da melhoria dentro da norma brasileira de desempenho fazendo
com que os dois sistemas, a de aplicação da NBR 15575 e das certificações, andem lado a lado. Este
trabalho contribui para a reflexão de que, embora a norma de desempenho ainda venha sendo debatida
pelo setor da construção civil, sua aplicação é obrigatória e visa assegurar a qualidade das habitações ao
longo da vida útil atendendo as exigências dos usuários.
Palavras-chave: Desempenho habitacional, NBR 15575, estratégias bioclimáticas, certificação Inmetro
___________________________
1
Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá (UNIC), Estrada Nanci - Eunice, CEP: 78550-
970, Sinop – MT, E-mail: dani_-sch@hotmail.com.
2
Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá (UNIC), Estrada Nanci - Eunice, CEP: 78550-
970, Sinop – MT, E-mail: erikabritto82@gmail.com.
3
Estudante de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Cuiabá (UNIC), Estrada Nanci - Eunice, CEP: 78550-
970, Sinop – MT, E-mail: cristinamiranda68@hotmail.com
4
Mestre em Conforto Ambiental e Eficiência Energética, Universidade de Cuiabá (UNIC), Estrada Nanci - Eunice,
CEP: 78550-970, Sinop – MT, E-mail: ale_saldanha@hotmail.com
5
Arquiteta e Urbanista, Personnalité Arquitetura: Sustentável (Setor Comercial), Rua das Castanheiras 1001, CEP:
78.550.272, Sinop – MT, E-mail: carol@personnalitearquitetura.com.br
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo analisar e comparar o projeto de uma edificação residencial que possui
certificação do Inmetro em Eficiência Energética, a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE), com os critérios exigidos pela norma brasileira de desempenho.
Figura 1 – Planta Baixa tecnica para análise de ventilação cruzada nas aberturas(janelas e portas)
do projeto em análise.
Analisando o tamanho das aberturas (Quadro 1), dos ambientes de permanência prolongada, é possível
verificar que todos os ambientes se encontram em conformidade com o que diz a norma.
Figura 2 – Fachada lateral oeste com beiral e Dormitório com abertura com veneziana.
No entanto, através da análise do movimento aparente do sol utilizando a carta solar do software
Analysis Sol-Ar, observou-se que no período de março a setembro, a abertura localizada na cozinha (ref.
J2) recebe uma incidência solar direta no período das 14:30 até às 16:30. Por mais que essa abertura
apresente um sombreamento devido ao beiral de 0,80m, este não é suficiente para impedir a entra de
radiação solar direta. Assim, para conseguir manter o sombreamento necessário, sugerimos a construção
de um pergolado coberto com plantas trepadeiras, afim de promover esse sombreamento em todas as
épocas do ano (Figura 3).
Com relação as vedações externas, a edificação apresenta paredes de tijolos de 6 furos, assentados na
maior dimensão do tijolo: 9 x 14 x 24 cm, com argamassa de assentamento de 1,0 cm de espessura e
argamassa interna e externa com 2,5 cm de espessura, o que totaliza uma parede com aproximadamente
20,0 cm de espessura. De acordo com a norma, essa tipologia construtiva apresenta uma Transmitância
térmica igual a 1,92 W/m2 K. Comparando com o que regulamenta a norma para a zona bioclimática
05 (≤ 3,7 W/m2 K), podemos observar que esse sistema construtivo adotado está de acordo, não havendo
necessidade de fazer alterações em relação a vedação externa.
Já com relação a cobertura foram utilizados dois tipos de telhas sendo: telha cerâmica plana e a
telha termoacústica (com poliestireno). Em ambos os tipos de telha, o sistema de cobertura segue a
seguinte ordem: telha + Fluxo de ar (vertical) + Laje pré-moldada com lajota + Forro de gesso. Assim,
calculando a Transmitância da telha cerâmica plana, chegamos a um resultado de U = 1,6 W/m2 K.
Enquanto que para a telha termoacústica, a Transmitância térmica foi de U = 0,6 W/m2 K (ver equação
1 e 2). Portanto, conclui-se que ambas as telhas estão de acordo com a norma.
U = 1/Rt (2)
Além, das diretrizes e estratégias construtivas, a certificação do Inmetro também avalia outros critérios
que não estão estabelecidos na norma. No caso da edificação “Casa Azul”, um dos critérios levados em
consideração foi a utilização da iluminação natural e a utilização de energia fotovoltaica, (Figura 4).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
As consecutivas expansões acompanhadas pelo adensamento urbano contribuem para a alteração do
clima urbano, favorecendo o surgimento de anomalias como por exemplo a alteração do microclima
local e a formação de Ilhas de calor Urbano (ICU). Isso vem se tornando cada vez mais agravante para
a vida nas cidades, sendo necessários métodos de avaliação e classificação dessas manifestações
microclimáticas. Para avaliar esses fenômenos são utilizados métodos computacionais de
reconhecimento de elementos morfológicos urbanos, dentre eles o de categorização de uso e ocupação
do solo. Com isso procurou-se relacionar os softwares ArcGIS®, com o AutoCAD®, visando a
melhor ferramenta para a produção de mapas de uso e ocupação do solo. Utilizando como local de
estudo um mesmo perímetro situado na cidade de Cuiabá, produziu-se dois mapas, inicialmente com o
ArcGIS®, em formato matricial que gerou a classificação através de pixels e o AutoCAD® em
formato raster ou vetorial que classificou através da criação de polígonos manuais. Dessa forma,
através da comparação foi possível apontar os pontos positivos e negativos de ambos na produção de
mapas com resultados mais precisos, concluindo-se que para isso os softwares devem ser utilizados de
maneira conjunta.
_____________________________
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista de Iniciação Científica, Universidade do Estado de Mato Grosso, R.
A, s/n - CEP 78390-000 Barra do Bugres - MT, E-mail: bruno_mes_silva@hotmail.com
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista voluntária, Universidade do Estado de Mato Grosso, R. A, s/n -
CEP 78390-000 Barra do Bugres - MT, E-mail: maria.fht@hotmail.com
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista voluntário, Universidade do Estado de Mato Grosso, R. A, s/n -
CEP 78390-000 Barra do Bugres - MT, E-mail: mayconrael188@live.com
² Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Professora da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia,
Universidade do Estado de Mato Grosso, R. A, s/n - CEP 78390-000 Barra do Bugres - MT, E-mail:
laiscaneppele@unemat.br
1 INTRODUÇÃO
As consecutivas expansões urbanas são acompanhadas por alguns fatores que provocam a alteração do
clima urbano, dentre eles, a aglomeração de pessoas num determinado local favorecendo o surgimento
de anomalias como a alteração do microclima local e consequentemente ocasionando no
desenvolvimento do fenômeno de Ilhas de calor urbano (ICU). Além disso, deve-se destacar também,
como grandes responsáveis pelas ICU a pavimentação do solo, a retirada da vegetação e canalização
de córregos.
Com o crescimento desordenado das cidades, os fenômenos de alteração de seus respectivos climas se
tornaram cada vez mais frequentes, sendo necessários métodos de avaliação e classificação dessas
manifestações microclimáticas.
Dentre os estudos sobre os fenômenos do clima urbano, destaca-se o de Oke (2012). Segundo o autor,
as Ilhas de Calor consistem em uma diferença de temperatura entre a cidade e as áreas rurais de seu
entorno, tendo como um dos principais causadores dessa anomalia o conjunto de características que
dão a forma física de uma cidade. Para classificar os locais de ocorrência das ICUs, Oke (2012)
recorre à um método que consiste na observação de um local e posteriormente sua comparação com
uma das zonas climáticas descritas pelo autor. Para Franco, (2013) as principais causas da ICUs
consistem nas características físicas da estrutura urbana, como volume, material utilizado e a
densidade da área urbana.
A utilização de ferramentas para o geoprocessamento da cobertura dos solos é uma ferramenta viável
para execução de estudos, onde a precisão é fator relevante para este processo. Nestes casos alguns
autores como Sátiro et al. (2013) apresentam a comparação entre dois softwares que realizam a
classificação de mapas através de dois sistemas raster e vetorial. Em modelo raster (matricial), o mapa
tem uma estrutura de células de grade (DAVIS, B. E.) e o modelo vetorial, que trabalha com a
classificação através da criação de polígonos manuais, sem o efeito de generalização de uma grade
matricial (DAVIS, B. E.).
Assim, nota-se, que as principais diferenças entre softwares raster e vetoriais se dá pela qualidade da
imagem utilizada em um dos softwares (raster) e do maior ou menor tempo de processamento para a
produção de mapas, assim como a complexidade de cada uma das ferramentas.
Por isso, este estudo comparou os resultados da classificação da cobertura de solo desses dois sistemas
de informação por meio dos softwares: ArcGIS® com mapas em formato matricial e o AutoCAD®
com mapas em formato vetorial (ambos em versão estudantil). Para isso foi necessário escolher e
delimitar uma área urbana, definir classes de cobertura do solo, classificar utilizando os dois métodos,
comparar os resultados das áreas em cada classe e identificar os pontos positivos e negativos de cada
método, afim de definir a melhor maneira de se realizar a produção de mapas de cobertura do solo por
meio de ferramentas computacionais.
2 LOCAL DE ESTUDO
Para o presente trabalho foi escolhida a cidade de Cuiabá como local de estudo, mais especificamente
no entorno do 44º Batalhão de Infantaria Motorizado situado na Região Oeste da cidade.
Para delimitação do perímetro foi definido um quadrado de 1000 m x 1000 m, sendo que ao centro
existe uma estação micro meteorológica (Figura 1). A área escolhida e o entorno abrangeram os
bairros Duque de Caxias, Popular, Ipiranga, Jardim Cuiabá, Goiabeiras e Quilombo. A escolha do
local se deu por sua variedade morfológica e de ocupação do solo, como descrito por Santos (2013) e
por constituir diferentes zonas climáticas conforme Oke (2012).
Figura 1 – Perímetro (1000x1000m) escolhido para estudo. Fonte: Google Earth, editado pelos autores.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais utilizados para a classificação foram uma imagem de satélite obtida no Google Earth e os
softwares ArcGIS® e AutoCAD®. Já para a comparação quantitativa entre os resultados dos métodos
foi utilizado o Microsoft Excel para o desenvolvimento de gráficos e porcentagens.
Em ambos os tipos de mapas (vetorial e matricial) a princípio captura-se uma imagem de satélite, que
no caso foi salva a partir do Google Earth. Após importar a imagem para os softwares foi desenvolvida
uma configuração para ajustar a escala da imagem e a partir disso os processos se divergem.
No método de caracterização de uso e ocupação do solo, no qual foi utilizado o software em formato
vetorial para a classificação dos dados obtidos, segue o modelo de Franco (2013). Este método
consistiu na demarcação manual pela observação visual da imagem e interpretação do tipo de classe.
Já no método com a utilização do software em formato matricial a classificação foi desenvolvida mais
automatizada e as demarcações ocorrem a partir de pixels com características próximas de coloração.
No caso da utilização da imagem de Google Earth são consideradas três bandas (RGB).
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir do embasamento teórico obtido anteriormente, realizou-se a produção de dois mapas, a partir
de duas tecnologias diferenciadas. Primeiramente produziu-se em tipologia Vetorial, através do
software AutoCAD, que apresenta um nível maior de trabalho manual, porém apresentando grande
nível de precisão, enquanto a segunda tipologia, produzida em formato Raster, através do software
ArcGIS®, que apesar de apresentar interface e processos mais complexos, resulta em um menor tempo
de trabalho, assim como resultados mais precisos.
5.1 Classificação do solo em formato vetorial (AutoCAD)
O procedimento executado pelo AutoCAD, se apresentou simples num primeiro momento, contudo, o
processo contou com etapas que exigiram do usuário um maior tempo de trabalho. Em partes este
software apresentou funções extremamente úteis para a produção do mapa de classificação do solo,
como a ferramenta Polyline, que possibilitou contornar, de maneira intuitiva, árvores, pavimentação,
vegetação e as áreas construídas de uma imagem capturada por um satélite.
O grande problema neste caso foi a aplicação de hachuras nas áreas classificadas, pelo fato de a
ferramenta ter apresentado erros em sua execução. A contabilização das áreas também foi um
procedimento que exigiu muita atenção em sua execução. Para que a mesma funcionasse sem nenhum
impedimento, foi necessário que todas as classificações fossem feitas com a ferramenta Polyline, para
que o software conseguisse, sem erros, contabilizar a área em questão, além disso, para esse processo
demandou-se tempo extra, já que foi necessária a verificação de cada árvore, quadra, entre outros
objetos contornados através da Polyline.
Por fim, esta ferramenta mostrou-se bastante útil devido à sua confiabilidade, não dependendo
exclusivamente da qualidade de imagem utilizada para realizar a classificação, já que grande parte do
trabalho foi realizado manualmente. A questão neste caso foi maior período de tempo para a produção
de mapas no software AutoCAD. Além disso, foi verificado que o mesmo possui um facilitador por
disponibilizar versões gratuitas, como a dedicada para estudantes. A figura 2 demonstra a classificação
de uso e ocupação do solo, realizada a partir do software AutoCAD.
fortemente adensada e urbanizada. O restante da área classificada, cerca de 364.300,00 m², foi definida
como arborização com 20,76% da porção e vegetação com 15,67% do total.
A tabela 1 apresenta a contabilização de áreas de cada classe empregada no estudo, feito a partir do
AutoCAD, e seus respectivos percentuais.
Tabela 1 – Contabilização de áreas através do software AutoCAD
Classificação Área Proporção
Vegetação 156.700,00 m² 15,67%
Arborização 207.600,00 m² 20,76%
Área construída 508.300,00 m² 50,84%
Pavimentação 127.200,00 m² 12,74%
A partir da contabilização dos dados resultantes do software ArcGIS, como mostra a Tabela 2,
constatou-se que grande porção do território também foi identificado como área construída, e
pavimentação, totalizando uma área de 679.400,00 m², cerca de 67,90% do local, apresentando uma
diferença de 4,34% em relação ao percentual dos mesmos elementos na classificação feita pelo
AutoCAD. Por fim, foi contabilizado 32,10% da porção da zona como sendo vegetação e arborização,
com 18,80% e 13,30% respectivamente.
A tabela 2 apresenta a contabilização de áreas de cada classe empregada no estudo, feito com o
software ArcGIS, e seus respectivos percentuais.
Tabela 2 – Contabilização de áreas através do software ArcGIS
Classificação Área Proporção
Vegetação 188.100,00 m² 18,80%
Arborização 133.100,00 m² 13,30%
Área construída 464.300,00 m² 46,40%
Pavimentação 215.100,00 m² 21,50%
Com o estudo de classificação de uso do solo realizado a partir dos softwares AutoCAD e ArcGIS
pôde-se além de obter dados importantes sobre o local de estudo, apontar as principais qualidades e
defeitos de cada programa, resultando, dessa forma, a escolha de um ou de outro, ou dos dois, como
sendo a ideal para este tipo de pesquisa.
A tabela 3 relata a comparação entre as principais características de cada software.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, chegou-se à conclusão, de que ambos os softwares são ferramentas extremamente úteis para
auxiliar na produção de mapas de classificação do solo, cada um com suas especificidades. O estudo
realizado obteve resultados a respeito do funcionamento dos programas e da qualidade e precisão dos
dados resultantes de cada um dos softwares utilizados. Através desses entendimentos observou-se que
para um estudo preciso de produção de mapas a partir da identificação do uso do solo, o ideal seria a
utilização de ambos os programas, tirando proveito do que há de melhor há de melhor em cada um
deles. Como por exemplo, realizar a classificação das áreas selecionadas com o AutoCAD, e após este
transferir por meio de imagem para o software ArcGIS® fazendo a partir dele, a contabilização de
áreas. Deste modo, acredita-se que a confiabilidade e a precisão dos dados atingidos seriam maiores do
que a utilização de apenas um programa para o estudo.
8 REFERÊNCIAS
DAVIS, B. E. Dados Matriciais (Raster) e Dados Vetoriais (Vector): (Raster and vector data).
[S.l.]: Cengage Learning; 2. ed; 2001.
FRANCO, F. M. Configuração urbana e sua interferência no microclima local: Estudo de caso no
bairro do Porto em Cuiabá-MT. 2010. 137 f. Dissertação (Mestrado em Física Ambiental)
Universidade Federal de Mato Grosso, 2010.
FRANCO, Fernanda Miguel. Analise do comportamento termo-higrométrico urbano sob a ótica
do uso e ocupação do solo em Cuiabá - MT. 2013. 124 p. 142 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e
urbanismo) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO. Cuiabá, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010.
Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/ perfil.php?codmun=510340>.
Último acesso em: 14 de setembro de 2016.
MESSIAS, B. S; MARTINS, I. P. Classificação De Zonas Climáticas Locais: Cuiabá – MT. 2016.
4º Encontro em Engenharia de Edificações e Ambiental. Cuiabá, MT, 2016.
SANTOS, F. M. M. Clima urbano de Cuiabá-MT: ocupação do solo e suas influências. 2013.
Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental. Universidade Federal de Mato Grosso.
SÁTIRO, T. P. O; SIMÕES, S. J. C. Comparação entre dois Sistemas de Informação Geográfica
(ArcGIS e gvSIG) na elaboração de um mapa de potencialidade para a silvicultura baseado em
elementos do meio físico – a bacia do rio Paraíba do Sul (Porção Paulista). Universidade Estadual
Paulista (UNESP) – Laboratório de Análise GeoEspacial (LAGE), Departamento de Engenharia Civil,
RESUMO
A maioria dos questionários para avaliação pós-ocupação de Habitações de Interesse Social (HIS) são
focadas em fatores quantitativos da qualidade de construção das unidades habitacionais, embora a
fatores qualitativos sobre habitabilidade sejam fundamentais para verificara satisfação e bem-estar do
usuário. Esta pesquisa tem por objetivo desenvolver a partir da revisão bibliográfica das Teorias das
Representações Sociais e da Psicologia Ambiental, e dos questionários adotadas por Correia (2010),
Roméro E Ornstein (2003) e Blumenschein et al (2015), um formulário de entrevista que possibilite
constatar o nível de conforto térmico e adaptabilidade em empreendimentos de HIS. Serão avaliados
três conjuntos residenciais localizados em Goiânia, o Residencial América Latina, o Residencial Real
Conquista e o Residencial Buena Vista, ambos frutos da produção de habitação de interesse social no
município. Estes objetos de estudo foram selecionados com o auxílio de quatro critérios: projetos
executados de HIS inseridos em diferentes programas habitacionais, diversidade na forma de seleção
das famílias, diferentes tipologias e técnicas construtivas adotadas e a facilidade de acesso aos projetos
e documentos. Na história da produção de HIS no Brasil é claro o privilégio da quantidade de unidades
habitacionais executadas sobre a qualidade oferecida aos usuários das mesmas, assim os
empreendimentos não oferecem subsídios de integração real entre o morador e a moradia, além altos
custos de manutenção e baixa eficiência energética. Com isso, a importância de investigar a percepção
de qualidade de habitar dos usuários, o índice de adequação da UH ao uso e o quanto o conforto
térmico influência na utilização dos espaços. E, caracterizar a família no aspecto sócio econômico e
compreender suas experiencias anteriores de moradia. Pois, são estes questionamentos que darão
subsídios para futuras propostas que tenham como diretrizes projetuais melhorar a habitabilidade das
mesmas, para que estas funcionem como instrumento de ascensão social da população atendida.
1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa propõe estudar o desenvolvimento de um formulário estruturado para entrevista, com o
objetivo de constatar o nível de conforto térmico e adaptabilidade oferecido aos usuários em três
conjuntos residenciais localizados em Goiânia: o Residencial América Latina, o Residencial Real
Conquista e o Residencial Buena Vista, ambos frutos da produção de habitação de interesse social no
município.
No Brasil existem vários estudos de avaliação de pós-ocupação (APO) em habitações de interesse
social, sendo estes de grande importância para comprovar a necessidade de modificar as atuais
propostas adotadas, que possuem baixa qualidade construtiva e proporcionam baixa habitabilidade.
Segundo Bonduki (2011), o princípio de habitabilidade está relacionado a qualidade de vida dos
moradores, a satisfação de suas necessidades físicas, psicológicas e socioculturais. Neste contexto, o
item conforto térmico é um dos critérios de avaliação mínimo para que tenhamos certeza da
habitabilidade ou não dos estudos de caos aqui abordados.
Será utilizada como metodologia a revisão bibliográfica dos estudos realizados por Correia (2010),
Roméro E Ornstein (2003) e Blumenschein et al (2015), ambas avaliações de pós-ocupação realizadas
em Habitações de Interesse Social (HIS).
O estudo de Correia (2010, p.18) parte da “hipótese de que cada grupo, com características
socioeconômicas e culturais semelhantes e em local de condições ambientais específicas, possui um
ideal de casa confortável convergente.” Seus estudos para o desenvolvimento do questionário foram
baseados nas teorias da Representações Sociais, Psicologia Ambiental e Conforto Ambiental.
Roméro E Ornstein (2003), realizaram um estudo apoiado nas avaliações de pós-ocupação
sistemáticos no Conjunto Habitacional Jardim São Luís, localizado em São Paulo – SP. No
questionário aplicado foi possível aferir o nível de satisfação dos usuários nos seguintes aspectos:
características socioeconômicas do entrevistado e da família, adequação aos usuários dos apartamentos
e das áreas comuns, segurança, conforto e privacidade, aparência, convivência social, características
das áreas comuns e qualidade de vida.
Com a intenção de orientar e fortalecer as práticas da produção de habitação de interesse social
inseridos no programa Minha Casa Minha Vida, Blumenschein et al (2015) desenvolveu uma
metodologia de avaliação e monitoramento da qualidade das mesmas. Esta metodologia foi dividida
em três etapas: qualidade do projeto urbanístico, qualidade do projeto arquitetônico e qualidade
construtiva. No quesito qualidade arquitetônica, optaram em usar como metodologia a avaliação dos
projetos arquitetônicos a partir das informações dadas pelos documentos técnicos, mas o mais
importante para este estudo são os conceitos de flexibilidade, funcionalidade e habitabilidade adotados
como princípios de análise.
Segundo Blumenschein et al (2015 p.104) observamos que ao longo da história da produção de HIS no
Brasil sempre foi privilegiado a quantidade de unidades habitacionais (UHs) produzidas sob a
qualidade das mesmas, e observar a qualidade é de suma importância, já que a casa não possui
somente a função de abrigo, mas também de moradia, ou seja, “respondendo a dimensões individuais
das famílias, pertencentes a grupos sócias que partilham crenças, hábitos e modos de vida. ”
O fato de privilegiar a quantidade em relação a qualidade, também desencadeia outro aspecto negativo
quanto a produção brasileira de HIS, o uso de técnicas construtivas e tipologias arquitetônicas que
oferecem economia na construção das UHs, mas geram altos custos de manutenção e baixa eficiência
energética. Blumenschein et al (2015 p.146) enfatiza que as “operações e manutenções preventivas
geram custos que não são do conhecimento do usuário quando da escolha e aquisição do imóvel. ”
Na tentativa de garantir um padrão mínimo de qualidade de construção dos edifícios habitacionais
brasileiros, ao longo de sua vida útil, foi reformulada em 2013 pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) a norma de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2013). Esta estabelece requisitos,
critérios e métodos baseados nas exigências dos usuários com o objetivo de melhorar a qualidade das
habitações e otimizar o uso de recursos (CBIC, 2013).
A NBR 15575 é dividida em três critérios chaves: segurança, habitabilidade e sustentabilidade. Esta
pesquisa tem foco maior nos itens de habitabilidade e sustentabilidade, mas especificamente nas
questões de desempenho térmico, saúde, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil e
antropodinâmico e manutenibilidade. No entanto, fatores qualitativos sobre habitabilidade, como
satisfação do usuário em relação ao conforto ambiental e adaptabilidade dos espaços, não são
abordados pela norma.
Para compreender, no sentido de morada, as UHs estudas deve-se levar em consideração a cultura das
classes pobres da sociedade brasileira e para Bose (2003), “ela está ligada à existência e a própria
sobrevivência destas classes.” Como estes viveram até agora? Quais são as suas raízes culturais?
Como eram suas casas/moradias anteriores? Na busca de responder estas questões entram as teorias
das Representações Sociais que segundo Jodelet (1993), são criadas para nos guiar e ditar como nos
relacionar ao mundo à nossa volta.
Então, como perceber se as sensações térmicas dos usuários nas unidades habitacionais favorecem ou
desfavorecem a relação morador/moradia? Os estudos de Fagner e Toftum apud Correia (2010),
associam as sensações de conforto térmico às respostas dos usuários a determinados ambiente. Com
isso, na etapa de desenvolvimento do formulário que corresponde a percepção das sensações térmicas
foram desenvolvidos cartões de referência baseados em pictogramas de fácil interpretação, que auxilie
os usuários a terem respostas claras e objetivas das percepções.
2. OS ESTUDOS DE CASO
O projeto de pesquisa na qual está inserido este estudo de desenvolvimento de questionário, propõe a
análise da produção de Habitação de Interesse Social (HIS) em Goiânia, com intuito de diagnosticar
dentre as tipologias arquitetônicas estudadas, qual possui o maior índice de satisfação dos usuários
com o intuito de responder a seguinte questão: as sensações de conforto térmico e as tipologias
adotadas para habitação de interesse social interferem na relação morador e moradia?
Para escolha dos objetos de estudo foram utilizados os seguintes critérios: projetos executados de HIS
inseridos em diferentes programas habitacionais, diversidade na forma de seleção das famílias,
diferentes tipologias e técnicas construtivas adotadas e a facilidade de acesso aos projetos e
documentos. Neste sentido foi realizado um levantamento da produção de HIS no município de
Goiânia onde constatou-se que o maior número de unidades habitacionais construídas ocorreu entre
anos de 1995 e 2013, sendo que de 1995 - 1999 eram produzidas pelos programas Pró-Moradia e
Habitar Brasil, de 2000 a 2009 pelo Projeto Moradia e a partir de 2009 pelo Programa Minha Casa
Minha Vida (PMCMV).
Assim, da produção de 1995 a 2013 foram selecionados aqueles projetos que estavam inseridos em
programas habitacionais diferentes. Dentre os selecionados foram desqualificados aqueles que
possuiam os mesmos critérios de seleção das famílias beneficiárias, com a intenção de averiguar o
quanto a relação de vizinhança anterior influência na relação do morador com a moradia. Destes,
foram selecionados aqueles empreendimentos com tipologias e técnicas construtivas diferentes, e, por
fim aqueles que a equipe pesquisadora obteve acesso aos projetos e moradores dos mesmos. Assim os
objetos de estudo são o Residencial América Latina - 1997, Residencial Real Conquista - 2006 e o
Residencial Buena Vista – 2013.
Em ambos os casos observamos claramente a localização afastada da cidade, próxima ao leito d’água,
com topografia acentuada, de difícil acesso por transporte público e distante dos principais
equipamentos urbanos como escolas, hospitais e centros comercias. Apesar do Residencial América
Latina, hoje estar inserido em uma área de grande especulação imobiliária, e próximo à área central da
cidade, mas no período de sua implantação essa não era a realidade da região. (Figura 1).
Além das 160 unidades habitacionais do programa, foram executadas obras para qualificação do
traçado urbanístico e o sistema viário, serviços de drenagem pluvial, rede coletora de esgoto, rede de
abastecimento de água, rede de distribuição de energia elétrica/iluminação pública e pavimentação
asfáltica (JORDÃO, 2013).
O Residencial Real Conquista de 2006 (Figura 3), segundo empreendimento analisado, foi uma das
parcerias do Governo do Estado de Goiás, através da AGEHAB (Agência Goiana de Habitação) com o
Programa “cheque moradia” e o Município de Goiânia. O objetivo foi reassentar 2.400 famílias
desabrigadas após uma das maiores desocupações de áreas privadas, já realizadas no Brasil. Foram
retiradas de forma violenta cerca de 4.000 mil famílias do bairro Parque Oeste Industrial, no ano de
2005, segundo dados retirados da Cartilha Goiás Mais Moradia 3, Real Conquista Sustentável
publicada pela Agência Goiana de Habitação (AGEHAB) em 2012.
A área de construção incluída em AEIS (Área Especial de Interesse Social) III para o parcelamento de
2.447 lotes, foi adquirida pelos dois governos, e a cada um coube uma fração dos lotes, ou seja, 53%
para o Estado e 47% para o Município. Ficou a cargo do Município a construção dos equipamentos
comunitários e da infraestrutura urbana, e a AGEHAB (Agência Goiana de Habitação) ficou
responsável pela execução das unidades habitacionais que começaram a ser construídas no ano de
2006 e tiveram as últimas unidades entregues em 2012.
O último objeto de estudo deste trabalho, o Residencial Buena Vista III (Figura 4), que entregue em
2013 está inserido em um loteamento de Goiânia que mescla áreas destinadas à HIS (Habitação de
Interesse Social) pelo PMCMV (Programa Minha Casa Minha Vida), lotes individuais, e
equipamentos urbanos que visam atender à população local.
3
Cartilha Goiás Mais Moradia, Real Conquista Sustentável publicada pela Agência Goiana de Habitação
(AGEHAB) sobre PRÊMIO SELO MÉRITO 2012 - PROJETO AMBIENTAL E SOCIALMENTE
RESPONSÁVEL recebido pelo empreendimento, publicado em 2013.
O empreendimento Residencial Buena Vista III engloba 1.424 unidades habitacionais, o cadastro das
famílias beneficiárias foi realizado pela Prefeitura do município de Goiânia, que também se
responsabilizou pelo trabalho social no empreendimento (JORDÃO, 2013).
4
Residencial América Latina (1997), Residencial Real Conquista (2005) e Residencial Buena Vista (2013).
de desconforto por frio é o mês de julho. A Tabela 1 nos mostra que o mês com menor precipitação de
chuva é no julho e em outubro existe a precipitação média é de 146mm de chuva (ABREU-HARBICH
e CHAVES, 2016).
Tabela 1: Tabela climática de Goiânia.
5
CORREIA, Ludmila de Araújo. Conforto ambiental e suas relações subjetivas: Análise ambiental integrada em
Habitações de Interesse Social. Dissertação (mestrado) – Universidade de Brasília, Programa de Pesquisa e Pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2010. “Orientadora: Profa. Dr. Marta Adriana Bustos Romero”.
(1) confortável (2) um pouco desconfortável (3) desconfortável (4) muito desconfortável
12. Atividade antes da entrevista:
(1) reclinado (2) sentado relaxado (3) atividades sedentárias (4) em pé, atividades moderadas
(5) caminhando
13. Descrição da vestimenta do entrevistado:
Para obter respostas correntes foram desenvolvidos cartões de referências que simbolizam as
respostas, estes cartões foram baseados nos emojis6, estes são elementos visuais presentes na vida
contemporânea advindos da massificação do uso da internet e que possuem a função de sinalização e
comunicação. Moro (2016, p.53), completa afirmando que estes “ tem a capacidade de comunicar
mensagens complexas”. Mesmo tratando-se de uma pesquisa com população de baixo poder
aquisitivo, viu-se a pertinência de utilizar estes pictogramas como base para as respostas pela sua
natureza cognitiva e de fácil interpretação.
6
Segundo Moro (2016, p. 52), são as formas de representação imagéticas dos emotiocon, e estes por sua vez, são
uma forma de comunicação que “ por meio de uma sequência de caracteres tipográficos que traduz ou quer
transmitir o estado psicológico, emotivo, por meio de ícones ilustrativos de uma expressão facial. ”
7. Você é o primeiro morador desta casa? Se não, qual a sua relação contratual com a mesma?
Dados da família do entrevistado:
8. Em relação a sua casa anterior, essa casa é:
(1) Pior (2) igual (3) melhor (4) excelente
9. Qual é a renda familiar (salários mínimo)?
(1) até 1 (2) 2-3 (3) 3-5 (4) 5-7
10. Número de ocupantes da casa:
(1) 1 (2) 2-3 (3) 4-5 (4) 6-7 (5) 8-9 (6) Acima de 10
11. Quantidade de ocupantes por faixa etária:
(1) Até 6 (2) 7-13 (3) 14-21 (4) 22-45 (5) 46-65 (6) Acima de 65
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para se verificar a qualidade dos espaços em relação à adaptabilidade e conforto ambiental, é
necessária uma avaliação pós-ocupação sobre a satisfação do usuário em relação ao ambiente que ele
vive. Salienta-se que essa informação é importantíssima para se verificar a qualidade de vida e bem-
estar da população que vive em ambientes residenciais de interesse social.
Com a revisão bibliográfica acerca das Teorias das Representações Sociais e da Psicologia Ambiental,
contrapondo as metodologias de analise adotadas por Correia (2010), Roméro E Ornstein (2003) e
Blumenschein et al (2015), no formulário de entrevistas foram apropriadas questões já utilizadas pelos
autores citados adaptadas a realidade dos objetos de estudo e outras desenvolvidas pelos autores que
culminaram em um formulário específico que atende ao objetivo central da pesquisa desenvolvida.
Portanto, o principal resultado desta pesquisa é um instrumento de apoio para avaliação em
empreendimento de HIS, no formato de formulário para entrevistas, com o intuito de perceber a
influência do conforto térmico no habitar da população. Com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento
de diretrizes projetuais que buscam melhorar a habitabilidade das mesmas. O estudo ressalta as
concepções teóricas que propiciaram melhor entendimento da relação morador/moradia, contribuindo
para a escolha das melhores questões nos quesitos: analise subjetiva das expectativas relacionadas as
unidades habitacionais, analise da adequação ao uso e a manutenção do espaço, análise da percepção
de conforto térmico e a caracterização socioeconômica das famílias.
O formulário aqui proposto passará por uma etapa de pré-teste, com o objetivo de verificar a eficiência
da coleta dos dados, observar a legibilidade das questões e o tempo de duração para aplicação do
mesmo. Esta etapa também servirá para promover uma maior aproximação do pesquisador com as
comunidades. Após esta etapa, alterações poderão ser propostas para aumentar a eficácia do mesmo
durante a pesquisa.
Salienta-se que o desenvolvimento de pesquisas desta ótica ajudará elencar qual o nível de
interferência do conforto térmico na relação morador/moradia e norteará o desenvolvimento de
projetos futuros da mesma temática. A partir da revisão bibliográfica realizada tem-se claro que são
vários os quesitos que influenciam em uma relação harmônica ou desarmônica com a moradia, e que
estes não dependem somente de respostas técnicas projetuais, mas estas respostas são imprescindíveis
para a melhoria da qualidade das habitações e para que estas funcionem como instrumento de ascensão
social da população atendida. O resultado desse questionário é importante para arquitetos e
profissionais preocupados em desenvolver ambientes mais adequados às necessidades do usuário,
promovendo, ao mesmo tempo, sustentabilidade e bem-estar da população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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para Goiânia - Goiás. XVI Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, São Paulo,
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edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/ 2013.
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POLETO, SÁLUA KAIRUZ MANOEL. BONDUKI, N. Passo d’Areia: habitação social e extensão
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reflexiva. 1° ed. ed. Brasília: 2002, p. 9–61.
ESPAÇO/
PROJETO
7º SHIS - BARRA DO BUGRES,MT - 2017 268
269
UNEMAT Barra do Bugres, 26 a 28 de outubro de 2017
A ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE ARQUITETURA E URBANISMO PARA ALÉM DO
ESPAÇO URBANO: REFORMA E MELHORIA DE HABITAÇÕES EM
ASSENTAMENTOS DO MST E QUILOMBOLA
RESUMO:
Este artigo tem por objetivo refletir sobre a assistência técnica de habitação de interesse social em
assentamentos do campo, coordenados pelo MST, e, na cidade, em área remanescente quilombola, pelo
GERAH no RN. Essa atividade acontece em quatro momentos: i) de 2008 a 2009, continuando o
processo de pesquisa, da extensão e do ensino junto ao MST, introduzindo a experiências de
reforma/melhoria; ii) de 2009 a 2012, colaborando com o GEHAU, na comunidade quilombola Moita
Verde, tanto na referida modalidade, como em outras ações; iii) de 2013 a 2016, enquanto colaboradores
na consolidação da autogestão do MST; e iv) de 2015 a 2016, na retomada dos projetos novos e de
reforma/melhoria, com os quilombolas, em atividade de ensino/extensão. Em todos estes momentos foi
utilizado o método “O Desenho do Possível”, a partir das bases teórico-metodológicas do método
regressivo-progressivo, este criado por Karl Marx e desenvolvido pelo filósofo Henri Lefebvre, no que
concerne a produção do espaço. Tem, também, como referências o educador Paulo Freire, com ênfase à
troca de conhecimentos técnicos e populares, e o psicólogo Carlos Brandão, no envolvimento do
pesquisador com a pesquisa participante. Estrutura-se a partir da assistência técnica à habitação de
interesse social, imergindo na experiência do GERAH junto aos movimentos para, ao final, discutir as
diferentes temporalidades e restrições institucionais à assistência técnica vigente e as possibilidades de
atuação do arquiteto e urbanista no campo.
Palavras chaves: Habitação de interesse social; Assistência técnica; Projeto de reforma/melhoria;
Método O Desenho do Possível; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST; Área
Remanescente Quilombola.
1
Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Professora Associada IV da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- UFRN, do Departamento de Arquitetura – Centro de Tecnologia – CT – UFRN - Av. Senador Salgado Filho,
300. Lagoa Nova, CEP.: 59078-970. Natal - RN. E-mail: amadjaufrn@gmail.com.
2
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN. CT - Av. Senador Salgado
Filho, 300. Lagoa Nova, CEP.: 59078-970. Natal - RN. E-mail: ceciliamarilainerm@gmail.com.
3
ARD (habilitação: arquitetura) do INCRA/RN, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da UFRN. CT - Av. Senador Salgado Filho, 300. Lagoa Nova, CEP.: 59078-970. Natal - RN. E-mail:
mcandidac@gmail.com.
4
Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Unifacex, aluna especial do doutorado do Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFRN. CT - Av. Senador Salgado Filho, 300. Lagoa Nova, CEP.:
59078-970. Natal - RN. E-mail: andradesarah22@gmail.com.
5
Para este trabalho, estamos adotando o termo “Assistência Técnica” por correspondência ao conteúdo adotado
na LATHIS (Lei de Assistência Técnica à Habitação de Interesse Social). Porém, o Grupo compreende que
desenvolve um trabalho de “Assessoria Técnica”, haja vista os processos formativos e dialógicos que acompanham
as atividades técnicas para a construção dos habitats do campo, que ocorrem em conjunto com o acompanhamento
social e político do Movimento.
6
Beneficiando os assentados com recursos de até R$5.000,00 por cada habitação, segundo a Instrução Normativa
do INCRA nº 53, de 19 de junho de 2009, instrumento jurídico vigente à época.
7
O termo “baixa renda” é aqui transferido do próprio texto da Lei 11.888/2008.
8
A qual é destinado o montante de R$700,00 por família assistida.
9
Em algumas experiências de estados do Sul do Brasil, por exemplo, recursos oriundos da solidariedade de
cooperativas de produção de alimentos foram fundamentais para viabilizar o início das construções das habitações
de muitos de seus assentamentos.
10
Evento idealizado pelo GERAH com foco na discussão da habitação de interesse social no campo, nas águas e
nas florestas. Foi realizado pela primeira vez em 2006, em Ceará-Mirim (RN). Sua segunda edição aconteceu em
2011, em São Carlos (SP), através da organização de Grupos parceiros ligados à universidades e organizações não-
governamentais e do GERAH. Em 2015 foi realizada a terceira edição do evento, em Brasília, novamente
organizada pelos grupos acima citados.
11
Tais como: BORGES, Amadja Henrique. Habitats em Movimento: Possibilidades e limitações da
metodologia de autogestão da construção dos assentamentos coordenados pelo MST na melhoria de suas
habitações. Projeto de Pesquisa. UFRN, PROPESQ, CT, DARQ, GERAH, 2007-2008; e BORGES, Amadja
Henrique. A casa dos sonhos do MST: mudança nos sonhos, desejos e expectativas das famílias do campo
nos projetos de assentamentos rurais vinculados ao MST a partir da assistência técnica do GERAH. Projeto
de Pesquisa. UFRN, PROPESQ, CT, DARQ, GERAH, 2009.
Figura 2 - Almoxarifado e assentado responsável, pelo MST, da compra e armazenamento dos materiais
de construção no Assentamento Rosário (esquerda) e Registro do desenvolvimento da obra de
reforma/melhoria ampliação de habitação no mesmo assentamento (direita), com foco para a construção
da varanda (ampliação possível).
As experiências, como as acima descritas, se desenvolvem em quatro momentos. O primeiro, entre 2008
e 2009, dá continuidade ao processo de pesquisa, da extensão e do ensino junto ao MST, introduzindo
a experiências de reforma/melhoria de suas habitações. Dessa forma o Grupo desenvolveu parâmetros
de organicidade do processo, de resgate dos elementos chave para o atendimento dos interesses das
famílias e o treinamento de equipes multidisciplinares e das comissões formadas com as parcerias. Da
dinâmica fazia parte as definições das direções e prioridades, amplamente debatidas. Esta primeira etapa
estava vinculada a programas e projetos de extensão e pesquisa, que asseguravam o suporte financeiro
e operacional para atuação nas áreas atendidas, pois o INCRA não apresentava infraestrutura e recursos
suficientes para a eficiência de suas operações. Em dois anos de concentração de atuação nesta
modalidade, foram acompanhados nove assentamentos em oito municípios do RN12.
O segundo momento, de 2009 a 2012, se dá através da colaboração com o Grupo de Estudos em
Habitação, Arquitetura e Urbanismo (GEHAU), do mesmo Departamento de Arquitetura da UFRN, na
comunidade quilombola Moita Verde, tanto no desenvolvimento de reformas e melhoria das habitações,
quanto de novos projetos habitats, dentre outros projetos articulados. Neste âmbito, dentre outras
participações, há a aplicação do método, anteriormente mencionado, no estudo intitulado
“Procedimentos metodológicos para ações de provisão habitacional e regularização fundiária no
Quilombo e Comunidade Moita Verde - Parnamirim/RN”. Na ocasião foram realizados levantamentos
e projetos que não implementados por questões políticas da Prefeitura Municipal de Parnamirim - PMP.
De 2013 a 2016, há o terceiro momento da modalidade de reforma (sem ampliação) e da relação de
parceria com o MST, que assume a direção do processo. É a consolidação da autogestão, que já começara
sem assistência técnica, em investidas anteriores do Movimento, mas que se realiza na reforma das
moradias do assentamento Arizona, no município de Touros. As definições estabelecidas no Plano
nacional de Habitação Rural - PNHR, formulado e coordenado pelo Ministério das Cidades e executado
pela Caixa Econômica Federal - CEF, trouxeram maiores recursos para a realização das melhorias nas
habitações, e também os recursos específicos para Assistência Técnica. Dessa forma, o MST vê a
possibilidade de reassumir os projetos de melhoria e reforma das habitações em seus assentamentos,
contratando duas Arquitetas e Urbanistas — vinculadas ao GERAH que, apropriadas do método
desenvolvido no primeiro momento de trabalho, “Em busca da Autogestão” — assumiriam o
12
Eldorado dos Carajás (em Macaíba); o Nova Esperança (em Pedro Avelino); o Oziel Alves (em Mossoró); o
Rosário (em Ceará-Mirim); o São Sebastião I (em Ielmo Marinho); o São Sebastião II (em Touros); o São Sebastião
III (em Upanema); o Vale do Lírio e o Gonçalo Soares (ambos em São José do Mipibu).
Figura 3 – Interior e exterior de uma das habitações do assentamento Arizona, destaque para a precarização das
instalações hidráulicas.
Figura 4 - Entrevistas e levantamentos realizados com a participação dos moradores no Assentamento Arizona.
Com a finalização da fase de levantamentos e do estudo das especificidades de cada família (Figura 3),
reúnem-se a equipe de assistência técnica, a Gerência Executiva de Habitação da CEF e a entidade
organizadora representante do MST. Nesta ocasião as diretrizes e normativos técnicos para os projetos
são esclarecidos e pontos importantes são determinados: i) as propostas de melhoria/reforma devem
sanar, exclusivamente, problemas estruturais e de ausência de habitabilidade, sendo este último
relacionado à adequações e complementações de instalações elétricas e hidrosanitárias; ii) todas as
propostas devem embasar-se em laudos técnicos-justificativos; e iii) o valor total do subsídio não
necessariamente é concedido, de forma que alguns itens propostos podem ou não ser atendidos, à
depender da análise técnica 13.
13
Conforme instruções do PNHR, na modalidade de reforma, os projetos devem estar vinculados, exclusivamente,
a razões de: i) insegurança, caracterizada por cobertura inadequada ou problemas na estrutura da edificação, ii)
insalubridade, caracterizada por existência de umidade e mofo no piso e paredes, piso em terra batida, falta de
ventilação, paredes sem vedação ou inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva, iii) falta de condições
de habitabilidade, caracterizada pelo alto grau de depreciação da unidade, ausência ou deficiência das instalações
elétricas ou hidráulicas ou de esgotamento sanitário ou, iv) adensamento excessivo, assim considerado quando há
mais de 3 (três) moradores por dormitório, computando-se os cômodos que servem, em caráter permanente, de
dormitório aos moradores do domicílio.
14
As outras modalidades correspondem a: Apoio inicial, Aquisição de Materiais de Construção, Fomento e
Adicional do Semi-árido.
15
De acordo com a Instrução Normativa/INCRA No 37, de 8 de dezembro de 2006.
4. REFERÊNCIAS
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para o trabalhador rural e agricultor familiar construir ou reformar sua casa. Disponível
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________; MEDEIROS, Cecília Marilaine Rego de; CERQUEIRA, Maria Cândida Teixeira de. Ninho
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________; MEDEIROS, Cecília Marilaine Rego de; ANDRADE, Sarah de Andrade e; CERQUEIRA,
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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz
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Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
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nas águas, 2015, Brasília. Anais III Colóquio Habitat e Cidadania: habitação no campo, nas águas.
Brasília: UNB, 2015.
RESUMO
Este estudo é o resultado de um trabalho de conclusão de curso e tem como objetivo final apresentar
indicadores que possam contribuir com o desenvolvimento de uma metodologia, para concepção de
projetos habitacionais mais adequados as comunidades quilombolas, pelo fato de existirem poucos
estudos relacionadas a população de interesse, buscando assim respaldar projetos similares no futuro.
Assim, essa pesquisa baseou-se na utilização da metodologia de avaliação de pós-ocupação (APO) em
relação à percepção dos moradores, quando a sua satisfação sobre às moradias que foram entregues
pelo Programa Minha Casa Minha Vinda (MCMV). Para o desenvolvimento da pesquisa, foi
escolhido a Comunidade Quilombola de Mutuca que pertencente ao município de Nossa Senhora do
Livramento/MT, assim foi aplicado um questionário qualitativo aos moradores no mês de Setembro de
2016. Como resultado foi verificado que de maneira geral, os ambientes das casas atendem
parcialmente as necessidades dos moradores, apesar da satisfação em receber as moradias, foi
verificado que existe a necessidade de ampliação no cômodo (sala/cozinha) apontado como de maior
permanência, situação comprovado quando 86% dos moradores não estão satisfeitos com
compatibilidade do mobiliário com os ambientes das casas. Além disso, a falta de participação dos
moradores nas decisões do projeto com um elemento crucial, para melhorar a qualidade do projeto,
sendo que nenhuma característica cultural foi consultada, considerando as relações interpessoais e
costumes da comunidade quilombola.
1
Acadêmico curso Superior em Tecnologia em Construção de Edifícios, Israelpmalmeida@hotmail.com
2
Arquiteto e Urbanista. Professor Substituto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso, Campus Cel Octayde Jorge da Silva, Rua Professora Zulmira Canavarros, 93 - Centro, Cuiabá - MT,
78005-200 (marcelramosarq@gmail.com)
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A avaliação de Pós-Ocupação (APO) consiste em conjunto de métodos e técnicas usadas para
mensurar o desempenho da edificação em uso, considerando os seus aspectos construtivos e de
satisfação dos usuários. Tal estudo torna-se de fundamental importância na medida em que possibilita
uma melhora contínua da edificação, em relação ao atendimento das normas técnicas, podendo gerar
recomendações e intervenções no edifício, além de fornecer informações importantes para respaldar
projetos similares no futuro.
No Brasil os estudos relacionados à APO passaram a ser incorporados, principalmente em virtude das
diretrizes apontadas no Código de Defesa do Consumidor e mais recentemente pela Norma ABNT BR
15575 Norma de Desempenho, que apresenta critérios para avaliação do comportamento da edificação
durante o seu ciclo de vida.
Na visão de Ornstein e Roméro (2003) O conceito da avaliação pós-ocupação diz respeito a uma série
de métodos e técnicas que diagnosticam fatores positivos e negativos do ambiente no decorrer do uso,
a partir da análise de fatores socioeconômicos, de infra-estrutura e superestrutura urbanas dos sistemas
construtivos, conforto ambiental, conservação de energia, fatores estéticos, funcionais e
3. COMUNIDADE QUILOMBOLA.
A Comunidade Quilombola Mutuca, objeto dessa pesquisa esta localizado no km 26 da MT 060 na
área rural do Município de Nossa Senhora do Livramento - MT a cerca de 70 quilômetros de Cuiabá
com aproximadamente 120 famílias, conforme as figuras 1 e 2 que identifica o acesso da comunidade,
fazendo parte do Complexo Mata Cavalo. Sendo constituída de sete áreas de diferentes fazendas:
Ourinhos, Estiva, Aguaçu, Mata Cavalo de Baixo, Mata Cavalo de Cima, Mutuca e Capim Verde,
somando aproximadamente 420 (Quatrocentos e Vinte) famílias.
Figura 1 – Acesso principal Fonte: autor, ano 2016. Figura 2 Sede do Quilombo Fonte: autor, ano 2016.
Figura 3 - Vista frontal. Fonte: autor, ano 2016. Figura 4 – Planta Baixa. Fonte: autor, ano 2016.
O acesso principal ao interior da residência é feito pela sala de estar/jantar, conforme figura 3 sendo
que todo o interior da habitação é revestido de forro PVC branco e a cozinha possui um lavatório de
fibra. Pela figura 4, pode-se perceber a lateral da edificação com suas características construtivas
parede de alvenaria e pintura branca.
Figura 3 - Acessos internos. Fonte: autor, ano 2016. Figura 4 – Fachada Lateral Esquerda. Fonte: autor, ano
2016.
Conforme as figura 5 e 6, a fachada dos fundos da habitação possui uma lavanderia coberta, onde o
piso foi entregue sem revestimento cerâmico e forro no teto, além de possuir um tanque de lavar roupa
de 1(uma) boca em fibra.
Pela figura 7, observa-se que novas moradias foram construídas ao lado das antigs edificações,
considerando que as elas possuem característica “vernaculares” feitas com materiais locais, sem
projeto e divisão dos cômodos, não possibilitando assim uma percepção de conforto aos moradores.
Pela figura 8 ainda é possível visualizar as esquadrias dos quartos, que são do tipo veneziana na cor
tabaco, sendo que a janela de ventilação do banheiro fica posicionado para os fundos da habitação.
Figura 7 - Vista dos fundos. Fonte: autor, ano 2016. Figura 8 Fachada lateral direita. Fonte: autor, ano 2016
5. RESULTADOS
Primeiramente, buscou-se identificar a quantidade de membro que cada família possui, assim foi
possível constatar que as famílias 1ª e 6ª respectivamente possuem quatro pessoas residindo nas
habitações, as demais famílias possui dois usuários por domicilio, resultando em uma média de 2,57
pessoas por família., conforme o gráfico 1
5
Quantidades.
0
1a 2a 3a 4a 5a 6a 7a
Numero de ordens das unidades entrevistadas.
Uma moradia para ser habitável tem que satisfazer as necessidades diárias dos moradores e seus
utensílios, por isso buscou oferecer algumas qualidades pré-definidas para entender quais são as
principais categorias escolhidas da habitação pelos usuários, conforme o gráfico 2. Assim o conforto
ambiental entendido como a percepção dos moradores em relação à iluminação, ventilação e
temperatura interna da habitação foi o item de maior satisfação dos moradores em sequência a estética
ficou em segunda opção, a qualidade e a segurança posteriormente.
Estética
14%
29%
Qualidade
14%
Segurança
43% Conforto
Ambiental
Gráfico 2 - Aspecto de influencia na satisfação dos usuários quanto à habitação. Fonte: Elaborada pelo autor.
Não
86%
Gráfico 3 – Falta de compatibilidades entre as mobílias e cômodos. Fonte: Elaborada pelo autor.
Portanto, ao mensurar a satisfação dos habitantes em relação à nova moradia, observa-se uma
satisfação pelo recebimento da nova moradia, que apresenta características distintas da anterior usada
pelo quilombolas. Porém, foi possível identificar uma grande insatisfação com as dimensões internas
da edificação principalmente nos ambientes de maior permanência sala estar/jantar e pela falta de
compatibilidade com os mobiliários.
Em relação à percepção dos moradores sobre o conforto interno, este foi favorável muito em virtude
da antiga moradia possui características poucos confortáveis feitas com características “vernaculares”
com uso de materiais locais, feito sem nenhum tipo de projeto e acompanhamento técnico.
Conforme os resultados obtidos 100% disseram não terem participado da elaboração do projeto
habitacional e concordam que as necessidades da modificação na habitação recebida deverão ser
realizadas para obter um ambiente maior.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, conclui-se que os estudos voltados para satisfação dos moradores são de suma importância,
na medida em que só com a participação dos usuários, pode-se identificar as reais necessidades e
propor melhorias adequações tantos nas moradias prontas, bem como para os projetos futuros.
Assim, foi verifica a ausência da participação dos usuários na elaboração dos projetos habitacionais,
fato que poderia contribuir com o projeto, pois nesse momento os moradores poderiam expressar seus
sentimentos e desejos em relação a moradia, aliadas as contribuições e percepções dos projetistas e
construtores.
Como recomendação para trabalhos futuros sugere-se focar a pesquisa no quesito de qualidade de
projeto habitacional rural (PHR) fundamentados em dados do Cadastro Único Nacional (CAD) ou nas
associações de cada região, caso exista a possibilidade do próprio programa de habitação prevê
recursos financeiros para ampliações das moradias construías, já que a comunidade tem dificuldade na
aquisição de materiais de construção, agravado pela distancia do centro comercial e pelo ritmo de vida
ser diferenciado da vida urbana.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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habitacionais — Desempenho. Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013.
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União e Consciência Negra de Mato Grosso, GRUCON/ MT, novembro de 1989. Disponível em:<
http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/1272153.pdf>Acesso em: 21 ago.2016.
BEDENDO JÚNIOR, Elói. Avaliação da pós-ocupação de um conjunto habitacional de interesse
social em Santa Rosa – RS. 2014 Monografia para obtenção do título de Bacharel em Engenharia
MOURA, Joangela Oliveira de; MACHADO, José Geraldo Nunes. (Rede Edu-Afro-
Amazônia/UNEMAT). Desenvolvimento Socioeconômico da Comunidade Remanescente do
Quilombo Ribeirão da Mutuca, Município de Nossa Senhora do Livramento/MT, 2 0 congresso
internacional de educação, Ponta Grossa-PR 2010. Disponível em:
<http://www.isapg.com.br/2010/ciepg/download. php?id=162> Acesso em: 20nov 2016
RIFRANO, Luiz. Avaliação de projetos habitacionais. Editora ensino profissional. São Paulo SP
2006
ROMERO, Marcelo de Andrade: ORNSTEIN, Sheila Walbe. Avaliação Pós-Ocupação, métodos e
técnicas aplicados à habitação social, coleção habitare porto alegre, 2003.
RUBIN, Graziela Rossatto: BOLFE, Sandra Ana. O desenvolvimento da habitação social no Brasil,
artigo original Ciência e natura, santa Maria, v. 36 n. 2 mai-ago. 2014 p. 201–213. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/cienciaenatura/article/viewfile/11637/pdf>Acesso em: 25 ago.2016.
Métodos e Técnicas Aplicados à Habitação Social
APÊNDICE-A
Questionário aplicado aos moradores.
Entrevistador: Israel de Almeida.
Data das entrevistas: 18 a 30 de setembro de 2016.
Local: Comunidade Quilombola Mutuca.
1. Número de usuários por habitação.
2. Satisfação dos entrevistados quanto aos ambientes do ponto de vista do atendimento das unidades
familiares?
( ) Totalmente.
( ) Parcialmente.
( ) Regularmente.
( ) insuficiente .
3. Aspectos de influencia na satisfação dos usuários quanto da habitação?
( ) Estética.
( ) Qualidade.
( ) Segurança.
( ) Conforto Ambiental.
( ) Inclusão social.
4. Pretende realizar ampliações na sua casa futuramente em qual ambiente?
( ) Sala de estar /jantar.
( ) Cozinha.
( ) Dormitório casal.
( ) Dormitório solteiro.
( ) Banheiro.
( ) Área de serviço.
( ) Área de lazer.
5. Qual é a necessidade da modificação?
( ) Segurança familiar.
( ) Estética.
( ) Ambiente maior.
( ) Acabamento básico dos ambientes.
6. Se você pudesse opinar no projeto da sua habitação, quais itens preferem que sejam maiores?
( ) Quartos.
( ) Sala.
RESUMO
O Brasil é um país de extensão continental, devido a esse fato, é dividido em cinco regiões geográficas
e oito zonas bioclimáticas. Cada zona possui estratégias bem definidas para o condicionamento térmi-
co passivo das construções, para que dessa forma possa obter-se níveis adequados de Eficiência ener-
gética. O objetivo deste trabalho é contribuir com o desenvolvimento de projetos arquitetônicos para a
cidade de Brasília, localizada na zona bioclimática 4, adotando as estratégias bioclimáticas recomen-
dadas para a envoltória, bem como analisando o fluxo do vento e os sombreamentos. Situada no Pla-
nalto Central do Brasil, a cidade se caracteriza pelo clima Tropical de Altitude, de acordo com a classi-
ficação de Köppen, possuindo duas estações distintas: verão chuvoso (outubro a abril) e inverno seco
(maio a setembro), com média de temperatura do ar em 20,69°C. A metodologia utilizada envolve: a)
levantamento das características bioclimáticas da zona, b) identificação das estratégias mais adequa-
das, de acordo com a NBR.15220, software ZBBR e o site Projeteee, c) desenvolvimento de um proje-
to de residência unifamiliar com a consideração do entorno, d) detalhamento das estratégias e posterior
avaliação da envoltória por meio do RTQ-R. Os resultados mostram que as estratégias utilizadas ga-
rantem a eficiência energética da envoltória, justificando a utilização das mesmas em projetos futuros.
Palavras-chave: Eficiência energética, Habitação unifamiliar, RTQ-R
1
Graduando do curso Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universida-
de Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail:
² Graduando do curso Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universi-
dade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: wenn-
dermartins_93@hotmail.com
³ Professora do curso Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade
Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, 2367, FAET, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail: luci-
ne.durante@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é um país de extensão continental, com muitas variações climatológicas por toda a sua exten-
são territorial, possuindo oito zonas climáticas ao todo, o que demanda a utilização de estratégias es-
pecíficas para cada uma, de modo a garantir o conforto dentro das edificações. Não se pode construir
em Cuiabá (zona 7) da mesma forma que se constrói em Porto Alegre (zona 3), onde as premissas são
totalmente diferentes e opostas.
A publicação do Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifica-
ções Residenciais (RTQ-R) pela portaria número 449 do Inmetro, aconteceu aos 25 dias de novembro
de 2010. O mesmo possui o objetivo criar condições para a etiquetagem do nível de eficiência energé-
tica de edificações residenciais unifamiliares e multifamiliares.
Figura 1 – Divisão das zonas bioclimáticas brasileiras. Figura 2 – Zona Bioclimática 4. Fonte: NBR 15.220
Fonte: NBR 15.220
A avaliação de desempenho térmico de uma edificação pode ser feita tanto na fase de projeto, quanto
após a construção. Para o estabelecimento das estratégias, foram levadas em conta os seguintes parâ-
metros:
a) tamanho das aberturas para ventilação.
b) proteção das aberturas.
c) tipo de parede externa e tipo de cobertura.
d) estratégias de condicionamento térmico passivo.
O objetivo deste artigo é desenvolver um projeto residencial unifamiliar, utilizando estratégias reco-
mendadas para a zona bioclimática 4, de forma a alcançar etiquetagem nível A da Envoltória, confor-
me selo PROCEL Edifica.
2. METODOLOGIA
A metodologia para o desenvolvimento deste artigo consiste das seguintes etapas:
Figura 3 – Planta de situação estabelecida para desenvolvimento do projeto. Fonte: os autores. Fonte: Os auto-
res
4. ESTRATÉGIAS RECOMENDADAS
Com a finalidade de agrupar o maior número de estratégias recomendadas, foi feita a investigação das
mesmas, em 3 fontes diferentes, que são: NBR 15.220 de 2003, o software ZBBR, desenvolvido pelo
laboratório de eficiência energética em edificações da UFSC, baseado também na NBR 15.220, e por
último, o site Projeteee (Projetando Edificações Energeticamente Eficientes) também desenvolvido
pelo LabEEE/UFSC.
Mesmo possuindo a mesma origem (NBR 15.220), as três fontes apresentam estratégias diferentes,
estratégias que estão colocadas dentro do Quadro 1:
5. PROJETO DA EDIFICAÇÃO
A orientação da edificação no terreno considerou as manchas de sombreamento dos edifícios vizinhos,
geradas com auxílio do software EcoTect, bem como o sentido do vento predominante. A partir da
análise da máscara de sombra, foi possível simular as condições para locação dos ambientes.
N N
Figura 4 - Equinócio de primavera Fonte: Os autores Figura 5 - Solstício de inverno Fonte: Os autores
A porção sudoeste do terreno, em função da proximidade com o edifício lindeiro ao lote, é sombreada
durante quase todos os meses do ano. Deste modo, na distribuição dos cômodos, priorizou-se manter
os ambientes de permanência prolongada nesta região específica.
As aberturas foram alocadas obedecendo ao sentido do vento predominante: Leste-Oeste, a fim de que
o mesmo penetre toda a edificação, possibilitando ventilação cruzada e seletiva, bem como o efeito
chaminé, como pode ser visto na Figura 6:
Figura 6 – Resultado da avaliação dos fluxos de vento realizado no software Fluxovento considerando o senti-
do dominante dos ventos em Brasília, Leste. Fonte: Os autores
O desenho da residência consiste em um conjunto de três setores: intimo, social e serviço. Buscou-se
estabelecer as relações das estratégias com o clima local, considerando também um programa mínimo
inicial: sala, quarto, banheiro, cozinha e área de serviço.
Figura 8 – Cobertura utilizada no projeto da edificação. Figura 9 – parede utilizada no projeto da edificação.
Fonte: INMETRO Fonte: INMETRO
6.1.Sombreamento
O uso do beiral (1,5m) é uma solução para proteger a edificação e as aberturas da excessiva insolação
e das chuvas.
6.2.Ventilação seletiva
Consiste no controle do fechamento das aberturas. Este controle é realizado de modo mecânico ou
automático. A passagem dos ventos é possibilitada de acordo com as necessidades do ambien-
te/usuário, ao decorrer dos diversos períodos do dia e do ano.
Figura 12 – detalhamento do esquema utilizado para permitir a ventilação seletiva e cruzada. Fonte: Os autores
Figura 13 – Espelho d’agua projetado para obter-se Figura 14 – Vegetação utilizada para contribuir com o
o resfriamento evaporativo. Fonte: Os autores resfriamento evaporativo. Fonte: Os autores
6.5.Inércia térmica
O uso de paredes espessas (20cm) contribui para o atraso na transferência de energia entre o ambiente
interior e o exterior de modo geral. A essa capacidade do material é denominada inércia térmica. Uma
edificação de elevada inércia térmica proporcionará diminuição das amplitudes térmicas internas e um
atraso térmico no fluxo de calor devido a sua alta capacidade de armazenar calor, fazendo com que o
pico de temperatura interna apresente uma defasagem e um amortecimento em relação ao externo. De
fato, componentes de alta inércia térmica funcionam como uma espécie de bateria térmica: Durante o
verão absorvem o calor, mantendo a edificação confortável; no inverno, se bem orientado, pode arma-
zenar o calor para liberá-lo à noite, ajudando a edificação a permanecer aquecida.
6.6.Massa térmica
A massa térmica da cobertura de terra amortiza as variações de temperatura diárias tanto no verão
quanto no inverno. Como resultado, os requerimentos de isolamento podem ser substancialmente re-
duzidos se comparados com coberturas tradicionais. A vegetação intercepta a maior parte da radiação
recebida pela camada de terra da cobertura e recebe um ganho de calor muito menor do que de uma
cobertura convencional.
6.7.Ventilação cruzada
Estratégia de resfriamento baseada na diferença de pressão para promover o deslocamento e a renova-
ção de ar dos ambientes. A disposição de volumes, aberturas e disposição dos cômodos foram deter-
minantes para o funcionamento da técnica.
7. AVALIAÇÃO RTQ-R
A avaliação da eficiência energética da habitação foi feita através da “planilha de cálculo do desempe-
nho da UH - método prescritivo”, (CB3E,2013) desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Eficiência
Energética de Edificações. Desta planilha, apenas foi desenvolvida a parte da Envoltória, e colocada
aqui em sua totalidade, no quadro 2.
Quadro 2- Avaliação RTQ-R
Zona Bioclimática ZB ZB4 ZB4 ZB4
Identificação adimensional Sala / Cozinha Suite 1 Suite 2
Ambiente
Área útil do APP m² 54,22 16,00 18,44
Ucob W/m².K 0,00 0,96 0,96
Cobertura CTcob kJ/m².K 1,00 791,00 791,00
αcob adimensional 0,00 0,00 0,00
Upar W/m².K 1,85 1,85 1,85
Paredes Externas CTpar kJ/m².K 161,00 161,00 161,00
αpar adimensional 0,22 0,22 0,22
Característica construti- CTbaixa binário 0 0 0
va CTalta binário 0 0 0
cob adimensional 0 0 0
Situação do piso e co-
solo adimensional 1 1 1
bertura
pil adimensional 0 0 0
Áreas de Paredes Exter- NORTE m² 15,18 10,60 0,00
nas do Ambiente SUL m² 24,17 0,00 10,60
Envoltória para A A A A
Pontuação após avaliar Verão 5,00 5,00 5,00 5,00
os pré-requisitos por
Envoltória para A A A A
ambiente
Inverno 5,00 5,00 5,00 5,00
Envoltória se A Não se aplica A A
Refrigerada Artifi-
5,00 0,00 5,00 5,00
cialmente
Identificação
Pontuação Total A
Envoltória para Verão
5,00
A
Envoltória para Inverno
5,00
A
Aquecimento de Água
5,00
A
Equivalente numérico da envoltória
5,00
A
Envoltória se refrigerada artificialmente
5,00
Bonificações 0,61
Região
Coeficiente a 0,65
Classificação final da UH A
Pontuação Total 5,61
Fonte: Os autores
8. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Observou-se diante do resultado apresentado, que para construir-se uma residência eficiente, é neces-
sário seguir as recomendações e obedecer as condicionantes bioclimáticas de cada região, contidas na
NBR-15-220, de Desempenho térmico de edificações. Verificou-se, depois de avaliado o desempenho da
envoltória, que as estratégias utilizadas são suficientes para garantir excelência energética para a resi-
dência, permitindo que a mesma possua certificação Procel nível A. Esse resultado pode ser ainda
melhor, considerando que as demais estratégias de condicionamento térmico passivo utilizadas, funci-
onem e correspondam o esperado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente; UFSC; LABEEE. ProjetEEE: Projetando Edificações Ener-
geticamente Eficientes. Disponível em: http://projeteee.ufsc.br/. Acesso em 16/09/2017.
CB3E. Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações. 2013. Disponível em:
http://cb3e.ufsc.br. Acesso em: 19 de setembro de 2017
INMETRO, IN de M. Qualidade e tecnologia. Anexo V-Portaria no 50, de 01 de fevereiro de 2013.
2013. 2015.
MACIEL, Alexandra A. et al. Projeto bioclimático em Brasília: estudo de caso em edifício de escritó-
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NBR, ABNT. NBR 15220-3: Desempenho térmico de edificações, parte 3: zoneamento bioclimático
brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro,
2005.
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In: Congresso Internacional de Sustentabilidade e Habitação de Interesse Social, Porto Alegre.
2010.
GESTÃO E
PRODUÇÃO
7º SHIS - BARRA DO BUGRES,MT - 2017 302
303
UNEMAT Barra do Bugres, 26 a 28 de outubro de 2017
RESUMO
Atualmente, um dos maiores desafios para as cidades que estão em fase de crescimento é a geração,
coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos, pois com o crescimento das cidades aumenta a
quantidade de resíduos e são necessárias propostas de intervenção para os destinos já existentes.
Diante desse fato, este trabalho vem apresentar uma análise da gestão de resíduos sólidos no município
de Sinop, situado no norte de Mato Grosso, região conhecida também como Amazônia Legal, sendo
uma cidade muito nova, foi verificada a atual situação, realizando um diagnóstico, prognóstico e
propondo melhorias que se adequem ao município em questão. Como resultado da análise percebeu-se
que não existe, no município, um sistema de coleta seletiva, bem como uma usina de reciclagem.
Além disso, existe um convenio com empresa para a coleta de lixo, porém as instalações de trabalho
são inadequadas aos catadores. Para uma melhoria dos problemas observados propõe-se a construção
de aterro sanitário que já está em projeto, o início da prática de coleta seletiva adequada, a implantação
de sistemas de biodigestores, e a reciclagem de resíduos de construção civil, para que, dessa forma, os
impactos sobre o meio ambiente sejam diminuídos e os resíduos que antes seriam poluentes, passem a
ser reutilizados como fonte de energia ou matéria prima, por exemplo.
1
Curso de Engenharia Civil, Universidade do Estado de Mato Grosso, Av. das Ingás , 3001, CEP 78555-000,
Sinop-MT E-mail: acfrasson@hotmail.com.
2
Curso de Engenharia Civil, Universidade do Estado de Mato Grosso, Av. das Ingás , 3001, CEP 78555-000,
Sinop-MT E-mail: edersom.luis@hotmail.com.
3
Curso de Engenharia Civil, Universidade do Estado de Mato Grosso, Av. das Ingás , 3001, CEP 78555-000,
Sinop-MT, E-mail: jsfengenharia@hotmail0.com.
4
Curso de Engenharia Civil, Universidade do Estado de Mato Grosso, Av. das Ingás , 3001, CEP 78555-000,
Sinop-MT, E-mail: mansuelo.alves@gmail.com.
5
Mestre em Ciências Ambientais , Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade do Estado de
Mato Grosso, Av. das Ingás , 3001, FACET, CEP 78555-000, Sinop-MT, E-mail: karen.straub@unemat.br.
2. GESTÃO DE RESÍDUOS
3. METODOLOGIA
Esse trabalho abordou questões de coleta, transporte, tratamento e destinação dos resíduos sólidos.
Para isso foram utilizadas ferramentas como entrevistas com o setor de planejamento urbano,
secretaria de obras e urbanismo, com responsável pela empresa terceirizada Newcon, que é
responsável pela coleta, transporte e destinação dos resíduos sólidos, além de entrevista com a
empresa que faz a compra dos resíduos reciclados que são separados por catadores no próprio depósito
de resíduos da cidade. Além disso, o trabalho conta com pesquisas e consultas bibliográficas.
Em pesquisa à legislação federal foi percebido que a cidade está descumprindo a Lei Federal nº 12.305
de 2 de agosto de 2010 que diz que os municípios teriam 4 anos para fechar os depósitos irregulares e
implantarem aterros sanitário. No município em questão, o lixão foi fechado e os resíduos estão sendo
depositados no aterro da cidade de Primaverinha, há aproximadamente 120 quilômetros de Sinop.
Através de informações obtidas em entrevistas e auxílio da ferramenta de visualização de mapas do
Google foi possível encontrar e mensurar a área do depósito antigo (Figura 1) e do atual depósito de
resíduos da cidade (Figura 2), que contam com área de 130.000 m² e 113.466 m², respectivamente.
Figura 1 – Imagem de satélite do antigo depósito de RCC de Sinop - MT. Fonte: Google maps, 2016.
O antigo depósito, que recebia apenas Resíduos Sólidos de Construção Civil (RCC), sejam eles de
construção ou de demolição, ficava localizado na estrada Adalgiza, cerca de 14 quilômetros do centro
da cidade pela Rodovia João Adão Scheeren (Estrada para Santa Carmem). O atual fica localizado na
estrada Alzira, depois da comunidade Nossa Senhora de Fátima, há aproximadamente 12 quilômetros
do centro da cidade. Esse atual deposito é utilizado como destino para os resíduos de construção, no
entanto, como a população tem acesso ao local, acabam descartando diversos tipos de resíduos, porém
os sólidos urbanos domiciliares são coletados e levados à Primaverinha.
No lixão foram encontradas pessoas que fazem a separação de plástico, alumínio, papelão, cobre e o
restante do lixo e os alocam em bigbags, grandes sacos feitos de polipropileno de alta resistência, que
posteriormente são vendidos a uma empresa da cidade. Em visita à empresa que pediu para não ter o
nome divulgado, levantou-se informações de que a mesma apenas realiza a compra dos materiais,
efetua a prensagem destes e revende para indústrias que fazem a reciclagem.
A apresentação do prognóstico é uma medida que visa avaliar a situação do município em relação aos
resíduos sólidos, caso nenhuma medida seja adotada para melhoria ou resolução dessa situação. Para
esse estudo foram utilizados dados do crescimento populacional fornecidos pelo IBGE e feita uma
estimativa de crescimento com fim de demonstração de um cenário futuro para análise do mesmo.
Os dados de crescimento populacional fornecidos pelo IBGE foram projetados para um cenário futuro
de 20 anos com o intuito de demonstrar um cenário onde a produção de lixo por habitante se mantém,
o crescimento seja o mesmo e ainda não foram aplicadas melhorias no que tange a gestão dos resíduos
sólidos.
4. DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO
4.1 Diagnóstico
O crescimento das cidades é algo que deve ser observado com cuidado para que se possa traçar os
melhores caminhos para que não prejudique a qualidade de vida de seus habitantes. Sinop teve um
crescimento populacional, de 2010 a 2015, de 13%, segundo o IBGE, um crescimento maior que
cidades como Cuiabá, capital do estado, (5,3%), Várzea Grande (6,3%) e Rondonópolis (10,15%). Isso
deve chamar a atenção dos gestores municipais para a forma como a cidade vem crescendo. Alguns
pontos importantes, como a infraestrutura de serviços como água, energia e esgoto devem ser
analisados para saber se estão aptos a acompanhar o crescimento das cidades.
Atualmente a cidade de Sinop conta com serviço de coleta, transporte e destinação dos resíduos
sólidos urbanos prestados por empresa terceirizada. Essa empresa conta com sede na própria cidade,
dispõe de 13 caminhões com carroceria para coleta e compactação de lixo e 90 funcionários.
A coleta é dividida em vários setores da cidade e a frequência da coleta, que é feita baseada na
quantidade de resíduos que aquele setor produz, pode ser vista na Figura 3. O setor comercial, setor
residencial norte e setor residencial sul, por exemplo, têm coleta diária, destacados na cor violeta;
setores próximos ao centro da cidade, como o Jardim Imperial, Maringá, Botânico, Primavera,
Jequitibás, Violetas e outros na cor amarelo, a coleta é feita três vezes por semana; bairros mais
afastados como o Jardim Novo Estado, Santa Rita, Iporã, Orquídeas e outros na cor cinza, a coleta é
feita duas vezes na semana e outras localidades que são mais distantes, como é o caso do loteamento
Figura 3 – Mapa da cidade com a frequência das coletas, onde, cor violeta - coleta diária, amarelo – três vezes
por semana e cor cinza – duas vezes por semana. Fonte: Prefeitura Municipal de Sinop/MT, 2016.
Em visita aos dois depósitos de resíduos da cidade pode-se ter uma maior dimensão da quantidade de
resíduos que lá estão acumulados. Na Figura 4 é possível verificar a localização no mapa do local onde
encontra-se o antigo depósito de RCC.
Figura 4 – Esquema para chegar ao antigo lixão de Sinop – MT (esquerda) e antigo lixão Fonte: Acervo próprio,
2016
Esse local está interditado por determinação judicial desde o dia 25 de setembro de 2015, não podendo
mais receber esses resíduos que passam a ser destinados ao lixão atual, que recebe também alguns
resíduos sólidos domiciliares levados pela população. No antigo depósito de RCC foi visualizado que
lá eram descarregados entulhos, como madeira, vidro, plástico, restos de podas de árvores e outros. A
Figura 4 é uma fotografia do local.
Como esse depósito já está interditado há quase um ano, fica difícil ver com clareza a grandeza do
acúmulo de lixo que ali se tem, pois algumas plantas já estão cobrindo boa parte da superfície do
terreno. O outro depósito de resíduos visitado é o atual destino tanto dos RCC como dos resíduos
sólidos domiciliares. O acesso a ele pode ser visto na Figura 5.
A falta de controle dos resíduos depositados tem contribuído para que o aterro seja sobrecarregado,
como pode-se verificar na Figura 5 as enormes pilhas de lixo que lá são entulhadas.
Outro problema é a grande quantidade de chorume (Figura 6), substância líquida resultante do
processo de putrefação (apodrecimento) de matérias orgânicas, que caso não seja devidamente tratado,
pode vir a atingir os lençóis freáticos, rios ou córregos, causando a contaminação destes, e com isso os
peixes podem ser contaminados, e, ainda, caso a água seja usada na irrigação agrícola, a contaminação
pode chegar aos alimentos como frutas, verduras e legumes.
Figura 6 – Chorume (esquerda) e resíduos de construção civil (direita). Fonte: Acervo próprio, 2016
Como já dito, além dos resíduos sólidos domiciliares os resíduos provenientes da construção civil
também são depositados nesse local, porém os resíduos da construção civil são depositados separado
dos demais (Figura 6).
A cidade de Sinop produz uma grande quantidade de resíduos sólidos provenientes da construção
civil, sejam eles de construção ou de demolição. Segundo Cândido (2013, p.5), Sinop produz cerca de
246,24 ton./dia de resíduos da construção civil (RCC), sendo que 123,12 ton./dia são passíveis de
reciclagem.
Esses resíduos podem ser reciclados em Usina de Reciclagem de Entulhos (URE) e utilizados, por
exemplo, como material de base e sub-base em obras de pavimentação de ruas urbanas do município,
assim como sugere Novais (2013).
Outro ponto importante a ser tratado é que o atual local de descarte está localizado próximo a
cabeceira da pista do Aeroporto Municipal Presidente João Figueiredo (Figura 7), e como são
frequentes os incêndios no local, a fumaça tem gerado problemas para o pouso de aeronaves, como
afirma o site Portal Saneamento Básico e o site de notícias Mídia News. Nas notícias o juiz da 6ª Vara
Cível, Sr. Mirko Vincenzo Giannotte, relata que o comandante de uma aeronave falou aos passageiros
sobre a dificuldade operacional causada pelas queimadas no lixão, além dos riscos causados pelos
urubus que atrapalham a navegação aérea.
4.2 Prognóstico
De acordo com os dados coletados e demonstrados no diagnóstico, pode-se estimar e a partir de
estimativas de crescimento populacional e correlacionar com a geração de resíduos. De acordo com o
IBGE, a taxa de crescimento populacional de Sinop nos anos de 2010 a 2015 foi de aproximadamente
13%, com isso, pode-se gerar os seguintes dados, como pode ser visto na Figura 8. Com base em
dados fornecidos pela empresa terceirizada responsável pela coleta de resíduos sólidos no município, é
possível ter uma estimativa da geração de lixo por habitante e intercalando com a estimativa de
crescimento populacional obtém-se os seguintes dados, também detalhados na Figura 8.
5. PROPOSTAS
Figura 10 – Localização de duas PEVs no Bairro Belo Horizonte no município de Sinop/MT. Fonte: adaptado
de Prefeitura Municipal de Sinop/MT, 2016.
Segundo a imagem acima, seria necessário no mínimo dois pontos de coleta para atender de maneira
eficaz à toda população, localizados na quadra 14 e 12. Esses dois pontos poderiam ser insuficientes
para atender a demanda de resíduo gerado de acordo com cada área, sendo necessária nova análise
para disposição estratégica dos pontos de entrega voluntária.
6. CONCLUSÃO
O trabalho mostra a importância do planejamento urbano na gestão da cidade e como o mesmo
influencia na habitação e no meio ambiente. Com a pesquisa, pode-se notar que o ideal ao se planejar
uma cidade é fazer a projeção dos resíduos gerados pelos habitantes para que isso não possa prejudicar
a qualidade de vida e o ambiente no qual ela está inserida. O caso de Sinop é mais singular ainda pois
está localizada na Amazônia Legal, ou seja, uma zona de transição do Cerrado para a Amazônia,
podendo influenciar o bioma e até mesmo gerar um impacto negativo nos rios e reservas. Por isso a
relevância de se estudar o melhor tipo de destinação para os resíduos desse município.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil em 2015. 2016. Disponível em: <
http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2015.pdf>. Acesso em: 22 de ago. de 2017.
BIANA, S. M. de S. Seleção de áreas para implantação de aterros sanitários no município de
Campina Grande – PB. Campina Grande, PB: UEPB, 2007.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Código Florestal. Lei 12.651 de 25 de maio de 2012.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm> Acesso
em: Acesso em: 25 jul. 2016.
RESUMO
Este estudo tem como objetivo proporcionar subsídios aos profissionais na busca pela otimização dos
processos projetuais. O artigo foi baseado em uma pesquisa bibliográfica, a fim de realizar um
comparativo entre as diferentes opiniões que estão dispersas em várias literaturas, procurando
sintetizar e reorganizar os conceitos com foco no tema da racionalização em projetos. Os resultados
revelaram que há muitas pesquisas focadas em identificar os problemas que mais ocorrem durante o
processo de elaboração de um projeto com o intuito de buscar soluções que auxiliem o setor da
construção civil a melhorar a qualidade do produto final, a edificação. Entre as falhas mais recorrentes
identificadas temos a falta de atenção dada à fase de planejamento de projeto, dificuldade com o fluxo
de informações entre os projetistas e até mesmo entre projetistas e clientes, a multidisciplinariedade e
constante subdivisão desta etapa, falta de informações e também erros de compatibilização de projetos.
Com relação às linhas de estudo que procuram soluções para esses problemas, podemos destacar a
construção enxuta, a construtibilidade, a sustentabilidade e também os sistemas de gestão da
qualidade. Cada linha sugere diferentes formas de otimizar o processo de elaboração de projeto,
através, entre outras coisas, do uso de ferramentas computadorizadas, procedimentos de
gerenciamento de projeto e incentivo da integração das diversas etapas do processo. Constatou-se que
há muitos estudos sobre a racionalização da construção com foco na etapa de projetos, estes
começaram a ser produzidos principalmente na década de 90, pois foi nesse período que as empresas
preocupadas com a competitividade começaram a se modernizar através do aumento da qualidade e
produtividade. Essas discussões sobre a temática em questão precisam continuar acontecendo a fim de
disseminar o conceito que ainda é pouco conhecido e aplicado pelos profissionais da área.
1
Mestrando em Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, graduado em
Arquitetura e Urbanismo pela UNIC - Universidade de Cuiabá, Especialista em Master em Arquitetura e
Iluminação pelo IPOG- Instituto de Pós-Graduação, Cuiabá-MT. E-mail: edgard@arqed.com.br.
2
Aluna especial do curso de Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental da UFMT, graduada em
Arquitetura e Urbanismo pela UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: julialidani@gmail.com.
3
Aluna especial do curso de Mestrado em Engenharia de Edificações e Ambiental, graduada em Arquitetura e
Urbanismo pela UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso, Especialista em Segurança do Trabalho
pela UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. E-mail: arq.mayara.fagudes@gmail.com.
4
Engenheiro Civil, Doutor em Engenharia de Produção, Professor do Departamento de Engenharia Civil e do
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
dbrandao@ufmt.br.
Figura 1: Capacidade de influenciar o custo total durante o ciclo do empreendimento (FRANCO e AGOPYAN,
1993 apud O’CONNOR; DAVIS, 1988)
O processo de elaboração do projeto é dividido por etapas. Prado (2001) apresenta o ciclo de vida do
projeto por quatro estágios básicos: concepção (viabilidade), planejamento, execução (desenho e
construção) e finalização (entrega). Podendo ser segmentado também de acordo com o nível de
O processo de produção do projeto começa pelo estudo preliminar, nesta etapa acontece a idealização
do produto, através da participação de todos os envolvidos a fim de definir o empreendimento. Em
seguida inicia-se o anteprojeto, ele contempla todas as diretrizes de projeto arquitetônico para que os
outros projetistas iniciem seu trabalho. Com o projeto arquitetônico e projetos complementares
definidos os projetistas elaboram o projeto executivo, este apresenta um nível de detalhamento muito
maior para que seja possível executar tudo que foi pensado e estudado nos estágios anteriores. E por
fim temos os detalhamentos, que não são necessários para todos os tipos de projetos, mas precisam ser
feitos em alguns casos como, marcação de pilares e projeto de fôrmas, por exemplo. (CARRARO;
MELHADO, 2014)
A racionalização é abordada por diversas linhas de estudo. Entre elas estão a construtibilidade, o
sistema de gestão da qualidade, a construção enxuta, sistemas padronizados e industrializados e a
sustentabilidade. Cada uma delas enfoca formas diferentes de chegarem a um mesmo resultado, ou
seja, conseguirem racionalizar. Entre as soluções estão a padronização, a compatibilização entre
projetos, modulação, simplificação de elementos, o uso de programas de gerenciamento, entre outros,
que serão aprofundados adiante neste artigo.
2.1 Planejamento
Segundo Oliveira (2005) os principais problemas encontrados no projeto são provenientes da fase de
planejamento inicial, onde são decididos a forma, funcionalidade e método de construção. Acontece
que nessa fase, em geral, o projetista ainda possui poucas informações com relação ao
empreendimento o que acaba acarretando em problemas futuros.
Nesta etapa são analisados os parâmetros referentes ao ambiente, local e possibilidade de construção.
Nela é necessário compreender além das especificações de projeto, acordos contratuais e desenhos de
conceitos iniciais, necessidades do cliente e a viabilidade técnico-econômica do empreendimento.
3.1. A construtibilidade
Para Franco e Agopyan (1993), a construtibilidade é, dentre os princípios utilizados para o
desenvolvimento dos projetos, aquele que fundamenta a grande parte das medidas de racionalização
do processo construtivo. Em outras palavras, podemos dizer que é aquilo que justifica a utilização de
certas medidas construtivas adotadas em projeto, com base na experiência e na forma de como essas
atividades serão posteriormente executadas.
De acordo com Sabattini (1989, apud FRANCO e AGOPYAN, 1993), a construtibilidade seria uma
diretriz para se alcançar uma maior racionalidade dos processos construtivos e justifica este
procedimento citando o próprio objetivo da mesma que seria “integrar projeto e construção dentro de
uma visão holística, adotar prioritariamente em todas as etapas os dados provenientes das operações
construtivas e considerar que a solução ótima é a de maior construtibilidade”.
Mesmo não se tendo ciência de uma metodologia específica para a aplicação da construtibilidade em
projetos, o simples fato de os projetistas refletirem sobre a forma como serão posteriormente
executados os seus planos, já representa um grande nível de controle sobre o andamento e a qualidade
da construção, o que repercutirá também na melhoria do seu projeto.
Com base na leitura citada, podemos elencar alguns conceitos que quando aplicados em projeto
facilitam as fases posteriores do empreendimento e aumentam as possibilidades de sucesso, como:
Simplificação dos projetos, tornando-os soluções eficientes;
Padronização, modulação e pré-montagens, otimizando o tempo na execução dos serviços;
Acessibilidade (manuseabilidade), com a simplificação de elementos o projeto se torna mais
objetivo, sendo assim melhor compreendido;
Projeto orientado para condições ambientais adversas, podendo ser executado
independentemente das condições a que estiver submetido em diferentes estações do ano;
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise das bibliografias pesquisadas foi possível verificar a relevância da racionalização de
uma construção desde a fase inicial de projeto. Este artigo buscou caracterizar as diretrizes
construtivas para a obtenção da racionalização, o levantamento dos principais entraves encontrados
durante a fase de desenvolvimento dos projetos e os benefícios oriundos da aplicação desses princípios
nas construções, assim como a sua crescente difusão através do mercado e da indústria da construção
civil.
Observou-se que consiste em prática comum, entre os profissionais da construção civil, iniciar uma
obra, independente do seu tamanho, sem estar de posse de todos os projetos e análises necessárias. Isto
certamente gera inúmeros desperdícios, retrabalhos, erros de execução, desgaste de materiais, mau uso
do tempo, enfim, diversos fatores que prejudicam o bom andamento da construção. Para reverter essa
situação, apresentou-se nesse artigo, além dos principais fatores causadores desses problemas, algumas
soluções para obtenção de uma maior racionalização da construção iniciando pela etapa de projeto,
como a simplificação de elementos, a padronização, modulação, uso de programas de gerenciamento e
compatibilização de projetos, dentre outras práticas que devem necessariamente ser continuadas
também durante as etapas de planejamento, gerenciamento e execução, ou seja, por todas as fases da
obra.
Devido à grande importância dessa temática para o cenário atual da construção civil, espera-se que
este artigo possa colaborar para o entendimento e disseminação dos conceitos aqui apresentados,
dentre outros que também podem ser buscados e aplicados, além de auxiliar os profissionais e
empresas da área da construção de um modo geral a incorporar esses princípios na sua prática diária, a
fim de melhorar seus resultados no mercado como um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Leandra. Implementação de sistema de gestão da qualidade em empresas
gerenciadoras de obras: aspectos conceituais e características. São Paulo, 2008.
BLEY, Alfredo S. Administración de Operaciones de Construcción. Ediciones Universidad
Catolica de Chile. Faculdad de Ingeniaría. 1993.
CALLEGARI, S.; BARTH, F. Análise comparativa da Compatibilização de Projetos em Três
Estudos de Caso. Congresso Construção 2007 - 3.º Congresso Nacional, Coimbra, Portugal. 2007.
CAMERA, E.; CASTRO, M. D. G.; CAMPOS, R. Princípios e Ferramentas da Lean Construction:
uma comparação entre empresas. V Congresso Brasileiro de Engenharia de Produção. Ponta
Grossa, 2015.
FRANCO, L.S.; AGOPYAN, V. Implementação da Racionalização Construtiva na Fase de
Projeto. Boletim Técnico BT/PCC/94: Escola Politécnica – USP, 1993.
MACHADO, R L; HEINECK, L. F. M. Estratégias de produção para a construção enxuta. XXI
Encontro Nacional de Engenharia de Produção – ENEGEP. Salvador – BA, 2001.
MELHADO, S. B.; VIOLANI, M. A. F. Qualidade na Construção Civil e o projeto de edifícios.
Boletim Técnico. São Paulo: POLI/USP, 1992.
MELHADO, S.B. Gestão, cooperação e integração para um novo modelo voltado a qualidade do
processo de projeto na construção de edifícios. 2001. 135 p. Tese (Livre docência) – Escola
politécnica, Universidade de São Paulo, 2001.
RESUMO
Comparando a evolução da Indústria Automobilística e a Indústria da Construção Civil (ICC) em um
século de desenvolvimento, observa-se que a ICC no Brasil não obteve mudanças significativas em
sua linha de produção na maior parte das obras, principalmente as de pequeno porte, sendo executadas
com sistemas construtivos antigos, com baixo ou nenhum sistema de controle e de gestão dos recursos.
Entretanto, devido à crescente demanda do mercado e a intensa concorrência, a ICC vem importando
sistemas de gestão de produtos e processos de outras indústrias, principalmente da Automobilística,
buscando processos mais eficientes, de melhor qualidade e com economia de insumos, resultando num
cenário atual de adaptação de diversos sistemas de gestão para construção. Neste estudo, foram
analisadas ferramentas da Gestão de Processo de Produção, da Construção Enxuta, da Racionalização,
da Construtibilidade e do Sistema de Gestão da Qualidade. Objetivou-se listar os principais pontos
positivos de cada sistema e posteriormente compará-los dentro da Construção Civil. Para tanto,
realizou-se revisão bibliográfica de cada ferramenta de gestão para posterior elaboração de quadros
com informações diretas e simplificadas sobre as principais ações indicadas para a implantação de
cada modelo de gestão analisados. Concluiu-se que todos os métodos estudados dispõem de
contribuições que, ao serem implementadas, colaboram para a melhoria do processo como um todo,
apresentando diversos pontos de sombreamentos entre si, demonstrando que as bases dos programas
são comuns. Como resultado, observou-se que processo com maior destaque é o Sistema de Gestão da
Qualidade, devido à alta relevância de aspectos da Construção Civil que a ação da sua implantação
abrange. Independente do sistema de gestão adotado, a ICC precisa se modernizar e se remodelar
continuamente para alcançar a eficiência obtida em outras indústrias, conseguindo modificar os
processos executados a mais de quinhentos anos atrás.
1
Engenheira Civil, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental,
Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
carolcardoso.eng@gmail.com
2
Engenheiro Civil, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental,
Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
renanrodrigues.eng@outlook.com
3
Engenheira Civil, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental,
Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
carolcardoso.eng@gmail.com
4
Engenheiro Civil, Doutor em Engenharia de Produção, Professor do Departamento de Engenharia Civil e do
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental, UFMT, campus de Cuiabá-MT. E-mail:
dbrandao@ufmt.br.
1 INTRODUÇÃO
Ao planejar a execução da obra, o futuro gestor se depara com uma vasta gama de modelos de gestão,
cada qual com uma abordagem específica. Entretanto, na Indústria da Construção Civil (ICC) ainda
não é possível afirmar que se tem definido um modelo único de gerenciamento, que venha a atender as
variadas técnicas construtivas e necessidades do setor produtivo.
A tentativa de implantação de novos modelos e ferramentas de gestão é frequente na ICC. A constante
evolução de tecnologias e a busca por aprimoramento são uma necessidade das empresas no cenário
altamente competitivo ao qual se inserem.
Apesar da demanda crescente por produtos de qualidade superior e de custos menores, aliados a
variedade de sistemas gestão adotados ao longo das décadas no gerenciamento das obras, ao
observamos as imagens do Quadro 1 a inquietação faz-se presente.
Verifica-se na coluna à esquerda a imagem de um canteiro de obras na idade média e um canteiro de
obra habitacional atual. Na coluna à direita do mesmo quadro, tem-se a imagem de uma linha de
montagem da indústria automobilística do início do século passado e uma planta fabril atual.
Quadro 1 - Evolução da Indústria da Construção Civil x Indústria Automobilística
Indústria da Construção Civil Indústria Automobilística
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A construção civil, assim como a indústria automobilística transforma insumos em produtos para o
benefício e bem-estar da população. A gestão dos processos é o que modifica os resultados atingidos,
tanto no que tange a rentabilidade, quanto à qualidade final do produto.
Segundo Silva (2000), o gerenciamento do processo objetiva o entendimento e a parceria das funções
diversas dentro de cada setor da empresa, proporcionando à organização um comprometimento entre
esses setores, melhorando a sua integração.
O sistema inovador de produção em massa implementada por Henry Ford na indústria automobilística
apresentou um modelo de gestão que substituiu a metodologia artesanal de produção de automóveis,
reduzindo drasticamente os custos e aumentando ao mesmo tempo a qualidade do produto. Alfred
Sloan assimilou os conceitos de Ford e acreditou na necessidade de padronização para reduzir custos
de fabricação e a diversidade de modelos no processo de produção da GM, exigida pela variedade da
demanda dos consumidores. (SOUZA, 2010).
Filosofias como o Just-in-Time (JIT) e Total Quality Control (TQC) surgiram para melhorar os
processos de produção na indústria automobilística e atualmente são aplicadas à construção civil. O
JIT nasceu no Japão, entre os anos de 1970 e 1980, na indústria Toyota Motor Company, objetivando a
redução de estoques. Ferro (1990) diz que nessa filosofia as atividades só devem ocorrer num sistema
quando existir a sua necessidade imediata e um material não deve ser entregue em seu ponto de
utilização sem que seja o momento adequado.
Em relação ao TQC, também criado no Japão, pode-se defini-lo como um sistema que visa integrar os
diversos grupos da organização de modo a concentrar esforços na melhoria e controle da qualidade
visando a satisfação dos clientes com o produto e/ou serviço fornecido (PALADINI; CARVALHO,
2012).
Baseando-se nos conceitos de gestão da produção, pode-se aplicar na construção civil as ações do
Quadro 2.
Quadro 2 - Ações de Gestão de Produção
2.2 Construtibilidade
O princípio de fabricação com linha de montagem adotado por Ford na produção em massa resultou
em uma vantagem dentro da indústria automobilística devido a incorporação de máquinas
sequenciadas e baixo custo de produção. Para trazer eficiência ao processo, as peças utilizadas eram
transferidas para as linhas de montagem com a finalidade de reduzir a movimentação de funcionários,
aumentando drasticamente a produtividade. Em contrapartida, a indústria não fazia personalizações e
não investia em acabamentos (SOUZA, 2010).
Com o aumento da competitividade do mercado e a crescente exigência dos clientes, a indústria
automobilística soube agregar a linha de produção de Ford com a inovação da diversificação dos
produtos da GM e ainda incluir o gerenciamento do processo produtivo e do sistema de qualidade da
Toyota em sua linha de produção.
Na ICC, o uso de técnicas de construtibilidade possibilita o setor de construção responder a
competitividade do seu mercado, unindo as filosofias abordadas na indústria automobilística,
buscando a aplicação dos conceitos em canteiros de obras e utilizando a experiência da equipe no
projeto, planejamento, aquisição e gestão da execução envolvidos no desenvolvimento do produto.
No entanto, segundo Vivan (2016) “É facilmente notado que na ICC, considerando o subsetor de
edificações no Brasil, o uso de um sistema produtivo definido pelo conceito da linha de montagem é
algo praticamente inexistente e inexplorado”.
De acordo com Rodrigues (2005), a construtibilidade deve facilitar a construção de uma edificação
utilizando consideração dos requisitos de processo produtivo ao longo de todas as etapas de
desenvolvimento do produto, pois, já na concepção do projeto, o planejamento das etapas construtivas
deve ser considerado. Ou seja, a idealização do projeto da linha de montagem e produção da obra deve
ser feito em paralelo ao projeto da edificação.
Entretanto, Vivan (2016) salienta que “...na ICC, não existe uma instalação fabril fixa, ou seja, para
cada novo produto, um novo canteiro de obras é criado o que, na prática, dificulta muito o uso de
linhas de montagem como sistema produtivo”.
Acredita-se, porém, que com a aplicação da construtibilidade, possa-se implementar a padronização do
sistema produtivo já na concepção do projeto que será executado, gerando vantagens como os
benefícios de aprendizagem com operações repetitivas refletindo no aumento da produtividade e
qualidade, simplificando aquisição e manejo, reduzindo custos devido a descontos em volumes de
compras e diminuindo a variabilidade de peças. Desta forma, aplica-se as seguintes ações de
construtibilidade propostas no Quadro 3.
Quadro 3 - Ações de Construtibilidade
Trazendo para a construção civil, derivou-se da Produção Enxuta a Construção Enxuta (Lean
Construction), a qual tem o intuito de aumentar a eficiência da produção e reduzir custos, evitando
perdas de tempo, dinheiro, máquinas e equipamentos, diminuindo o desperdício de materiais e
buscando melhoria continua da mão-de-obra envolvida no ciclo de vida do empreendimento.
Adaptando-se os conceitos dessa transição entre as indústrias, é possível traçar ações do sistema
visando a sua utilização na construção civil, apresentada na Quadro 4.
2.4 Racionalização
A indústria automobilística visa à produção de bens em larga escala, fato este exige sua padronização e
industrialização. Estas características são perceptíveis ao avaliarmos os diversos modelos de gestão e
otimização do processo produtivo desenvolvidos nas últimas décadas com foco nesta indústria. Já a
indústria da construção civil apresenta, ainda nos dias de hoje, características artesanais (VIVIAN,
2016).
Esta característica de pouca industrialização da ICC impacta diretamente em sua capacidade produtiva
(SANTIAGO; ARAÚJO, 2008) o que, consequentemente, compromete a redução do elevado déficit
habitacional no Brasil.
Estudos da Fundação João Pinheiro (2016) mostram que em 2014 havia o total de 6,068 milhões de
unidades domiciliares a menos do que o demandado. Este déficit concentra-se na região urbana,
85,7%, e nas famílias com renda até três salários mínimos, 83,90%.
Nesta vertente a partir da década de 70, a Racionalização da Construção firmou-se como uma
estratégia de gestão na Indústria da Construção Civil (FARAH, 1990). Após esta abordagem diversas
ações foram desenvolvidas pelas construtoras ao longo dos anos. Em consulta na bibliografia pode-se
destacar as ações no Quadro 5.
A teoria da qualidade total iniciou após a 2ª guerra mundial tendo origem americana. Porém foi no
Japão que este conceito foi efetivamente implantado, sendo considerado como responsável pela
reconstrução e ascensão mundial da indústria japonesa, principalmente a automobilística e a de
informática, por esta razão este modelo é conhecido também como Modelo Japonês, Modelo Kaizen
ou Toyotismo.
Seus principais teóricos são Fhilip B. Crosby, Juran J. M. e William Edwards Deming. Os conceitos
da teoria da qualidade total evoluíram ao longo dos anos, porém até os dias atuais o método de gestão
conhecido como ciclo do PDCA, ou ciclo de Deming, é a base conceitual dos modernos Sistemas de
Gestão da Qualidade.
A aplicação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) no âmbito internacional iniciou-se em 1987
com a publicação da primeira versão das normas ISO 9000.
Na versão inicial o foco do sistema estava apenas no controle da qualidade do produto. Ao longo
destes 30 anos de evolução o foco do SGQ passou para a Garantia da Qualidade, em 1994, para Gestão
da Qualidade, em 2000, e finalmente para a Conformidade de Produtos e Serviços e a Eficácia de
Processos, em 2015 com a versão atual da norma ISO 9001.
A família de normas ISO 9000 apresenta orientações e ferramentas para empresas que queiram
garantir que seus produtos e serviços atendam consistentemente aos requisitos do cliente e que a
qualidade de seu produto seja constantemente melhorada. Sua aplicação é genérica sendo possível
implantar seus preceitos em industrias, empresas de serviços e comércio (ANBT, 2015).
O Sistema de Gestão da Qualidade define como principais ações para sua implantação na empresa as
listadas no Quadro 6.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada por intermédio da revisão sistemática do estado da obra e aprofundamento de
estudos realizados sobre os Princípios de Gestão de Processo de Produção, Construção Enxuta,
Racionalização, Construtibilidade e Sistema de Gestão da Qualidade, partindo de conceitos originados
na indústria automobilística.
Com base nesta revisão, foram elaborados quadros com informações diretas e simplificadas sobre as
principais ações indicadas para a implantação de cada modelo de gestão analisados.
A seguir, elencou-se oito aspectos de referência, dentre os vários possíveis da ICC, para a classificação
dos focos principais das ações definidas pelos sistemas de gestão estudados: Canteiro e Logística,
Clientes, Controle, Execução de Serviço, Mão de obra, Materiais, Planejamento e Projeto.
Estes oito aspectos principais foram utilizados como marcadores para análise e comparação entre os
sistemas de gestão. A classificação dos modelos de gestão foi feita por intermédio da comparação do
número de aspectos que o mesmo contempla.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como resultado das análises das tabelas descritas em cada método, elencou-se quais aspectos cada
método abrange, bem como comparou-se quais são as áreas de sombreamento dos diferentes sistemas
de gestão de produção, conforme apresentado no Quadro 7:
Gestão de Processo de
Construção Enxuta
Construtibilidade
Produção
Racionalização
Aspecto
SGQ
1. Canteiro e logística X X X X
2. Clientes X X
3. Controle X X X
4. Execução de serviços X X X X X
5. Mão de obra X X X X
6. Materiais X
7. Planejamento X X X
8. Projeto X X X
Fonte: Os autores.
Como pode ser observado, os modelos de gestão apresentam similaridades quanto aos procedimentos,
tendo diversos pontos de partilhados entre si, visto que o objetivo de todos eles são a melhoria da
eficiência dos processos e dos produtos, a melhoria na implementação dos insumos e a redução dos
desperdícios.
Mesmo sendo generalista, o SGQ é o modelo que abrange o maior número de aspectos da ICC, sete de
oito no total, seguido pela Racionalização, pela Construtibilidade e pela Gestão de Processos de
Produção, cujas ações de implementação consistem em melhorar ao menos 5 dos 8 aspectos elencados
neste estudo. Já a Construção Enxuta, seguindo os mesmos procedimentos, é o processo que, em sua
implementação, abrange menos aspectos: apenas três são envolvidos na implantação deste sistema.
5 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERRO, José R. Aprendendo com o “ohnoísmo” (produção flexível em massa): lições para o Brasil.
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Acesso em: 05 jun. 2017
RESUMO
Há algumas décadas, a concorrência empresarial da Indústria da Construção Civil (ICC) no Brasil,
subsetor de edificações, era relativamente baixa. Diante da evolução do país, o mercado imobiliário
mudou e tem-se atualmente um quadro competitivo intenso e agressivo. Este artigo insere-se no
campo de conhecimento do gerenciamento do planejamento estratégico na Indústria da Construção
Civil, utilizando-se da Matriz SWOT como critério para o desenvolvimento da gestão da produção de
novas empresas de pequeno porte do subsetor de edificações. É objetivo deste trabalho apresentar um
modelo de identificação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para análise do cenário em
que a empresa se encontra, através de uma matriz. Visa-se ainda criar uma de análise de cenário do seu
ambiente de implantação, diminuindo seus riscos e suas incertezas no gerenciamento dos seus
processos de produção. Para isso, utiliza-se do estudo de referências bibliográficas baseando-se nos
conceitos de autores diversos sobre estratégia, planejamento estratégico e gerenciamento de processos
construtivos na construção civil. Por fim, apresenta-se um quadro contemplando fatores internos e
externos que influenciam e afetam diretamente os resultados dessas novas construtoras, sugerindo
recomendações para se obter uma melhor gestão dos seus negócios. o planejamento estratégico nas
novas construtoras pode ser um fator decisivo no seu sucesso em um cenário competitivo intenso que
se tem nos dias de hoje.
1
Engenheira Civil, mestranda do Programa de pós-graduação em Engenharia de Edificações da UFMT, campus
de Cuiabá-MT. E-mail: carolcardoso.eng@gmail.com
2
Engenheiro Civil. MBA Executivo em Gerenciamento de Obras e Empreendimentos, IBEC, Cuiabá-MT. E-
mail: aljengenharia@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
Há algumas décadas, a concorrência empresarial da Indústria da Construção Civil (ICC) no Brasil,
subsetor de edificações, era relativamente baixa. Diante da evolução do país, o mercado imobiliário
mudou e tem-se atualmente um quadro competitivo intenso e agressivo. Em razão da crise atual, alia-
se a este novo cenário a dificuldade de venda dos novos imóveis e a diminuição da disponibilidade de
recursos financeiros, o que tem refletido na falência de pequenas construtoras já existentes e tem
prejudicado no surgimento de novas construtoras.
De acordo com o SEBRAE (2017), até o ano de 2012 a cadeia da construção passou por um momento
de forte expansão, entretanto, após esse período positivo observou-se uma queda de atividades no
setor, enfraquecido principalmente devido a momentos instáveis na política nacional.
Nesse cenário, entende-se que o surgimento de novas construtoras exige maiores desafios. Almeida
(1994) diz que apesar das pequenas empresas serem eficientes no seu dia-a-dia, são ineficazes nas
decisões estratégicas. Para entrar e competir no setor, Neto, Fensterseifer e Formoso (2003) afirmam
que devem ser definidas as prioridades competitivas em função do tipo de mercado em que se quer
atuar e qual o seu grau de concorrência, avaliando seus recursos e suas capacidades, identificando as
oportunidades de mercado e necessidades dos clientes. Ainda segundo este autor, essas prioridades
(qualidade, prazo, flexibilidade, inovação e serviços) devem se ajustar com a estratégia competitiva da
empresa dentro do processo de tomada de decisão.
Oliveira (1999) conceitua o planejamento estratégico como um processo de gestão que objetiva
estabelecer o rumo a ser seguido por uma empresa, visando a obtenção de um nível de otimização na
sua relação com o mercado. Por intermédio desse conceito, poderão ser introduzidas para novas
construtoras orientações que facilitem a sua implantação e contribuam com diagnósticos que resultem
em ações e decisões a serem tomadas.
A Matriz SWOT é uma ferramenta de gestão utilizada no planejamento estratégico que efetua análises
sistemáticas, possibilitando o cruzamento entre os fatores externos (oportunidades e ameaças) e
internos (forças e fraquezas) de uma empresa (CHIAVENATO E SAPIRO, 2003). A análise SWOT
tem o intuito de definir os pontos fortes da empresa onde poderão ser buscadas oportunidades e os
pontos fracos que a fragilizam, possibilitando suas análises para neutralizar ameaças futuras e criando
ações estratégicas para sua estruturação e fortalecimento.
Visto isso, é objetivo deste artigo apresentar um modelo de identificação das forças, fraquezas,
oportunidades e ameaças para análise do panorama em que a nova empresa se encontra, através de
uma matriz. Visa-se ainda criar uma metodologia de análise de cenário do seu ambiente de
implantação, diminuindo seus riscos e suas incertezas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
induzem ao estudo de estratégias que possam adaptar a sua estrutura organizacional a esta nova
realidade.
Barros Neto (1999) define estratégia como um processo de tomada de decisão. Este autor observa que
“uma decisão estratégica repercute por um longo período de tempo, compromete uma porção
significante de recursos (humanos, financeiros, materiais) da companhia e afeta a empresa de diversas
maneiras” e ainda conclui que “qualquer organização tem uma estratégia, mesmo não sendo definida
em termos de um planejamento estratégico explícito”.
Ferreira (2011) compila as principais definições de estratégia, onde as mais recentes foram expostas no
Quadro 1.
Partindo dos conceitos/definições aqui elencadas, entende-se por fim que uma nova construtora precisa
definir a estratégia de como irá se sobressair competitivamente dentro de um mercado forte já
existente, implantando diretrizes que orientem o seu processo de desenvolvimento, definindo e
alcançando metas e distinguindo-se positivamente das concorrentes utilizando dos seus pontos fortes e
minimizando os seus pontos fracos.
Para isso, pode-se operacionalizar a estratégia com um planejamento estratégico que vise os processos
de gerenciamento de produção atreladas aos objetivos da empresa, pois, segundo Terence (2002, p. 2),
ele “auxilia seus dirigentes a tomarem decisões, se anteciparem às mudanças ou mesmo se prepararem
para tal”.
Segundo Porter (1985) apud Cardoso, Pessoa e Dias (2008), existem três grandes estratégias básicas
para tornar uma empresa mais competitivas (Figura 1).
Figura 1- Três grandes estratégias básicas. (PORTER, 1985 apud CARDOSO, PESSOA E DIAS, 2008.
Cardoso, Pessoa e Dias (2008, p.3) explicam essas estratégias propostas por Porter (1985) da seguinte
maneira:
a) Liderança pelos Custos: é uma estratégia que procura tornar uma empresa
mais competitiva através da produção de produtos mais baratos do que os dos
seus concorrentes. A lógica desta estratégia é a de que, produzindo produtos
mais baratos do que os dos concorrentes, a empresa pode oferecer aos seus
consumidores produtos a menor preço e aumentar a sua participação na indústria.
Por essa razão, muitas empresas automatizam os seus sistemas de produção para
aumentar a produtividade e obter liderança de custo, oferecendo produtos mais
baratos.
b) Diferenciação: é uma estratégia que procura tornar uma empresa mais
competitiva através do desenvolvimento de um produto que o cliente perceba
como diferente dos produtos oferecidos pelos concorrentes.
c) Focalização: é uma estratégia que procura tornar uma empresa mais
competitiva concentrando-se num consumidor particular e específico.
De Laufer (1990) apud Machado (2003, p.47), tem-se que o planejamento é um processo composto
por diversos elementos que se relacionam com:
O planejamento deve ser uma das estratégias utilizadas para se obter um melhor entendimento dos
objetivos, onde cada participante do processo identifique e planeje sua parte. Possibilite ainda uma
melhor coordenação e integração de dados de entrada e decisões no processo de planejamento nos
diversos níveis, funções e estágios existentes. Também evite decisões equivocadas, analisando
alternativas e acelerando respostas criando um processo sistemático de aprendizagem (LAUFER, 1990
apud MACHADO, 2003).
O uso de estratégias gerencias modifica a realidade de se ter meros executores de obra ao invés de
gestores. De acordo com Silva (2000), os conceitos gerenciais modernos refletem no sucesso de
muitas empresas do setor da construção. Para este autor, o princípio do gerenciamento tem
Entretanto, Santos (2000) afirma que gerenciar o processo produtivo claramente é uma forma
simplificada de se obter vantagens nesse mercado cada vez mais competitivo. É desta maneira que as
novas as empresas devem perceber que um processo de produção com maior transparência motiva
para melhorias e reduz a propensão a erros.
Em complemento, Silva (2000) aponta que o gerenciamento do processo objetiva entender as funções
de cada setor da empresa, integrando-as por meio de processos. Com o crescimento do setor da
construção civil as empresas passaram a dar maior importância às práticas de gerenciamento para
apoiar a tomada de decisão estratégica, melhorar a qualidade de suas obras e ainda a sua
competitividade (WINTER; CHECKLAND, 2003 apud AZEVEDO et al 2011).
Segundo Hendrickson (1998, apud Alencar e Santana, 2010), em geral, o gerenciamento de processos
na construção consiste em:
Machado (2016) coloca que realizar mudanças estratégicas nas empresas de construção civil são
decisivas para o crescimento das mesmas e para isso as organizações desse setor têm-se usado de
gestão de processos produtivos para controlar eficientemente o seu ambiente interno. Para o autor, o
gerenciamento adequado das informações, sua análise, e aplicabilidade de ferramentas para a
formulação do planejamento estratégico dos recursos e novos investimentos produtivos, posiciona a
organização de maneira mais competitiva no mercado.
Perante essa visão, a ICC tem realizado esforços para se adaptar à nova realidade de mercado,
buscando gerenciar a implantação de novas tecnologias, os conceitos de produção enxuta e
racionalização e um sistema de qualidade. Acredita-se que as empresas que conseguem essa gerir esses
desafios estão sujeitas a melhores resultados.
O SEBRAE (2017) traz a construção enxuta como tendência de mercado relevante para o setor, sendo
pautada no corte de processos que não agregam valor as obras, manutenção contínua do ritmo
produtivo e realização eficiente do trabalho.
Para novas tecnologias, o SEBRAE (2017) afirma que a suas aplicações possuem papel significativo
na eficiência, gestão, aumento de produtividade e redução de custos, gerando essas vantagens devido a
otimização do tempo de obras, redução de retrabalho, melhor qualidade e menor desperdício.
3. METODOLOGIA
Para Machado (2016), além de analisar o processo de decisão com as informações internas, é
necessário analisar os riscos externos para a tomada de decisão, para minimizar os impactos. O autor
enfatiza que primeiramente devem ser identificados os riscos potenciais que podem afetar diretamente
o planejamento estratégico, mensurando os impactos que causam e, que apesar de ser um desafio
devido as incertezas inerentes ao projeto de construção, auxiliam no processo de tomada de decisão.
Terence (2002, p. 20) diz que, “de forma geral, o planejamento estratégico é realizado nas
organizações através de uma metodologia”. O processo de planejamento estratégico nas pequenas
empresas deve ser simplificado pois o pequeno empresário não dispõe de tempo e recursos para um
plano complexo.
Frente a isso, este artigo utiliza da Matriz SWOT para apresentar um modelo de identificação das
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para análise do panorama em que a novas construtoras
poderão utilizar para gerir seus processos produtivos.
Silva et al. (2011) diz que desde a sua criação, aplica-se a Matriz SWOT em diversos estudos
acadêmicos, segundo quatro variáveis: Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Oportunities
(Oportunidades) e Threats (Ameaças). Para estes autores, a Matriz SWOT é uma ferramenta que
possibilita uma visão clara e objetiva sobre quais são as forças e fraquezas no ambiente interno e suas
oportunidades e ameaças no ambiente externo, compreendendo os fatores influenciadores e como eles
podem afetar na iniciativa empresarial, auxiliando assim os gestores da construção na elaboração de
estratégias que reflitam em vantagem competitiva e melhor o desempenho. “As ações devem ser
voltadas a converter forçar e oportunidades, de forma a minimizar as ameaças externas e as fraquezas
internas” (PLANO DE MARKETING CONSTRUCELL, 2010).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Fatores internos que influenciam a competitividade
Os fatores internos são os aspectos relacionados a estrutura organizacional da empresa, que segundo
Coutinho e Ferraz (1995), dependem das decisões, estratégias e gestão, inovações, produtividade e
mão de obra.
O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da empresa, uma vez que
ele é resultado das estratégias de atuação definidas pelos próprios membros da
organização. Desta forma, durante a análise, quando for percebido um ponto forte,
ele deve ser ressaltado ao máximo; e quando for percebido um ponto fraco, a
organização deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar seu efeito. Essas
ações devem ser rápidas e eficazes, não devendo ser postergadas (NAVARRO, s/d,
p. 18).
Segundo Terence (2002), os fatores internos que influenciam a competitividade da pequena empresa
estão relacionados à incorporação e desenvolvimento de tecnologia, tamanho, localização e
flexibilidade. Para esta autora, os fatores internos que interferem negativamente são relacionados a
deficiência na gestão da produção, como os decorrentes da utilização de lay-outs inadequados, exagero
na geração de estoques, produto inacabado, obsolescência de máquinas e ferramentas, mão de obra
desqualificada.
Para Terence (2002), os fatores externos que influenciam a viabilidade ou o crescimento de pequenas
empresas estão relacionados às condições de mercado, normas do setor, problemas de natureza fiscal,
dificuldades de financiamento, clientes, fornecedores e concorrentes.
a) Pontos fortes e pontos fracos da empresa e capacidade competitiva: o que a empresa faz bem
(pontos fortes), as dificuldades (pontos fracos) e o que a empresa faz bem em relação aos seus
concorrentes (capacidade competitiva).
b) Ambições, filosofias de negócio e princípios éticos: Por serem presentes nas estratégias
elaboradas, devem ser analisadas e consideradas.
c) Valores compartilhados e cultura da empresa: As ações estratégicas refletem a cultura e os
valores da empresa.
Figura 4 - Principais fatores que influenciam na elaboração de estratégias. TERENCE (2002) apud
THOMPSON JR & STRICKLAND III (2000:68).
Fernandes (2016) conceitua e diferencia forças e fraquezas. O autor enfatiza que a força está sob
domínio direto da empresa, mas que pode ser influenciada pelo ambiente externo. Pode envolver a
qualificação do trabalho, o nível de gestão, a qualidade do produto, de forma que sejam capazes de
auxiliar substancialmente e por longo tempo o desempenho da organização.
Já a fraqueza é a fragilidade diagnosticada que influencia nos negócios, podendo ser percebida
segundo a mesma envoltória da força, sob uma ótica inversa.
SEBRAE-SP (1999) apud Terence (2002) elenca no Quadro 2 os fatores associados ao sucesso ou
fracasso das empresas.
Dificuldade de comercialização
AMBIENTE INTERNO
Implantação de Gerenciamento
OPORTUNIDADES E
Possibilidade de inovação
Sistema de Qualidade
Crédito no mercado
Burocracia legal
dos imóveis
tecnológica
de Processos
mercado
FORÇAS E
FRAQUEZAS
Valores da empresa
PONTOS FORTES
Dedicação ao negócio
Vontade de crescer
Flexibilidade
Individualismo, conservadorismo e
centralização do poder no pequeno
empresário
Acúmulo de funções
Gestão baseada na improvisação
Informalidade nas relações
Fonte: O autor.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados gerais da pesquisa relacionam-se as referências bibliográficas estudadas. O modelo de
identificação das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para análise do cenário, através de uma
matriz é importante para que novas pequenas empresas do ramo da construção civil possam identificar
fatores relevantes tanto positivamente quanto negativamente na sua implantação.
Com o aumento da concorrência empresarial da Indústria da Construção Civil juntamente com a crise
atual em que o país se encontra, o planejamento estratégico nas novas construtoras pode ser um fator
decisivo no seu sucesso em um cenário competitivo intenso que se tem nos dias de hoje.
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de edifícios. São Paulo, 2000. 223 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia, Departamento de
Engenharia de Construção Civil, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
RESUMO
No Brasil, a indústria da construção civil (ICC), subsetor de edificações, ainda apresenta o predomínio
de um processo produtivo artesanal com baixa produtividade e alto índice de desperdício de material.
Na busca por métodos construtivos mais industrializados, tem-se executado no país empreendimentos
habitacionais de interesse social utilizando-se de estruturas de parede de concreto, com produção em
larga escala e redução de custos. Diante disso, o objetivo deste trabalho é realizar um levantamento
teórico sobre a racionalização construtiva aliada a industrialização na construção de edificações de
parede de concreto. A metodologia utilizada para este artigo consistiu no levantamento bibliográfico
acerca da racionalização construtiva, envolvendo o estudo de perdas na construção e da filosofia Lean
Construction, para posterior estruturação de procedimentos no projeto, execução e manutenção do
sistema construtivo de paredes de concreto. Como resultado, definem-se procedimentos para redução
de perdas nesse processo construtivo, de forma a maximizar os resultados financeiros e diminuir o
desperdício do setor. Por fim, informa-se que o conjunto de procedimentos discorrido pelo autor não
se trata de um modelo, mas de um direcionamento para que empresas do setor possam analisar e
adequar dentro das suas realidades e que o sistema de paredes de concreto se encaixa como um método
construtivo que possibilita redução de perdas na construção devido a sua industrialização, sendo
importante para o processo de aceleração do setor da construção habitacional do Brasil.
1
Engenheira Civil, mestranda do Programa de pós-graduação em Engenharia de Edificações da UFMT, campus
de Cuiabá-MT. E-mail: carolcardoso.eng@gmail.com
2
Engenheiro Civil. MBA Executivo em Gerenciamento de Obras e Empreendimentos, IBEC, Cuiabá-MT. E-
mail: aljengenharia@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a indústria da construção civil (ICC), subsetor de edificações, ainda apresenta o predomínio
de um processo produtivo artesanal, caracterizado por baixa produtividade e alto índice de desperdício
de material.
Entretanto, segundo Peixoto (2015), nos últimos anos a construção civil tem apresentado modificações
consideráveis quanto a sua industrialização, substituindo ou aperfeiçoando antigas técnicas onerosas e
ineficientes, buscando avanços em relação ao seu processo produtivo.
O aumento de empreendimentos habitacionais de interesse social foi um grande influenciador pela
busca de novas técnicas de produção. Com o objetivo de amenizar o déficit habitacional no país, o
governo brasileiro criou diversos programas sociais buscando viabilizar acesso à moradia para famílias
de menores rendas.
A exemplificar pelo Programa de Arrendamento Social (PAR), figura 1, Programa Morar Melhor,
Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social (PSH) e por fim o Programa Minha Casa,
Minha Vida (PMCMV) criado em 2009 e em vigor até os dias atuais, figura 2.
Com este incentivo de financiamento para a construção de moradias em série, sejam elas unifamiliares
ou multifamiliares, muitas empresas de construção tem tido a oportunidade de ingressar e crescer
nesse setor do mercado. Segundo Oliveira (2016, p.24), “as edificações multifamiliares são
construídas em uma área que comporte um número grande de edificações, criando um conglomerado
de prédios”. Já para as residências unifamiliares, utiliza-se um lote de área entre 100 e 135m²,
construídas lado a lado (OLIVEIRA, 2016).
execução (10 a 12 meses), grande número de unidades, alto índice de repetitividade e valores de
contrato fixos por unidade.
Ainda segundo este autor, devido às características citadas acima, tem-se para esses empreendimentos
margens de lucro reduzidas, de forma que para se manter no mercado, as empresas de construção tem
buscado soluções que gerem um menor custo de produção com redução do prazo de execução,
industrializando seus canteiros de obra, diminuindo assim suas despesas fixas.
Apesar de ainda se utilizar muito dos sistemas construtivos convencionais no Brasil, como a alvenaria
de vedação ou estrutural, seu processo construtivo é lento, não sendo recomendado para obras de
construção em massa (PINHO, 2010).
Os sistemas construtivos industrializados asseguram melhor qualidade e rapidez na execução, levando
a uma produção mais econômica e racionalizada, diminuindo as perdas. Contudo, exigem uma melhor
coordenação dos projetos, um planejamento detalhado e um layout de canteiro eficiente que permita
boas condições de movimentação e transporte (MELLO et al., 2008).
Peixoto (2015) enumera benefícios gerados pela industrialização no setor, como o aumento na
velocidade de execução, limpeza dos canteiros, eliminação de desperdícios e controle de qualidade e
ressalta a aplicação da racionalização construtiva como diretriz para essa evolução tecnológica.
Santos (2004) complementa afirmando que o investimento em técnicas de racionalização é resultado
da necessidade de melhoria continua na construção e que para que se tenha êxito, é preciso identificar
atividades que levem a eliminação ou minimização dos tempos improdutivos e que não agregam valor
ao produto, para que medidas de correção destes sejam tomadas, impedindo a descontinuidade dos
processos envolvidos.
Na busca por métodos construtivos mais industrializados, que sejam mais rápidos e produtivos, tem-se
executado no país cada vez mais empreendimentos habitacionais de interesse social utilizando-se de
estruturas com parede de concreto, visando produção em larga escala e redução de custos.
Misurelli e Massuda (2009) afirmam que com o crescimento do mercado imobiliário brasileiro e com
as medidas para redução do déficit habitacional, o sistema parede de concreto representa uma solução
factível para essa produção, já que é um método de construção racionalizado que oferece
produtividade, qualidade e economia.
Deste modo, o objetivo principal deste trabalho é realizar um levantamento teórico sobre a
racionalização construtiva aliada a industrialização na construção de edificações de parede de concreto
em habitações de interesse social, definindo procedimentos para redução de perdas nesse processo
construtivo, de forma a maximizar os resultados financeiros e diminuir o desperdício do setor.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Já para Gehbauer (2004), a racionalização pode ser definida como um “estudo do sistema de produção
estabelecido com base na realidade, com o objetivo de definir melhorias”.
Sobre seu propósito, Peixoto (2015) afirma que a racionalização construtiva pode ser aplicada a
diversos métodos, processos ou sistemas construtivos. Sendo uma ferramenta importante para a
modernização da ICC, promove a organização da produção e o aumento da eficiência do processo
produtivo por meio da diminuição do consumo de materiais, da uniformização de elementos e do
produto, do aumento da organização do canteiro, da qualidade e do desempenho da construção
(PEIXOTO, 2015).
Para Gehbauer (2004), o procedimento geral que deve ser adotado para a racionalização da construção
é o de observar, medir, registrar, pensar e corrigir, com a finalidade de descobrir pontos fracos nas
estruturas e processos existentes. Ainda segundo o autor, a racionalização dentro da indústria deve
buscar reduzir horas ociosas, otimizando a mão de obra e as máquinas empregadas, minimizando as
distâncias de transporte, melhorando os fluxos de informações e capacitando as pessoas envolvidas.
Ohno (1997) listou os 07 tipos de perdas identificados no Sistema Toyota de Produção que podem ser
aplicados na ICC, sendo eles:
Para Koskela (1992), a indústria da construção é caracterizada por seguir o modelo produtivo baseado
em conversão de entradas (recursos) em saídas (produto), sem atenção nos fluxos de atividades que
não agregam valor ao produto. As atividades que não agregam valor precisam ser compreendidas,
reduzidas ou eliminadas, diminuindo assim as perdas por negligência nas questões de fluxo
(GARRIDO, 2015).
Sales et al. (2004) afirmam que a Construção Enxuta é um método altamente racionalizado, pois
utilizam-se menores quantidades de mão de obra, material, ferramenta, equipamento e horas para
desenvolver um produto, requerendo também menor quantidade de estoque.
Koskela (1992) descreve em seu trabalho onze princípios da Construção Enxuta para o projeto,
controle e melhoria do fluxo dos processos na construção civil, sendo eles:
a) Redução da parcela das atividades que não agregam valor, reduzindo as atividades que
consomem tempo, recurso ou espaço e que não contribuem para atender aos requisitos dos
clientes.
b) Aumento do valor do produto através da consideração dos requisitos dos clientes.
c) Redução da variabilidade do produto.
d) Redução do tempo de ciclo, ou seja, todos os tempos necessários para inspeção, transporte,
movimentação e processamento.
e) Simplificação através da redução do número de passos ou partes, com a simplificação do
processo.
f) Aumento da flexibilidade de saída do produto, atendendo as necessidades dos clientes.
g) Aumento da transparência do processo.
h) Foco no controle do processo global, considerando o processo como um todo.
i) Melhoria contínua no processo de produção.
j) Balanceamento de melhoria nos fluxos e nas conversões.
k) Realização de benchmarking (referencias de ponta).
Ainda segundo Koskela (1992) a implementação da nova filosofia só é possível mediante os seguintes
fatores chave: comprometimento da gestão, foco em melhorias mensuráveis e acionáveis,
envolvimento do empregado (incentivado) e aprendizado da teoria. E que é preciso implementar as
melhorias e estabelecer como filosofia o visão de processo de fluxo e conversão.
Figura 3- Execução de estruturas de parede de concreto em casas (FARIA, 2009 – REVISTA TÉCHNE)
O sistema de paredes de concreto, embora tenha sido concebido desde a década de 70, não era
frequente no cenário nacional. Até o fim do século XX, o sistema construtivo de alvenaria estrutural
era sinônimo de desenvolvimento, entretanto, nos últimos anos, a construção de edificações utilizando
parede de concreto como processo construtivo cresceu de forma notável no país, principalmente
devido rápida necessidade de suprir a necessidade de habitações populares, ocupando seu espaço
(ARÊAS, 2013).
Outro fator que influenciou no desenvolvimento do sistema construtivo no país, foi a sua normatização
pela NBR 16.055:2012 - Parede de Concreto Moldada no Local para a Construção de Edificações –
Requisitos e Procedimentos - pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, em 2012.
Além disso, o motivo para a conquista do mercado brasileiro, segundo a Associação Brasileira de
Cimento Portland, ABCP, (2007/2008) é que essa tecnologia deu base à construção industrializada,
oferecendo “condições técnicas e econômicas perfeitas para a produção de unidades habitacionais em
grande escala, sem comprometer sua qualidade e seu conforto” (ABCP, 2007/2008, p.3).
Missureli e Massuda (2009, p.1), complementam afirmando que “o sistema construtivo de paredes de
concreto é um método de construção racionalizado que oferece produtividade, qualidade e economia
de escala quando o desafio é a redução do déficit habitacional”. Estes autores enfatizam que o sistema
possibilita a construção desde casas térreas até edificações com 30 pavimentos, considerados casos
especiais e específicos.
A ABCP (2007/2008) também recomenda esse sistema para a produção de empreendimentos que
possuam alta repetitividade e prazos de entrega exíguos. Segundo a Construção Mercado (2009),
quando comparado ao sistema com alvenaria, a execução de um único imóvel com paredes de
concreto pode chegar a ser 12% mais cara, entretanto, comparando seu tempo de execução, tem-se
uma redução de tempo de mais de 50%, o que implica na diminuição significativa dos custos indiretos.
Figura 4: Empreendimento habitacional de parede de concreto com cinco pavimentos (SANTOS, 2017).
Pelo caráter de industrialização que possui, o sistema permite um aumento da produtividade na sua
execução. Reduzindo as atividades artesanais e as improvisações, possibilita diminuir a quantidade de
operários no canteiro, entretanto exige uma melhor qualificação da mão de obra para minimizar o
tempo de produção e garantir a qualidade do produto final (ABCP, 2007/2008).
No método construtivo, utilizam-se fôrmas (metálicas, madeira, plásticas ou mistas) que são montadas
no local da obra, posteriormente preenchidas com concreto, já com as instalações hidráulicas e
elétricas embutidas. A principal característica desse sistema é que a vedação e a estrutura constituem
um único elemento (MISURELLI; MASSUDA, 2009).
Muitos dos operários (figura 5) que trabalham em obras de parede de concreto são multifuncionais e
atuam como montadores especializados, executando serviços de armação, instalações elétricas e
hidráulicas, montagem das fôrmas, concretagem e desforma, onde a produtividade da mão de obra
pode ser potencializada por treinamentos (ABESC, 2017).
A fundação utilizada normalmente é do tipo radier (figura 6), com apoio simples das paredes.
A armação adotada nesse sistema é tela soldada posicionada no eixo vertical da parede. As bordas,
vãos de portas e janelas recebem reforços de telas ou barras de armadura convencional, conforme
apresenta a figura 7 (ABCP, 2008).
Figura 7: Montagem armação e fôrma para paredes de concreto (SILVA, 2011 - REVISTA TÉCHNE).
Misurelli e Massuda (2009) explicam que por ter fôrmas provisórias e reutilizáveis, contribuem ainda
para a diminuição de resíduos no canteiro e o desperdício, além da economia e sustentabilidade.
Figura 8: Comparação entre acabamentos tradicionais e paredes de concreto (HESKETH, 2009 apud
FERREIRA, 2014).
Percebe-se que há uma simplificação no processo construtivo, suprimindo processos produtivos, já que
só o fato de se moldar as paredes elimina outras etapas de construção. Essa característica afirma a
industrialização e o uso da racionalização no processo.
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para este artigo consistiu no levantamento bibliográfico acerca da
racionalização construtiva para posterior estruturação de procedimentos no projeto, execução e
manutenção do sistema construtivo de paredes de concreto.
Para isso, levantaram-se bibliografias sobre perdas na construção civil e a filosofia de produção Lean
Construction. Buscou-se ainda explanar sobre o sistema construtivo em si, para compreensão do
processo enquanto construção industrializada.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A criação de procedimentos para redução de perdas e sua implantação no canteiro de obras estimula os
gestores da ICC a planejarem detalhadamente os seus processos construtivos, evidenciando falhas e
visando oportunidades de melhorias em todos os setores.
A racionalização construtiva só pode ser plenamente empregada quando as ações são planejadas desde
o momento do projeto até a manutenção do empreendimento. O quadro 02 apresenta principais
procedimentos nas fases de projeto, execução e manutenção que podem ser adotados visando melhores
resultados em obras com sistema construtivo de paredes de concreto, discutindo-os posteriormente.
PROCEDIMENTOS
1. Limitar a definição e a escolha do projeto de acordo com custo previsto;
2. Realizar compatibilização de projetos;
3. Fazer projetos complementares claros e objetivos e debatê-los com a equipe responsável
pela execução;
PROJETO
4. Detalhar o posicionamento dos vãos de portas e janelas e das instalações elétricas,
hidráulicas, sanitárias e de gás.
5. Considerar aspectos da NBR 16055:2012 para o dimensionamento evitando, entretanto,
excessos.
1. Capacitar e treinar equipes em relação ao método construtivo, aos projetos executivos e
ao memorial descritivo;
EXECUÇÃO 2. Realizar planejamento logístico para recebimento de materiais em cada etapa;
3. Pré-definir a movimentação de materiais no canteiro de obras;
4. Construir um protótipo.
Fonte: Os autores.
4.1 Projeto
No âmbito da construção industrializada, o projeto atua como protagonista, sendo requisito
fundamental ao processo de produção da edificação. Segundo Carvalho e Sposto (2012), o projeto
deve agir como elemento indutor da racionalização da construção.
A definição e escolha do projeto devem ser configuradas inicialmente de acordo com o limite de custo
considerado pela empresa. Todavia, de acordo com Guerra, Kern e Gonzáléz (2009), não é apenas
reduzindo a área das unidades que se consegue reduzir custo.
Em sistemas construtivos de parede de concreto, o posicionamento dos vãos de portas e janelas e das
instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias e de gás precisam ser determinadas antes da construção e
detalhadas em projeto. Sabe-se que nesse sistema intervenções posteriores acarretam em altos custos,
podendo inclusive prejudicar a estabilidade estrutural ou a estanqueidade do sistema (DE CASTRO;
VON KRUGGER, 2013).
Aspectos da NBR 16055:2012 devem ser pontualmente estudados e inseridos no projeto estrutural,
levando em consideração os requisitos de qualidade de projeto elencados na norma, como o
comprimento máximo dos painéis, largura mínima das paredes, pé direito máximo, adequação das
instalações, entre outros. Também deve-se avaliar, quanto à concepção, se não existe um
superdimensionamento desnecessário no cálculo da estrutura, o que acarreta consideravelmente no
custo final, já que o aço e o concreto possuem valor e quantidade extremamente representativa em
sistemas de parede de concreto.
Apesar da construção em massa e industrializada nas habitações de interesse social não permitirem
diversidade e variabilidade em plantas para atender famílias diferentes, aconselha-se considerar na
concepção de projeto opções de flexibilização para modificação e/ou ampliação das unidades,
inclusive disponibilizando-as para os proprietários. Dessa forma, diminuem as possibilidades de
modificações realizadas pelo próprio usuário que causem futuras patologias na edificação e
comprometam a sua estrutura. Além disso, a possibilidade de flexibilização nas plantas agrega valor
ao imóvel e satisfaz os clientes.
4.2 Execução
Antes de iniciar a execução de uma edificação, é necessário que exista uma equipe capacitada e
treinada em relação ao método construtivo, aos projetos executivos e ao memorial descritivo, previstos
para cada etapa, aumentando assim a transparência do processo.
Os projetos devem ser quantificados por unidade de serviço e ter um planejamento logístico para
recebimento de materiais em cada etapa. Por ter uma execução muito rápida, as estruturas em paredes
de concreto necessitam de um estoque curto, porém pontual. O atraso de insumos que são concretados
juntamente com as paredes (como tela de aço, eletrodutos e tubos) impede a execução de todo o
serviço e diminui a velocidade da obra, ocasionando perdas.
A movimentação de materiais no canteiro de obras deve ser pré-definida, diminuindo trajetos, não
comprometendo o acesso de máquinas e equipamentos na distribuição de materiais e possibilitando o
rápido acesso aos insumos, reduzindo o tempo de ciclo.
4.3 Manutenção
Sabe-se que os custos totais de construção de edificações não se limitam às despesas provenientes da
fase de projeto e execução. Segundo a NBR 5674 - Manutenção de edificações - requisitos para o
sistema de gestão da manutenção (2012), os custos de manutenção de edificações variam de 1 a 2% do
seu custo inicial.
Para evitar o desperdício financeiro, de acordo com a NBR 5674:2012, o processo construtivo precisa
ser visualizado com um todo, iniciando desde um bom projeto, ao uso de bons insumos e uma boa
construção até se chegar à manutenção. Recomenda-se a realização de benchmarking de obras
anteriores para conhecer as necessidades do sistema construtivo durante sua vida útil, facilitar no
planejamento e orçamento da etapa de manutenção.
Indica-se ainda a elaboração e entrega de um manual aos usuários de cada unidade habitacional,
contemplando os projetos arquitetônicos e estruturais, as recomendações de uso e ocupação e a
determinação das manutenções futuras que devem ser realizadas na edificação, contribuindo assim
para diminuir perdas devido ao improviso dos proprietários por falta de conhecimento da sua casa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que criar procedimentos baseados na racionalização, desde o desenvolvimento do projeto,
durante a execução e até a manutenção de edificações pode contribuir positivamente na redução de
perdas e desperdício dentro do canteiro de obras.
A inovação tecnológica e a industrialização dentro da ICC são de suma importância para dar
continuidade aos programas de habitação do governo, pois além da necessidade de crescimento no
setor, ainda existe um grande déficit habitacional no país.
Salienta-se que o sistema de paredes de concreto se encaixa como um método construtivo que
possibilita redução de perdas na construção devido a sua industrialização, sendo importante para o
processo de aceleração do setor da construção habitacional do Brasil.
Por fim, informa-se que o conjunto de procedimentos discorrido pelo autor não se trata de um modelo,
mas de um direcionamento para que empresas do setor possam analisar e adequar dentro das suas
realidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABCP. Associação Brasileira de Cimento Portland. Parede de Concreto - Coletânea de ativos
2007/2008. Disponível em: <http://abesc.org.br/arquivos/coletania-aditivos.pdf>. Acesso em: 03 de
agosto de 2017.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16055: Parede de Concreto moldada no local
para construção de edificações – requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro, 2012.
ABESC. Associação Brasileira de Serviços de Concretagem. Paredes de Concreto. Disponível em: <
http://abesc.org.br/paredes-de-concreto>. Acesso em: 03 de agosto de 2017.
ARÊAS, D. M. Descrição do Processo Construtivo de Parede de Concreto para Obra de Baixo Padrão.
Projeto de Graduação - Escola Politécnica. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
2013. 70p.
FRANCO, Luiz Sérgio. O projeto das vedações verticais: características e a importância para a
racionalização do processo de produção. Tecnologia e gestão na produção de edifícios: Seminário
vedações verticais. Anais. São Paulo: EPUSP, 1998.
MISURELLI, Hugo; MASSUDA, Clovis. Paredes de concreto. Revista TÉCHNE, São Paulo, v. 17,
n. 147, p. 74-80, 2009.
REIS, Daniel de Siqueira Nunes; BRAGA, Ana Clara dos Santos; NUNES, Neuza Maria de Siqueira.
Paredes de concreto: a importância da sua utilização. Linkscienceplace, [s.l.], v. 4, n. 1, p.124-155,
2017.
SALES, Alessandra Luize Fontes et al. Racionalização de processos de produção com inovações
tecnológicas - um estudo de caso em uma empresa de Fortaleza. In: XI SIMPEP, 11. 2004,
Bauru. Anais... . Bauru: SIMPEP, 2004. p. 1 - 9.
SANTOS, Débora de Gois. Modelo de gestão de processos na construção civil para identificação
de atividades facilitadoras. 2004. 219 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
SANTOS, Altair. Industrialização do concreto tem novas normas. O que muda? Cimento Itambé,
2017. Disponível em: http://www.cimentoitambe.com.br/industrializacao-concreto-normas/ Acesso
em: 03 de agosto de 2017.
SILVA, M. B.M. F. Custos de manutenção em HIS construídas com o sistema inovador de parede
de placas moldadas in loco: um estudo de casos no conjunto Mariz I em João Pessoa-PB. 2016.
144 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil e Ambiental), Centro de Tecnologia, Universidade
Federal de Tecnologia da Paraíba, João Pessoa, 2016.
SHINGO, S. Sistemas de produção com estoque zero: o sistema Shingo para melhorias contínuas.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
SOCIAL
7º SHIS - BARRA DO BUGRES,MT - 2017 365
366
UNEMAT Barra do Bugres, 26 a 28 de outubro de 2017
ANÁLISE DE HABITAÇÕES DE DIFERENTES FAIXAS DE RENDA DO
PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA EM CUIABÁ-MT
RESUMO
O estudo tem por objetivo apresentar as diferenças entre dois residenciais do programa Minha Casa
Minha Vida de faixas de renda diferentes no município de Cuiabá - MT, no que se referem a relação
dos moradores com a edificação quanto a satisfação e manutenções. A pesquisa enfatiza-se nas
tipologias construídas dos mesmos buscando uma análise dos espaços internos, externos e o
conhecimento dos usuários sobre sua edificação. A metodologia adotada baseia-se em entrevistas e
verificações in loco dessa área em estudo, com analise do entorno, verificando o conforto ambiental e
a relação dos moradores com o meio ambiente. A partir da comparação, buscou-se identificar os
pontos positivos e negativos, assim como seus efeitos na população que neles habitam. Foi possível
observar pontos problemáticos nas unidades, com relação à implantação e localização que promovem
exclusão física e sociocultural. Através dos resultados obtidos verificou-se a importância dos
moradores em possuir o manual da edificação e de lê-lo, para usufruir de conhecimento da
manutenção preventiva do imóvel, evitando assim problemas futuros, e que de grande valia é a
Avaliação Pós Ocupação - APO feita pelas empresas que as produzem.
1
Graduanda no Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios, IFMT – Campus Cuiabá, Cuiabá-MT,
E-mail: elianeenaile88@hotmail.com
2
Mestre em Física Ambiental, Professor do Departamento de Construção Civil do IFMT – Campus Cuiabá,
Cuiabá-MT, E-mail: marcos.valin@cba.ifmt.edu.br
1. INTRODUÇÃO
O Brasil, na última década, com a insuficiência de moradias para a população, devido à grande
demanda populacional, presencia um dos maiores ciclos de crescimento do setor imobiliário.
Acontecimento causado também pela ascensão social de boa parcela da população (PNAD e IBGE,
2009).
Tal crescimento acontece, principalmente, porque houve uma maior disponibilidade de incentivos
públicos para o financiamento de construções, visando a solucionar o problema do déficit habitacional
brasileiro. Os programas habitacionais surgiram com o objetivo de atender às necessidades de
habitação da população de baixa renda e classe média nas áreas urbanas, garantindo o acesso à
moradia digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade.
Entre esses programas criados, destaca-se atualmente o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV),
implantado em 2009. Com uma marca atual de quase 4 milhões de unidades habitacionais, segundo
Portal Brasil. Funciona por meio da concessão de financiamentos a beneficiários organizados de forma
associativa por uma entidade organizadora e com recursos provenientes do Orçamento Geral da União
– OGU, aportados ao Fundo de Desenvolvimento Social – FDS (Caixa Econômica Federal, 2009).
É possível observar que no município de Cuiabá-MT o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV)
tem impactado de maneira significativa a organização da cidade, em termos urbanos, socioeconômicos
e ambientais. Avenidas com destinos aos residenciais em estudo, em anos anteriores, apresentavam um
fluxo de transito tranquilo; hoje já apresentam até congestionamentos.
Este artigo pretende evidenciar dois conjuntos habitacionais ofertados nesse município, a partir de
programas habitacionais, considerando a diferença nas manutenções realizadas por moradores de
diferentes conjuntos habitacionais de faixa de renda diferente. Mais: visa a pesquisar sobre o
contentamento dos moradores, quando se diz respeito a confortos térmico, acústico, localização e
mobilidade urbana; qual a importância da manutenção preventiva, conservação e manutenção nas
edificações; se houve uma interpretação do manual do usuário, algum feedback e APO (Avaliação Pós
Ocupação) da construtora. Tudo isso destacando a preocupação e importância não somente atender à
demanda habitacional, mas construir cidades sustentáveis do ponto de vista econômico, social,
ambiental e cultural.
2. METODOLOGIA
Inicialmente, a pesquisa fundamentou-se em buscas de teorias sobre a Habitação de Interesse social,
compreendendo sua produção no território mato-grossense. Após a definição dos conjuntos
escolhidos, a pesquisa partiu para a atividade de levantamento da Habitação de Interesse Social em
Cuiabá.
Posteriormente foram realizadas visitas in loco nos dois conjuntos habitacionais, estudando e
identificando seus problemas, que foram obtidos por meio de questionário, observações e entrevistas
com os moradores.
Com tais dados em mãos, iniciou-se a análise do material, buscando identificar a qualidade das
construções, seus pontos positivos e negativos, até se chegar aos resultados.
A principal diferença entre os dois residenciais refere-se à aquisição financeira dos moradores, que
aderiram ao programa habitacional do Governo Federal, pelo Programa Minha Casa Minha Vida
(PMMV). Com o benefício proporcionado, houve uma facilitação para que parte da população
pertencente às classes baixa e média adquirissem os imóveis das faixas de renda 1 e 2.
O Residencial Santa Terezinha (Figura 2) apresentou a faixa de renda 2: limite de renda mensal
familiar de até R$ 4 mil. Nessa situação, obtiveram incentivos do Governo com subsidio de até 17 mil
reais, sendo o imóvel totalmente financiado pela Caixa Econômica Federal.
Já o Residencial Alice Novack (Figura 3) apresentou a faixa de renda 1, que atende famílias com renda
de até 1.800,00 por mês. As casas foram construídas a partir da parceria entre a Prefeitura de Cuiabá,
por meio da Secretaria Municipal de Habitação, Governo do Estado e Caixa Econômica Federal;
foram destinadas para as famílias sorteadas no programa federal e, também, para moradores de baixa
renda e que viviam em áreas de risco.
Com base na analise das figuras/imagens, leitura de documentos e pesquisa de campo, foi possível
elaborar uma tabela comparativa. (Tabela 1).
Considerando esses dados, é possível observar que os dois residenciais são distantes do centro da
cidade, necessitando, assim, de um tempo médio próximo. Tal afirmação pode ser confirmada pelo
mapa situação (Fig.1). Foram construídos por empresas diferentes, conceituadas no Estado, e que
estão no mercado há mais de uma década, atendendo os requisitos e exigências do Programa
Habitacional.
A diferença de idade entre um residencial e outro é de quatorze meses. Nos últimos anos, houve um
maior crescimento da cidade para a região sul.
Há uma grande discrepância na quantidade de casas construídas em cada conjunto habitacional,
provavelmente pelo fato de o Residencial Alice Novack ter sido construído com incentivos públicos.
4. RESULTADOS
4.1 Análise do entorno
Quanto a alguns aspectos dos dois residenciais pesquisados: Santa Terezinha e Alice Novack possuem
poucas linhas de ônibus que percorrem a área interna do bairro.
Contudo, contam com elementos básicos de infraestrutura urbana (energia elétrica, água potável e rede
de esgoto). Grande parte do entorno possui ruas pavimentadas, não possuem escolas e postos de saúde.
O Residencial Santa Terezinha está, aproximadamente, a 6 km da Policlínica do Coxipó. Alice
Novack possui Creche Municipal, mas a escola mais próxima se localiza a mais de 1 km de distância.
É possível observar que o espaço foi pensado de modo simplista, carecendo de alguma normatização
que considere a diversidade dos empreendimentos para garantia de sua urbanidade e comodidade.
Estão deslocados e distantes dos principais pontos de passeio da cidade, como parques, museu,
shoppings Center, também de faculdades privadas, Universidade Federal e dos dois Institutos Federais
que a capital possui.
Essa afirmação foi confirmada com o levantamento de dados obtidos com a aplicação dos
questionários. Os moradores que foram consultados sobre a quantidade e qualidade dos equipamentos
públicos do entorno expressaram altos graus de insatisfação.
Os resultados obtidos com a aplicação do questionário nos dois conjuntos habitacionais contribuíram
para mostrar a falta de conhecimento e atenção da maioria dos moradores com suas residências.
Apesar de serem de faixa de rendas diferentes, os resultados, obtidos, apresentados e demonstrados
nos gráficos abaixo, são semelhantes e, algumas vezes, iguais.
A Figura 4 mostra que grande parte dos moradores não sabe o significado de manutenção corretiva e
preventiva, assunto descrito no manual do proprietário. Essa quantidade de pessoas desconhece essas
informações por terem lido o manual que lhes foi repassado na entrega da chave do imóvel.
Todos moradores receberam e ainda possuem o manual da edificação, com todas as informações do
seu imóvel e dos devidos cuidados a serem tomados durante a ocupação, mas apenas 45% leram,
desses 45% que leram apenas 60% se lembram de algum item que estava no manual (Figura 5).
Pode se observar que os moradores não tiveram a total preocupação e/ou interesse com os cuidados
estabelecidos no manual do proprietário.
As construtoras são responsáveis pela solidez e segurança da edificação de acordo com a Norma
Regulamentadora NBR 14037:98 – Manual de Operação, uso e manutenção das edificações.
Segundo a Norma Brasileira, é de responsabilidade da construtora fornecer o Manual do Proprietário
do empreendimento e prestar as informações necessárias nos seus casos omisso ou duvidoso; corrigir
defeitos visíveis verificados na vistoria do empreendimento (entrega da chave). Vale ressaltar que o
beneficiário tem o prazo de 90 (noventa) dias para realizar reclamações, responder pelos vícios
ocultos, e o beneficiário tem o prazo de 180 (cento e oitenta) dias para atender às reclamações e
responder pelos defeitos da construção pelo prazo legal.
A Figura 6 mostra que 50% dos moradores já lavaram a caixa d’água uma vez, embora o recomendado
seja que a limpeza aconteça de seis em seis meses. Esse fato é preocupante para os outros 50%, pois se
sabe que a falta de higienização da caixa d’água pode ocasionar desde entupimentos, devido à sujeira
acumulada no fundo da caixa, ou o surgimento de algas que podem liberar toxinas, ou mais
frequentemente bactérias e protozoários que provocam sérios problemas de saúde para quem consumir
a água.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa pesquisa, observam-se diversos pontos problemáticos nas unidades habitacionais
ofertadas no Município, não fugindo à regra da grande maioria ofertada no Estado.
Em relação à implantação dos conjuntos habitacionais na cidade, podemos destacar que estes foram
construídos em áreas distantes do centro da cidade, isolados de sua dinâmica, acarretando a exclusão
não somente física, mas sociocultural de seus moradores, que reforçam a necessidade de veículos
locomotores próprios, automóveis, motocicleta e bicicleta, já que longas distâncias diariamente são
enfrentadas, e o sistema de transporte público é ineficientes.
A partir dos resultados obtidos pela pesquisa, verificamos a importância dos moradores em possuir o
manual da edificação e de lê-lo, para adquirirem os conhecimentos necessários quanto à manutenção
preventiva do imóvel, evitando problemas futuros.
O estudo também mostra que tanto a Construtora quanto o proprietário são responsáveis pela
edificação, na prevenção e correção dos problemas, evitando maiores custos.
Os resultados obtidos na pesquisa, referentes ao desconhecimento, por parte dos moradores, do
conteúdo do manual da edificação, geram um alerta quanto a provável não realização de manutenções
preventivas, o que poderá levar ao surgimento de patologias. Uma sugestão de melhoria às
Construtoras é que, na entrega do imóvel, não seja apenas distribuído o manual da edificação, mas que
também se realize uma explicação e conscientização sobre o conteúdo.
Apesar de a maioria da população entrevistada confirmar e reconhecer a existência de algumas
adversidades dos residenciais, foi possível afirmar que eles se sentem confortáveis e contentes com a
nova moradia, sendo a primeira moradia própria da grande parte.
6. AGRADECIMENTOS
Essa pesquisa contou com a colaboração dos moradores dos residenciais, que responderam o
questionário com simpatia e cordialidade.
7. REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14037 – Manual de Operação, uso e manutenção
das edificações. Rio de Janeiro, 1998
Caixa Econômica Federal. Cartinha do Programa MCMV - Entidades. Brasília, 2009
Pesquisa nacional por amostra em domicilio. PNAD e IBGE, 2009.
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/. Acesso em março
de 2017.
Portal Brasil. http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2015/05/minha-casa-minha-vida-atinge-3-857-
milhoes-de-moradias. Acesso em março de 2017.
ROLNIK, R.; KLINK, J. Crescimento Econômico e Desenvolvimento Urbano. Novos Estudos. 89:
89-109 p. 2011.
SOARES, Rafaela da Conceição, CARVALHO R, Kárita Pereira, VALIN JR, Marcos de Oliveira,
ROCHA, Ângela Fátima da,. Verificação de manifestações patológicas em condomínios
residenciais do programa “minha casa, minha vida” ocasionados por falta de manutenção
preventiva da baixada cuiabana. 1°Congresso Brasileiro de patologia das construções. Foz Iguaçu-
Pr. 2014
RESUMO
As comunidades de remanescentes quilombolas espalhadas pelo país, em sua maioria, permanecem de
certa forma isoladas, com pouco contato com interferências urbanas. Dessa forma, este desenvolvimento
recôndito garantiu-lhes ao longo dos anos a criação/preservação de costumes e tradições, que em alguns
casos possuem origem no período colonial, o mesmo onde surgiram as primeiras comunidades
quilombolas. Assim, incluso na manutenção dessa cultura, há uma linguagem arquitetônica que foi
pouco modificada ao longo dos anos, configurando-se como um modelo de suas moradias tradicionais
que se repete no intuito de suprir suas necessidades habitacionais. Contudo, apesar da preservação de
variados costumes, essa cultura sempre esteve suscetível a mudanças, pois as tradições quilombolas são
passadas adiante por meio da oralidade. A metodologia aplicada foi que através das visitas, muitas
análises foram feitas nas comunidades da Região do Vão Grande, logo, referente à arquitetura, foi
percebido que esta repetição ocorre tanto na utilização de seus materiais locais e técnicas tradicionais,
como no programa de necessidades, setorização e construção sob regime de mutirão. Logo, percebe-se
uma ligação e a possibilidade da análise dessa repetição de modelo de casa quilombola, para com os
conceitos de tipo e modelo amplamente discutidos e estudados no século XX a partir da década de 60
por importantes autores e arquitetos, tornando-se o objetivo deste trabalho estabelecer essa relação.
Portanto, como resultados, este artigo trará uma contextualização das comunidades a serem analisadas,
análise da arquitetura vernácula das mesmas, além da conceituação a respeito de tipologia e afins, sendo
estes estudos possibilitados graças ao desenvolvimento de projetos de extensão nas comunidades,
criando dessa forma um diálogo e espaço para maior troca de conhecimento e experiências para com os
quilombolas. Por fim, pode-se concluir que este trabalho possui importância por analisar o processo
construtivo de uma casa quilombola.
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista de Projeto de Extensão, Universidade do Estado de Mato Grosso,
Avenida Josefina Rocha de Macedo, 395, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail:
henriqueravanedasantos@gmail.com.
2
Mestrando em Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação Projeto e Cidade na Universidade Federal
de Goiás, Professor Contratado, Faculdade de Arquitetura e Engenharia, Universidade do Estado de Mato Grosso,
Rua A, s/n, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail:
wesleydiasarquitetura@gmail.com.
³ Mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental, Professor Adjunto, Faculdade de Arquitetura e Engenharia,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Rua A, s/n, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-
MT, E-mail: joaomarioarquiteto@gmail.com.
As cinco comunidades citadas possuem em comum um líder comunitário, que por possuir maior nível
de instrução está a par da importância e dos benefícios que trabalhar em parceria com a UNEMAT
(Universidade do Estado de Mato Grosso) podem ser levados às comunidades. Assim, através de
projetos de extensão tem-se buscado oferecer uma melhoria da qualidade de vida destes moradores sem
contudo, interferir negativamente em seus costumes, tradições, cultura e construções vernáculas.
Um desses projetos inclusive, visa levar saneamento básico às comunidades Camarinha e Morro
Redondo, visto que as mesmas carecem de qualquer sistema de tratamento de seus efluentes. Entretanto,
através de visitas e relatos dos próprios moradores, foi-se notado que as outras comunidades citadas já
foram contempladas por algum programa do governo, tendo inclusive sua arquitetura sido modificada,
visto que foram inseridas construções com alvenaria convencional (fato este melhor dissertado na
sequência do artigo), como mostra a figura 2.
Dessa forma, Perdigão (2009) complementa que há uma distinção entre a imitação de um tipo e a simples
cópia de um modelo. Isso por que um tipo possui uma ideia que constitui a única base válida para tal
imitação, sendo que dessa forma, quando ocorre a imitação de um tipo, diferentemente da cópia de um
modelo, o resultado final pode ocasionar em diversas possibilidades, sendo variável de acordo com as
intenções do projetista e as contingências do contexto de projeto.
Entretanto, em sua obra Montaner (1997) também cita o arquiteto italiano Giorgio Grassi, que em 1980
tinha uma das visões mais estáticas e pessimistas acerca da tipologia na arquitetura, visto que o mesmo
relatava que tudo já havia sido criado, não passando a arquitetura de uma língua ou paisagem de natureza
morta, ou seja, tudo executado a partir de então eram apenas cópias.
Considerando o ponto de vista de Grassi explicado anteriormente, surge o questionamento, se tais tipos
já preexistem nas obras, como é possível atribuir-lhes um papel decisivo na concepção arquitetônica e
como surgem? Mesmo em se tratando da utilização de modelos, ou seja cópias, é um importante
elemento gerador do partido arquitetônico a partir do ponto de vista que se tratam de conhecimentos
empíricos, sendo utilizados em determinada obra na atualidade graças à experiência adquirida no
decorrer da história. Já a respeito do surgimento de uma característica tipológica, ocorre quando uma
série de construções passam a evidenciar entre si características semelhantes, ou seja, quando um tipo
se fixa na arquitetura tanto na prática como na teoria, ele provavelmente “já existe numa determinada
condição histórica da cultura, como resposta a um conjunto de exigências ideológicas, religiosas ou
práticas da sociedade” (PERDIGÃO, 2009).
Sabe-se que houve uma divisão de ideias a respeito da funcionalidade do conceito de tipo por parte dos
pensadores e arquitetos da época, ou seja, acerca da utilização deste conhecimento. Isto, por que
enquanto alguns consideravam seu uso importante apenas no estudo da arquitetura na história, ou seja,
em análises e classificações, outros autores defendiam que tais conceitos de tipologia possuíam grande
importância em um processo criativo, com capacidade de influir no partido arquitetônico adotado nas
obras, sendo um grande difusor desta segunda ideia Giulio Carlo Argan.
Segundo Montaner (1997) a essência da arquitetura está em suas qualidades espaciais, contudo, o que
as gera são as estruturas, logo, uma boa análise arquitetônica deve revelar suas estruturas ocultas que
configurarão e articularão cada edifício e, consequentemente seus espaços. A partir disto as
conceituações de tipo passaram a partir do pressuposto estrutural, pois dentro de cada obra, dentro de
cada tipo, existem propriedades invariantes que combinadas de formas variadas, acabam por gerar
resultados diferentes.
Segundo Perdigão (2009), o tipo possui um importante papel na concepção arquitetônica como premissa
humanista, visto que o mesmo, é capaz de validar referências e significados dentro dos espaços
arquitetônicos. Dessa forma tem-se uma dimensão da sua importância na concepção projetual, pois
graças a sua utilização, baseada nos conhecimentos empíricos, um observador ao vivenciar um espaço,
pode sentir valores culturais e afetivos, dependendo da intenção.
Figura 3 – Casa construída com materiais convencionais e ampliação feita com taipa na comunidade Baixius
Com relação às suas casas tradicionais, foram analisadas então as habitações das comunidades
Camarinha e Morro Redondo. Percebeu-se então um tipo e modelos de casas sempre repetidas para
todos os moradores em ambas as comunidades, com a repetição do uso de materiais, técnicas
construtivas, setorização e programas de necessidades. Dependendo da quantidade de pessoas em cada
família, em todos os casos vistos não houve a ampliação do módulo de casa já existente mas sim a
inserção de um novo módulo, próximo do primeiro, tendo capacidade assim de abrigar a todos.
As comunidades Camarinha e Morro Redondo, apesar de possuírem semelhança em sua arquitetura,
configuram-se cada qual a sua maneira no que diz respeito a implantação e ocupação do território da
comunidade de um modo geral. Essa diferença se deve através da história de formação de cada uma das
comunidades, pois, segundo relatos dos moradores, enquanto a comunidade Camarinha foi expulsa por
fazendeiros de seu antigo território e desenvolveu-se em um morro, com as casas muito próximas umas
das outras, como mostra a figura 5, a comunidade Morro Redondo desenvolve-se em uma área maior,
configurando-se o lote de cada família como uma pequena chácara, sendo as casas mais distantes.
A respeito do módulo principal, sua estrutura é feita de madeiramento bruto, sendo escolhidas as peças
que oferecem maior resistência ao tempo e seus intemperismos, como aroeira por exemplo. No esquema
a seguir, figura 7, as peças de número 1 são os pilares, sendo enterrados cerca de 0,50 metros e ganhando
um acabamento em forquilha na extremidade superior para receber as vigas longitudinais, número 2.
Em seguida, apoiadas sobre tais vigas há as vigas transversais, número 3 e, por fim há os caibros, número
4, com espessura menor que as outras peças e apoiados sobre as vigas longitudinais.
As palhas para cobertura mais comuns observadas nas casas são as de babaçu e indaiá, sendo a de babaçu
mais frequente, seja por ser encontrada em maior quantidade ou por sua preparação ser mais fácil.
Porém, as folhas de indaiá geram uma cobertura que resiste mais tempo até a próxima manutenção,
sendo estimada uma vida útil superior a 10 anos, se a cumeeira estiver bem protegida. A disposição dos
caibros varia de acordo com a palha escolhida, sendo que as folhas da palmeira de babaçu exigem maior
espaçamento entre os mesmos, cerca de 1,20 metros de distância. As palhas são fixadas diretamente nos
caibros iniciando-se no beiral em direção à cumeeira, sendo amarradas com cipós, conforme a figura 9.
Figura 9 – Detalhe ampliado dos encaixes das peças e amarração das palhas ao caibro
Durante a execução da grelha vale ressaltar que deve-se inserir esteios ou tábuas para abertura de
esquadrias, sendo que os mesmos funcionarão como batentes, no caso de portas e, como vergas e contra
vergas no caso de janelas, que são raras as ocorrências, como mostra a figura 11.
Após executada toda a grelha, a parede está pronta para ser barreada, sendo preparada uma massa com
terra do próprio local, água e argila para correção do traço, visto que o solo das comunidades é muito
arenoso. Com o barreamento e processo de cura concluído, na maioria dos casos a casa está pronta,
entretanto, quando pretende-se obter maior vida útil da mesma, até que seja necessária a próxima
manutenção, existem moradores que preparam uma massa de reboco feita da mistura de terra, água e
cinzas.
4. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Através das análises e estudos das tipologias das casas quilombolas na Região do Vão Grande, conclui-
se que a arquitetura quilombola, que possui muita semelhança com a arquitetura rural do país, é muito
rica em conhecimentos técnicos e através do empirismo chegou-se a uma tipologia que melhor adequa-
se à realidade dessas comunidades. Entretanto, os modelos e tipos reproduzidos ainda hoje pelos
moradores mais jovens, possuem especificidades que muitas vezes os mesmos não detêm conhecimento
do por que deve-se executar de tal forma, porém, há a confiança no saber dos mais velhos. Assim, pode-
se chegar a conclusão de que dentro dessas arquiteturas mais tradicionais, seja rural, quilombola ou
popular, sempre haverá a repetição de um tipo ou modelo, que possui anos de manutenção e
aperfeiçoamento, sem contudo saber a razão pela qual se executa daquela forma ou ainda sem deter o
conhecimento dos conceitos mais técnicos a respeito de tipo, tipologia e modelo, dissertados neste
artigo.
A respeito da riqueza de saberes presente nas comunidades, conclui-se que suas casas tradicionais
possuem longos anos de aperfeiçoamento, mas, que esse conhecimento técnico a respeito de construções
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Laboratório de Projecto III, 2017. Disponível em: <https://labprojeto3ano20162017.files.wordpress.co
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XX. Barcelona: Gustavo Gili, p. 109-127, 1997.
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85752_ARQUIVO_herancadaarquiteturaafricana.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2017.
RESUMO
A grande problemática do déficit habitacional existente há décadas no país é a razão de ser da
implementação da maior política de habitação pelo Governo Federal: o programa Minha Casa Minha
Vida (PMCMV). Contudo, esta vem sofrendo críticas, em particular, com relação a qualidade urbana
dos empreendimentos habitacionais surgidos na vigência de sua atuação. Este artigo apresenta o início
de um trabalho que visa analisar empreendimentos direcionados à baixa renda (até três salários
mínimos), localizados nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, no que tange ao padrão de inserção dos
conjuntos em escala local, isto é, no entorno dos empreendimentos. O método selecionado para esta
verificação é uma ferramenta recentemente criada pelo Laboratório Direito à Cidade - e Espaço
Público da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (LABCIDADE –
FAU/USP), denominada Ferramenta de Avaliação de Inserção Urbana para empreendimentos de
faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida. A discussão urbanística sobre inserção e integração
urbanos de empreendimentos habitacionais, aspecto principal deste trabalho, ensejou ainda, mesmo
que rapidamente, uma discussão mais ampla, que envolve ambiente construído, habitabilidade urbana,
planejamento e desenho urbanos, sustentabilidade urbana, qualidade ambiental do ambiente
construído, urbanismo sustentável e legislação urbanística, para ilustrar ou mesmo elucidar os
parâmetros e/ou indicadores que serão utilizados mais adiante para análise da qualidade urbana dos
empreendimentos selecionados.
1
Mestranda do curso de Engenharia de Edificações e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (2016-
2017). Arquiteta da Gerência Negocial de Habitação da Caixa Econômica Federal (desde junho de 2012). Av.
Hist. Rubens de Mendonça, 2300 – 5º andar - Ed. Tapajós, bairro Bosque da Saúde. CEP 78050-000, Cuiabá/MT.
E-mail: fabrinainez01@gmail.com.
2
Engenheiro Civil e professor associado pela Universidade Federal de Mato Grosso. Coordenador do Grupo
Multidisciplinar de Estudos da Habitação (GHA), criado em 2003. Integra, desde setembro de 2016, Grupo de
Pesquisa em Dinâmica Ambiental e Tecnologia da UFMT. Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Campus da
UFMT, FAET, Bloco B, Sala 4-ENG., bairro: Boa Esperança. CEP 78.060-900, Cuiabá, MT. E-mail:
douglas.brandao@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
A histórica problemática do déficit habitacional no país ensejou, mais uma vez, a criação (em 2009) de
uma nova política habitacional, considerada a maior desde então, cunhada pelo Governo Federal: o
Programa Minha Casa Minha Vida. Contudo, este vem sofrendo críticas, em particular, com relação a
qualidade urbana dos empreendimentos habitacionais surgidos na vigência de sua atuação.
O PMCMV visa proporcionar acesso à casa própria às famílias que necessitam de moradia. As formas
de atendimento consideram a localização do imóvel – na cidade ou no campo - renda familiar e valor
da unidade habitacional e, atualmente, encontra-se em nova fase de implementação, a qual prevê a
construção de mais dois milhões de unidades habitacionais até 2018 (BRASIL, 2016).
A linha de atuação dessa política se dá, basicamente, através de regras próprias para elaboração de
projetos de empreendimentos habitacionais, as quais foram elaboradas pelo Ministério das Cidades.
Não obstante, a parte operacional é realizada pelos agentes financeiros: Caixa Econômica Federal
(CEF) e Banco do Brasil.
Nesta nova fase, denominada PMCMV 3, cujas informações normativas podem ser obtidas no sítio
virtual do Ministério das Cidades (2016), percebe-se maior preocupação com a sustentabilidade dos
empreendimentos habitacionais, visto que são apresentados novos preceitos (exigências técnicas) para
empreendimentos e outros mais para as unidades habitacionais, a exemplo da exigência de padrões
mínimos de desenho urbano, quais sejam: mobilidade e acessibilidade, diversidade funcional e espaços
livres (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016).
Com as demandas habitacionais sociais seguindo em ascendência, e ainda, exibindo alguma
experiência em políticas públicas direcionadas ao setor, o Brasil deve ousar e buscar a implementação
de inovações tecnológicas de produtos e processos construtivos que possibilitem a redução de custos e
a melhoria da qualidade do que é atualmente produzido para uma faixa de renda tido como baixa, bem
como avaliar com profundidade os empreendimentos implantados, tanto nos aspectos referentes às
unidades habitacionais quanto nos aspectos de sua implantação urbanística (ABIKO; ORNSTEIN,
2002, p. 5).
Em complemento, Rolnik e Nakano (2009) também apontam a necessidade de discussão dos impactos
dos empreendimentos habitacionais nas condições de vida, no ordenamento territorial (planejamento
urbano) e no funcionamento das cidades, enfatizando que a forma de implementação destes podem
trazer consequências graves, que extrapolariam suas fronteiras. Dentre os impactos que podem
submergir da implantação de assentamentos humanos, assinalam: o encarecimento da extensão das
infraestruturas urbanas, que precisam alcançar locais cada vez mais distantes; além do fato de que o
distanciamento entre: os locais de trabalho, os equipamentos urbanos e as áreas de moradia,
aprofundam as segregações socioespaciais e encarecem os custos de mobilidade urbana.
Dessa forma, faz-se necessário priorizar a integração entre a política de habitação e a política urbana, a
fim de permitir o controle e o planejamento do território e evitar a manutenção do padrão fragmentado
de urbanização brasileiro, que demanda investimentos cada vez maiores para sua integração à malha
urbana da cidade e eleva a incidência de exclusão socioespacial, por muitas vezes instituída pelo
próprio Estado, quando legaliza a construção de um território “novo” em tais circunstancias (ROLNIK
E NAKANO, 2009).
Por meio deste artigo, pretende-se apresentar o primeiro resultado prático da pesquisa explicativa3
desenvolvida sobre o território urbano de Cuiabá e Várzea Grande, no que diz respeito à inserção
urbana de empreendimentos habitacionais populares no período de implementação do PMCMV entre
2009 e 2013. Esta segue a linha de diversas pesquisas desenvolvidas sobre o programa em outros
3
A pesquisa explicativa registra fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Essa prática visa ampliar
generalizações, definir leis mais amplas, estruturar e definir modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão
mais unitária do universo ou âmbito produtivo em geral e gerar hipóteses ou ideias por força de dedução lógica
(LAKATOS; MARCONI, 2011).
Estados do país as quais apontam impactos territoriais, ressaltam aspectos referentes ao processo de
periferização dos empreendimentos e de segregação social da população que foi ou será beneficiada
com o programa.
O relatório enfatizou pesquisa bibliográfica e análise documental, bem como realizou estudo de caso
de empreendimentos habitacionais em diversas regiões do país, sendo então verificado que, apesar do
programa, naquele momento, estar atendendo as metas físicas (número de unidades habitacionais a
serem construídas em cada fase do programa) estabelecidas pelo Governo Federal, apresenta:
[...] situação que compromete a efetividade do programa diz respeito à produção de
moradias em zonas urbanas não consolidadas e com entorno desprovido de escola,
creche e unidade básica de saúde, falta de comércio local e de áreas de lazer e de
recreação em suas proximidades. A questão da localização dos empreendimentos
torna-se, desse modo, um ponto crítico do programa [grifo nosso]. Apesar de o
programa definir como um dos critérios de priorização de atendimento a municípios
a adoção de instrumentos de intervenção sobre o uso e ocupação de terras urbanas e
de combate à retenção especulativa de terrenos vazios, na prática, não há
concorrência entre os projetos apresentados. Dessa forma, o mecanismo concebido
para induzir boas práticas no planejamento territorial dos municípios, acaba tendo
pouco efeito prático (RELATÓRIO..., 2013, p. 3-4).
Para demonstrar as especificações definidas pelo Ministério das Cidades para a implantação
urbanística dos empreendimentos, desde a fase inicial da implementação do programa, compilamos o
seguinte trecho da primeira portaria ministerial4 publicada referenciando o Programa de Arrendamento
Residencial (PAR) que culminou posteriormente com a denominação “Programa Minha Casa Minha
Vida”:
4.1 - Os projetos serão elaborados para a execução de empreendimentos inseridos na
malha urbana e que contem com a existência de infraestrutura básica que permita as
ligações domiciliares de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia
elétrica, bem como vias de acesso e transportes públicos.
4.1.1 - Deverá ser considerada a existência ou ampliação dos equipamentos e
serviços relacionados à educação, saúde e lazer (Portaria nº 139, 2009).
4
BRASIL. Portaria nº 139, 13/04/2009. Dispõe sobre a aquisição e alienação de imóveis sem prévio
arrendamento no âmbito do Programa de Arrendamento Residencial - PAR, § 3º, do art. 1º da Lei nº 10.188, de
12/02/2001, o art. 17 da Medida Provisória no 459, de 25/03/2009, e o Decreto nº 6819, de 13/04/2009.
Para ilustrar o panorama atual de exigências técnicas para elaboração de projetos para o PMCMV,
segue texto da portaria5 atualmente em vigência que trata dos mesmos parâmetros evidenciados acima:
2.1 O empreendimento deverá estar inserido na malha urbana ou em zonas de
expansão urbana, assim definidas pelo Plano Diretor.
2.1.1 O empreendimento localizado em zona de expansão urbana deverá estar
contíguo à malha urbana e dispor, no seu entorno, áreas destinadas para atividades
comerciais locais.
2.2 O empreendimento deverá ser dotado de infraestrutura urbana básica: vias de
acesso e de circulação pavimentadas, drenagem pluvial, calçadas, guias e sarjetas,
rede de energia elétrica e iluminação pública, rede para abastecimento de água
potável, soluções para o esgotamento sanitário e coleta de lixo (Portaria no 168,
2013).
Estudos realizados ainda na fase inicial do programa, como o supervisionado por ROLNIK (2010),
intitulado “Como produzir moradia bem localizada com os recursos do programa Minha casa minha
vida?”, já demonstravam a preocupação pela promoção de empreendimentos de habitação de interesse
social em áreas providas de infraestrutura básica e acesso à zonas consolidadas e bem localizadas.
Tendo em vista os apontamentos do relatório do TCU anteriormente referenciado, no que tange a falta
de equipamentos públicos que possam atender eficazmente as demandas dos empreendimentos, bem
como a avaliação sobre a localização destes (empreendimentos) a fim de atender padrões mínimos de
desenho urbano, quais sejam: mobilidade e acessibilidade, diversidade funcional e espaços livres;
propõem-se, neste trabalho, um estudo empírico tendo como recorte preliminar os empreendimentos
5
BRASIL. Portaria no 168, de 12/04/2013. Dispõe sobre as diretrizes gerais para aquisição e alienação de
imóveis com recursos advindos da integralização de cotas no Fundo de Arrendamento Residencial - FAR, no
âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU, integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida
– PMCMV.
localizados em Cuiabá e Várzea Grande, contratados sob a vigência do programa PMCMV (fases I e
II) e direcionados para o público de baixa renda, concluídos ou em execução, a fim de aferir sua
qualidade urbana.
Para alcançar este fim, toma-se por base umas das maneiras mais utilizadas para descrever
comunidades sustentáveis, o Disco Egan, nomeado a partir do autor principal da Egan Review (EGAN,
2004 apud GOMES, 2010). Segundo este, os fatores que caracterizam comunidades mais sustentáveis
são: governança, conectividade, disponibilidade de serviços, responsabilidade ambiental,
justiça/igualdade, prosperidade, projeto e construção; e vivacidade, inclusão e segurança. Contudo,
para este trabalho, os fatores em destaque serão: conectividade, disponibilidade de serviços
públicos, responsabilidade ambiental e projeto e construção; pois estão diretamente relacionados
ao planejamento e à produção de empreendimentos habitacionais em macro escala.
3. SUSTENTABILIDADE URBANA
O desenvolvimento sustentável de assentamentos humanos, bairros e cidades depende do
entendimento das diretrizes básicas para o planejamento urbano, um conceito que, a priori, tratava
apenas do desenho urbano das cidades, começa a progredir para uma visão mais holística tendo em
vista que passa a exigir a colaboração de diversos autores (sociólogos, historiadores, economistas,
juristas, geógrafos, psicólogos etc.).
Porém, apesar dos avanços teóricos e de avaliação de desempenho de morfologias urbanas, fórmulas
derivadas do paradigma modernista são constantemente repetidas especialmente naquilo que é mais
condenável: “seu relacionamento com a questão ambiental/natural e na definição de espaços para o
convívio cotidiano e da apropriação com diversidade social destes espaços” (BUENO, 2000, p. 74).
A avaliação dos resultados do PMCMV em Cuiabá e Várzea Grande, visa demonstrar o grau de
eficiência dos gestores públicos e demais stakeholders6, no combate a um modelo de habitação social
que continua apresentando característica de segregação socioterritorial e pela precariedade urbana e
ambiental tão consubstanciada em outros planos de governo.
Diante da problemática exposta, a pesquisa visa apreciar a questão da habitação de interesse social,
evidenciando a situação de Cuiabá e Várzea Grande, visando alcançar os seguintes questionamentos:
A localização dos empreendimentos habitacionais de interesse social construídos, ou em construção,
pelo MCMV, implementados em Cuiabá e Várzea Grande, respeitam:
a) as premissas básicas de qualidade urbana, sob a ótica da sustentabilidade de projetos habitacionais,
quais sejam: áreas inseridas na malha urbana dotada de infraestrutura e com presença de serviços
básicos necessários à sua implementação? e
b) apresentam padrões mínimos de desenho urbano, como: mobilidade e acessibilidade, diversidade
funcional e espaços livres?
4. METODOLOGIA E MÉTODO
O desenvolvimento da pesquisa pressupõe a realização de duas etapas: (1) pesquisa bibliográfica e
(2) estudo de casos múltiplos. Esta última, preliminarmente, realizará o levantamento do quantitativo
e de dados básicos (localização, número de unidades, valor de investimento, data de contração, data de
conclusão ou da previsão de conclusão) de empreendimentos construídos ou em execução, nas fases I
e II do programa Minha Casa Minha nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.
A utilização de casos múltiplos permite a observação de evidências em diferentes contextos, pela
replicação do fenômeno, sem necessariamente se considerar a lógica de amostragem. O estudo de caso
6
Todos os interessados em um projeto, ou seja, cliente, governo, comunidade, patrocinadores e outros.
Figura 2 - Ponto Geométrico - Residencial Jonas Pinheiro – 3ª etapa (Imagens do Google Earth)
Fonte: A autora.
O Residencial Jonas Pinheiro é o primeiro empreendimento a ser analisado. Localizado na região norte
da cidade de Cuiabá, encontra-se com mais de 70% de obra executada, contudo, seu status atual é de
obra paralisada. Contratado em outubro de 2013, apresenta tipologia única composta de casas térreas
isoladas, contendo a seguinte divisão: dois quartos, sala estar/jantar, cozinha, banheiro e área de
serviço externa.
A base de dados principal, utilizada na análise, consiste na utilização de: projeto do empreendimento;
mapas digitais e dados atualizados das linhas de transporte público disponíveis na internet e
disponibilizado pelo município; fotografias de satélite atualizadas (feitas no máximo um ano antes da
apresentação da proposta) do terreno do projeto; informações colhidas em visita à área onde se localiza
o terreno do(s) empreendimento avaliado.
No anexo 2 segue roteiro base para análise da inserção urbana levando em consideração os temas e
indicadores que estabelecem parâmetros mínimos de qualidade. Segue apresentação gráfica ilustrativa
dos resultados obtidos para o Residencial Jonas Pinheiro:
Figura 3 - Apresentação Gráfica dos resultados - Imagens 1 e 2: ilustram o item Transporte; II - Imagens 3 e 4:
ilustram o item integração urbana (Imagens do Google Earth)
Fonte: A autora.
Para que o empreendimento seja considerado aprovado nesta ferramenta de avaliação, é necessário que
receba no mínimo a qualificação aceitável em todos os nove indicadores. Se qualquer um dos
indicadores for qualificado como insuficiente, o empreendimento será considerado reprovado. Este é,
infelizmente, o resultado para o primeiro empreendimento analisado.
7. CONSIDERAÇÕES
O cenário brasileiro da política habitacional, vigente desde 2009, denota forte impulso da construção
civil. Contudo, este fenômeno ocorre de forma preocupante em todo o país.
Conforme Ferreira (2012, p. 7):
[...] em todo o país, novos bairros surgem em áreas distantes e sem urbanização,
alinhando centenas de casas idênticas e minúsculas, ou enfileirando torres
habitacionais com sofrível padrão construtivo, e grande impacto sobre o meio
ambiente. Em face disto, a pergunta que nos vem naturalmente é: quais os resultados
que essa produção provocará no cenário urbano brasileiro nos próximos anos?
O presente estudo visa apresentar parâmetros que, de forma simples e prática, possam subsidiar
alternativas reais de projetos arquitetônicos e urbanístico de melhor qualidade.
A expansão urbana requer a expansão das redes de infraestrutura e serviços
municipais. O crescimento horizontal obriga à ampliação e criação de novas redes e
serviços, ao invés de otimização e maximização dos já existentes. Portanto, os
recursos devem ser utilizados eficientemente e eficazmente. O uso e ocupação do
espaço disponível e da terra devoluta devem ser racionalizados. As redes e serviços
públicos devem ser gerenciados eficazmente. Os serviços municipais devem ser
financeiramente sustentáveis e os projetos de habitação devem se encaixar e
maximizar as glebas de terra disponíveis e serem econômica e ambientalmente
equilibrados (JUNIOR e DAVIDSON, 1998, p. 46).
Ao final, esta pesquisa demonstrará se os conjuntos analisados reproduzem estruturas lógicas que
acentuam problemas urbanísticos existentes nas áreas onde estão imersos, ou se possuem inserção
urbanística adequada, bem como é capaz e qualificar a estrutura urbana local.
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Porto Alegre: 2001
ANEXOS
Anexo 1 - Tabela dos Empreendimentos PMCMV em Cuiabá e Várzea Grande
DATA VALOR
EMPREENDIMENTO CID UH CONTRATAÇÃO CONTRATADO VALOR FINAL
RESIDENCIAL NOVA CANAA 1A ETAPA CBA 499 05/05/2009 18.579.650,38 19.154.278,74
RESIDENCIAL ALICE NOVACK CBA 423 29/06/2009 16.137.054,84 16.628.763,38
RESIDENCIAL JAMIL BOUTROS NADAF CBA 322 31/07/2009 12.172.762,97 12.549.240,18
RESIDENCIAL NOVA CANAA II ETAPA CBA 499 12/11/2009 19.156.030,54 19.739.729,61
RESIDENCIAL NILCE PAES BARRETO CBA 500 11/12/2009 19.792.489,52 19.792.489,52
RESIDENCIAL ALTOS DO PARQUE CBA 472 31/12/2010 18.799.748,34 24.813.725,72
RESIDENCIAL ALTOS DO PARQUE II CBA 500 23/01/2012 25.000.000,00 26.217.039,78
RESIDENCIAL ALTOS DO PARQUE II - 2A ETAPA CBA 138 27/07/2012 6.900.000,00 6.900.000,00
RESIDENCIAL FRANCISCA LOUREIRO BORBA CBA 499 31/12/2012 29.776.843,60 33.335.777,88
RESIDENCIAL NICO BARACAT 2A ETAPA CBA 443 31/12/2012 26.580.000,00 26.580.000,00
RESIDENCIAL NICO BARACAT 3A ETAPA CBA 461 31/12/2012 27.660.000,00 27.660.000,00
RESIDENCIAL NICO BARACAT 1A ETAPA CBA 360 31/12/2012 21.600.000,00 21.600.000,00
RESIDENCIAL JONAS PINHEIRO 3A ETAPA CBA 457 09/10/2013 27.420.000,00 27.420.000,00
RESIDENCIAL CELESTINO HENRIQUES PEREIRA 1A EPATA VG 499 05/05/2009 18.857.518,04 19.435.142,65
RESIDENCIAL JOSE CARLOS GUIMARAES 1A ETAPA VG 480 29/06/2009 17.991.802,47 18.548.249,97
RESIDENCIAL JOSE CARGOS GUIMARAES 2A ETAPA. VG 500 29/06/2009 18.904.869,67 21.489.825,95
RESIDENCIAL DEPUTADO GILSON DE BARROS VG 315 10/12/2009 12.380.048,22 12.380.048,22
RESIDENCIAL CELESTINO HENRIQUES PEREIRA 2A ETAPA VG 87 10/12/2009 3.426.631,24 3.426.631,24
RESIDENCIAL SOLARIS DO TARUMA VG 500 10/02/2010 19.194.238,65 19.779.101,95
RESIDENCIAL SAO MATEUS 1 ETAPA VG 490 22/12/2010 18.512.598,49 19.085.153,08
RESIDENCIAL SAO MATEUS 2 ETAPA VG 500 24/12/2010 18.901.419,90 22.479.108,68
RESIDENCIAL JACARANDA 1 ETAPA VG 500 13/01/2012 24.998.245,14 24.998.245,14
RESIDENCIAL JACARANDA 2 ETAPA VG 411 13/01/2012 20.520.903,54 20.520.903,54
COND RES COLINAS DOURADAS 1 VG 500 31/05/2012 25.500.000,00 27.580.652,72
COND RES COLINAS DOURADA 2 VG 500 29/06/2012 25.500.000,00 27.589.289,09
COND RES SANTA BARBARA 3 VG 272 28/06/2013 16.320.000,00 17.856.494,38
COND RES SANTA BARBARA 2 VG 288 28/06/2013 17.280.000,00 18.906.876,40
COND RES SANTA BARBARA 1 VG 288 28/06/2013 17.280.000,00 18.906.876,40
COND RES SANTA BARBARA 4 VG 288 19/07/2013 17.280.000,00 18.906.876,40
COND RES SANTA BARBARA 5 VG 288 19/07/2013 17.280.000,00 18.906.876,40
RESD PD ALDACIR JOSE CARMIEL VG 566 18/12/2013 33.960.000,00 35.802.075,50
RES ISABEL CAMPOS 1 VG 288 19/12/2013 17.280.000,00 17.280.000,00
RES ISABEL CAMPOS 2 VG 288 19/12/2013 17.280.000,00 17.280.000,00
RESULTADO ACEITÁVEL INSUFICIENTE INSUFICIENTE INSUFICIENTE ACEITÁVEL INSUFICIENTE INSUFICIENTE BOM BOM INSUFICIENTE
RESUMO
O presente trabalho irá analisar o caráter social, cultural e sustentável no quesito da habitação
social rural na comunidade Serra dos Palmares, que faz parte do assentamento Antonio Conselheiro,
pertencente a cidade de Tangará da Serra, no estado do Mato Grosso e também se configura como
parte da luta social da reforma agrária de muitas famílias de apossar-se da terra para a sua autonomia e
sobrevivência e como consequência a constituição de assentamentos rurais. Esse estudo irá abordar o
contexto territorial rural tratando da reforma agrária e os movimentos sociais, a habitação social e rural
e os programas habitacionais rurais, a constituição do assentamento e a qualidade das moradias dos
assentados, para conceber uma proposta arquitetônica de habitação social rural. Porém neste sentido
busca-se dentro da totalidade arquitetônica soluções para desenvolver um projeto de habitação de
interesse social em uma área rural que contemple a qualidade habitacional com flexibilidade de
ampliação, condições mínimas de conforto e que contemple a ótica da arquitetura em funcionalidade e
estética, afim de aplicar os programas de habitação rural ou fornecer subsídios para uma inclusão
habitacional qualitativa. Para tal a proposta trata de um estudo qualitativo, exploratório que mesclará
técnicas e instrumentos a fim de obter dados e informações que irão retratar a realidade do
assentamento e principalmente das moradias. Neste contexto a proposta se distinguirá por justapor a
habitação social rural para assentados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) que contribua com a melhora do déficit qualitativo das moradias respeitando os
condicionantes cotidianos, funcionais e ambientais viabilizando com coerência ao moradores e
propondo soluções nas falhas na infraestrutura rural e social. Assim a proposta visa compatibilizar a
qualidade da habitação e a melhoria na qualidade de vida existentes, pautados nos parâmetros
arquitetônicos, construtivos, sustentáveis e tecnológicos.
1
Mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental, Professor, Faculdade de Arquitetura e Engenharia,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Rua Florianópolis, 360, casa 12, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT,
E-mail: joaomarioarqtuiteto@gmail.br.
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Mato Grosso, Rua Alziro Zarur, 1249-W, Jardim
Itália, CEP 78300-000, Tangará da Serra-MT, E-mail: kassila.arq@gmail.com.
1. TERRITÓRIOS RURAIS
Ao que antecede a revolução industrial, o território rural possuía uma grande importância, pois
concentrava a maior parte da população, em relação ao território urbano e uma contribuição
significativa para a economia do país. Graziano (2011) afirma que as áreas de transição rural-urbana,
principalmente as áreas rurais mais distantes dos centros urbanos, não são (nem nunca foram)
elemento direto do planejamento territorial ou urbano brasileiro, mas são as mais impactadas pelas
políticas implementadas nas cidades ou melhor, em suas áreas urbanizadas. Com a regulamentação da
política urbana brasileira e aprovação do Estatuto da cidade foi estabelecida uma nova ordem social
que se baseia no direito à moradia, na função social da cidade e da propriedade e no planejamento de
gestão do solo urbano como instrumento de estratégias de inclusão territorial (ROLNIK, 2006). O
estatuto da cidade não faz menções especificas no que diz respeito aos territórios rurais, visto que ele
rege o funcionamento e planejamento da cidade; porém não o excluí visto que os territórios rurais são
partes que complementam o urbano. De acordo com Steffenon et al (2008) a luta por garantia de
direitos e políticas públicas tem sido ponto de pauta das reivindicações dos movimentos sociais,
sobretudo dos movimentos ligados aos trabalhadores do campo. Pois, ter conquistado um pedaço de
chão para viver, não significa ter com isso garantido autonomia plena ou cidadania articulada com
direitos.
3 O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é uma autarquia federal criada pelo Decreto nº
1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional
de imóveis rurais e administrar as terras públicas da União (INCRA, 2011).
4 O MST é uma organização criada na década de 1980, na região de Cascavel, no estado do Paraná, com o intuito
principal de organizar um grupo camponês para se unir em favor da luta pela terra e pela reforma agrária, além
de alavancar as transformações sociais que se faziam necessárias para o país. Era, inicialmente, um grupo
formado por posseiros que tinham sido limitados por barragens, meeiros, pequenos agricultores, migrantes, etc.
Porém, os líderes e fundadores do MST, consideram injusta a afirmação de seu movimento ter surgido nessa
época, pois dizem ter a semente lançada pelos primeiros indígenas que lutaram contra a mercantilização de suas
terras pela coroa portuguesa e posteriormente movimentos como os quilombos e Canudos. (MST, 2014)
A comunidade Serra dos Palmares popularmente conhecida como “40 lotes”, possui 40
famílias que sobrevivem do cultivo de abacaxi, mandioca, banana e pecuária. Rosa (2007), afirma que
os lotes tem tamanhos variados entre 24 à 27 hectares, essa variedade e determinada pela qualidade da
terra. Convém ressaltar que os dados a serem apresentados sobre a área em análise, comunidade Serra
dos Palmares, consistiu no levantamento de dados, documentos, fotos e questionários junto à
comunidade. O questionário foi direcionado para o histórico da família e o processo evolutivo da
habitação em que residem, que é o principal objeto de estudo deste trabalho. As famílias entrevistadas
autorizaram de acordo com o termo de consentimento de livre esclarecido do Comitê de Ética a
divulgação das informações e dados apresentados, bem como fotos e croquis referentes a habitação. A
população entrevistada, compreende 37,5% das famílias assentadas, com faixa etária jovem. No que
diz respeito a configuração das famílias entrevistas, os dados nos mostram um perfil familiar variado,
sendo que o se sobressai são famílias compostas por 5 integrantes representando 15% da amostragem.
É pertinente analisar também questões sobre o acesso a serviços e a moradia relacionando com a
qualidade de vida, para isso levaremos em conta as questões pertinentes a infraestrutura como
5
A DAP - Declaração de Aptidão ao PRONAF é o documento de identificação da agricultura familiar obtido
tanto pelo agricultor ou agricultora familiar (pessoa física) quanto por empreendimentos familiares rurais, como
associações, cooperativas, agroindústrias (pessoa jurídica). Trata-se da comprovação de enquadramento do
agricultor como pequeno produtor, indispensável para acesso a políticas públicas como o Pronaf, o Programa de
Aquisição de Alimentos, Merenda Escolar e Habitação Rural (FETAESP,2015)
abastecimento de água, energia elétrica, saneamento básico, transporte público, vias de acesso e a
situação da moradia. Segundo AMÓS a comunidade Serra dos Palmares foi beneficiada com o apoio
inicial de crédito para a produção agrícola e o “kit casa6” para a construção das moradias para as
famílias assentadas. A energia elétrica é resultante do programa luz para todos recebida em 2004 e o
fornecimento de água é feito através de poços; a comunidade possui um poço artesiano feito pelo
INCRA, porém o abastecimento é feito apenas para 20 famílias. Em relação ao saneamento básico a
solução adotada pela maioria é a fossa simples, de maneira preocupante pois nos levantamentos e
visitas in loco foi constatado esgoto a céu aberto.
A figura 2, mostra claramente as primeiras habitações dos acampados apenas como forma de
abrigo, somente após a atuação do INCRA nos procedimentos de obtenção da terra, projeto de criação
do assentamento, parcelamento dos lotes e instalação das famílias será dado suporte no que se refere
ao recurso de crédito para produção e habitação e ao fornecimento da infraestrutura básica, sendo de
responsabilidade exclusiva da União. Conforme mencionado anteriormente a Constituição Federal
resguarda o direito à moradia, porém se faz necessário evidenciar que essa moradia seja digna. Para
maior compreensão o Instituto da Cidadania define moradia digna como:
Respeitada a diversidade regional, cultural e física do pais MORADIA DIGNA tanto
urbana como rural – deve necessariamente estar ligada as redes de infraestrutura
(transporte coletivo, água, esgoto, luz, coleta de lixo, telefone, pavimentação);
Localizar-se em áreas servidas ou acessíveis por meio de transporte público – por
equipamentos sociais básicos de educação, saúde, segurança, cultura e lazer; Dispor
de instalações sanitárias adequadas, e ter garantidas as condições mínimas de
conforto ambiental e habitabilidade, de acordo com padrões técnicos. Ser ocupada
por uma única família (a menos de outra opção voluntária); Contar com pelo menos
um dormitório permanente para cada dois moradores adultos. (INSTITUTO
CIDADANIA, 2000, pag.3)
Na comunidade Serra dos Palmares, o processo da habitação começou no fim de 1997 com o
parcelamento e sorteio dos lotes, as famílias foram assentadas no barraco de lona e folha de coqueiro
6
Kit casa compreende nos materiais de construção para iniciar a construção da moradia.
conforme mostrado na figura 2 anteriormente. Alguns assentados na busca por melhores condições
habitacionais deixam o barraco de lona, para habitarem a casa de madeira, provida pelos seus próprios
recursos. (Ver figura 3)
Segundo Claudio Jose Alves o auxílio do Kit Casa, que ocorreu através do fornecimento de
materiais de construção correspondente a um determinado valor para famílias assentadas
regularizadas, foi dividido em 3 etapas, para atender as inúmeras famílias, dispondo da seguinte
maneira: a primeira etapa aconteceu em 2001 no valor de R$3.500,00 reais, a segunda etapa em 2003
onde foram recebidos R$3.700,00 reais e na última etapa R$5.000,00 reais no ano de 2005. O auxilio
entregue correspondia a materiais de construção como tijolo, areia, brita, madeira, telhas e caixa
d’agua com capacidade de 500 litros, em quantidade para a construção de uma habitação de 42m², nas
dimensões de 6 metros x 7 metros. Neste contexto de dados, se faz jus citar a realidade engessada.
Hoje o modelo nacional de projetos de habitação popular predefine um
único programa de necessidades engessado em diversos paradigmas, como por
exemplo, o custo, produzindo residências onde os moradores são obrigados a se
adaptarem à nova casa, e não o inverso. (NETO; FONSECA, 2015)
Nas visitas in loco notou-se que as famílias que mantém as duas habitações fazem o uso da
seguinte forma: a casa de alvenaria, construída através do recebimento do Kit Casa serve como
dormitório e a primeira habitação de madeira ou lona, é utilizada como cozinha e área de convívio
social da família. Os moradores entrevistados afirmaram que a instrução dada pelo INCRA era em
regime construtivo em forma de mutirão, visando o trabalho coletivo. As habitações construídas não
são iguais ou padronizadas, cada morador teve liberdade para construir como melhor lhe proviesse
porém estavam limitados pela quantidade de material. Cabe dizer que nas visitas in loco, foi
constatado famílias que não receberam o kit casa, pois na época possuíam restrições junto ao INCRA
referente a documentos. A seguir podemos constatar as diversas tipologias habitacionais existentes na
comunidade Serra dos Palmares. Os croquis, exemplificados (anexo 2), são para uma maior
compreensão sobre o tamanho das moradias e disposição dos ambientes e também as transformações e
ampliações feitas pelos moradores na tentativa de suprir as necessidades. Considerando o contexto e as
características apresentadas sobre as moradias, podemos notar os traços de habitação social claramente
adotadas para o campo. As habitações construídas com o recebimento do kit casa, não contemplam as
esquadrias internas dos ambientes, nem tampouco revestimentos internos e externos, forçando
soluções imediatas pelos moradores.
Os problemas identificados na moradia da comunidade nas visitas in loco e dados coletados
estão relacionados em sua maior parte com a iluminação, ventilação conforto térmico e dimensões
espaciais dos ambientes, está última é alegada pelos moradores por não atender a necessidade da
família e é o objeto do desejo de uma ampliação ou nova moradia. Um exemplo dessa análise seria a
constatação de obstrução de janelas, que compromete a ventilação e iluminação natural. Ainda no que
diz respeito das visitas pode se constatar também condições precárias no estado de conservação das
moradias. No que diz respeito ao saneamento básico foram encontrados alguns fatores, que necessitam
de um olhar mais preciso para tais condições de vida. Verificou-se nos levantamentos que o não
recebimento do Kit Casa pelo INCRA, tem influência direta na qualidade de vida dos assentados com
implicância nos fatores básicos de saneamento, analisado pela figura 5, que deixa claro a ausência de
instalações hidrossanitárias.
Neto e Fonseca (2015), afirmam “esse modelo de moradia não proporciona escolha ao
morador”. E destaca que mesmo sendo estabelecido um programa de necessidades e preciso considerar
as composições e necessidades distintas de cada família (apud ARAVENA, 2012). Concluindo que:
Portanto, quando o arquiteto é encarregado de propor um projeto de habitação
popular para determinada comunidade, não deveria abdicar da necessidade de ouvir
os moradores. É preciso que o profissional se insira na comunidade, sinta a
necessidade de cada família, para que o projeto resultante seja adaptável a todos os
moradores, proporcionando-lhes a liberdade de ampliar suas casas de acordo com
cada necessidade, para melhor conforto e qualidade de vida dos moradores. (NETO;
FONSECA, 2015)
Pode se observar que o trabalhador rural brasileiro vem demonstrando uma crescente
mobilização social na busca de seu espaço, seja produtivo, de moradia, de educação ou de lazer, e,
nesse aspecto, os assentamentos rurais são a expressão máxima de conquista desses espaços sociais. O
tema da habitação rural configura-se, no Brasil, como uma questão que ainda carece de qualificação e
reflexão não apenas em seu aspecto teórico e prático, mas, sobretudo, político. A habitação rural se
torna um objeto de estudo desconhecido a partir do momento em que a própria sociedade desconhece
o mundo rural que compõe juntamente com o urbano as cidades onde se vive (SILVA, 2014).
6. A PROPOSTA
A proposta consiste em uma Habitação Social Rural para assentados do INCRA na
comunidade Serra dos Palmares pertencente ao assentamento Antonio Conselheiro no município de
Tangará da Serra e se caracteriza com o objetivo de proporcionar melhores condições de
habitabilidade e qualidade de vida aos assentados da comunidade Serra dos Palmares, no assentamento
Antonio Conselheiro, pertencente ao município de Tangará da Serra. Com base nos dados coletados e
visitas in loco a ideia principal é uma solução arquitetônica modular (figura 6), que possibilite a
flexibilidade de ampliação (figura 7) de acordo com a necessidade de cada família, partindo de uma
configuração onde a cozinha seja o ambiente central, e que integre aos outros ambientes sociais. Os
módulos se configurariam da seguinte forma: módulo 1 – Cozinha; módulo 2 – Dormitórios; módulo 3
- Banheiro e lavanderia; módulo 4 – Sala; módulo 5 – Varanda. As soluções construtivas será
pautada por materiais e técnicas de baixo custo que garantam a qualidade, conforto, resistência e
estética da habitação, e principalmente que contribua com a viabilidade econômica do projeto. Um dos
materiais definidos como norteador da solução arquitetônica será o tijolo solo cimento que pode ser
feito no próprio local da obra, com matéria prima natural ou provenientes de resíduos sólidos. O
processo de fabricação ocorre através da moagem e prensagem e oferece vantagens como: menor custo
que os blocos cerâmicos e de concreto; seu processo de produção é sustentável; economia estrutural
devido os blocos serem autotravados e encaixáveis com passagens para instalações elétricas e
hidráulicas; podem ser reaproveitados e dispensam revestimento externo, devido a sua beleza estética.
3 3 2
5 1 2 5 1 2
4 4 2
Figura 6 – Esquema modular da proposta. Figura 7 – Esquema modular da proposta com ampliação.
Para tal aplicação a proposta será regida pelo código de obras do município vigente,
garantindo as aberturas mínimas de iluminação, ventilação e acessibilidade na habitação. Como a área
de implantação se trata de uma comunidade rural e levando em conta a origem da mesma, a proposta
consistirá o sistema construtivo de mutirão afim de fomentar o trabalho coletivo na comunidade.
CONSIDERAÇOES PARCIAIS
Considero que foi significativo e enriquecedor compreender que é possível sim analisar,
projetar e principalmente dar um passo inicial para contribuir com uma futura metodologia voltada
para a preocupação urbanística para os assentamentos rurais, em especial a comunidade Serra dos
Palmares. Este é um trabalho de caráter social, cultural e sustentável para habitação social rural na
comunidade Serra dos Palmares, que faz parte do assentamento Antonio Conselheiro, pertencente a
cidade de Tangará da Serra, no estado do Mato Grosso. Neste contexto o objeto de estudo é a
possibilidade de propor para os assentados uma proposta de Habitação Social Rural, que atenda às
necessidades das famílias assentadas. O foco é mostrar que todos podem ter acesso a moradia de
qualidade através da aplicação dos programas habitacionais existentes, pautados nos parâmetros
arquitetônicos, construtivos, sustentáveis e tecnológicos. Concluir assim com o desenvolvimento da
pesquisa que organizar-se em comunidade, permite uma nova concepção de habitar.
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ANEXOS E APÊNDICES
Anexo 1 – Parcelamento Assentamento Antonio Conselheiro
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo relatar sobre os objetivos, experiências e avanços já conquistados
pelo projeto de extensão “Saneamento básico para as comunidades Camarinha e Morro Redondo”.
Tais comunidades são de remanescentes quilombolas localizadas na região do Vão Grande, em
Barra do Bugres-MT. Como a UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso) oferece cursos
com projetos extensionistas participativos, que de alguma forma proporcionam uma melhora no
cotidiano das comunidades em geral, foi procurada por membros das comunidades que relataram a
respeito da precariedade do saneamento básico existente na minoria das casas e, da inexistência na
maioria. Dessa forma, através de visitas constatou-se que quando existente, o único sistema de
saneamento básico conhecido pelos quilombolas se trata de fossas negras, que contaminam a água
e solo local e, consequentemente, prejudica a saúde dos moradores. Assim, visando oferecer as
soluções mais adequadas, a metodologia aplicada foi iniciar um processo de fundamentação teórica
do projeto, chegando a conclusão de que sistemas sustentáveis para tratamento de seus efluentes,
assim como módulos de banheiros alternativos, seriam melhor aceitos pelos quilombolas. Logo,
como resultado, a melhor proposta seria um módulo de banheiro executado com tijolos de solo
cimento, juntamente com um sistema de fossa séptica biodigestora para tratamento dos efluentes,
visto que a execução desses banheiros poderia ser realizada através de mutirão e, com técnicas,
materiais e mão de obra oriundos da própria comunidade. Assim, o foco deste projeto de extensão
é apresentar um projeto detalhado e com orçamento da proposta ao representante das comunidades,
para captação de recursos que possibilitarão a execução de um banheiro para cada família das
comunidades. Até o momento pode-se concluir que o projeto tem dado certo e que é de suma
importância, encontrando-se em fase de compilação dos materiais para serem entregues a seu líder
comunitário.
1
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Bolsista de Projeto de Extensão, Universidade do Estado de Mato Grosso,
Avenida Josefina Rocha de Macedo, 395, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail:
henriqueravanedasantos@gmail.com.
2
Mestrando em Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação Projeto e Cidade na Universidade Federal
de Goiás, Professor Adjunto, Faculdade de Arquitetura e Engenharia, Universidade do Estado de Mato Grosso,
Rua A, s/n, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-MT, E-mail:
wesleydiasarquitetura@gmail.com.
³ Mestre em Engenharia de Edificações e Ambiental, Professor Adjunto, Faculdade de Arquitetura e Engenharia,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Rua A, s/n, Cohab São Raimundo, CEP 78390-000, Barra do Bugres-
MT, E-mail: joaomarioarquiteto@gmail.com.
Das cinco comunidades citadas, todas já foram contempladas de alguma forma por programas do
governo, com exceção de Camarinha e Morro Redondo que carecem inclusive de banheiros. Dessa
forma, em Baixius por exemplo, onde suas casas tradicionais foram substituídas por construções de
alvenaria convencional (entretanto, inacabadas sem reboco nem chapisco), existem banheiros também
convencionais.
Essas comunidades possuem em comum um líder comunitário, Rafael Bento, que por possuir maior
nível de instrução tem ciência da importância e dos benefícios que podem ser gerados ao se trabalhar
em parceria com a UNEMAT. Assim, esta liderança buscou contato com professores do curso de
Arquitetura e Urbanismo e relatou a respeito de problemas vivenciados nas comunidades. Rafael Bento
informou também a respeito de um programa feito por si mesmo chamado “Viver no Quilombo”, em
que há uma série de projetos a serem desenvolvidos em simultaneidade a fim de melhorar a qualidade
de vida de quem mora no quilombo.
Acerca deste programa, além da melhoria da qualidade de vida dos quilombolas de um modo geral,
também visa-se ofertar opções de trabalho que gerem renda dentro das comunidades, o que auxiliaria a
redução do êxodo de jovens, que tem se dado de forma exponencial, visto que abandonam suas
comunidades cada vez mais cedo em busca de melhores condições de vida nos centros urbanos. Através
da captação de auxílios financeiros por meio de editais, segundo relatos dos moradores, a comunidade
Baixius foi contemplada com um valor de R$ 30.000,00 para a instalação de uma farinheira, a ser
montada em um galpão já existente, porém desativado, que geraria empregos para 12 jovens de todas as
comunidades.
Assim, essa conquista da farinheira animou aos moradores em geral e, estimulou a busca pela
concretização de mais projetos. Logo, quando o líder comunitário Rafael Bento entrou em contato com
o Curso de Arquitetura e Urbanismo, apresentou uma série de demandas a serem melhoradas dentro das
comunidades, e o projeto de “Saneamento Básico para Camarinha e Morro Redondo” foi assumido pelo
Programa de Extensão OCA (Oficina Comunitária de Arquitetura). O foco principal dos projetos
extensionistas dentro deste programa, é desenvolver planejamentos participativos que incluam os
moradores nas tomadas de decisões, não impondo soluções através da tecnocracia.
Já com relação aos banheiros das casas nessas comunidades, a estrutura que possuem é referente apenas
a área para banho, visto que suas necessidades fisiológicas são realizadas no mato, nas proximidades de
suas casas. Contudo, na primeira visita foram realizados registros fotográficos da casa de um dos
moradores da comunidade Morro Redondo, que iniciava o processo de construção de uma fossa negra,
uma tipologia de sistema primitivo para saneamento básico, que entretanto, não minimiza os impactos
negativos causados ao meio ambiente, visto que há grandes riscos da contaminação de lençóis freáticos
por meio de infiltração. Conforme a figura 3, há grande probabilidade de que se a fossa negra for
concluída, o lençol freático será contaminado, visto que com pouco mais de um metro de profundidade
a terra já começou a ficar bastante úmida.
Outra observação importante feita nas primeiras visitas é que na comunidade Baixius, onde localiza-se
a escola que atende aos alunos das cinco comunidades da Região do Vão Grande, há um banheiro
convencional comunitário logo na entrada, conforme a figura 5. Contudo, já que foi uma construção
impositiva e realizada com materiais que não dialogam com os costumes e com suas construções
tradicionais e vernaculares, tal banheiro está totalmente degradado e em desuso.
A partir de todas as pesquisas e relatos a equipe então chegou a duas opções de sistemas para tratamento
dos efluentes sanitários nas comunidades, sendo eles o banheiro seco e a fossa séptica biodigestora. Vale
ressaltar que essa etapa do projeto foi de suma importância, pois a decisão de qual sistema melhor
satisfaria os anseios e necessidades das comunidades partiu dos próprios moradores, onde foi realizada
apresentação dos sistemas em uma reunião convocada pelo líder comunitário, conforme a figura 7.
Já o modelo de fossa séptica biodigestora utilizado, foi desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), disponível em uma cartilha online e gratuita, já atendeu a milhares de
famílias na área rural do país. Segundo Otenio (2014), o sistema é constituído por 3 tanques de 1000
litros que, interligados, recebem os efluentes apenas do vaso sanitário, visto que as águas de pias e
chuveiros contém substâncias no sabão que são nocivas às bactérias biodigestoras, fundamentais para o
funcionamento do sistema, como a figura 8. Anterior à primeira caixa há uma válvula de retenção, onde
mensalmente deverá ser depositada uma solução misturada de esterco com água, totalizando 10 litros.
Essa mistura com os microrganismos biodigestores, juntamente com a ação do sol vai eliminar todas as
bactérias nocivas à saúde e geram ao final um biofertilizante com eficácia garantida.
Devido ao período chuvoso em que a construção do primeiro protótipo iniciou-se, e ao não acabamento
da ligação de todas as conexões, após as chuvas a pressão do solo ao redor das caixas, visto que se
encontravam vazias, acabou destruindo-as, sendo necessária a execução de um novo protótipo. O novo
protótipo começou a ser executado com caixas d’água comuns feitas de fibra de vidro, doadas pela
prefeitura municipal de Barra do Bugres-MT, conforme figura 11.
Atualmente o protótipo encontra-se incompleto, faltando apenas a ligação da primeira caixa d’água com
o banheiro a ser realizada, sendo uma prioridade para as próximas visitas a conclusão desta etapa.
3. PROPOSTA DO BANHEIRO
Um ponto que tem norteado as decisões projetuais desde o princípio é que, a proposta de módulo de
banheiro deveria ser facilmente executada para que os quilombolas sejam capazes de reproduzir tais
módulos para todas as casas das duas comunidades, já que a mão de obra será proveniente dos próprios
moradores. Então, chegou-se à conclusão de um módulo de banheiro feito com tijolos de solo cimento,
técnica esta que, segundo Pecoriello (2004), não necessita de mão de obra numerosa nem especializada.
Outro fator responsável pela escolha desta técnica, é que os tijolos de solo cimento são feitos com a terra
do próprio local, não necessitando maiores gastos com materiais, além de que o transporte de tijolos
convencionais da cidade até a comunidade seria arriscado, pois várias peças poderiam perder-se ou
danificar-se. Além de evitar gastos com outra tipologia de alvenaria e gastos laborais, pela mão de obra
ser oriunda da própria comunidade, a construção em solo cimento com a terra do próprio local não
contrastaria com a arquitetura de suas casas tradicionais.
Além do material, outra semelhança com suas construções tradicionais seria a forma, sendo o banheiro
uma repetição em menor escala da estrutura padrão que os quilombolas usam em suas habitações. Assim,
o banheiro feito de tijolos de solo cimento ficaria centralizado com a estrutura externa feita de
madeiramento bruto, com duas águas em sua cobertura, conforme figura 12, feita das folhas de babaçu
ou indaiá, variável de acordo com a disponibilidade da palmeira na região.
A respeito dos materiais escolhidos, a construção dos banheiros com tijolos de solo cimento só seria
possível se fosse adquirida a prensa que os fabrica, que tornaria os moradores autossuficientes e capazes
de fabricarem seus próprios tijolos. Já que a verba necessária para fomentação deste projeto é toda
oriunda de doação, ou de editais que financiem projetos sociais, outro foco do projeto é compilar um
material o mais completo possível, que contenha planilhas orçamentárias, quantificação de materiais,
projetos arquitetônico e complementares e memoriais, com o intuito de ser o mais convincente possível
para que as comunidades sejam contempladas com verba para execução de seus banheiros.
4. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
Através dos resultados já conquistados até o presente momento do projeto de extensão, é perceptível
que deve haver um cuidado na comunicação, sempre deixando claros os objetivos e promessas feitas
pela equipe, de uma forma pontual e de fácil entendimento. Dessa forma, haveria menos descrença por
parte do moradores e o projeto fluiria com maior participação e interesse dos quilombolas. Já com
relação às etapas inacabadas, como a conclusão do protótipo de fossa séptica biodigestora por exemplo,
pretende-se concluí-las para que sejam colhidas amostras do biofertilizante gerado para realização de
testes e comprovação de sua eficácia, além da credibilidade e visibilidade que o funcionamento de um
protótipo geraria dentro das comunidades quilombolas.
Desde o princípio do projeto, além do estabelecimento de um contato mais amigável, buscou-se sempre
cumprir tudo o que foi prometido, pois dessa forma o diálogo para próximos projetos extensionistas será
facilitado e haverá mais confiança por parte dos moradores para com as equipes de pesquisadores.
Portanto, compreende-se a importância da conclusão deste projeto, tanto da parte social em que haveria
uma melhoria significativa nas condições de saneamento básico dos quilombolas, que deveria ser direito
de todos, conforme previsto na Constituição Federal (1988); há a importância acadêmica, pois muito
conhecimento e material técnico pode e, tem sido gerado através deste projeto, através da execução
destes banheiros, os moradores adquirirão maior conhecimento construtivo, além de tornarem-se
autossuficientes para novas construções e capacitados para realizar futuras manutenções em seus
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85752_ARQUIVO_herancadaarquiteturaafricana.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2017.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente à minha família, por sempre darem apoio nas diferentes jornadas
as quais me entrego. Agradeço também o professor João Mário de Arruda Adrião, orientador do projeto
de extensão do qual faço parte, pois sem seu convite e depósito de confiança em meu trabalho, eu nunca
faria parte disso, nunca teria conhecido tantas histórias, novos e lindos lugares e agregado tanto
conhecimento. Gostaria de agradecer também a todos os membros da equipe de projeto que participaram
das visitas e atividades com afinco, ao professor Wesley Afonso da Silva Dias, ao colega de turma e de
projeto Marcos Antonio Goulart e ao parceiro de equipe do projeto Mackson Willian Barros Roteias.
Contudo principalmente, gostaria de agradecer aos moradores que, em parte, sempre foram muito
receptivos com nossa equipe, permitindo que conhecêssemos suas tradições e compartilhando seus
saberes e histórias de vida, além do líder comunitário, Rafael Bento, que facilitou o contato para com os
mesmos.
RESUMO
Este artigo trata da relação existente entre o terreno, a infraestrutura e a periferização dos
empreendimentos PMCMV nas cidades mato-grossenses de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Várzea
Grande, contratados entre 2009 e 2013. Para este estudo a abordagem foi de uma pesquisa quantitativa
combinada com qualitativa, com o objetivo de descrever a dinâmica da implantação dos
empreendimentos PMCMV, através de uma pesquisa documental dos empreendimentos disponíveis na
GIHABCB, setor de Habitação da Caixa Econômica Federal (Caixa). Segundo vários autores, a
condição periférica dos empreendimentos, contribui para a segregação espaço-territorial. Muitos dos
empreendimentos são implantados distantes dos polos centrais, carentes de serviços públicos,
oportunidades de trabalho e dificuldades de transporte. Este estudo tem o objetivo de compreender a
dinâmica da implantação e assim, ajudar a mitigar seus efeitos negativos. Os resultados mostram que,
exceto em Cuiabá, os custos do terreno diminuem na periferia. E, ao contrário do que se previa, nas
quatro cidades, os custos da infraestrutura reduzem ao se afastar do ponto de referência. Observa-se,
portanto, que os altos custos da infraestrutura, estão sendo afetados pela baixa qualidade das áreas
escolhidas para os empreendimentos próximo ao ponto de referência, principalmente com relação a
topografia, elevando-se os custos de pavimentação, movimentação de terra e a drenagem. Portanto, é
necessário reavaliar a escolha das áreas de implantação nestes dois aspectos, o social, evitando-se a
segregação e, o econômico, buscando reduzir os custos com a infraestrutura.
1
Mestre em Construção Civil, Arquiteta, Gerência Executiva de Governo, Caixa Econômica Federal. Av. Hist.
Rubens de Mendonça, 2300 – 10º andar Ed. Tapajós. Bairro Bosque da Saúde. CEP 78050-000, Cuiabá/MT. E-
mail: katia.barcelos@gmail.com
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Várzea Grande, Rua das Garças, Lote 3, Loteamento Hélio
Ponce de Arruda, Cristo Rei, CEP 78118-000, Várzea Grande-MT, E-mail: brendadourados@hotmail.com
3
Curso de Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal
de Mato Grosso, Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367, Boa Esperança, CEP 78060-900 Cuiabá, MT. E-mail:
anapaula.b.santos08@gmail.com
4
Mestranda em Construção Civil, Arquiteta, Gerência Executiva de Habitação, Caixa Econômica Federal. Av.
Hist. Rubens de Mendonça, 2300 – 5º andar Ed. Tapajós. Bairro Bosque da Saúde. CEP 78050-000, Cuiabá/MT.
E-mail: arqbella@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta resultados preliminares da pesquisa sobre a “Relação terreno, infraestrutura e
periferização dos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), nas quatro
maiores cidades de Mato Grosso”. São analisadas as implantações de empreendimentos PMCMV, para
a faixa 1 de renda das famílias, nas quatro principais cidades de Mato Grosso, entre 2009 e 2013.
Historicamente, desde os primeiros empreendimentos habitacionais patrocinados pelo Governo, os
empreendimentos são implantados em áreas periféricas das cidades, desprovidos dos serviços
públicos. Porque, na implantação dos empreendimentos do PMCMV, a periferização é recorrente na
maioria das cidades de Mato Grosso? A hipótese levantada é que o custo mais barato de terrenos
afastados dos polos centrais e desprovidos de infraestrutura, tem influenciado na periferização dos
empreendimentos do PMCMV.
O objetivo desta pesquisa é descrever a implantação dos empreendimentos do PMCMV nas quatro
maiores cidades de Mato Grosso. Para isso, é necessário: (1) levantar o histórico das ações de
provimento de habitação por parte do Governo; (2) apontar alguns referenciais teóricos sobre inserção
urbana e a segregação espaço-territorial; (3) interpretar os dados de inserção urbana apurados e suas
consequências para a segregação espaço-territorial.
A condição periférica dos empreendimentos, segundo vários autores, contribui para a segregação
espaço-territorial. Muitos dos empreendimentos são implantados distantes dos polos centrais, carentes
de serviços públicos, oportunidades de trabalho e dificuldades de transporte. Compreender esta
dinâmica, poderá ajudar a mitigar seus efeitos negativos.
Para este estudo a abordagem foi de uma pesquisa quantitativa complementada com qualitativa, com o
objetivo de descrever a dinâmica da implantação dos empreendimentos PMCMV. Foi realizada através
de pesquisa documental, sobre os Laudos de Análise de Engenharia (LAE), Relatórios de
Acompanhamento de Engenharia (RAE) e Orçamentos dos empreendimentos PMCMV, disponíveis
na Caixa. O embasamento foi feito por uma pesquisa bibliográfica sobre a provisão habitacional e a
segregação espaço-territorial.
5
Cidades atendidas pelo PAR: Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Sinop.
6
Condomínios de Edifícios com total 288 unidades: em Várzea Grande/MT, os Res. Santa Barbara I a V; em
Sinop, os Res. Nico Baracat I, II, III, IV e VI (o Res. Nico Baracat V não foi contratado)
7
Res. Padre Aldacir Jose Carmiel e Isabel Campos I e II, Colinas Douradas I e II (os três primeiros
empreendimentos não entregues e todos em Várzea Grande/MT).
habitacionais em Mato Grosso (em Cuiabá e Corumbá), temos a implantação fora do perímetro
urbano, porém dentro da malha urbana consolidada. Durante o BNH, através da Companhia de
Habitação de Mato Grosso (COHAB/MT), empreendimentos estão muito além da malha urbana
consolidada e do perímetro urbano determinado em lei. Isso ocorre também em outras cidades de Mato
Grosso, como Rondonópolis.
Em relação aos empreendimentos do PMCMV, o Ministério das Cidades estabelece regras para evitar
a construção em áreas periféricas, como está escrito no art. 6º da Lei n. 12.424 (BRASIL, 2011): 1) o
empreendimento deve estar na malha urbana ou de expansão urbana; 2) ter adequação ambiental; 3)
infraestrutura como redes de água, energia, drenagem, solução de esgotamento sanitário, vias de
acesso e iluminação pública; 4) Compromisso do poder público local para ampliar ou instalar os
serviços de transporte, saúde, lazer e educação.
Na maioria dos casos a legislação municipal está sintonizada com o Estatuto das Cidades. Assim, os
quatro requisitos do art. 6º da Lei n. 12.424, citada acima, devem ser observados e exigidos pelo
governo municipal durante a aprovação do projeto do empreendimento, pois o município é o detentor
dos meios (autorizações e punições) de construir uma cidade em conformidade com sua legislação.
Em sua obra, Lojkine (1981, apud Moura, 2014) se atenta à descaracterização do Estado como
principal agente de distribuição social, uma vez que essas ações favorecem as classes mais altas, se
desviando de seus deveres como organizador do espaço (implantação de sistemas viários, calçamento,
abastecimento de água, entre outros).
Segundo Rolnik et al., é diferente a periferização atual da anterior, quando do BNH: “Embora o
PMCMV reforce o padrão periférico da moradia dos segmentos de baixa renda, as desigualdades
socioespaciais nas cidades de hoje e a expansão de suas periferias não são as mesmas das décadas de
crescimento urbano explosivo da segunda metade do século XX” (Raquel Rolnik et al., 2015, p. 129).
Atualmente, há multicentros, adjacentes a malha urbana, dotados de comércio de pequeno porte,
serviços pouco especializados, equipamentos públicos insuficientes para a população instalada. Há
uma infraestrutura incipiente, normalmente água e energia elétrica.
A existência de vazios urbanos só evidencia o déficit do Estado, no caso municipal, quanto
organizador do espaço e a importância que tem o capital imobiliário, o qual acarreta na
desterritorialização do indivíduo com o novo espaço, precariamente servido de equipamentos sociais e
serviços públicos, tendo que se deslocar por grandes distâncias para ter acesso a tais. Esta
desterritorialização, causada pela realocação de uma população que habitava uma comunidade pré-
estabelecida, traz o desvinculo desta comunidade e a necessidade de readequação das pessoas ao novo
território (MOURA, 2014; CANAVARROS, 2016). Tudo isso só diminui o tempo para que este
cidadão participe dos eventos e das decisões da cidade. Os grupos dominantes controlam a produção
do espaço urbano, utilizando-se da segregação espacial, empurrando os mais desfavorecidos para as
áreas sem infraestrutura (MOURA, 2014; CARVALHO, 2015), ficando clara a omissão do Estado, na
figura do Governo Municipal, gestor das cidades.
Em contrapartida, há a segregação voluntária de classes mais altas, que se isolam em condomínios
distantes da malha urbana, protegidos por muros, e evidenciando a disparidade entre estes e as
comunidades do PMCMV, ambos residentes em áreas longínquas do centro urbano (CANAVARROS,
2016; CARVALHO, 2014).
Com essa segregação, a consequência é a desigualdade no acesso aos recursos públicos e de
infraestrutura urbana, promovendo a diminuição da qualidade de vida em relação aos serviços básicos
que lhes são de direito. Portanto, o Estado, pressionado pela comunidade, se vê obrigado a fornecer
novas extensões dos recursos básicos (para que cheguem a essa população), tendo que utilizar mais
recursos financeiros (linhas de ônibus, fornecimento de água e esgoto...) e estendendo ainda o centro
urbano da cidade.
Os dados levantados são absolutos, sem qualquer correção monetária, assim, optou-se por calcular o
percentual do terreno, infraestrutura, edificações e outras despesas em relação ao total do
empreendimento (Apêndice B). Posteriormente, os percentuais foram lançados no gráfico de dispersão
e obtidas as retas de tendência e suas equações.
Os dados levantados são absolutos, sem qualquer correção monetária, assim, optou-se por estabelecer
um índice terreno (TERR): o custo do terreno dividido pelo custo das edificações, dividindo pelo
número de unidades (Equação 1).
TERR = (custo terreno)/( custo total edificações)/(número de unidades) (1)
Da mesma forma foi calculado o Índice da Infraestrutura (INFRA): custo da infraestrutura, dividido
pelo custo das edificações, dividido pelo número de unidades (Equação 2).
INFRA= (custo infraestrutura)/( custo total edificações)/(número de unidades) (2)
Foi considerado o custo da infraestrutura tudo o que não era terreno ou edificações, ou seja, todos os
demais custos envolvidos (equipamentos públicos, trabalho técnico social, despesas cartorárias
impostos e outros).
Para comparar os custos da Edificação, utilizou-se o custo m² da unidade do empreendimento (vide
coluna EDIF R$/m² no Apêndice B), em relação ao custo/m² da unidade padrão8, data de referência do
fim do ano (dezembro/ano) do empreendimento (vide coluna SINAPI R$/m² do Apêndice B).
EDIF= (custo SINAPI R$/m2)/(custo uh R$/m2) (3)
Observa-se nos resultados (vide coluna EDIF do Apêndice B), pequena variação do custo das
unidades, em relação à distância do ponto de referência, considerou-se que os custos são estáveis. Isso
se explica pelo uso de um projeto padrão para todos os empreendimentos.
Figura 1- Gráfico Custo Final excedente ao FAR, distância ao ponto de referência, linhas de tendência, índice
do terreno e da infraestrutura (infraestrutura e outras despesas), Cuiabá/MT, 2009 a 20139
Fonte: autor, dados obtidos na Caixa (2017).
O terreno mais caro por unidade é do Res. Altos do Parque 3 (CALT.3), devido ao fato deste
empreendimento ter um pequeno número de unidades (138 unidades), o que conforme o mercado,
quanto menor a área do imóvel, mais caro o valor por m². Na sequência, o segundo mais caro é do
Res. Jamil B. Nadaf, este empreendimento tem duas grandes áreas reservadas para equipamentos
públicos, o que pode ter influenciado no custo por m² do empreendimento. Em seguida, temos o
terreno do Res. Altos do Parque 1 (CALT.1), cujo número de unidades não justifica o custo do terreno,
porém há uma grande área para equipamento público. Em contrapartida, a área deste empreendimento
não é aderente a um subcentro que pudesse valorizá-la. O quarto terreno mais caro é do Res. Alice
Novack (CALI.0) que, apesar da grande distância do ponto de referência, está inserido no Distrito
Industrial, um subcentro bem consolidado, o que poderia justiçar o custo mais elevado da área.
Em Cuiabá, todos os empreendimentos são dotados de Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) ou
são ligados a ETEs de empreendimentos com recursos FAR existentes através de Estações Elevatórias
de Esgotos (EEEs). Nos empreendimentos: Res Altos do Parque 1 (CALT.1) e Francisca B. Loureiro
(CFRA.0) foram executadas ETE e EEE que elevaram consideravelmente os custos da infraestrutura,
bem como adutoras e reservatórios de água. Em consequência extrapolaram os recursos por unidade
do FAR, sendo necessário o aporte do Governo do Estado. O custo da infraestrutura suavemente
decresce, o custo do terreno cresce apesar do distanciamento do empreendimento ao ponto de
referência, fato estranho ao relatado pela literatura, porém indica estar mais relacionado a qualidade da
área, pois observa-se na documentação elevado custo com trabalho em terra.
Nos empreendimentos, não há escola, creche, posto de saúde ou outros equipamentos públicos, exceto
o Res. Francisca Borba onde foi construída uma creche com recursos do FAR. Os complexos dos
empreendimentos Res. Altos do Parque 1, 2 e 3 (CALT.1, 2 e 3), devido a sua grande distância de um
subcentro, foi atendido pela prefeitura com equipamentos de educação após severas reclamações dos
moradores. Os demais empreendimentos são atendidos precariamente pelos equipamentos públicos
das áreas vizinhas. Para o Res. Alice Novack (CALI.0) e o Nilce Paes Barreto (CNIL.0) há maiores
possibilidades de empregos, visto que estão inseridos no Distrito Industrial.
Figura 2 - Gráfico Custo Final excedente ao FAR, distância ao ponto de referência, linhas de tendência, índice
do terreno e da infraestrutura (infraestrutura e outras despesas), Rondonópolis/MT, 2009 a 2013.
Fonte: autor, dados obtidos na Caixa (2017).
O Res. Altamirando (RALT.0) possui a maior distância do ponto de referência e o maior custo do
terreno por unidade. Poder-se-ia justificar o custo devido ao fato do terreno ser adjacente a um
subcentro urbano - Vila Paulista - e o número de unidades não ser muito grande. O custo terreno, por
unidade, do Res. D. Osorio Stoffel 2 (ROSO.2), é segundo mais alto, não sendo possível identificar
um fator valorizante. Os residenciais Magnólia A. de Araujo 1 (RMAG.1) e o Maria J. Fernandes
Souza (RMAR.0), também tem custo de terreno alto, pois estão adjacentes a malha urbana, à beira de
uma avenida importante, Presidente Médici e junto ao Distrito Industrial de Rondonópolis, um
subcentro consolidado.
Quanto as obras de infraestrutura, no Residencial Altamirando o custo foi o mais alto devido a
execução de um reservatório e adutora de água, além de grande área de pavimentação e
consequentemente, expressiva movimentação de terra, derivada do partido urbanístico adotado. Na
sequência temos os residenciais Maria J. Fernandes (RMAR.0), Res. Magnólia A. Araújo (RMAG.1 e
2). Para estes três empreendimentos, que são na mesma área, os custos foram elevados na
pavimentação, pois foi necessário fazer um grande movimento de terra dado o partido urbanístico
escolhido pela construtora e as condições topográficas do terreno. Destaca-se também o Res. João
Antônio Fagundes (RJOA.1), pois foi necessário a execução de rede de drenagem tronco para coletar
as águas das bacias de contribuição vizinhas e também a pavimentação da avenida de acesso ao
empreendimento.
Assim, o que se economizou no terreno foi empregado na infraestrutura. E ainda, oito dos onze
empreendimentos extrapolaram os recursos previstos no FAR por unidade. Estes custos adicionais, em
geral, foram aportados pelo Governo do Estado. As condições físicas do terreno influenciaram muito
no custo das obras de infraestrutura.
Figura 3 - Gráfico Custo Final excedente ao FAR, distância ao ponto de referência, linhas de tendência, índice
do terreno e da infraestrutura (infraestrutura e outras despesas), Sinop/MT, 2009 a 2013.
Fonte: autor, dados obtidos na Caixa (2017).
Os custos de terreno mais altos são dos Residenciais Dauri Riva I e II (SRIVA.1 E 2), pois estão bem
próximos a uma avenida estrutural, Avenida André Maggi, servida de comércio e serviços públicos. O
elevado custo da infraestrutura dos Residenciais Daury Riva I e II, poder-se-ia justificar, por serem os
únicos, em Sinop, que possuem uma estação de tratamento de esgoto, diferente dos demais que
dotados de fossa e sumidouro, inserido no custo das edificações.
No caso dos Nico Baracat, as vantagens de baixos custos de terreno e infraestrutura se perdem com os
altos custos da edificação. Os custos das Edificações dos Residenciais Nico Baracat 1, 2, 3, 4 e 6
(SNIC.#), são os mais altos, visto que são edifícios, com um dispendioso sistema construtivo (paredes
de concreto). A tipologia apartamento é útil em área mais centralizadas com mais recursos, pois
requer menos área e consequentemente menos custos. Mas, a grande distância do ponto de referência
ou de um subcentro, deixou o empreendimento desprovido de serviços públicos. Apesar de firmado
compromisso por parte do poder público, este ainda não conseguiu cumprir com a instalação destes
serviços. No momento estas obras estão atrasadas ou paralisadas.
Figura 4 - Gráfico Custo Final excedente ao FAR, distância ao ponto de referência, linhas de tendência, índice
do terreno e da infraestrutura (infraestrutura e outras despesas), 2009 a 2013.
Fonte: autor, dados obtidos na Caixa (2017).
Os custos da infraestrutura, decrescem mais distantes do ponto de referência, novamente contrário ao
que se espera. Os baixos custos de infraestrutura verificados para o Residencial Colinas Douradas
(VCOL.1 e 2), Padre Aldacir Carmiel e Res. Santa Barbara 1 a 5 (VBAR.#), aparentemente, são
influenciados pela quantidade de unidades e pela tipologia utilizada10 - casa sobreposta e apartamentos
- as quais aumentam a densidade de ocupação bem como a área construída do lote/terreno. Por outro
lado, os edifícios do Res. Santa Bárbara ficaram com altos custos, extrapolando os recursos FAR por
unidade, devido ao seu sistema construtivo, paredes de concreto, o mesmo utilizado nos edifícios em
Sinop. Os empreendimentos do tipo apartamento e casas sobrepostas estão com as obras paralisadas.
10 Res. Pd Aldacir Jose Carmiel; Colinas Douradas 1 e 3 e Isabel Campos 1 e 2, são casas sobrepostas. Os Res. Santa Bárbara 1 a 5, são prédios.
5. CONCLUSÕES E PROPOSTAS
O governo federal na provisão habitacional segue um modelo de implantação nas periferias da cidade
desde os primeiros programas habitacionais. O isolamento que era muito grande nos conjuntos
habitacionais do BNH, foi amenizado através de novas regras de implantação, porém as questões de
dificuldade de transporte, distanciamento das oportunidades de emprego e falta de serviços públicos
ainda permanecem presentes nos novos empreendimentos.
Em Cuiabá os custos do terreno aumentam com a distância, divergindo da dinâmica do mercado. Nas
outras três cidades diminui com o afastamento, mas em Rondonópolis é quase estável.
Quanto a infraestrutura, os custos reduzem nas quatro cidades, mostrando que tais custos não estão
atrelados à distância, mas a fatores como posição na bacia hidrográfica (drenagem), qualidade do
acesso, topografia do terreno e projeto urbanístico, que geram consequências na pavimentação e
movimentação de terra.
Percebe-se que a situação é mais grave do que se imagina, além de o custo do terreno ser alto e levar a
periferização, acrescenta-se a baixa qualidade das áreas que geram também custos altos de
infraestrutura. Deve-se reavaliar a escolha das áreas de implantação nestes dois aspectos, o social,
evitando-se a segregação e, o econômico, buscando reduzir os custos com a infraestrutura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARCELOS, K. A. Método para avaliação de projetos de habitação social: mobiliamento,
espaciosidade e funcionalidade. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) - Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011. 263 p.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do inquilinato e
difusão da casa própria. 4. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. 344 p.
BRASIL. Lei Nº 12.424, de 16 de Junho de 2011. Altera a Lei no 11.977. Disponível em:
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2017.
CANAVARROS, A. de F. A. A consolidação de um tipo urbano e arquitetônico de moradia para os
pobres: velho modelo, novas periferias no espaço urbano mato-grossense. Tese (Doutorado em
Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Lisboa, 2015. (Documento
Provisório).
CARVALHO, A. de S. Vivendo às margens: habitação de interesse social e o processo da
segregação socioespacial em Curitiba. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da
Apêndice B - Tabela dos Empreendimentos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Várzea Grande - PMCMV -
contratadas 2009 a 201311.
CODIGO Empreendimento CID UH DIST. FINAL-FAR TERR.10^-6 INFRA.10^-4 SINAPI EDIF. VT VE VTR VIN VO COORDENADAS
(Km) (%) R$/m2 R$/m2 EDIF. Milhões
CNCA.1.09 Res. Nova Canaa 1a Etapa CBA 499 11,7 -1,58 10,74 11,70 754,47 727,77 0,96 19,15 11,70 0,63 5,95 0,88 15°33'18.4"S 56°01'07.1"W
CJAM.0.09 Res. Jamil Boutros Nadaf CBA 322 12 -0,07 38,68 15,80 754,47 645,94 0,86 12,55 7,68 0,96 3,18 0,73 15°31'53.1"S 56°02'10.8"W
CNCA.2.09 Res. Nova Canaa Ii Etapa CBA 499 12 1,43 12,56 11,09 754,47 759,92 1,01 19,74 12,21 0,77 5,65 1,11 15°33'03.7"S 56°01'20.5"W
CJPI.3.13 Res. Jonas Pinheiro 3a Etapa* CBA 457 13,6 - - 7,53 1.063,40 977,48 0,92 27,42 20,40 0 6,82 0,20 15°32'22.9"S 56°01'24.3"W
CALT.1.10 Res. Altos Do Parque CBA 472 14 34,8 32,13 16,31 815,21 685,42 0,84 24,81 12,92 1,96 9,43 0,51 15°41'05.7"S 56°02'01.2"W
CALT.2.12 Res. Altos Do Parque II CBA 500 14 -1,07 19,98 9,44 1.016,68 799,06 0,79 26,22 16,68 1,67 7,03 0,84 15°41'13.6"S 56°01'38.3"W
CALT.3.12 Res. Altos Do Parque II - 2a Etapa (3) CBA 138 14,8 -5,66 60,42 22,25 1.016,68 882,65 0,87 6,90 4,96 0,41 1,27 0,25 15°41'06.9"S 56°01'34.0"W
CFRA.0.12 Res. Francisca Loureiro Borba CBA 499 16,3 11,34 21,12 13,05 1.016,68 919,72 0,90 33,34 18,98 2,00 7,64 4,72 15°36'24.0"S 55°59'13.0"W
CNIL.0.09 Res. Nilce Paes Barreto CBA 500 16,5 1,5 15,90 10,80 754,47 643,26 0,85 19,79 12,22 0,97 5,44 1,16 15°38'15.4"S 55°59'51.2"W
CNIC.2.12 Res. Nico Baracat 2a Etapa* CBA 443 17,6 - 21,04 7,89 1.016,68 934,87 0,92 26,58 18,42 1,72 5,63 0,81 15°36'50.1"S 55°58'42.4"W
CNIC.3.12 Res. Nico Baracat 3a Etapa* CBA 461 17,6 0 20,12 7,60 1.016,68 934,65 0,92 27,66 19,17 1,78 5,48 1,23 15°36'44.3"S 55°58'36.4"W
CNIC.1.12 Res. Nico Baracat 1a Etapa* CBA 360 17,8 - 25,15 9,38 1.016,68 938,73 0,92 21,60 15,12 1,37 4,29 0,82 15°36'55.0"S 55°58'49.6"W
CALI.0.09 Res. Alice Novack CBA 423 18 0,8 30,84 13,21 754,47 628,82 0,83 16,63 9,84 1,28 4,48 1,02 15°38'34.6"S 55°59'42.9"W
RJOA.1.10 Res. Joao Antonio Fagundes** ROO 499 6 0,06 18,69 20,54 815,21 731,16 0,90 28,46 13,44 1,25 4,99 8,78 16°29'33.5"S 54°35'09.1"W
RMAR.0.13 Res. Maria Jose Fernandes De Souza ROO 200 6,5 12,28 34,34 21,60 1.063,40 955,42 0,90 12,80 8,53 0,59 3,58 0,11 16°28'49.5"S 54°40'09.3"W
RMAG.1.12 Res. Magnolia A. De Araujo ROO 250 6,8 9,4 36,47 17,85 1.016,68 872,89 0,86 13,40 8,72 0,79 2,42 1,47 16°28'57.6"S 54°40'16.1"W
RMAG.2.12 Res. Magnolia A.De Araujo 2a Etapa ROO 310 6,8 9,57 21,49 7,35 1.016,68 1.041,40 1,02 16,64 12,86 0,86 2,58 0,35 16°28'57.6"S 54°40'16.1"W
ROSO.1.09 Res. Dom Osorio Stoffel 1a Etapa ROO 500 7,2 1 26,84 8,71 754,47 673,92 0,89 19,69 12,55 1,68 4,63 0,83 16°25'59.5"S 54°39'36.1"W
ROSO.2.10 Res. Dom Osorio Stoffel 2a Etapa ROO 348 7,2 0 38,06 10,43 815,21 703,91 0,86 13,57 9,08 1,20 3,02 0,28 16°25'59.5"S 54°39'36.1"W
RPED.0.12 Res. Jardim Bispo Pedro Casaldaliga ROO 500 8,3 4,08 23,48 7,59 1.016,68 853,06 0,84 25,50 17,04 2,00 5,16 1,30 16°28'14.9"S 54°33'54.6"W
RMAT.1.12 Res. Mathias Neves De Oliveira I ROO 480 10 7,9 21,38 6,79 1.016,68 967,91 0,95 29,52 20,67 2,12 4,60 2,14 16°25'49.0"S 54°40'30.0"W
RMAT.2.12 Res. Mathias Neves De Oliveira II ROO 480 10 6,96 20,42 6,50 1.016,68 972,05 0,96 29,26 20,75 2,03 4,50 1,98 16°25'49.0"S 54°40'30.0"W
RNEU.0.13 Res. Dona Neuma** ROO 470 10 - 21,77 7,02 1.063,40 1.514,89 1,42 26,79 18,70 1,91 5,60 0,57 16°25'40.0"S 54°40'32.0"W
RALT.0.10 Res. Altamirando ROO 257 10,3 -1,26 38,38 15,69 815,21 696,81 0,85 9,90 6,59 0,65 1,93 0,72 16°28'29.4"S 54°32'52.6"W
SRIVA.1.09 Res. Daury Riva I SINOP 253 6,4 1,5 35,16 15,98 754,47 715,74 0,95 10,02 6,71 0,60 2,07 0,64 11°48'55.0"S 55°30'41.2"W
SRIVA.2.09 Res. Daury Riva II SINOP 283 6,4 1,5 32,33 14,22 754,47 715,95 0,95 11,20 7,50 0,69 2,31 0,71 11°48'55.0"S 55°30'41.2"W
S.AME.0.10 Res. Vila America SINOP 498 9,3 - 11,70 7,23 815,21 802,12 0,98 20,84 14,70 0,86 5,29 0 11°55'45.1"S 55°29'47.9"W
SJUL.0.12 Res. Vila Juliana SINOP 192 9,3 -4,08 25,87 17,04 1.016,68 857,15 0,84 9,02 6,55 0,33 1,93 0,21 11°55'37.9"S 55°30'00.1"W
SLOB.1.12 Res. Vila Lobos 1 Etapa SINOP 212 9,3 1,1 25,89 18,81 1.016,68 855,48 0,84 10,50 7,22 0,40 2,11 0,77 11°55'21.4"S 55°29'53.4"W
SLOB.2.12 Res. Vila Lobos 2a Etapa SINOP 123 9,3 1,46 26,47 30,30 1.016,68 888,21 0,87 6,11 4,35 0,14 1,15 0,47 11°55'30.2"S 55°29'45.1"W
SMAR.0.10 Res. Vila Mariana SINOP 480 9,3 - 12,34 7,69 815,21 738,27 0,91 18,72 13,10 0,78 3,96 0,87 11°55'42.8"S 55°29'33.4"W
SSAN.1.12 Res. Vila Santana SINOP 310 9,3 -4,08 16,74 10,56 1.016,68 855,50 0,84 14,57 10,56 0,55 3,13 0,33 11°55'28.2"S 55°29'54.1"W
SSAN.2.12 Res. Vila Santana 2a Etapa SINOP 134 9,3 -4,08 31,69 21,65 1.016,68 884,82 0,87 6,30 4,73 0,20 1,21 0,16 11°55'43.3"S 55°29'37.7"W
SNIC.1.13 Cond. Res. Nico Baracat 1 Etapa* SINOP 288 10,5 0 4,31 2,89 1.063,40 920,92 0,87 16,42 14,98 0,19 0,68 0,57 11°54'15.2"S 55°28'37.9"W
SNIC.2.13 Cond. Res. Nico Baracat 2 Etapa* SINOP 288 10,5 7,02 7,13 5,29 1.063,40 920,66 0,87 17,57 14,98 0,31 1,85 0,44 11°54'29.3"S 55°28'36.6"W
SNIC.3.13 Cond. Res. Nico Baracat 3 Etapa* SINOP 288 10,5 - 4,52 3,13 1.063,40 914,62 0,86 16,42 14,88 0,19 0,77 0,57 11°54'15.2"S 55°28'37.9"W
SNIC.4.13 Cond. Res. Nico Baracat 4 Etapa* SINOP 288 10,5 7,02 6,05 5,39 1.063,40 920,66 0,87 17,57 14,98 0,26 1,89 0,44 11°54'29.3"S 55°28'36.6"W
SNIC.6.13 Cond. Res. Nico Baracat 6 Etapa* SINOP 288 10,5 7,02 6,05 5,39 1.063,40 974,81 0,92 17,57 14,98 0,26 1,89 0,44 11°54'29.3"S 55°28'36.6"W
VGIL.0.09 Res. Deputado Gilson De Barros VG 315 7,1 0,77 25,76 16,71 754,47 664,39 0,88 12,38 7,70 0,63 3,22 0,83 15°43'11.0"S 56°08'04.2"W
VCEL.1.09 Res. Celestino H. Pereira 1a Epata VG 499 7,5 -0,13 17,29 11,53 754,47 632,33 0,84 19,44 11,70 1,01 5,57 1,16 15°38'01.9"S 56°10'26.7"W
VCEL.2.09 Res. Celestino H. Pereira 2a Etapa VG 87 7,5 0,99 91,02 60,96 754,47 659,64 0,87 3,43 2,13 0,17 0,89 0,24 15°37'55.5"S 56°10'41.8"W
VALD.0.13 Res. Pd Aldacir Jose Carmiel* VG 566 9 5,42 17,01 5,14 1.063,40 998,40 0,94 35,80 25,81 2,48 4,89 2,62 15°40'55.0"S 56°10'57.0"W
VMAT.1.10 Res. Sao Mateus 1 Etapa VG 490 9 -0,13 15,16 10,88 815,21 670,80 0,82 19,09 11,87 0,88 5,80 0,52 15°40'32.8"S 56°11'17.2"W
VMAT.2.10 Res. Sao Mateus 2 Etapa VG 500 9 15,28 13,46 15,76 815,21 670,81 0,82 22,48 12,11 0,82 6,02 3,52 15°40'32.8"S 56°11'17.2"W
VISA.1.13 Res. Isabel Campos 1* VG 288 13 0 18,60 8,23 1.063,40 1.018,01 0,96 17,28 13,39 0,72 2,56 0,61 15°36'59.7"S 56°10'57.6"W
VISA.2.13 Res. Isabel Campos 2* VG 288 13 - 17,84 8,30 1.063,40 1.018,01 0,96 17,28 13,39 0,69 2,58 0,62 15°36'59.7"S 56°10'57.6"W
VJAC.1.12 Res. Jacaranda 1 Etapa VG 500 13 2,03 14,15 8,26 1.016,68 830,75 0,82 25,00 16,85 1,19 6,52 0,44 15°37'40.7"S 56°11'46.2"W
VJAC.2.12 Res. Jacaranda 2 Etapa VG 411 13 1,9 17,21 9,99 1.016,68 830,79 0,82 20,52 13,85 0,98 5,32 0,37 15°37'40.7"S 56°11'46.2"W
VJOS.1.09 Res. Jose Carlos Guimaraes 1a Etapa VG 480 13 -0,92 20,80 10,77 754,47 663,84 0,88 18,55 11,47 1,15 4,94 0,99 15°37'32.0"S 56°10'54.0"W
VJOS.2.09 Res. Jose Carlos Guimaraes 2a Etapa. VG 500 13 10,2 20,10 13,96 754,47 663,83 0,88 21,49 11,95 1,20 5,30 3,04 15°37'32.0"S 56°10'54.0"W
VSOL.0.10 Res. Solaris Do Taruma VG 500 13 1,43 18,18 11,13 815,21 663,92 0,81 19,78 12,01 1,09 5,44 1,24 15°37'40.7"S 56°11'23.6"W
VCOL.1.12 Cond Res Colinas Douradas 1* VG 500 14 2,15 5,95 5,64 1.016,68 920,77 0,91 27,58 21,03 0,63 2,89 3,04 15°37'20.8"S 56°11'37.6"W
VCOL.2.12 Cond Res Colinas Douradas 2* VG 500 14 2,18 5,65 5,68 1.016,68 920,77 0,91 27,59 21,03 0,59 2,98 2,98 15°37'20.8"S 56°11'37.6"W
VBAR.1.13 Cond Res Santa Barbara 1* VG 288 22 9,41 8,29 6,54 1.063,40 958,55 0,90 18,91 15,60 0,37 2,30 0,64 15°39'09.4"S 56°05'10.9"W
VBAR.2.13 Cond Res Santa Barbara 2* VG 288 22 9,41 8,06 6,56 1.063,40 958,55 0,90 18,91 15,60 0,36 2,31 0,64 15°39'09.4"S 56°05'10.9"W
VBAR.3.13 Cond Res Santa Barbara 3* VG 272 22 9,41 8,26 6,98 1.063,40 958,58 0,90 17,86 14,73 0,33 2,19 0,61 15°39'09.4"S 56°05'10.9"W
VBAR.4.13 Cond Res Santa Barbara 4* VG 288 22 9,41 7,78 6,59 1.063,40 958,55 0,90 18,91 15,60 0,35 2,33 0,64 15°39'09.4"S 56°05'10.9"W
VBAR.5.13 Cond Res Santa Barbara 5* VG 288 22 9,41 7,91 6,58 1.063,40 958,55 0,90 18,91 15,60 0,36 2,32 0,64 15°39'09.4"S 56°05'10.9"W
Fonte: Elaborado pelo autor através dos dados obtidos na Caixa Econômica Federal (GIHABCB), 2017.
11
Legenda: FINAL-FAR – diferença entre recurso limite do FAR e o aplicado; TERR. Índice do Terreno;
INFRA. Índice de Infraestrutura (Infraestrutura + Outras Despesas); VT. Valor Total; VE. Valor Edificações;
VTR. Valor do Terreno; VIN. Valor infraestrutura; VO. Valor outras despesas.
RESUMO
O presente artigo teve como objetivo investigar como os beneficiários de um dos maiores
programas habitacionais da história brasileira avaliam as casas e o residencial dos quais foram
contemplados através do Programa Minha Casa, Minha Vida no município de Santarém,
localizado na região oeste do Estado do Pará. No campo teórico, para alcançar tal objetivo foram
apresentadas discussões sobre o papel das políticas públicas, junto à um resgate histórico das
políticas habitacionais brasileiras, e por fim foi apresentado o Programa Minha Casa, Minha Vida.
Já no campo empírico, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com uma amostra dos
moradores que foram beneficiados pelo programa no município, onde foram feitas indagações
sobre o nível de satisfação dos mesmos em relação ao que os foi concedido através do programa,
indagando-os também sobre a mobilidade urbana, oferta de serviços básicos, e sobre presença ou
falta de equipamentos urbanos onde agora residem. O teor da fala dos cidadãos entrevistados
demonstra que apesar de se sentirem agraciados por alcançarem o sonho da casa própria e
poderem tracejar uma perspectiva de vida melhor, ao mesmo tempo esta gratidão traz consigo
uma sensação de incompletude, justificada através da oferta insuficiente de serviços como
educação e saúde e pela falta de equipamentos urbanos na localidade.
1
Orientadora do artigo. Professora de Direito do Programa de Ciências Econômicas e Desenvolvimento
Regional da UFOPA. Mestra em Direito Constitucional pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
Especialista em Política e Planejamento Urbano pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional (IPPUR/UFRJ). E-mail: reis.aboliveira.@gmail.com
2
Autor do artigo. Graduando em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal
do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: fnovakk@hotmail.com
3
Famílias com renda mensal de até 4.650,00, de acordo com a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009.
4
Dentre as notícias, destacam-se as que relatam inundações nas casas após fortes chuvas. Fonte:
http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/2016/06/chuva-alaga-imoveis-no-minha-casa-minha-vida-
em-santarem-pa.html
Outra notícia relata ocupações irregulares de algumas das casas do Residencial. Fonte:
<http://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/familias-ocupam-casas-do-minha-casa-minha-vida-de-
forma-irregular-em-santarem.ghtml>
5
Dados oficiais do 4º Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (2015 – 2018), lançado em
24/02/2017.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Políticas Públicas
Os primeiros estudos sobre políticas públicas nasceram no EUA, como uma subárea da ciência
política que visava estudar as ações do governo, tendo como pioneiros de seu estudo H. Laswell,
H. Simon, C. Lindblom e D. Easton (SOUZA, 2006, p. 22-23). Inicialmente, põe-se luz ao fato
da inexistência de uma conceituação universalmente aceita sobre políticas públicas, o que nos traz
à diversas classificações dentro da literatura. Pontes (2013, p. 170) entende-as como sendo os
meios que a administração pública dispõe para defesa, promoção e concretização dos direitos
sociais e de liberdade dos cidadãos, estabelecidos na constituição, bem como a efetivação de
outros objetivos estabelecidos com base nas diretrizes do Plano Plurianual - PPA. Enquanto
Santos (2010, p. 3), as define como “disposições, medidas e procedimentos que traduzem a
orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de
interesse público”. Já Secchi (2016, p. 5), classifica a política pública como uma diretriz elaborada
para enfrentar um problema público, que se materializa em instrumentos como leis, programas,
campanhas, obras, prestação de serviços, subsídios, impostos e taxas, decisões judiciais, entre
outros. Desta forma, pode-se afirmar que as políticas públicas são constituídas por via de regra
através das demandas prioritárias da sociedade, com o intuito de solucionar ou amenizar
problemas públicos, sendo o problema público protagonista deste estudo o déficit habitacional.
2.2 Políticas Habitacionais no Brasil: um breve histórico
Antes de apresentar o PMCMV, faz-se necessário apresentar um conciso resgate histórico das
principais políticas habitacionais brasileiras que o precederam. Cardoso (2017) sintetiza os
principais momentos da trajetória das políticas de habitação do Brasil:
Deste modo, identificam-se a Fundação da Casa Popular e o Banco Nacional de Habitação como
os primeiros esforços estatais com o objetivo de amenizar a crise habitacional que assolou o país
a partir da década de 40. Tal adversidade teve origem em decorrência do processo de rápida
industrialização pelo qual o país passou na década supracitada, fator que fez atrair 6 um imenso
número de habitantes da zona rural para a zona urbana, que foi incapaz de responder de forma
proporcional à nova demanda por habitação, ocasionando a alta dos aluguéis, aumento de
construções clandestinas, favelas, especulação imobiliária e pressão sobre o sistema político
vigente (AZEVEDO & ANDRADE, 2011).
A Fundação da Casa Popular (FCP), inaugurada em 1946 através do decreto-lei nº 9.218, foi o
primeiro órgão voltado à provisão, por meio de venda, de casa para população de baixa renda,
tendo como principal propósito o financiamento de construção de residências do tipo popular
destinadas a venda ou locação à trabalhadores, sem objetivo de lucro (SANTOS & DUARTE,
2010, p.4). Inicialmente orientada exclusivamente para o enfrentamento do problema habitacional
da época, meses após seu decreto inicial a FCP passou a atuar em áreas complementares à
habitação, como abastecimento de água, esgoto, fornecimento de energia elétrica, assistência
social que visasse a melhoria da qualidade de vida das classes trabalhadoras, financiamento das
indústrias de material de construção, elaboração de pesquisas que procurassem promover o
barateamento das construções, além de modernizar as prefeituras, através de qualificação e
treinamento de pessoal. Com pretensiosas e irrealistas metas, os recursos de ordem técnica,
financeira e administrativa somados à ainda imaturidade institucional da FCP tornaram seus
objetivos inviáveis (AZEVEDO & ANDRADE, 2011). Tendo apresentando resultados modestos,
o insucesso desta política pública se deu devido ao “acúmulo de atribuições, à falta de recursos e
força política, somada a ausência de respaldo legal” (MOTTA, 2011, p. 3). Em 1952, o governo
federal reduziu as atribuições da FCP.
Em 1964, dois importantes instrumentos de enfrentamento à problemática habitacional foram
criados, o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e o Banco Nacional de Habitação (BNH),
ambos instituídos através da lei nº 4380/64. O BNH teve como objetivo proporcionar acesso à
moradia aos diferentes estratos sociais, principalmente às famílias de média e baixa renda, através
de financiamento de recursos provenientes do SFH (CAIXA, 2012). Criado após o golpe de 1964,
6
Dados que ilustram este cenário: enquanto em 1940 o país possuía 68,8% de sua população residindo no
campo, em 1980 a mesma porcentagem já passava a residir na zona urbana (AZEVEDO & ANDRADE,
2011).
7
Quirino et al. (2015) citam o PAIH – Plano de ação imediata para habitação (1990), Habitar-Brasil, e o
Morar-Município como exemplos.
Quanto aos méritos do programa enquanto política habitacional, os autores que discutem o tema
apontam pontos positivos e negativos. Romagnoli (2012) enaltece o fato do aumento de recursos
voltados especificamente para uma política habitacional – principalmente por serem oriundos do
Orçamento Geral da União -, afirmando que isto “representa uma certa inovação e mudança de
um paradigma na produção habitacional do país, pois permite o início de uma nova trajetória para
a política habitacional, descolada da necessidade de auto-sustentação financeira”
(ROMAGNOLI, 2012, p.27). Entretanto, o autor pondera:
[...] “não há como permanecermos concebendo política habitacional como
simples construção de novas unidades, bem como, políticas de geração de
renda e trabalho. Utilizar a construção civil como remédio para a crise
econômica internacional é, certamente, válido, ainda mais se tratando de uma
situação emergencial. No entanto, o que não pode é ocorrer a sobreposição dos
objetivos econômicos aos habitacionais. É preciso pensar nas cidades que o
Programa está viabilizando, assim como a qualidade de vida que essas pessoas
terão” (ROMAGNOLI, 2012, p.27).
8
Nas palavras de Cardoso (2013): “Em 2008, o mundo submergiu em uma profunda crise econômica que
teve início nos Estados Unidos a partir dos problemas sistêmicos financeiros provocados pela crise dos
mercados secundários de títulos lastreados em hipotecas, envolvendo os chamados subprimes. A crise do
subprime contaminou todo o mercado financeiro provocando um “efeito cascata”, afetando todo o setor
financeiro globalizado e também, por decorrência, toda a economia capitalista, dependente das finanças
globais” (CARDOSO, 2013, p.35).
3. O PMCMV EM SANTARÉM-PA
O município de Santarém, localizado na região Oeste do Pará, possui uma estimativa de 294.774
habitantes de acordo com o Censo Demográfico de 2010 (IBGE, 2010). Dados do Plano
Municipal de Habitação e Interesse Social informam que em 2010, o déficit habitacional no
município correspondia a 28 mil famílias sem casa própria, dados que justificaram a sua inclusão
no PMCMV (SANTARÉM, 2010).
A execução do programa deu origem ao Residencial Salvação, conjunto habitacional que foi
entregue no dia cinco de maio de 2016 aos munícipes Santarenos pela então presidente Dilma
Rousseff, em um evento de entrega simultânea de 6.587 unidades que teve transmissão ao vivo
para os outros quatro municípios 9 que foram contemplados pelo programa no mesmo dia. É
constituído por 3.081 unidades habitacionais, cujo valor de contratação totalizou R$ 161.911.788
milhões de reais.
As casas do Residencial Salvação são compostas por dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área
de serviço, possuem 42m² de área privativa e são avaliadas em R$ 52,5 mil reais (ALVES, 2016).
As entrevistas que subsidiam este estudo de caso foram realizadas em visitas in loco no
Residencial Salvação, com moradores escolhidos de forma randômica, observando critérios de
oportunidade e conveniência. Em todas as abordagens, a pergunta inicial procurou verificar se o
imóvel que adquiriram através do programa atendeu as expectativas que possuíam, onde a maioria
afirmou que de forma geral sim, apesar de demonstrarem em suas falas certo descontentamento
devido ao fato do residencial ter sido entregue sem arborização e equipamentos urbanos
implantados.
Em relação à acomodação das famílias nas casas, as respostas se adequam de acordo com o
número de pessoas em cada família. Ao passo que as famílias com até três pessoas afirmam que
o tamanho da casa é suficiente, as famílias com mais integrantes sofrem com a falta de espaço,
situação ilustrada na fala da moradora Horleani Ferreira Pinto, cuja família é composta por sete
pessoas: “A gente dá um jeito. Não é o suficiente né, mas tá dando de a gente viver. Tá melhor
do que antes”.
Quanto à espaços de lazer, foi confirmado pelos moradores que até o momento o residencial não
possui nenhum, mas esta é visualizada como uma situação momentânea, tendo em vista que está
sendo construído um Centro de Iniciação ao Esporte dentro do residencial, previsto para ser
entregue em novembro de 2017.
Elogiados por unanimidade dos entrevistados, os serviços de coleta de lixo e abastecimento de
água são considerados eficazes, nunca tendo apresentado graves problemas desde a entrega das
casas. A coleta de lixo é feita três dias por semana, no período da manhã, assim como ocorre em
boa parte do município.
9
Uberaba (MG), Camaçari (BA), Campos dos Goytacazes (RJ) e Itapipoca (CE).
“(...) no começo era muita violência. Agora tá mais calmo. Eles arrombavam
casa, quebravam casa, venda de droga tava insuportável aqui na frente, aqui
atrás, agora tá mais calmo mesmo (SANTOS, 2017) ”.
4. CONCLUSÕES
Com a volta da questão habitacional à agenda do Governo Federal, principalmente a partir de
políticas públicas como o PMCMV, o problema de déficit habitacional do Brasil pôde ser
amenizado, trazendo benefícios à população de baixa renda, notoriamente os principais atingidos
pela falta de casa própria.
Nesse sentido, a partir dos relatos dos beneficiários do programa em Santarém pôde-se constatar
que apesar de fornecer com eficácia serviços como saneamento básico e mobilidade urbana, o
Residencial Salvação ainda deixa a desejar em áreas prioritárias como saúde e educação, situação
que pode (e deve) ser revertida a partir de formulação de políticas públicas por parte do Poder
Público do município. Outra constatação que merece destaque é o fato dos entrevistados
demostrarem em suas falas contentamento por hoje poderem traçar perspectivas de melhoria de
vida por terem alcançado o sonho da casa própria, livrando-se do fantasma do aluguel, que outrora
os perseguia. Portanto, ao avaliar o programa e sua execução em Santarém, o público alvo do
PMCMV demonstra satisfação em ter um lar para chamar de seu, e ao mesmo tempo certo
descontentamento pela falta de equipamentos urbanos no Residencial que a curto e a longo prazo
são imprescindíveis para que tenham uma maior qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
ALVES, AUGUSTO. Dilma entrega mais de 3 mil casas no ‘Residencial Salvação’ em
Santarém (2016). Disponível em: <http://augustoalves.com/dilma-entrega-mais-de-3-mil-
casas-no-residencial-salvacao-em-santarem/> Acesso em: 05/08/17
AMORE, Caio Santo; SHIMBO, Lúcia Zanin; RUFINO, Maria Beatriz Cruz. Minha Casa... e
a cidade? Avaliação do programa minha casa minha vida em seis estados brasileiros. 1.
Ed. – Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015.
AZEVEDO, Sérgio de; ANDRADE, Luís Aureliano Gama de. Introdução. In: Habitação e
poder: da Fundação da Casa Popular ao Banco Nacional Habitação [online]. Rio de Janeiro:
Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2011.
BALBINO, Michelle Lucas Cardoso. Programa Minha Casa Minha Vida e a colisão entre
direitos fundamentais. In: Revista Brasileira de Políticas Públicas, v.3, n.1, p. 51-76, jan/jun.
2013.
BONDUKI, Nabil. Política habitacional e inclusão social no Brasil: revisão histórica e novas
perspectivas no governo Lula. Revista eletrônica de Arquitetura e Urbanismo, v. 1, n. 1, p.
70-104, 2008.
BOTEGA, Leonardo da Rocha. A Política Habitacional no Brasil (1930-1990). Revela (Praia
Grande), V. Ano Ⅱ, 2008.
BRASIL. Lei n. 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha
Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas.
Diário Oficial da União, Brasília, 7 jul. 2009.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 1º balanço do PAC (2015)
TECNOLOGIA
RESUMO
A construção de habitação, principalmente a popular com novos materiais, com qualidade, baixo custo
e sustentabilidade é obrigação do setor tecnológico. Este projeto vem ao encontro da preocupação com
a correta destinação dos resíduos, a responsabilidade social e o respeito ao meio ambiente, em um
momento no qual as áreas de transbordo e triagem (ATT) de Mato Grosso não têm atendido
adequadamente as necessidades das indústrias de nosso estado. Sendo assim, este projeto visa à
utilização de resíduo de borracha (pneus) gerado por uma indústria de Cuiabá – MT, na fabricação de
artefatos de cimento (Tijolos e Blocos), como agregados juntamente com Resíduos da Construção
Civil (RCC). Os referidos artefatos destinados à alvenaria de vedação, foram produzidos a partir de
traços de concreto com resíduo de pneus e resíduos da construção civil, além de um traço sem resíduo
(concreto referência). Para avaliação tecnológica dos blocos serão confeccionados corpos de prova
cilíndricos e blocos de concreto 14 cm x 19 cm x 29 cm, os quais serão testados quanto a resistência à
compressão simples, absorção, retração e densidade, em conformidade com as normas técnicas
vigentes.
Palavras-chave: Bloco de Concreto, Resíduo de Pneu, Resíduo da Construção Civil.
1
Doutora em Engenharia de Materiais, Professora interina, Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Octayde
Jorge da Silva, Rua: Professora Zulmira Canavarros, 95, Centro, Bloco C, Sala dos Coordenadores, CEP 78.060-
900, Cuiabá-MT, E-mail: juzelia.costa@cba.ifmt.edu.br
2
Curso de Tecnologia em Controle de Obra, Bolsista de Iniciação Cientifica, Instituto Federal de Mato Grosso,
Rua: Professora Zulmira Canavarros, 95, Centro, CEP 78005-200, Cuiabá-MT, E-mail: maranepo76@gmail.com
3
Curso de Tecnologia em Controle de Obra, Bolsista de Iniciação Cientifica, Instituto Federal de Mato Grosso,
Rua: Professora Zulmira Canavarros, 95, Centro, CEP 78.005-200, Cuiabá-MT, E-mail: murilobbre@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
A pré-fabricação e a reciclagem são frutos de um grande esforço dos profissionais da construção civil
que, aliada ao desenvolvimento humano, contribui para a melhoria das condições de trabalho e, até
mesmo, de vida da população. Com o emprego dos produtos de reciclagem na construção civil, houve
uma racionalização significativa desse setor no Brasil, resultando em economia aliada ao aumento da
produtividade e qualidade no segmento.
Resíduo é o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da varrição pública. Quanto à origem os
resíduos industriais são originados nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o
metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc. O lixo industrial
é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos,
plásticos, papel, madeira, fibras, borracha (pneus), metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria,
inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu
potencial de envenenamento. O projeto visa à utilização dos resíduos gerados na indústria da
construção civil e resíduo de pneus gerado na indústria de Pneus na forma de agregado artificial para
utilização em artefato de cimento (tijolos e blocos), em substituição ao agregado natural. A indústria
de Reconstrução de Pneus - Drebor (Tecnologia em Reciclagem) fornecerá a matéria prima. Essa
indústria é a única do segmento de reciclagem de pneus no Brasil com certificado de patente
acreditada e reconhecida pelo INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Localizada na
avenida V, 502-A, Distrito Industrial, CEP 78098-480, Cuiabá - MT, Brasil.
Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e normas específicas. Pode-se
citar a Constituição Brasileira em seu Artigo 225, que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei
6.938/81, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as
diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição; as resoluções do
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 307/2002 e 448/2012, que dispõem
respectivamente sobre resíduo da construção civil e, além disso, a questão é amplamente tratada nos
Capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21 (Rio-92).
Em síntese, o governo Federal, através do Ministério do Meio Ambiente – MMA e Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA está desenvolvendo projeto para
caracterizar os resíduos industriais através de um inventário nacional, para traçar e desenvolver uma
política de atuação, visando reduzir a produção e destinação inadequada de resíduos perigosos. Com a
aprovação da Lei de Crimes Ambientais, no início de 1998, a qual estabelece pesadas sanções para os
responsáveis pela disposição inadequada de resíduos, as empresas que prestam serviços na área de
reciclagem de resíduos sentiram certo aquecimento do mercado –houve empresa que teve aumento de
20% na demanda por serviços logo após a promulgação da lei – mas tal movimento foi de certa forma
arrefecido com a emissão da Medida Provisória que ampliou o prazo, para que as empresas se
adequem à nova legislação.
Com relação à destinação ambiental de pneus inservíveis no território brasileiro, adotou-se a
Resolução nº 258 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), de 26 de agosto de 1999, em
vigor desde 2002. A Resolução nº 258 obriga produtores de pneus novos e importadores de
pneumáticos a lhes darem uma destinação ambientalmente adequada (BRASIL, 1999). E em 21 de
março de 2003, a Resolução CONAMA nº 301 emendou a Resolução nº 258, para estender a
obrigação de oferecer destinação ambientalmente adequada também aos pneus remoldados importados
(BRASIL, 2003). Diante do exposto esse trabalho vem contribuir de forma sustentável com a política
do estado de Mato Grosso que está colocando em prática o que Institui o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (Lei Nº 4.949, de 05 de janeiro de 2007), de acordo
com que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras providências (Lei Nº 12.305,
de 02 de agosto de 2010).
2. OBJETIVO
• Contribuir com indústria local oferecendo de destinação correta do resíduo da indústria de pneus
de forma sustentável.
3. JUSTIFICATIVA
Os resíduos da construção civil (RCC), também denominado de resíduos da construção e demolição
(RCC) ou simplesmente “entulho”, são oriundos dos serviços de infraestrutura urbana, tais como:
execução de novas obras, serviços de terraplanagem, demolições e reformas de construções existentes
(JÚNIOR, 2007). O gerenciamento deficiente do RCC implica diretamente no impacto ambiental.
O descarte descontrolado, e muitas vezes clandestino desse material de indústria na malha urbana,
acarreta a degradação de áreas e vias pública, bem como a rápida saturação dos aterros de materiais
inertes, e pode vir a se constituir em sério problema econômico e ambiental ainda não plenamente
avaliado. Rios e córregos são assoreados, bueiros e galerias entupidos, e consequentemente enchentes,
tornando os ambientes propícios para proliferação de ratos, insetos e outros animais transmissores de
doenças (COSTA, 2006).
A reciclagem surge como uma forma racional para combater o problema do descarte de material
gerado na indústria, tornando-o novamente utilizável no setor da construção civil, onde há grande
potencialidade de absorção desses resíduos. A reciclagem pode ser entendida como sendo a “arte” de
se reaproveitar produtos ou materiais que resultaram de algum processo produtivo, tornando-os
novamente úteis, podendo-se manter ou não as mesmas características do material de origem.
Portanto, a reciclagem devolve a condição de matéria-prima (COSTA, 2006).
4. REFERENCIAL TEÓRICO
De acordo com as normativas dessa resolução, a produção dos artefatos de cimento (tijolo) o
reaproveita os resíduos de cerâmica vermelha e resíduo de tinta respectivamente classificados como A
e D.
As normativas referentes a resíduos da construção em vigor são:
• NBR 15112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo
e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
• NBR 15113:2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros –
Diretrizes para projeto, implantação e operação.
• NBR 15114:2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Diretrizes civil – Áreas de
reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
• NBR 15115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução
de camadas de pavimentação – Procedimentos.
• NBR 15116:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização
em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
5. MATERIAIS E METODOLOGIA
5.1.1. O cimento
O cimento utilizado para a fabricação dos tijolos foi o cimento CP II-F 32, sendo a embalagem 50 kg.
5.1.2. Os agregados
Resíduo da construção civil. O resíduo da construção civil para produção do agregado miúdo
utilizado será o proveniente de descarte e das obras da cidade de Cuiabá e das obras e laboratório do
IFMT. O agregado reciclado será produzido através de britagem em britador de mandíbula e moinho
de bolas sendo separado através de peneiramento. O agregado miúdo utilizado foi a areia natural, do
rio Cuiabá - MT. Os ensaios visando a caracterização dos agregados serão realizados em
conformidade com as normas da ABNT: NBRNM 248 (2003); NBRNM 46 (2003); NBRNM 52
(2009); NBRNM 30 (2001); NBRNM 49 (2001).
O agregado graúdo natural utilizado foi pedrisco procedente da empresa Caieira e Mineradora Nossa
Senhora da Guia Ltda. Localizada a 30 km da cidade de Cuiabá, na R. São Benedito, 33- Ns. da Guia
– MT, a empresa trabalha com extração e britagem de pedras e outros materiais para a construção. A
sua caracterização foi feita de acordo com as prescrições das normas: NBRNM 248 (2003); NBRNM
45 (2006); NBRNM 53 (2009); NBR NM30 (2001); NBR 7218 (2010).
Borrachas de pneu. A borracha raspada que foi utilizada na confecção dos blocos foi fornecida pela
indústria de Reconstrução de Pneus – Drebor, primeiramente, fio realizado um estudo preliminar com
o intuito de analisar das características da raspa de pneu para se avaliar como melhor utilizar ele na
composição dos blocos.
Avaliação será de acordo com a NBR 6136, da ABNT (2014) e NBR 12118, da ABNT (2014).
5.2. Metodologia
A metodologia inicial consistiu em separar peça de concreto recolhida nas dependências do Instituto
Federal de Mato Grosso. As peças foram britadas no britador de mandíbula. No processo de britagem
a granulométrica para os agregados serão graúdos (pedra) e miúdos (areia).
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1. Cimento
As principais características analisadas em laboratório e os valores estão apresentados na Tabela 1.
Pela Figura 1 e Figura 2 observa-se a curva granulométrica, e nas Figuras 3, 4 e 5 pode-se observar o
aspecto do agregado de resíduo da construção civil e da borracha raspada.
% RETIDA ACUMULADA
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0.15 0.3 0.6 1.2 2.4 4.8 6.3 9.5
ABERTURA DAS PENEIRAS (mm)
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0.15 0.3 0.6 1.2 2.4 4.8 6.3 9.5
ABERTURA DAS PENEIRAS (mm)
Figura 2 – Curva granulométrica do agregado miúdo reciclado de resíduo da construção civil (RCC).
RCC- Diâmetro Máximo Característico = 2,4mm
RCC - Módulo de Finura = 2,95 (NBR 7211)
Classificação Granulométrica = Areia Media
Os resultados das propriedades físicas realizadas no estado endurecido dos blocos de concreto para
vedação com resíduo da construção civil seguem na Tabela 3.
Tabela 3 - Propriedades físicas avaliada, através da NBR 9778/2009 e NBR 9779/2012.
9. FOTO DO PRODUTO
Foto dos blocos de concreto para vedação com resíduo da construção civil e cimento Portland, a seguir
Figura 6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
O aumento significativo da produção de resíduos de construção civil (RCC) nos últimos anos e a não
destinação adequada do material tem ocasionado muitos impactos ambientais negativos no país. Em
Sinop – MT este crescimento da produção de resíduos não foi diferente das outras regiões,
ocasionando significativos prejuízos no ambiente para a população. O conhecimento da produção de
resíduos de uma cidade ou estado facilitam a implantação de modelos de gestão eficientes que trazem
benefícios para o crescimento e desenvolvimento econômico, social e ambiental dos mesmos. Para
tanto é essencial que se conheçam as características do RCC a ser tratado, pois cada região tem um
modelo a ser aplicado em suas construções, fazendo assim com que haja diferença nos resultados
encontrados do material produzido. Neste contexto o presente trabalho teve como objetivo caracterizar
gravimétricamente os resíduos da construção civil de Sinop – MT. Para isso utilizou-se como método
a coleta em 5 pontos do local de despejo dos RCC de Sinop. Foram coletados 307,76 Kg de amostras e
posteriormente foram levados ao laboratório, separados, pesados e secos em estufa para a
caracterização. Posteriormente a análise dos resíduos obteve-se que predominantemente os resíduos
eram da classe A de acordo com a resolução CONAMA nº 307/2002, sendo representados por 95% do
total. A classe B com 4% e a C com apenas 1%. Tais valores encontrados demonstram que grande
parte dos resíduos produzidos podem ser reutilizados ou reciclados como agregados, reduzindo o
impacto ambiental e a necessidade de espaço para a destinação desses rejeitos.
1
Curso de Engenharia Civil, acadêmica, Avenida dos Ingás, 3001, CEP 78550000, E-mail:
brunadefreitasalves@gmail.com.
2
Curso de Engenharia Civil, Professora Mestra, da Faculdade de Ciências Exatas Tecnológicas, Universidade do
Estado de Mato Grosso, campus de Sinop, Avenida dos Ingás, 3001, CEP 78550000, E-mail:
karen.straub@unemat.br
3
Curso de Engenharia Civil, acadêmica, Avenida dos Ingás, 3001, CEP 78550000, E-mail:
raquel_talita@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
O setor da construção civil passou um período de bastante desenvolvimento no país, tal crescimento
está relacionado à busca das pessoas por novas moradias (DANTAS, 2011). O crescimento acelerado
provoca também o aumento na produção de resíduos, principalmente resíduos da construção civil.
Com aumento da população urbana há consequentemente um aumento na produção de resíduos, deste
modo segundo Pinto (1999), a remoção desses entulhos colocados irregularmente nas áreas de lixões
das cidades provoca prejuízos sociais causados pelas enchentes e danos ao meio ambiente,
representam custos elevados para o poder público e a sociedade, apontando a necessidade do
estabelecimento de novos métodos para a gestão pública de resíduos da construção civil (RCC).
Dentre os resíduos que mais causam o impacto no ambiente podemos citar os RCC que são os
derivados de reparos, reformas, construções e demolições de obras da construção civil. A geração de
entulhos pode ser além de uma consequência das obras de construções, também de preparações e
escavação de terrenos.
Os RCC quando feito o descarte inadequado além de trazer prejuízos para população com relação à
utilização do dinheiro público para a coleta e descarte desse entulho produzido e abandonado de forma
irregular, causa diversos impactos ambientais.
Segundo Pinto (1999) o Brasil tem uma produção média anual de RCC de 500 kg/hab e de acordo com
o IBGE (2014) apud ABRECON (2014/2015), o país possuía em 2014 um total de 202.033.670 de
habitantes, com a densidade do RCC de 1200 kg/m³, portanto calcula-se que a geração anual de RCC
seja de 84.180.696 m³.
Ainda que deva haver uma redução na geração de resíduos, ela é restrita, pois inclui custos e grau de
desenvolvimento tecnológico. Devido ao fato de nestes resíduos encontrarem-se impurezas na matéria-
prima é anulada a possibilidade de zerar o número total de resíduos (SOUZA et al., 2012; JHON,
2000).
Em busca da redução dos resíduos e para que haja sucesso no descarte e reutilização de todo esse
material, é necessário que exista uma política de conscientização e de treinamento dos operários desta
atividade a fim de que aconteça um menor desperdício de material e maior reaproveitamento do
mesmo. Neste contexto Dell´Isola (2007) afirmou que as empresas devem elaborar, através de práticas
viáveis, a diminuição no consumo de recursos naturais e geração de resíduos, realizando assim a
gestão ambiental.
A realidade da cidade de Sinop também não é diferente, ela passa por uma fase de crescimento e
desenvolvimento. Com isso, é constante o aumento de construções e reformas de novas edificações.
Com o avanço da cidade, há produção de resíduos domésticos e industriais, acarretando na sobrecarga
do serviço público de coleta de resíduos (CÂNDIDO, 2013).
O município em estudo não possui um sistema de gerenciamento de resíduos implantado pela
prefeitura e nem dados atuais que demonstrem sua quantificação. Desta forma vê-se que a gestão
adequada faz com que haja menor desperdício e maior aproveitamento de material. Portanto para que
possa haver uma gestão adequada é necessário que se conheça o material que está sendo produzido.
Para que haja sucesso no descarte do RCC, depende-se de como o mesmo será empregado. Um dos
destinos são as usinas de RCC que atuam para a transformação desse material em agregados, muitas
vezes utilizados para o próprio beneficio da população e reduzindo custos em obras do poder público.
De maneira geral, as formas de reciclagem dos resíduos tentam utilizar o conceito de desenvolvimento
sustentável, que é um processo dependente da mudança na exploração de recursos. Porém, tais
transformações são complexas de serem realizadas, pois envolvem mudanças culturais, que muitas
vezes estão sólidas dentro de uma comunidade (BRANDON, 1998; ÂNGULO, 2000; JOHN, 2000;
ZWAN, 1997).
Para que esses sistemas de gestão possam ser empregados, é importante conhecer os resíduos
produzidos, para isso, este trabalho teve por objetivo analisar e caracterizar os resíduos da construção
civil produzidos na cidade de Sinop - MT, de acordo com a resolução 307 da (CONAMA) 2002.
Caracterizando por meio de amostras o volume de RCC depositado regularmente.
2 RESÍDUOS
Resíduos é tudo que, de forma indesejada, foi gerado na produção ou consumo de bens. Ninguém quer
gerar resíduos. Mas, na realidade, a quantidade de resíduos sólidos gerada pela sociedade industrial é
muito maior que a quantidade de produtos consumidos: todos os bens que consumimos ao final da sua
vida útil serão resíduos; todo e qualquer processo de mineração, extração ou industrial gera resíduos
(MORELLI e RIBEIRO, 2009).
Existente em todas as fases das atividades humanas, desde simples restos de animais mortos até
baterias de celulares de última geração, os resíduos, em termos tanto de composição como de volume
mudam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção. As principais preocupações
estão nas decorrências que estes podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente, como solo,
água, ar e paisagens (MORELLI e RIBEIRO 2009).
Segundo ABNT NBR 10.004 (2004) os resíduos sólidos são classificados conforme seus riscos à
saúde pública e ao meio. Os resíduos devem ser considerados sólido e semissólido que decorrem de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviço e de varrição. A sua
classificação é dada como: resíduos classe I – Perigosos e resíduos classe II não perigosos.
Os resíduos são gerados em grandes quantidades, como as leis não punem exemplarmente os
geradores que não os gerenciam corretamente, tornam-se numa das grandes adversidades da sociedade
moderna. Logo, devem ser tomadas providências que transformem esses resíduos em recursos
reutilizáveis (MORELLI e RIBEIRO, 2009).
Na década de 90, as preocupações com as questões ambientais deram inicio um maior cuidado com
relação à natureza e ao ambiente. Com isso, boa parte da indústria começou a tomar iniciativas para
que os danos causados pela operação das mesmas fosse o mínimo possível, através de uma maior
sustentabilidade e reciclagem de produtos. Grande parte desse problema está relacionado à construção
civil e a geração de resíduos.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Espaciais (ABRELPE,
2014), a geração de lixo no Brasil aumentou 29% de 2003 a 2014, equivale a cinco vezes a taxa de
crescimento populacional no período, que foi 6%. No entanto, a quantidade de resíduos com a
destinação adequada, não acompanhou o crescimento da geração de lixo. Em 2015, só 58,4% do total
foram direcionados a aterros sanitários.
2.1 Resíduos da construção e demolição
Os RCC ocupam grande volume para disposição final. Segundo o censo de saneamento (IBGE, 2000),
13% das cidades brasileiras pesquisadas possuem aterros sanitários, 7% possuem aterros especiais e
que, apenas, 5% possuem usinas de reciclagem. Assim deve-se propor e implementar métodos de
tratamento de resíduos. Seguindo essa linha, o setor da construção civil juntamente aos órgãos
públicos responsáveis têm buscado soluções para a redução de impactos causados pelos resíduos
durante e ao final das obras. Muitas construtoras têm criado um Sistema de Gestão de Resíduos
eficiente a fim de obter grau de excelência na qualidade e sustentabilidade em suas obras de
edificações.
De acordo com o Conselho Internacional de Construção (CIB), a indústria da construção é um dos
setores que mais geram resíduos no mundo. Os resíduos de construção civil são os originários de
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil (CONAMA, 2002). Estima-
se que o setor da construção civil seja responsável por cerca de 40% dos resíduos gerados na economia
(ARAUJO, 2002).
Na maioria das vezes, a destinação final destes resíduos é feita de maneira incorreta gerando uma série
de problemas ambientais e sociais. Para ajudar a solucionar essa situação no Brasil, o CONAMA
criou a Resolução nº 307, publicada em 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para
a gestão dos resíduos da construção civil. Em todo o mundo, o setor da construção civil se destaca
como o maior consumidor de recursos naturais e o maior gerador de resíduos (entulhos).
Segundo resolução número 307 CONAMA 2002, os RCC podem ser divididos em quatro classes
distintas, A, B,C e D, cada uma com definições, origem, destinação e tecnologias específicas conforme
verifica-se na Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação e destinação dos RCC
Classe Definição e Destinação
A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados (concreto, alvenaria);
B Resíduos recicláveis para outras destinações (papel, plástico);
C Reciclagem sem tecnologia desenvolvida ou economicamente inviável (gesso);
D Resíduos perigosos oriundos do processo de construção (tintas, solventes).
Fonte: Autoras (2017)
Não sendo possível deixar de gerar resíduos, será necessária a correta manipulação dos mesmos. Os
métodos adequados são definidos no gerenciamento de RCC que devem passar pela caracterização,
triagem, acondicionamento, transporte, destinação (PONCHIO, 2016).
Com as ações de sustentabilidade ambiental, na gestão dos resíduos, constroem-se por meio de
modelos e sistemas integrados que possibilitam a redução dos resíduos gerados pela população, com a
implantação de programas que permitem também a reutilização desse material e, por fim, a
reciclagem, para que possam servir de matéria-prima para a indústria, diminuindo o desperdício e
gerando renda (GALBIATI, 2005).
A proporção da geração de resíduos e o alcance dos impactos por eles gerados nas áreas urbanas
apontam para a necessidade de ruptura com a ineficácia da Gestão Corretiva. A gestão dos espaços
urbanos em municípios de médio e grande porte não mais comporta interferências continuamente
emergenciais e coadjuvantes das reações de geradores e coletores à ausência de soluções (PINTO,
1999).
Entretanto, para a implantação de qualquer modelo de gestão é indispensável que se conheçam as
características do tema a ser tratado, uma vez que a simples importação de modelos aplicados com
sucesso em outras cidades podem não obter bons resultados em outras localidades, tendo em vista as
particularidades regionais e os processos construtivos adotados. Há a necessidade desde uma análise
da situação ambiental dos RCC na área a ser implantado o modelo quanto o conhecimento das
características de geração dos resíduos gerados na região (CARNEIRO 2005).
A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) contém instrumentos
importantes para permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas
ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
A PNRS prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de
hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da
reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos. Institui a responsabilidade compartilhada dos
geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão.
Com o aumento populacional e de produção de resíduos da construção civil nos últimos anos, tem
feito com que muitas pesquisas sejam realizadas, com o objetivo de caracterizar, quantificar e dar
destinações alternativas para esses resíduos.
Pinto (1999) estudou sobre perda e desperdício de materiais na construção civil e geração de resíduos
nas áreas urbanas, obtendo como resultado que é inegável que os RCC são de baixo risco, mas o que
as informações analisadas confirmam é que seu impacto se dá muito mais pelo grande volume gerado
e não pela periculosidade dos resíduos.
Com o estudo levantado por Scremin et al. (2012) sobre a quantificação e classificação dos resíduos
procedentes da construção civil e demolição no município de Pelotas, RS, percebe-se a necessidade de
implantação de um plano de gerenciamento dos RCC no município, pois o RCC representa 66,24% do
RSU gerado no município, e a taxa de geração per capita é de 1,23 kg/hab.dia. Dos 315,08 m³ de RCC
coletados diariamente, 22,32% são destinados ao aterro municipal, e o restante é comercializado com
material para aterro ou depositado irregularmente no meio ambiente.
Segundo ABRELPRE (2014) a maior parte dos municípios registra e divulga apenas os dados da
coleta de RCC executada pelo serviço público, o que comumente restringe-se a recolher os resíduos
desta natureza lançados em logradouros públicos, uma vez que a responsabilidade da coleta e
destinação final destes resíduos é de seu gerador.
Cândido (2013) estudou a viabilidade técnica da implantação de uma usina de reciclagem de RCC em
Sinop-MT, concluindo que o projeto é tecnicamente viável, a implantação de uma usina de reciclagem
em Sinop, traria um grande avanço em processos de reaproveitamento, pois a cidade apresenta a
capacidade produtiva e um custo dentro dos praticados no Brasil, além de trazer mais empregos, mais
renda, mais inclusão social, menos custos econômicos e ambientais e ainda, fazendo assim uma
contribuição para a preservação do meio ambiente.
Nota-se a importância da caracterização dos RCC continuamente, para permitir a reutilização dos
mesmos como agregados ou reciclando e dando outras destinações.
Figura 1 – Mapa do Estado de Mato Grosso com a localização de Sinop. (Adaptado Google Maps, 2017)
O RCC recolhido na cidade de Sinop, atualmente, é depositado em uma área localizada na estrada
Adalgisa, como pode ser observado na Figura 2.
2009 2012
2013 2017
De acordo com a Figura 3 é possível visualizar a evolução que o aterro teve com o passar dos anos.
Uma das mudanças perceptíveis é a redução da área utilizada pelo aterro, tal redução aconteceu devido
a interrupção de utilização do mesmo, neste período os descartes dos resíduos aconteciam em outro
local do município, atualmente o aterro foi reativado e área começa a ser modificada novamente.
Para a coleta das amostras foi utilizada uma padiola com dimensões 74x47x25 (cm) com o volume de
86950 cm³, com o intuito de padronizar o volume das amostras. A padiola foi construída com
materiais reciclados retirados do aterro.
A coleta foi feita de forma manual onde era colocada a padiola e demarcado uma região na qual todo o
resíduo era coletado, para que não houvesse nenhum tipo de tendência de escolha de resíduos. Foram
utilizados para a coleta os equipamentos de proteção individual (EPIs), coturno, luvas e máscara, como
são possíveis observar na Figura 5.
Nesses pontos selecionados foram feitas 10 coletas, sendo duas coletas em cada ponto e coletas pelo
período de 2 semana e todos os dias da semana foram contemplados. As amostras somaram o peso
total de 307,76 Kg de resíduos de construção civil. As coletas foram feitas em dias alternados, entre os
meses de abril e maio, para garantir a representatividade dos dados.
A separação dos resíduos realizada de forma manual. Após a sua separação realizou-se a pesagem e
secagem do material utilizando a estufa.
Foram colocados em recipientes separados cada material coletado a modo que obtivesse seu peso antes
e depois da secagem na estufa, assim adquirindo o teor de umidade de cada material coletado.
Cada amostra foi retirada, pesada e colocada por 1 hora na estufa a 100°C e pesado novamente, após
esse período a amostra era retirada e pesada novamente, senão houvesse diferença entre a primeira e
pesagem e a segunda retirava-se o material da estufa, se houvesse diferença retornava a mesma por
mais 1 hora para a estufa e assim sucessivamente, até que a amostra mantivesse constante seu peso.
Para a secagem do material se utilizou da estufa da marca Marconi, modelo MA033, no tamanho
60X50X50 cm.
A balança utilizada para a pesagem é da marca Líder, modelo LD1050, com precisão de 0,01 Kg.
4. CARACTERIZAÇÃO DO RCC.
Os resultados obtidos no ensaio de caracterização gravimétrica podem ser analisados na Tabela 2,
onde mostra a data, os pontos em que foram coletadas as amostras e o peso úmido e seco coletados por
dia:
Tabela 2: Peso úmido e seco diário dos materiais coletados
Data Local Total peso úmido Total peso seco
(kg) (kg)
25/04/2017 P1 36,276 32,82
26/04/2017 P1 43,48 41,58
27/04/2017 P2 32,55 29,35
02/05/2017 P2 36,53 35,31
03/05/2017 P3 32,224 29,21
04/05/2017 P3 34,33 31,26
09/05/2017 P4 25,87 24,06
10/05/2017 P4 36,78 33,61
25/05/2017 P5 19,92 18,91
26/05/2017 P5 34,91 31,95
Fonte: Autoras (2017)
Após a obtenção do peso úmido e seco, pode ser obtido o teor de umidade de cada material. Para
calcular o teor de umidade, foi utilizada a fórmula abaixo:
(Equação 1)
As amostras coletadas foram separadas e caracterizadas por material, conforme observado na Tabela 3.
Tabela 3: Peso úmido e seco de cada material coletado.
Como mostra a Tabela 3 os resíduos coletados foram separados e pesados em natura e posterior a
secagem, obtendo assim, o teor de umidade presente nos mesmos. Tal processo possibilita que a
caracterização dos resíduos leve em conta apenas o peso do material.
Figura 7 representa todo o material apresentado na Tabela 3 separado por classes, A,B,C e D. A
classificação e a destinação de cada classe pode ser vista na Tabela 1.
Nessa classe estão representados os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. Pesquisas
mostram que há a aplicabilidade de tais resíduos, principalmente como agregados, para produção de
concreto sem função estrutural, blocos de concreto (CARNEIRO, 2005; PONCHIO 2016).
Para a classe C, que são os resíduos com reciclagem sem tecnologia desenvolvida ou economicamente
inviável, 100% é gesso, 1,83 Kg.
Nas amostras coletadas não foram identificados nenhum resíduo pertencente a classe D, que são
perigosos oriundos do processo de construção como tintas e solventes.
Apesar de a pesquisa ter sido realizada de forma pontual e com um número de amostras reduzidas foi
possível identificar os tipos de resíduos frequentemente descartados, deste modo a mesma forneceu
informações que são extremamente importantes para o processo de implementação de um sistema de
gestão de RCC no município estudado.
4. CONCLUSÃO
Com essa pesquisa pôde ser determinado, através da caracterização gravimétrica dos resíduos da
construção civil do município de Sinop – MT, o percentual de cada material e cada classe analisados,
indicando o grande potencial de reciclabilidade dos resíduos produzidos.
A realização de tal pesquisa trás consigo a facilitação da implantação de qualquer modelo de gestão, já
que é indispensável que se conheçam as características do RCC a ser tratado, uma vez que a simples
importação de modelos aplicados com sucesso em outras cidades podem não obter bons resultados em
outras localidades, tendo em vista que cada região tem diferentes processos construtivos adotados.
Com a analise dos dados obteve-se que do total de materiais coletados, predominantemente os
resíduos eram da classe A, sendo representados por 95% do total. A classe B com 4% e a C com
apenas 1%. Os materiais da classe A, de acordo com o CONAMA 307/2002, são reutilizáveis ou
reciclados como agregados.
Com os dados obtidos, nota-se que existe a necessidade de implantação de um plano de gerenciamento
dos RCC no município de Sinop – MT. Ressaltando que os resultados aqui apresentados podem ser
utilizados como referência para a implantação de um plano de gerenciamento pelas autoridades do
município, contribuindo, assim, para o atendimento da legislação e, consequentemente, para a
preservação do meio.
Por fim gostaríamos de agradecer a Universidade do Estado do Mato Grosso, pelo laboratório e pelo
transporte, e a prefeitura de Sinop que permitiu que a pesquisa fosse realizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Dos Resíduos Sólidos do Brasil em 2014. São Paulo – SP.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 10.004. Resíduos sólidos
classificação - elaboração. São Paulo, 2004.
BRANDON, P.S. Sustainability in management andorganisation: thekeyissues? In: Cib Building
Congress – Materials And Technologies For Sustainable Construction, Suíça 1988.
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.
CONAMA nº 307 de 5 de julho de 2002– Gestão dos Resíduos da
CÂNDIDO, E.S. Viabilidade técnica da implantação de uma usina de reciclagem de resíduos da
construção civil em Sinop-MT. Trabalho de conclusão de curso. Sinop, 2013.
CARNEIRO, F.P. Diagnóstico e ações da atual situação dos resíduos de construção e demolição na
cidade do Recife. Dissertação de pós-graduação. Paraíba, 2005.
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conama-307>
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Angicos (RN). Trabalho de conclusão de curso. Rio Grande do Norte, 2011.
DELL´ISOLA, J. A. P. Análise de sistemas de avaliação ambiental de construção de edificações
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geração, reutilização, reciclagem e disposição correta. Editora FUMEC/FEA. Belo Horizonte, 2007.
FONSECA, T. D. S.; RIBEIRO, L. U. Caracterização e quantificação dos resíduos da construção civil
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IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de dados geodésicos. Disponível em:
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cidade de Fortaleza (CE). Rio de Janeiro, 2013.
MESQUITA, A.S.G. Análise da geração de resíduos sólidos da construção civil em Teresina, Piauí.
Instituto Federal do Piauí. Piauí, 2012.
MORELLI, M.R.; RIBEIRO, D.V. Resíduos Sólidos. Problema ou oportunidade?. Editora
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PINTO, T.P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. São
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ZWAN, J.T. Application of waste materials – a success now, a success in the future. Estados Unidos,
1997.
RESUMO
O concreto é um dos materiais mais usados na construção civil em todo o mundo, tanto em pequenas
como nas grandes obras, utilizado em diferentes regiões com uma diversidade de temperatura, umidade
e topografia. Exigindo um maior controle do concreto, seja em relação a escolha da sua matéria-prima
ou no controle tecnológico durante sua preparação. Assim, sobre essas condicionantes encontramos na
bibliografia atual diversas pesquisas que buscam melhorar as propriedades do concreto, a fim de
proporcionar um aumento do seu desempenho. A hidratação da pasta de cimento nas primeiras idades é
imprescindível, justificando a técnica empregada que visa garantir e melhorar as propriedades do
material. Em projetos estruturais a resistência é um fator fundamental, pois expõe de modo geral a
qualidade do concreto a ser utilizado. Nesse sentido, esse trabalho tem como objetivo estudar a
influência na resistência do concreto pela utilização de pano molhado no seu cobrimento e do tempo
para o início do processo de desmoldagem e cura. Os moldes foram cobertos e mantidos com e sem a
utilização de pano molhado até a desmoldagem que ocorreu com tempo inferior e superior às 24 horas
prescritas na NBR 5738 e também às 24 horas, procurando reproduzir práticas recorrentes em obra. Os
ensaios de resistência à compressão foram realizados aos 3, 7 e 28 dias verificando a influência das
técnicas empregadas. Portanto, através dos resultados concluiu-se que tal método de cura e o desmolde
em tempo não superior a 24 horas influenciou positivamente na resistência do concreto e
consequentemente na sua qualidade.
1
Curso de Tecnologia em Construção de Edifícios, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso – Campus Cel Octayde Jorge da Silva, Rua Profa. Zulmira Canavarros, 95 - Centro, Cuiabá – MT,
CEP 78005-200, E-mail: gustavodartoratce@gmail.com.
2
Arquiteto e Urbanista. Professor Substituto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso, Campus Cel Octayde Jorge da Silva, Rua Profa. Zulmira Canavarros, 95 - Centro, Cuiabá - MT,
CEP 78005-200, E-mail: marcelramosarq@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
O concreto é um material amplamente utilizado na construção civil e o segundo material mais
consumido em todo o mundo perdendo apenas para a água. Estima-se que o seu consumo no mundo é
da ordem de 11 bilhões de toneladas métricas por ano (MEHTA & MONTEIRO, 2008).
Sua utilização vai desde as construções mais simples às mais complexas, como pontes, viadutos,
barragens e edifícios. Um dos fatores deste material ser amplamente utilizado na construção civil é a
grande disponibilidade de matéria-prima para sua confecção e por ser um material mais barato na
maioria dos casos. Os materiais que entram na constituição do concreto são abundantes em quase todas
as partes do globo terrestre, o que torna o concreto universalmente econômico. (ANDOLFATO, 2002)
Segundo Helene e Andrade (2010) o concreto de cimento Portland é o mais importante material
estrutural e de construção civil da atualidade. Nesse sentido, diversos estudos vêm sendo realizados
pela comunidade cientifica a fim de otimizar e racionalizar o uso desse versátil material de construção.
A etapa de produção requer a seleção e mistura de seus materiais constituintes em proporções adequadas
e que propiciem o desenvolvimento das características básicas do concreto, como a resistência e
durabilidade. Contudo, a qualidade do produto final não depende somente desse processo, mas também
dos processos subsequentes a ela como o transporte, lançamento, adensamento, desmoldagem e cura.
No presente trabalho, é abordado especificamente dois destes processos: a desmoldagem e a cura do
concreto.
Assim, a desmoldagem do concreto é uma etapa importante de preparação do concreto, para que o
mesmo possa adquirir as propriedades mecânicas desejadas no projeto estrutural e acontece no canteiro
de obra no momento em que são retiradas as fôrmas que sustentam a estrutura, dando a característica do
elemento pretendido, que pode ser pilar, viga e laje. Por isso esse processo requer muito controle durante
a sua execução, seja para garantir uma boa estética da peça de concreto ou para o desenvolvimento de
suas propriedades básicas, como a resistência, durabilidade, impermeabilidade entre outras.
Para a verificação da qualidade do concreto empregado em obra, o procedimento padrão é a moldagem
de corpos de prova que devem ser testados posteriormente em laboratório. Os mesmos seguem norma
específica que determina todos os métodos e procedimentos a serem adotados. Um fator importante e
que deve ser levado em consideração no momento de desmoldagem é o tempo para início desse processo.
Segundo a NBR 5738 (2015) os corpos de prova a serem ensaiados a partir de um dia de idade devem
ser desmoldados 24 h após o momento de moldagem, no caso de corpos de prova cilíndricos.
Porém, em casos especiais os corpos de prova podem ser desmoldados em idades mais recentes. De toda
forma as amostras devem permanecer nos moldes por pelo menos 12 h e devem ser recobertos com
panos molhados em condições que não permitam a perda de água (LEAL e VALIN JR, 2016).
Para Parker e Sharp, (1982 apud OLIVEIRA et al., 2006) o tempo de desmoldagem pode ser reduzido
uma vez que o processo de hidratação do cimento é acelerado. Portanto, a desmoldagem pode ser
entendida como um processo que está relacionado com a cura do concreto.
A cura do concreto, por sua vez, está relacionada com a resistência, sendo efetivamente iniciada após a
desmoldagem. Por ser uma das últimas etapas de execução do concreto, a cura nem sempre é realizada.
A falta de acompanhamento técnico ou fatores como o cronograma apertado de uma obra podem ser
consideradas uma das causas pela não realização deste procedimento. Contudo, sabe-se que tais fatores
influenciam diretamente na qualidade do material e podem trazer consequências como o aparecimento
de patologias ou até mesmo o não atendimento da resistência desejada.
Segundo Battagin et al (2002) a cura do concreto constitui uma medida adotada para evitar a evaporação
de água utilizada no amassamento do concreto e assim garantir que os componentes do cimento se
hidratem.
[...] No concreto fresco, a perda de água ocorre por exsudação, evaporação, percolação
por juntas dos moldes, absorção de água pelos agregados, absorção de água pelas
fôrmas ou por alguma superfície em contato com a peça concretada. Ela dá origem à
chamada retração plástica. Essa perda de água pode ser controlada em parte por um
correto estudo de dosagem experimental e em parte por procedimentos adequados de
concretagem, adensamento e cura. (HELENE e ANDRADE, 2010)
Presume-se que a cura bem feita proporciona além das características desejáveis em uma peça de
concreto, resistência e durabilidade, uma redução dos custos com manutenção e a diminuição de resíduos
provenientes deste material. (RIBEIRO et al, 2014).
Outra característica importante do concreto refere-se a sua resistência a compressão que segundo Mehta
e Monteiro (2008) pode ser definida como a capacidade do material para resistir à tensão sem se romper.
Neste sentido, Neville (2016) afirma que a resistência à compressão dá uma ideia geral da qualidade do
concreto uma vez que ela está diretamente ligada a estrutura da pasta de cimento hidratada.
A hidratação do cimento ocorre através de uma série de reações químicas, conhecidas como reações de
hidratação do cimento. Conforme Aitcïn et al. (1998) a expressão reação de hidratação do cimento é
uma expressão global que reagrupa, na verdade, várias reações químicas que se produzem quando o
cimento entra em contato com a água. Dessa maneira, seguir o tempo determinado pela norma para
início da desmoldagem e a utilização de métodos de cura que proporcionem as reações químicas
necessárias para a cura nas primeiras idades é imprescindível, visto a relevância destes processos e a
influência que podem causar na resistência.
Portanto, o presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise sobre a influência na resistência do
concreto pela utilização de pano úmido em seu recobrimento até a desmoldagem e do tempo para início
da mesma. A técnica de se utilizar panos úmidos é uma medida simples e que visou o controle da perda
de água do concreto para o ambiente e a melhoria em suas propriedades mecânicas. A análise ocorreu
através de ensaios de resistência a compressão de corpos de prova que receberam a cura com pano úmido
e sem pano úmido e tiveram sua desmoldagem com 12h (não recomendado), 24h (correto) e 72 h
(incorreta), após sua moldagem.
O método de ensaio realizado em laboratório procurou reproduzir o cotidiano de algumas obras onde
medidas que aprimoram a cura do concreto nem sempre são tomadas e a desmoldagem nem sempre é
feita no tempo recomendado por Norma, evidenciando um controle tecnológico deficiente.
2. METODOLOGIA
2.1 Produção do concreto
Para a produção do concreto realizou-se o estudo de dosagem seguindo o método de Helene e Terzian
(1987), obtendo um traço de: relação aglomerante/agregado 1:M, M=4,48 (35,71% de areia e 64,29%
de brita), teor de argamassa de 47% e relação água/aglomerante (a/c) de 0,45. O abatimento utilizado
foi de 10,5 cm.
A metodologia utilizada para alcançar os propósitos do trabalho foi a de produzir o concreto de um
mesmo traço e moldar corpos de prova para os ensaios de resistência a compressão axial. Os materiais
utilizados foram:
Cimento Portland CP II E 32;
Agregado graúdo: Brita 1 com massa especifica de 2.680kg/m3e massa unitária de 1.502 kg/m3;
Agregado miúdo: areia média de massa específica 2590kg/m3 e massa unitária de 1694kg/m3;
Água obtida da rede de abastecimento local de Cuiabá-MT.
A produção foi realizada no mês de outubro de 2016, o qual apresenta segundo o INMET (2009)
temperatura média de 27,4ºC e umidade relativa do ar em torno de 69,6% em Cuiabá-MT. Utilizou-se
betoneira disponível da central de produção de concreto e argamassa do Instituto Federal de Mato
Grosso – Campus Cuiabá (Figura 01). Os procedimentos adotados seguiram a NBR 12821 (2009) que
determina como deve ser feita a produção do concreto em laboratório.
2.2 Moldagem
Foram moldados 36 corpos de prova cilíndricos de 10cm de diâmetro por 20cm de altura. A aparelhagem
usada para os ensaios do concreto, disponíveis no laboratório de materiais do IFMT – Campus Cuiabá,
seguiu as especificações estabelecidas na NBR 5738 (2015) e NBR NM 67 (1998), sendo:
Moldes cilíndricos de 10 cm de diâmetro por 20 cm de altura;
Molde na forma de um tronco de cone oco, com diâmetro da base inferior de 200 mm, diâmetro
da base superior: 100 mm e altura de 300mm.
Haste de adensamento de aço com superfície lisa, de 16mm de diâmetro e comprimento de
600mm;
Placa de base metálica com dimensão de 500 mm2 e espessura igual à 3 mm;
Funil metálico para abatimento do tronco de cone;
Foram reproduzidas diferentes situações de cura para o concreto, sendo o tempo para início da
desmoldagem e cura de 12, 24 e 72 horas, conforme explanado na Tabela 1.
CP CP CP CP CP CP
Ensaio Desmolde Desmolde Desmolde Desmolde Desmolde Desmolde
12h c/pano 12h s/pano 24h c/pano 24h s/pano 72h c/pano 72h s/pano
Axial às
2 2 2 2 2 2
72 h
Axial
aos 7 2 2 2 2 2 2
dias
Axial
aos 28 2 2 2 2 2 2
dias
Portanto, logo após a desmoldagem nas idades pré-determinadas para o estudo, os corpos de prova foram
encaminhados para a câmara úmida para a realização da cura em água com cal, conforme figura 3, onde
permaneceram até a data do ensaio de resistência à compressão.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Com as etapas de desmoldagem e cura finalizadas de acordo com os procedimentos sugeridos, procedeu-
se para o ensaio de resistência à compressão axial obtendo os resultados aos 3, 7 e 28 dias.
30 26,93
26,54 26,46
Resistência a compressão axial
25,44
25 23,04
21,35
20
(MPa)
15
10
0
C/PANO S/PANO
30 27,62
25 22,96
20
(MPa)
15
10
5
0
C/PANO S/PANO
45 40,38
Resistência a compressão axial
40 36,90 36,12
35,13 34,50
35 30,87
30
25
(MPa)
20
15
10
5
0
C/PANO S/PANO
40
36
Resistência (MPa)
32
28
24
20
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
12 h 24 h 72 h
Figura 8 – Resistência ao longo do tempo das amostras protegidas com pano molhado.
O mesmo fenômeno verificado na resistência das amostras protegidas com pano foi constatado nas
amostras que permaneceram sem pano, conforme Figura 9. A diferença foi com relação a superioridade
dos corpos de prova de 12h, em todas as idades de ensaio. Fato interessante e que pode ser explicado
devido essas amostras receberem a cura em água antes das demais, ou seja às 12h de idade.
Os corpos de prova de desmolde às 72h, tempo incorreto para este procedimento conforme a
NBR 5738 (2015), apresentou aos 28 dias resistência 12,57% menor que a média dos outros tempos
analisados, comprovando assim a importância do desmolde em tempo não superior à 24h.
42
Resistência (MPa)
38
34
30
26
22
0 5 10 15 20 25 30
Idade (dias)
12 h 24 h 72 h
Figura 9 – Resistência à compressão das amostras sem proteção de pano molhado em função do tempo de
desmoldagem e da idade do concreto
4. CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo evidenciou que a simples técnica de se utilizar pano úmido para
o recobrimento dos corpos de prova no período que antecede o seu desmolde influencia positivamente
na resistência do concreto como também a desmoldagem em tempo não superior às 24 horas. Deste
modo, nota-se a importância de se ter um controle tecnológico que garanta a qualidade deste relevante
material de construção.
Com relação ao pano úmido e do tempo de desmolde, obteve-se os seguintes resultados:
As amostras protegidas com pano úmido apresentaram maior resistência, sendo de até 26,97%
maior a resistência aos sete dias de idade para aqueles desmoldados às 72h;
Menor desvio padrão entre os tempos de desmolde para aquelas amostras com pano úmido.
Menor resistência das amostras com desmolde às 72 horas em todas as idades de ensaio;
Maior resistência aos 28 dias, das amostras com desmolde às 24 horas e com utilização de pano
úmido;
Maior resistência em todas as idades, das amostras com desmolde às 12 horas e sem utilização
do pano úmido.
Desta forma, pode-se concluir que a utilização do pano úmido é uma técnica que pode ajudar na
hidratação do cimento nas primeiras idades e garantir uma esperada resistência do concreto. Da mesma
maneira, comprova-se que o desmolde com tempo não superior às 24 horas é a melhor alternativa para
a garantia de uma boa resistência.
Ressalta-se que na situação em que não ocorre o recobrimento dos moldes com pano úmido as amostras
com combinação de desmolde às 12 horas seguida com cura em água, apresentaram resultados
satisfatórios quando comparadas com as outras amostras que receberam tal procedimento com 24h e
72h.
Mediante o exposto, percebe-se que existem inúmeros estudos sobre o concreto. Entretanto os que se
referem especificamente à desmoldagem são poucos. Assim, o presente trabalho avaliou uma situação
específica relacionada a esse tema, existindo ainda muitas outras possibilidades de pesquisa.
Desta forma, para trabalhos futuros, sugere-se o estudo das mesmas situações aqui apresentadas, porém
com a inclusão dos ensaios de absorção de água por imersão permitindo verificar, além da resistência,
a durabilidade da peça de concreto.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HELENE, P.; ANDRADE, T. Concreto de Cimento Portland. In: ISAÍA, G.C. (Ed.) Materiais de
Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais. São Paulo, IBRACON, 2010.
HELENE, P. R. L.; TERZIAN, P.. Manual de dosagem e controle do concreto. São Paulo: Pini,
1987.
INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Normais Climatológicas do Brasil 1961-1990.
Brasília, Atlas, 2009. Disponível em :
<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisClimatologicas> Acesso em: 20/02/2017
LEAL. V. A.; VALIN JR. M. O. Verificação da influência do tempo ao início do processo de
desmoldagem e cura do concreto. In: WORKIF – WORKSHOP DE ENSINO, PESQUISA,
EXTENSÃO E INOVAÇÃO DO IFMT, 4., 2016, Cuiabá. Anais, Cuiabá: IFMT, 2016. p. 496 – 499.
MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M.. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais. 3º
Edição, São Paulo, IBRACON, 2008.
NEVILLE A.M.. Propriedades do concreto. Tradução Ruy Alberto Cremonini. 5. Ed. Porto Alegre,
Bookman, 2016.
OLIVEIRA, I. R., GARCIA, J. R., PANDOLFELLI, V. C.. Influência de aditivos dispersantes e
acelerador na hidratação de cimento e cimento-matriz. Cerâmica, 2006, vol. 52, p. 184-193.
RIBEIRO, G. D., GOMES, M. V., VALIN JR, M. O.. Influência da cura do concreto com e sem a
utilização de lona plástica na resistência mecânica e absorção de água. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DO CONCRETO, 56., 2014, Natal. Anais. Natal, IBRACON. 2014. p.2
RESUMO
O Brasil está crescendo muito em termos populacionais, o que aquece o mercado imobiliário com
várias construções e comercio. Entretanto, a superprodução da indústria aliada à falta de planejamento
gera uma impressionante quantidade de entulho durante e após as fases de produção, que são
despejados muitas vezes diretamente na natureza, desencadeando sérios problemas ambientais, sociais
e econômicos, tais como, incidência de enchentes, contaminação e proliferação de doenças em grande
escala. Pensando nisso, o projeto visa à utilização do resíduo de cerâmica vermelha e o resíduo de tinta
como agregado na fabricação de artefatos de cimento (tijolos), em substituição ao agregado natural. O
agregado de cerâmica vermelha foi britado em britador de mandíbula utilizando o agregado direto do
britador sem peneiramento. Os tijolos foram desenvolvidos nos traços 1:9, 1:11 e 1:20. A avaliação
dos tijolos foi através da resistência à compressão simples, absorção por imersão, absorção por
capilaridade e retração por secagem de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) em vigência. Os tijolos resultaram resistências mecânicas satisfatórias em todos os
traços. O traço que apresentou melhor desempenho foi 1:20 com 3,98 MPa aos 14 dias de idade.
Assim, a utilização deste novo produto, na própria construção civil, contribui com a sustentabilidade e
proteção do meio ambiente.
1
Curso de Tecnologia em Controle de Obras, Bolsista voluntário de Iniciação Científica, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Av. Sen. Filinto Müller, 953 - Quilombo, Cuiabá - MT, 78043-
400, E-mail: natan_olliffer@hotmail.com
2
Doutora em Ciência dos Materiais, Professora Efetiva, DACC - IFMT, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso, Av. Sen. Filinto Müller, 953 - Quilombo, Cuiabá - MT, 78043-400, Cuiabá-MT, E-
mail: juzeliasc@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
O crescente aumento populacional das áreas urbanas nas últimas décadas gera uma demanda por
moradias e infraestrutura urbana que, por sua vez, colabora com o crescimento da indústria da
construção civil, produtora de bens de consumos duráveis, mas também grande geradora de resíduos.
Na cidade de Cuiabá/MT, o resíduo de construção civil (materiais trituráveis como restos de
alvenarias, cerâmicas vermelhas, argamassas, concreto e asfalto, além de solo, designados como RCC
classe A - reutilizáveis ou recicláveis) corresponde a 80%. Segundo o Plano Municipal de Saneamento
Básico (2013), cerca de 35.989, 42m³ de resíduos já foram recebidos na central da Eco Ambiental
(concessionária contratada pela prefeitura de Cuiabá para recebimento, tratamento e destinação final
dos resíduos da construção civil e volumosos, em Cuiabá, desde abril de 2010).
A falta de modernização das industrias de cerâmica vermelha faz com que em seu processo haja uma
grande perda, consequentemente uma grande geração de resíduos nas olarias e nas obras. Esses
resíduos, se não possuírem um destino certo e viável causam um grande impacto ambiental. A
indústria de tintas Maxvinil em Cuiabá, possui enorme em seu pátio enorme quantidade de resíduo,
enfrentando dificuldades para o descarte. Segundo o proprietário, hoje a cada 1000 toneladas, 600 kg
são descartados. Apesar da indústria desenvolver trabalhos sustentáveis, ainda há a problemática do
descarte deste resíduo, os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade
expressiva do entulho e o seu descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e
eficazes para a sua gestão adequada.
Pensando nisso, o objetivo deste trabalho foi desenvolver tijolos a partir da utilização de resíduo de
cerâmica vermelha e resíduo de tinta em substituição ao agregado natural. Os tijolos foram moldados e
testados a partir das propriedades físicas e mecânicas, a exemplo, absorção por imersão e absorção por
capilaridade, resistência a compressão simples e retração por secagem, observando-se as qualidades
técnicas em conformidade às normas vigentes, para que fossem utilizados em alvenarias sem função
estrutural. Procedeu-se várias dosagens para a fabricação dos tijolos, a partir dos traços 1:9, 1:11 e
1:20. Para Costa (2015), a pré-fabricação e a reciclagem são fruto de um grande esforço dos
profissionais da construção civil, que, aliada ao desenvolvimento humano, contribui para a melhoria
das condições de trabalho e, até mesmo, de vida da população.
Em síntese, este projeto destina-se aos fabricantes de artefatos de cimento para alvenaria, que pretende
produzir tijolos e blocos de qualidade com o menor custo de fabricação possível com sustentabilidade,
visado a habitação de interesse social (COSTA, 2015).
Para tratar de resíduos, no Brasil, a principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste
quadro foi a publicação da Resolução nº307/2002 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio
Ambiente. Em vigor desde janeiro de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os
geradores e para os municípios. Entretanto, em Cuiabá há a indústria de tintas Maxvinil que possui em
seu pátio enormes quantidades de resíduo de tinta com dificuldades para o descarte.
2. OBJETIVO GERAL
O objetivo do estudo é avaliar o tijolo fabricado a partir do resíduo de cerâmica vermelha e o resíduo
de tinta como agregado.
3. JUSTIFICATIVA
Os resíduos da construção civil, também denominado de resíduos da construção e demolição ou
simplesmente “entulho”, são oriundos dos serviços de infraestrutura urbana, tais como: execução de
novas obras, serviços de terraplanagem, demolições e reformas de construções existentes (JÚNIOR,
2007). O gerenciamento deficiente desses resíduos implica diretamente no impacto ambiental.
Por mais que tenham evoluído as técnicas e métodos construtivos adotados nos diversos locais e, por
mais otimizada que esteja a utilização de resíduo de tinta e cerâmica vermelha, percebe-se facilmente
que neste processo construtivo sempre haverá a geração de uma parcela de entulho de construção ou
descarte de Indústria durante o processo de fabricação, e esta parcela, por mais que seja reduzida,
dificilmente poderá ser extinta. A reciclagem surge como uma forma racional para combater o
problema do descarte de material gerado na indústria de cerâmica vermelha e na indústria de tintas,
tornando-o novamente utilizável no setor da construção civil, onde há grande potencialidade de
absorção desses resíduos.
Portanto, o descarte descontrolado e muitas vezes clandestino desse material de indústria na malha
urbana, acarreta a degradação de áreas e vias pública, bem como a rápida saturação dos aterros de
materiais inertes, e pode vir a se constituir em sério problema econômico e ambiental ainda não
plenamente avaliado. Rios e córregos são assoreados, bueiros e galerias entupidos, (e
consequentemente enchentes), tornando os ambientes propícios para proliferação de ratos, insetos e
outros animais transmissores de doenças.
Para Costa (2006) a reciclagem pode ser entendida como sendo a “arte” de se reaproveitar produtos ou
materiais que resultaram de algum processo produtivo, tornando-os novamente úteis, podendo-se
manter ou não as mesmas características do material de origem. O desafio é desmaterializar a
construção: construir utilizando menos matérias-primas.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Conama – Resolução nº 307 de 2002
A resolução nº307/ 2002 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) conceitua diretrizes,
procedimentos e critérios para a gestão dos resíduos da construção civil, impondo ações necessárias de
forma a minimizar os impactos ambientais.
A referida resolução, em seu artigo 1º classifica os resíduos da construção civil na seguinte forma:
I. Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: materiais cerâmicas (tijolos,
azulejos, blocos, telhas, placas de revestimento e etc.) argamassa e concreto;
c) De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos,
meios-fios etc.) produzidos nos canteiros de obras.
II. Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel,
papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
III. Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. Tais como os
produtos oriundos de gesso.
IV. Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, como tintas,
solventes, óleos e outros; ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e
reparos de clinicas radiológicas, instalações industriais e outros.
De acordo com as normativas dessa resolução, classifica os resíduos de cerâmica vermelha e de tinta
respectivamente como A e D.
As normativas referentes a resíduos da construção civil em vigor são:
NBR 15112 (ABNT, 2004) – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de
transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
NBR 15113 (ABNT, 2004) – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros
– Diretrizes para projeto, implantação e operação.
NBR 15114 (ABNT, 2004) – Resíduos sólidos da construção civil – Diretrizes civil – Áreas de
reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação.
NBR 15115 (ABNT, 2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –
Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos.
NBR 15116 (ABNT, 2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos.
5. MATERIAIS
5.1 Caracterização dos materiais
5.1.1 Cimento
Popularmente conhecido como cimento, ele é um composto de clínquer e de adições. As adições são
matérias primas que, misturadas ao clínquer na fase de moagem, permitem a fabricação dos diversos
tipos de cimento Portland disponíveis no mercado. O cimento utilizado para a fabricação dos tijolos
nesta pesquisa foi o cimento CP II-F 40, sendo a embalagem 50 kg. Realizou-se o ensaio de
determinação da massa especifica de acordo com as especificações da NBR 23 (ABNT, 2001), no qual
o volume de um corpo é medido através do descolamento de um líquido.
indústria possui em seu pátio enorme quantidade desse produto em tonéis com dificuldade de descarte.
Hoje a cada 1000 toneladas, 600 Kg são descartados, de acordo com informação do proprietário. O
resíduo foi ensaiado para avaliar suas propriedades físicas e químicas, através dos ensaios de
granulometria e avaliação do índice de pozolanicidade. As pozolanas são, por definição, substâncias
constituídas de sílica e alumina que, em presença de água, combina-se com o hidróxido de cálcio e
com os diferentes componentes do cimento formando compostos estáveis à água e com propriedades
aglomerantes. A NBR 12653 (ABNT, 1992) classifica os materiais pozolânicos segundo três classes
(Classe N, Classe C e Classe E). Essa classificação é em função da sua origem, requisitos químicos e
físicos estabelecidos nesta mesma norma. Realizou-se também o ensaio para determinar a
granulometria da areia conforme NBR NM 248 (ABNT, 2003).
Mehta (1987) destaca, entre outras vantagens da utilização de pozolanas em concretos com cimento
Portland, o aumento da trabalhabilidade do material, aumento da resistência à fissuração devido à
redução da reação álcali-agregado, e maior impermeabilidade. Assim, ao se tornar menos permeável,
sua durabilidade tende a aumentar.
6. METODOLOGIA
6.1 Dosagem
Os tijolos foram produzidos nos traços 1:9, 1:11 e 1:20 (cimento, agregado de resíduo de tinta e
resíduo de cerâmica vermelha). Devido ao espeloteamento dos materiais, a mistura foi feita de maneira
manual.
Após essa mistura, despeja-se o cimento e conclui a mistura de todos os materiais secos. Por último,
acrescenta-se água para a liga dos materiais. A quantidade de água é determinada pelo teste Táctil-
visual; posteriormente obtém-se a relação água/cimento. O resultado é um concreto de consistência
seca.
A mistura de concreto produzida foi depositada na prensa hidráulica Eco Premium 2600, e são
aplicadas duas prensagens consecutivas por tijolos. Já prensado, o tijolo é retirado com cuidado,
devido à fragilidade do mesmo, podendo quebrar ou rachar facilmente, exemplificado na figura 2. Os
tijolos são colocados em azulejos e levados para a área de cura.
6.3 Cura
A cura foi feita nas idades de 7, 14, 28, 60 e 90 dias de idade. Durante o período de 07 dias, os tijolos
são mantidos cobertos com lona preta para a preservação de sua umidade. O ensaio de resistência à
compressão axial foi executado em prensa elétrica em 06 corpos-de-prova nas idades de 7, 14, 28, 60 e
90 dias. Os ensaios de absorção por imersão e absorção por capilaridade foram efetuados também
nessas idades.
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
7.1 Materiais
7.1.1 Cimento
As principais características analisadas em laboratório e os valores estão apresentados na Tabela 1.
Devido à variação da massa especifica, não existe uma norma que defina os valores da massa
especifica. Portanto, a análise é comparativa e a variação dos valores é de 2,85 g/cm³ a 3,20 g/cm³.
Para Pereira (2013), tal variação se deve aos componentes de clínquer obtidos na região onde o
cimento é fabricado.
7.1.2 Agregado reciclado de Cerâmica Vermelha e Resíduo de tinta
A Tabela 2 apresenta os valores da caracterização dos agregados reciclados, sendo todos os ensaios
executados com base em normas técnicas. As Figuras 3 e 4 apresentam as curvas granulométricas dos
agregados reciclados.
Tabela 2 – Características físicas dos agregados
Massa
Massa unitária
Características e específica –
Unidade solta – NBR
propriedades NBR
7251:1982
9776:1987
Cerâmica vermelha g/cm³ 1,21 2,35
Resíduo de tinta g/cm³ 1,20 2,27
Fonte: Acervo pessoal (2016)
Duas determinações consecutivas não devem diferir entre si mais de 0,5 g/cm³. Segundo a NBR 9776
(ABNT, 1987), a massa especifica deve ficar entre 2,55 g/cm³ e 2,65 g/cm³. Sendo assim, as amostras
de areia ensaiadas estão de acordo com as exigências da normativa em vigência.
40
30 Argamassa A
(Cimento)
20
10 Argamassa B
0 (resíduo de
Resistência aos 28 tinta)
dias (MPa/mm²)
Analisando a tabela e os gráficos, verifica-se que a argamassa incorporada com resíduo de tinta obteve
valor inferior à argamassa convencional sendo o valor máximo de 14,64 MPa para 28 dias de idade.
De forma geral, as argamassas contendo resíduo de tinta apresentam resistência inferior àquelas que
contém apenas cimento, fato este relacionado à menor atividade pozolânica do resíduo de tinta.
De acordo com a NBR 12653 (ABNT, 1992), esta amostra do resíduo de tinta ensaiado não apresentou
atividade pozolânica, sendo que a referida exige valores iguais ou superiores a 75%. Fato este que está
ligado à sua composição química e granular.
Desta forma, novas amostras de resíduo de tinta deverão ser ensaiadas, obedecendo às prescrições das
normativas vigentes.
De acordo com a NBR 8492 (ABNT, 2012), o resultado apresentado em média de absorção para
meios-tijolos deve ser ≤ 13 %.
A NBR 8492 (ABNT, 2012) define o limite de absorção de água para tijolos de solo-cimento em ≤
20%.
8. CONCLUSÃO
Mediante à NBR 8492:2012, os resultados de resistência a compressão simples mostraram-se bastante
satisfatórios, demonstrando que a produção de tijolos é viável para sua utilização em alvenarias sem
função estrutural e com função estrutural. Isso porque a referida norma exige uma resistência
mecânica de 3,0 MPa para vedação interna acima do nível do solo aos 28 dias de idade.
Aos 90 dias de idade, os corpos-de-prova ensaiados apresentaram valores maiores que 6,0 MPa, de
acordo com a NBR 8492 (ABNT, 2012), são classificados com função estrutural, acima ou abaixo do
solo, para os três traços em estudo. Os valores encontrados foram expressivos em função da
porosidade causada pelos resíduos, que contém muito ar na sua composição diminuindo, desta forma,
a resistência mecânica.
No ensaio de absorção por capilaridade o tijolo apresentou resultado de 0,0360 g/cm³ e 0,0437 g/cm³
com 72 horas e a absorção por imersão 20,07% e 22,98%, ficando dentro do permitido pela NBR
8492:2012, NBR 9779 (ABNT, 2012) e NBR 9778 (ABNT, 2009).
É de extrema importância a continuidade da pesquisa, realizando outras dosagens ou a utilização de
outros métodos experimentais, diminuindo e aumentando a quantidade dos resíduos de cerâmica
vermelha e resíduos de tinta, e alterando sua granulometria. Ainda, há desafios tecnológicos e
comerciais a serem vencidos para que o produto possa gradativamente conquistar o mercado
consumidor, como uma opção ambiental correta, tanto do ponto de vista de reciclagem dos resíduos
das Indústrias de cerâmica vermelha e da MAXVINIL, quanto da durabilidade e qualidade das
edificações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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para alvenaria: verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1983a.
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1996.
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_________. NBR 7184: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria: determinação da
resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1991.
_________. NBR 9778: Argamassa e Concreto Endurecidos - Determinação da Absorção de Água por
Imersão - Índice de Vazios e Massa Especifica. Rio de Janeiro. 1987
_________. NBR 23. Cimento Portland e outros materiais em pó - Determinação da massa específica.
Rio de Janeiro. 2000.
_________. NBR 5738: Concreto – procedimento para moldagem e cura dos corpos-de-prova. Rio de
Janeiro. 2003
_________. NBR 9778: argamassas e concretos endurecidos – Determinação da absorção de água,
índice de vazios e massa específica. Rio de Janeiro. 2005a
_________. NBR 45: Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de
Janeiro.2006
_________. NBR 5739: Concreto- Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de
Janeiro. 2007
_________. NBR 53: Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica
aparente e absorção de água. Rio de Janeiro
_________. NBR NM 248. Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de
Janeiro. 2003.
_________. NBR 9776: Agregados: determinação da massa específica de agregados miúdos por meio
do frasco de Chapman. Rio de Janeiro. 1987.
_________. NBR 5738: Concreto: Procedimento para moldagem e cura dos corpos de prova. Rio de
Janeiro. 2003.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente: Resolução CONAMA 307 de 05 de julho de
2002.
RESUMO
O Brasil está crescendo muito em termos populacionais, o que aquece o mercado imobiliário com
várias construções de habitação e comércio. Esse fato acarreta muitos danos ao meio ambiente, tais
como o descarte de resíduos de construção civil (RCC) entre outros ligados a construção civil em lugar
não apropriado. O Instituto Federal de Educação (IFMT) desenvolve pesquisa visando avaliar a
viabilidade do máximo aproveitamento do RCC em produtos a serem utilizados na própria construção
civil. Este trabalho relata a experiência do processo produtivo utilizando resíduo da construção civil
(RCC) e resíduo de tinta como agregado para produção de tijolos. Detalhando cada etapa da produção,
desde a coleta e seleção do RCC e resíduo de Tinta, passando pelas fases de britagem, moagem,
classificação, mistura e avaliação da matéria prima e do produto acabado. A avaliação do produto foi
através da propriedade mecânica, absorção de água, retração e capilaridade, de acordo com as normas
da Associação Brasileira de Normas Técnica (ABNT) em vigência. Os resultados encontrados estão de
acordo os requisitos normatizados. As observações realizadas podem servir de forte embasamento para
a execução de pesquisas futuras no âmbito da reciclagem para fabricação de tijolos. Dessa forma
contribuindo com a melhoria da habitação, com sustentabilidade e proteção do meio ambiente.
1
Curso de Tecnologia em Controle de Obras, Bolsista voluntário de Iniciação Científica, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Av. Sen. Filinto Müller, 953 - Quilombo, Cuiabá - MT, 78043-
400, E-mail: natan_olliffer@hotmail.com
2
Doutora em Ciência dos Materiais, Professora Efetiva, DACC - IFMT, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso, Av. Sen. Filinto Müller, 953 - Quilombo, Cuiabá - MT, 78043-400, Cuiabá-MT, E-
mail: juzeliasc@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada
a significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo
contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é
responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos
resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).
Por causa desses motivos, a construção civil é um dos grandes vilões ao se falar em impactos
ambientais, aparecendo como o principal gerador de resíduos de toda a sociedade (estimativas
apontam para uma produção mundial entre 2 e 3 bilhões de toneladas/ano). Estima-se que a construção
civil é responsável por algo entre 60% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade
(SJÖSTRÖM, 1992).
Na cidade de Cuiabá, o RCC (Resíduo da Construção Civil), materiais trituráveis como restos de
alvenarias, argamassas, concreto e asfalto, além de solo, designados como RCC classe A, reutilizáveis
ou recicláveis corresponde a 80%, cerca de 35.989, 42m³ de resíduos recebidos na central da Eco
Ambiental - concessionária contratada pela prefeitura de Cuiabá para recebimento, tratamento e
destinação final dos resíduos da construção civil e volumosos, em Cuiabá, desde abril de 2010. O
crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias inadequadas
têm contribuído para que esta quantidade aumente cada vez mais.
O solo-cimento é uma evolução de materiais de construção do passado, como o barro e a taipa. Só que
as colas naturais, de características muito variáveis, foram substituídas por um produto industrializado
e de qualidade controlada: o cimento.
O solo-cimento é um material alternativo de baixo custo, obtido pela mistura de solo, cimento e um
pouco de água. No início, essa mistura parece uma "farofa" úmida. Após ser compactada, ela endurece
e com o tempo ganha consistência e durabilidade suficientes para diversas aplicações no meio rural ou
urbano. Uma das grandes vantagens do solo-cimento é que o solo um material local, constitui
justamente a maior parcela da mistura.
Há duas grandes áreas onde o solo-cimento pode ser uma solução muito interessante. A primeira está
nos loteamentos populares, onde a própria comunidade pode produzir tijolos e pisos com maquinário
simples e a baixíssimo custo. Outra área, mais sofisticada e tão importante quanto, são os condomínios
onde a ecologia e a sustentabilidade ditam regras.
COSTA (2006) desenvolveu vários estudos com agregados de resíduos da indústria da construção
civil, onde comprova a viabilidade de seu uso na própria indústria da construção civil, utilizando em
argamassa e concreto. Em seus estudos, também constata a utilização dos resíduos da construção em
artefatos de cimento.
Os impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pela quantidade expressiva do entulho e o seu
descarte inadequado impõem a necessidade de soluções rápidas e eficazes para a sua gestão adequada.
Daí decorre a prioridade de uma ação conjunta da sociedade – poderes públicos, setor industrial da
construção civil e sociedade civil organizada – na elaboração e consolidação de programas específicos
que visem à minimização desses impactos. As políticas ambientais relacionadas ao tema devem voltar-
se para o adequado manuseio, redução, reutilização, reciclagem e disposição desses resíduos (CASSA
et al, 2001).
No Brasil, as políticas públicas voltadas ao gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (RCC)
buscam impulsionar as empresas geradoras de resíduos a tomarem uma nova postura gerencial e
implementar medidas que visem a redução da quantidade de resíduos produzidos.
A principal ação efetivada em termos legais visando à mudança deste quadro foi a publicação da
Resolução nº307/2002 do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Em vigor desde janeiro
de 2003, a referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o
gerador, salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
2. OBJETIVO GERAL
Tijolos produzidos com agregado de resíduo de cerâmica vermelha e agregado de resíduo de
tinta para habitação
3. JUSTIFICATIVA
Por mais que tenham evoluído as técnicas e métodos construtivos adotados nos diversos locais e, por
mais otimizada que esteja à utilização de resíduo de tinta e resíduo da construção civil percebe-se
facilmente que neste processo construtivo sempre haverá a geração de uma parcela de entulho de
construção ou descarte de Indústria durante o processo de fabricação, e esta parcela, por mais que seja
reduzida, dificilmente poderá ser extinta.
A reciclagem surge como uma forma racional para combater o problema do descarte de material
gerado na indústria, tornando-o novamente utilizável no setor da construção civil, onde há grande
potencialidade de absorção desses resíduos. Portanto, o descarte descontrolado e muitas vezes
clandestino desse material de indústria na malha urbana, acarreta a degradação de áreas e vias pública,
bem como a rápida saturação dos aterros de materiais inertes, e pode vir a se constituir em sério
problema econômico e ambiental ainda não plenamente avaliado. Rios e córregos são assoreados,
bueiros e galerias entupidos, (e consequentemente enchentes), tornando os ambientes propícios para
proliferação de ratos, insetos e outros animais transmissores de doenças.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
Atualmente utiliza-se a definição de Resíduos de Construção Civil – RCC emitida pelo Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, que é um órgão do Governo Federal de caráter consultivo e
deliberativo, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
Esse Conselho estabelece critérios e normas visando à proteção ao meio ambiente, através de atos
como resoluções, moções, recomendações, proposições e decisões.
A Resolução nº438/ 2012 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) conceitua diretrizes,
procedimentos e critérios para a gestão dos resíduos da construção civil, impondo ações necessárias de
forma a minimizar os impactos ambientais.
A referida Resolução estabelece obrigações para os geradores e para os municípios. Para o gerador,
salienta que ele deve ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a
redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Além disso, o gerador é responsável pela
elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para cada empreendimento.
O CONAMA 307/2002 define como resíduos de construção civil: provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da
escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico,
vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica e comumente são chamados de entulhos de obras, caliças
ou metralha.
O artigo 1º da sua resolução define suas principais características de elementos que compõem o
processo produtivo, que são:
Geradores
Transportadores
Gerenciamento de Resíduos
Áreas de Destinação de Resíduos
Aterro de Resíduos da Construção Civil
Agregado reciclado
Reutilização
Reciclagem
Beneficiamento
II. Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel,
papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III. Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos
do gesso;
IV. Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas,
solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de
clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
5. MATERIAIS
5.1 Caracterização dos materiais
5.1.1 Cimento
O cimento utilizado para a fabricação dos tijolos foi o cimento CP II-F 40, sendo a embalagem 50 kg.
As pozolanas são, por definição, substâncias constituídas de sílica e alumina que, em presença de
água, combina-se com o hidróxido de cálcio e com os diferentes componentes do cimento formando
compostos estáveis à água e com propriedades aglomerantes. A NBR 12653 (ABNT, 1992) classifica
os materiais pozolânicos segundo três classes (Classe N, Classe C e Classe E). Essa classificação é em
função da sua origem, requisitos químicos e físicos estabelecidos nesta mesma norma.
MEHTA (1987) destaca, entre outras vantagens da utilização de pozolanas em concretos com cimento
Portland, o aumento da trabalhabilidade do material, aumento da resistência à fissuração devido à
redução da reação álcali-agregado, e maior impermeabilidade. Assim, ao se tornar menos permeável,
sua durabilidade tende a aumentar.
6. METODOLOGIA
6.1 Dosagem
Os tijolos foram produzidos nos traços 1:9, 1:11 e 1:20 (cimento, agregado de resíduo de tinta e
agregado da construção civil (RCC)). Devido ao espeloteamento dos materiais, a mistura foi feita de
maneira manual.
Após essa mistura, despeja-se o cimento e conclui a mistura de todos os materiais secos, observado na
Figura 4. Por último, acrescenta-se água para a liga dos materiais. A quantidade de água é determinada
pelo teste Táctil-visual, conforme Figura 2; posteriormente obtém-se a relação água/cimento. O
resultado é um concreto de consistência seca.
A mistura de concreto produzida foi depositada na prensa hidráulica Eco Premium 2600, e são
aplicadas duas prensagens consecutivas por tijolos. Já prensado, o tijolo é retirado com cuidado,
devido à fragilidade do mesmo, podendo quebrar ou rachar facilmente, exemplificado na figura. Os
tijolos são colocados em azulejos e levados para a área de cura.
A cura foi feita nas idades de 7, 14, 28, 60 e 90 dias de idade. Durante o período de 07 dias, os tijolos
são mantidos cobertos com lona preta para a preservação de sua umidade. O ensaio de resistência à
compressão simples foi executado em prensa elétrica em 06 corpos-de-prova nas idades de 7, 14, 28,
60 e 90 dias. Os ensaios de absorção por imersão e absorção por capilaridade foram efetuados também
nessas idades.
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
7.1 Materiais
7.1.1 Cimento
As principais características analisadas em laboratório e os valores estão apresentados na Tabela 1.
O índice de atividade pozolânica é a razão entre a resistência à compressão axial média da argamassa
com pozolana e a resistência à compressão axial média da argamassa de controle, em MPa, expressa
em valor percentual, aos 28 dias, sendo que a NBR 12653 (ABNT, 1992) exige valores iguais ou
superiores a 75%. A Tabela 3 apresenta os resultados da média das resistências à compressão axial e o
índice de atividade pozolânica, e a Figura 5 demonstram em gráfico os resultados da resistência à
compressão axial dos corpos-de-prova.
Tabela 3 – Avaliação da atividade pozolânica do resíduo de tinta – NBR 12653 (ABNT, 1992)
Índice de Resistência Índice de
Resíduos Consistência aos 28 dias atividade
(mm) (Mpa/mm²) pozolânica (%)
Argamassa A 223,45 33,40
43,37
Argamassa B 228,44 14,48
Fonte: Acervo pessoal (2016)
35
30
25
20 Argamassa A
15 (Cimento)
10 Argamassa B
(resíduo de tinta)
5
0
Resistência aos 28 dias
(MPa/mm²)
Analisando a tabela e os gráficos, verifica-se que a argamassa incorporada com resíduo de tinta obteve
valor inferior à argamassa convencional sendo o valor máximo de 14,64 MPa para 28 dias de idade.
De forma geral, as argamassas contendo resíduo de tinta apresentam resistência inferior àquelas que
contém apenas cimento, fato este relacionado à menor atividade pozolânica do resíduo de tinta. De
acordo com a NBR 12653 (ABNT, 1992), esta amostra do resíduo de tinta ensaiado não apresentou
atividade pozolânica, sendo que a referida exige valores iguais ou superiores a 75%. Fato este que está
ligado à sua composição química e granular. Desta forma, novas amostras de resíduo de tinta deverão
ser ensaiadas, obedecendo às prescrições das normativas vigentes.
O valor da resistência à compressão simples é determinado pela compressão axial de seis corpos-de-
prova. Este ensaio foi executado conforme a norma NBR 8492:2012 e os resultados são apresentados
abaixo.
De acordo com a NBR 8492 (ABNT, 2012), os tijolos de vedação classificam-se na classe A e B,
sendo esta com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima do nível do solo.
De acordo com a NBR 8492 (ABNT, 2012), o resultado apresentado em média de absorção para
meios-tijolos deve ser ≤ 13 %. A NBR 8492 (ABNT, 2012) define o limite de absorção de água para
tijolos de solo-cimento em ≤ 20%.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode se concluir que o estudo de tijolos produzido com agregado de resíduo de construção civil (RCC)
e agregado de resíduo da tinta mostrou-se bastante satisfatórios, demonstrando que a produção é viável
para sua utilização em alvenarias, isso porque a norma NBR 8492 (ABNT, 2012) para análise exige
uma resistência mecânica de 2,0 MPa para vedação acima do nível do solo, constata-se que todos os
traços dos tijolos em estudo alcançaram o valor equivalente ao exigido pela norma.
Contudo, é de extrema importância a continuidade da pesquisa, realizando outras dosagens ou a
utilização de outros métodos experimentais, diminuindo e aumentando a quantidade dos resíduos da
construção civil e resíduos de tinta, e alterando sua granulometria. Este estudo favoreceu a
contribuição por uma conscientização de sustentabilidade, diminuindo o impacto que esses resíduos
têm provocado no meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6461: Blocos cerâmicos
para alvenaria: verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1983a.
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resistência à compressão. Rio de Janeiro, 1991.
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Imersão - Índice de Vazios e Massa Especifica. Rio de Janeiro. 1987
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índice de vazios e massa específica. Rio de Janeiro. 2005a
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aparente e absorção de água. Rio de Janeiro
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Janeiro. 2003.
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do frasco de Chapman. Rio de Janeiro. 1987.
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Ciência e Engenharia de Materiais – Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. São Carlos.
GONÇALVES, R. D. C. Agregados reciclados de resíduos de concreto: um novo material para
dosagens estruturais. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de
São Paulo, São Carlos – SP. 1976.
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HELENE, P.; & TERZIAN, P. Manual de dosagem de concreto. 1993. Escola Politécnica da
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pesquisa e desenvolvimento. São Paulo. Tese de livre docência. 2000.
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Pesquisa e Desenvolvimento (tese de livre docência). São Paulo: EPUSP. 102p. 2000.
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MIRANDA, L. F. R. Estudo de fatores que influenciam na fissuração de revestimentos de
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Universidade de São Paulo. 2000.
NEVILLE, A. M. Propriedades do Concreto. 1997. São Paulo. Pini Ltda.
RESUMO
Atualmente a construção civil brasileira é marcada pelo uso do concreto armado como base para dar
sustento às estruturas de suas obras. Entretanto, para dar as dimensões corretas ao concreto armado é
necessário o uso de fôrmas para moldá-lo até que se sustente sozinho. Este estudo apresenta um
comparativo entre o custo benefício dos dois sistemas de fôrmas para a construção de vigas e pilares
nas obras, sendo as fôrmas de madeira (compensados ou tábuas) e as fôrmas pré-moldadas em
argamassa armada. A opção da argamassa armada como fôrma abre a possibilidade de incentivar o
setor da construção a buscar novas alternativas de versatilidade, economia e preservação do meio
ambiente, que além de serem de fácil fabricação e montagem, tem maior precisão na plumagem e no
nivelamento durante a execução da concretagem em relação às fôrmas convencionais. Para o estudo
foram produzidas as vigas de 2 unidades habitacionais, sendo uma com fôrmas de madeira tradicional
e outra com a argamassa armada, contabilizados os materiais e o tempo utilizados em cada etapa.
Esses dados foram organizados, tabulados e serão apresentados com a análise custo x benefício.
Através da análise, obteve-se o para uma mesma peça o custo somente com os materiais de R$ 52,50
com as fôrmas de madeira e de R$ 80,00 com a fôrma de argamassa armada, porém o custo da mão de
obra de R$ 315,28 com as fôrmas de madeira e de R$ 157,64 com a fôrma de argamassa armada,
totalizando uma economia de 35% no custo total com a fôrma de argamassa armada. Além disso, para
conjuntos habitacionais onde a construção é feita em série o processo torna-se mais ágil, porém ainda
desconhecido.
1
Graduando no Curso Superior de Tecnologia em Construção de Edifícios, IFMT – Campus Cuiabá, Cuiabá-MT,
E-mail: alon_brasil@hotmail.com.
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Mestre em Física Ambiental, Professor do Departamento de Construção Civil do IFMT – Campus Cuiabá,
Cuiabá-MT, E-mail: marcos.valin@cba.ifmt.edu.br
1. INTRODUÇÃO
No ano de 2011, o déficit habitacional brasileiro era de aproximadamente 5,5 milhões de moradias
(CAMARA, 2011). Na tentativa de suprir esta deficiência o Governo Federal, em parceria com os
estados e municípios, criou em março de 2009, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV),
gerido pelo Ministério das Cidades e operacionalizado pela Caixa Econômica Federal (CEF), com o
objetivo de produzir unidades habitacionais para a venda às famílias que possuem renda familiar
mensal de 0 a 3 salários mínimos.
Nesse sentido, a questão da moradia no país tem melhorado, mas, mesmo assim, nos dias de hoje com
a grande solicitação de obras residenciais as empresas tiveram que adequar métodos construtivos para
atender essa demanda.
O setor da Construção Civil é caracterizado por insuficiência de programas de treinamento
institucionalizado nas empresas, elevada rotatividade de mão-de-obra e falta de programas de
formação em nível operário. Os referidos fatos ocasionam a diminuição da qualidade dos serviços e
elevam os números de desperdícios.
Contudo, para a produção em escala é necessário industrializar a construção de habitações, que de
acordo com Trigo (2009), significa produzir de forma contínua e seriada, onde a construção é
distribuída uniformemente por um período de tempo e exigindo noções de repetição e organização.
De acordo Coti-zelati e Caram (2012) a tecnologia está cada vez mais presente no setor da Construção
Civil. Os processos produtivos têm demandado trabalhadores capazes de absorver informações
técnicas, de modo que a busca pela qualificação se tornou indispensável para melhorar a
competitividade.
A melhoria contínua é fundamental para garantir o sucesso, pois o atual cenário econômico-
tecnológico impõe às organizações a necessidade de mudanças contínuas no modo de operar e gerir
seus negócios para que se adaptem à nova realidade e se manter competitivas.
A grande maioria das obras que são realizadas atualmente no Brasil são feitas em concreto armado, um
material de boa trabalhabilidade, que atende às necessidades das obras e de mão de obra barata.
Para que se consiga trabalhar com o concreto é necessário dar forma ao mesmo, até que ele atinja a
resistência necessária para sustentar o próprio peso. Para isso são utilizadas as fôrmas.
As fôrmas para a produção de concreto armado mais utilizadas no Brasil atualmente são as fôrmas de
madeiras e as metálicas. Deve-se tomar cuidado ao escolher o sistema de fôrmas ideal para cada obra,
pois “O custo em fôrmas de uma estrutura pode vir a representar até 45% dos custos de uma estrutura”
(VOLKWEIS; 2009), isso representa um bom gasto com as fôrmas e encontrar o melhor custo
benefícios das mesmas é importante para o custo final da obra.
As formas garantem que, ao executar uma estrutura, as dimensões do elemento estrutural sejam as
determinadas em projeto, e é por isso que a análise desse sistema, e os fatores que podem modificá-lo
de alguma maneira é importante (SOUZA, 2001).
Definir qual é o sistema de fôrmas mais adequado para cada tipo de obra não é muito simples; são
necessários estudos sobre o custo benefício que cada tipo de sistema de fôrmas pode trazer à obra.
Cada um desses tipos de fôrma, por exemplo, apresentam valores e tempo de vida útil diferentes,
portanto, obras de pequeno, médio e grande porte dificilmente escolheriam o mesmo sistema de
fôrmas se for levado em consideração o custo benéfico que elas podem trazer.
Atualmente, conforme Serra et al (2005) a evolução dos sistemas pré-fabricados, não está somente
ligada ao desenvolvimento do processo de produção, mas também a evolução dos sistemas de
transportes, montagem, dos métodos de inspeção e controle, bem como das consequências dos
impactos ambientais desses processos.
Pois conforme salienta Moreira (2009), como todo tipo de produção, as peças pré-fabricadas também
devem ser produzidas com qualidade, isenta de qualquer manifestação patológica que possa
influenciar na durabilidade e estética da peça de concreto.
Esta pesquisa tem por objetivo realizar um comparativo entre o custo benefício dos dois sistemas de
fôrmas para a construção de vigas e pilares nas obras, sendo as fôrmas de madeira (compensados ou
tábuas) e as fôrmas pré-moldadas em argamassa armada.
2. METODOLOGIA
O estudo do caso foi realizado na obra de um conjunto habitacional do Residencial Park das Américas,
na cidade de Várzea Grande – MT.
Nesta obra houve um desperdício com o uso de fôrmas tradicionais, o qual se deve ao mau
armazenamento após o uso e também em consequência da forte incidência solar na região, sendo então
que as tábuas usadas nos vigamentos eram usadas pouco mais de três vezes na realização dos
trabalhos, ocasionando a necessidade de utilizar outro método para otimização, ocorrendo então a
proposta em trabalhar com fôrmas de argamassa armada.
Para o estudo foram produzidas as vigas de 2 unidades habitacionais, sendo uma com fôrmas de
madeira tradicional (igual das outras 299 unidades) e outra com a argamassa armada. Foram
contabilizados os materiais e o tempo utilizados em cada etapa. Esses dados foram organizados,
tabulados e serão apresentados com a análise custo x benefício.
3. RESULTADOS
3.1 Fabricação dos moldes das fôrmas em argamassa armada
Os moldes foram realizados em compensados de madeira, por ser um estudo experimental, mas no
caso de aplicação recomenda-se utilizar moldes metálicos, pois seriam uma fôrma única para toda a
obra.
Teve-se a preocupação de nivelar horizontalmente e verticalmente, no processo de produção, com a
utilização da malha de ferro 4.2 mm no interior das fôrmas para garantir a resistência à tração e
compressão do concreto durante a concretagem e no transporte.
Na Figura 1 A tem-se os moldes de madeira, na Figura 1 B tem-se os moldes já com a malha de ferro e
na Figura 1 C tem-se a retirada da fôrma de madeira do molde pós cura, sendo já o produto final, a
fôrma de argamassa armada.
A B C
Figura 1 – Detalhes construtivos das fôrmas de argamassa armada
Após o término do período da cura do concreto, retira-se as escoras sem a preocupação com desforma
(Figura 3), já que o material usado é inerte e fará parte da construção, e em locais onde as armaduras
sofrem agressões corrosivas.
Ao findar o período de cura, a sequência da obra segue normalmente, com o diferencial de eliminar o
serviço de desforma, podendo realizar a execução da laje ou cobertura, como visto na Figura 4.
Quanto ao custo dos materiais, a Tabela 2 apresenta os valores da fôrma em argamassa armada e o
investimento inicial (e único) necessário para utilização do sistema e a Tabela 3 apresenta o orçamento
da forma convencional em madeira, considerando apenas a sua produção, mas sabendo que poderá ser
reutilizada até 3 vezes.
Tabela 2 – Orçamento da fôrma de argamassa armada
Materiais Valor
1 5 Latas 18 litros de Areia R$ 6,50
2 40 kg de Cimento R$ 20,00
3 Malha de ferro 2x3 - 4/2 mm R$ 43,50
4 Mão de obra (Por Hora) R$ 10,00
Total R$ 80,00
Materiais Valor
1 2 Tábuas de 5x30 e 2 de 5x10 R$ 132,50
2 1 kg de Pregos R$ 10,00
3 Mão de Obra (Por Hora) R$ 15,00
Total R$ 157,50
Considerando 3 utilizações R$ 52,50
As fôrmas convencionais obrigatoriamente usam na sua execução a mão de obra de dois profissionais
colaboradores: o carpinteiro e o pedreiro. O carpinteiro é responsável pelo corte, dimensionamento e
montagem das fôrmas convencionais e o pedreiro é responsável pela concretagem, plumagem,
alinhamento e as armaduras. Ambos utilizam serventes e gastam entre três e quatro dias para executar
Além da diferença de 35% no custo, em termos de planejamento, controle e agilidade não há a menor
dúvida sobre a adoção das fôrmas, pois elas terão um resultado bem mais satisfatório que o outro
método, inclusive na cura do concreto, que quando bem feito proporciona além das características
desejáveis em uma peça de concreto, resistência e durabilidade, uma redução dos custos com
manutenção e também a diminuição de resíduos provenientes deste material.
Cada vez mais, a construção civil partindo para a modulação e pré-fabricação dos mais variados
elementos, nos levando a crer que dentro de alguns anos conseguiremos valores razoáveis para a
execução desses métodos, também em construções de pequeno e médio porte. É necessário antes da
definição dos métodos construtivos a serem adotados, que analisemos o objetivo do empreendimento e
o valor disponível para a realização do mesmo, chegando assim, a um meio termo que atenda todas as
necessidades da obra com inclusão de preservação do meio ambiente, diminuição dos resíduos sólido.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização dessa pesquisa, pode-se concluir que ainda existem muitas possibilidades de
automatização / industrialização nos serviços da construção civil, com o objetivo de redução de custos
e prazos e aumento da qualidade, em especial nas Habitações de Interesse Social onde a produção é
realizada em grande escala.
A ausência de profissionais qualificados nas empresas, resultando numa deficiência no controle dos
serviços é algo que pode comprometer a estrutura a médio / longo prazo, sendo a utilização das fôrmas
de argamassa armada uma grande evolução nas estruturas, pois elimina-se o serviço da desfôrma e
consegue garantir a proteção e cobrimento mínimo da armadura com facilidade.
Assim, este trabalho buscou demonstrar a possibilidade de melhoria no sistema de produção de
Habitações de Interesse Social, podendo representar significativas melhorias durante a produção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de expressar seus agradecimentos à empresa que gentilmente aceitou colaborar
com a realização do estudo e utilizar duas das unidades habitacionais em construção para confecção da
parte experimental.
APOIO
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