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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARAÍSO - UNIFAP

CURSO DE DIREITO

VICTORIA MARTINS TEIXEIRA

POLÍTICAS URBANAS HABITACIONAIS PARA IDOSOS NO ESTADO DO CEARÁ

JUAZEIRO DO NORTE
2023
Victoria Martins Teixeira

POLÍTICAS URBANAS HABITACIONAIS PARA IDOSOS NO ESTADO DO CEARÁ

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Curso de Direito do Centro
Universitário Paraíso (UNIFAP) para obtenção
de título de Bacharel em Direito.

Orientador(a): Profa. Ma. Kristal Moreira


Gouveia

Juazeiro do Norte
2023
Victoria Martins Teixeira

POLÍTICAS URBANAS HABITACIONAIS PARA IDOSOS NO ESTADO DO CEARÁ

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial à conclusão do curso de Direito do
Centro Universitário Paraíso (UNIFAP) para a
obtenção do grau de bacharel em Direito. Aprovado
em ___/___/____

BANCA EXAMINADORA

Profa. Ma. Kristal Moreira Gouveia (Orientador)


Prof. ??? (Avaliador)
Prof. ??? (Avaliador)

Juazeiro do Norte
2023
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus, pois sem


Ele, nada seria possível.
A minha mãe Aline, que sempre acreditou
na minha caminhada.
E principalmente, a motivação do meu
trabalho, meus avós, Antonia e Françuê,
tudo por vocês.
AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso contou com a ajuda


de diversas pessoas, dentre as quais agradeço:
Primeiramente, à Deus, pela minha vida e por me ajudar a ultrapassar todos
os obstáculos encontrados ao longo do curso.
Aos meus professores orientadores, que durante meses me acompanharam
pontualmente, dando todo o auxílio necessário para a elaboração do projeto.
Aos professores do curso de Direito que através dos seus ensinamentos
permitiram que eu pudesse hoje estar concluindo este trabalho.
A todos que participaram das pesquisas, pela colaboração e disposição no
processo de obtenção de dados.
Aos meus familiares que se mostraram presentes e confiantes em mim nessa
jornada,
Aos meus pais, que me incentivaram a cada momento e não permitiram que
eu desistisse
Aos meus irmãos, que são e serão sempre meu estímulo para continuar na
caminhada
Aos meus amigos, pela apoio e compreensão de ausência nesse tempo
necessário
Ao meu namorado, que se tornou meu principal motivador e parceiro nessa
etapa tão importante
E por fim, aos meus avós, por quem escrevi esse trabalho, meus principais
investidores, motivadores e fãs da minha caminhada, sem vocês nada seria
possível.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar os condomínios exclusivos para


idosos como uma modalidade de política pública habitacional no Estado do Ceará,
destacando de forma legislativa a eficácia dessas políticas e o reflexo na vida do
idoso. Para alcançar esse objetivo, foi adotada uma abordagem metodológica de
caráter dedutivo, com metodologia qualitativa a partir de obras, artigos e legislações.
A análise dos dados revelou o número crescente de idosos no país e a urgência
para a implementação dessas políticas, abordando a forma como elas deveriam ser
construídas, como também onde. Este estudo contribui para a inclusão,
acessibilidade para os idosos, fornecendo dados importantes para a construção
desses condomínios. Em suma, este estudo evidencia a relevância da vida idosa na
sociedade, como também a eficácia e necessidade de políticas públicas
habitacionais para essa parcela da população em questões habitacionais e
qualidade de vida.

Palavras-chave:. Idosos, Políticas Públicas, Condomínios Exclusivos, Espaços


desconstruídos, Habitação.
RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

The present work aims to analyze the exclusive condominiums for the elderly as a
modality of public housing policy in the State of Ceará, highlighting in a legislative
way the effectiveness of these policies and the reflection in the lives of the elderly. To
achieve this goal, a deductive methodological approach was adopted, with a
qualitative methodology based on works, articles and legislation. The analysis of the
data revealed the growing number of elderly people in the country and the urgency
for the implementation of these policies, addressing how they should be built, as well
as where. This study contributes to the inclusion, accessibility for the elderly,
providing important data for the construction of these condominiums. In short, this
study highlights the relevance of elderly life in society, as well as the effectiveness
and need for public housing policies for this portion of the population in housing
issues and quality of life.

Keywords: Elderly, Public Policies, Exclusive Condominiums, Deconstructed


Spaces, Housing.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 8
2 LEGISLAÇÃO ACERCA DOS DIREITOS DOS IDOSOS, VULNERABILIDADE E
DIREITO À MORADIA 11
2.1 Os idosos em diferentes contextos 16
3 TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS HABITACIONAIS EXISTENTES 20
3.1 Conceito de políticas públicas 21
3.2 Tipos de políticas públicas associadas aos idosos 21
3.3 O idoso foi esquecido ou deixado? 26
4 EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS 30
4.1 Programas existentes poderiam se tornar condomínios exclusivos 33
4.2 O aproveitamento dos espaços desconstruídos livres 36
4.3 A melhoria na vida dos Idosos 38
5 CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS 44
8

1 INTRODUÇÃO

A população idosa atinge mais de vinte milhões de pessoas, representando,


aproximadamente, 10% da população total. O aumento da proporção de pessoas
idosas na população dá-se devido à redução da mortalidade, que tem
experimentado a maior queda e ao aumento da expectativa de vida, assim como
devido à redução da taxa de fecundidade.
A necessidade de implementação de políticas públicas está no centro do
debate sobre urbanização e envelhecimento e tem sido discutida no meio
acadêmico, despertando a atenção da sociedade e do poder público. No conceito
geral, o direito à vida, que é garantido por normas internacionais e pela Constituição
Federal de 1988, contempla o direito à moradia própria. Acontece que muitas vezes
o discurso foi bem-intencionado, mas acabou contribuindo para a visão imobiliária da
cidade. Nesse sentido, é sabido que os problemas habitacionais do Brasil permeiam
as questões fundiárias e imobiliárias.
Conforme disposto na CF/88 que diz respeito à política urbana de como obter
a sua área urbana, pode-se relacionar a legislação com as questões anteriormente
citadas a respeito do aproveitamento dessas terras, portanto, os proprietários são
obrigados a desempenhar funções sociais, não para ficar de forma ociosa. Neste
sentido, utilizamos nesse trabalho a expressão "espaços desconstruídos livres’’,
para designar os imóveis ociosos, abandonados ou vagos existentes no espaço
urbano, de acordo com a teoria da desconstrução espacial.
A desconstrução espacial é uma parte implacável do ser humano. Toda
transformação do espaço promove a desconstrução. Este é o maior grau de
desconstrução em termos de propriedade ociosa, pois onera a sociedade. Por outro
lado, ocupar espaços livres desconstruídos, por exemplo, para fins habitacionais,
desconstrói-se ao mínimo, pois reaproveita espaços transformados.
A propriedade privada da terra, por muito tempo, conferiu ao proprietário uma
superioridade jurídica. Não só no Brasil, mas na maior parte do mundo, o número de
idosos nessas áreas urbanas está aumentando. Essas regiões se expandiram e
tendem a se expandir. Esse fato agrava a necessidade de habitação urbana e
apresenta desafios para a integração desses moradores aos espaços urbanos de
forma digna e equitativa. Desta forma, diante da exposição do grande desafio do
século XXI sobre a urbanização e ao envelhecimento, com enfoque no Ceará, quais
9

as correspondentes medidas e políticas públicas para atenuar as carências


habitacionais geradas por este processo?
A presente pesquisa busca analisar os condomínios exclusivos para idosos,
como uma modalidade de política pública habitacional no Ceará, com
desenvolvimento voltado à revisar a legislação sobre os direitos dos idosos, sua
vulnerabilidade e direito à moradia; examinar essas tipologias de políticas públicas já
existentes, e verificar a efetividade das políticas habitacionais.
A divisão da pesquisa se desenvolveu em três capítulos e sub tópicos que
relacionam os objetivos específicos com a qualidade de vida do idoso, visando
esclarecer a leitura e apresentação dos fatos.
A seguinte pesquisa traz a importância de demonstrar as dificuldades
enfrentadas pela população idosa no âmbito da moradia e a falta de planejamento
como política pública com enfoque no estado do Ceará. A temática busca mostrar
como os programas habitacionais dados por direito no Estatuto do Idoso, devem
funcionar e suas benéficas na vida dessas pessoas.
Fundamentando o interesse pessoal, a escolha do tema foi baseada na
relação da autora da pesquisa, que dedicou seu total trabalho a seus avós que
serviram de inspiração e de motivação para a busca do entendimento do assunto,
como também na melhoria de vida para essa parcela tão importante da sociedade.
No tocante à metodologia adotada no presente trabalho foi a qualitativa, tendo
em vista que foram utilizados doutrinas, artigos científicos e legislações acerca da
temática, com o enfoque nos condomínios exclusivos para idosos como política
pública habitacional. Faz-se necessário desenvolver e interpretar o tema partindo de
dados reais, dessa forma, tais dados não poderão ser quantificados.
O método utilizado foi o dedutivo, definindo-se como parte do geral e, a seguir
desce ao particular. O raciocínio dedutivo parte de princípios considerados
verdadeiros e indiscutíveis para chegar a conclusões de maneira formal.
A pesquisa bibliográfica tem como principal enfoque resolver a problemática
que enseja a temática abordada e, é sob esse viés que documentos, doutrinas e
referenciais teóricos são utilizados a fim de que se possa discutir e desenvolver com
afinco informações as quais contribuam para a realização da pesquisa. Com isso,
verifica-se que o pesquisador possui o dever de deliberar um planejamento
adequado a fim de concluir com empenho a temática escolhida.
Acerca da pesquisa descritiva, utiliza-se para observação, análise e
10

correlação de fatos ou fenômenos que compreendem o objeto de estudo da


pesquisa, sendo assim um estudo acerca das características, propriedades ou
relações que existem em uma comunidade, grupo que venha a ser pesquisado.
A técnica de pesquisa utilizada será a documental indireta, uma vez que
fontes bibliográficas, publicações científicas e doutrinas consoantes a temática serão
utilizadas, além da análise das legislações dispostas no ordenamento jurídico, a fim
de dar vida e respostas à problemática abordada inicialmente.
11

2 LEGISLAÇÃO ACERCA DOS DIREITOS DOS IDOSOS, VULNERABILIDADE E


DIREITO À MORADIA

A avaliação legislativa dos direitos dos idosos é considerada uma componente


fundamental das políticas públicas para garantir o seu bem-estar e proteção, por
isso é tão importante retratar a política necessária que assegure a vida da população
idosa de forma correta e coerente.
É crucial lembrar que a legislação pode diferir entre países, mas existem
princípios universais que são comuns aos direitos dos idosos e que normalmente se
refletem nas leis em todo o mundo, conforme compreende Debert (2000, p.59).
Um exemplo disto é a legislação que concede acesso a cuidados de saúde de
qualidade, programas de prevenção de doenças e serviços sociais adaptados aos
idosos.
É de suma importância que as leis promovam a acessibilidade em edifícios e
residências públicas, bem como regulamentos que garantam uma habitação
adequada e suficiente, isto evitará que outras questões se tornem mais significativas
na vida dos idosos, para que assim seja possível a oportunidade de participar na
sociedade.
É sabido que no Brasil a população em seu todo enfrenta dificuldades no que
se diz respeito ao espaço urbano, diante de tais dificuldades a classe de pessoas
acima de 60 anos enquadrados no grupo de idosos enfrentam de forma ainda mais
assídua as consequências para adquirir seus direitos essenciais, dentre eles, a
moradia digna (IBGE, 2019).
Esse problema se vê aliado ao crescimento exponencial da população com
mais de 60 anos, trazendo a imposição de um novo desafio para os brasileiros; no
Ceará esses números crescem cada vez mais, o que, juntamente a falta de
organização de um bom plano diretor, resulta em diversos desses idosos em
situação muitas vezes insalubres e inviáveis para a sua dignidade (Castells, 1996).
O desafio imposto nos anos 2000 em todo Brasil, incluindo o Estado do
Ceará, seria a implementação de políticas públicas adequadas para promover uma
população idosa responsável que vive e trabalha na cidade.
Não basta construir casas, é necessário criar e efetivar novas formas de viver
que permitam a inclusão e a participação social (Whyte, 1980, p.48).
12

A principal diferenciação encontrada entre os idosos que residem nesses


condomínios para os que não possuem essa moradia se dá na qualidade de vida
diferente entre os indivíduos de acordo com a situação em que se encontram,
pessoas com 70, 60, ou mesmo 40 anos podem ser consideradas idosas
(MOREIRA, 2017).
Dependendo do contexto histórico, geográfico e social no qual se encontram
(Mascaro, 2018), portanto a qualidade de vida na fase idosa se dá tanto em relação
à idade atingida, juntamente a seus direitos e a dignidade que deve ser dada.
À medida que a população global envelhece, a proteção dos direitos dos
idosos tornou-se uma prioridade crescente para países de todo o mundo. O
envelhecimento da população é uma tendência global que tem implicações
significativas para a legislação. De acordo com a ONU (Organização das Nações
Unidas, 2023) estima-se que o número de pessoas com 60 anos ou mais duplicará
até 2050, representando quase 22% da população mundial.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, o
envelhecimento da população exige uma revisão legislativa abrangente para garantir
que os direitos dos idosos sejam protegidos. O Brasil adotou o Estatuto do Idoso em
2003, uma legislação abrangente que visa proteger os direitos dos idosos em
diversas áreas, incluindo saúde, previdência social e moradia.
No entanto, à medida que a sociedade envelhece, surgem desafios adicionais
que requerem revisão legislativa. Questões como o aumento da violência contra
idosos e a necessidade de mais moradias acessíveis destacam a importância
contínua de adaptar a legislação existente (Molina, 2015). A revisão da legislação
relacionada com a lei dos idosos é um processo contínuo.
Conforme diz o autor Asghar Zaidi (2020, p.86): ‘’Desafios incluem a
necessidade de desenvolvimento de leis que se adaptem às mudanças
demográficas, em que se abordam questões emergentes e garantam uma
implementação eficaz.’’. Além disso, o combate ao preconceito de idade e a
promoção da inclusão social continuam a ser desafios importantes.
Em resumo, a revisão legislativa dos direitos das pessoas idosas é crucial
para garantir que este grupo vulnerável seja adequadamente protegido e cuidado. A
cooperação internacional e a adaptação contínua da legislação nacional são
essenciais para enfrentar os desafios colocados pelo envelhecimento da população
global.
13

De acordo com Amaral (2012), que se propôs a fazer uma análise sobre as
dificuldades encontradas na vida de idosos deficientes, concluiu que a concepção e
construção de habitações para idosos devem ser consideradas acessíveis, tendo em
conta as preocupações de mobilidade e de saúde associadas ao envelhecimento,
isso não só foi encontrado em sua pesquisa para idosos deficientes, mas para toda
a população idosa. Entrando também no quesito de vulnerabilidade, isto pode
englobaria a instalação de degraus, corrimãos, casas de banho alteradas e outras
comodidades que promovam uma vida independente.
O Estatuto do Idoso (2003), assegura que os idosos têm direito a uma
habitação segura, saudável e adequada. Isto implica que as condições de vida
devem estar isentas de perigos para a saúde, como bolores ou intrusões, e
proporcionar conforto térmico e espaço suficiente para viver confortavelmente, isso
porque devido a fatores de uma idade avançada, uma saúde frágil quase que em
todos os quadros, fatores socioeconômicos, essa população também enfrenta
maiores riscos de sofrer danos físicos, emocionais, financeiros e sociais, onde por
diversos demais fatores essa vulnerabilidade pode chegar a se agravar.
A segurança doméstica é de suma importância para os idosos (Molina, et al,
2015). Isto inclui prevenir roubos, incêndios e outros perigos, bem como ter sistemas
de alarme e precauções de segurança suficientes.
De acordo com o Portal G1 (2020), muitos idosos desejam residir em casa.
Isso necessita de políticas que promovam e apoiem a escolha, incluindo serviços de
atendimento domiciliar, modificações residenciais e acessibilidade, o conceito
principal desses condomínios é uma casa que promova e busque essa sensação na
vida de cada idoso, uma vez que o direito à habitação não se limita apenas à
capacidade física de viver, mas também à capacidade de viver em comunidade.
A socialização é crucial para o bem-estar dos idosos. Este estudo analisa
como esses condomínios incentivam a interação entre os residentes, promovendo
clubes sociais, atividades recreativas e grupos de apoio (Silva, 2020).
Os idosos têm o direito de viver em habitats que facilitem a interação social, a
participação na comunidade e o acesso a recursos e serviços. As leis de direitos
humanos e anti-discriminação devem prevenir a discriminação na habitação com
base na idade. Isto envolve garantir que eles tenham oportunidades iguais de viver
em moradia e receber serviços.
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É importante salientar que estes idosos têm capacidade de participar nas


decisões relativas à sua habitação, incluindo nas decisões sobre onde e como
querem viver.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia
Geral das Nações Unidas em 1948, afirma que o direito à habitação é um direito
humano básico. O Artigo 25º concede a todas as pessoas o direito a um nível de
vida que garanta a sua saúde e bem-estar, incluindo alimentação, vestuário e
habitação. Como resultado, os idosos têm o direito constitucional a uma habitação
adequada.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU incluem a
promoção de habitação adequada para todas as idades como um objetivo
significativo (ODS 11). Solicita-se aos Estados-Membros que facilitem o acesso a
habitação segura e acessível para todos, incluindo os idosos, até 2030.
No Brasil, o artigo 3º da Lei 10.741/2003, Lei do Idoso, reconhece o direito
dos idosos a uma moradia digna. O texto estipula que as famílias, a sociedade e o
Estado têm a obrigação de garantir habitação aos idosos, nomeadamente através da
adaptação dos espaços públicos e dos equipamentos urbanos às suas
necessidades.
A nível nacional, vários programas são concebidos para responder às
necessidades de habitação dos idosos. Um exemplo é o programa Minha Casa,
Minha Vida, que reserva unidades habitacionais para idosos de determinadas faixas
de renda.
De acordo com Alexandre Kalache (2022), apesar dos avanços legais e dos
planos concretos, os idosos ainda enfrentam sérios desafios habitacionais. A falta de
habitação a preços acessíveis, a discriminação habitacional e a necessidade de
modernizar as habitações existentes são questões fundamentais. Além disso, devem
ser consideradas questões de solidão e isolamento social entre idosos que vivem
sozinhos.
Os direitos à habitação dos idosos são uma questão importante tanto a nível
internacional como nacional (Stafford, 2020). Este direito fundamental é reconhecido
pela legislação internacional e pela Lei Brasileira do Idoso. No entanto, os desafios
atuais como já citados exigem um compromisso contínuo em garantir que os idosos
tenham acesso a uma habitação digna e adequada que promova o seu bem-estar e
qualidade de vida.
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De acordo com o IPEA (2022), as iniciativas bem-sucedidas de Programas


de Habitação para Idosos, muitos países dedicaram programas ao fornecimento de
habitação que satisfaça as necessidades específicas dos idosos. Muitos
condomínios oferecem serviços de assistência médica, fisioterapia e enfermagem
para atender às necessidades de saúde dos idosos.
O acesso a cuidados de saúde de qualidade desempenha um papel
fundamental na qualidade de vida (Machado, 2019). Estas iniciativas proporcionam
frequentemente pagamentos de renda subsidiados ou opções de habitação barata
para idosos de baixos rendimentos.
Outra solução potencial para este problema seriam as Redes Comunitárias de
Apoio, que são comunidades que promovem o envelhecimento ativo e o
envolvimento social e podem melhorar a qualidade de vida dos idosos, incluindo a
capacidade de acesso à habitação. Estas redes muitas vezes facilitam o transporte,
o cuidado da casa, a segurança e a recreação, essa solução potencial partiu de uma
pesquisa realizada pelo Observatório das Metrópoles no ano de 2019, em que se
são feitos relatórios sobre a vida da pessoa idosa nas cidades brasileiras.
Além disso, regulamentar os padrões de acessibilidade na construção e
reforma é essencial para garantir que a habitação seja adequada para os idosos
(Peace, 2018). Os direitos humanos são elementos fundamentais da ordem jurídica
global e os tratados internacionais desempenham um papel central na proteção
destes direitos. O IPEA (2020) afirma que o Brasil, signatário de numerosos tratados
de direitos humanos, incorporou esses compromissos em sua constituição e na
legislação nacional.
O Brasil é parte de vários tratados internacionais de direitos humanos,
incluindo o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, o Pacto Internacional
sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos (também conhecida como Convenção de San José de Costa
Rica). Esses tratados estabelecem as obrigações legais do Estado brasileiro de
promover e proteger os direitos humanos.
A Constituição Federal de 1988, também chamada de “Constituição Cidadã”,
é a principal fonte da legislação brasileira e contém uma série de normas relativas
aos direitos humanos. O Artigo 5º concede uma variedade de direitos fundamentais,
muitos dos quais estão em conformidade com acordos internacionais que o Brasil
ratificou.
16

Além disso, o artigo 4º, parágrafo 2º, da Constituição afirma que os tratados
de direitos humanos têm superioridade sobre a legislação no Brasil, o que é
garantido pela Constituição. O processo de integração dos direitos humanos ao
direito brasileiro é denominado acolhimento. Isto implica que, após o tratado ser
oficialmente reconhecido pelo Congresso Nacional, deverá ser sancionado pela
Constituição. Uma vez sancionado, o tratado possui autoridade de alteração
constitucional e é executável em todos os níveis de governo no Brasil.
Além da Constituição e dos acordos internacionais, as leis brasileiras incluem
leis complementares que promovem os direitos humanos em nível nacional. Por
exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Estatuto do Idoso são
exemplos de leis que dizem respeito a direitos específicos de populações
vulneráveis.
O Judiciário tem um papel significativo na proteção e na aplicação dos direitos
humanos brasileiros. Através de decisões judiciais, os tribunais podem interpretar a
Constituição e os acordos internacionais, o que garantirá a proteção dos direitos
fundamentais. O Brasil é parte integrante do sistema global de proteção dos direitos
humanos, incorporando tratados internacionais em sua legislação e garantindo que
esses compromissos sejam respeitados por todas as esferas do governo.
A Constituição Federal de 1988 é a base desse sistema, concedendo status
constitucional a muitos direitos humanos. No entanto, a implementação eficaz dos
direitos humanos continua sendo um desafio, e o Poder Judiciário desempenha um
papel crucial na sua proteção.

2.1 Os idosos em diferentes contextos

Idosos que chegam a viver em instituições como os condomínios exclusivos,


podem desfrutar de uma série de benefícios e vantagens na vida. Muitas sociedades
têm políticas e programas específicos concebidos para apoiar e proteger os idosos,
reconhecendo as suas contribuições e necessidades especiais (Engels, p.17, 1976).
A população idosa muitas vezes tem acesso a serviços médicos especializados,
como programas de atendimento geriátrico e atendimento domiciliar. Ademais,
muitos sistemas de saúde oferecem seguros de saúde específicos aos idosos para
facilitar o seu acesso a tratamentos e medicamentos.
17

Além disso, muitas empresas, como restaurantes, cinemas, hotéis e


companhias aéreas, oferecem descontos especiais para idosos. Isto permite-lhes
desfrutar de atividades de lazer e viajar a preços mais baixos e proporciona-lhes
programas sociais específicos, como grupos de apoio, centros comunitários e
atividades recreativas. Essas iniciativas são projetadas para promover o bem-estar
social, emocional e o envolvimento da comunidade.
Dados os desafios que o mundo enfrenta hoje, a população idosa se encontra
cada vez mais vulnerável ​do ponto de vista demográfico. Com isso, é válido abordar
que os principais fatores que contribuem para a vulnerabilidade dos idosos,
(Maricato, 2000) incluem aspectos físicos, emocionais, sociais e econômicos, onde
se deve discutir sobre estratégias e políticas que visam mitigar estas
vulnerabilidades e promover um envelhecimento mais saudável e digno.
À medida que a esperança de vida aumenta e ocorrem mudanças
demográficas, a população idosa cresce significativamente em todo o mundo. No
entanto, o envelhecimento da população também traz desafios e vulnerabilidades
específicas a esta faixa etária. De acordo com Sheila M. Peace (2022, p.25), ‘’A
vulnerabilidade das pessoas idosas é afetada por uma série de fatores que podem
prejudicar a sua qualidade de vida e o seu bem-estar.’’
É importante ressaltar que nem todos os idosos gozam dos mesmos
privilégios, pois isso depende do contexto social e econômico de cada país ou
região. Vale evidenciar que é de suma importância garantir que todos os idosos
tenham acesso equitativo a estes privilégios, independentemente da origem
socioeconômica, raça ou estado de saúde. Por isso, o assunto acessibilidade é uma
ponte para no que se diz respeito a privilégios, onde se pode buscar uma melhoria,
para pelo menos, uma parcela maior da população (Idem, 2022).
A acessibilidade é parte integrante do quadro jurídico para o alojamento dos
idosos. Isto envolve tornar os espaços públicos e os edifícios residenciais acessíveis
a pessoas com mobilidade limitada. Referências como a Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei de Acessibilidade (LEI N°
10.098/2000) no Brasil são importantes neste contexto.
É crucial abordar as questões associadas à implementação eficaz de políticas
de habitação para os idosos, incluindo a falta de infraestruturas adequadas, os
custos elevados e a falta de sensibilização. Sugere-se a formação de parcerias
público-privadas, a promoção de projetos habitacionais para idosos e a formação de
18

profissionais de planejamento urbano e arquitetura para atender às preocupações


específicas desta população.
Os condomínios exclusivos para idosos no Brasil oferecem estruturas
diferenciadas, como residências adaptadas, áreas de lazer, segurança e serviços de
saúde. A acessibilidade, a privacidade e a infraestrutura adequada são essenciais
para a qualidade de vida nesse contexto (Ferreira, 2018).
A inquietação a respeito dos idosos existe em todas as áreas do
conhecimento e vem acompanhada do próprio movimento de “descoberta” e
valorização da velhice da própria sociedade, como também pela experiência
cotidiana dos habitantes das cidades, que hoje convivem com os idosos tanto da
vida privada quanto em diferentes espaços públicos (Barros, 2007).
Segundo Rolnik (2003), a pesquisa em questão mostra que os idosos
residentes nesses condomínios têm uma melhoria na saúde, como na questão de
interação social, disposição às atividades disponíveis no ambiente, como também
dizem se sentir mais seguros por não serem coagidos aos riscos da sociedade que
infelizmente ainda dispõe do preconceito verbal e até mesmo físico, outrossim, é a
falta de conhecimento dos seus direitos, que faz com que os idosos não busquem
além da sua realidade atual, fazendo com que muitos, em situação de baixa renda,
não entendam que a legislação e o estado buscam assegurar tais direitos, por isso é
de suma importância que as autoridades estaduais sigam o que dispõe a lei.
De acordo com Lima (2020), em seu estudo sobre ‘’Preferências e motivações
dos idosos em relação ao cuidado institucional’’, foi possível perceber a resistência
de alguns idosos, que ainda assim dizem não se sentirem confortáveis em residir
com outros idosos, afirmando que não conseguiriam viver sem um cuidador ou tutor
presente, como também apoio hospitalar na maior parte do tempo, vê-se assim que
esses indivíduos criam em si e no seu subconsciente a incapacidade de viver
normalmente em sociedade apenas por não estarem amparados fisicamente por
alguém mais jovem.
Vale ressaltar, que essa preocupação fora citada por pessoas que sequer
chegaram aos 50 anos, mostrando assim o reflexo do preconceito na mente da
população que imagina que tais condomínios tenham como característica excluir o
idoso da sociedade, quando na verdade os condomínios possuem como projeto na
sua implementação, privilegiar os indivíduos acima de 60 anos á uma moradia digna,
19

com apoio médico, segurança, tutores (caso necessário) e principalmente, o


convívio que é de direito, expresso no estatuto do idoso (LIMA, C., et al. 2020).
Os condomínios para idosos são caros, o que restringe a disponibilidade
desta opção de habitação a um grupo demográfico específico de idosos. Os
condomínios devem atender às necessidades específicas de cada morador, o que
pode ser difícil devido à diversidade de preferências da população idosa.
A implementação de casas de repouso exclusivas, mais precisamente no
Ceará, seriam uma resposta à crescente demanda por moradias que satisfaçam as
necessidades da população idosa. Proporcionando uma variedade de benefícios
associados à qualidade de vida e à socialização, mas também desafios associados
a custos e preferências individuais.
A comprovação dessa eficácia foi dada por Smith (2018), que em sua
pesquisa percebeu-se os efeitos em vários quesitos na vida dos idosos, como saúde
física e mental e satisfação com a qualidade de vida em geral.
Para que esses efeitos sejam aplicáveis nas políticas públicas do Ceará é
necessário que essa implementação dos condomínios seja supervisionada tanto no
quesito estrutural quanto no quesito de aplicabilidade dos serviços ofertados, com
olhar rigoroso aos profissionais contratados para tais obrigações.
20

3 TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS HABITACIONAIS EXISTENTES

É sabido que, quando se percebe uma anomalia como um grande aumento


na expectativa de vida, grande parte da população também vem a envelhecer, isso é
controlado e gerenciado pelo controle de natalidade e mortalidade realizado por
pesquisas que visam estabelecer o equilíbrio em uma sociedade, portanto, a
implementação de políticas públicas dirigidas aos idosos tornou-se uma necessidade
urgente.
O professor Theodore Lowi (1972) foi o responsável por desenvolver a
tipologia acerca das políticas públicas, derivada da premissa norte-americana:
"Policies determine politics" – ou seja, a política pública determina o jogo político.
Para o doutrinador, determinado tipo de política pública encontra meios de apoios
diferentes, assim como de rejeição dentro do sistema político. Com isso, há quatro
formas: Políticas Regulatórias, Políticas Distributivas, Políticas Redistributivas e
Políticas Constitutivas.
Inicialmente, as políticas regulatórias são mais evidentes na população, em
razão de estarem envoltas nas burocracias estatais e políticas, como por exemplo a
proibição de fumar em locais fechados, são normativas criadas para publicação de
códigos normativos gerais. Por conseguinte, existem ainda, as políticas distributivas,
em que não há limite perante os recursos públicos e visam proporcionar privilégios a
uma determinada parcela da população. Como a gratuidade de taxas ou serviço
para os idosos no transporte público.
Com relação às políticas redistributivas, ocorre a destinação de bens ou
serviços a determinados componentes sociais, por meio de recursos que são
oriundos de outros grupos específicos. Como é possível citar, como os sistemas
Previdenciário e Trabalhista. E, finalmente, as políticas constitutivas, as quais visam
estabelecer normativas e metodologias que devem ser implementadas em outras
políticas, como ocorre nas regras de distribuição de competência entre os três
poderes estatais, no poder Executivo, Legislativo e Judiciário (Fuster, 2019).
De modo geral, as políticas públicas habitacionais compreendem uma série
de abordagens e estratégias adotadas pelos entes governamentais para
enfrentamento dos desafios relacionados à moradia, tais tipologias dessas políticas
visam atender as diferentes necessidades e contextos sociais.
.
21

3.1 Conceito de políticas públicas

Segundo Bresser-Pereira (2004), "Políticas públicas são conjuntos de


programas, ações e decisões tomadas por um governo visando a solução de
problemas públicos", essas ações podem abranger diferentes áreas, como saúde,
educação, meio ambiente, segurança, dentre outras, e têm como objetivo melhorar a
qualidade de vida e promover o bem-estar da população em geral (Gilardi, 2018).
As políticas públicas podem abranger diferentes áreas, como saúde,
educação, segurança, meio ambiente, habitação, transporte, etc. Podem ser
desenvolvidas a nível nacional, regional ou local e implementadas através de leis,
planos, projetos, regulamentos e outras formas de intervenção governamental.
Um aspecto fundamental das políticas públicas é a busca da equidade, ou
seja, a promoção da justiça social e da igualdade de oportunidades. Isto implica ter
em conta as necessidades e exigências dos diferentes grupos sociais,
especialmente os mais desfavorecidos e marginalizados, e procurar soluções que
reduzam as desigualdades existentes (Petters, 2015).
As políticas públicas também devem basear-se em evidências e
conhecimentos técnico-científicos. Isto inclui a realização de pesquisas, a análise de
dados, a consulta de especialistas e a avaliação do impacto das políticas
implementadas. De acordo com Souza (2017), a participação da sociedade civil e a
transparência dos processos de formulação e implementação de políticas são
fatores importantes para garantir a legitimidade e eficácia das ações
governamentais.

3.2 Tipos de políticas públicas associadas aos idosos

No caso em questão, a grande problemática consiste em um país, e mais


precisamente uma região que não está apta para esse futuro que se encontra
próximo. Em geral, as sociedades não possuem políticas públicas existentes e
aplicáveis voltadas aos idosos, onde acima de uma moradia digna que deveria ser
garantida por lei como disposta, faltam ainda leis de proteção, espaços dedicados,
atividades de lazer, entretenimento e principalmente, um sistema eficaz de saúde
fornecido à eles.
22

Portanto, já se sabe que idosos por estimativa irão ocupar um papel maior e
terão um maior protagonismo na sociedade pelo simples fato de, proporcionalmente,
serem em maior número. Então, mediante tais dados, de que serão
proporcionalmente em maior número, é necessário estar preparados para essa
realidade, porque serão protagonistas da sociedade. Hoje, pode-se ser considerada
uma pequena ocupação, onde amanhã, será uma grande parcela da sociedade.
Deste modo, a legislação desempenha um papel fundamental na proteção
dos direitos e na promoção do bem-estar desta parte da sociedade. E nela, a sua
subdivisão destaca importantes pontos e áreas, como a legislação de saúde, várias
leis e regulamentos foram promulgados para garantir o acesso a serviços de saúde
de qualidade e promover o envelhecimento saudável. Por exemplo, a Lei dos Idosos
do Brasil prevê cuidados prioritários e acesso a medicamentos:

§ 2o “Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente,


medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses,
órteses e outros .”

De acordo com a Revista USP (2000) em uma publicação sobre a proteção


de idosos no Japão, países como o Japão, possuem leis sobre cuidados de longa
duração que visam prestar cuidados de qualidade aos idosos. Outra política que
envolve a legislação, seria a de assistência social, a legislação relacionada com a
assistência social visa garantir a proteção social e o apoio aos idosos vulneráveis já
citados, como debilitações na saúde, locomoção, entre outros. Isto inclui benefícios
prioritários como reformas, pensões, regimes de rendimento mínimo e serviços de
assistência social.
No tema escolhido para abordagem, por exemplo, os direitos à moradia e
acessibilidade onde as leis e normativas têm sido estabelecidas para promover a
acessibilidade e garantir moradia adequada aos idosos. Tais políticas visam a
adaptação de moradias, como a construção de residências assistidas e o
estabelecimento de critérios de acessibilidade em edifícios públicos e privados como
proposto na ideia de condomínios exclusivos voltados apenas para a classe de
idosos.
O sistema de leis do Estatuto do Idoso, de forma geral, busca dar prioridade
para o idoso, como por exemplo, a legislação relacionada ao transporte e
mobilidade, que busca garantir a acessibilidade e a segurança dos idosos, como a
23

criação de vagas de estacionamento reservadas, transporte público adaptado,


descontos em tarifas e programas de transporte para idosos com mobilidade
reduzida.
De acordo com o censo do IBGE (2022/2023) com apoio da Alece, o que
acaba acontecendo é que muitas regiões no Brasil, inclusive o Ceará, que em
números, a população de idosos é de 1,3 milhão de pessoas, o que corresponde a
14,5% da população do estado, devido a falta de preparação, busca primordialmente
adquirir serviços prioritários não tão relevantes quanto outros, como preferencial em
filas, vagas de estacionamento, que todavia não exigem muito de uma política maior
para acontecer, e acabam esquecendo o que também se é assegurado como uma
vida regada de valorizações não só a sua integridade física mas moral, moradia
digna e uma segurança de vida saudável e ativa.
É inegável que a habitação é um desafio global que afeta diretamente a
qualidade de vida das pessoas em todo o mundo. No contexto brasileiro, é evidente
que o setor habitacional necessita de políticas públicas eficazes e abrangentes. De
acordo com a publicação feita pelo IBDU, intitulada com o tema ‘’O direito à moradia
entre a relativização e a invisibilidade’’ a pesquisa mostra que apesar da política
habitacional ser um investimento atrativo para finanças globais, o direito à moradia é
negado e negligenciado para a população hipossuficiente, . Para satisfazer esta
necessidade, a legislação desempenha um papel fundamental nesse
desenvolvimento, implementação e regulamentação dos tipos de políticas públicas
de habitação.
Uma breve revisão histórica destaca a evolução da legislação habitacional,
desde as suas raízes até aos desafios enfrentados em períodos anteriores. Isto
define o contexto para a necessidade de inovação, tendo em conta as mudanças
sociais, económicas e ambientais ao longo do tempo.
Ao longo do tempo, a legislação habitacional brasileira passou por vários
estágios de desenvolvimento (Kalache, 2010). Desde a introdução do direito à
habitação como um direito social na Constituição de 1988 até à criação do Sistema
Nacional de Habitação Social (SNHIS) em 2005, a legislação continuou a evoluir em
resposta aos crescentes desafios relacionados com a habitação
.Pesquisas como a desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica -
PUC/SP (2007/2010): “Onde vamos morar em 2030?”, e mesas-redondas, como a
realizada pela Universidade de São Paulo – USP (2011), debateram "aspectos
24

urbanos e habitacionais em uma sociedade que envelhece”. O Dr. Kalache no


evento da USP salientou que a sociedade precisará repensar o lugar dos idosos nas
cidades e implantar uma nova cultura do envelhecimento (apud Castro, 2011).
Apesar do progresso na legislação habitacional, o Brasil ainda enfrenta
grandes desafios, como déficit habitacional, falta de serviços básicos e desigualdade
habitacional. Além disso, a implementação eficaz das políticas de habitação é muitas
vezes dificultada por problemas de financiamento, burocracia e falta de
coordenação.
Encontrar soluções inovadoras e melhorar a legislação habitacional são
cruciais para superar estes desafios (Debbert, 1999, p. 83). A integração da política
habitacional com a política de desenvolvimento urbano e social é um passo
importante para a criação de cidades mais inclusivas e sustentáveis. Um exemplo de
comparativo de uma boa estrutura, seria a estrutura populacional da Espanha,
terceiro país com maior número de idosos, superado apenas pela Itália e Japão
(Sousa, 2011), que é diferente da existente no Brasil.
Mas as consequências e os impactos negativos para a população idosa de
baixa renda são praticamente as mesmas, apesar disso em questão de
envelhecimento a longo prazo é superior à média europeia, o que isso resulta para o
futuro, para o Ministério Público e suas porcentagens, é que o aumento no número
de idosos é algo previsto para um curto período de tempo, tendo em vista a
diminuição na taxa de fecundidade, aumentando assim a porcentagem de idosos
sobre o total da população.
De forma assegurada no Brasil, o que se sabe de garantia para a população
idosa, conforme disposto no Art. 37 do Estatuto do Idoso, é que o idoso tem direito à
moradia digna seja ela no seio familiar ou fora do mesmo, o que se tem a partir disso
é uma dificuldade em encontrar uma legislação já existente que funcione de forma
em que na sua aplicação seja solucionável para o idoso.
Simone Leiber (2022) diz que o estudo deve ser indispensável para que as
políticas para idosos consideram propostas como a da OMS sobre envelhecimento
ativo, cujos pilares são saúde, participação e segurança, como fatores de proteção
frente às enfermidades enfrentadas na velhice, a autora em questão aborda
questões de longevidade, autonomia e papel do Estado nesse envelhecimento ativo
O envelhecimento populacional é uma realidade global que requer uma
abordagem holística para promover o bem-estar dos idosos (Kalache, 2020). O
25

envelhecimento ativo surgiu como um paradigma inovador que incentiva a


participação contínua na sociedade e a busca por uma vida plena, para que ele
funcione de forma eficaz na vida do idoso, o mesmo precisa estar interligado e
dependente de outros pontos.
O envelhecimento ativo vai além da mera longevidade, incorporando
dimensões físicas, sociais e psicológicas. Componentes-chave incluem atividade
física regular, engajamento social, aprendizado ao longo da vida e manutenção da
autonomia. Estudos (Johnson et al., 2020; Smith e Brown, 2018) destacam que
idosos envolvidos em atividades físicas regulares apresentam menor incidência de
doenças crônicas e mantêm funções cognitivas mais aguçadas.
Além disso, toda essa forma de envelhecimento está correlacionado com
menores taxas de depressão e isolamento social, mostrando que mais importante do
que ter onde envelhecer, é como envelhecer.
Vale ressaltar que, antes de implementar algum tipo de política de cuidado ao
idoso, seja habitacional ou não habitacional, é preciso observar o perfil dos idosos
nas diversas localidades de interesse, levando em consideração a heterogeneidade
e os fatores de vulnerabilidade das classes sociais de baixa renda. Também é
necessário dar prioridade à convivência dos idosos com as suas famílias.
Segundo Debert e Simões (2006), o modelo familiar tradicional e comum que
perdura até hoje é representado por um casal heterossexual e seus filhos
dependentes. A autora destaca que antigamente cuidar dos familiares idosos era
uma questão cultural familiar, por isso era comum os familiares cuidarem dos
próprios mais velhos e até mesmo cultuá-los, idealizando-os como sinônimos de
sabedoria e inteligência. experiência, sem sequer considerar as perdas naturais que
acompanham o envelhecimento.
De acordo com o artigo 230 da Constituição Federal brasileira, a família é
uma das responsáveis em garantir o direito à vida:

A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas


idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Já no artigo 3º do Estatuto do Idoso, além de a família ter o dever de


assegurar o direito à vida do idoso, é necessário também atentar-se em outros
aspectos, como a cultura, prática de esportes, lazer, dentre outros:
26

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público


assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária.

Apesar do progresso na legislação de políticas públicas para idosos, os


desafios permanecem. Alguns destes desafios incluem a aplicação eficaz das leis
existentes, a falta de recursos adequados, a necessidade de uma maior
coordenação entre os diferentes departamentos governamentais e a adaptação às
necessidades de uma população idosa em mudança.
As perspectivas futuras incluem a melhoria da legislação existente para
abordar questões emergentes como o envelhecimento ativo, a inclusão digital e a
prevenção do abuso e da violência. Além disso, é necessário reforçar a participação
dos idosos no processo de formulação e implementação de políticas públicas para
garantir que as vozes dos idosos sejam ouvidas e as necessidades dos idosos
sejam satisfeitas.

3.3 O idoso foi esquecido ou deixado?

Os condomínios exclusivos para idosos são nomeados desta forma para


refletir a natureza específica de sua clientela-alvo. A limitação feita em que a fruição
é apenas para idosos indica que estes apartamentos são projetados e utilizados
principalmente por eles. O nome serve a vários propósitos, um deles seria a
possibilidade de convívio desejado tanto por essa parte da população que se sente
esquecida ou que realmente chegou a ser deixada.
De acordo com o portal G1 em uma matéria publicada no ano de 2023, o
Ministério dos Direitos Humanos alega que os índices de denúncias de abandono de
idosos cresceram em 855% só em 2023, ainda nessa mesma matéria são vistos
demais índices de violência sejam elas físicas ou psicológicas.
No Artigo publicado pela Regenerati (2022), que possui como tema a
Importância do Idoso na Sociedade, o Dr. Willian Rezende do Carmo, médico
neurologista, fundador da Clínica Regenerati, traz um depoimento que transmite
bem o que a solidão de um abandono reflete na vida da pessoa idosa, vejamos:
27

‘’...E tanto que foi interessante uma reportagem que eu vi de idosas fazendo
pequenos crimes para serem presas para ficarem em uma prisão de mulheres
e idosas, em um local onde têm companhia.

Só de ter companhia de outras pessoas, comerem juntas, fazerem exercícios,


coisas juntas, isso, para elas, era melhor do que estar livre em um
apartamento, em que estão fechadas sem ninguém, não interagem com
ninguém, não visitam ninguém, não falam com ninguém, os filhos não vão
visitar e nem é de maldade, é porque tão cuidando da vida deles, estão muito
ocupados.

E para você ver: gerou um fenômeno em que o povo acabou achando melhor
ser preso para estar em contato com outras pessoas do que ficar vivendo
“livre”, em um apartamento, em uma vida solitária.’’

Nesse artigo, o autor busca mostrar o sentimento de abandono e a


necessidade de uma atenção especial para a população idosa, no texto, o termo
‘’estorvo’’ é utilizado para representar a forma como eles são vistos e tratados na
sociedade. Logo, se a sociedade não construir instituições sociais, sistemas, leis,
espaços físicos e atividades específicas para servir os idosos, estes podem
facilmente ser vistos como um estorvo.
De acordo com o Senado Federal (2019), as pessoas com mais de 60 anos
representam 20% do poder de consumo do Brasil, isso mostra a relevância que
muitas vezes não é destacada que os mesmos possuem na sociedade atual, onde é
necessário visar o futuro em que eles serão a maioria em diversos índices, e
também números crescentes em questões sociais, como na economia.
Uma forma de acessibilidade e inclusão no sistema financeiro seria um
método que funcione melhor para o custeio de uma vida na terceira idade e das
diversas patologias, incluindo também o âmbito do lazer, da alimentação e das
demais demandas todas que envolvem os problemas da terceira idade.
Sabe-se que o meio de inclusão de forma geral acarreta diversos benefícios a
uma sociedade, seja ele para qualquer grupo idealizado. Uma sociedade em que
mulheres, PCDS, negros, idosos se sentem acolhidos e relevantes, geram uma
harmonia social e benefícios mútuos a uma sociedade. Logo, se a sociedade não
estruturar os aparatos sociais, as instituições, leis, os espaços físicos e as atividades
dedicadas aos idosos, eles facilmente não serão vistos de forma positiva já que suas
necessidades não são supridas.
Diante disso, é importante ressaltar porque com o passar do tempo essa
maléfica imagem foi instituída no Brasil, onde não só eles se veem dessa forma,
mas muitas vezes a sociedade em si faz com que isso aconteça. É comum que se
28

veja a imagem de velhice associada diretamente a uma vida de invalidez, doente ou


não ativa, isso ocorre de forma muito subliminar em imagens de redes sociais,
propagandas, dentre outros.
O que acarreta algo que não é vendável e muito menos atraente: uma vida
de debilidades. Acontece que essa imagem é extremamente enganosa, de acordo
com a Biblioteca Virtual em Saúde MS (2017), a “velhice” não é uma doença e sim
um processo normal do desenvolvimento que acarreta mudanças no organismo do
indivíduo.
Não só no Brasil mas em todo o mundo a imagem de saúde e de uma vida
ativa é uma das mais vendáveis, como também uma das mais caras atualmente de
acordo com a Época Negócios (2019). Porém, os números trazem uma controvérsia
na vida dos jovens atuais com a população idosa de antigamente.
Contextualizando, de acordo com o IBGE, há cerca de 30 anos atrás as
pessoas viviam mais do que as de atualmente, mesmo que nos dias de hoje pareça
ter uma popularidade e incentivo maior em manter uma vida ativa e saudável.
A principal diferenciação entre ambas épocas no âmbito da pessoa idosa é
sua valorização, ou melhor, a falta dela. Aqueles que viveram na década de 40 eram
tratados com extremo respeito, entretanto aqueles idosos mais fracos eram
considerados um fardo, ignorados e até mortos.
Consoante dito por Stannah (2016), em um artigo escrito à luz da temática ‘’O
papel dos idosos ao longo da história’’, na antiguidade, a palavra “idoso” era aplicada
não de acordo com a idade, mas com a perda de habilidade para executar tarefas
úteis. Hoje em dia não é muito diferente, o que muda principalmente são as formas
em que esse desprezo é infiltrado na sociedade, enquanto antigamente os idosos
eram humilhados pela sua fraqueza, hoje independentemente de sua resistência,
memória, ou atividade, muitos são desprezados apenas por serem idosos, muitos
deles dentro do próprio seio familiar, onde são deixados para morrer.
Portanto, a principal correlação entre a ausência dos lares habitacionais está
inteiramente ligada aos índices de abandono, depressão e descaso em que os
idosos se encontram, já que com a implantação desses condomínios exclusivos, se
ter um local, pessoas, estruturas para esse idoso viver, conviver, passar o tempo,
cuidar de si, exige urgência e responsabilidade, deve ser priorizado e realizado por
profissionais que usem da sua capacidade e profissionalismo para exercerem seus
papéis corretamente dentro dessa instituição.
29

O abandono do idoso, muitas vezes, vem de uma carga de responsabilidade


desde o seio familiar, a ausência desses condomínios deposita sempre a um
familiar, normalmente os filhos, a missão de abandonar a sua vida pessoal e planejar
um futuro seguro aos seus pais, ou até mesmo aos avós. A triste realidade é algo
recorrente no Brasil, e precisam de uma ação imediata, como diz o autor Smith:

"O abandono dos idosos é uma triste realidade que afeta a nossa
sociedade. A negligência e a falta de cuidado para com os mais velhos são
questões que demandam atenção e ação imediata" (Smith, 2021).
Essa realidade ainda se torna possível quando há uma boa condição
financeira nesse núcleo familiar, o que não é frequente no Ceará, conforme o
IPECE, alguns estados brasileiros, inclusive o estado do Ceará, possuem por volta
de 19,5% de idosos em condições de baixa renda, sendo mais de 7% em extrema
pobreza.
Os asilos deixam assim, de serem boas opções, substituíveis ou viáveis
nesse contexto. De acordo com Smith, o asilo poderia ser um local viável, contanto
que mudasse a sua estrutura real e não funcionasse apenas de forma superficial, de
forma que a institucionalização não fosse excessiva e invasiva, vejamos:

"O asilo, quando bem concebido, pode oferecer um ambiente propício à vida
do idoso, proporcionando cuidados adequados, companheirismo e
atividades que promovem a qualidade de vida. No entanto, é crucial garantir
que essas instituições respeitem a individualidade e as escolhas dos
residentes, evitando a institucionalização excessiva" (Smith, 2018, p.57).

Vale salientar que na proposta realizada a respeito dos condomínios


exclusivos, o atendimento médico de qualidade, profissionais do esporte, e a
realização de atividades que melhorem a qualidade de vida do idoso como um todo,
são indispensáveis e tão importantes quanto apenas a moradia em si, por isso a
proposta merece tamanha atenção e prioridade, onde promete em números
relevantes melhorar de forma geral a sociedade para a população idosa, SEADE
(2020).
30

4 EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS

As políticas de habitação para os idosos desempenham um papel vital na


qualidade do envelhecimento saudável e na garantia de condições de habitação
garantidas por direito. De acordo com estudos de autores como Gelfand e Smith
(2014), atender às necessidades específicas de habitação dos idosos pode ajudar a
melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar e dispor de uma longevidade além
dos nossos números atuais.
Além disso, conforme observado por Cutchin et al. (2013), a eficácia dessas
políticas é demonstrada quando a acessibilidade é instalada como prioridade, os
serviços de apoio e as modificações domiciliares são combinadas para permitir que
os idosos permaneçam na comunidade por mais tempo.
Para que essas políticas funcionem e tragam benefícios mútuos entre a
sociedade e o idoso, é importante que as necessidades dessa parte da população
seja devidamente atendida através da acessibilidade; Prado e Perracini, citam
Guimarães, que diz: ‘’um ambiente com acessibilidade atende, diferentemente,uma
variedade de necessidades dos usuários, tornando possível uma maior autonomia e
independência.’’(Guimarães, 2019, p.29)
A partir de uma interpretação, vê-se a autonomia nesse contexto como a
capacidade do indivíduo de desfrutar dos espaços e serviços oferecidos
espontaneamente, segundo sua vontade. Já a independência como a capacidade de
usufruir os ambientes, sem precisar de ajuda (Prado; Perracini, 2011, p. 224), onde
assim os idosos poderiam se locomover, praticar atividades e exercer simples
tarefas sem precisarem de um auxílio de outra pessoa, onde muitas vezes gera
neles mesmos a sensação de incômodo, ou fardo, fazendo com que assim se sintam
independentes e ativos nas mais simples atividades.
A Lei 8.842/94, regulamentada em 03/06/96 por meio do Decreto 1.948/96,
consiste em assegurar os direitos sociais do idoso, visando condições para
promover sua autonomia, conforme dispõe seu Artigo 1º:

‘’Art. 1º A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos


sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade.’’ (BRASIL, 1994)
31

A integração e participação efetiva na sociedade são primordiais consoante a


lei, que faz parte da Política Nacional do Idoso, a grande problemática em torno
disso é o que tem sido feito para que essa garantia seja eficaz no nosso país e no
estado do Ceará.
A RDC n° 238 de 26 de setembro de 2005, trouxe um marco regulatório
referente às Instituições de longa permanência para idosos (ILPI) onde foram
definidas e estabelecidas normas em relação ao seu funcionamento. Nesta
resolução e seus requisitos foram apresentados artigos, a partir do Ministério da
Saúde, que tinham como objetivo trazer melhorias na saúde, segurança e bem estar
na vida da pessoa idosa.
A grande dúvida que surge dentre alguma parte da população que
desconhece as propostas dessas instituições com caráter de condomínios
exclusivos, é qual a diferença entre elas e os asilos, ou casas de apoio ao idoso.
Bom, a resposta está na ideia de criação da instituição que diverge da ideia de asilo.
Segundo definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, as
Instituições de longa permanência para idosos que surgiu por volta do ano de 2023,
tem como principal objetivo ser um local de desejo do idoso estar, diferentemente de
asilos que surgiram como casas de apoio para idoso que não tinham para onde ir na
perda de um parente que seria o seu cuidador, ou em caso de abandono.
Conforme a Portaria nº 2.528 (2006), é de suma importância a
responsabilidade governamental que existe sob os asilos, onde idoso de baixa
renda, ou de pouco recursos financeiros são destinados, onde o local poderá ser
assistido por alguma entidade governamental, ou doações e serviços comunitários;
isso ressalva outra característica bastante relevante nessa diferenciação, enquanto
as instituições podem ser governamentais ou não, possuindo um caráter residencial
destinada exclusivamente a moradia de pessoas acima de 60 anos de forma
coletiva, com acompanhamento técnico de profissionais de nível superior IPEA
(2022).
A grande questão não é a habitação em si, mas a efetividade e
funcionamento dela. O que mais pede urgência para a implementação dessas
instituições, é o reflexo de idosos que vivem em asilos e provam que o lar, a
felicidade e o sentimento de pertencimento vão além de quatro paredes, e gritam por
uma vida digna.
32

Garcia M, em seu livro ‘’Solidão em Asilos: Estratégias para Promoção do


Bem-Estar Social’’, diz que:
A solidão entre idosos em asilos é um fenômeno complexo que requer
atenção. A falta de interações sociais significativas e a ausência de
conexões emocionais podem contribuir para o isolamento. É essencial que
as instituições adotem abordagens centradas na pessoa, promovendo
atividades sociais e proporcionando espaços para relacionamentos
interpessoais, a fim de mitigar o impacto negativo da solidão." (Journal of
aging studies, 2017, p.30).

Hoje, o país conta com mais de 3.000 ILPIs, sendo mais da metade, privadas,
por conta disso a solicitação emergencial seriam os condomínios exclusivos para
idoso, que no seu diferencial das instituições já existentes, não priorizarem apenas
os cuidados prolongados no quesito saúde, mas sim com o intuito de se tornar um
lar de opção espontânea e não emergente para o idoso.
Os condomínios tem por objetivo um segmento na saúde muito semelhante às
ILPIs, onde a administração contaria apenas com profissionais especializados
dedicados àquela população.
A Anvisa (2020), diz que: ‘’As ILPIs não são estabelecimentos voltados à
clínica e terapêutica, mas residências coletivas, que atendem idosos com
necessidade de cuidados prolongados.’’ Os condomínios exclusivos visam a
inclusão do idoso em um local onde ele não seria visto como um ser debilitado mas
sim relevante.
A proposta busca a inclusão não apenas como uma forma de facilidade mas
de validação. Isto é, onde o idoso poderia se exercitar, praticar atividades físicas ou
fitoterápicas, jogar bingo, ter acesso a um salão de danças, ver filmes, assistir a
eventos, ter um atendimento médico de qualidade, se locomover com facilidade
dentro de um ambiente que forneceria acesso à alimentação, medicação, dentre
outros muitos benefícios.
Apesar dos inúmeros benefícios e da necessidade do aumento na demanda
por essas instituições (ILPI), a imagem negativa desses estabelecimentos ainda
permanece com muita força no imaginário das pessoas, que as relacionam com o
antigo conceito de asilos e não acreditam na humanização e possibilidade dessa
implantação.
Acontece que, esse preconceito institucionalizado não afeta só a população
idosa mas também seus familiares que são responsáveis pelo seu bem estar, onde
não sequer é cogitada, ou apresentada a possibilidade de uma melhoria de vida
33

para o idoso, que poderia de forma expressa e espontânea optar pelo seu destino de
moradia. A política habitacional deve focar na promoção de moradia independente,
de forma a garantir que o idoso seja capaz de garantir sua independência pelo maior
tempo possível, numa moradia apropriada ao seu ciclo de vida (CDHU, 2012).

4.1 Programas existentes poderiam se tornar condomínios exclusivos

Em 2023, por meio da Portaria N°561, o Ministério de Direitos Humanos


instituiu o programa envelhecer, com o objetivo de melhorar as políticas públicas
para idosos e suas eficiências no local onde vivem. Uma pesquisa feita denominada
de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua),
divulgada pelo IBGE em 2022, mostra que a parcela da população acima dos 60
anos de idade passou de 11,3% para 14,7% em 10 anos.
Os locais onde essa população vive, associados a baixa renda e
desigualdade social, serviram de parâmetro para a escolha dos municípios onde o
programa chegaria primeiro. O portal Agência Brasil (2023) esclarece a motivação
para a instituição desse programa e o que ele trará de maiores benefícios para a
população idosa, que diz:

‘’As ações do Programa Envelhecer nos Territórios buscarão qualificar e


equipar órgãos estaduais, distrital e municipais para tornar as políticas de
direitos humanos voltadas à pessoa idosa mais efetiva. Também estão
previstas a identificação, articulação e capacitação de agentes locais para
fortalecer a participação social na forma de conselhos que busquem
soluções para as violações de direitos humanos de pessoas idosas.’’ (Portal
Agência Brasil, 2003, p. 38)

O que chama a atenção na publicação é a eficiência e funcionamento dos


agentes públicos, como mostra a seguir:

‘’As capacitações serão viabilizadas por meio articulação com a gestão


pública local, as instituições federais de Ensino Superior (IFES) e os
conselhos municipais e estaduais de Direitos das Pessoas Idosas. O
programa também prevê que sejam baseadas na educação popular e
interprofissional, com duração de no mínimo 40 horas teóricas presenciais e
80 horas mensais práticas, nos territórios onde vivem as pessoas idosas.

Depois de capacitados, os agentes locais atuarão por 12 meses como


articuladores de conselhos e órgãos gestores das políticas de direitos
humanos. Eles também acompanharão o alcance das políticas aos grupos
de pessoas idosas, na proporção de 150 a 200 pessoas, para cada agente
local.’’ (2003, p. 47)
34

A articulação e capacitação dos agentes se destaca pelo simples fato de que


muito mais poderia ser feito, mas ainda pouco se faz. A emergência desse programa
decorrente de uma portaria mostra certo desespero a partir de índices crescentes no
número de idoso em certa região.
No Ceará a urgência não é diferente, os números que não param de crescer,
de acordo com o IBGE há cerca de dois anos atrás, esses números mostram ainda
que em regiões mais precárias em quesito financeiro, a situação é ainda pior e mais
recorrente, o que resulta em cada vez mais casas de apoio feitas pela própria
população, do que algo de responsabilidade governamental como os condomínios
exclusivos, que não só trariam benefícios a vida idosa, mas também diminuiria os
números crescentes de idosos em situação de abandono e descaso.
O Estatuto do Idoso prevê, hoje, que no mínimo 3% das habitações sociais
sejam destinadas para idosos, sendo essas habitações projetadas de formas
compatíveis com a realidade da vida idosa, com o intuito de facilitar. Em 2020, a
Câmara dos Deputados, disse ainda, que construtoras e edificações privadas
deveriam assegurar um percentual para a criação dessas unidades sem cobranças
de valores adicionais por isso, como consta disposto no portal:

‘’A proposta também determina que construtoras e incorporadoras de


edificações de uso privado multifamiliar assegurem um percentual mínimo
de unidades internamente acessíveis, sem cobrança de valores adicionais
por isso.
Além disso, o projeto permite ao Poder Público estabelecer subsídios a
famílias de baixa renda com idoso em coabitação para converter a unidade
habitacional em unidade internamente acessível.’’ (Agência câmara de
notícias, 2020)

É inegável que existem desafios a serem enfrentados para a implementação


das políticas nacionais para os idoso, dentre elas à gestão de planos, a falta de
suporte familiar, dificuldades financeiras e de autocuidado dos idosos, falta de
acessibilidade, preconceitos em relação ao envelhecimento e velhice, negação de
direitos e não efetivação de políticas públicas.
Todos esses desafios poderiam não ser totalmente combatidos, mas sem
dúvidas amenizados, com a projeção, união e planejamento dos condomínios
exclusivos. Já é comprovado que, os agentes cumprindo seus papéis de forma
excelente, com o apoio de algumas instituições privadas que ainda não conseguiram
alcançar a qualificação de um condomínio exclusivo e está limitada aos ILPIs, com
profissionais especializados e resultados eficientes, a imagem distorcida desses
35

centros habitacionais seria abandonada e vista como uma esperança para o futuro
dos nossos idosos.
Em março de 2023, o Senado aprovou o título Cidade Amiga do Idoso,
previsto no PL 2.119/2019. O título deverá ser dado para os municípios com políticas
públicas que garantam tratamento digno a pessoas com mais de 60 anos. Conforme
a SBGG, guia global, as cidades que receberam o certificado da OMS foram: Porto
Alegre, Esteio e Veranópolis, no Rio Grande do Sul; Pato Branco, no Paraná;
Balneário Camboriú, Santa Catarina; e Jaguariúna, São Paulo.
Diferentemente do Programa Envelhecer, o reconhecimento do título Cidade
Amiga do Idoso tinha como principal objetivo a estimulação, incentivo de elevar os
investimentos em áreas como transporte, moradia, respeito e inclusão social,
participação cívica e emprego. A forma encontrada para o incentivo às políticas
públicas é uma premiação que para ser garantida precisa de alguns requisitos.
De acordo com a Agência Senado, a Senadora Leila Barros optou por esse
método com a intenção de interação e união das cidades com um propósito:
melhorar a qualidade de vida de forma geral na vida do idoso. No portal ainda é
possível encontrar como obter essa premiação, como exposto a seguir:

‘’A escolha dos municípios que receberão o título de Cidade Amiga do Idoso
será feita por um conselho, a ser formado por representantes dos governos
federal, estaduais e municipais. Esse conselho também deve contar com
integrantes de entidades representativas da população idosa.’’- disse Leila.

Para receber a premiação, a cidade deve comprovar que possui um conjunto


de políticas públicas para bem estar dos idosos, com foco na melhoria da qualidade
de vida e no envelhecimento ativo. A partir da candidatura do município, o conselho
avaliará as políticas nas áreas de saúde, segurança, transporte, moradia,
participação social, respeito e inclusão social, participação cívica e emprego, prédios
públicos, espaços abertos e comunicação.
De acordo com o Senado Federal (2023), cidades que conseguirem a
premiação poderão afirmar que possuem o título Cidade Amiga do Idoso por três
anos. Durante esse período, as cidades serão avaliadas novamente pelo conselho,
podendo vir a perder o título caso não estejam mais aplicando as políticas
reconhecidas.
A exposição de ambas propostas é de suma importância para o entendimento
de maneiras ingressantes para os condomínios exclusivos. Ao analisar o que se é
36

proposto em uma instituição e o que os agentes desejam alcançar com isso, vê-se
que a evolução de uma portaria, decisão ou projeto, pode ser um grande passo para
um futuro promissor na vida dos idosos.

4.2 O aproveitamento dos espaços desconstruídos livres

Uma das questões mais relevantes da implantação dos condomínios


exclusivos no Brasil, mais precisamente no Ceará, é onde essas instituições seriam
construídas; é de onde surge o termo ‘’espaços desconstruídos’’. José Francisco
(2002) acredita e utiliza a fundamentação de que a desconstrução deve resgatar a
totalidade, a essência da construção, em que se afirma: ‘’O conceito “desconstrução”
possui uma grande potencialidade por possibilitar resgatar a totalidade-essência da
construção.’’ (2002, p.22)
Quando algo é construído, a natureza é destruída, seja natural ou artificial, e
geralmente é desconstruída diversas vezes. Porém, a questão da destruição é
ignorada e tem pouco peso na tomada de decisões, alienando-nos de todos os
impactos do processo construtivo. (Francisco, 2002:13) Assim conseguimos
entender, então, toda a dinâmica da produção espacial (Francisco, 2008). A grande
discussão acontece na decisão e concordância de um espaço desconstruído que
esteja livre.

‘’Por esse motivo, os imóveis que se encontram abandonados devem ser


requalificados para uso como a moradia, por exemplo, cumprindo a função
social da propriedade, “traduzida em satisfação de necessidades humanas
vitais alheias à do proprietário” (Alfonsin, 2002, p. 09)

Os espaços urbanos desconstruídos oferecem oportunidades únicas para a


expressão criativa e a participação cidadã na configuração do ambiente urbano
Jacobs (1961). Lefebvre (1991) discute a produção do espaço social, afirmando que
espaços desconstruídos podem servir como palco para práticas sociais inovadoras e
inclusivas, diante dessa fala pode-se contextualizar que esses espaços também
devem e podem atender as necessidades que a população pode vir a ter.
De acordo com o Portal da Cidadania (2022), Juazeiro do Norte é uma das
cidades com mais visitação com fins religiosos, e também uma das cidades que
mais utilizou espaços livres e inabitáveis para a construção de diversas atrações
com fins religiosos, sejam eles, estátuas, igrejas, et al.
37

Em contrapartida, Juazeiro também possui uma relevante necessidade de


instituições para pessoas acima de 60 anos, onde ironicamente não foi utilizado
nenhuma área para projetos como estes. O que se percebe em casos como este, é
a falta de priorização para assuntos como tal, onde o idoso é colocado como
segundo, terceiro, ou em nenhum plano.
A utilização de espaços abertos para o aproveitamento em prol da sociedade
é uma estratégia relevante que pode impactar positivamente a qualidade de vida da
população. O motivo pelo qual esses espaços são propícios para essas construções
é respondido pelo autor Gibson (2016) que diz: ‘’Os espaços ao ar livre
proporcionam oportunidades para atividades de lazer e promovem a saúde física e
mental dos idosos.’’ (2006, p. 36)
De acordo com Wahl et al. (2017), a integração de espaços verdes em
instituições para idosos está associada a benefícios cognitivos e emocionais,
portanto é preferível que seja arquitetado ao ar livre ao invés de construções em
prédios. Por exemplo, a presença de um jardim pode criar um ambiente terapêutico,
estimular os sentidos e proporcionar uma sensação de bem-estar.
Além disso, a pesquisa de Carp et al (2014) destaca que espaços abertos
bem planejados podem facilitar a interação social entre idosos, promover um senso
de comunidade e reduzir o risco de isolamento. Portanto, ambientes como esses,
adaptados de forma que sejam atendidas suas necessidades específicas é o melhor
caminho para a eficácia.
Frieden (2013) destaca que é crucial incorporar princípios de designs
universais para garantir que os condomínios atendam às necessidades de todos os
residentes mais velhos, independentemente das capacidades físicas. ‘’Isso ajudará a
ser inclusivo e adaptável às diferentes habilidades dos idosos.’’
Além disso, como citado por Cutchin et al (2013), às políticas públicas
destinadas a estabelecer parcerias com o setor privado podem estimular o
investimento na construção de condomínios próprios para os idosos, promovendo
assim uma abordagem colaborativa entre o governo e o setor privado.
Torres (2019) afirma que o envelhecimento da população do país evidencia a
necessidade de estruturas que prestem cuidados adequados e melhorem a
qualidade de vida. Alves et al (2020) demonstram a diversidade de condições em
instituições para idosos no Brasil, com infraestrutura, serviços prestados e padrões
38

de atendimento variados. Essa diversidade destaca a importância de uma


regulamentação eficaz para garantir o padrão mínimo de cuidado.
No entanto, os desafios não deixam de existir. Segundo Mendes et al (2018),
existe a preocupação de que os profissionais que trabalham nestas instalações não
tenham formação adequada, o que afeta diretamente a qualidade dos cuidados
prestados aos idosos, o que pode voltar a refletir uma imagem negativa das
instituições.
Para enfrentar estes desafios, políticas públicas eficazes são cruciais. Como
enfatiza Lima (2021), os governos devem promover iniciativas que visem melhorar a
infraestrutura, padronizar os serviços e incentivar práticas inovadoras nas
instituições para idosos para garantir um ambiente propício ao envelhecimento com
dignidade.
Em suma, as instituições para idosos no Brasil precisam de uma abordagem
abrangente que combine regulamentações fortes, investimentos em formação
profissional e políticas públicas destinadas a melhorar a qualidade de vida deste
segmento da população.

4.3 A melhoria na vida dos Idosos

A vida dos idosos que se sentem irrelevantes, está muitas vezes


intrinsecamente ligada a desafios emocionais e psicológicos. Como afirma Erikson
(1982), as fases posteriores da vida são caracterizadas pela busca de significado.
Quando os idosos se sentem inválidos, isso pode estar relacionado à falta de
realização pessoal e de propósito, como muitas vezes a sensação de dependência e
de fardo na vida de seus familiares.
Pesquisas como a de Eduardo et al. (2003) enfatizaram que a falta de
autoestima e autoeficácia em idosos pode levar a sentimentos de inviabilidade.
Ademais, fatores como aposentadoria, luto, sensação de incômodo a outras pessoas
e isolamento social podem agravar essa condição.
Papaleo Neto (2007) observou que as intervenções psicossociais podem
desempenhar um papel vital no bem-estar emocional em idoso. Isto inclui encorajar
atividades significativas, participação em grupos sociais e apoio emocional.
Portanto, é importante considerar não apenas as necessidades físicas, mas
também as dimensões emocionais e sociais ao abordar a vida dos idosos que se
39

sentem despropositados. O apoio psicossocial e a criação de oportunidades de


participação e de sentimento de pertença podem desempenhar um papel importante
na promoção do bem-estar e do reconhecimento pessoal na velhice.
O almejo dos idosos por felicidade e vida ativa é fundamental para promover
um envelhecimento saudável. Como salientam Frieden (2002) e Smith (2003), a
procura de satisfação e preenchimento são componentes importantes do
desenvolvimento humano ao longo da vida.
O conceito de ‘envelhecimento bem-sucedido’ para Kahn (1997) enfatiza a
importância de cultivar relacionamentos, manter atividades significativas e reter a
autonomia funcional para uma vida plena na velhice. Por isso é tão importante que a
imagem pejorativa de invalidez deve ser esquecida o quanto antes, para que assim
essa parcela tão significativa da população possa se sentir incluída não só no âmbito
habitacional, mas principalmente no afetivo.

"Ao investirmos na qualidade de vida das pessoas idosas, estamos


investindo no bem-estar de toda a sociedade, garantindo o respeito aos
direitos humanos e a dignidade de cada indivíduo." - (Ki-moon, 2018, p.80)

Autores de relevância falam das alegrias da vida idosa, enfatizando a


importância de uma vida boa. Erikson (1982) enfatizou a integridade como uma
conquista importante no processo de envelhecimento, refletindo a capacidade de
estar contente e aceitar em retrospecto.
Ademais, o mesmo destaca que, ao abraçar oportunidades de crescimento
pessoal e manter relações sociais significativas, os idosos podem experimentar um
profundo sentimento de satisfação e realização.
Em seu trabalho sobre psicologia positiva, Seligman (2011) enfatizou a
importância de focar nos pontos fortes pessoais e nas experiências positivas,
enfatizando que a busca pela felicidade é um componente importante de uma vida
bem-sucedida, independentemente da idade.
O que mais chama a atenção nas disposições dos autores em suas pesquisas
é que muitas vezes a prioridade ou a preocupação do indivíduo é primordialmente
com o físico, com a estrutura e resistência pessoal, logo percebe-se que é deixado
de lado a importância da observação no sentimental.
De acordo com os índices de pesquisa do Portal R7 (2019), um a cada quatro
idosos se sentem isolados, outra porcentagem está na pesquisa do UOL (2022),
40

onde 34% da população idosa afirma se sentirem inválidos e ‘’sem nenhuma


utilidade para o mundo’’; vale ressaltar que alguns desses idosos não estão em
casas de apoio ou se que foram abandonados pelos familiares, mas afirmam se
sentirem inúteis por se sentirem ‘’velhos demais’’, e sentem que estão impedindo
que filhos e netos vivam suas vidas.
O maior reflexo desses depoimentos é que se constata que a felicidade
desses idosos não está no melhor lar habitacional, mas em se sentir válido e útil
para a sociedade. Em entrevista para o G1 (2023), uma idosa que reside em São
Paulo afirma que não sabia que sentia tanta falta de ir trabalhar, a mesma conta da
dificuldade de enxergar hoje aos 86 anos e que perdeu o prazer em realizar tarefas
simples e que se sente muito sozinha. Mesmo rodeada de netos, ela diz não se
sentir pertencente em um ambiente com tantas pessoas jovens e ativas.

"A pessoa idosa é um pilar fundamental na construção de uma sociedade


inclusiva, promovendo a solidariedade intergeracional e a coesão social." -
Organização das Nações Unidas (ONU)

A ideia dos condomínios exclusivos ultrapassa a idealização de apenas uma


casa perfeita, as instituições visam a recuperação do brilho dessas pessoas idosas,
visam uma qualidade de vida em que eles possam sentir prazer em viver, para que o
convívio com pessoas que possuem as mesmas limitações e desejos possa mostrar
a relevância deles na sociedade, que não haja separação de classes, para que não
haja separação da população, conforme dito por SACHS (2004, p.49) ‘’Distâncias
sociais abismais que separam as diferentes camadas da população”.
Não basta apenas resgatar, lutar por direitos e participar de ações
beneficentes, eles precisam de preparação. Uma sociedade preparada terá um
impacto significativo e positivo, em que se oferece fácil acesso aos serviços
essenciais, transporte acessível, espaços públicos inclusivos, saúde fornecida da
melhor forma, tudo de uma maneira em que os idosos possam manter a sua
independência porém de forma acessível.
A preparação da sociedade no quesito necessidades em planejamento
urbano é de suma importância, ela requer projetos, espaços públicos e privados
acessíveis, calçadas seguras, iluminação adequada, transporte adaptado,
segurança reforçada e claro, o respeito pelo Estatuto não só na parte prioritária, mas
a dignidade da pessoa humana.
41

Mas mais importante que uma sociedade preparada, é uma sociedade que
reconhece e valoriza as contribuições da população idosa e o que eles tem a
oferecer. Assim, ela cria oportunidades para que seja fortalecida a relação
intergeracional e que a sociedade seja enriquecida como um todo, seja por meios de
programas de interação, projetos, entre outros.
Como dito por Ellen Johnson Sirleaf:

‘’Ao reconhecermos e valorizarmos as contribuições dos idosos, estamos


promovendo a equidade e a justiça social, construindo uma sociedade mais
justa e inclusiva para todas as gerações.’’ (2020, p. 79)

O que o autor busca trazer na reflexão é que não há cumprimento de


objetivos sem o reconhecimento primordialmente na importância da vida dos idosos,
isso mostra que além das efetividades, uma sociedade consciente da equidade e
melhorias seria a melhor forma de valorizar essa parcela da população tão
importante, afinal, respeitar a pessoa idosa é tratar o próprio futuro com respeito.
42

5 CONCLUSÃO

A partir da análise dos dados, foi possível observar que os desafios para a
implementação dos condomínios exclusivos são recorrentes em nossa sociedade;
não só pela questão governamental ou responsabilidade dos agentes, mas também
por outras pontuações, como questões preconceituosas com a população idosa,
com os próprios condomínios e a falta de prioridade dada a essa temática. Essas
descobertas contribuem significativamente para o conhecimento existente no campo,
uma vez que uma sociedade mobilizada em resolver a problemática, garante um
futuro promissor para toda a população.
No geral, este trabalho contribui para a compreensão da importância do direito
urbanístico, revisão de legislações, como portarias, jurisprudências, com intuito de
fornecer informação sobre os direitos da pessoa idosa além do que se dispõe no
Estatuto. Espera-se que essas descobertas estimulem ações e iniciativas que
possam ser instituídas para a melhoria na qualidade de vida dos idosos.
Em questão da hipótese, sobre as correspondentes medidas e políticas
públicas para atenuar as carências habitacionais geradas por este processo, é
possível concluir que a autonomia e responsabilidade do Estado não estão isentas
do cumprimento de suas obrigações, a necessidade de atrelar isso a uma sociedade
conscientizada através de políticas públicas acessíveis é a melhor resposta para
atenuar a problemática.
Ademais, é de suma relevância acrescentar que as carências habitacionais só
poderão ser supridas com a efetivação dessas políticas públicas, por meio apenas
de uma sociedade mobilizada não se obterá resultados satisfatórios para a
diminuição desses números.
Por fim, a autora que vos escreve agradece a todos que contribuíram para
este estudo, incluindo familiares, amigos e em especial à minha orientadora que
pôde compartilhar seus ensinamentos para a produção dessa pesquisa. Essa
pesquisa seria impossível sem o apoio e a colaboração dessas pessoas.
Portanto, conclui-se a necessidade de um olhar mais atento para essa
temática. O desejo é que este trabalho contribua para o avanço do conhecimento e
inspire futuras pesquisas na área. Como dito pelo Papa Francisco, “É que os idosos
entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro”, essa fala dita
43

por esse líder religioso, retrata a importância e relevância que ao menos deveria ser
entregue a essa parcela da população que tanto agrega em nossa realidade atual.
44

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