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CURSO DE DIREITO
JUAZEIRO DO NORTE
2023
Victoria Martins Teixeira
Juazeiro do Norte
2023
Victoria Martins Teixeira
BANCA EXAMINADORA
Juazeiro do Norte
2023
DEDICATÓRIA
The present work aims to analyze the exclusive condominiums for the elderly as a
modality of public housing policy in the State of Ceará, highlighting in a legislative
way the effectiveness of these policies and the reflection in the lives of the elderly. To
achieve this goal, a deductive methodological approach was adopted, with a
qualitative methodology based on works, articles and legislation. The analysis of the
data revealed the growing number of elderly people in the country and the urgency
for the implementation of these policies, addressing how they should be built, as well
as where. This study contributes to the inclusion, accessibility for the elderly,
providing important data for the construction of these condominiums. In short, this
study highlights the relevance of elderly life in society, as well as the effectiveness
and need for public housing policies for this portion of the population in housing
issues and quality of life.
1 INTRODUÇÃO 8
2 LEGISLAÇÃO ACERCA DOS DIREITOS DOS IDOSOS, VULNERABILIDADE E
DIREITO À MORADIA 11
2.1 Os idosos em diferentes contextos 16
3 TIPOLOGIAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS HABITACIONAIS EXISTENTES 20
3.1 Conceito de políticas públicas 21
3.2 Tipos de políticas públicas associadas aos idosos 21
3.3 O idoso foi esquecido ou deixado? 26
4 EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS HABITACIONAIS 30
4.1 Programas existentes poderiam se tornar condomínios exclusivos 33
4.2 O aproveitamento dos espaços desconstruídos livres 36
4.3 A melhoria na vida dos Idosos 38
5 CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS 44
8
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Amaral (2012), que se propôs a fazer uma análise sobre as
dificuldades encontradas na vida de idosos deficientes, concluiu que a concepção e
construção de habitações para idosos devem ser consideradas acessíveis, tendo em
conta as preocupações de mobilidade e de saúde associadas ao envelhecimento,
isso não só foi encontrado em sua pesquisa para idosos deficientes, mas para toda
a população idosa. Entrando também no quesito de vulnerabilidade, isto pode
englobaria a instalação de degraus, corrimãos, casas de banho alteradas e outras
comodidades que promovam uma vida independente.
O Estatuto do Idoso (2003), assegura que os idosos têm direito a uma
habitação segura, saudável e adequada. Isto implica que as condições de vida
devem estar isentas de perigos para a saúde, como bolores ou intrusões, e
proporcionar conforto térmico e espaço suficiente para viver confortavelmente, isso
porque devido a fatores de uma idade avançada, uma saúde frágil quase que em
todos os quadros, fatores socioeconômicos, essa população também enfrenta
maiores riscos de sofrer danos físicos, emocionais, financeiros e sociais, onde por
diversos demais fatores essa vulnerabilidade pode chegar a se agravar.
A segurança doméstica é de suma importância para os idosos (Molina, et al,
2015). Isto inclui prevenir roubos, incêndios e outros perigos, bem como ter sistemas
de alarme e precauções de segurança suficientes.
De acordo com o Portal G1 (2020), muitos idosos desejam residir em casa.
Isso necessita de políticas que promovam e apoiem a escolha, incluindo serviços de
atendimento domiciliar, modificações residenciais e acessibilidade, o conceito
principal desses condomínios é uma casa que promova e busque essa sensação na
vida de cada idoso, uma vez que o direito à habitação não se limita apenas à
capacidade física de viver, mas também à capacidade de viver em comunidade.
A socialização é crucial para o bem-estar dos idosos. Este estudo analisa
como esses condomínios incentivam a interação entre os residentes, promovendo
clubes sociais, atividades recreativas e grupos de apoio (Silva, 2020).
Os idosos têm o direito de viver em habitats que facilitem a interação social, a
participação na comunidade e o acesso a recursos e serviços. As leis de direitos
humanos e anti-discriminação devem prevenir a discriminação na habitação com
base na idade. Isto envolve garantir que eles tenham oportunidades iguais de viver
em moradia e receber serviços.
14
Além disso, o artigo 4º, parágrafo 2º, da Constituição afirma que os tratados
de direitos humanos têm superioridade sobre a legislação no Brasil, o que é
garantido pela Constituição. O processo de integração dos direitos humanos ao
direito brasileiro é denominado acolhimento. Isto implica que, após o tratado ser
oficialmente reconhecido pelo Congresso Nacional, deverá ser sancionado pela
Constituição. Uma vez sancionado, o tratado possui autoridade de alteração
constitucional e é executável em todos os níveis de governo no Brasil.
Além da Constituição e dos acordos internacionais, as leis brasileiras incluem
leis complementares que promovem os direitos humanos em nível nacional. Por
exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Estatuto do Idoso são
exemplos de leis que dizem respeito a direitos específicos de populações
vulneráveis.
O Judiciário tem um papel significativo na proteção e na aplicação dos direitos
humanos brasileiros. Através de decisões judiciais, os tribunais podem interpretar a
Constituição e os acordos internacionais, o que garantirá a proteção dos direitos
fundamentais. O Brasil é parte integrante do sistema global de proteção dos direitos
humanos, incorporando tratados internacionais em sua legislação e garantindo que
esses compromissos sejam respeitados por todas as esferas do governo.
A Constituição Federal de 1988 é a base desse sistema, concedendo status
constitucional a muitos direitos humanos. No entanto, a implementação eficaz dos
direitos humanos continua sendo um desafio, e o Poder Judiciário desempenha um
papel crucial na sua proteção.
Portanto, já se sabe que idosos por estimativa irão ocupar um papel maior e
terão um maior protagonismo na sociedade pelo simples fato de, proporcionalmente,
serem em maior número. Então, mediante tais dados, de que serão
proporcionalmente em maior número, é necessário estar preparados para essa
realidade, porque serão protagonistas da sociedade. Hoje, pode-se ser considerada
uma pequena ocupação, onde amanhã, será uma grande parcela da sociedade.
Deste modo, a legislação desempenha um papel fundamental na proteção
dos direitos e na promoção do bem-estar desta parte da sociedade. E nela, a sua
subdivisão destaca importantes pontos e áreas, como a legislação de saúde, várias
leis e regulamentos foram promulgados para garantir o acesso a serviços de saúde
de qualidade e promover o envelhecimento saudável. Por exemplo, a Lei dos Idosos
do Brasil prevê cuidados prioritários e acesso a medicamentos:
‘’...E tanto que foi interessante uma reportagem que eu vi de idosas fazendo
pequenos crimes para serem presas para ficarem em uma prisão de mulheres
e idosas, em um local onde têm companhia.
E para você ver: gerou um fenômeno em que o povo acabou achando melhor
ser preso para estar em contato com outras pessoas do que ficar vivendo
“livre”, em um apartamento, em uma vida solitária.’’
"O abandono dos idosos é uma triste realidade que afeta a nossa
sociedade. A negligência e a falta de cuidado para com os mais velhos são
questões que demandam atenção e ação imediata" (Smith, 2021).
Essa realidade ainda se torna possível quando há uma boa condição
financeira nesse núcleo familiar, o que não é frequente no Ceará, conforme o
IPECE, alguns estados brasileiros, inclusive o estado do Ceará, possuem por volta
de 19,5% de idosos em condições de baixa renda, sendo mais de 7% em extrema
pobreza.
Os asilos deixam assim, de serem boas opções, substituíveis ou viáveis
nesse contexto. De acordo com Smith, o asilo poderia ser um local viável, contanto
que mudasse a sua estrutura real e não funcionasse apenas de forma superficial, de
forma que a institucionalização não fosse excessiva e invasiva, vejamos:
"O asilo, quando bem concebido, pode oferecer um ambiente propício à vida
do idoso, proporcionando cuidados adequados, companheirismo e
atividades que promovem a qualidade de vida. No entanto, é crucial garantir
que essas instituições respeitem a individualidade e as escolhas dos
residentes, evitando a institucionalização excessiva" (Smith, 2018, p.57).
Hoje, o país conta com mais de 3.000 ILPIs, sendo mais da metade, privadas,
por conta disso a solicitação emergencial seriam os condomínios exclusivos para
idoso, que no seu diferencial das instituições já existentes, não priorizarem apenas
os cuidados prolongados no quesito saúde, mas sim com o intuito de se tornar um
lar de opção espontânea e não emergente para o idoso.
Os condomínios tem por objetivo um segmento na saúde muito semelhante às
ILPIs, onde a administração contaria apenas com profissionais especializados
dedicados àquela população.
A Anvisa (2020), diz que: ‘’As ILPIs não são estabelecimentos voltados à
clínica e terapêutica, mas residências coletivas, que atendem idosos com
necessidade de cuidados prolongados.’’ Os condomínios exclusivos visam a
inclusão do idoso em um local onde ele não seria visto como um ser debilitado mas
sim relevante.
A proposta busca a inclusão não apenas como uma forma de facilidade mas
de validação. Isto é, onde o idoso poderia se exercitar, praticar atividades físicas ou
fitoterápicas, jogar bingo, ter acesso a um salão de danças, ver filmes, assistir a
eventos, ter um atendimento médico de qualidade, se locomover com facilidade
dentro de um ambiente que forneceria acesso à alimentação, medicação, dentre
outros muitos benefícios.
Apesar dos inúmeros benefícios e da necessidade do aumento na demanda
por essas instituições (ILPI), a imagem negativa desses estabelecimentos ainda
permanece com muita força no imaginário das pessoas, que as relacionam com o
antigo conceito de asilos e não acreditam na humanização e possibilidade dessa
implantação.
Acontece que, esse preconceito institucionalizado não afeta só a população
idosa mas também seus familiares que são responsáveis pelo seu bem estar, onde
não sequer é cogitada, ou apresentada a possibilidade de uma melhoria de vida
33
para o idoso, que poderia de forma expressa e espontânea optar pelo seu destino de
moradia. A política habitacional deve focar na promoção de moradia independente,
de forma a garantir que o idoso seja capaz de garantir sua independência pelo maior
tempo possível, numa moradia apropriada ao seu ciclo de vida (CDHU, 2012).
centros habitacionais seria abandonada e vista como uma esperança para o futuro
dos nossos idosos.
Em março de 2023, o Senado aprovou o título Cidade Amiga do Idoso,
previsto no PL 2.119/2019. O título deverá ser dado para os municípios com políticas
públicas que garantam tratamento digno a pessoas com mais de 60 anos. Conforme
a SBGG, guia global, as cidades que receberam o certificado da OMS foram: Porto
Alegre, Esteio e Veranópolis, no Rio Grande do Sul; Pato Branco, no Paraná;
Balneário Camboriú, Santa Catarina; e Jaguariúna, São Paulo.
Diferentemente do Programa Envelhecer, o reconhecimento do título Cidade
Amiga do Idoso tinha como principal objetivo a estimulação, incentivo de elevar os
investimentos em áreas como transporte, moradia, respeito e inclusão social,
participação cívica e emprego. A forma encontrada para o incentivo às políticas
públicas é uma premiação que para ser garantida precisa de alguns requisitos.
De acordo com a Agência Senado, a Senadora Leila Barros optou por esse
método com a intenção de interação e união das cidades com um propósito:
melhorar a qualidade de vida de forma geral na vida do idoso. No portal ainda é
possível encontrar como obter essa premiação, como exposto a seguir:
‘’A escolha dos municípios que receberão o título de Cidade Amiga do Idoso
será feita por um conselho, a ser formado por representantes dos governos
federal, estaduais e municipais. Esse conselho também deve contar com
integrantes de entidades representativas da população idosa.’’- disse Leila.
proposto em uma instituição e o que os agentes desejam alcançar com isso, vê-se
que a evolução de uma portaria, decisão ou projeto, pode ser um grande passo para
um futuro promissor na vida dos idosos.
Mas mais importante que uma sociedade preparada, é uma sociedade que
reconhece e valoriza as contribuições da população idosa e o que eles tem a
oferecer. Assim, ela cria oportunidades para que seja fortalecida a relação
intergeracional e que a sociedade seja enriquecida como um todo, seja por meios de
programas de interação, projetos, entre outros.
Como dito por Ellen Johnson Sirleaf:
5 CONCLUSÃO
A partir da análise dos dados, foi possível observar que os desafios para a
implementação dos condomínios exclusivos são recorrentes em nossa sociedade;
não só pela questão governamental ou responsabilidade dos agentes, mas também
por outras pontuações, como questões preconceituosas com a população idosa,
com os próprios condomínios e a falta de prioridade dada a essa temática. Essas
descobertas contribuem significativamente para o conhecimento existente no campo,
uma vez que uma sociedade mobilizada em resolver a problemática, garante um
futuro promissor para toda a população.
No geral, este trabalho contribui para a compreensão da importância do direito
urbanístico, revisão de legislações, como portarias, jurisprudências, com intuito de
fornecer informação sobre os direitos da pessoa idosa além do que se dispõe no
Estatuto. Espera-se que essas descobertas estimulem ações e iniciativas que
possam ser instituídas para a melhoria na qualidade de vida dos idosos.
Em questão da hipótese, sobre as correspondentes medidas e políticas
públicas para atenuar as carências habitacionais geradas por este processo, é
possível concluir que a autonomia e responsabilidade do Estado não estão isentas
do cumprimento de suas obrigações, a necessidade de atrelar isso a uma sociedade
conscientizada através de políticas públicas acessíveis é a melhor resposta para
atenuar a problemática.
Ademais, é de suma relevância acrescentar que as carências habitacionais só
poderão ser supridas com a efetivação dessas políticas públicas, por meio apenas
de uma sociedade mobilizada não se obterá resultados satisfatórios para a
diminuição desses números.
Por fim, a autora que vos escreve agradece a todos que contribuíram para
este estudo, incluindo familiares, amigos e em especial à minha orientadora que
pôde compartilhar seus ensinamentos para a produção dessa pesquisa. Essa
pesquisa seria impossível sem o apoio e a colaboração dessas pessoas.
Portanto, conclui-se a necessidade de um olhar mais atento para essa
temática. O desejo é que este trabalho contribua para o avanço do conhecimento e
inspire futuras pesquisas na área. Como dito pelo Papa Francisco, “É que os idosos
entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro”, essa fala dita
43
por esse líder religioso, retrata a importância e relevância que ao menos deveria ser
entregue a essa parcela da população que tanto agrega em nossa realidade atual.
44
REFERÊNCIAS
MASCARO, S.A. O que é velhice. São Paulo: Brasiliense, 1997. (Coleção Primeiros
Passos), P 14.
PEACE, S. M. Aging in towns: the search for community. Policy Press, 2022, p.
98.
SOUZA, C., Políticas públicas: uma revisão da literatura. Minas Gerais, Revista
Sociologias, 2017, p. 92.
SMITH, A. A riqueza das nações. Florianópolis, Ed. Martin Claret, 2018, p. 41.
LOWI, T. J. Four systems of policy, politics, and choice. San Diego, Public
Administration Review, 1972, p. 76.
LEIBER, S. Aging and social policy: a critical perspective. Policy Press, 2022, p.
55.
SILVA, Nayara. Direito à moradia adequada para a pessoa idosa de baixa renda:
um estudo quanti-qualitativo sobre políticas públicas habitacionais no interior
do estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado (Programa de Pós Graduação
em Gerentologia) - Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. São Carlos,
p.183, 2019. Disponível em: https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/11126.
REVISTA ÉPOCA, A busca pelo divã depois dos 60 anos, 2019. Disponível em:
https://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/05/bbusca-pelo-divab-depois-dos-60-anos.
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