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® Detalhe de fotografia de Giselli Ventura de Jesus.

Capítulo IX
Perfil Socio-
demográfico
e Econômico
da População
(1991-2015)
DOI 10.5965/978858302152032018162

Estudantes entrando na escola, muncípio de Imbuia (2018).


®Detalhe de fotografia de Isa de Oliveira Rocha (2018).
Capítulo 9 | Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)
Pier Francesco De Maria1
Rosana Baeninger2

T
endo em vista a análise realizada, Considerando a urbanização de Santa Cata- aumento é devido, como os dados da Tabela 1
no capítulo anterior, a respeito das rina, o envelhecimento de sua população e o esclarecem, a uma combinação de fatores. De
características gerais da população crescimento de áreas específicas do estado um lado, a participação das mulheres cresceu
catarinense, sua evolução nos últimos 60 (resultando em adensamento populacional), em todas as idades, apontando para sua
anos e as projeções até 2050, é preciso é importante analisar a evolução de variá- maior e crescente participação no mercado
avaliar também como as características veis sociodemográficas e econômicas para
de trabalho. De outro lado, os homens jovens,
desta população mudaram no tempo. É detalhar as características destas mudanças
ao ficarem por mais tempo na escola, deixam
preciso ressaltar que não apenas de idade, que ocorreram desde os anos 1960. Para tal,
de estar na população ativa.
este capítulo aborda os seguintes elementos

CAPÍTULO IX
sexo e situação censitária é feita uma análise
demográfica. Elementos como raça/cor, sociodemográficos e econômicos: ocupação
religião, escolaridade, ocupação e pendula- e renda; nível de escolaridade e analfabe- Embora seja cada vez maior a partici-
tismo; distribuição por raça/cor e religião; pação feminina no mercado de trabalho,
ridade também perfazem o universo socio-
nupcialidade e família; e pendularidade. é possível notar que ainda se mantêm
demográfico e devem ser levadas em conta
Abordando estes temas, espera-se detalhar diferenciais significativos entre homens
em uma análise mais profunda sobre a
a contento as principais mudanças pelas e mulheres. A discrepância é maior entre
população catarinense.
quais passou, nas últimas décadas, a popu-
os adultos e os idosos (registrando uma
lação catarinense.
diferença de, em média, 20 pontos percen-
À medida que a população envelhece e se
tuais), ainda que, entre 1991 e 2015, as
muda para as cidades, é preciso associar
estes processos a outros concomitantes, Características taxas gerais de atividade por sexo tenham
tais como: a maior escolarização; a evolução econômicas e mostrado uma tendência convergente.
das taxas de participação no mercado de ocupacionais Esta divergência é mais sentida entre

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


trabalho; e a mudança no perfil da nupcia- os idosos, já que o ritmo de crescimento
lidade e de composição das famílias. Todos da taxa de atividade nas mulheres deste
Um primeiro aspecto importante a ser discu-
estes elementos precedem e sucedem à tido diz respeito à evolução das taxas de ativi- grupo é mais lento em termos absolutos.
transição demográfica stricto sensu, sendo dade da população. De modo geral, é possível Entre 1991 e 2015, a participação de
assim peças de um processo dialético e observar um aumento na taxa de atividade mulheres idosas aumentou 5-8 pontos
multifacetado de transição, desenvolvi- geral – isto é, quando não desagregamos por percentuais, contra crescimento de 25-27
mento regional e crescimento econômico. sexo – no período 1991-2015. Todavia, este pontos entre as adultas.

1
Graduado em Ciências Econômicas (2013), Tabela 1 – Taxa de atividade (%) geral e por grandes grupos etários, população de 15 anos ou mais,
Mestre (2016) e Doutor (2018) em Demografia Santa Catarina (1991-2015).
pela Universidade Estadual de Campinas. Atua no Homens Mulheres
Laboratório de Urbanização e Mudanças no Uso e 1991 2000 2010 2015 1991 2000 2010 2015
Cobertura da Terra e no Laboratório de Economia Jovens (15-29) 86,4 84,0 81,4 76,5 49,5 63,5 70,9 67,2
e Gestão na Universidade Estadual de Campinas,
Adultos (30-59) 91,7 89,8 89,2 89,8 43,2 59,4 70,7 68,7
pesquisando o tema Pobreza e Desigualdade, com
Idosos (60+) 35,5 33,3 39,1 32,8 9,3 10,3 18,6 14,3
ênfase na análise de indicadores e medidas e na
aplicação de métodos quantitativos. Geral (15+) 84,1 81,8 80,3 76,2 42,2 55,0 63,2 57,4

Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabela 616 do SIDRA/IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra
2
Graduada em Ciências Sociais (1984), Mestra em de Domicílios 2015 (tabela 4021 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/
UNICAMP).
Sociologia (1992) e Doutora em Ciências Sociais (1999)
Notas: A taxa de atividade foi calculada como sendo a razão entre a população economicamente ativa e a soma da
pela Universidade Estadual de Campinas. Professora população ativa e não-ativa em determinado ano.
Livre Docente (2012) na área de População e Ambiente,
atualmente é pesquisadora do Núcleo de Estudos de
População e docente colaboradora do Departamento Um segundo ponto a ser analisado diz posição na ocupação, isto nos permite
de Demografia, do Programa de Pós-Graduação em respeito à distribuição da população avaliar a proporção de empregados com
Demografia e do Programa de Pós-Graduação em ocupada por posição na ocupação e por carteira assinada e a evolução da população
Sociologia da Universidade Estadual de Campinas. condição de atividade. No que tange a que trabalham por conta própria. Estes

ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 165


Estudantes universitários da UDESC em Florianópolis (2018).
dados estão resumidos no Gráfico 1, no qual Gráfico 1 – Distribuição da população de 10 anos ou mais ocupada na semana de referência, por da população catarinense a partir de 2000. Gráfico 2 – Razão (%) de rendimento médio das mulheres em relação ao dos homens, segundo
fica perceptível tanto o avanço na proporção posição na ocupação e categoria do emprego no trabalho principal, Santa Catarina (2000-2010). Uma primeira análise possível diz respeito população analisada e situação do domicílio, Santa Catarina (2001-2015).
de empregados (em cinza), como o cres- ao estudo da evolução da razão do rendi- 80,0
cimento, entre estes, dos que têm carteira 63% mento médio da mulher frente ao homem,
assinada. Por outro lado, se nota a estabi- de modo a estudar os diferenciais de gênero 70,0
lidade na proporção de ocupados que se existentes. Em seguida, será possível avaliar
declaram trabalhadores por conta própria a mesma variável (rendimento médio) para 60,0
24% 43%
(autônomos): cerca de ¼. classes simples de percentual, em ordem
50,0
crescente de rendimento, como uma forma
Como se pôde notar dos gráficos, as prin- Ano 2000 4%
de análise da desigualdade. 40,0
cipais posições são de empregados com 4%
2% 16%
carteira assinada, ocupados por conta Por meio dos dados da PNAD (Gráfico 2), 30,0
própria e empregados sem carteira assi- 7% se observa que as mulheres são muito mais
20,0
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX
nada. Todavia, este perfil genérico sofre desfavorecidas nas áreas rurais – nas quais
a influência de efeitos de composição considerar só a PEA ou a população total faz
10,0
causados por variáveis como sexo e situ- 70% pouca ou nenhuma diferença. Por sua vez,
ação do domicílio. Os dados concernentes a situação nas áreas urbanas é menos pior, 0,0
ao Censo Demográfico de 2010 permitem ainda que, quando se analisa a população 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015

fazer uma análise mais aprofundada – utili- 54% total (e não só a PEA), a razão é sensivel- Áreas urbanas - PEA Áreas urbanas - Total Áreas rurais - PEA Áreas rurais - Total
22%
zando variáveis complementares como mente inferior. Isto nos indica que, quando
sexo, idade e situação do domicílio – da adicionamos a população economicamente Fonte: FIBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2001 a 2014 (tabelas 1860 e 1867 do SIDRA/IBGE).
Ano 2010 Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
distribuição da população por posição na não-ativa, de ambos os sexos das áreas
ocupação, como mostram os resultados 4% urbanas, as mulheres deste grupo ganham Notas: A população total inclui os economicamente ativos e os economicamente não-ativos.
3%
expostos na Tabela 2. 3% muito abaixo dos homens. No período 2001-
2014, se observa maior aumento da razão
Gráfico 3 – Razão entre o rendimento nominal médio mensal de cada decil e o correspondente do
De maneira geral, a proporção de empre- 12% nas áreas rurais, enquanto se verifica estag- último decil, por sexo e ano, Santa Catarina (2000-2010).
2%
gados com carteira assinada decai de forma nação – no período 2001-2007 – nas áreas
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


sensível com o aumentar da idade, especial- urbanas, com posterior oscilação (ainda que 45,0

mente nas áreas rurais. Nas áreas urbanas, Não remunerados Auto-consumo Empregadores Conta própria com elevação).
40,0
até os 64 anos de idade, mais da metade da
Carteira assinada Militares e estatutários Sem carteira assinada
população ocupada tem registro em carteira. Por sua vez, recorrendo aos dados dos 35,0
Já nas áreas rurais, a principal posição é últimos dois Censos, é possível avaliar tanto
de trabalhadores por conta própria (autô- Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2031 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São a evolução da desigualdade de renda como 30,0
nomos); especificamente entre os idosos no Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). dos diferenciais de gênero. Em primeiro
Notas: A categoria “Carteira assinada” inclui os trabalhadores domésticos. A categoria “Sem carteira assinada” inclui os 25,0
rural, há uma proporção expressiva (mais lugar, avaliando a progressão da desigual-
aprendizes ou estagiários sem remuneração.
de ⅓) de trabalhadores na produção para dade intragrupo (ou seja, entre homens e
20,0
próprio consumo. entre mulheres), o rendimento nominal,
em 2010, dos decis inferiores representava 15,0
Outra distinção importante a ser ressal- Tabela 2 – Distribuição (%) da população de 15 anos ou mais, ocupada na semana de referência, por uma proporção maior do decil mais rico
posição na ocupação, situação do domicílio, sexo e grandes grupos etários, Santa Catarina (2010).
tada diz respeito aos diferenciais por sexo. em comparação a 2010. Ademais, ainda no 10,0
Áreas urbanas Áreas rurais
Por um lado, a propoção de ocupados com Gráfico 3, se nota que a desigualdade de renda
Posição na 5,0
carteira é similar, entre homens e mulheres, Homens Mulheres Homens Mulheres entre as mulheres é menor do que entre os
ocupação
até os 64 anos de idade, tanto nas áreas 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ homens – resultado facilmente averiguável a 0,0
urbanas como nas rurais. Por outro lado, Com carteira 70,1 55,1 20,5 70,6 55,4 17,5 44,6 26,7 4,1 42,9 22,2 2,9 partir do índice de Gini para cada ano e sexo. 1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil

há diferenças relevantes nas proporções de Sem carteira 12,9 7,5 11,2 15,0 13,1 17,0 13,2 9,2 5,9 15,0 11,2 8,4
2000 - Homens 2000 - Mulheres 2010 - Homens 2010 - Mulheres
trabalhadores por conta própria (em que há No que diz respeito à evolução dos rendi-
Conta
mais homens do que mulheres) e daqueles própria
12,2 26,1 39,2 8,4 17,1 31,5 31,8 53,2 51,1 26,4 45,7 38,9 mentos em si – após trazer os valores de
que produzem para auto-consumo (no qual 2000 a preços de julho de 2010 – é possível Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São
Sem Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
0,7 0,2 2,7 1,1 1,1 7,3 4,2 0,8 4,4 6,2 5,0 10,3
se verifica a situação inversa). remuneração verificar, a partir do Gráfico 4, que há uma
Notas: Cada decil corresponde à classe simples, não sendo cumulativo. Os rendimentos não são deflacionados.
Auto- melhora sensível na razão entre mulheres
consumo
0,3 0,7 15,7 0,3 1,3 20,5 4,8 7,2 33,4 7,0 12,6 39,3
Tendo por pano de fundo a evolução das e homens entre 2000 e 2010. Especifica-
taxas de atividade e da distribuição da popu- Outros 3,8 10,4 10,8 4,6 12,0 6,2 1,4 2,9 1,2 2,5 3,3 0,3 mente, analisando o segundo decil, é visível curva” – está associado ao valor médio desta Todavia, quando subimos de decil – e,
lação ocupada por posição na ocupação, é Fonte: FIBGE, Censo Demográfico de 2010 (tabela 3585 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo que há, na PEA, uma equiparação dos rendi- classe (para ambos os anos): o rendimento portanto, de rendimento médio – as discre-
possível compreender, ainda que parcial- (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). mentos auferidos por ambos os sexos. Este médio do segundo decil equivale, pratica- pâncias entre sexos ainda são muito fortes:
mente, a evolução dos rendimentos mensais Notas: A categoria “Outros” inclui empregadores, funcionários públicos estatutários e militares. resultado – quase que um “ponto fora da mente, ao salário mínimo em cada ano. nos 30% de maior rendimento, a mulher

166 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 167
tende a ganhar, em 2010, 30% menos que o rendimento médio da mulher até o quarto no rendimento médio. Em outros termos, pessoas que se escolarizaram, mantendo no Gráfico 6 – Número médio de anos estudados, segundo sexo e situação do domicílio para popula-
homem. Regredindo para decis inferiores, decil é muito próximo do salário mínimo, isto é um indício de que, para funções rural os menos qualificados e os analfabetos. ção de 25 anos ou mais, Santa Catarina (1992-2013).
se percebe que esta é ainda uma tendência enquanto o homem, do segundo para o semelhantes, é dado, às mulheres, um Todavia, como há cada vez menos pessoas
10,0
geral. Tanto para 2000 como para 2010, o terceiro decil, já tem um salto significativo salário menor. morando fora das cidades, ainda que a
taxa de analfabetismo (tanto para homens, 9,0

Gráfico 4 – Rendimento real médio mensal por decil e razão de rendimentos da população econo- Ainda que as mulheres ganhem – especial- como para mulheres) no rural seja o dobro 8,0
micamente ativa segundo sexo, Santa Catarina (2000-2010). mente nos decis superiores – muito menos daquela experimentada nas cidades, seu
8.400 120,0 que os homens, se nota (entre 2000 e 2010) impacto na taxa geral é mínimo. 7,0

Razão de rendimentos (%)


Rendimento real médio mensal (R$)

uma tendência de redução deste hiato. Isto é 6,0

explicável pela diferença na variação real dos Tabela 3 – Taxa de analfabetismo (%), por sexo e
7.000 100,0 5,0
rendimentos no período (Gráfico 5): de um situação censitária, para a população de 15 anos
lado, nos decis onde a renda aumentou, as ou mais, Santa Catarina (1991-2015). 4,0
5.600 80,0
mulheres tiveram crescimento maior do que Homens Mulheres
Ano Total 3,0
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX
os homens; de outro lado, nos decis de perda Urbano Rural Urbano Rural
4.200 60,0 (o nono e o décimo), ou as mulheres tiveram 1991 6,51 12,29 8,60 13,85 9,16
2,0

crescimento, ou menor redução em termos 2000 8,72 4,25 9,66 5,61 5,83 1,0
reais. Este resultado se deve a uma menor
2.800 40,0 2010 3,03 7,06 3,81 7,07 4,00 0,0
discrepância por sexo, em termos de salários 1990 1995 2000 2005 2010 2015

pagos para funções iguais ou semelhantes. 2015 2,39 7,39 3,27 6,41 3,52 Urbano - Masculino Urbano - Feminino Rural - Masculino Rural - Feminino Total

1.400 20,0
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 Fonte: FIBGE, Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios de 1992 a 2013 (tabela B.11 do IDB/DataSUS-MS).
(dados do IDB/DataSUS-MS) e Pesquisa Nacional por Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
Analfabetismo e Amostra de Domicílios 2015 (tabela 271 do SIDRA/
IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/
0 0,0
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil 10º decil escolaridade CNPq-NEPO/UNICAMP).
Tabela 4 – Idade média ao casar, segundo sexo e
Classe simples de renda
Perfil da nupcialidade e ano, Santa Catarina (2000-2010).
2000 - Homens 2000 - Mulheres 2010 - Homens 2010 - Mulheres Razão - 2000 Razão - 2010
Após destacar a dinâmica ocupacional e a Considerando a evolução na taxa de analfa- da família catarinense Homens Mulheres Total
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São evolução dos rendimentos reais no estado, betismo a partir de 1991, justifica-se o cresci- 2000 29,76 26,89 28,34
Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). um elemento adicional importante a ser mento do número médio de anos estudados A transição demográfica, além de acarretar
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


2010 32,88 30,15 31,52
Notas: Cada decil corresponde à classe simples, não sendo cumulativo. Os rendimentos de 2000 estão a preços de julho considerado diz respeito à escolarização da pela população. Coletando as informações, no envelhecimento e na redução das taxas de
de 2010, deflacionados pelo índice do INPC (base dez/1993 = 100), igual a 3.200,06 em julho de 2010 e a 1.628,90 Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010
em julho de 2000. O salário mínimo, a preços de julho de 2010, era de R$ 296,65 em 2000 e de R$ 510,00 em 2010. população. Os resultados a respeito desta nas PNADs de 1992 a 2013, para a população crescimento populacional, teve pelo menos (tabelas 2466 e 3193 do SIDRA/IBGE). Observatório das
dimensão podem nos esclarecer a respeito de 25 anos ou mais desagregada por sexo e três fenômenos concomitantes: 1) a poster- Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).

de alguns dados sobre ocupação e rendi- situação do domicílio, se pode observar esta gação da fecundidade e a redução do número
Gráfico 5 – Variação real (%) do rendimento médio mensal por decil simples e sexo, Santa Catarina mentos apresentados na seção anterior. tendência ao aumento do número médio de de filhos; 2) o aumento tanto na idade ao Outro elemento importante de ser analisado
(2000-2010). diz respeito à proporção de divorciados,
Para tal, com auxílio dos dados dos últimos anos estudados em todas as desagregações casar, quanto na proporção de pessoas
três censos e da PNAD de 2015, é possível realizadas. Todavia, nos mais de 20 anos solteiras; e 3) a reestruturação das famílias. separados e viúvos entre as mulheres, sensi-
80,0
traçar tanto um perfil como uma análise analisados, o hiato entre urbano e rural se No capítulo anterior, foi abordado o primeiro velmente maior daquela observada entre os
dinâmica da escolarização e das taxas de manteve estável (pouco mais de 2 anos de dos três tópicos; neste capítulo, se mostrar. homens. Em 2010, cerca de uma em cada
60,0
analfabetismo em Santa Catarina. diferença), ainda que a média para o estado sete mulheres se enquadrava nestes estados
tenha cada vez mais se aproximado dos A respeito do segundo tópico, os dados do civis; dentre outras coisas, isto mostra que
Em primeiro lugar, são analisadas as taxas resultados para as áreas urbanas. Gráfico 7 mostram que, entre os homens, a as mulheres têm uma maior tendência a
40,0
de analfabetismo e sua evolução a partir de proporção de solteiros já é a maioria entre não se recasarem (ou seja, não voltarem
1991. A partir dos resultados coletados, se A análise por sexo mostra que as discrepân- a população catarinense. Entre as mulheres, ao mercado matrimonial), comporta-
20,0
percebe que, em Santa Catarina, há histo- cias são praticamente inexistentes entre os ainda que não sejam mais de 50%, a mesma mento diferente daquele observado para
ricamente mais mulheres analfabetas do moradores do rural catarinense. Por sua tendência pode ser observada. Isto também é os homens. Ademais, ainda que não haja
que homens, embora este hiato se reduza vez, nas áreas urbanas, há uma diferença devido ao fato de o homem se casar (cada vez) um novo casamento, os homens tendem a
0,0

no tempo. Nas áreas rurais, o hiato entre consistente de 0,5 anos que se mantém até mais tarde, como pode ser observado a partir procurarem e a viverem com outro parceiro,
homens e mulheres se mantém estável em o fim da década de 2000, quando se tem a dos dados da Tabela 4: há uma tendência mesmo após a dissolução da união anterior.
-20,0
aproximadamente 1,5 pontos percentuais. convergência entre os homens e as mulheres. geral em postergação do casamento, com
Já nas áreas urbanas, a discrepância passa Ambos, no ano de 2013, têm uma média consequente postergação da fecundidade Para comprovar o segundo ponto do
-40,0 de mais de 2 pontos percentuais para cerca de 8,6 anos de estudo. Embora a tendência – pelo menos em sua componente marital. parágrafo anterior, é possível analisar a
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil 10º decil
Homens Mulheres
de 0,9 em pouco mais de 20 anos. de aumento no tempo passado na escola, é De modo geral, se observa que os homens proporção de pessoas que, mesmo não
fundamental recordar que – considerando casam quase 3 anos mais tarde do que as estando casadas, vivem em união. É visível,
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Outro ponto interessante diz respeito à cada que a população analisada tem 25 anos ou mulheres – e, para ambos os sexos, a idade tanto em 2000 como em 2010, que homens
Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
vez menor importância das áreas rurais. mais – estamos concluindo que, em média, a média é superior aos 30 anos –, fruto de uma separados, divorciados e viúvos são muito
Notas: Cada decil corresponde à classe simples, não sendo cumulativo. Para os cálculos, os rendimentos de 2000 estão
a preços de julho de 2010, deflacionados pelo índice do INPC (base dez/1993 = 100), igual a 3.200,06 em julho de
A crescente urbanização experimentada população do urbano catarinense tem apenas tendência histórica de o homem se casar com mais propensos a terem um compa-
2010 e a 1.628,90 em julho de 2000. em Santa Catarina levou para as cidades ensino fundamental completo, o que é pouco. uma mulher geralmente mais nova. nheiro após a união anterior. Já entre os

168 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 169
solteiros, há uma proporção ligeiramente Gráfico 7 – Distribuição da população de 10 anos ou mais por sexo e estado civil, Santa Catarina Uma análise importante que pode ser feita diz do tempo. Para isto, os dados estão apresen- geral, é possível perceber que, com o passar do
maior (menos de 5 pontos percentuais) (1991-2010). respeito à renda familiar per capita que estas tados no Gráfico 9, em valores nominais (ou tempo e em todos os tipos de família, a renda
de mulheres em união do que homens. 100% famílias têm e como tal renda evoluiu ao longo seja, sem deflacionamento)3. De uma maneira per capita tem aumentado expressivamente.
Finalmente, analisando especificamente os 90%
viúvos, é preciso frisar que a proporção de 17,0
80% 20,4 21,6
Gráfico 9 – Distribuição das famílias residentes únicas e conviventes por tipo de composição familiar e classes de rendimento nominal mensal fami-
unidos é substancialmente menor (espe- 24,3 25,8
23,1
liar per capita, Santa Catarina (1991-2010).
cialmente entre as mulheres), em compa- 70%

ração aos divorciados e separados, muito 60% 0% 25% 50% 75% 100%
por conta da idade avançada na qual a
50% Casal sem filhos
maioria das viuvezes se consuma.
40% Casal com filhos

Ano: 1991
Após analisar algumas questões relevantes 30% 28,3 28,3 Mulher com filhos
em termos de nupcialidade, é necessário 20%
22,7
20,1
22,8
Homem com filhos
20,2
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX
avaliar a evolução na composição das famí-
10% Outros tipos
lias catarinenses, por meio dos dados dos
últimos três censos. A tendência geral do 0%
1991 2000 2010 1991 2000 2010
período, a qual não diz respeito apenas à Homens Mulheres Casal sem filhos
realidade de Santa Catarina, é de queda na Casado(a) Desquitado(a), separado(a) ou divorciado(a) Viúvo(a) Solteiro(a)
Casal com filhos

Ano: 2000
proporção de famílias “casal com filhos” no Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabela 1624 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Mulher com filhos
total de arranjos, enquanto as famílias “casal Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
sem filhos” passam a se destacar. Final- Nota: As distribuições para 1991 excluem a população com estado civil ignorado. Homem com filhos

Outros tipos

Tabela 5 – Proporção (%) de pessoas não casadas que vivem em união com companheiro/a, segundo sexo e estado civil, Santa Catarina (2000-2010).
Ano Sexo Desquitado/a ou separado/a Divorciado/a Viúvo/a Solteiro/a Casal sem filhos

Homens 52,32 60,91 29,08 18,98 Casal com filhos

Ano: 2010
2000
Mulher com filhos
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


Mulheres 26,75 32,71 10,09 22,75

Homens 45,36 57,30 31,12 28,24 Homem com filhos


2010
Mulheres 29,45 34,69 11,76 32,29 Outros tipos

Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabelas 2470 e 3193 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
Sem rendimento 0 a ¼ SM ¼ a ½ SM ½ a 1 SM 1 a 2 SM 2 a 3 SM 3 a 5 SM 5+ SM

mente, ainda que em crescimento, as famí- Gráfico 8 – Distribuição das famílias residentes únicas e conviventes por tipo de composição fami- Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabelas 238 e 3519 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
lias monoparentais em geral – e as chefiadas liar, Santa Catarina (1991-2010). Notas: A categoria “sem rendimento” inclui tanto as famílias sem renda como aquelas que recebiam apenas em benefícios. Valores em unidades monetárias correntes de cada ano.
por mulheres, em especial – não tiveram um Salários mínimos utilizados: Cr$ 36.161,60 em 1991, R$ 151,00 em 2000 e R$ 510,00 em 2010. Em “outros tipos”, não estão incluídas as pessoas morando sozinhas e os domicílios
100% onde corresidem duas ou mais pessoas sem parentesco.
aumento expressivo no estado, divergindo
90% 10,3
sensivelmente da tendência de crescimento 12,4
12,2

captada para o país como um todo. 80%


Ainda que a proporção de famílias nas quais respeito às discrepâncias que existem amargavram fatias maiores abaixo de ½
70% o rendimento per capita está entre ½ e 1 entre famílias sem filhos e aquelas com salário mínimo.
Entre 1991 e 2010, as famílias do tipo salário mínimo seja alta (cerca de ¼ do total) filhos (e, dentre estas, entre as que têm
60%
“casal com filhos” deixaram de representar e tenha se mantido constante nos últimos um e dois pais). Ao longo do período Todavia, durante este período, o hiato entre
56,7
mais de ⅔ das composições familiares 50% 69,4 65,7
três censos, dois fenômenos concomitantes 1991-2010, as famílias do tipo “casal sem estes tipos de família teve alguma redução,
para serem pouco mais da metade do total 40% têm contribuído para a melhora das condi- filhos” sempre tiveram mais casos entre ainda que as famílias sem filhos continuem
(56,7%). Por sua vez, as famílias “casal sem ções de vida das famílias catarinenses. De um os de renda per capita mais elevada, tendo uma situação econômica melhor
30%
filhos” cresceram 10 pontos percentuais lado, diminuiu drasticamente a proporção enquanto uma proporção maior de famí- (fruto da ausência de dependentes que não
ao longo dos últimos três censos (de 14,7 20%
de famílias com renda per capita abaixo de lias com filhos (mono e biparentais) contribuem para o rendimento familiar).
para 24,7%), fruto de uma postergação da 10%
24,7
½ salário mínimo (sendo menos de 20% no Já entre famílias com filhos, a discrepância
17,6
14,7
fecundidade ou, em alguns casos, de uma pior dos casos, em 2010). De outro lado, a entre arranjos monoparentais e biparen-
0%
decisão de não ter filhos. Por fim, as famí- 1991 2000 2010 proporção de famílias com rendimento entre 3
Não sendo rendimentos reais, é importante que as tais caiu mais expressivamente, o que se
lias monoparentais representam o caso Casal sem filhos Casal com filhos Mulher sem cônjuge com filhos Homem sem cônjuge com filhos Outras composições
1 e 2 salários mínimos teve um crescimento análises a respeito da evolução dos rendimentos sejam deve, entre outros fatores: 1) à redução do
de cerca de 1 em cada 7 arranjos, sendo a substancial, passando de cerca de ¼ para feitas com a devida cautela, tanto pelo fato de estes tamanho da família; 2) à maior inserção
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabelas 238 e 3519 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações
grande maioria (de 85 a 90%) chefiadas em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). mais de ⅓ do total de casos. rendimentos não serem diretamente equiparáveis, como da mulher no mercado de trabalho; e 3) à
por mulheres. Estes resultados são apre- Notas: Em “outros tipos”, não estão incluídas as pessoas morando sozinhas e os domicílios onde corresidem duas ou pelo fato de, em 1991, o Brasil estar passando por um redução do hiato nos salários de homens e
sentados no Gráfico 8. mais pessoas sem parentesco. Os tipos de família apresentados somam arranjos com e sem outros parentes.
Por fim, outro ponto a ser ressaltado diz período de forte instabilidade econômica e hiperinflação. de mulheres.

170 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 171
Mapa 1 – Índice de Vulnerabilidade Social por município, Santa Catarina (2000-2010).
que, embora a evangelização seja um de evangélicos, como as que avançaram de
Evolução e
fenômeno generalizado no estado, a inten- maneira mais consistente: em 2010, ¼ de
distribuição da sidade com a qual tem ocorrido é diferen- suas respectivas populações se declarava de
população cial por mesorregião. De um lado, a Região alguma denominação evangélica. Por fim,
por religião Serrana é visivelmente a que menos sofreu a região da Grande Florianópolis é a que
deste processo, tendo pouco mais de 15% tem maior diversidade religiosa, com uma
Um último ponto a ser discutido diz respeito de sua população se declarando evangé- já expressiva importância, em 2010, tanto
à evolução da população em termos de lica em 2010. da população sem religião como dos que
denominação religiosa. Nos últimos 30 tinham outras crenças que não a católica
anos, além das mudanças demográficas De outro lado, as regiões do Vale do Itajaí e ou a evangélica. Somados, ambos os casos
em curso (em termos de estrutura etária do Norte Catarinense foram tanto as que representavam 1 em cada 7 moradores desta
da população, tamanho das famílias, perfil tinham, em 1991, a maior proporção inicial mesorregião em 2010.
da nupcialidade etc.), os valores da socie-
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX
dade têm se alterado. Um exemplo destas
mudanças é dado pelo perfil da população
em termos de religião, sendo importante Gráfico 10 – Distribuição da população segundo denominação religiosa, por mesorregião de resi-
dência e ano, Santa Catarina (1991-2010).
destacar o crescimento expressivo dos
evangélicos e a ainda tênue fatia da popu- 100,0%

lação que se declara sem religião.

Os resultados da Tabela 6 mostram que,


para o estado de Santa Catarina, menos de 87,5%

¾ da população se declara católica em 2010,


enquanto um quinto já se enquadra como
evangélica. O crescimento da população
75,0%
evangélica no estado foi tamanho que sua
participação, entre 1991 e 2010, dobrou.
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


De cada 12 pessoas que deixaram de ser
católicas no período, 10 se converteram 62,5%
para religiões de denominação evangélica,
enquanto as outras 2 pessoas passaram a se
declarar como não tendo religião.
50,0%
1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010
Tabela 6 – Distribuição (%) da população por de-
nominação religiosa, Santa Catarina (1991-2010). Oeste Catarinense Norte Catarinense Região Serrana Vale do Itajaí Gde. Florianópolis Sul Catarinense
Denominação religiosa 1991 2000 2010
Católico 85,9 80,7 73,2 Católicos Evangélicos Sem religião Outros
Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto
Evangélico 10,6 15,0 20,0 de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabela 137 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Observatório das Migrações em São Paulo
Outras 2,4 2,0 3,2 (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). Mapas
Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
Sem religião 0,9 2,0 3,3 elaborados por Pier Francesco De Maria.
Notas: A categoria “católico” contém apostólicos e ortodoxos. A categoria “evangélico” inclui os penteconstais, os
Sem resposta/ tradicionais e os de missão. A categoria “sem religião” engloba agnósticos, ateus e pessoas que declararam não ter
Não determinada
0,2 0,4 0,3 religião. A categoria “outras” contém judaístas, espíritas, islâmicos, Testemunhas de Jeová, as religiões afro-brasileiras, as
orientais e outras religiosidades. O que se pode vislumbrar a partir dos mapas “renda e trabalho”. A sensível e generalizada Esta evolução geral justifica o porquê de
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010
(tabela 137 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações acima é que, de maneira generalizada, houve melhora no IVS de todos os municípios do haver só 35 municípios (11,9%), em 2010,
em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). uma redução expressiva no IVS entre 2000 estado se deve a uma tendência comum de com IVS acima de 0,300. Ao se comparar
Notas: A categoria “católico” contém apostólicos e
volvimento Humano Municipal (IDHM). e 2010. De um lado, no ano do último censo, redução das vulnerabilidades em todas as com o Brasil, o estado de Santa Catarina
ortodoxos. A categoria “evangélico” inclui os penteconstais,
os tradicionais e os de missão. A categoria “sem religião”
Desenvolvimento Ambos os índices são calculados a partir dos não havia municípios, em Santa Catarina, três dimensões. Considerando os resultados não só já tinha, em 2000, índices melhores,
engloba agnósticos, ateus e pessoas que declararam humano e dados do Censo Demográfico (sendo que o com índice acima de 0,500. De outro lado, no para o estado, a redução da vulnerabilidade bem como uma melhor performance em
não ter religião. A categoria “outras” contém judaístas,
espíritas, islâmicos, Testemunhas de Jeová, as religiões vulnerabilidade social IVS foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa mesmo período, o número de municípios com em infraestrutura urbana foi de 16,9% (de termos de redução das vulnerabilidades
afro-brasileiras, as orientais e outras religiosidades.
Econômica Aplicada, o IPEA) e, em 2015, foi IVS abaixo de 0,201 saltaram de 8 (2,7%) para 0,154 para 0,128). Já em relação ao capital sociais. Entre 2010 e 2015, houve melhoras
De forma a concluir a análise sociodemográ- lançado o Atlas da Vulnerabilidade Social. A 128 (43,7%), ainda que majoritariamente humano, a queda foi de 30,9% (de 0,366 para ainda mais expressivas nas duas primeiras
Quando os dados sobre denominação fica e econômica de Santa Catarina, é possível respeito da evolução do IVS nos municípios concentrados na faixa litorânea do estado. 0,253). Por fim, a dimensão que teve a maior dimensões; a exceção é para a dimensão
religiosa são detalhados para unidades analisar os resultados do Índice de Vulnera- catarinenses nos últimos dois censos, os redução na vulnerabilidade foi aquela rela- “renda e trabalho”, a qual piorou de 2014
geográficas intraestaduais, se percebe bilidade Social (IVS) e do Índice de Desen- resultados estão expressos no Mapa 1. O IVS é composto por três dimensões: “infra- cionada a renda e trabalho, com uma queda para 2015, fruto da desaceleração econô-
estrutura urbana”; “capital humano”; e de mais de 45% (de 0,355 para 0,194). mica no país.

172 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 173
Tabela 7 – Evolução e variação do IVS e de suas componentes, Brasil e Santa Catarina (2000-2015).
Os resultados para o IDHM nos mostram municípios (20,8% do estado) com IDHM crescimento no país superou as variações
Brasil Santa Catarina uma situação semelhante à visualizada a abaixo de 0,700. ocorridas no estado. Em outros termos, houve
Dimensões Dados Variação Dados Variação partir do IVS, ainda que com outras dimen- uma redução, entre 2000 e 2010, do hiato
2000 2010 2015 2000/10 2010/15 2000 2010 2015 2000/10 2010/15 sões em análise. Todavia, talvez sendo um Diferentemente do observado para o IVS, médio entre os IDHM nacional e estadual
Infraestr. urbana 0,351 0,295 0,214 -16,0% -27,5% 0,154 0,128 0,098 -16,9% -23,4% resultado diferente do alcançado com base em que Santa Catarina sempre esteve em (que passou de 0,062 em 2000 para 0,047 em
no IVS, a dinâmica de melhora no desenvol- melhores condições (e com melhor desem- 2010). Esta tendência reverte nos anos 2010,
Capital humano 0,503 0,362 0,263 -28,0% -27,3% 0,366 0,253 0,149 -30,9% -41,1%
vimento municipal tem sido mais lenta do penho) do que a média nacional, no caso do com melhoras substanciais dos indicadores
Renda e trabalho 0,485 0,320 0,266 -34,0% -16,9% 0,355 0,194 0,137 -45,4% -29,4%
que aquela de redução das vulnerabilidades IDHM se percebe que – embora os índices para Santa Catarina, contra uma melhora mais
IVS 0,446 0,326 0,248 -26,9% -23,9% 0,292 0,192 0,128 -34,2% -33,3% sociais. Isto pode ser entendido à medida do estado sejam sempre melhores que os lenta na média geral. Isto tudo pode ser obser-
Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). que se percebe que, ainda em 2010, há 61 calculados para o Brasil –, de modo geral, o vado a partir dos dados da Tabela 8.

Tabela 8 – Evolução e variação do IDHM e de suas componentes, Brasil e Santa Catarina (2000-2015).
Brasil Santa Catarina
CAPÍTULO IX

CAPÍTULO IX
Mapa 2 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Santa Catarina (2000-2010). Já a respeito da evolução do IDHM em Santa
Catarina, os resultados estão visíveis a Dimensões Dados Variação Dados Variação

partir do Mapa 2. Diferentemente do IVS, o 2000 2010 2015 2000/10 2010/15 2000 2010 2015 2000/10 2010/15
IDHM leva em consideração menos subdi- Renda 0,692 0,739 0,729 6,8% -1,4% 0,717 0,773 0,774 7,8% 0,1%
mensões, embora seja também formado Longevidade 0,727 0,816 0,841 12,2% 3,1% 0,812 0,860 0,901 5,9% 4,8%
por três componentes: renda; longevidade;
Educação 0,456 0,637 0,713 39,7% 11,9% 0,526 0,697 0,773 32,5% 10,9%
e educação. Quanto melhor – no caso – um
município está em qualquer uma das três IDHM 0,612 0,727 0,761 18,8% 4,7% 0,674 0,774 0,816 14,8% 5,4%

componentes acima, maior será o valor final Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
do IDHM, de modo que a interpretação a ser
dada ao índice é oposta àquela feita para o
IVS (no qual, quanto menor, melhor). Outro resultado importante a ser destacado volvimento. Para isto, é preciso criar uma municípios, juntamente com a quase tota-
diz respeito à existência de correlação nega- matriz onde o IDHM e o IVS sejam catego- lidade daqueles com baixo nível de prospe-
tiva (mas não perfeita) entre IVS e IDHM: rizados e, nela, se contem o número abso- ridade, migraram para a diagonal amarela
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)

Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)


podemos afirmar, com bastante certeza, que luto (ou a proporção) de municípios que (prosperidade média) e para a combinação
menores valores de IVS estão atrelados a se enquadram em cada cruzamento, como de baixa vulnerabilidade com médio desen-
maiores valores de IDHM. Todavia, quando mostramos na Figura 1 abaixo. volvimento humano. Ainda que o progresso
categorizamos ambos os índices usando as apontado seja notável, tendo (em 2010)
classes de valores fornecidas no Atlas da É possível perceber que, no período de quase 85% dos municípios em situação de
Vulnerabilidade Social do IPEA4, vemos que 2000 a 2010, todos os municípios do estado alta prosperidade social, poucos ainda são
municípios com altíssimo IDH (acima de deixaram de ter alta vulnerabilidade combi- os municípios que atingiram um muito alto
0,800) não necessariamente têm baixíssimo nada a baixo desenvolvimento (resultando nível de IDH junto a baixos índices de vulne-
IVS (abaixo de 0,200). Este é o caso, por em muito baixa prosperidade social). Estes rabilidade social (apenas 3,8%).
exemplo, da capital Florianópolis.
Figura 1 – Distribuição relativa (%) dos municípios catarinenses segundo nível de Prosperidade
Ainda que um coeficiente de correlação Social, Santa Catarina (2000-2010).
linear possa nos dizer muita coisa sobre
a associação entre duas variáveis (no caso
IDHM IDHM
catarinense, as correlações foram de -0,775
Ano: 2000 Ano: 2010
em 2000 e de -0,724 em 2010, o que aponta
De 0,600 De 0,600
para uma relação negativa e forte entre < 0,600 ≥ 0,800 < 0,600 ≥ 0,800
até 0,799 a 0,799
os índices), pouco se capta a respeito das
combinações que níveis de IDHM e IVS

≤ 0,300

≤ 0,300
2,7 37,2 0,0 0,0 84,6 3,8
podem assumir (e, de fato, assumiram).
Uma forma de resolver o problema é criar

De 0,301

De 0,301
até 0,400

até 0,400
uma análise daquela que o IPEA chama

IVS

IVS
17,4 22,2 0,0 0,0 10,2 0,0
de Prosperidade Social, uma combinação
de baixa vulnerabilidade com alto desen-

> 0,400

> 0,400
Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto 18,1 2,4 0,0 0,0 1,4 0,0
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Observatório das Migrações em São Paulo
(Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). Mapas 4
Disponível em: <http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt>.
elaborados por Pier Francesco De Maria. Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações
Acesso em 10/10/2018. em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).

174 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 175
Desfile Tirolerfest, município de Treze Tílias (2012)
® Detalhe modificado de foto de Markito, acervo SANTUR

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