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Capítulo IX
Perfil Socio-
demográfico
e Econômico
da População
(1991-2015)
DOI 10.5965/978858302152032018162
T
endo em vista a análise realizada, Considerando a urbanização de Santa Cata- aumento é devido, como os dados da Tabela 1
no capítulo anterior, a respeito das rina, o envelhecimento de sua população e o esclarecem, a uma combinação de fatores. De
características gerais da população crescimento de áreas específicas do estado um lado, a participação das mulheres cresceu
catarinense, sua evolução nos últimos 60 (resultando em adensamento populacional), em todas as idades, apontando para sua
anos e as projeções até 2050, é preciso é importante analisar a evolução de variá- maior e crescente participação no mercado
avaliar também como as características veis sociodemográficas e econômicas para
de trabalho. De outro lado, os homens jovens,
desta população mudaram no tempo. É detalhar as características destas mudanças
ao ficarem por mais tempo na escola, deixam
preciso ressaltar que não apenas de idade, que ocorreram desde os anos 1960. Para tal,
de estar na população ativa.
este capítulo aborda os seguintes elementos
CAPÍTULO IX
sexo e situação censitária é feita uma análise
demográfica. Elementos como raça/cor, sociodemográficos e econômicos: ocupação
religião, escolaridade, ocupação e pendula- e renda; nível de escolaridade e analfabe- Embora seja cada vez maior a partici-
tismo; distribuição por raça/cor e religião; pação feminina no mercado de trabalho,
ridade também perfazem o universo socio-
nupcialidade e família; e pendularidade. é possível notar que ainda se mantêm
demográfico e devem ser levadas em conta
Abordando estes temas, espera-se detalhar diferenciais significativos entre homens
em uma análise mais profunda sobre a
a contento as principais mudanças pelas e mulheres. A discrepância é maior entre
população catarinense.
quais passou, nas últimas décadas, a popu-
os adultos e os idosos (registrando uma
lação catarinense.
diferença de, em média, 20 pontos percen-
À medida que a população envelhece e se
tuais), ainda que, entre 1991 e 2015, as
muda para as cidades, é preciso associar
estes processos a outros concomitantes, Características taxas gerais de atividade por sexo tenham
tais como: a maior escolarização; a evolução econômicas e mostrado uma tendência convergente.
das taxas de participação no mercado de ocupacionais Esta divergência é mais sentida entre
1
Graduado em Ciências Econômicas (2013), Tabela 1 – Taxa de atividade (%) geral e por grandes grupos etários, população de 15 anos ou mais,
Mestre (2016) e Doutor (2018) em Demografia Santa Catarina (1991-2015).
pela Universidade Estadual de Campinas. Atua no Homens Mulheres
Laboratório de Urbanização e Mudanças no Uso e 1991 2000 2010 2015 1991 2000 2010 2015
Cobertura da Terra e no Laboratório de Economia Jovens (15-29) 86,4 84,0 81,4 76,5 49,5 63,5 70,9 67,2
e Gestão na Universidade Estadual de Campinas,
Adultos (30-59) 91,7 89,8 89,2 89,8 43,2 59,4 70,7 68,7
pesquisando o tema Pobreza e Desigualdade, com
Idosos (60+) 35,5 33,3 39,1 32,8 9,3 10,3 18,6 14,3
ênfase na análise de indicadores e medidas e na
aplicação de métodos quantitativos. Geral (15+) 84,1 81,8 80,3 76,2 42,2 55,0 63,2 57,4
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabela 616 do SIDRA/IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra
2
Graduada em Ciências Sociais (1984), Mestra em de Domicílios 2015 (tabela 4021 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/
UNICAMP).
Sociologia (1992) e Doutora em Ciências Sociais (1999)
Notas: A taxa de atividade foi calculada como sendo a razão entre a população economicamente ativa e a soma da
pela Universidade Estadual de Campinas. Professora população ativa e não-ativa em determinado ano.
Livre Docente (2012) na área de População e Ambiente,
atualmente é pesquisadora do Núcleo de Estudos de
População e docente colaboradora do Departamento Um segundo ponto a ser analisado diz posição na ocupação, isto nos permite
de Demografia, do Programa de Pós-Graduação em respeito à distribuição da população avaliar a proporção de empregados com
Demografia e do Programa de Pós-Graduação em ocupada por posição na ocupação e por carteira assinada e a evolução da população
Sociologia da Universidade Estadual de Campinas. condição de atividade. No que tange a que trabalham por conta própria. Estes
CAPÍTULO IX
nada. Todavia, este perfil genérico sofre desfavorecidas nas áreas rurais – nas quais
a influência de efeitos de composição considerar só a PEA ou a população total faz
10,0
causados por variáveis como sexo e situ- 70% pouca ou nenhuma diferença. Por sua vez,
ação do domicílio. Os dados concernentes a situação nas áreas urbanas é menos pior, 0,0
ao Censo Demográfico de 2010 permitem ainda que, quando se analisa a população 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011 2012 2013 2014 2015
fazer uma análise mais aprofundada – utili- 54% total (e não só a PEA), a razão é sensivel- Áreas urbanas - PEA Áreas urbanas - Total Áreas rurais - PEA Áreas rurais - Total
22%
zando variáveis complementares como mente inferior. Isto nos indica que, quando
sexo, idade e situação do domicílio – da adicionamos a população economicamente Fonte: FIBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2001 a 2014 (tabelas 1860 e 1867 do SIDRA/IBGE).
Ano 2010 Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
distribuição da população por posição na não-ativa, de ambos os sexos das áreas
ocupação, como mostram os resultados 4% urbanas, as mulheres deste grupo ganham Notas: A população total inclui os economicamente ativos e os economicamente não-ativos.
3%
expostos na Tabela 2. 3% muito abaixo dos homens. No período 2001-
2014, se observa maior aumento da razão
Gráfico 3 – Razão entre o rendimento nominal médio mensal de cada decil e o correspondente do
De maneira geral, a proporção de empre- 12% nas áreas rurais, enquanto se verifica estag- último decil, por sexo e ano, Santa Catarina (2000-2010).
2%
gados com carteira assinada decai de forma nação – no período 2001-2007 – nas áreas
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)
mente nas áreas rurais. Nas áreas urbanas, Não remunerados Auto-consumo Empregadores Conta própria com elevação).
40,0
até os 64 anos de idade, mais da metade da
Carteira assinada Militares e estatutários Sem carteira assinada
população ocupada tem registro em carteira. Por sua vez, recorrendo aos dados dos 35,0
Já nas áreas rurais, a principal posição é últimos dois Censos, é possível avaliar tanto
de trabalhadores por conta própria (autô- Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2031 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São a evolução da desigualdade de renda como 30,0
nomos); especificamente entre os idosos no Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). dos diferenciais de gênero. Em primeiro
Notas: A categoria “Carteira assinada” inclui os trabalhadores domésticos. A categoria “Sem carteira assinada” inclui os 25,0
rural, há uma proporção expressiva (mais lugar, avaliando a progressão da desigual-
aprendizes ou estagiários sem remuneração.
de ⅓) de trabalhadores na produção para dade intragrupo (ou seja, entre homens e
20,0
próprio consumo. entre mulheres), o rendimento nominal,
em 2010, dos decis inferiores representava 15,0
Outra distinção importante a ser ressal- Tabela 2 – Distribuição (%) da população de 15 anos ou mais, ocupada na semana de referência, por uma proporção maior do decil mais rico
posição na ocupação, situação do domicílio, sexo e grandes grupos etários, Santa Catarina (2010).
tada diz respeito aos diferenciais por sexo. em comparação a 2010. Ademais, ainda no 10,0
Áreas urbanas Áreas rurais
Por um lado, a propoção de ocupados com Gráfico 3, se nota que a desigualdade de renda
Posição na 5,0
carteira é similar, entre homens e mulheres, Homens Mulheres Homens Mulheres entre as mulheres é menor do que entre os
ocupação
até os 64 anos de idade, tanto nas áreas 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ 15-29 30-64 65+ homens – resultado facilmente averiguável a 0,0
urbanas como nas rurais. Por outro lado, Com carteira 70,1 55,1 20,5 70,6 55,4 17,5 44,6 26,7 4,1 42,9 22,2 2,9 partir do índice de Gini para cada ano e sexo. 1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil
há diferenças relevantes nas proporções de Sem carteira 12,9 7,5 11,2 15,0 13,1 17,0 13,2 9,2 5,9 15,0 11,2 8,4
2000 - Homens 2000 - Mulheres 2010 - Homens 2010 - Mulheres
trabalhadores por conta própria (em que há No que diz respeito à evolução dos rendi-
Conta
mais homens do que mulheres) e daqueles própria
12,2 26,1 39,2 8,4 17,1 31,5 31,8 53,2 51,1 26,4 45,7 38,9 mentos em si – após trazer os valores de
que produzem para auto-consumo (no qual 2000 a preços de julho de 2010 – é possível Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São
Sem Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
0,7 0,2 2,7 1,1 1,1 7,3 4,2 0,8 4,4 6,2 5,0 10,3
se verifica a situação inversa). remuneração verificar, a partir do Gráfico 4, que há uma
Notas: Cada decil corresponde à classe simples, não sendo cumulativo. Os rendimentos não são deflacionados.
Auto- melhora sensível na razão entre mulheres
consumo
0,3 0,7 15,7 0,3 1,3 20,5 4,8 7,2 33,4 7,0 12,6 39,3
Tendo por pano de fundo a evolução das e homens entre 2000 e 2010. Especifica-
taxas de atividade e da distribuição da popu- Outros 3,8 10,4 10,8 4,6 12,0 6,2 1,4 2,9 1,2 2,5 3,3 0,3 mente, analisando o segundo decil, é visível curva” – está associado ao valor médio desta Todavia, quando subimos de decil – e,
lação ocupada por posição na ocupação, é Fonte: FIBGE, Censo Demográfico de 2010 (tabela 3585 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo que há, na PEA, uma equiparação dos rendi- classe (para ambos os anos): o rendimento portanto, de rendimento médio – as discre-
possível compreender, ainda que parcial- (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). mentos auferidos por ambos os sexos. Este médio do segundo decil equivale, pratica- pâncias entre sexos ainda são muito fortes:
mente, a evolução dos rendimentos mensais Notas: A categoria “Outros” inclui empregadores, funcionários públicos estatutários e militares. resultado – quase que um “ponto fora da mente, ao salário mínimo em cada ano. nos 30% de maior rendimento, a mulher
166 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 167
tende a ganhar, em 2010, 30% menos que o rendimento médio da mulher até o quarto no rendimento médio. Em outros termos, pessoas que se escolarizaram, mantendo no Gráfico 6 – Número médio de anos estudados, segundo sexo e situação do domicílio para popula-
homem. Regredindo para decis inferiores, decil é muito próximo do salário mínimo, isto é um indício de que, para funções rural os menos qualificados e os analfabetos. ção de 25 anos ou mais, Santa Catarina (1992-2013).
se percebe que esta é ainda uma tendência enquanto o homem, do segundo para o semelhantes, é dado, às mulheres, um Todavia, como há cada vez menos pessoas
10,0
geral. Tanto para 2000 como para 2010, o terceiro decil, já tem um salto significativo salário menor. morando fora das cidades, ainda que a
taxa de analfabetismo (tanto para homens, 9,0
Gráfico 4 – Rendimento real médio mensal por decil e razão de rendimentos da população econo- Ainda que as mulheres ganhem – especial- como para mulheres) no rural seja o dobro 8,0
micamente ativa segundo sexo, Santa Catarina (2000-2010). mente nos decis superiores – muito menos daquela experimentada nas cidades, seu
8.400 120,0 que os homens, se nota (entre 2000 e 2010) impacto na taxa geral é mínimo. 7,0
explicável pela diferença na variação real dos Tabela 3 – Taxa de analfabetismo (%), por sexo e
7.000 100,0 5,0
rendimentos no período (Gráfico 5): de um situação censitária, para a população de 15 anos
lado, nos decis onde a renda aumentou, as ou mais, Santa Catarina (1991-2015). 4,0
5.600 80,0
mulheres tiveram crescimento maior do que Homens Mulheres
Ano Total 3,0
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO IX
os homens; de outro lado, nos decis de perda Urbano Rural Urbano Rural
4.200 60,0 (o nono e o décimo), ou as mulheres tiveram 1991 6,51 12,29 8,60 13,85 9,16
2,0
crescimento, ou menor redução em termos 2000 8,72 4,25 9,66 5,61 5,83 1,0
reais. Este resultado se deve a uma menor
2.800 40,0 2010 3,03 7,06 3,81 7,07 4,00 0,0
discrepância por sexo, em termos de salários 1990 1995 2000 2005 2010 2015
pagos para funções iguais ou semelhantes. 2015 2,39 7,39 3,27 6,41 3,52 Urbano - Masculino Urbano - Feminino Rural - Masculino Rural - Feminino Total
1.400 20,0
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 Fonte: FIBGE, Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios de 1992 a 2013 (tabela B.11 do IDB/DataSUS-MS).
(dados do IDB/DataSUS-MS) e Pesquisa Nacional por Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
Analfabetismo e Amostra de Domicílios 2015 (tabela 271 do SIDRA/
IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/
0 0,0
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil 10º decil escolaridade CNPq-NEPO/UNICAMP).
Tabela 4 – Idade média ao casar, segundo sexo e
Classe simples de renda
Perfil da nupcialidade e ano, Santa Catarina (2000-2010).
2000 - Homens 2000 - Mulheres 2010 - Homens 2010 - Mulheres Razão - 2000 Razão - 2010
Após destacar a dinâmica ocupacional e a Considerando a evolução na taxa de analfa- da família catarinense Homens Mulheres Total
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São evolução dos rendimentos reais no estado, betismo a partir de 1991, justifica-se o cresci- 2000 29,76 26,89 28,34
Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). um elemento adicional importante a ser mento do número médio de anos estudados A transição demográfica, além de acarretar
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)
de alguns dados sobre ocupação e rendi- situação do domicílio, se pode observar esta gação da fecundidade e a redução do número
Gráfico 5 – Variação real (%) do rendimento médio mensal por decil simples e sexo, Santa Catarina mentos apresentados na seção anterior. tendência ao aumento do número médio de de filhos; 2) o aumento tanto na idade ao Outro elemento importante de ser analisado
(2000-2010). diz respeito à proporção de divorciados,
Para tal, com auxílio dos dados dos últimos anos estudados em todas as desagregações casar, quanto na proporção de pessoas
três censos e da PNAD de 2015, é possível realizadas. Todavia, nos mais de 20 anos solteiras; e 3) a reestruturação das famílias. separados e viúvos entre as mulheres, sensi-
80,0
traçar tanto um perfil como uma análise analisados, o hiato entre urbano e rural se No capítulo anterior, foi abordado o primeiro velmente maior daquela observada entre os
dinâmica da escolarização e das taxas de manteve estável (pouco mais de 2 anos de dos três tópicos; neste capítulo, se mostrar. homens. Em 2010, cerca de uma em cada
60,0
analfabetismo em Santa Catarina. diferença), ainda que a média para o estado sete mulheres se enquadrava nestes estados
tenha cada vez mais se aproximado dos A respeito do segundo tópico, os dados do civis; dentre outras coisas, isto mostra que
Em primeiro lugar, são analisadas as taxas resultados para as áreas urbanas. Gráfico 7 mostram que, entre os homens, a as mulheres têm uma maior tendência a
40,0
de analfabetismo e sua evolução a partir de proporção de solteiros já é a maioria entre não se recasarem (ou seja, não voltarem
1991. A partir dos resultados coletados, se A análise por sexo mostra que as discrepân- a população catarinense. Entre as mulheres, ao mercado matrimonial), comporta-
20,0
percebe que, em Santa Catarina, há histo- cias são praticamente inexistentes entre os ainda que não sejam mais de 50%, a mesma mento diferente daquele observado para
ricamente mais mulheres analfabetas do moradores do rural catarinense. Por sua tendência pode ser observada. Isto também é os homens. Ademais, ainda que não haja
que homens, embora este hiato se reduza vez, nas áreas urbanas, há uma diferença devido ao fato de o homem se casar (cada vez) um novo casamento, os homens tendem a
0,0
no tempo. Nas áreas rurais, o hiato entre consistente de 0,5 anos que se mantém até mais tarde, como pode ser observado a partir procurarem e a viverem com outro parceiro,
homens e mulheres se mantém estável em o fim da década de 2000, quando se tem a dos dados da Tabela 4: há uma tendência mesmo após a dissolução da união anterior.
-20,0
aproximadamente 1,5 pontos percentuais. convergência entre os homens e as mulheres. geral em postergação do casamento, com
Já nas áreas urbanas, a discrepância passa Ambos, no ano de 2013, têm uma média consequente postergação da fecundidade Para comprovar o segundo ponto do
-40,0 de mais de 2 pontos percentuais para cerca de 8,6 anos de estudo. Embora a tendência – pelo menos em sua componente marital. parágrafo anterior, é possível analisar a
1º decil 2º decil 3º decil 4º decil 5º decil 6º decil 7º decil 8º decil 9º decil 10º decil
Homens Mulheres
de 0,9 em pouco mais de 20 anos. de aumento no tempo passado na escola, é De modo geral, se observa que os homens proporção de pessoas que, mesmo não
fundamental recordar que – considerando casam quase 3 anos mais tarde do que as estando casadas, vivem em união. É visível,
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabela 2904 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Outro ponto interessante diz respeito à cada que a população analisada tem 25 anos ou mulheres – e, para ambos os sexos, a idade tanto em 2000 como em 2010, que homens
Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
vez menor importância das áreas rurais. mais – estamos concluindo que, em média, a média é superior aos 30 anos –, fruto de uma separados, divorciados e viúvos são muito
Notas: Cada decil corresponde à classe simples, não sendo cumulativo. Para os cálculos, os rendimentos de 2000 estão
a preços de julho de 2010, deflacionados pelo índice do INPC (base dez/1993 = 100), igual a 3.200,06 em julho de
A crescente urbanização experimentada população do urbano catarinense tem apenas tendência histórica de o homem se casar com mais propensos a terem um compa-
2010 e a 1.628,90 em julho de 2000. em Santa Catarina levou para as cidades ensino fundamental completo, o que é pouco. uma mulher geralmente mais nova. nheiro após a união anterior. Já entre os
168 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 169
solteiros, há uma proporção ligeiramente Gráfico 7 – Distribuição da população de 10 anos ou mais por sexo e estado civil, Santa Catarina Uma análise importante que pode ser feita diz do tempo. Para isto, os dados estão apresen- geral, é possível perceber que, com o passar do
maior (menos de 5 pontos percentuais) (1991-2010). respeito à renda familiar per capita que estas tados no Gráfico 9, em valores nominais (ou tempo e em todos os tipos de família, a renda
de mulheres em união do que homens. 100% famílias têm e como tal renda evoluiu ao longo seja, sem deflacionamento)3. De uma maneira per capita tem aumentado expressivamente.
Finalmente, analisando especificamente os 90%
viúvos, é preciso frisar que a proporção de 17,0
80% 20,4 21,6
Gráfico 9 – Distribuição das famílias residentes únicas e conviventes por tipo de composição familiar e classes de rendimento nominal mensal fami-
unidos é substancialmente menor (espe- 24,3 25,8
23,1
liar per capita, Santa Catarina (1991-2010).
cialmente entre as mulheres), em compa- 70%
ração aos divorciados e separados, muito 60% 0% 25% 50% 75% 100%
por conta da idade avançada na qual a
50% Casal sem filhos
maioria das viuvezes se consuma.
40% Casal com filhos
Ano: 1991
Após analisar algumas questões relevantes 30% 28,3 28,3 Mulher com filhos
em termos de nupcialidade, é necessário 20%
22,7
20,1
22,8
Homem com filhos
20,2
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO IX
avaliar a evolução na composição das famí-
10% Outros tipos
lias catarinenses, por meio dos dados dos
últimos três censos. A tendência geral do 0%
1991 2000 2010 1991 2000 2010
período, a qual não diz respeito apenas à Homens Mulheres Casal sem filhos
realidade de Santa Catarina, é de queda na Casado(a) Desquitado(a), separado(a) ou divorciado(a) Viúvo(a) Solteiro(a)
Casal com filhos
Ano: 2000
proporção de famílias “casal com filhos” no Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabela 1624 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Mulher com filhos
total de arranjos, enquanto as famílias “casal Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
sem filhos” passam a se destacar. Final- Nota: As distribuições para 1991 excluem a população com estado civil ignorado. Homem com filhos
Outros tipos
Tabela 5 – Proporção (%) de pessoas não casadas que vivem em união com companheiro/a, segundo sexo e estado civil, Santa Catarina (2000-2010).
Ano Sexo Desquitado/a ou separado/a Divorciado/a Viúvo/a Solteiro/a Casal sem filhos
Ano: 2010
2000
Mulher com filhos
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)
Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 2000 e 2010 (tabelas 2470 e 3193 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
Sem rendimento 0 a ¼ SM ¼ a ½ SM ½ a 1 SM 1 a 2 SM 2 a 3 SM 3 a 5 SM 5+ SM
mente, ainda que em crescimento, as famí- Gráfico 8 – Distribuição das famílias residentes únicas e conviventes por tipo de composição fami- Fonte: FIBGE, Censos Demográficos de 1991 a 2010 (tabelas 238 e 3519 do SIDRA/IBGE). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
lias monoparentais em geral – e as chefiadas liar, Santa Catarina (1991-2010). Notas: A categoria “sem rendimento” inclui tanto as famílias sem renda como aquelas que recebiam apenas em benefícios. Valores em unidades monetárias correntes de cada ano.
por mulheres, em especial – não tiveram um Salários mínimos utilizados: Cr$ 36.161,60 em 1991, R$ 151,00 em 2000 e R$ 510,00 em 2010. Em “outros tipos”, não estão incluídas as pessoas morando sozinhas e os domicílios
100% onde corresidem duas ou mais pessoas sem parentesco.
aumento expressivo no estado, divergindo
90% 10,3
sensivelmente da tendência de crescimento 12,4
12,2
170 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 171
Mapa 1 – Índice de Vulnerabilidade Social por município, Santa Catarina (2000-2010).
que, embora a evangelização seja um de evangélicos, como as que avançaram de
Evolução e
fenômeno generalizado no estado, a inten- maneira mais consistente: em 2010, ¼ de
distribuição da sidade com a qual tem ocorrido é diferen- suas respectivas populações se declarava de
população cial por mesorregião. De um lado, a Região alguma denominação evangélica. Por fim,
por religião Serrana é visivelmente a que menos sofreu a região da Grande Florianópolis é a que
deste processo, tendo pouco mais de 15% tem maior diversidade religiosa, com uma
Um último ponto a ser discutido diz respeito de sua população se declarando evangé- já expressiva importância, em 2010, tanto
à evolução da população em termos de lica em 2010. da população sem religião como dos que
denominação religiosa. Nos últimos 30 tinham outras crenças que não a católica
anos, além das mudanças demográficas De outro lado, as regiões do Vale do Itajaí e ou a evangélica. Somados, ambos os casos
em curso (em termos de estrutura etária do Norte Catarinense foram tanto as que representavam 1 em cada 7 moradores desta
da população, tamanho das famílias, perfil tinham, em 1991, a maior proporção inicial mesorregião em 2010.
da nupcialidade etc.), os valores da socie-
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO IX
dade têm se alterado. Um exemplo destas
mudanças é dado pelo perfil da população
em termos de religião, sendo importante Gráfico 10 – Distribuição da população segundo denominação religiosa, por mesorregião de resi-
dência e ano, Santa Catarina (1991-2010).
destacar o crescimento expressivo dos
evangélicos e a ainda tênue fatia da popu- 100,0%
172 ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA ATLAS GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA 173
Tabela 7 – Evolução e variação do IVS e de suas componentes, Brasil e Santa Catarina (2000-2015).
Os resultados para o IDHM nos mostram municípios (20,8% do estado) com IDHM crescimento no país superou as variações
Brasil Santa Catarina uma situação semelhante à visualizada a abaixo de 0,700. ocorridas no estado. Em outros termos, houve
Dimensões Dados Variação Dados Variação partir do IVS, ainda que com outras dimen- uma redução, entre 2000 e 2010, do hiato
2000 2010 2015 2000/10 2010/15 2000 2010 2015 2000/10 2010/15 sões em análise. Todavia, talvez sendo um Diferentemente do observado para o IVS, médio entre os IDHM nacional e estadual
Infraestr. urbana 0,351 0,295 0,214 -16,0% -27,5% 0,154 0,128 0,098 -16,9% -23,4% resultado diferente do alcançado com base em que Santa Catarina sempre esteve em (que passou de 0,062 em 2000 para 0,047 em
no IVS, a dinâmica de melhora no desenvol- melhores condições (e com melhor desem- 2010). Esta tendência reverte nos anos 2010,
Capital humano 0,503 0,362 0,263 -28,0% -27,3% 0,366 0,253 0,149 -30,9% -41,1%
vimento municipal tem sido mais lenta do penho) do que a média nacional, no caso do com melhoras substanciais dos indicadores
Renda e trabalho 0,485 0,320 0,266 -34,0% -16,9% 0,355 0,194 0,137 -45,4% -29,4%
que aquela de redução das vulnerabilidades IDHM se percebe que – embora os índices para Santa Catarina, contra uma melhora mais
IVS 0,446 0,326 0,248 -26,9% -23,9% 0,292 0,192 0,128 -34,2% -33,3% sociais. Isto pode ser entendido à medida do estado sejam sempre melhores que os lenta na média geral. Isto tudo pode ser obser-
Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). que se percebe que, ainda em 2010, há 61 calculados para o Brasil –, de modo geral, o vado a partir dos dados da Tabela 8.
Tabela 8 – Evolução e variação do IDHM e de suas componentes, Brasil e Santa Catarina (2000-2015).
Brasil Santa Catarina
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO IX
Mapa 2 – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Santa Catarina (2000-2010). Já a respeito da evolução do IDHM em Santa
Catarina, os resultados estão visíveis a Dimensões Dados Variação Dados Variação
partir do Mapa 2. Diferentemente do IVS, o 2000 2010 2015 2000/10 2010/15 2000 2010 2015 2000/10 2010/15
IDHM leva em consideração menos subdi- Renda 0,692 0,739 0,729 6,8% -1,4% 0,717 0,773 0,774 7,8% 0,1%
mensões, embora seja também formado Longevidade 0,727 0,816 0,841 12,2% 3,1% 0,812 0,860 0,901 5,9% 4,8%
por três componentes: renda; longevidade;
Educação 0,456 0,637 0,713 39,7% 11,9% 0,526 0,697 0,773 32,5% 10,9%
e educação. Quanto melhor – no caso – um
município está em qualquer uma das três IDHM 0,612 0,727 0,761 18,8% 4,7% 0,674 0,774 0,816 14,8% 5,4%
componentes acima, maior será o valor final Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
do IDHM, de modo que a interpretação a ser
dada ao índice é oposta àquela feita para o
IVS (no qual, quanto menor, melhor). Outro resultado importante a ser destacado volvimento. Para isto, é preciso criar uma municípios, juntamente com a quase tota-
diz respeito à existência de correlação nega- matriz onde o IDHM e o IVS sejam catego- lidade daqueles com baixo nível de prospe-
tiva (mas não perfeita) entre IVS e IDHM: rizados e, nela, se contem o número abso- ridade, migraram para a diagonal amarela
Perfil sociodemográfico e econômico da população (1991-2015)
≤ 0,300
≤ 0,300
2,7 37,2 0,0 0,0 84,6 3,8
podem assumir (e, de fato, assumiram).
Uma forma de resolver o problema é criar
De 0,301
De 0,301
até 0,400
até 0,400
uma análise daquela que o IPEA chama
IVS
IVS
17,4 22,2 0,0 0,0 10,2 0,0
de Prosperidade Social, uma combinação
de baixa vulnerabilidade com alto desen-
> 0,400
> 0,400
Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto 18,1 2,4 0,0 0,0 1,4 0,0
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Observatório das Migrações em São Paulo
(Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP). Mapas 4
Disponível em: <http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt>.
elaborados por Pier Francesco De Maria. Fonte: Atlas da Vulnerabilidade Social, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Observatório das Migrações
Acesso em 10/10/2018. em São Paulo (Fapesp/CNPq-NEPO/UNICAMP).
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Desfile Tirolerfest, município de Treze Tílias (2012)
® Detalhe modificado de foto de Markito, acervo SANTUR