Você está na página 1de 19

1

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

TRANSGÊNICOS

CARLOS MORENO DE CASTRO F. E SILVA


JÚLIA XAVIER OLIVEIRA PÔRTO
MARIA LUIZA DE LUCENA BORGES
MARÍLIA FERREIRA DINIZ COSTA
RAFAELA BORGES DE OLIVEIRA

GOIÂNIA
2019
2

CARLOS MORENO DE CASTRO F. E SILVA


JÚLIA XAVIER OLIVEIRA PÔRTO
MARIA LUIZA DE LUCENA BORGES
MARÍLIA FERREIRA DINIZ COSTA
RAFAELA BORGES DE OLIVEIRA

TRANSGÊNICOS

Trabalho desenvolvido para nota parcial de N2,


da Escola de Direito e Relações Internacionais,
Curso de Direito, da Pontifícia Universidade
Católica de Goiás.
Professora Pamora Mariz Silva de F. Cordeiro

GOIÂNIA
2019
3

INTRODUÇÃO

Este trabalho visa abordar a questão dos transgênicos de forma geral,


trazendo à tona questões dos impactos causados no Brasil. Serão tratadas
questões sobre o impacto dos transgênicos à saúde, ao meio ambiente , notícias,
legislações e julgados pertinentes ao tema.
Atualmente vivemos a transição entre a 3ª e a 4ª revolução industrial no
mundo, de forma que países capitalistas tendem a visar mais o lucro e
consequentemente a produção frenética. Razão pela qual, surgem os produtos
transgênicos (OGM), que são os famosos Organismos Geneticamente Modificados.

1. O QUE SÃO TRANSGÊNICOS?

Transgênicos são organismos geneticamente modificados (OGM) que


receberam um gene de outro ser vivo em seu DNA por meio de técnicas
empregadas na biotecnologia.

1.1 COMO IDENTICAR NA ALIMENTAÇÃO.

Atualmente, no Brasil, não há como diferenciar transgênicos e não


transgênicos. Os produtos que contêm transgênicos, do ponto de vista da aparência,
são iguais aos não modificados. No País, entretanto, o Decreto 4.680 de 2003
determina que um produto que contiver mais de 1% de ingrediente transgênico em
sua composição deve ter no rótulo as informações abaixo:

A) símbolo de transgênico na embalagem. A representação é um triângulo


amarelo, com a letra T dentro;
B) frase “produto produzido a partir de soja transgênica” ou “contém soja
transgênica”;
4

C) nome da espécie doadora do gene junto à identificação dos ingredientes


ou sigla OGM (Organismo Geneticamente Modificado).

Apesar disso, em 2016, o Tribunal Regional Federal 1, determinou que os


alimentos que contêm transgênicos ou são produzidos a partir deles devem ser
rotulados independentemente do teor. Essa é a decisão que está em vigor hoje. É
importante ressaltar, entretanto, que a rotulagem não tem relação com a
biossegurança dos transgênicos, mas sim com o direito à informação.

2. HISTÓRIA DOS TRANSGÊNICOS

A produção de transgênicos é possível graças à tecnologia do DNA


recombinante, desenvolvida em 1972. Nessa época descobriu-se que era possível
“cortar” o genoma de um organismo em pequenos fragmentos de DNA e, assim,
inseri-lo em outro organismo. Desde então é possível isolar, manipular e identificar
genes nos organismos vivos.

O primeiro produto derivado de um organismo transgênico chegou ao


mercado em 1982. Era insulina, produzida por uma bactéria geneticamente
modificada com um gene humano. As primeiras plantas transgênicas começaram a
ser comercializadas na China, na década de 1990. A comercialização iniciou com
uma linhagem de tabaco que continha um gene que auxiliava no controle de pragas.

Logo em seguida, os Estados Unidos liberaram a comercialização de um


tomate com um gene que retardava seu amadurecimento. Esses dois produtos,
entretanto, já saíram do mercado. A cultura que inseriu, definitivamente, os
transgênicos na agricultura foi a soja, aprovada nos Estados Unidos, em 1995.

No Brasil, as plantas transgênicas chegaram em 1998, quando a CTNBio


aprovou o plantio de uma soja tolerante a herbicidas. Desde então, outros 129
produtos geneticamente modificados (GM) foram modificados. Entre eles estão
plantas, vacinas, microrganismos, medicamentos e até insetos.
5

3. OS RISCOS PARA A SAÚDE

Há divergências de opiniões quanto a isso, no entanto o que se predomina é


o grande risco que pode estar sendo causado ao meio ambiente e a saúde das
pessoas quando se pensa em longa distância. Assim sendo, serão pontuados os
vários e graves os riscos potenciais que os cientistas apontam como os principais:

3.1. AUMENTO DAS ALERGIAS

Quando se insere um gene de um ser em outro, novos compostos podem ser


formados nesse organismo, como proteínas e aminoácidos. Se este organismo
modificado geneticamente for um alimento, seu consumo pode provocar alergias em
parcelas significativas da população, por causa dessas novas substâncias. Por
exemplo, no Instituto de Nutrição de York, Inglaterra, em 1999, uma pesquisa
constatou o aumento de 50% na alergia a produtos à base de soja, afirmando que o
resultado poderia ser atribuído ao consumo de soja geneticamente modificada.

Outra preocupação é que se o gene de uma espécie que provoca alergia em


algumas pessoas for usado para criar um produto transgênico, esse novo produto
também pode causar alergias, porque há uma transferência das características
daquela espécie.

Foi o que aconteceu nos Estados Unidos: reações em pessoas alérgicas


impediram a comercialização de uma soja que possuía gene de castanha-do-pará
(que é um famoso alergênico).

3.2. AUMENTO DE RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS

Para se certificar de que a modificação genética "deu certo", os cientistas


inserem genes (chamados marcadores) de bactérias resistentes a antibióticos. Isso
pode provocar o aumento da resistência a antibióticos nos seres humanos que
ingerem esses alimentos. Em outras palavras, pode reduzir ou anular a eficácia dos
remédios à base de antibióticos, o que é uma séria ameaça à saúde pública.
6

3.3. AUMENTO DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS

Existem plantas e micróbios que possuem substâncias tóxicas para se


defender de seus inimigos naturais, os insetos, por exemplo. Na maioria das vezes,
não fazem mal ao ser humano. No entanto, se o gene de uma dessas plantas ou de
um desses micróbios for inserido em um alimento, é possível que o nível dessas
toxinas aumente muito, causando mal às pessoas, aos insetos benéficos e aos
outros animais. Isso já foi constatado com o milho transgênico Bt, que pode matar
lagartas de uma espécie de borboleta, a borboleta monarca, que é um agente
polinizador. Sequer a toxicidade das substâncias inseridas intencionalmente nas
plantas foi avaliada adequadamente. Estas substâncias estão entrando nos
alimentos com muito menos avaliação de segurança que qualquer aditivo, corante,
pesticida ou medicamento.

3.4. MAIOR QUANTIDADE DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS

Com a inserção de genes de resistência a agrotóxicos em certos produtos


transgênicos, as pragas e as ervas-daninhas poderão desenvolver a mesma
resistência, tornando-se "super-pragas" e "super-ervas". Por exemplo, a soja
Roundup Ready tem como característica resistir à aplicação do herbicida Roundup.
Consequentemente, haverá necessidade de aplicação de maiores quantidades de
veneno nas plantações, o que representa maior quantidade de resíduos tóxicos nos
alimentos que nós consumimos. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) autorizou em 2004 o aumento em cinquenta vezes do limite de glifosato
permitido em alimentos a base de soja. Os prejuízos para o meio ambiente também
serão graves: maior poluição dos rios e solos e desequilíbrios incalculáveis nos
ecossistemas.

4. QUAIS OS RISCOS PARA O MEIO AMBIENTE?

Os perigos que os transgênicos podem oferecer ao meio ambiente são


muitos. A inserção de genes de resistência a agrotóxicos em certos produtos
7

transgênicos faz com que as pragas e as ervas-daninhas (inimigos naturais)


desenvolvam a mesma resistência, tornando-se "super-pragas" e "super-ervas".

4.1 OS IMPACTOS AMBIENTAIS MAIS GRAVES CAUSADOS PELO CULTIVO


DE TRANSGÊNICOS SÃO:

 A diminuição da biodiversidade; a contaminação genética (cruzamento de


OGMs com plantas convencionais);
 O surgimento de superpragas (resistentes a herbicidas),
 O desaparecimento de espécies;
 O aumento da utilização de herbicidas.

4.2 EM RELAÇÃO À SAÚDE HUMANA, O QUE SE SABE POR ENQUANTO É


QUE OS TRANSGÊNICOS TÊM CAUSADO:

 Aumentos de casos de alergia, principalmente entre crianças,


 Aumento da resistência a antibióticos. Duas plantas transgênicas podem
cruzar entre si e gerar um descendente não esperado ou previsto pelos
cientistas. No Canadá, por exemplo, a canola transgênica Roundup Ready
cruzou com a canola transgênica Liberty Link, o que resultou em uma canola
supertransgênica. Além disso, as plantas transgênicas podem produzir
substâncias novas e desconhecidas, tóxicas ao homem.

5. TRANSGÊNICOS NA MEDICINA

A transgenia também contribui para avanços na medicina. Diversas vacinas


hoje disponíveis foram desenvolvidas por meio de técnicas de biotecnologia. É o
caso das vacinas contra dengue, hepatite B e outras usadas para imunizar animais.
Centros de pesquisa e tratamento no mundo estão utilizando transgênicos para
realizar tratamentos, diagnósticos e desenvolver medicamentos.

Uma das primeiras aplicações da transgenia na saúde é também uma das


mais úteis: a produção de insulina por microrganismos transgênicos. Até a década
de 1980, ela extraída de bois e porcos e, frequentemente, causava alergias. De lá
para cá, diabéticos do mundo inteiro se beneficiam dessa tecnologia. Isso tornou a
8

insulina mais segura e aumentou a eficiência dos tratamentos.Outros bons exemplos


das várias aplicações da transgenia na saúde são o hormônio do crescimento e a
vitamina C.

Além disso, insetos estão sendo geneticamente modificados para carregarem


um gene que, quando transmitido à prole, não deixa que ela se desenvolva. É o
caso do mosquito da dengue transgênico, aprovado no Brasil em 2014. Ele é
idêntico ao Aedes aegypti – exceto por dois genes modificados inseridos.

Um deles faz as larvas do mosquito brilharem sob uma luz especial (para que
elas possam ser identificadas pelos cientistas). O outro impede que os filhotes
cheguem à fase adulta, reduzindo, assim, a população do vetor da doença.

6. POR QUE NÃO CONSUMIR TRANSGÊNICOS? O QUE É REALMENTE


PREJUDICIAL OU NÃO?

 Ao evitar o consumo de transgênicos, você estará evitando que sementes


geneticamente modificadas sejam plantadas, e assim ajudará a proteger o
meio ambiente e a biodiversidade brasileira. Nossa recomendação é: se você
tem opção, evite a compra desses produtos.
 Nossa principal função é proteger o meio ambiente. O plantio de transgênicos
traz sérios riscos ambientais como a perda de biodiversidade e o aumento do
uso de agrotóxicos.
 As empresas precisam se comprometer com os consumidores e garantir a
segurança e a qualidade de seus produtos (artigo 4º caput, Código de Defesa
do Consumidor)
 As indústrias NÃO tomam cuidado e NÃO tem nenhum controle ou
preocupação com a origem da matéria-prima que está comprando.
 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo
para as presentes e futuras gerações, cf.

7. ACIDENTES, EVENTOS E NOTÍCIAS DOS PRODUTOS TRANSGÊNICOS?


9

 Riscos a saúde humana. Exemplo: A maioria das plantas transgênicas de


primeira geração contém genes de resistência a antibióticos. Qual a relação
destes genes com a saúde humana? Nos últimos 20 anos, surgiram mais de
30 doenças na espécie humana (AIDS, ebola e hepatites, entre outras). Além
disso, houve o ressurgimento de doenças como a tuberculose, malária,
cólera e difteria com muito mais agressividade por parte dos microrganismos
patogênicos.
 Riscos ao meio ambiente: A ameaça à diversidade biológica pode decorrer
das propriedades intrínsecas do OGM ou de sua potencial transferência a
outras espécies. A adição de novo genótipo em uma comunidade de plantas
pode proporcionar efeitos indesejáveis, como o deslocamento ou eliminação
de espécies não domesticadas, a exposição de espécies a novos patógenos
ou agentes tóxicos, a poluição genética, a erosão da diversidade genética e a
interrupção da reciclagem de nutrientes e energia.

8. ROTULAGEM E EQUIVALÊNCIA SUBSTANCIAL DOS PRODUTOS


TRANSGÊNICOS

 A rotulagem dos alimentos está prevista no Código de Defesa do Consumidor


(Lei nº 8.078, de 11/09/90 _ art. 6º, III e art. 8º).
 Trata-se de uma norma para garantir ao cidadão a informação sobre um
produto, permitindo-lhe o direito de escolha. Além disso, ela possibilita a
rastreabilidade, pois, em casos de efeitos na saúde humana, os produtos
rotulados seriam facilmente identificados e recolhidos.
 No Brasil, a fiscalização sobre a rotulagem está a cargo da Vigilância
Sanitária. Contudo, a decisão e mesmo o conteúdo e outras caracte-rísticas
do rótulo estão no âmbito do Ministério da Justiça.
 O IDEC está representando os consumidores nesta rodada de negociações e
fez sugestões para aparecer no rótulo não só a expressão "produto
transgênico", mas também a característica e o nome do organismo doador do
gene. É esperado ainda que o país normatize em breve a rotulagem dos
produtos transgênicos ou que contenham ingredientes derivados de OGM.
 Internacionalmente, existe um Grupo de Trabalho de Rotulagem que foi
encarregado de preparar uma versão preliminar a ser discutida na reunião
do Codex Alimentarius.
10

 Levando-se em consideração o ocorrido na Conferência de Partes da CDB,


pode ser que, as normas internacionais de rotulagem dos alimentos
transgênicos ou com ingredientes de OGM, sejam aprovadas em uma das
próximas reuniões do Codex.

9. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

 Decreto 4.680 de abril de 2003


 Lei 11.105/2005

Desde 1996, quando os transgênicos passaram a ser cultivados em larga


escala, foram registrados 88 casos de contaminação, 17 liberações ilegais e mais
oito relatos de efeitos negativos dos organismos geneticamente modificados (OGMs)
na agricultura. Os dados são do relatório da organização não governamental,
Greenpeace, produzido em parceira com a ONG britânica GeneWatch. O relatório foi
divulgado oficialmente no primeiro dia do 3º Encontro das Partes do Protocolo de
Cartagena sobre Biossegurança (MOP-3, sigla em inglês), que aconteceu em
Curitiba.
Atualmente, no mundo todo, 21 países plantam transgênicos. Mas segundo o
relatório, 39 nações foram afetadas por algum incidente com os OGMs, sinalizando
que a contaminação avança as fronteiras geográficas e legais que cerceiam o
plantio e a comercialização desses produtos.
O Estados Unidos, maior plantador de transgênicos do mundo, foi o país que
mais teve problemas desse tipo, acumulando 19 ocorrências. O Reino Unido ocupa
o segundo lugar, apresentando dez casos, apesar de possuir um sistema rígido de
controle. Apenas em 2005, a Europa e 11 países – EUA, Austrália, Brasil, Alemanha,
Nova Zelândia, Japão, Romênia, Índia, Irlanda, China e Sérvia – foram vítimas de
contaminação.
Mais de 90% dos casos de contaminação descritos pelo relatório se referem
aos quatro maiores cultivos transgênicos comerciais: milho, soja, canola e algodão.
Estudos mostram que ela pode ocorrer em todos os estágios do desenvolvimento
dos OGMs, seja na sua fase de testes laboratoriais, cultivo no campo ou no produto
alimentício final. O relatório do Greenpeace aponta a má identificação, fracos
11

controles e a ignorância dos laboratórios como responsáveis por esses acidentes


genéticos. As causas de contaminação transgênica foram de sementes, alimentos e
ração animal. No caso dos alimentos, sete casos eram produções destinadas à
ajuda humanitária na América Central e do Sul.
De acordo com Benedikt Haerlin, especialista em agricultura do Greenpeace
Internacional, é muito difícil remover os transgênicos das cadeias de produção e
alimentar quando eles caem ali acidentalmente. Na Tailândia, por exemplo, onde a
produção de mamão estava contaminada, o problema levou um ano para ser
resolvido após ser descoberto em 2004.
Diante do risco de a contaminação atravessar fronteiras, principalmente por
meio da exportação agrícola, Sérgio Leitão, diretor de políticas públicas do
Greenpeace, defende que a posição do governo brasileiro em assumir a defesa de
rotular os produtos transgênicos como “contêm transgênico”, ao invés do “pode
conter transgênicos”, é essencial. “Não é mera briga de palavras. Jogos semânticos
escondem intenções. É preciso que o governo adote sem adiamento o início da
rotulagem”, afirma, contrariando exemplos como o da Argentina – segundo produtor
de OGMs -, que estabeleceu um período de dois anos de transição para rotular seus
produtos.
Leitão ressalta que optar pelo “pode conter transgênicos” é optar pelo “não
fazer nada”. Segundo o diretor do Greenpeace, é nesse contexto que o Brasil vai se
posicionar se atuará em defesa da biodiversidade ou dos interesses das grandes
empresas de biotecnologia.
“Quando se fala em contaminação, “algo está em algum lugar, onde não
deveria estar, e os OGMs não deveriam estar na nossa comida”, afirma Haerlin.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou mudanças nos
procedimentos adotados pelo Governo Federal para liberação comercial de
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), ou transgênicos. Atualmente, a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, analisa a aplicação dos transgênicos apenas em ambientes
controlados, sem levar em conta os possíveis riscos ao ecossistema e à saúde
humana, derivados das atividades que envolvam transgênicos.
Para o MPF, “a atribuição prevista expressamente no inciso V do artigo 14 da
Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) permite que a adequada mensuração dos
12

impactos dos transgênicos no meio ambiente e na saúde possa ser efetivada, mas,
infelizmente, tal atribuição não é exercida”.
Para o MPF, a fiscalização por parte da CTNBioé branda e incompatível com
a regulamentação internacional. “As agências regulatórias em outros países
analisam a implementação de transgênicos de forma ampla, visando identificar
efeitos imprevistos sobre a saúde humana e o ambiente. Por exemplo, os Estados
Unidos consideram que transgênicos que contenham toxinas devem observar o
mesmo rito de aprovação que agrotóxicos convencionais. Eles são considerados
pela Agência Ambiental Americana como “PlantIncorporated Protectants” (PIP’s -
Agrotóxicos Incorporados na Planta, em tradução livre).
Estas plantas possuem toxinas em seus tecidos que provocariam a morte de
determinadas pragas. A exigência da Agência de Proteção Ambiental americana
(EPA) acarreta a verificação da sua interação com organismos não-alvo (humanos,
plantas e animais) e com o meio ambiente. No Brasil, conforme entendimento
da CTNBio, a abordagem é diversa. Variedades como o Milho BT, Soja BT e Cana
BT foram autorizadas apenas como OGM’s e não como agrotóxicos. Ou seja, os
testes exigidos nos Estados Unidos não são realizados no Brasil.
A legislação brasileira igualmente determina que agentes biológicos de
controle sejam devidamente registrados como agrotóxicos, nos termos no decreto
nº 4.074/2002. Este fato é desconsiderado pela CTNBio no processo de liberação
dos transgênicos que se enquadrem na categoria
de Plant IncorporatedProtectants (agrotóxicos incorporados na planta)

Algodão resistente a herbicida pode ser liberado amanhã

Um exemplo pode ser tirado da pauta a ser examinada amanhã pela CTNBio:
a liberação do algodão geneticamente modificado, resistente a insetos e ao
herbicida 2,4-Diclorofenoxiacético.
A liberação foi solicitada pela Dow AgroSciences(Processo nº
01250.054356/2017-31). O MPF alerta que a liberação de um transgênico resistente
ao herbicida acarretará o incremento de sua utilização comercial, com
consequências desconhecidas à saúde e ao meio ambiente. No entanto, esta clara
interação é desconsiderada no processo de liberação. O órgão oficial considera
13

apenas os riscos do transgênico em si e não o risco acarretado pela atividade em


que será utilizado.
A Recomendação do Ministério Público Federal determina que
o CNTBio revise o seu procedimento de análise de risco para liberação comercial de
Organismos Geneticamente Modificados, considerando a interação efetiva das
culturas transgênicas com o meio ambiente, bem como o seu padrão de utilização,
especialmente em larga escala. A Recomendação já foi recebida e a CTNBiopediu
prazo de 90 dias para a resposta, que foi concedido.
Avançou a tramitação do projeto que retira dos rótulos de alimentos o símbolo
indicativo da presença de componentes transgênicos. A proposição originada na
Câmara dos Deputados (PLC 34/2015) foi rejeitada em duas comissões do Senado
e aprovada em duas, sob críticas do primeiro vice-presidente do Senado, Cássio
Cunha Lima (PSDB-PB), e de várias entidades. Hoje está em exame na Comissão
de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor
(CTFC).
O texto, de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), determina a
retirada do triângulo amarelo com a letra "T", que hoje é colocado obrigatoriamente
nas embalagens de alimentos que contenham qualquer percentual de organismos
geneticamente modificados (OGMs).
O projeto restringe a necessidade de alerta para produtos em que a
substância transgênica supere 1% da composição. Nesse caso, o símbolo atual
deve ser substituído apenas pelos dizeres: “contém transgênico”. Da mesma forma,
não serão rotulados alimentos de origem animal derivados de criações alimentadas
com ração transgênica, com exclusão do símbolo que hoje facilita a identificação
desses produtos, e não será obrigatória a informação quanto à espécie doadora do
gene.
A matéria foi tema de audiências públicas reunindo especialistas e
representantes da sociedade civil, que defenderam a manutenção do selo nos
termos vigentes. Os debates foram promovidos inicialmente em resposta a objeções
do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que considerou o projeto
ofensivo aos princípios da precaução e da defesa do consumidor. O instituto ainda
temeu retrocesso em relação ao direito garantido pelo Decreto de Rotulagem de
Transgênicos, que instituiu a rastreabilidade da cadeia de produção para assegurar
a informação e a qualidade do produto.
14

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática


(CCT) rejeitou o projeto nos termos do relatório do senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP). Na sequência da tramitação, a Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária (CRA) aprovou relatório favorável do senador Cidinho Santos (PR-MT), sob
o argumento de que os OGMs são realidade em todo o mundo há mais de uma
década e não há evidências de que causem danos à saúde. A Comissão de
Assuntos Sociais (CAS) acompanhou o parecer contrário da senadora
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e a Comissão de Meio Ambiente (CMA) votou
positivamente relatório também oferecido por Cidinho Santos.
Cássio Cunha Lima, que reuniu-se com representantes de entidades
contrárias à aprovação do projeto, também definiu a alteração da lei de rotulagem
como um retrocesso. Para ele, o consumidor tem direito de saber o que consome.
Não creio que o Senado possa aprovar esse retrocesso. Seria um acinte ao
consumidor brasileiro, que tem todo o direito de ser bem informado com clareza para
que possa fazer suas escolhas pessoais e ter o direito de seleção daquilo que come
argumentou.
Depois da votação na CTFC, onde aguarda escolha do relator, o projeto
passará pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) antes de ser submetido ao
Plenário.

10. JURISPRUDÊNCIA TRANSGÊNICA

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. DIREITO AMBIENTAL. POSSIBILIDADE DE
REATIVAÇÃO DA "MINA DEL REY". TUTELA DE
URGÊNCIA. NÃO COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS
AUTORIZADORES. DECISÃO REFORMADA.
- As normas acerca do cabimento de tutela de urgência em
face do Poder Público devem ser interpretadas restritivamente,
de modo a não inviabilizar a concessão da medida nas
hipóteses em que possa haver ofensa a direitos previstos na
Constituição da República de 1988.
- Considerando o longo lapso temporal entre a constatação da
possibilidade do suposto dano ambiental e o ajuizamento da
ação civil pública, resta afastado o perigo de dano. Não
bastasse isso, a questão controvertida nos autos demanda
dilação probatória, para o fim de aferir, com segurança e
exatidão, se a ré realmente causou ou poderá causar dano
ambiental na área descrita na inicial.
15

- Inexistindo nos autos os requisitos autorizadores previstos no


artigo 300 do Código de Processo Civil, deve ser reformada a
decisão deferiu o pedido de tutela de urgência.

(vv.)
DIREITO AMBIENTAL. BEM IMÓVEL PROTEGIDO,
EMBORA SEM TOMBAMENTO. ESSENCIALIDADE DA
PRESERVAÇÃO. FORMAS DIVERSAS DE PROTEÇÃO, POR
MEDIDAS DE CAUTELA. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO.
- Um bem de valor histórico, cultural ou artístico, deve ser
resguardado como de interesse público. A decisão agravada
apenas determinou que a agravante realize a elaboração de
um plano de manejo com aprovação do órgão competente,
pelo que não se justifica a revogação da liminar. A afirmação
de que o empreendimento está em fase final de implantação
não se pode sobrepor à lei ambiental, devendo ser evitados
acidentes como o que recentemente ocorreu na própria
Mariana e em Brumadinho.
- Depois de uma tragédia não haverá o que preservar, tornando
premente a invocação do princípio da prevenção, com
destaque para o que dispõe o artigo 216 da CF, cuja simples
leitura deixa explicitada a importância constitucional direta
dessa regr a, segundo a qual o Poder Público, com a
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas
de acautelamento e preservação, inclusive, naturalmente, as
formas que o Poder Judiciário adotar como cautelares. Ou seja,
a proteção constitucional é ampla e não se restringe a bens
inventariados ou tombados, mas a qualquer bem de valor
histórico reconhecido (par. 1º).
- Segundo a CF (ver artigo 170, VI), "a atividade econômica
não pode ser exercida em desarmonia com os princípios
destinados a tornar efetiva a proteção ao meio ambiente",
como já decidiu o STF (ver ADI 3.540-MC, Rel. Min. Celso de
Mello, DJ de 3.2.2006).
- O Código Civil, a sua vez, estabelece (artigo 1.228), que o
proprietário tem o direito de usar, gozar e dispor da coisa, mas
tudo com a limitação imposta pelo par. 1º do mesmo artigo,
segundo o qual "o direito de propriedade deve ser exercido em
consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e
de modo que sejam preservados, de conformidade com o
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas."
- O princípio da prevenção o que visa é evitar um perigo
concreto (já comprovado cientificamente como possível), o que
é o caso, pois os perigos da mineração são muito conhecidos
em Minas Gerais e pela própria recorrente. Já o princípio da
precaução pretende impedir um evento futuro e incerto, ou um
perigo abstrato (não certo, mas possível), como ocorre, por
16

exemplo, com os alimentos transgênicos, a respeito dos quais


se admite a possibilidade de causarem mal à saúde humana,
mas sem que se tenha certeza absoluta sobre esse fato.

 Acerca do julgado colacionado acima, contata-se que o cuidado com os


produtos transgênicos, servem pra tratar dos cuidados com a saúde
humana, bem como cuidados essenciais com a meio ambiente

 No julgado também se pode perceber a presença dos princípios da


prevenção e do princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado
como formas de auxiliar a produção de produtos contra a transgenia

11. NOTÍCIA SOBRE TRANSGÊNICOS

 Korin investe R$ 16 milhões em fábrica e foca em frango sem transgênico

A intenção é ir reduzindo a quantidade de frangos e ovos com transgênicos e


aumentar a quantidade dos produtos livres de transgênicos, lançados pela Korin no
mês passado.
A meta é tirar o frango alimentado com transgênico do portfólio até o final do
ano. A mudança só será possível porque a nova fábrica tem capacidade para manter
três produções diferentes, enquanto necessário, constatando um exemplo de fábrica
que está tentando reduzir o uso de transgênicos para a sociedade.

11.1 POR QUE OS TRANSGÊNICOS AINDA SOFREM BARREIRAS NA


EUROPA?

Em uma recente entrevista concedida à revista Scientific American Brasil e


publicada em outubro, o fisiologista de plantas Stefan Jansson, doutor em biologia
celular e pós-doutor em bioquímica, falousobre a legislação europeia em relação aos
Organismos Geneticamente Modificados (OGM), os entraves que essa tecnologia
enfrenta e a produção agrícola desses países.
Segundo Stefan, que também é uma das maiores autoridades europeias em
fotossíntese e genética de árvores, o problema da legislação do velho continente é
conceitual. Quando foi criada, entre as décadas de 80 e 90, a transgenia ainda era
uma técnica nova. Na época, haviam rigorosas regulamentações e uma enorme
preocupação para evitar eventuais riscos da, então, recente tecnologia. O que
17

acontece hoje, quase 30 anos depois da adoção dessa técnica, é que nenhum risco
foi confirmado e houve um tremendo desenvolvimento da ciência. Em outras
palavras, a legislação vigente está desatualizada com a realidade.
Para as áreas de pesquisa e desenvolvimento isso se traduz num grande
desperdício de recursos. Com a restrição à utilização desse tipo de técnicas na
Europa, o investimento de empresas e governos acaba se perdendo, uma vez que
ninguém vai querer colocar dinheiro em algo sem uso, e com isso o desenvolvimento
dessas técnicas e a inovação do setor ficam seriamente comprometidos.
Além disso, quando essas técnicas estiverem sendo utilizadas em larga
escala em todo o restante do mundo, a Europa enfrentará sérios problemas porque
não será capaz de identificar o que é do que não é geneticamente modificado,
gerando perda de mercado.
Em seguida, quando confrontado com o argumento: “Se os transgênicos são
tão bons, por que a Europa não os aceita?”, o professor foi enfático:
“[…] A UE é, na sua essência, uma associação comercial criada para que a
indústria e a agricultura europeias fossem mais competitivas.
Por exemplo, na América do Sul, vocês brasileiros, argentinos e paraguaios
conseguem produzir soja e milho a um preço muito mais competitivo que qualquer
país europeu. Dessa maneira, para proteger a agricultura europeia dessa
competição, foram criadas barreiras comerciais.
Isso é confirmado, por exemplo, pelo fato de importarmos milhões de
toneladas de grãos transgênicos todos os anos, inclusive do Brasil, para alimentar
nossos rebanhos.”
E ainda completa:
“Há poucas coisas na ciência que foram tão testadas quanto os transgênicos.
Eu diria, inclusive, que eles foram testados até demais. Está absolutamente claro
que os transgênicos que estão no mercado são tão seguros quanto suas versões
não geneticamente modificadas.”
Agora, a luta do pesquisador é para viabilizar o uso do CRISPR-Cas9, uma
nova ferramenta de edição genética, e enquanto isso, acompanhamos os próximos
passos da legislação sobre o tema que certamente precisará de mudanças no futuro.
18

CONCLUSÃO

Portanto, foi importante frisar neste trabalho a importância que as empresas


visam determinadas vezes o lucro em vez da preocupação com o meio ambiente,
saúde humana e as gerações futuras. Razão pela qual as determinadas
preocupações que os Organismos Geneticamente Modificados foram demonstradas
neste Trabalho.
19

REFERÊNCIAS

BLOGS YNGENTA. TRansgenicos, saofrem, barreiras,


Europa.https://blogsyngenta.com.br/por-que-os-transgenicos-ainda-sofrem-barreiras-
na-europa/ Acessado em 05/11/2019.

EXAME ABRIL. Blog, primeiro lugar. https://exame.abril.com.br/blog/primeiro-


lugar/korin-investe-r-16-milhoes-em-fabrica-para-ter-frango-sem-transgenico/ Acesso
em 02/11/2019.

SALA DE IMPRESA. Fiscalização, transgênicos, Brasil, compatativel,


internacional. http://www.mpf.mp.br/ms/sala-de-imprensa/noticias-ms/fiscalizacao-
de-transgenicos-no-brasil-e-branda-e-nao-e-compativel-com-a-regulamentacao-
internacional-1/ Acessado no 05/11/2019.

SENADO LEG. Polemica, projeto, flexibiliza, transdenicos.


https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/01/11/sob-polemica-avanca-
projeto-que-flexibiliza-rotulagem-de-transgenicos/ Acessado em 05/11/2019.

Você também pode gostar