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LITISCONSÓRCIO

Classificação do litisconsórcio da aula que faltei: com relação ao polo (passivo, ativo, misto)
e com relação ao momento em que ele se forma (inicial ou superveniente).

INICIAL - se forma já no momento da propositura da ação - quando proposta por vários


autores ou em face de vários réus.

SUPERVENIENTE - se forma após a propositura da ação. Um dos princípios fundamentais


é o do juiz natural, que evita tribunal criado para julgar fatos pretéritos e que as partes
possam escolher o juiz.

Aceitamos por muito tempo a possibilidade da superveniente tentando definir limites


temporais: há resposta óbvia -> depois da sentença, não é mais possível (violação ao duplo
grau de jurisdição). Também não é possível ser proposta diretamente no tribunal quando
não for caso de competência originária.

Mas, antes do limite, haveria outros critérios de limitação temporal? Doutrina


se divide um pouco: para alguns, até que se iniciasse a instrução (precisa haver
contraditório e direito de produção de provas), seria possível; outros diziam em até o
momento da citação (com ela, a relação jurídica processual estaria aperfeiçoada - não mais
possível ingresso de autor ou de réu supervenientemente ao processo).

CPC/15 -> o juiz pode limitar o número de litisconsortes, porque dificulta o


direito de defesa do réu. Outra preocupação era a de que, ainda quando não havia norma
constitucional da duração razoável, se entendia que estava na cláusula do devido processo
e exigia tempo razoável pelo Estado, o que é prejudicado com o número excessivo de
autores e réus (normalmente autores). Jurisprudência passou a desenhar essa ideia de
limitação quando for prejudicar o direito de defesa ou a rápida solução do litígio (veio em
reforma no código de 1973 já). ​Art. 113, § 1º​.

Réu, citado, em vez de contestar, pede para limitar o número, de


modo a dividir o processo em vários - pede desmembramento ao juiz. Prazo de contestação
é interrompido, nesse caso (volta a contar por inteiro a partir da decisão).

Ou seja, critério de limitação no tempo no caso de litisconsórcio


superveniente - não é mais uma questão de momento do processo, mas de número.

Maneco fala nos casos de liminar com relação às cotas do vestibular -


se a pessoa ingressa no litiscorsórcio ativo superveniente, haveria ofensa ao princípio do
juiz natural, já que faria isso depois de saber qual o entendimento dos magistrados de
diferentes varas - lei do mandado de segurança, portanto, impediu o ingresso nessa
modalidade depois da decisão (art. 10, § 2º, da lei 12.016). Os autores que entendem que
seria até a citação também não resolveriam esse problema, já que a decisão do mandado
de segurança se dá antes da citação. Esse critério é estendido aos demais casos de liminar
- seria até o momento de despachar a inicial.

Com relação ao vínculo que prende as pessoas no plano material - intensidade

NECESSÁRIO - art. 114 - por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação
jurídica, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.

Caso de usucapião - autor apresenta mapa da área que pretende usucapir -


pretensão eventualmente pode atingir vizinhos - portanto, além do proprietário, a lei
determina a citação de todos os confrontantes (vizinhos).

Exemplo do MP, com legitimação extraordinária, para com o substituto processual,


propor ação de anulação de casamento (terceiro que discute direito alheio em nome
próprio) - propõe ação contra os dois membros da relação jurídica (não está previsto em lei,
é caso de natureza da relação jurídica).

Podemos propor ação contra município para anular NJ quando alegarmos que
causou dano ao patrimônio público - lei da ação popular, se você for cidadão (aquele em dia
com as obrigações eleitorais). Propondo essa ação popular, preciso propor ação contra o
município e contra a empresa que celebrou com ele o negócio (questão de eficácia da
sentença).

Se não se forma com todos os que deveriam estar presentes - art. 115, parágrafo
único - juiz intima para regularizar, sob pena de extinção do feito. ​A legitimidade pertence a
um grupo de pessoas, de tal modo que uma isoladamente não tem legitimidade para figurar
como parte​. Juiz não inclui de ofício porque ele estaria propondo a ação.

Maneco não falou do caso de litisconsórcio passivo necessário quando é demanda de


direito real sobre imóvel de pessoa casada.

FACULTATIVO - hipóteses dos incisos do art. 113 - quando pode ser formado litisconsórcio
- normalmente duas pessoas na mesma situação que querem dividir custas, honorários e
etc.

Há litisconsórcio necessário ativo? Qual a consequência se pessoa é intimada para vir


compor o polo ativo e não vem? No caso do passivo, revelia. Portanto, boa parte da
doutrina entende não ser possível litisconsórcio necessário ativo. CPC fala em necessário
passivo no parágrafo único - podemos entender que legislador concluiu que o necessário é
o passivo, portanto.

Existem, porém, casos em que a lei exige que a ação seja proposta por mais de um
autor - art. 73 - o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando for regime da separação absoluta de bens.

Nas ações reais imobiliárias, a lei exige que seja ajuizada contra o casal.

E quando o casal diverge quanto à propositura da ação - um quer discutir


propriedade e outro não - como resolver? Alguns falam que seria então litisconsorte
necessário ativo - DINAMARCO: solução que se dá é a de que não é ativo necessário,
porque se enquadra melhor em outra situação com solução jurídica fácil -> muitas vezes,
alguém, para praticar certos atos da vida, precisa de autorização do outro -> se não
autoriza, pessoa pode ir à juízo pedir ao juiz que supra a autorização não dada pelo outro.
Decisão judicial produz os mesmos efeitos do consentimento. Assim, pode propor o bem
sozinho. ​Hipótese de suprimento de autorização, consentimento, para a prática de
determinados atos - NÃO HÁ LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ATIVO! É a própria
sugestão da redação do parágrafo único.

Com relação à eficácia da sentença/conteúdo da sentença em relação aos


litisconsortes

SIMPLES - juiz tem a opção de dar conteúdos diferentes nas sentenças aos litisconsortes.

UNITÁRIO - art. 116 - quando, pela natureza da relação, juiz deva decidir o mérito de modo
uniforme para todos os litisconsortes -> o que caracteriza a unidade é a necessidade de
decisão do mérito de modo igual para todos. Não é possível sentenças diferentes para
todos os litisconsortes.

Mais uma vez, é a natureza da relação jurídica que impõe a unidade.

Difícil hipótese de necessário que não é unitário - quase sempre caminham juntas.
Normalmente, o necessário que se forma pela natureza da relação jurídica é unitário.

Caso de anulação do casamento.

Caso de ação popular - município contrato celebrado com empreiteira - será


anulado para todas as pessoas que dele participaram.

Há casos mais complicados. como quando alguém (condômino) propõe ação


em face do condomínio porque não concorda com deliberação de assembleia. Deve ser
ajuizada só contra o condomínio ou contra os demais condôminos também? Condomínio
(condôminos podem comparecer como assistentes - intervenção de terceiros).

Se juiz entende que assembleia é válida, a sentença não atinge os


que não foram partes - outro condômino que não embarcou como litisconsorte ativo não
pode ser vinculado com o resultado negativo dessa ação proposta. ​O que não participou do
processo não é atingido pela coisa julgada​.

REGIME JURÍDICO DO LITISCONSÓRCIO

Art. 117 - litisconsortes serão considerados em suas relações com a parte adversa como
litigantes distintos, exceto no unitário, quando os atos e omissões de um não prejudicarão
os outros, mas poderão os beneficiar (código anterior dizia que não beneficiariam também).

São considerados litigantes distintos pela contraparte.

Questão do unitário -> caso da anulação de casamento - julgado procedente -


apelação que muda o teor da decisão.

Entende-se que os dois réus nesse caso serão prejudicados por anulação.
Se um quisesse anulação, poderia ter ele mesmo proposto ação, não o MP. Também é
possível o divórcio nesse caso, porque são coisas diferentes. Se casamento é declarado
nulo, casal nunca foi casal - efeitos ex tunc.

No simples, diferente -> se um confessa, pode ser julgado procedente com relação
aos dois. No unitário, se um confessa, não pode o outro ser prejudicado por isso; ainda, se
um é revel e outro contesta, o revel deve ser beneficiado pelo que foi contestado - não faria
sentido presumir verdadeiros os fatos.

Denunciação da lide, assistência e chamamento ao processo - maneco diz que são só


esses três os casos de intervenção de terceiros.

SUJEITOS DO PROCESSO

MP - pode atuar no processo civil como autor - seus membros podem propor ação.CF/88
ampliou muito os poderes do MP, dada especialmente na legitimidade para propositura de
ações civis. No processo civil, a exceção é a de que o MP pode propor ação, ao contrário
do que ocorre no processo penal.

Atua também e ​mais frequentemente no processo civil como fiscal da lei​. ​Art. 176,
177, 178 - defesa dos interesses sociais e dos individuais disponíveis, da ordem jurídica e
do regime democrático. Exercerá o direito de ação conforme as atribuições constitucionais.

Intimado para intervir como fiscal da lei nas hipóteses previstas em lei ou na
CF, ou nas hipóteses:

I - de ​interesse público ou social (por muito tempo, entendeu-se que


todos os casos que envolviam PJ de direito público - hoje não mais se
entende assim - MP comparece e diz que não quer se manifestar - ele quem
diz se é caso ou não de atuação - detém o controle dessas hipóteses - juiz só
abre a possibilidade de manifestação, sob pena de nulidade do processo. MP
diverge com relação a esse comportamento até aparecer um modelo padrão
dizendo que não possui interesse - começou a não participar dos processos
e muitos membros entendem que estão abrindo mão do poder de intervenção
no processo.).

II - de ​interesse de capaz - normalmente menores. MP tem que atuar -


não podem fazer juízo de valor decidindo quando irão atuar ou não.

III - de ​litígios coletivos pela posse de terra rural e urbana - regra


acrescentada quando passamos a enfrentar esse fenômeno. Código anterior
falava só em rural. Há interesse coletivo que justifica a atuação do MP.

Pode fazer parecer contrário aos interesses do menor e dos


ocupantes, por exemplos - deve somente dar pareceres.

Estatuto do idoso fala na necessidade de intervenção do MP também.

Muitos criticam essa atuação de fiscal da lei, manifestamente quando ele é


imposto para apresentar pareceres, que o juiz pode ou não obedecer.

Possui todos os poderes que possuem as partes - pode recorrer, por exemplo
(estaria atuando em defesa parte que perdeu - pode inclusive recorrer quando o vencido
não recorre).

Art. 180 - ​prazo dobrado para manifestação nos autos. Vantagem com relação às
partes comuns. Fazenda Pública possui o mesmo benefício.
Art. 181 - membro do MP respondem civilmente quando agem com dolo ou culpa. O
erro judiciário (erro de julgamento) não impõe responsabilidade sobre o juiz (tribunal pode
reformar), mas se age com dolo ou culpa e isso for comprovado, ele é responsável
civilmente. Mas quem responde é o Estado.

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