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N.

14 - JUNHO 2006 03

Criar Boas Práticas de trabalho é já uma rotina no projecto dos


Manuais da Qualidade. Antes deste projecto IQS, os profissio-
nais que actuam nas áreas da admissão e no atendimento de
À descoberta
doentes tinham já aprendido a sorrir.
dos

5SSSSS
Mas isso não impediu que as reclamações continuassem.

Com este projecto identificaram os seus processos, aprende-


ram a formalizar procedimentos de atendimento, a documen-
tá-los de forma consistente e a implementá-los depois de
aprovados. Surgiram assim os manuais de procedimentos da
qualidade aplicados aos processos típicos destas áreas.
Mas isso só por si não melhorou a qualidade do atendimento.

Tiveram então que estabelecer indicadores e padrões, que


monitorizar o que faziam, que estabelecer objectivos a atingir
e que prontificaram-se a ser auditados. Surgiram as auditorias que pretende ser um guia prático para todos os profissionais
que, na maior parte dos casos, foram acolhidas com um grande que estão envolvidos em programas de melhoria da qualidade
espírito de abertura e de melhoria. do atendimento ou pretendem iniciar programas de melhoria
Mas isso só por si não muda atitudes. da produtividade nos serviços.

Foram assim introduzidas neste projecto Boas Práticas de Nas sessões informativas sobre os objectivos e potencialidades
Atendimento, Atitudes e Comportamentos que acabaram por desta metodologia, preparadas para todos os elementos das
ser compiladas num pequeno Manual editado pelo IQS. equipas do projecto Manuais da Qualidade, evidenciou-se
Mas isso não impediu que os locais de atendimento e os postos imediata e entusiástica adesão, não apenas por ser uma
de trabalho continuassem desarrumados, atravancados e com abordagem diferente, em especial nas áreas administrativas,
perigos a espreitar por todos os lados. mas sobretudo porque os responsáveis detectaram que esta
poderia ser uma boa resposta à necessidade de envolver todos
Quem é que consegue trabalhar num local desarrumado, os profissionais na fase de implementação dos respectivos
desorganizado, sujo e onde o acidente pode acontecer a Manuais da Qualidade para o Atendimento.
qualquer momento?
Estávamos certos da eficácia e do efeito propulsor que esta
Como é que se pode falar de qualidade do atendimento com metodologia provoca no processo de melhoria da Qualidade
utentes sentados em cadeiras desaparafusadas, tropeçando e da Produtividade. Faltava demonstrá-lo directamente. Para
em fios estendidos em locais de passagem, sujeitos a "levar" isso preparou-se uma experiência-piloto dentro do projecto
com volumes mal equilibrados em prateleiras por cima da sua dos Manuais da Qualidade, liderada pela responsável da Euro-
cabeça e procurando orientar-se no meio de informação e -Symbiose, Catarina Paiva, e na qual participaram cinco
sinalética exasperantemente confusa? instituições: a Maternidade Júlio Dinis do Porto, o Hospital
Santa Maria Maior de Barcelos, o Hospital de São João de
Esse foi o mote para, na Fase III do projecto dos Manuais da Deus de Famalicão, o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila
Qualidade do Atendimento, se introduzirem duas novas áreas do Conde e o Hospital Distrital de Chaves.
de Boas Práticas: a da segurança (a que se juntaram preo-
cupações ambientais) e a dos 5S, metodologia japonesa Como diz a directora-geral da Euro-Symbiose: "Não se tratou
dominada e aplicada há vários anos em quase todos os de uma aventura, mas antes de um diagnóstico das realidades
sectores de actividade nas vertentes qualidade e produ- organizacionais, num timing oportuno e no projecto certo".
tividade.
Vejamos então como ela nos relata o que são afinal os 5S,
Partimos então à descoberta dos 5S. bem como a forma como cada instituição envolvida testemunha
a experiência da sua implementação.
A Euro-Symbiose Portugal concebeu uma publicação espe-
cificamente orientada para Serviços de Saúde, denominada Filipa Homem Christo
"À descoberta dos 5S nos Serviços Administrativos da Saúde", Coordenadora do Projecto “Manuais da Qualidade”
04 QUALIDADE EM SAÚDE
Catarina Paiva, Directora-Geral
da Euro-Symbiose Portugal

O que são os 5S?


A Metodologia 5S é uma metodologia que prepara as pessoas para saberem detectar os pequenos
problemas e assim ajudar a evitar os grandes contratempos. Os 5S correspondem a 5 palavras
japonesas que começam por "S".

Os fundamentos dos 5S estão na


resposta à questão essencial:
– Consegue trabalhar bem num
ambiente atravancado, desordenado e
sujo, onde se passa demasiado tempo à
procura do que lhe faz falta?

Os 5S têm por objectivo criar e manter um ambiente que favoreça o prazer de fazer
bem, porque se consegue trabalhar de forma mais eficaz, mais rápida, mais
calma, e onde se detectam rapidamente os problemas, os desvios e
as anomalias.

todo o processo é aplicado e conduzido até ao final,


com um sistema adaptado de avaliação e de comuni-
cação interna;
Qual é o método de implementação " Usar uma estratégia de implementação adequada,

dos 5S? isto é, tratar cada intervenção como um projecto de


melhoria;
A implementação dos 5S é simples. Posto a posto, passo a " Saber reconhecer os méritos;
passo são postas em prática as 5 etapas, sabendo-se que há " Desmultiplicar a experiência numa dinâmica orienta-
2 fases distintas e bem visíveis. Existe a fase da grande da para a acção – "Do it".
limpeza, que é composta pelos primeiros 3S (Seiri – Selecção;
Seiton – Arrumação; Seiso – Limpeza). Completa-se depois Quais são as grandes vantagens
a acção com os restantes 2S para dar consistência à mudança
(Seiketsu – Ordem; Shitsuke – Rigor).
desta metodologia?
A Metodologia 5S tem inúmeras vantagens, entre as
Quais são os factores-chave quais passamos a enumerar as principais:

do sucesso desta metodologia? " Simplicidade, flexibilidade e adaptabilidade;


Para a implementação com sucesso de qualquer metodologia " Aplicação prática no terreno;
é necessário garantir um conjunto de factores que, neste caso, " Transmitir uma visão global e integrada dos postos
são os seguintes: de trabalho;

" Garantir o envolvimento de toda a Direcção;


CULTURA “5S”
" Ter uma estrutura de pilotagem adequada;
" Utilizar uma lógica de demonstração da
acção através da escolha de "ateliers"
(postos delimitados para intervenção), onde
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Os “5S” são essenciais para


Orientações
de boa prática para
uma atitude 5S
Vamos agora destacar algumas orientações de boa
prática para se conseguir instalar uma atitude 5S, uma
“motion mind”. São elas:

O 1º S – Seiri (Selecção)
Esta etapa consiste na realização de um diagnóstico e
levantamento de todas as situações de melhoria
relacionadas com o adequado funcionamento do posto.
Nesta etapa há duas recomendações de boa prática
que orientam a acção. Uma delas é: "Encontrar tudo o
que precisa em menos de 30 segundos". Será que
consegue? Se assim for, então não precisa dos 5S,
porque já os pratica com sucesso!

" Reorganizar os postos de trabalho;


" Potenciar a interacção dos processos de trabalho entre
diferentes grupos profissionais;
" Apresentar resultados rápidos e adaptados às reais
necessidades de cada posto;
" Permitir uma análise dos impactes e riscos das acções
implementadas;
" Estimular a colaboração de todos na melhoria do desem-
penho; No entanto, nem sempre é possível garantir esta
" Dar eficácia e desenvolver a capacidade de análise e reso- premissa básica, quer seja para evidenciar a qualidade
lução de problemas do quotidiano; de serviço quer seja para melhorar as condições de
" Introduzir, de forma natural, novas práticas de organização trabalho. Neste contexto, é necessário estabelecer e
e arrumação dos postos; pôr em prática bons critérios para saber distinguir e
" Implantar uma cultura da Melhoria Contínua.

Em suma, contando com as pessoas, com o seu conheci-


mento, identificam-se as melhorias, tendo claro que a taxa de
implementação das propostas e sua eficácia são directamente
proporcionais ao "princípio do menor esforço", aplicado no
maior curto período de tempo possível. Isto não é um paradoxo!
Com efeito, uma boa solução 5S é a que permite uma actuação
correcta, natural e sem esforço para se fazer bem uma ou
várias actividades inerentes aos processos de trabalho,
mantendo o posto sempre limpo, organizado, fluído e seguro.
06 QUALIDADE EM SAÚDE

decidir sobre o que é indispen-


-sável ou inútil – o inútil não
serve para nada!

A outra recomendação de boa


prática 5S consiste na rea-
lização de um bom diagnós-
tico. As equipas 5S adoptam
um "olhar atento" ao fun-
cionamento global do serviço,
bem como a cada pormenor
do posto de trabalho, como por exemplo armários, O 2º S – Seiton (Arrumação)
estantes, funcionalidade dos equipamentos e instala-
ções, estado de arrumação, limpeza, situações de risco "Dispor objectos, documentos ou informação de modo a
para a segurança, controlo de registos, arquivo, protec- encontrar o que é necessário, quando é necessário" – eis uma
ção de dados, cumprimento de procedimentos ou dis- das recomendações de boa prática para o 2º S. Manter uma
positivos legais, entre outros. lógica de fluxo e pensar fácil para que se garanta a possibili-
dade de implementar as melhorias nos postos, de forma rápida
Numa dinâmica de trabalho em equipa, os funcionários e totalmente adaptada às necessidades diagnosticadas, sem
do posto e os elementos que integram o projecto 5S necessidade de recorrer a investimentos avultados ou a
colaboram no sentido de identificarem as oportunidades recursos não planeados (quer humanos, quer financeiros).
de melhoria. É este o momento exacto para se efectuar
o registo das anomalias detectadas. Assim, enquanto Nesta etapa projectam-se as melhorias, apresentam-se as
uns listam os problemas detectados e as respectivas propostas às chefias e aos demais colaboradores do posto,
causas, outros fotografam a situação inicial criando um solicitam-se pareceres técnicos e colaboração aos serviços
verdadeiro banco de dados com grande interesse de apoio. O sucesso desta etapa passa por vários factores
prático nas etapas seguintes. críticos, nomeadamente:

Estas três fotos são meros exemplos das inúmeras acções que estão implementadas nos vários Serviços de Saúde que integraram este
projecto.

Como mostra a primeira foto optou-se por centralizar num único local o material de escritório necessário aos profissionais de enfermagem,
arrumar segundo um critério consensual de utilidade e com acessibilidade de cada um dos utensílios.
O mesmo princípio foi aplicado ao carrinho de enfermagem (foto central). Desta forma garante-se também um mais rápido controlo dos
stocks, do estado de arrumação e da operacionalidade dos instrumentos de trabalho.
Na foto da direita os responsáveis pela informática actuaram prontamente para apoiar o Serviço em alterações de layout dos equipamentos.
A intervenção por parte de especialistas é muitas vezes necessária para que se garanta uma correcta solução e se assegure uma arrumação
que respeite critérios de segurança, ergonomia e operacionalidade dos equipamentos.
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Estas fotos demonstram como se puseram em prática os princípios da metodologia aquando da implementação dos ateliers nos vários
serviços.

Balcão de atendimento central da Consulta Externa do Hospital de Famalicão


Da esquerda para a direita: Enfermeira Chefe da Consulta Externa e membro da Equipa da Qualidade; Sr. Teixeira do SIE; Dr. Augusto
Duarte, Director da Consulta Externa e Gestor do Manual da Qualidade, e Sr. Amadeu, um dos responsáveis administrativos e membro da
Equipa do Manual da Qualidade. Uma equipa pluridisciplinar que actuou na área administrativa e colocou em prática novos critérios de
arrumação e de implantação dos postos de trabalho.

Ateliers do Serviço de Pediatria do Hospital de Chaves


Na foto da esquerda a Enfermeira Directora e a Enfermeira Chefe do Serviço de Urgência procedendo à verificação de stocks e à arrumação
de materiais e produtos existentes na sala de apoio-copa do Serviço de Pediatria.
Na foto central, o responsável do Serviço de Pessoal, Gestor do Manual da Qualidade no seu serviço, e o Director do Serviço de Pediatria
e Gestor do Manual da Qualidade, retirando um quadro informativo. Puseram fim a uma prática de registo que não garantia fiabilidade e
confidencialidade dos dados dos processos clínicos.
Na foto da direita a Enfermeira Chefe do Serviço testa uma solução de arrumação da sala de enfermagem, estipulando locais adequados
para embalagens de resíduos.

Atelier da Unidade de Cirurgia do Ambulatório do Centro Hospitalar Póvoa do Varzim/Vila do Conde


A Unidade de Cirurgia do Ambulatório deu o mote para a aplicação da Metodologia 5S. Foi visível o empenhamento dos dirigentes do
Serviço na aplicação directa dos critérios de arrumação. Os serviços de Consulta Externa de Vila do Conde e da Póvoa de Varzim aderiram,
acompanharam e estão actualmente a aplicar a metodologia nos seus serviços.
O empenhamento directo do Director Clínico, da Enfermeira Directora, do Director de Serviço da UCA e do Serviço de Consulta Externa
deste Centro Hospitalar tem sido indispensável para dar corpo a uma interessante estratégia de mudança. Potenciar os resultados da
intervenção 5S e articular as soluções propostas com as diversas medidas de renovação e melhoria complementares já há muito projectadas,
mas que só agora estão aprovadas pelo novo Conselho de Administração.
08 QUALIDADE EM SAÚDE

" Comunicação interna eficaz e atempada sobre os objecti- O registo mais forte de quem é mero observador é o
vos da intervenção, transmitida quer aos profissionais do grande aparato associado à arrumação e reorganização
posto quer aos profissionais dos serviços de apoio, designa- dos espaços. É também aqui onde há o maior risco de
damente Informática, Serviços Gerais, Serviço de Instala- adulteração da metodologia. Depois de um grande
ções e Equipamentos; esforço, as equipas ainda só percorreram metade do
" Envolvimento e acompanhamento das chefias do Serviço caminho.
onde decorre o atelier 5S;
" Capacidade de apresentar soluções pragmáticas e adapta- A metodologia 5S não se consubstancia numa limpeza
das ao contexto da metodologia 5S (âmbito circunscrito e de fundo, mas sim numa forma de intervir no posto de
em prazo curto); trabalho, alterando práticas, atitudes e introduzindo
" Planificação e teste da solução ou de partes da solução soluções que melhorem a Qualidade, a Segurança, o
dentro dos timings estipulados para esta fase do méto- Ambiente, os Processos e as Condições de trabalho.
do; muitas vezes decorre no momento (em menos de 48 A partir desta fase há que criar os mecanismos que
horas). assegurem a perenidade das medidas e a cultura da
" Acompanhar directamente (no terreno) e trabalhar em Melhoria Contínua.
equipa.
A adopção de prática em ateliers é um dos meios mais
eficazes de assegurar bons resultados, pois gera uma
O 3º S – Seiso (Limpeza) dinâmica própria onde se cria um ambiente original e
diferente do ritmo quotidiano dos serviços. A orientação
"Eliminar o desperdício e as fontes de sujidade" e aplicar o para o resultado numa "operação relâmpago" apela
princípio "zero sujidade" são dois elementos essenciais da fortemente aos melhores sentimentos da natureza
aplicação da 3ª etapa da metodologia. Com este 3º S termina humana. Isto é, acentua-se a solidariedade, a entreaju-
a primeira fase dos 5S (numa lógica de actuação por atelier). da e a vontade de vencer os obstáculos da burocracia,
Este conjunto de etapas é denominado fase da grande limpeza. dos circuitos intrincados das decisões inter-serviços e
Normalmente esta fase é de dois dias. o espírito das "capelinhas".

Exemplo de uma prática de Sala de enfermagem do Serviço de Corredor de acesso aos consultórios de
limpeza sistematizada no bloco pediatria do Hospital de Chaves, onde se ginecologia da Maternidade Júlio Dinis
operatório, após cada intervenção, evidencia o estado de limpeza e de (Porto) onde se evidencia o estado de
que serviu de exemplo para arrumação da bancada de trabalho. Este limpeza. Esta foto foi utilizada como
aplicação geral em todo o serviço padrão de arrumação e limpeza fez parte exemplo e padrão de arrumação e
do princípio " Zero sujidade". das acções imediatas de todo o atelier. limpeza.

Muitos mais exemplos podem ser dados para demonstrar que limpar é uma função de controlo dos processos de limpeza. Num posto
habitualmente limpo é mais fácil detectar sujidade. A utilização do registo fotográfico constitui um meio facilitador da sensibilização dos
profissionais na formação interna, no cumprimento de regras e procedimentos em vigor.
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Por outro lado, os princípios basilares dos 5S


implicam passar directamente à acção, pelo que as
modificações são bem visíveis. A metodologia é
rapidamente apreendida e aceite por todos. Além
disso, consegue-se rapidamente a desmultiplicação
noutros serviços. É a visibilidade que estimula a
participação do capital humano na mudança.

No entanto, toda esta abordagem implica um estilo


de liderança específico por parte das chefias, quer
para a fase 1 quer para a fase 2. Se os 5S fossem
provas de atletismo o coach (chefia) teria que saber
treinar atletas para provas de velocidade (prin-
cipalmente estafetas), quando se está na fase 1.
Seguidamente, teria que saber introduzir as melho-
res medidas para provas de meio fundo. Isto é,
quando as equipas aplicam o 4º S e o 5º S. Esta
metodologia não está fortemente indicada para
provas de fundo.

Avaliação dos
primeiros resultados
Antes da passagem à fase 2 é necessário fazer um
balanço, ou seja, é preciso avaliarem-se os pri-
meiros resultados. Por regra, após os primeiros 3S,
faz-se a primeira auditoria 5S, de que falarei mais
adiante.

A evolução já é evidente quando comparada com


o estado de partida, mas não tem ainda a
performance desejada. Partindo de uma lista de
verificação construída especificamente para a
realidade do posto, constata-se o estado de
cumprimento dos requisitos de selecção, arrumação
e limpeza do posto. De forma simples e objectiva
constrói-se o meio de medida, preferencialmente
divulgado através de gráficos, para que o resultado
possa ser rapidamente constatado e é afixado no
painel informativo do serviço.

A informação entretanto registada é organizada e


deve constar de relatório, simples, conciso e
devidamente fundamentado, que visa informar e
apoiar a tomada de decisão dos dirigentes. Tal
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como já referi anteriormente, uma das


chaves do sucesso é o envolvimento da
Alta Direcção. Uma breve sessão de apre-
sentação de algumas das fotografias,
devidamente contextualizadas e acompa-
nhadas das respectivas propostas, poderá
ser uma via de comunicação adequada e
suficiente para apoiar os decisores na
tomada de decisão em tempo útil.

O 4º S – Seiketsu (Ordem)
Atingida esta fase, as equipas 5S têm aproximadamente Kaizen. As figuras seguintes reproduzem realidades especí-
um mês para consolidar e optimizar as medidas que ficas de instituições diferentes, mas têm de comum o formato
foram aprovadas pela hierarquia. Numa primeira linha da informação que abaixo divulgam. Assim, encontramos em
trata-se de instaurar o princípio da gestão visual. todas as instituições painéis com as fotos da situação inicial
(o antes) e o respectivo plano de acção. As equipas afixam
"Uma imagem vale mais que mil palavras" é uma das também as medidas introduzidas de imediato (o depois), bem
recomendações para aplicação da metodologia. A como o resultado da avaliação (representada graficamente).
principal finalidade é promover a melhoria e demonstrar Algumas dessas medidas "do depois" são implementadas em
a possibilidade de liderar o processo de mudança, com poucas horas. São as acções imediatas. E no projecto 5S nas
recurso a meios simples e de impacte directo e imediato. instituições de saúde há muitos e bons exemplos de acções
Para melhor demonstrar em que consiste esta reco- implementadas em menos de cinco horas.
mendação de boa prática 5S, nada melhor do que apre-
sentar alguns exemplos relativos a ateliers onde o pro- Apostar na normalização de práticas é uma das recomen-
jecto se iniciou. dações da Metodologia 5S, ou não estivéssemos a aplicar a
4ª etapa: o Seiketsu (Ordem). A grande preocupação deverá
No painel informativo as anomalias estão em evidência ser garantir o seguinte princípio:
porque uma das boas práticas consiste em registar
todas estas situações e estabelecer automaticamente "Cada coisa tem um lugar, cada coisa tem um nome, cada
a correcção num plano de melhoria, denominado jornal coisa está no seu lugar".

Da esquerda para a direita podemos ver respectivamente um dos painéis informativos da Maternidade Júlio Dinis, o painel do Atelier do
Balcão de Atendimento Central da Consulta Externa do Hospital de Famalicão e o painel da Consulta Externa e UCA – Vila do Conde
pertencente ao Centro Hospitalar PVVC.
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Desta forma introduz-se uma cultura de arrumação e


limpeza para se reduzirem tempos inúteis e desgas-
tantes, na procura de informação dispersa, mal arqui-
vada ou, ainda, a improvisar soluções porque não se
encontram as adequadas ferramentas de trabalho.

Paralelamente há que normalizar a informação, a simbologia que a nova rotina se instale e se evite o retrocesso. É
e a sinalética. Pretende-se que qualquer utilizador encontre importante frisar que toda a metodologia se orienta para
alertas ou orientações que automatizem a maneira correcta e a implantação do ciclo PDCA – Melhoria Contínua. Por
segura de fazer as tarefas e as rotinas diárias, garantindo-se último, há que estabelecer regras de verificação e
maior qualidade e mais produtividade. Assim, marcações, controlo: a auditoria 5S.
etiquetagem, códigos de cores são algumas das vias possíveis
e fortemente recomendadas.

O 5º S – Shitsuke (Rigor)
"Fazer sistematicamente o que é necessário" – Esta é a
principal recomendação de boa prática para o 5º S. Para a As equipas que conduziram as mudanças num atelier
aplicar devidamente há que implementar várias acções. Uma têm prazo para avaliar toda a intervenção. Isto é,
delas é comunicar com eficácia. Isto é, formar e orientar para estipula-se um prazo curto para implementar as
um resultado exigível. Isso implica estipular claramente qual medidas constantes do jornal Kaizen (plano de acção).
a regra a seguir. Normalmente, não excede um mês. Não se trata de
alcançar a Excelência! Os 5S são o instrumento da
A figura abaixo representa uma instrução visual contendo o melhoria. O processo de Melhoria Contínua partirá, por
desempenho correcto, bem como a indicação de uma exemplo, dum objectivo de 85% que melhora gradual-
operação incorrecta. Claro que o grau de detalhe depende mente. Finalizado este prazo, deverá ser efectuada uma
directamente do risco e da probabilidade de falha na execução auditoria 5S.
das tarefas a realizar.
Este sistema de avaliação (vulgarmente designado
Outra das medidas é estipular tempos para aplicação dos 5S por auditoria) tem algumas particularidades em relação
e integrar tais práticas em instruções de trabalho ou às habituais auditorias da Qualidade ou auditorias
procedimentos. processo. O referencial está contido na própria lista de
verificação e no jornal Kaizen. Os membros da equipa
Depois de uma intervenção 5S há que garantir uma atitude podem auditar porque nem todos trabalham no posto,
permanente de manutenção e optimização das melhorias para embora possam pertencer ao serviço. A auditoria é de
curta duração (aproximadamente uma hora). Quem
avalia tem que conhecer, obrigatoriamente, a metodolo-
gia e, preferencialmente, ter participado naquele atelier.
Sabe o que procura e conhece detalhadamente o que
ficou estabelecido no jornal Kaizen.

Os resultados são cotados e comparados com


avaliações anteriores. Assim, constatam-se resultados
e verifica-se o grau de cumprimento do objectivo. Isto
é, avalia-se o próprio desempenho. Projectam-se novas
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melhorias e reequacionam-se medi-


das para garantir 100% da efectivida-
Os 5S melhoram a produtividade
de das medidas. porque melhoram qualidades
O gráfico da figura seguinte contém Os 5S são essenciais na melhoria da produtividade na medida em que
dados da avaliação efectuada antes permitem fazer um autêntico "safari aos mudas" (“muda” é uma expressão
da finalização do prazo, mas onde japonesa que significa actividade sem valor acrescentado, ou seja, desperdício),
constam já as informações relativas como, por exemplo, duplicações de registos administrativos, tempos de espera,
à fase 2 (Ordem e Rigor). Da análise tempos de transporte entre os postos de trabalho e serviços, movimentações
deste gráfico conclui-se que o atelier de pessoas de uns postos para outros, movimentos e operações inúteis,
implementou quase todas as me- stocks, processos mal concebidos ou muito burocratizados.
didas dentro do prazo estipulado e
" Os 5S actuam na prevenção de acidentes e incidentes no trabalho, porque
já percorreu todas as etapas do
instalam o princípio da arrumação, limpeza e supervisão sistemática dos
método. postos.

Podemos detectar, ainda, que as " Os 5S facilitam a implantação da Melhoria Contínua em toda a Organização,
medidas onde se evidenciam melho- porque estimulam a cultura da medida do antes/depois numa perspectiva
res impactes prendem-se com a de registo do ponto de partida, que permite com fiabilidade e sem demoras
arrumação e limpeza do posto, onde, avaliar os pormenores da evolução.
inclusivamente, ultrapassam a per-
" Os 5S actuam sobre as condições de prestação do serviço, melhorando a
formance fixada no objectivo. Ao
Qualidade e Motivação das pessoas.
nível da selecção e triagem entre o
A partida à descoberta dos 5S está dada e, nas
cinco instituições que apoiámos, há hoje uma maior
capacidade de compreender e viver os conceitos
base da Gestão da Qualidade do Serviço: a
abordagem por processos, a orientação para o
cliente e orientação para os resultados, a aposta
na eficiência alicerçada numa maior consciência
do "justo–necessário" e no primado da Melhoria
Contínua.

Com as pessoas, garantindo sempre a prestação


do serviço e o atendimento aos utentes, quebra-
ram-se as barreiras entre colegas, entre hierar-
quias, entre unidades funcionais diferentes. Cada
um participa activamente na mudança, numa ver-
importante e o inútil e da identificação dadeira reengenharia que decorre em 2 dias e depois se aperfeiçoa e aprofun-
das anomalias há um desvio em rela- da durante o período aproximado de 1 mês.
ção às demais etapas. A linha a preto
identifica a tendência linear da evolu- À descoberta dos 5S nos serviços administrativos da saúde é um desafio
posto ao serviço da mudança.
ção. Na representação gráfica, esta
opção pode constituir um indica-
Espero, portanto, ter conseguido demonstrar como se fazem 5S em atelier e
dor de motivação. Como se pode pre- para que servem, tendo ficado claro que não se trata duma operação especial
ver, esta equipa atingirá os objecti- de limpeza, numa dinâmica vinda do Oriente ou como se de uma moda se
vos propostos dentro dos timings tratasse.
certos.
Os 5S transformam o nosso modo de viver!
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Uma experiência 1 – Quais os aspectos que consideram

para continuar mais importantes da Metodologia 5S e aqueles


que vos despertaram maior interesse para
implementação prática?
Conhecer de perto a experiência de implementação da
Metodologia 5S nas cinco instituições hospitalares 2 – Na sequência do diagnóstico, quais os aspectos de
aderentes, como em cada uma foram vivenciados os mudança que se revelaram mais pertinentes?
desafios que se foram colocando, as vantagens que
3 – Qual é neste momento o ponto de situação do jornal
se foram sentindo e as melhorias que se foram
Kaizen e respectivo nível de concretização das acções nele
introduzindo, justificava uma auscultação junto destas
previstas? Razões?
instituições.
4 – Após o período experimental já foram identificadas outras
Nesse sentido, a Revista Qualidade em Saúde
áreas onde seja útil aplicar a Metodologia 5S? Quais?
remeteu um conjunto de questões às equipas
envolvidas neste projecto, cujas respostas aqui 5 – Quais são os factores que consideram mais críticos e
reproduzimos, bem como o testemunho muito parti- sensíveis da Metodologia 5S?
cular dum membro do Conselho de Administração do
Hospital Distrital de Chaves, confirmando a mais-valia 6 – Qual o nível de envolvimento dos profissionais em
do envolvimento das chefias de topo nestes processos da torno da Metodologia 5S e como foi ele conseguido?
qualidade e melhoria contínua.

Maternidade Júlio Dinis


Demonstrar a mudança e melhoria
A Metodologia 5S, a aplicar no âmbito do Manual mais importante ainda, sensibilizando o próprio Conselho de

1 da Qualidade no Atendimento dos Utentes da


Consulta Externa, tem como aspecto mais positivo
o desafio proposto. A possibilidade que é dada a uma
Administração para a importância de viabilizar a realização
das propostas apresentadas. E quando todo este caminho é
percorrido, vemos acontecer as mudanças em tempo útil – um
equipa de profissionais de observarem as suas próprias mês. Atendendo que o projecto tem como suporte as foto-
instalações num contexto diferente da sua actividade grafias do "antes" e do "depois" da intervenção, é facilmente
diária, vendo e reflectindo sobre o impacte que essas demonstrável a mudança e a melhoria.
mesmas áreas destinadas ao atendimento têm, quer
nos profissionais quer nos utentes, é no mínimo surpre- As áreas de "atelier" seleccionadas foram uma sala de
endente. Encontraram-se múltiplas situações possíveis
de intervenção e a melhoria, quer a nível de imagem
quer de racionalização dos próprios espaços, pode
2 espera para utentes e um gabinete da Consulta Pediátrica.
Os aspectos de mudança mais significativos foram os que
permitiram uma melhoria do impacte visual, quer para os
tornar-se uma realidade. utentes quer para os profissionais, dando uma sensação de
maior bem-estar. Assim, a intervenção processou-se reorgani-
Como toda esta metodologia é essencialmente prática, zando-se os próprios espaços com uma nova distribuição do
é extremamente gratificante para a equipa efectuar não mobiliário existente, eliminando objectos obsoletos ou inade-
só o diagnóstico da situação, como elaborar propostas quados e recuperando o mobiliário existente através de uma
de alteração envolvendo outros profissionais e, muito pintura adequada. Foi ainda possível obter uma mais-valia
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para as áreas intervencionadas através da pintura das próprias sionais apresentem propostas de intervenção nos outros
paredes e portas. gabinetes de Consulta a necessitarem de requalificação.

O jornal Kaizen foi devidamente organizado e afixado num A resistência à mudança é por vezes evidenciada

3 local da Consulta destinado aos profissionais, permitindo


a divulgação da Metodologia 5S e o acompanhamento da
concretização das acções a implementar. Relativamente ao
5 por alguns profissionais. A mudança é tida como
ameaçadora de uma ordem estruturada e sedimen-
tada há vários anos e, portanto, necessitando de alguma
gabinete de Pediatria, todas as acções foram concretizadas; disponibilidade temporal para a sua aceitação. Mas a
relativamente à Sala de Espera, a grande maioria das acções mudança exige também a participação de outros profis-
foi concretizada, ficando apenas o acesso à referida sala atra- sionais, nomeadamente do Serviço de Instalações e
vés de rampa apropriada a aguardar intervenção. Aliás, esta Equipamento e do Serviço de Higiene e Limpeza, que
acção já havia sido referenciada como de resolução mais tardia. para além do serviço que normalmente lhes é atribuído
Evidentemente que o cumprimento destas metas foi possível irão desempenhar muitas outras tarefas.
porque o Conselho de Administração privilegia as intervenções
que trazem uma mais-valia para a instituição, disponibilizando Terão ainda que ser disponibilizados alguns recursos
para tal recursos materiais e humanos. financeiros, ainda que pequenos, principalmente quando
se trata de instalações como a nossa da Consulta Exter-
Evidentemente que sim. Este projecto quando implemen- na, construída há vários anos e onde já anteriormente

4 tado numa instituição e numa determinada área em parti-


cular evidencia que a mudança é possível e que a melhoria
é atingível se, para tal, houver empenho e vontade de ver
haviam sido identificadas áreas a necessitar de inter-
venção. Provavelmente, a Metodologia 5S quando é
implementada em áreas de construção recente, sem
implementadas as soluções preconizadas pelos profissionais. qualquer deterioração do espaço, necessita apenas de
Porém, todo este trabalho só se torna possível concretizar reorganizar certas estruturas e não terá necessidade
com o envolvimento do CA. Assim, esta primeira intervenção de recorrer a recursos financeiros.
poderá servir como estímulo para que muitos outros profis-
É importante também referir que é necessária uma
sensibilização constante de todos os profissionais envol-
vidos para que no prazo pré-estabelecido se consiga
concretizar os objectivos propostos.

A equipa nomeada seguiu a metodologia preco-

Sala de espera de Ecografia da Maternidade Júlio Dinis (Porto).


6 nizada. Contudo, pensou ser uma mais-valia a
participação de outros intervenientes, nomeada-
mente os profissionais mais envolvidos nas áreas que
Novos critérios de disposição das cadeiras foram suficientes foram seleccionadas para a intervenção. Ouviram-se
para aumentar o conforto das utentes, aumentar espaço, as suas opiniões, aceitaram-se sugestões e desse
acrescidos de pintura, melhoria da iluminação e correcção da
intercâmbio surgiu o projecto delineado. Ao sensibilizar
sinalética.
os diferentes profissionais, o projecto deixou de ser
apenas do "grupo" para se tornar num projecto da insti-
tuição e para a instituição. A equipa conseguiu superar
este desafio, cumprindo os prazos pré-estabelecidos.
Como a Qualidade e a Melhoria são processos extre-
mamente dinâmicos e motivadores, estamos certos que
outros desafios surgirão.

Alteração de layout e renovação (recuperando os materiais já


existentes) de um gabinete médico de Pediatria da Maternidade Teresa Oliveira, Gestora do Manual
Júlio Dinis (Porto). Directora da Consulta Externa
N.14 - JUNHO 2006 15

Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde


Uma ferramenta para a gestão participada

1 4
Somos da opinião que a Metodologia 5S constitui um Os factores mais críticos da metodologia resultam do tempo
processo de iniciação e de mobilização e conquista relativamente curto definido para a sua implementação e no
dos profissionais de uma instituição para as práticas facto de ter que ser realizada sem paragem da actividade
da Qualidade e para o desenvolvimento do trabalho em normal dos Serviços. Estes factores são impeditivos da mobiliza-
equipa. Foram precisamente estes aspectos que desper- ção esperada de todos, em particular dos elementos mais críticos
taram o maior interesse na implementação dessa prática. à mudança, mas por outro lado também viabilizam resultados
rápidos que são estimulantes e catalizadores de sensibilidades

2
Os aspectos da mudança que se revelaram mais várias. Como noutros processos de mudança, a participação
pertinentes foram aqueles que davam visibilidade aos principal é dos lideres formais e informais e dos criativos, no
objectivos centrais da metodologia em aplicação, isto entanto revela-se como uma importante ferramenta para todos
é, todos os que garantiam uma forma sustentada de os que desejam mobilizar uma instituição para uma gestão
adequação da estrutura à função e de embelezamento do participada.
local de trabalho. Foi também relevante tudo o que permitiu

5
ordenar os espaços de modo estimulante e funcional, Neste momento todo o hospital está a ser mobilizado para a
equilibrado e cativante. aplicação dos 5S. De facto, a divulgação da metodologia, a
sensibilização dos profissionais dos outros Serviços e a
Ao mobilizar a atenção dos profissionais para os problemas constatação dos resultados, juntamente com a tomada de conhe-
e soluções do seu espaço de trabalho, desenvolve o espí- cimento do jornal Kaizen, que teve a exposição com a notoriedade
rito crítico e a imaginação criativa capazes de o adequar desejável, fizeram com que os referidos profissionais passassem
de modo a ser confortável e funcional para clientes e a ver os seus Serviços com outro olhar – "o olhar 5S", e passas-
profissionais. As etapas de selecção, arrumação e limpeza sem a desejar implementar tal metodologia. É com agrado que
contribuem definitivamente para o desenvolvimento de registamos este facto, que pensamos ser mais um elemento
uma cultura estética e de asseio, sempre importantes facilitador do desenvolvimento de uma cultura de melhoria contí-
para a qualidade que se deseja. Ao desenvolver práticas nua em toda a instituição.
de ordem e rigor, a Metodologia 5S vem contribuir para a
sedimentação de regras essenciais para o cumprimento Fernando Gil da Costa
Director Clínico
de planos e de objectivos da Qualidade. É também, sem
dúvida, um elemento integrador, uma vez que desperta
nas chefias e nos prestadores índices idênticos de
motivação e empenhamento nas acções a desenvolver.

3
O jornal Kaizen foi a forma de expor o diagnóstico da
situação e o planeamento das intervenções para a
mudança. Algumas das tarefas definidas foram imple-
mentadas logo após a identificação das necessidades,
Pormenor da Arrumação na UCA – Centro Hospitalar Póvoa de
segundo os passos inerentes à metodologia, com a equipa Varzim/Vila do Conde (CHPVVC)
dos próprios Serviços. Outras necessitam da participação
de profissionais de outras áreas, pelo que foram aguar-
dando segundo prazos determinados a oportunidade e a
disponibilidade desses Serviços de suporte. O nível actual
de concretização ronda os 75%, com a garantia da realiza-
ção plena até ao prazo acordado de um mês.

Pormenor de renovação do espaço de gabinete médico da


Consulta Externa do CHPVVC
16 QUALIDADE EM SAÚDE

Hospital São João de Deus (Famalicão)


Uma nova cultura de eficácia e eficiência

1
Como Manual de Boas Práticas constitui um instru- informática, luminosidade, entre outros. Tudo está devidamente
mento falicitador para a implementação no terreno de identificado num placard – o jornal Kaizen.
um projecto mais vasto a que nos propusemos que

4
foi o Manual da Qualidade para o Atendimento e Enca- Após este período experimental, outras áreas onde importa
minhamento dos Utentes da Consulta Externa. Como implementar esta Metodologia 5S são os gabinetes da
metodologia simples e facilmente aplicável permitiu opti- consulta e zonas de espera.
mizar no terreno processos e fluxos, contrariar ineficiên-

5
cias e desperdícios, bem como promover melhores Neste Serviço de Consultas Externas encontram-se alocados
condições de trabalho e a introdução de uma cultura outros Serviços com hierarquias e autonomia próprias, que
nova na organização, de eficácia e eficiência. Uma cul- constituem os factores mais sensíveis para uma implemen-
tura de aprendizagem, de renovação, de reorganização tação global desta metodologia.
e mudança.

6
No que refere ao envolvimento dos profissionais, este foi

2
Abrangeu o posto Administrativo de Atendimento excelente na chamada fase da grande limpeza, desde
Central e teve como objectivo principal um diagnóstico administrativos passando pela enfermagem, auxiliares de
e intervenção rápidas, com o envolvimento dos acção médica, serviços gerais, informática e instalações e
profissionais, no sentido de melhorar fluxos dentro do equipamentos. Foram efectuadas reuniões prévias entre o
Serviço, quer de pessoas quer de processos, utilizando Conselho de Administração e o Gestor do Manual da Qualida-
um plano de acção facilmente visível, implementável, com de, além de feita divulgação aos funcionários administrativos
vista à melhoria contínua. do Balcão de Atendimento dos principais conceitos desta
metodologia.
Salienta-se a primeira fase: operativa, de selecção,
arrumação e limpeza em que o envolvimento de todos Augusto Duarte, Gestor do Manual
os profissionais foi conseguido, seguindo-se depois as Director da Consulta Externa

fases de ordem e rigor em que a as etapas de norma-


lização, manutenção e melhoria irão consolidar o processo
em curso.

Os novos procedimentos de acesso ao pavilhão, a


centralização de todo o stock documental para a realiza-
ção da consulta, a par da modificação do layout da sala,
constituem os aspectos de mudança que gostaríamos
Pormenor da área administrativa do Balcão de Atendimento
de salientar, pois vão melhorar o circuito interno de profis- Central (retaguarda) do Hospital de Famalicão, onde houve
sionais e utentes, estabelecer e formalizar regras de consideráveis melhorias no espaço e organização dos arquivos.
funcionamento na recepção, garantir um atendimento
correcto, humanizado e pronto, que garanta a satisfação
do utente.

3
O Plano de Acções previsto encontra-se concretiza-
do na ordem dos 63,7%, sendo que os aspectos da
segunda fase, de manter a ordem e limpeza, se Outro pormenor da área administrativa do Balcão de Atendi-
encontram em marcha pois implicam melhorias no Ser- mento Central (retaguarda) do Hospital de Famalicão, onde
viço num plano estratégico mais vasto de sinalética, houve consideráveis melhorias no espaço e nas condições
de trabalho devido a alterações na implantação dos postos
administrativos, na organização e simplificação do arquivo.
N.14 - JUNHO 2006 17

Hospital Santa Maria Maior (Barcelos)


Projecto profícuo

Consideramos que a metodologia dos 5S é de O funcionamento dos hospitais obedece a certas regras

1 extrema importância na organização dos postos de


trabalho, dos recursos e dos processos em vigor.
No entanto, o timing escolhido para implementação
5 internas que não propiciam a resolução de situações
em 48 horas. Por exemplo, no âmbito das aquisições de
materiais e de equipamentos torna-se impraticável o cum-
foi curto e coincidiu com as férias de alguns elemen- primento do prazo das 48 horas. Além disso, a limpeza e elimi-
tos-chave, o que inviabilizou a implementação de algu- nação do papel, bem como a organização/conservação dos
mas acções de melhoria dentro do período de tempo documentos obedece também a regras muito rígidas, regras
desejável. plasmadas em diplomas legais, o que torna impraticável o
prazo referido.
Os aspectos de mudança mais pertinentes estão

2 relacionados com a desnecessidade e inutilidade


de algum material, com a falta de regras na orga-
nização dos arquivos e documentos, com a falta de 6
Quando nos foi transmitido que o Hospital de Barcelos tinha
sido seleccionado para integrar este projecto foi-nos
também transmitido que a sua implementação estava
identificação de práticas correntes que são assumidas marcada para passados três dias e, consequentemente, não
por quem trabalha no posto, mas são desconhecidas houve tempo para envolver todos os profissionais que deveriam
pelos seus colegas. ser integrados nessa equipa multidisciplinar, acrescendo ainda
o facto da ausência de alguns elementos por motivos profissio-
Podemos dizer que o nível de concretização é nais e por motivos de férias.

3 satisfatório. Num posto de atendimento adminis-


trativo foi atingido 80% (em 11 medidas correctivas
faltam concretizar 2) e noutro posto a concretização é
Grupo do Manual da Qualidade
Serviço de Consulta Externa

de 50% (em 8 faltam resolver 4). As medidas que faltam


implementar estão relacionadas com a reestrutura-
ção dos espaços/postos de trabalho, estando planea-
da a aquisição de algum mobiliário novo. Este atraso
deve-se ao facto dos responsáveis pela consecução e
implementação das medidas correctivas estarem de
férias.

Internamente, entendemos que há outros serviços,

4
Pormenor das modificações introduzidas na sala de espera da
por exemplo o Serviço de Gestão de Doentes e o Consulta Externa do Hospital de Barcelos.
Arquivo Clínico, que podem melhorar com a imple-
mentação prática da metodologia dos 5S. Entendemos,
ainda, que a Consulta Externa até era o serviço onde
menos fazia falta esta iniciativa, uma vez que foram
feitas alterações no âmbito do Manual da Qualidade.
No entanto, há pormenores que nos escapam e a imple-
mentação deste projecto acabou por se demonstrar
muito profícua.
Alteração de layout da zona de atendimento administrativo e
sala de espera da Consulta Externa do Hospital de Barcelos.
18 QUALIDADE EM SAÚDE

Hospital Distrital de Chaves


Inúmeras áreas para aplicar os 5S
1 Entre os aspectos mais importantes destaco a maior
facilidade de acesso aos diferentes objectos, pastas e
outros de que temos necessidade, assim como a imagem
das crianças e jovens, gabinete dos médicos, farmácia e
Gabinete da Enfermeira Chefe.

que se transmite de um serviço bem estruturado e a ideia


de ser composto por pessoas atentas aos problemas e
necessidades de quem dele aufere e precisa.
5 Como factores críticos, a aderência dos profissionais, a
manutenção da metodologia sempre em vigor, bem como
eventuais soluções para as quais se necessite da interven-
ção de pessoas ou meios alheios ao Serviço.

2 Aumento de espaço físico nos locais intervencionados,


ordem e limpeza.
6 Considero que as auxiliares de acção médica estão bem
sensibilizadas e envolvidas. Há uma nítida sensibilização

3 Só uma das acções do jornal Kaizen está por cumprir mas


ainda dentro dos prazos. Falta de colaboração de quem
foi solicitado. Procura-se outra solução.
do pessoal de enfermagem com alguns atritos facilmente
ultrapassáveis. Sensibilização também dos médicos, estan-
do identificados os que têm reagido de forma resistente.
Alguns dizem que sim e fazem que não. 30% de positivi-

4 Inúmeras áreas para aplicar a metodologia, nomeada-


mente em todas as enfermarias, sala de estar e comer
dade? Por fim, do pessoal administrativo não parece haver
conflituosidade.

João Reis Morais, Gestor do Manual, Director do Serviço de Pediatria

Melhor ergonomia dos espaços


1 Os aspectos mais importantes da Metodologia 5S
prendem-se com a selecção dos documentos e/ou
utensílios e sua arrumação, uma vez que o dia-a-dia impe-
4 Após a familiarização com os princípios subjacentes na
Metodologia 5S, os colaboradores procuram alargar o seu
âmbito de aplicação. Nesse sentido, é usual ouvir durante
de-nos de realizar uma escolha criteriosa e proceder à sua o dia diversas opiniões acerca da aplicação da Metodolo-
arrumação correcta. Mas esta metodologia é mais abran- gia 5S. Constitui tema de conversa com vista à sua constan-
gente, engloba diversas tarefas em virtude de incluir as fases te aplicação.
relativas à limpeza, à ordem e ao rigor. Além disso, trata-se
de uma metodologia com reflexos bastante positivos para
os utilizadores ou utentes dos respectivos serviços. 5 Os aspectos mais críticos prendem-se com a abordagem
à mudança e à inovação constantes da metodologia.

2 Os aspectos que considerei mais pertinentes respeitam


às pequenas alterações realizadas que passam desper-
cebidas ao olhar comum dos colaboradores e que, após
6 O nível de envolvimento dos colaboradores foi elevado.
Durante as tarefas os colaboradores foram bastante parti-
cipativos e constatou-se uma procura incessante de aspectos
uma análise reflectida, conclui-se que de facto as modifica- passíveis de aplicação da metodologia. Nos dias seguintes,
ções são relevantes e com contribuições evidentes para as modificações constituíram tema de conversa e a avaliação
obter uma melhor ergonomia dos espaços. das alterações foi deveras positiva. Parece-me que o envol-
vimento se deveu ao curto hiato temporal entre a explanação

3 Relativamente aos Serviços abrangidos no projecto


constata-se um elevado nível de concretização das acções
previstas no jornal Kaizen. Aliás, as acções descritas mere-
teórica e a parte prática, com realce para a possibilidade do
recurso à imagem do antes e depois. Acresce que a Metodo-
logia 5S obteve êxito na medida em que permite a participação
cem uma especial atenção por parte dos colaboradores. de todos os colaboradores. Por fim, a percepção das vanta-
gens resultantes da aplicação é imediata.

Hugo Moreiras, Gestor do Manual, responsável pelo Serv. Pessoal


N.14 - JUNHO 2006 19

Hospital Distrital de Chaves


Reforço do sentido de cooperação
A Metodologia 5S classifica o material de trabalho necessá- de trabalho, através da criação de pequenos "ateliers".

1 rio e desnecessário. Permite, por isso, a redução do espaço


necessário à execução de funções e/ou o redesenho dos
serviços (cada coisa no seu devido lugar, na quantidade certa e
Prima igualmente pela atenção dada à constante manuten-
ção e preservação dos materiais e equipamentos.

de fácil e rápido acesso), reduzindo o tempo de busca. Confere Ao dar importância à melhor disposição e manutenção dos
importância a um ambiente limpo, seguro e participativo, coloca o materiais pode inclusivamente contribuir para reduzir o risco
foco na eliminação do supérfluo e do desperdício e possibilita a de acidentes de trabalho (ex: cabos eléctricos, etc.). Por
optimização e rentabilização dos recursos já existentes (maximiza outro lado, ao conferir responsabilidade pela manutenção
o seu aproveitamento). Dá atenção a tudo o que possa dificultar do posto de trabalho a cada um, reduz a necessidade de
ou obstruir a realização das actividades. um controlo mais apertado por parte das chefias.

A Metodologia 5S garante ainda a continuidade das condições Por fim, possibilita o auto-desenvolvimento pessoal e
físicas, promovendo mais saúde no local de trabalho: ambiente profissional, prepara a instituição/serviço para a implemen-
de trabalho mais agradável e consequentemente mais produtivo. tação de outros projectos e programas da Qualidade e
Consciencializa para a importância e necessidade de manter desenvolve a cultura da organização e do rigor. Como pode
o local de trabalho limpo e arrumado: incute a ideia que a limpeza e deve ser participado por todos, apela à criatividade de
do local de trabalho é tarefa de todos e não apenas do pessoal de cada um, reforçando ao mesmo tempo o trabalho em equipa
limpeza. É por isso um instrumento de gestão da imagem visual e o sentido de cooperação.
do serviço, que terá forçosamente replicações nos demais.
A optimização do espaço físico, o reaproveitamento de
É um método de trabalho sobretudo de mudanças comporta-
mentais, visando a criação de uma melhor qualidade de vida no
trabalho. Racionaliza e torna mais eficiente a utilização dos postos
2 alguns equipamentos, a organização dos arquivos dos
profissionais e dos que contêm informações dos
doentes, a padronização visual de informações (etiquetas,
placas identificativas, sinalética, etc).

A elaboração de cronogramas e esquemas de trabalho


sobre variadíssimos equipamentos e sua manutenção/uti-
lização, bem como a (re)definição de circuitos.

O jornal Kaizen do Serviço de Pediatria, criado em

Pormenor da sala de apoio (copa) do Hospital Distrital de


Chaves e a aposta essencialmente em criar novas práticas
de arrumação e organização do espaço.
3 meados de Junho, contemplou nesta fase inicial 26
acções. Destas foram já todas realizadas, exceptuan-
do-se três. Para todas elas foi concedido um período para
a sua realização (em média de um mês). As três acções
que ainda não estão concluídas encontram-se já em fase
final de realização. Estas tinham algum grau de especifici-
dade, tal como a redefinição do fluxograma de reanimação
cardiopulmonar.

Aquando da implementação da Metodologia 5S no

Sala de trabalho (enfermagem) do Serviço de Pediatria do


Hospital de Chaves e a aposta na reorganização do espaço
e arrumação. Os resultados foram essencialmente ao nível
4 Serviço de Pediatria foi realizada uma reunião, na
presença do Conselho de Administração, com algumas
chefias convidadas, no sentido de replicação do programa
de ganhos de espaço, por uma mais correcta prática
de arrumação e alterações no layout.
20 QUALIDADE EM SAÚDE

nos respectivos serviços. As salas de traba-


lho de enfermagem dos Serviços de Interna-
Hospital Distrital de Chaves
mento irão em breve sofrer alterações. Alguns
Serviços de Internamento iniciaram já, volun-
Chegou uma abelha
tariamente, algumas modificações. Existem
também serviços administrativos que em
chamada SALOR
breve vão implementar o programa, a come-
çar pelo Serviço de Pessoal. No âmbito do projecto "Manuais da Qualidade de Atendimento e Orga-
nização" coordenado pelo IQS, o Hospital Distrital de Chaves (HDC) con-
sidera que, com a implementação da metodologia 5S, foi contemplado
Entre os factores críticos, a falta de com- com a oportunidade de melhoria dos postos de trabalho, uma tarefa com

5 prometimento e empenho pessoal de


alguns profissionais; a incorporação das
actividades do programa 5S na rotina dos
grau de dificuldade fácil, realizada em tempo rápido e que contou com
satisfação generalizada e resultados desejados por todos.

profissionais, existindo algum risco de não O nosso primeiro contacto com a metodologia surgiu na acção de sensi-
priorização dos 5S face a outras tarefas, o bilização feita pela empresa consultora Euro-Symbiose, a qual despertou
eventual esquecimento e o seu relegar para em nós um interesse com cotação máxima de estímulo e motivação para
segundo plano; a necessidade de estar sus- promover a cultura de melhoria que se vive no HDC.
tentado por um sistema mais ou menos formal
de garantia da qualidade e a implantação de Os princípios da metodologia 5S, de origem em cinco palavras japonesas
um sistema de auditoria e avaliação, nem iniciadas por S, foram bem acolhidos pela equipa de Chaves e facilmente
sempre fácil nestes casos. apreendidos e compreendidos por todos. Brincando com as palavras, a
equipa de Chaves passou de imediato os 5Ss a SALOR e foi-se apro-
priando dos conceitos para a posterior aplicação prática.
Desde cedo que o acolhimento dos pro-

6 fissionais face ao programa 5S foi bem


aceite, o que permitiu o envolvimento de
todos os elementos do Serviço de Pediatria,
Seiri
Seiton
Seiso
Selecção
Arrumação
Limpeza
alastrando-se esse envolvimento a outros Seiketsu Ordem
profissionais que, in loco, quiseram ver de Shitsuke Rigor
perto as mudanças ocorridas para também
eles aplicarem a metodologia nos seus ser- Tendo conhecimento do apoio de consultadoria previsto no projecto para
viços. Este envolvimento foi facilitado através a prática dos 5S num posto de trabalho do Serviço de Internamento de
da realização de uma breve acção de forma- Pediatria, aguardámos pela visita da consultora, que aconteceu em 27 e
ção, com a distribuição de material sugestivo, 28 de Junho último. Nada melhor do que um ambiente festivo para a sua
facultado pela empresa consultora. Outro implementação, já que nessa semana se comemorava o XXIII aniversário
aspecto igualmente positivo, contribuindo do HDC, subordinado ao tema "Saúde, Educação e Cultura: Que valores
também para a motivação dos profissionais, para o desenvolvimento global?"
foi a apresentação dos resultados obtidos
imediatamente após os dois dias de trabalho. Por convite do Conselho de Administração iniciámos com uma acção de
sensibilização/formação em sala dirigida não só à equipa do Serviço de
Bruno Alves Pediatria, mas também com as chefias intermédias de diversas áreas,
Serviço de Pessoal
desde os Serviços Gerais, Administrativos, Instalação e Equipamento aos
Serviços de Apoio e Clínicos.

Seguiu-se para a prática com a equipa fixa do SALOR na Pediatria, fazendo


parte o seu Director, Enfermeira Chefe, uma AAM e Secretária de Unidade.
N.14 - JUNHO 2006 21

Visando a replicação no HDC, a equipa integrou ainda o res- num posto de trabalho de cada serviço. Já temos
ponsável do Serviço de Pessoal, Enfermeira Chefe do Serviço agendado o próximo serviço, bem como a lista de
de Urgência, Responsável do DEP e a Enfermeira Directora. serviços cujos responsáveis solicitaram interesse para
a sua implementação.
Num Serviço de Internamento, onde a actividade normal se
desenvolvia, o posto escolhido foi uma sala de trabalho muito ESCOLHEMOS A ABELHA
utilizada pelos médicos e enfermeiros do Serviço tendo, ainda, COMO MASCOTE
sido possível em 48 horas alargar a mais dois postos a imple-
mentação da metodologia. No final do segundo dia, reuniu-se Percorrerá todos os serviços que queiram aderir, saben-
a equipa SALOR, o Conselho de Administração, a equipa do do-se que o responsável pela equipa do serviço seguinte
Serviço de Pediatria e restantes profissionais que assistiram à integra a equipa do serviço anterior e levará consigo toda
primeira acção de sensibilização realizada no dia anterior e a documentação organizada para o efeito, com registo
apresentaram-se os resultados com recurso a ilustrações de da participação de cada serviço em cartão próprio, bem
fotos do antes e depois de cada posto de trabalho. como a nossa mascote "abelha SALOR". Aguarda no
novo serviço até à data agendada para cada implemen-
Isto só foi possível graças à prestigiosa orientação e dispo- tação com a chegada da equipa coordenadora que inclui-
nibilidade da consultora, entusiasmo da equipa, sem hora de rá, sempre, um elemento da equipa do serviço seguinte
saída do trabalho, além da colaboração dos restantes elementos e assim sucessivamente…
que estiveram de serviço nos diversos turnos enquanto se
desenvolviam as actividades de prestação de cuidados, testa- Ambientes saudáveis implicam comportamentos saudá-
vam as alterações que se iam introduzindo e, em simultâneo, veis, ou seja, chegou-se ao S através do R. A imple-
emergiam sugestões de melhoria, promotoras de um resultado mentação dos 5S promove a associação de Rs (Reflectir,
de execução final muito satisfatório. Reorganizar, Reutilizar, Reduzir, Reciclar e Recuperar,
etc).
Os elementos externos saíram e a equipa da Pediatria assume
a aplicação global em todo o serviço, testemunhando assim o Neste sentido incluímos ainda, no nosso plano, a reali-
desenvolvimento duma cultura de melhoria contínua da Quali- zação de um convívio entre todas as equipas do SALOR,
dade. Agora, sem consultadoria externa, mas com espírito aberto prevendo a apresentação global dos resultados no
e cultura de aprendizagem, a equipa do SALOR desenvolveu próximo aniversário do Hospital Distrital de Chaves.
uma estratégia de levar a experiência a todos os serviços. O
objectivo é alargar a implementação a todos os serviços até ao Os objectivos são ambiciosos, mas acreditamos que é
próximo aniversário do HDC. possível preencher o favo com muitas abelhas já que
contamos com a participação dos profissionais do HDC
A metodologia está delineada e passaremos o testemunho de que, com o exemplo de "encontrar o que procuramos em
Serviço a Serviço com uma equipa coordenadora que integra trinta segundos", motivam esse desejo em todos, inclu-
elementos fixos e que vai incluindo outros aquando da aplicação sive utentes. Só é necessária vontade e gostar do que
se faz.

A abelha picou mas não com veneno. São VITAMINAS


de estímulo que sustentam a nossa vontade de continuar,
eliminando o desperdício.

Fica o nosso agradecimento pelo apoio recebido do IQS


e da empresa consultora. Bem hajam!

Emília Carneiro dos Santos


Enfermeira Directora
22 QUALIDADE EM SAÚDE

Uma tabela
que mostra
a vontade
de fazer
Foi uma questão de honra
assumida pelos cinco hospitais
em que decorreram os ateliers
5S obter resultados visíveis em
48 horas. Os testemunhos
disso dão conta.

O segundo ponto de honra


consistia em esgotar as acções
planeadas nos jornais Kaizen
em 30 dias …, férias incluídas.
E ainda que os 30 dias não se
tenham esgotado, o tableau de
bord que aqui apresentamos
demonstra bem a seriedade
e empenho com que todos
se lançaram ao trabalho.

Conselhos de Administração
e Equipas estão de parabéns.
Também o está a equipa da
Euro-Symbiose no apoio dado
e em ter conseguido sintetizar
para os leitores da revista toda
a riqueza de dados
e informação que aqui
apresentamos.
N.14 - JUNHO 2006 23

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