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Clones, Gens e

Imortalidade Maria Celeste Cordeiro Leite Santos,


Professora Associada da Faculdade de Direito da
USP, Livre Docente em Direito Penal FDUSP, Doutora
em Filosofia do Direito PUC/SP, Membro da Sociedade
Internacional de Bioética, Coordenadora da
Comissão de Bioética e Biodireito da Ordem dos
Advogados do Brasil, Secção São Paulo.
Autora do livro “O Equilíbrio do Pêndulo – A Bioética
e a Lei”, Editora Ícone.
mcclsant@.usp.br

O futuro da reprodução humana assistida: Aspectos jurídicos e bioéticos


Como a dignidade humana aparece configurada como um
direito universal, não se pode esgrimí-la como limite à
liberdade científica. A garantia institucional de um núcleo
inviolável constitui limite à liberdade científica e tecnológi-
ca ( mínimum invulnerável ), que todo estatuto jurídico
deve assegurar.

1. Breve resenha histórica 1.358/92, do Conselho Federal de Medicina e tramitam, no


Congresso Nacional vários Projetos de Lei sobre a matéria,
A experimentação com seres humanos, sujeitos de entre eles: o PL 3.638/93, do Deputado Luiz Moreira, o PL
inovações, tem sido feita ao longo dos séculos, sem 2.855/97, do Deputado Confúcio Moura, e o mais discutido,
grandes cogitações ou revelações. PL 590/99, do Senador Lúcio Alcântara.
A necessidade de se criarem mecanismos de controle, Comparativamente, a Resolução nº 1.358/92, do C.F.M.
porém, tornou-se premente após os abusos cometidos nos não menciona a clonagem e, entre os projetos citados,
campos de concentração, durante a Segunda Guerra apenas o de 97, do Deputado Confúcio Moura, a proíbe,
Mundial, e resultou no Código de Nuremberg (1947). O considerando o procedimento como crime. Nesse sentido,
aumento do número de situações abusivas levou a Orga- também a Lei de Biossegurança Nacional (Lei 8.974/95 e o
nização Mundial de Saúde a rever esse documento e a Decreto 1.752/95) proíbe a clonagem, no art. 8º: “É vedado,
promulgar a nova regulamentação conhecida como a nas atividades relacionadas a 0GM: ( ... ) II – a manipulação
Declaração de Helsinque I em 1964, seguida da II, em 1975, genética de células germinais humanas” e no art. 13 “Cons-
da III, em 1983, IV, em 1989, e da V, em 1996. tituem crimes: I – a manipulação genética de células
No âmbito da Bioética é importante ressaltar o Relatório germinais humanas”.
Belmont ( The Belmont Report: ethical guidelines for the A Instrução Normativa CTNBio n.º. 8, de 9 de julho de
protection of human subjects, 1978). 1997, em seu artigo 1º, dispõe: “art. 1º - Para efeito desta
Desde a década de setenta, os grandes avanços cientí- Instrução Normativa, define-se como:
ficos e tecnológicos levaram o Conselho de Organizações ( ... ) IV – Clonagem em humanos – processo de
Internacionais de Ciências Médicas, juntamente com a reprodução assexuada de um ser humano;
Organização Mundial de Saúde, a elaborar as Diretrizes V - Clonagem Radical – processo de clonagem de um ser
Internacionais para a Pesquisa Biomédica em Seres Huma- humano a partir de uma célula, ou conjunto de células,
nos, em 1981. Esse documento foi traduzido e editado pelo geneticamente manipulada (s) ou não.
Ministério da Saúde do Brasil, em 1985 (revisto em 1993). Art. 2º Ficam vedados nas atividades com humanos:
Em 13 de junho de 1988, o Conselho Nacional de Saúde I – a manipulação genética de células germinais ou
edita a Resolução n.º. 1, que prevê as normas para a totipotentes;
pesquisa em Saúde. Hoje vigora no país a Resolução 196/ II – experimentos de clonagem radical através de qual-
96, do Conselho Nacional de Saúde, dispondo expressa- quer técnica de clonagem.
mente sobre as Diretrizes e normas regulamentadoras de Segue-se a Instrução Normativa CTNBio n.º 9, de 10.10.97
pesquisas envolvendo seres humanos; cumpre as disposi- – Anexo – Normas sobre Intervenção Genética em Seres
ções da Constituição Federal do Brasil, de 1988, e da Humanos, que, em seu Preâmbulo, considera:
legislação correlata, especialmente as Leis n.º. 8.974, de 5 a) todo experimento ou manipulação genética em huma-
de janeiro de 1995, sobre o uso de técnicas de engenharia nos como Pesquisa em seres humanos, enquadrando-a na
genética e liberação no meio ambiente de organismos Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, e
geneticamente modificado,s e a Lei n.º. 9.279/96, relativa obedecendo aos princípios de autonomia, não maleficên-
à propriedade industrial. Vigora ainda a Resolução n.º. cia, beneficência e justiça;
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b) Somente serão consideradas pro- Conjugado ao princípio da respon- modo, a Lei 42/1988 sobre Doação e
postas de intervenção ou de manipula- sabilidade, o princípio da precaução, Utilização de Embriões e Fetos Huma-
ção genética em humanos aquelas que conhecido dos juristas e filósofos, apa- nos, ou de suas Células, Tecidos e Ór-
envolvam células somáticas. É proibida rece como o ponto de equilíbrio na gãos, dispõe, no artigo 22, que: “Serão
qualquer intervenção ou manipulação autorização (ou não) de experimenta- castigados com a pena de prisão de um
em células germinativas humanas ( ... ) ções científicas como a Clonagem Hu- a cinco anos e inabilitação especial para
É importante ressaltarmos ainda a mana. emprego ou cargo público, profissão e
Declaração Universal do Genoma Hu- Para Treinch, “o mundo da precau- ofício de seis a dez anos quem fecunde
mano e dos Direitos do Homem, do ção é um mundo onde há uma interro- óvulos com qualquer fim distinto da
comitê Internacional de Bioética da gação, onde os acontecimentos são procriação. E o artigo 22.2, especifica-
UNESCO, de 1997, cujo art. 11, ao se colocados em questão. No mundo da mente, incrimina:”. Com a mesma pena
referir às Pesquisas com o Genoma Hu- precaução há uma dupla fonte de in- se castigarão a criação de seres huma-
mano, dispõe: “( ... ) art. 11 – não serão certeza: o perigo, considerado em si nos idênticos por clonagem e outros
permitidas práticas contrárias à dignida- mesmo, e a falta de conhecimento procedimentos dirigidos à seleção da
de humana, tais como a clonagem re- científico sobre o perigo. A precaução raça”.
produtiva em seres humanos ( ... )”, a visa a gerir a espera pela informação. Esse instrumento jurídico internaci-
Declaração de Manzanillo, de 1996, Ela nasce da diferença de tempo entre onal funda-se na necessidade de prote-
revista em 1988, que destaca a importân- a necessidade imediata da ação e o ger a identidade do ser humano, de
cia do Convênio do Conselho da Europa momento no qual nossos conhecimen- preservar o caráter aleatório de sua
para a Proteção dos Direitos Humanos e tos científicos vão se modificar”. combinação genética natural e seu cará-
a Dignidade do Ser Humano em relação Nesse contexto, o Relatório Warno- ter único, assim como impedir sua ins-
às aplicações da Biologia e da Medicina, ck dedicou o Capítulo 12 a Recomen- trumentalização.
que declara em seu considerando n.º 2 dações sobre os possíveis e futuros de- Os genes, as menores unidades de
b – que o genoma humano constitui senvolvimentos em experimentação transmissão dos caracteres hereditários,
patrimônio comum da humanidade humana (ou manipulação genética da constituem um patrimônio da humani-
como uma realidade e não como uma espécie humana). Especificamente so- dade. Em 12 de janeiro de 1998, deze-
expressão meramente simbólica. bre a Clonagem – procedimento dedi- nove países europeus firmaram um pro-
cado a produzir seres com um núcleo tocolo na Convenção Européia de Bioé-
2. Introdução integrado por genes idênticos aos do tica, para proibir a clonagem de seres
organismo, a partir do qual a clonagem humanos. ( Art. 1º - “toda intervenção
Em junho de 1982, o Secretário de foi realizada, com o objetivo de lograr que tenha por fim criar um ser humano
Estado da Saúde e Serviços Sociais da seres geneticamente idênticos. Como idêntico a outro vivo ou morto”.
Grã-Bretanha nomeou Mary Warnock, tal, a clonagem tem sido vedada por Jean Michaud comenta que após
conceituada filósofa da Universidade de todas as legislações. vários anos de reflexão, a França pro-
Oxford, para presidir um Comitê de Para Allbin Eser (Ingenieria genéti- mulgou várias leis no âmbito da Bioéti-
Inquérito sobre Fertilização Humana e ca y reproducion assistida), a divisão ca, com vistas a prevenir os perigos para
Embriologia. O Relatório resultante foi artificial de células é eticamente justifi- a integridade da espécie humana (Lei
dividido em duas partes. A primeira cável somente quando os valores hu- 94.548, de 1º.7.94; Lei 94.653, de 29.7.94,
examina os vários procedimentos possí- manos ficam incólumes. Precisamente Lei 94.654, de 29.7.94). Condena euge-
veis para o nascimento de bebês de o contrário ocorre na produção de nia e proíbe a patenteabilidade do
casais inférteis, considerando o potenci- clones múltiplos, já que aí podemos conhecimento total ou parcial do gen
al e avançado desenvolvimento da Me- formar um número indefinido de indi- humano, bem como a clonagem. O
dicina, ciência e biotecnologia. A segun- víduos com um genótipo idêntico, su- Direito francês, como o alemão, é uma
da parte focaliza os benefícios obtidos primindo assim o caráter individual e das poucas legislações que trata especi-
pela sociedade com esses procedimen- único de um sujeito em potencial. A lei ficamente da terapia gênica de célula
tos e considera que precisam ser aplica- alemã de Proteção aos Embriões (art. somática, não aceitando a terapia da
dos procedimentos penais para a salva- 7º) ao reconhecer a importância funda- linha germinal.
guarda de direitos e inclui considera- mental da inviolabilidade genética, Na Itália, o Projeto de 8 de junho de
ções éticas fundadas na razão. “A ênfase pune a clonagem com sanção penal 1992 pronuncia-se a favor da tutela da
da nossa argumentação será ora na (Embryonenschutzgesetz ESchgt). vida humana desde o seu início, casti-
primazia dos interesses da criança e “Quem cause por meios artificiais a gando a lesão de embriões ou fetos e a
valores familiares, ora nos direitos indi- formação e ulterior desenvolvimento alteração da estrutura genética, bem
viduais de cada sociedade”, advertia de um embrião humano, que possua a como a produção de híbridos e a clona-
Warnock ( Report of the Commitee of mesma informação genética que outro gem (art. 5º). O Comitê Nacional de
Inquirity into Human Fertilisation and embrião, feto, de pessoa viva ou morta, Bioética Italiano aprovou (1990) um
Embriology, jul. 1984). será punido com reclusão de até 5 anos documento intitulado Terapia gênica,
Em Moral, não existe um simples e ou multa”. no qual examina os problemas éticos e
correto ponto de vista. A lei, não obstan- Também a Lei espanhola n.º 35, de jurídicos suscitados pela possibilidade
te, não pode ser apenas a expressão 22 de novembro de 1988, considerou, de se aplicar no indivíduo a engenharia
moral. O utilitarismo de certos procedi- em seu artigo 20, letra h, uma infração genética com a finalidade de corrigir
mentos permite-nos calcular os custos e muito grave “criar clones ou vários enfermidades hereditárias. O Comitê
benefícios. seres humanos idênticos”. Do mesmo opõe-se frontalmente à aplicação de

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terapia genética em células germinais. como “cellmass division” ou “embryo ativação do citoplasto, fusão celular, cul-
A Convenção do Conselho da Euro- splitting”. Foi usado como o “twin” tura do embrião, transferência do em-
pa, a resolução da Comissão de Direitos (gêmeo) para biópsia, evitando-se da- brião para um útero hospedeiro. Outros
Humanos das Nações Unidas, de 8 de nos e procedimentos invasivos. Quan- procedimentos foram usados em Hono-
março de 1995 (1995/82), as resoluções tos múltiplos de uma constituição ge- lulu, pelo grupo de Ryuzo Yanagimachi,
da Organização Mundial de Saúde, em nética particular podem ser criados? para clonar camundongos (Wakayama et
especial a de 14 de maio de 1997, e a alii, 1998). Eles o clonaram a partir de
Declaração Universal sobre o Genoma 4. Indivíduos, múltiplos células cumulus que circundam o óvulo
Humano e a dos Direitos do Homem, da e variação genética no ovário (MAGIC). Através desse méto-
UNESCO, de 1997, não permitem práti- do produziram 22 fêmeas de camundon-
cas contrárias à dignidade humana, ( ... A clonagem não produz cópias idên- gos saudáveis, que, depois, foram cober-
) “tais como a clonagem reprodutiva de ticas do mesmo indivíduo. Ela apenas tas e reproduziram.
seres humanos. Os Estados e as organi- produz cópias idênticas do mesmo ge- As aplicações práticas desses procedi-
zações internacionais competentes são nótipo. Gêmeos “naturais” não são dis- mentos em animais são: a pesquisa, pro-
convidados a cooperar na identificação tintos dos “artificiais”. Há objeções duzir variedades de laboratórios mais
de tais práticas e a determinar, no âmbi- quanto à clonagem pela criação de puras; a pecuária e outras áreas de cria-
to nacional ou internacional, as medidas indivíduos idênticos separados pelo ção domestica pela replicação de animais
apropriadas a serem tomadas para asse- tempo (já que podem ser implantados de elite; a preservação de espécies; a
gurar o respeito pelos princípios expos- em diferentes ciclos, talvez anos, como, multiplicação de tecidos, em vez da de
tos nesta Declaração“ (art. 11). por exemplo, os filhos de Mr. e Mrs. indivíduos inteiros para serem utilizados
A Inglaterra, em julho de 2000, anun- Wright, cujos “twins” nasceram com na medicina humana; clínicas reproduti-
ciou que permitirá a clonagem humana um espaço de dezoito meses, graças a vas humanas, etc.
para fins de terapia. técnicas de procriação humana assisti-
Íntima é a correlação das disciplinas da, na Inglaterra. Podemos chamá-los 7. Variação sobre o tema:
éticas e legal. de gêmeos?) O bebê não pode ser a clonagem de tecidos
Como vimos, o Brasil, a Alemanha, reduzido a seus pais, não a “o que é” o
a Austrália, a Dinamarca e a Espanha clone, senão a “quem é”? Essa visão No final de 1998, o Human Fertiliza-
proíbem expressamente a clonagem fundamenta-se na distinção jurídica tion and Embryology Authority, em um
humana. entre coisa e pessoa (sujeito e objeto). relatório conjunto com o Human Gene-
Recentemente, a França anunciou, Filhos da Ciência, frutos de um tics Advisory Commission, autorizou a
por intermédio do primeiro Ministro instante do futuro, o tempo virtual. tecnologia de clonagem para cultivar
Lionel Jospin, que está redigindo uma tecidos humanos que fossem usados para
nova lei que permite a pesquisa no 5. Usando embriões clonados em recuperação. As células seriam usadas
embrião humano para ajudar a corrigir benefício de outros (siblings) para criar um embrião e depois as células
defeitos genéticos de nascença e doen- do jovem embrião seriam cultivadas para
ças. Para tanto, seria permitida a retirada É eticamente dúbio o procedimento fornecer tecido geneticamente idêntico
de células tronco de embriões de entre que sacrifica um elemento para salvar ao do doador. O embrião propriamente
7 e 12 dias, que não forem destinados à outro. É diversa a situação em que dito seria “sacrificado” (até 14 dias). Os
reprodução assistida, para serem trans- tiramos uma célula ou duas para bióp- médicos, destarte, poderiam começar a
feridas para pacientes que sofram de sia embrionária da que tiramos a célula ativar e a desativar genes conforme dese-
doenças incuráveis como diabete ou o para criarmos um clone? Antes do está- jassem. Ao mesmo tempo, os biólogos
mal de Alzheimer (Reuters e EFE, in: gio de 32 células, temos um número estão desenvolvendo maneiras de indu-
Jornal o Estado de 29.11.2000, p. A14). viável de embriões em potencial. Esses zir células cultivadas a crescerem dentro
embriões podem ser recombinados em e em torno de moldes, de modo que se
3. A arte do possível um outro embrião viável. formem “fac-símiles” de órgãos huma-
nos. A Roslin – Bio – Med, a nova
O impacto da biotecnologia e, em 6. Substituição nuclear companhia de biotecnologia do Instituto
particular, da revolução genética em (transferência nuclear) Roslin, vem trabalhando nesse campo.
nossa vida acentuou-se quando, em
1993, os professores Robert Stillmann e Em julho de 1996, em Roslin, na 8. Clonagem com transferência
Jerry Hall, da Universidade George Escócia, nasce Dolly, uma amistosa ove- genética: a produção de drogas de
Wahington, nos Estados Unidos anunci- lhinha da raça Finn-Dorset. A equipe de valor farmacêutico
aram a clonagem de embriões humanos Ian Wilmut e Keith Campbell conse-
(New York Times, 01.11.93). Segundo os guiu uma cópia idêntica de uma ovelha “Pharming”, a criação extensiva de
cientistas apontados, chegou-se à clo- mais velha, a partir de uma célula animais transgênicos é exemplo desse
nagem como tentativa de ampliar as retirada de sua glândula mamária culti- caminho.
possibilidades de fertilização in vitro. vada in vitro. Outros clones famosos de Sem dúvida, a ciência avança num
Não pensaram em levar adiante a evolu- Roslin, as ovelhas Megan e Morag, ritmo estonteante e há ainda uma imen-
ção de mais do que um embrião mono- nasceram um ano antes dela, em 1995. sidade de coisas a serem descobertas.
zigótico, de tal modo que os clones não O procedimento de transferência Quanto tempo levará para que os seres
passaram da fase embrionária (duas a nuclear inclui: preparação de um ovó- humanos completos possam ser clona-
oito células de um único embrião). cito enucleado (citoplasto), isolamento dos rotineiramente?
O procedimento usado é conhecido da célula doadora ou do núcleo doado, Para Ian Wilmut:
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“( ... ) Consideramos a clonagem de Richard Seed, formado em física, em cia da espécie humana como tal. Além
ser humano como uma temível mano- 1998, lançou uma campanha para clo- desses, há ainda os bens jurídicos de
bra diversionária: supérflua, como pro- nar um ser humano. natureza difusa (interesses difusos), que
cedimento médico e, de maneira geral, Faltavam-lhe fundos, mas, em mea- se referem à sociedade como um todo,
repugnante”. ( ... ) “A clonagem humana dos de 1999, anunciou que clonará sua de forma que os indivíduos não têm
está agora no espectro de possibilidades esposa. disponibilidade sem afetar a coletivida-
futuras – e nós, mais do que quaisquer Um desejo equivocado de imortali- de. O manejo ecológico das espécies
pessoas, contribuímos para que lá fosse dade contagia muitos. Ainda assim, será tem por base a proteção da diversidade
colocada. Gostaríamos que não fosse que justifica a clonagem de seres huma- biológica.
assim, mas é e continuará sendo en- nos? A engenharia de linhagem germi- Diversidade designa a riqueza do
quanto a civilização existir”. (The Se- nativa acha que há uma grande proba- conjunto dos seres vivos (biocenose),
cond Creation, 2000). bilidade de acontecer no século XXI. localizada em determinada área (bioto-
pos). A clonagem põe em questão o
9. Apenas mais uma 10. Direitos humanos, equilíbrio ecológico da espécie humana.
tecnologia reprodutiva? deveres humanos
11. O “direito de clonar
A reprodução não ocorre com facili- Os recentes conhecimentos sobre o e de ser clonado”
dade entre os seres humanos. Todavia, genoma humano e suas aplicações re-
a clonagem não é projetada para auxiliar percutiram em todos os seres, dado que Em face dessas realidades, e pensan-
a reprodução sexual normal. Ela é um o genoma é uma constante comum a do para além delas, não estár excluído
exercício de replicação. A fertilização é todos. Em relação às intervenções gené- que se desenvolvam atividades mais ou
substituída por outro processo: o de ticas humanas, abre-se uma nova pers- menos clandestinas, é natural que se
transferência nuclear. Crucial é o fato de pectiva: a dos “deveres humanos” para reflita sobre o enquadramento jurídico
que a clonagem não produz indivíduos com outros membros da espécie huma- dessas novas técnicas e sobre alguns
geneticamente singulares. O sacrifício na, derivados da solidariedade e da procedimentos, como a clonagem, em
da singularidade nos leva a perguntar se responsabilidade coletiva. particular.
são os indivíduos clonados realmente O controle e a prevenção de algu- Sendo um problema básico de cida-
idênticos ou apenas semelhantes? mas ações relacionadas com o genoma dania, ele requer humildade para que se
Os genes não são tão constantes humano comporta a declaração legal de faça escutar a voz de todos os cidadãos.
como imaginamos. Eles são sujeitos a sua licitude. Uma vez estabelecido este O artigo 226, §7º, da Constituição
mutações. Além disso, eles operam em marco é preciso delimitar os bens jurí- Federal Brasileira, consagra o direito
constante diálogo com o ambiente que dicos, valores ou interesses, que podem fundamental de “constituir família”. Tra-
os circunda. Gêmeos idênticos podem se ver afetados por essas intervenções. ta-se do direito fundamental de procriar
dividir um mesmo útero, mas não ocu- Em qualquer caso, não se pode e de ver a prole juridicamente reconhe-
pam a mesma parte do útero. Há proba- aspirar a soluções definitivas, primeiro cida. A questão que nos interessa é,
bilidade de as diferenças serem ligeiras, porque ainda não são suficientemente porém, diferente: é a de saber se há um
mas, a despeito disso, pode haver dife- conhecidos os resultados a que podem direito à autoprocriação ou replicação
renças físicas e até funcionais. dar lugar as aplicações derivadas desse própria ou de terceiros, por meio do
O clone ancestral pai ou mãe e o conhecimento. Em segundo lugar, por- recurso das novas técnicas biomédicas.
clone criança estão em pontos diferen- que o que na atualidade pode se mos- É fácil dizer que o preceito não foi
tes de seu programa genético. Deixando trar como indesejável, pode não ser elaborado com essa última acepção. Tra-
de lado as diferenças de mutação e percebido assim no futuro. ta-se apenas de uma faceta de um pre-
expressão, eles estão operando permu- As correntes humanistas das últimas tenso direito subjetivo ao que é possível
tações diferentes de seus genes, retira- décadas deram especial reconhecimen- tecnologicamente. A questão seria tida
das de pontos diferentes, no programa. to à dignidade humana e ao livre desen- como privada e não serão bem aceitas
Funcionalmente, a qualquer momento volvimento da personalidade, como va- mais do que os vagos limites da licitude,
dado no tempo, eles serão pessoas lores individuais do ser humano. A estabelecidos, aliás, com generosidade.
muito diferentes. Por outro lado, a influ- maior parte dos bens jurídicos de titula- A Família e o Estado vivem em per-
ência dos genes é difundida. A criança ridade individual como a vida, a integri- manente tensão dinâmica que, segundo
clonada estaria operando no mesmo dade física e psíquica, a liberdade de a matéria de que se trata, se resolva mais
programa genético em que seu clone decisão ou autodeterminação, a intimi- a favor dos critérios particulares dos
progenitor ainda estivesse, e poderia dade, podem se ver comprometidos indivíduos ou segundo as exigências do
esperar, no mínimo, que se restabele- pela clonagem. Perfilam-se outros de interesse público. Não se estranha que,
cesse ou se recriasse a pessoa que fora caráter coletivo: a inalterabilidade e nesse assunto particular, a tensão se
seu pai ou sua mãe. intangibilidade do patrimônio genético torne aguda.
Em suma, a clonagem pode produzir do ser humano, para garantir a própria Segundo a nossa tradição cultural, a
um conjunto de indivíduos quase indis- integridade e diversidade da espécie reserva da intimidade da vida familiar
tinguíveis. Contudo, esses podem ser humana; a identidade e irrepetibilidade não pode excluir o Estado e a lei de uma
visivelmente diferentes, sendo que os característica do ser humano, como intervenção extensa, nesta matéria. Na
clones genotípicos diferem mais do que garantia de sua individualidade; a dota- Europa e no nosso país, o Estado não
os outros que são gêmeos idênticos ção genética, de linha genética mascu- fixou as barreiras longínquas da legali-
convencionais. lina e feminina e a própria sobrevivên- dade, deixando à mera consciência dos

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cientistas o poder de fixar o que é lícito c) o ser humano que resultar clona- da dignidade humana. Assegura-se que
e bom. do: o clone; as tecnologias – sendo a clonagem mais
O direito à identidade pessoal releva pode suceder que as duas primeiras uma – são em si mesmas neutras e que
entender-se que o conhecimento das partes coincidam. Por outro lado, até sua valoração depende dos objetivos
raízes genéticas e de sua dotação é tão que a clonagem se converta em uma perseguidos. Todavia, a experimenta-
forte que outros interesses não justifi- técnica viável e efetiva para a reprodu- ção nesse campo exige o sacrifício de
cam sua restrição. ção humana, temos que incluir todas as muitos embriões humanos e a utiliza-
O Direito Penal limita-se a tutelar a mulheres e embriões humanos que so- ção de várias mulheres (instrumentali-
dignidade humana e a defender a liber- freram a experimentação. zação e desproteção do embrião).
dade da decisão individual. Em todo o caso, o resultado que
Em outro artigo do Código Civil, a) O ponto de vista do clonador oferece a técnica em si é a de um ser
afirma-se que, as ações relativas a filia- ou a extensão do direito à reprodu- geneticamente idêntico a outro, des-
ção, são admitidos, como meio de pro- ção provido de pais biológicos. Não parece
va, os exames de sangue e quaisquer O ponto de partida da clonagem que tal resultado seja neutro, porque
outros métodos cientificamente com- com fins reprodutivos é a vontade de afeta um terceiro: o novo ser humano.
provados. alguém que quer clonar outro. Existe Por isso, quando orientada a reprodu-
Quem são os pais do ser clonado? Na um “direito da pessoa a auto-reprodu- ção humana para a clonagem, não se
“inflação de pretensos direitos, não tem ção”, ou à “reprodução alheia”, pela exerce aí um direito, mas uma atividade
sentido, no caso, interpretar a expressão técnica de clonagem, ou existe, ao ilícita.
“direito ao filho”, contra a sociedade ou contrário, o direito a ser concebido sob Como a dignidade humana aparece
a espécie humana. Continuar a espécie determinadas condições? configurada como um direito universal,
– continuar-se – é a “liberdade das Poderia o Direito criar a situação de não se pode esgrimi-la como limite à
liberdades” e a recurso da clonagem “órfãos biológicos ?” Não pode haver liberdade científica. A garantia instituci-
não cabe no exercício da liberdade paternidade nem maternidade sem re- onal de um núcleo inviolável constitui
constitucional de procriar. produção sexual. A clonagem, como limite à liberdade científica e tecnológi-
mecanismo de reprodução assexual, ca (mínimum invulnerável), que todo
12. Artificial Life – faz desaparecer ambas as figuras (pai, estatuto jurídico deve assegurar.
Clones e Imortalidade mãe).
A falta de pais biológicos não é a c) O ponto de vista do ser huma-
Para Christopher Langton, a vontade única conseqüência desse processo. A no clonado: o direito a uma determi-
de “purificação dos genes” pertence à pessoa clonada está geneticamente pre- nada forma de concepção
vontade de “purificação do planeta”. determinada pela vontade do clonador. O dilema que se propõe é:
Fala-nos de seres artificiais “purifica- Suas características genéticas não serão Será irrelevante para um ser huma-
dos” de toda doença possível, em um aleatórias, mas conseqüência de uma no ser geneticamente idêntico a outro,
mundo absolutamente perfeito. Em sua eleição julgada útil para o clonador. O por decisão de um terceiro e não pos-
utopia, a higiene aparece como fator criar clones para utilidade do clonador, suir pais biológicos? Ou, em outros
dominante de regulação social, permi- ou da sociedade, é uma instrumentali- termos, a unicidade da dotação genéti-
tindo a recriação de Adão, no Paraíso, zação humana intolerável, que abre as ca, mais a paternidade e a maternidade
antes do pecado, através do artefato portas ao “Admirável Mundo Novo”, de biológicas são essenciais ao ser huma-
tecnológico. A clonagem do indivíduo Huxley. no? Devem ser tutelados juridicamente?
perfeito aparece nessa lógica utópica da O ser humano tem o direito a que Desde logo, se a resposta é afirma-
saúde perfeita ou de um “Chernobyl seu patrimônio genético seja único, tiva, a tutela deve-se centrar precisa-
biológico”. Como vimos, a clonagem irrepetível e não predeterminado por mente no momento da concepção.
pode nos tornar imortais. De que forma ninguém. Isso não mostra que seja O filho a ser concebido tem direito
os gens são “imortais”? Nossos gens justificada a intervenção genética na a ser fruto de uma reprodução sexual,
provêm do mais antigo ancestral huma- linha germinal, com finalidade estrita- que é a única que outorga uma filiação
nóide e esses gens provêm da mais mente terapêutica. O problema delica- biológica e não atenta contra o princí-
antiga forma de vida na Terra. Transmi- do consiste em determinar quais são as pio da igualdade na concepção. O novo
tem-se para as próximas gerações pelo patologias que justificariam esse tipo de ser humano não pode ser “fabricado”
conhecido método de reprodução. Essa intervenção. com um propósito ou fim. O modelo
é uma espécie de “imortalidade”. Sob Na atualidade, o Convênio dos Direi- clonado resulta de um processo de
certo aspecto é esse o sentido da palavra tos Humanos e a Biomedicina proíbem reprodução, uma propriedade, em que
“reprodução”. qualquer modificação do genoma hu- um fornece a matéria e o outro elabora.
As partes envolvidas pela Clonagem mano que afete a descendência. Ele nada mais é que um programa
Humana são: preconfigurado pelas expectativas da-
a) os indivíduos que desejam a clo- b) O ponto de vista do agente da queles que elegeram sua dotação gené-
nagem própria ou de terceiros, outra clonagem. Os limites à liberdade de tica. As vítimas dessa situação sofrem
pessoa viva ou morta, como um filho investigação um autêntico “aprisionamento genéti-
morto, por exemplo; A segunda parte envolvida na clona- co”, que é uma das formas mais invasi-
b) a equipe técnico–científica, que gem é a equipe científica capaz de levá- vas de atentar contra a liberdade. A
dispõe dos meios para realizar essa la a termo. Aqui, o conflito se daria entre liberdade é irredutível a qualquer mani-
vontade; a liberdade de investigação e a proteção pulação.
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Não pretendemos justificar uma san- da espécie humana. não). A possibilidade da eugenia, a
ção irreversível dos tratamentos tera- A Lei sobre Técnicas de Reprodução redução da diversidade genética hu-
pêuticos na linha germinal, assunto a Assistida, de1988, da Espanha, tem rela- mana, o desequilíbrio ecológico das
que já nos referimos. Uma coisa é reali- ção com o caso concreto que estamos espécies, a criação de bancos de ór-
zar uma terapia gênica para evitar o examinando, no artigo 20.B.2, letras “K” gãos de seres humanos clonados são
desenvolvimento posterior de uma en- e “L”: fatores que não podem ser descarta-
fermidade, e outra é projetar e criar um ( ... ) “criar seres humanos idênticos, dos.
ser humano, com um determinado códi- por clonagem e outros procedimentos Por outro lado, Higuera Guimera
go genético. Supostamente, quando fa- dirigidos à seleção da raça; e a criação atenta para casos difíceis de ser avali-
lamos de terapia gênica não incluímos a de seres humanos por clonagem ou ados, nos quais a clonagem não só
eliminação de embriões pré-implantató- qualquer das variantes, ou qualquer seria legítima, mas também lícita, na
rios. Isso não é terapia, porque não cura, procedimento capaz de originar vários Espanha. Concretamente, trata-se do
mas é sim acabarmos com uma vida seres humanos idênticos” constituem recurso à técnica de divisão gemelar
humana incipiente. delitos. para garantir o êxito da fecundação in
A reprodução sexuada produz indi- Também o Código Penal Espanhol, vitro, quando a mulher tem problemas
víduos geneticamente diferentes. A clo- de 1995, no seu artigo 162:2, prevê: de ovulação, e para praticar sem riscos
nagem, em conseqüência, constitui um “Com a mesma pena se castigarão a o diagnóstico pré-implantatório do
procedimento dirigido a produzir seres criação de seres humanos idênticos por embrião.
com um núcleo integrado por genes clonagem e outros procedimentos diri- Finalmente, a clonagem não é uma
idênticos aos do organismo a partir do gidos à seleção de raça”. intervenção curativa, sequer alternati-
qual a clonagem foi realizada. Tem a) O bem jurídico protegido é de va. Cria uma situação assimétrica entre
como objetivo lograr seres genetica- caráter coletivo: a identidade e a irrepe- o homem e a mulher. A mulher pode
mente idênticos. tibilidade do ser humano e a intangibi- se “auto-reproduzir”, o que será im-
A clonagem humana, como método lidade do patrimônio genético. Não de- possível para o homem, podendo mes-
de auto-reprodução ou de reprodução vemos esquecer a importância da diver- mo se chegar à extinção total da figura
de terceiros (um filho morto), é contrá- sidade biológica, como garante, a longo masculina. A clonagem produz altera-
ria à natureza da pessoa humana, sendo prazo, a sobrevivência das espécies, no ções, ou até mesmo cancela, as rela-
vedada pela maioria das legislações vi- caso, a humana. ções parentais e familiares conhecidas.
gentes. b) Há também uma projeção indivi- A consciência de ser a cópia gené-
A Convenção de Oviedo (12.01.98) dual, enquanto tal lesão comporta, ao tica de outro indivíduo humano pode-
celebrada em Paris, elaborou um “Pro- mesmo tempo, um atentado à dignida- rá sufocar a autenticidade, a peculiari-
tocolo de Clonagem”. Esse protocolo foi de das pessoas afetadas, no caso em que dade do próprio ser. A clonagem hu-
firmado por dezenove Estados. Um dos cheguem a nascer. mana deve ser posta, por tais motivos,
pontos a ressaltar é que: O primeiro tipo não compreende as em um plano qualitativamente diverso
( ... ) “Proíbe-se qualquer interven- práticas de clonagem em si mesmas, que do da clonagem animal.
ção que tenha por objetivo criar um ser se realizem sobre um óvulo mediante
humano geneticamente idêntico a ou- sua enucleação e a introdução de um Referências Bibliográficas
tro, seja vivo ou morto”. novo núcleo de uma célula somática, o
“Para os efeitos deste artigo, a ex- que poderia dar lugar ao tipo de mani- WAKAYAMA Teru, Perry AC, et alii
pressão ser humano geneticamente idên- pulação genética. – Full – Term development of mice
tico a outro ser humano significa com- Clones: filhos sem pais, nem huma- from enucleated oocytes injected with
partilhar com o outro a mesma carga nos, nem animais, nem sequer divinos! cumulus cell nuclei, in : Nature. 394:
nuclear genética”. À vista do exposto, podemos con- 369-374, 1998.
cluir que o direito dos pais a se reprodu- WILMUT,Ian et CAMPBELL, Keit.
Conclusões zirem tem um conteúdo de direito- The Second Creation. Trad. Ana Deiró,
dever. Direito que consiste em ninguém Rio de Janeiro, Objetiva, 2000.
Contra a clonagem humana não se poder impedir ou obrigar um casal a SANTOS, Maria Celeste Cordeiro
pronunciaram apenas autoridades reli- procriar, mas que não inclui satisfazer a Leite. Imaculada Concepção. Nascen-
giosas, teólogos, políticos e filósofos da ânsia de reprodução a qualquer preço. do “in vitro” e morrendo “in machina”.
categoria de Hans Jonas, mas também Tem também uma dimensão de dever, Aspectos históricos e bioética da procri-
relevantes homens da Ciência. Para citar que inclui, em primeiro lugar, o princí- ação humana assistida no Direito Pe-
um só exemplo: o legendário James pio da filiação, que assegura a existên- nal Comparado. São Paulo, Ed. Acadê-
Watson, que, em 1953, junto com Fran- cia de um pai e uma mãe biológicos e de mica, 1993.
cis Crick, descobriu a dupla hélice do um código genético original. ________ O Equilíbrio do Pêndulo.
DNA, e é um dos responsáveis pelo A liberdade de investigação tem como A Bioética e a Lei. Implicações Médico
Projeto Genoma Humano, nunca olhou limite o respeito aos direitos, o que veda Legais. São Paulo, Ícone Editora, 1998.
com bons olhos esse assunto. Já em a clonagem humana. MINTIER,Brigitte Feuillet –
1971, escreveu um artigo: “Moving to- Além disso, não se sabe a idade da L’Embryon Humain Approche Multi-
wards the clonal man: is this what we pessoa clonada (se a cronológica ou a disciplinaire. Paris, Economica, 1996.
want ?”, advertindo sobre a possibilida- da pessoa da qual se extraiu a informa- HEYMANN – DOAT – Genetique &
de de que, em um prazo de 20 ou 50 ção genética), nem a evolução vital Droits de L’Hommo. Paris, Univ. Paris
anos, fosse viável a reprodução clônica dessas pessoas, se serão estéreis (ou Sud, 1998.
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