Você está na página 1de 59

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
UMA BREVE HISTÓRIA DO SAXOFONE ...................................................................... 2
O SAXOFONE NO BRASIL ............................................................................................... 3
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS .......................................................................... 5
A FAMÍLIA DOS SAXOFONES ........................................................................................ 7
AS PARTES DO SAXOFONE ............................................................................................ 8
TESSITURA......................................................................................................................... 9
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PARA EXECUÇÃO ................................................... 13
VIBRATO .......................................................................................................................... 15
O SAXOFONE E A FAMILIA DAS MADEIRAS ........................................................... 16
BOQUILHA ....................................................................................................................... 18
PALHETAS........................................................................................................................ 21
ABRAÇADEIRA ............................................................................................................... 23
CORREIAS ........................................................................................................................ 23
CUIDADOS BÁSICOS ...................................................................................................... 24
ORIENTAÇÕES PARA COMPRAR O INSTRUMENTO ............................................. 24
SUGESTÃO PARA POSTURA DO CORPO E O USO DE CORREIAS ....................... 25
PRINCÍPIOS DA RESPIRAÇÃO PARA SAXOFONE ................................................... 30
EMBOCADURA ................................................................................................................ 33
NOTAS LONGAS .............................................................................................................. 38
ARTICULAÇÃO ............................................................................................................... 41
ESCALA MAIOR .............................................................................................................. 46
EXERCÍCIOS DE MECANISMOS .................................................................................. 47
ESTUDO/PRÁTICA DE CONJUNTO ............................................................................. 49
SAXOFONE BARÍTONO ................................................................................................. 51
OITAVA CORRETA DO SAXOFONE BARÍTONO NO HINÁRIO:............................ 51
SAXOFONES, BARÍTONO, BAIXO E CONTRA BAIXO ............................................. 53
REPERTÓRIO BÁSICO PARA REFERÊNCIA ............................................................. 54
Métodos adicionais para o estudo do saxofone: ................................................................ 54
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 56
INTRODUÇÃO

Após sua primeira audição em uma obra orquestral, por volta de 1844 na ópera Last King of
Juda, de Georges Kastner (1810-1867), o saxofone se popularizou pelo território europeu,
passando a fazer parte das bandas militares francesas. Com a fabricação em série, o saxofone
passou a ser distribuído em todos os continentes, adquirindo uma personalidade distinta em
cada cultura.

Na Europa seu som aproxima-se das cordas; nos Estados Unidos da América o saxofone tornou-
se uma das vozes mais radicais e importantes do Jazz, conquistando o mercado fonográfico e
tornando-se conhecido em todo mundo.

O saxofone é um instrumento muito versátil e expressivo, por isso ele deve ser bem controlado.
Se o músico não aprender a controlar bem o seu saxofone, ele sempre vai soar exagerado e
caricato, e é justamente aí que se esconde a dificuldade de tocar verdadeiramente bem.
Dependendo da boquilha, palheta, embocadura, possui uma gama de timbre e sonoridades que
vai do som mais amadeirado e escuro (saxofone erudito) ao som mais metálico e estridente
(música popular, Jazz, Rock, pop etc.); portanto é necessário ter conhecimento do instrumento
para buscar um timbre que seja compatível com instrumentos de orquestras sinfônicas.

Esse trabalho está inclinado totalmente para a vertente da Música de Concerto e/ou a chamada
Música Erudita, visto que é nesta segmentação onde nossa orquestra encontra-se situada. O
objetivo desse trabalho é instruir os irmãos candidatos e saxofonistas da CCB quanto às
características sonoras e a execução do saxofone na música de concerto, visando adequação do
instrumento à proposta musical de nossas orquestras.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 1
UMA BREVE HISTÓRIA DO SAXOFONE

Antoine Joseph Sax nasceu no dia 6 de Novembro de 1814 numa cidade belga chamada Dinant.
Sax aprendeu o ofício de seu pai, que era construtor de instrumentos e desde muito novo esteve
ligado ao mundo da fabricação de instrumentos musicais. Antoine Joseph, apelidado de
“Adolphe”, estudou clarinete e flauta no conservatório de Bruxelas com Bender (diretor de
música do regimento de Guides). Ao tocar e familiarizar-se com o clarinete foi-se apercebendo
daquilo que achava serem imperfeições e logo fez questão de melhorá-las.

Sax destacou-se na construção de instrumentos de sopro: clarinetes, flautas, mas também


guitarras, harpas, violinos e pianos. Apresentou-se oficialmente pela primeira vez na Exposição
Nacional de Bruxelas entre Outubro e Novembro de 1835, exibindo um clarinete com 24
chaves. O trabalho deste fabricante foi apoiado por muitas personalidades estrangeiras tais
como Georges Kastner (autor de obras pedagógicas e algumas composições), Fétis (fundador
da revista francesa Revue Musical), Habeneck (que estreou as sinfonias de Beethoven em
Paris), Savart (professor do Colégio de França), Berlioz e o general Rumigny.

Em Outubro de 1842, depois de obter um subsídio do governo belga, Sax fixou-se na Rua
Neuve-Saint-Georgesem Paris, onde teve que competir com outros grandes fabricantes de
instrumentos. Graças a um empréstimo do flautista Dorus, Sax adquire uma espécie de armazém
que vai lhe servir de alojamento. Pouco depois, em 1843 abre uma fábrica de instrumentos onde
vende seus produtos, em Outubro do mesmo ano a Revueet Gazette Musicale fala do interesse
despertado pelo clarinete baixo de Sax nos clarinetistas da ópera de Paris.

No ano de 1848, transformou a sua modesta oficina numa grande fábrica, que contava com 191
trabalhadores e de onde saíram 20.000 instrumentos entre os anos de1843 e 1860. Nessa mesma
oficina construiu também uma sala de concertos que, pouco a pouco, foi conseguindo uma
grande reputação. Com este sucesso, não tardaram as conspirações contra Sax.

Em Dezembro de 1843 amplia novamente o seu clarinete baixo e desta vez Berlioz utiliza-o no
seu Réquiem, sendo o próprio Sax a interpretá-la. Pouco tempo depois, o mesmo Berlioz
organiza um concerto que foi realizado na sala Herz de Paris, transcrevendo o seu Chant Sacré
para um conjunto de seis instrumentos, todos eles inventados por Sax. Sax demonstrou que o
timbre de um instrumento está determinado, não pela natureza do material que o instrumento é
construído, mas sim pela proporção de ar que é emitida para dentro deste.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 2
Bom entendedor dessa lei, conhecida como Lei das proporções, Sax aperfeiçoou, engrandeceu
e completou grande parte dos instrumentos de sopro, madeira ou metal. Inventou novos tipos
de instrumentos, como:
Saxtrompas ou Bombardinos/Eufonium (corno sax), família de seis membros, foi um
instrumento que se utilizou em bandas com frequência e foi patenteado em 1843.
Sax-trombas, família de sete membros patenteada em 1845.
Saxofones, família de oito membros registrada em 1846.
Saxtubas, patenteada em 1849.
Sax também se interessou por instrumentos de percussão e durante os anos de 1852 e 1863
registrou uma série de patentes relativas a timbales, bombos e tambores. Sax viveu uma vida
longa; ficou arruinado por três vezes, mas nunca deixou de estudar, inventar e aperfeiçoar
instrumentos. Morreu em 7 de Fevereiro de 1894 com 80 anos de idade, completamente
arruinado, deixando ao mundo da música uma grande contribuição.

O SAXOFONE NO BRASIL

A literatura musicológica sobre o saxofone no Brasil é bastante escassa e com isso é impossível
determinar precisamente quando este instrumento foi introduzido no país. É sabido, porém, que
a sua trajetória sempre esteve intimamente ligada à música popular brasileira, pois os primeiros
expoentes do saxofone eram justamente músicos ligados aos grupos de choro, estilo musical
muito popular no Brasil que começou a ser estruturado no final do século XIX e início do século
XX, e também às bandas militares.

Os primeiros registros da utilização dos saxofones no Brasil são do final do século XIX e
constam justamente em registros de bandas militares, seguindo a tendência das formações
militares francesas que haviam incorporado esses instrumentos aos seus contingentes. No
Brasil, o saxofone chega 40 anos após a sua invenção e insere-se justamente nesse meio.
Frequentemente essas bandas marciais se apresentavam nos coretos de praças e jardins e
começaram a incluir em seus repertórios os gêneros musicais mais em voga na época, a saber
valsas, polcas, schottisches e mazurcas, todos eles importados da Europa. Aos poucos, esses gêneros
foram se modificando para se tornar o que conhece-se hoje por choro.

Os primeiros saxofonistas brasileiros foram flautistas ou clarinetistas que migraram para o


saxofone, muitos dos quais fizeram do saxofone, posteriormente, o seu instrumento musical.
Todavia, a maior parte deles dedicaram-se quase que exclusivamente à prática da música
popular. A exceção a eles foi Ladário Teixeira (1895-1964), músico mineiro, cego de nascença
que dedicou à prática da música de concerto e conquistou, na sua época, grande renome

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 3
internacional. Ladário ficou muito conhecido por conseguir tocar notas muito agudas, fora da
extensão do saxofone. Outros nomes da primeira geração de saxofonistas eruditas brasileiros
foram Waldemar Szpilman (de origem polonesa), Sandoval de Oliveira Dias e Paulo Moura,
porém esses três últimos não dedicaram exclusivamente à prática da música de concerto.

Há de se mencionar ainda os trabalhos do professor Dilson Florêncio, que estudou no


Conservatório de Paris sob a tutela de Daniel Deffayet. Dilson Florêncio é o único saxofonista
latino-americano a ganhar o primeiro prêmio do concurso para saxofone do Conservatório de
Paris (Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris), um dos principais prêmios para
o instrumento.

Além de instrumentistas, alguns compositores brasileiros escreveram obras para o saxofone. A


primeira peça brasileira escrita para saxofones é da autoria de Francisco Braga (1868-1945), na
peça melodramática O Contratador de Diamantes, um dos movimentos intitulado Cantigas e
danças de pretos foi adaptada para Quarteto de Saxofones. Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
dedicou a sua Fantasia para Saxofone Soprano e Pequena Orquestra para o segundo professor
de saxofone do Conservatório de Paris, Marcel Mule. A peça acabou sendo estreada anos mais
tarde por Waldemar Szpilman. Outro compositor que escreveu obras que hoje fazem parte do
repertório tradicional do saxofone foi Radamés Gnatalli (1906-1988). Sua peça mais conhecida
para esse instrumento é o Concertino para Saxofone Alto e Orquestra.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 4
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

O Saxofone é um instrumento jovem, nascido em meados do século XIX. Nessa época, a


fabricação de instrumentos baseava-se na afinação, na facilidade da emissão de som e na
digitação. Em 1840, Adolphe Sax, já em Bruxelas, se encarrega de gerir a oficina de seu pai;
ele teve a ideia de criar um instrumento de sopro em que a sonoridade deste se aproximasse dos
instrumentos de cordas, mas que tivesse mais intensidade e, ao mesmo tempo, não fosse muito
difícil de tocar.

A partir dessa ideia surge o saxofone, um dos poucos instrumentos de uso comum na música
ocidental que é tão conhecido e, ao mesmo tempo, tão desconhecido. Este instrumento combina
as características do oboé (tubo cônico, porém mais largo) e do clarinete (boquilha e palheta
simples). A popularidade do saxofone deve-se à sua difusão em meios como o teatro musical,
a opereta e em movimentos musicais tais como música militar e, sobretudo, o Jazz, apesar de
ter sido criado para tocar em bandas e orquestras sinfônicas.

Os saxofones foram construídos em várias tonalidades: em Fá e Dó, destinados à orquestra


sinfônica e em Mib e Sib, destinados a tocar em bandas militares. O saxofone surge a partir de
uma experiência de Adolphe, que adaptou uma boquilha de Clarinete ao bocal de um Oficleide.

O Oficleide é um instrumento antecessor ao Saxofone e foi largamente usado em bandas


marciais e civis até o século passado. Trata-se de um instrumento feito de metal que possuía
chaves com sapatilhas e bocal como o trompete. É uma evolução de outro instrumento chamado
“Serpentão”, que também era feito de um tubo oco contorcido de madeira. O resultado foi um
novo instrumento que ele batizou de Saxofone; o nome é o resultado da junção do nome de sua
família,” Sax”, com o sufixo “fone” que quer dizer voz.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 5
O Saxofone foi patenteado em 1846 incluindo 14 variações: Sopranino em Eb, Sopranino em
F, Soprano em Bb, Soprano em C, Alto em Eb, Alto em F, Tenor em Bb, Tenor em C, Barítono
em Eb, Barítono em F, Baixo em Bb, Baixo em C, Contra Baixo em Eb, Contra Baixo em F.
Contudo os mais usados pela relação acústica são o Soprano em Bb, Alto em Eb, Tenor em Bb
e o Barítono em Eb.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 6
A FAMÍLIA DOS SAXOFONES

Apesar de o saxofone pertencer a uma família de oito membros (contrabaixo, baixo, barítono,
tenor, melody (tenor em C), alto, soprano e sopranino, os compositores se limitaram a utilizar
o saxofone alto na maioria das peças e algumas poucas vezes o tenor e o soprano, deixando os
restantes para segundo plano.

Estes instrumentos comportam-se como uma verdadeira família, tendo qualidades e defeitos,
que se podem considerar como hereditários, guardando cada um o seu próprio caráter e
personalidade. Um é ligeiro, o outro é sombrio, um é caprichoso e outro é profundo. Hoje em
dia são fabricados em série seis destes oito saxofones, e mesmo assim em quantidades muito
desiguais.

O contrabaixo só existe cerca de uma dezena de exemplares, sendo alguns deles já peças de
museu. Reunidos todos os saxofones, estes atingem um âmbito igual ao de uma orquestra. A
combinação do corpo metálico com a embocadura proporciona ao saxofone uma vasta
variedade de sons, desde a sugestão de notas metálicas da trompa ao som profundo e melodioso
do violoncelo, passando pelos timbres agudos e delicados da flauta.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 7
AS PARTES DO SAXOFONE

O saxofone é composto de: boquilha (com palheta e braçadeira), tudel e corpo (campana com
a curva soldada).

FIGURA 1 DA ESQUERDA PARA A DIREITA:

TUDEL, PALHETA, ABRAÇADEIRA, BOQUILHA,

CAPA PARA BOQUILHA E O CORPO COM A CAMPANA SOLDADA.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 8
TESSITURA

O saxofone, tal como muitos outros instrumentos, é transpositor, isto quer dizer que não se
escreve na partitura do saxofone as mesmas notas que o público ouve. Isto acontece para que
os saxofonistas só tenham de aprender uma digitação para toda a família dos saxofones.

Por exemplo, se quer que um saxofonista toque o lá do diapasão, na partitura aparecerá: Para
saxofone sopranino: Fá # Para saxofone soprano: Si Para saxofone alto: Fá # Para saxofone
tenor: Si Para saxofone barítono: Fá # (agudo).

Diz-se que o soprano está em Si b, porque quando ele toca a nota Dó, o que se ouve é um Si b.
Apesar das possibilidades de extensão no superagudo (harmônicos), todos os saxofones têm o
mesmo âmbito, duas oitavas e uma sexta menor, à exceção do saxofone barítono, que possui
mais uma nota (Lá grave), que lhe permite tocar, em som real, um Dó, que seria um Dó grave
para o violoncelo.

A família, do mais agudo ao mais grave, se apresenta assim (as proporções mostradas nas
fotos entre os instrumentos, não correspondem as dos tamanhos reais):

SOPRANINO EM MIb

Fabricado em forma reta, como mostra o exemplo acima. Trata-se de instrumento raro, no Brasil
há poucos exemplares.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 9
SOPRANO RETO / CURVO EM SIb

Fabricado em dois modelos, reto e curvo. O modelo de soprano que têm formato curvo é
erroneamente chamado de sopranino. Seu tubo é curvo ao invés de reto, devido a isso ele parece
ter um tamanho menor, mas tem as mesmas medidas, sendo, tal como o reto, também um
saxofone soprano.

ALTO EM MIb

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 10
TENOR EM SIb

BARÍTONO EM MIb

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 11
BAIXO EM SIb

CONTRA BAIXO EM MIb

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 12
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS PARA EXECUÇÃO

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 13
O Som do saxofone / como o som é produzido:

O som do saxofone é produzido através da vibração da palheta que se espalha pela vibração da
boquilha e para todo o instrumento. A palheta vibra porque ela é flexível. Fazemos a palheta
vibrar porque quando sopramos criamos uma diferença de pressão de ar.

“SOM BÁSICO” E “SOM MODIFICADO”

Texto extraído do Caderno de Saxofone - Sopro Novo Yamaha, por Erik Haimann Pais
(PAIS, 2008, pg. 14).

Todos que decidem aprender tocar saxofone iniciam nesse momento (ou deveriam), suas
buscas, discussões, pesquisas, debates e experiências sobre os equipamentos e fundamentos
básicos necessários para tocar esse instrumento. Contudo, antes de qualquer coisa, julgamos
necessário pensar um pouco sobre o lugar que o saxofone ocupa em nosso universo musical.

Com frequência, as pessoas iniciam o estudo do saxofone tendo em mente um estilo musical
determinado que gostam de ouvir. É natural, portanto, que dediquem todas suas forças em tentar
(desde as primeiras notas) reproduzir o som e esses estilos ao tocar o instrumento.

Entretanto, o saxofone é um instrumento muito propício às modulações do timbre e às


distorções do som. Aliás, essas são características principais que tornaram o saxofone tão
popular como instrumento solista. Desta forma, acreditamos ser de grande utilidade a reflexão
sobre dois conceitos sonoros extremamente importantes, os quais chamaremos de “som básico”
e de “som modificado” (ou “som alterado”).

Compreender a diferença entre esses dois simples conceitos é determinante para o bom
desenvolvimento dos fundamentos básicos, para a escolha dos fundamentos básicos e para a
metodologia a ser utilizada para aperfeiçoar o controle sobre o que realmente se quer realizar
com o instrumento.

“Som básico” - É aquele que reflete fielmente o timbre do conjunto


instrumento-boquilha-palheta-abraçadeira, produzido por um sopro com
velocidade constante através de uma embocadura firme e estável. Esse som tem
as mesmas características de timbre nas diferentes regiões do instrumento e nas
diferentes dinâmicas. As notas não possuem modulações ou distorções de
afinação.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 14
“Som modificado” - É toda e qualquer alteração que se faça ao “som básico”,
por movimento e alterações da embocadura, da língua, do sopro, da garganta
etc. No “Som modificado”, a nota não aparece simplesmente com aquela altura
definida por uma frequência, mas, sim, envolta por efeitos sonoros que
caracterizam determinados estilos musicais.

VIBRATO

Vibrato são pequenas oscilações de uma nota, muito usado no canto, tanto lírico como popular,
onde cada estilo/gênero vocal/instrumental têm sua forma própria quanto ao tamanho da
oscilação de amplitude e velocidade do vibrato. Frequentemente, o vibrato é usado como forma
de compensar inadequado desenvolvimento sonoro e afinação imprecisa. Quando tocamos em
naipe, não devemos usar vibrato para não interferir na afinação e no equilíbrio sonoro do naipe.
O bom vibrato, equilibrado e usado adequadamente, deveria integrar-se ao estilo musical;
quando chama atenção, é porque provavelmente se destaca dos limites do bom gosto musical.

O vibrato é um elemento expressivo no som do saxofone, muitos saxofonistas utilizam o vibrato


incessantemente tornando-o parte de seu som, porém, quando usado inadequadamente, pode
também ser uma parte muito traiçoeira no som do instrumento. Essa prática não é aconselhada,
pois o uso excessivo desse ornamento torna-se sem efeito; ele deverá ser usado de acordo com
o estilo em execução e, em alguns casos, torna-se desnecessário. O vibrato é um ornamento
como qualquer outro e precisa ser usado comedidamente, por exemplo, se comparado a
apoggiatura: imagine se colocarmos uma apoggiatura em cada nota que tocamos; como ficaria?
O saxofone é um instrumento com muita projeção sonora e naturalmente se destaca, portanto
todo cuidado é necessário.

 Evite o uso de vibrato quando estiver tocando em naipe.


 Pelas razões citadas nos itens elencados neste tópico, nas orquestras da CCB não é
aconselhado o uso do vibrato.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 15
O SAXOFONE E A FAMILIA DAS MADEIRAS

O saxofone pertence à família das madeiras ou dos metais, ou nenhuma? Abaixo segue alguns
itens que sustentam o saxofone como pertencente à família das madeiras.

 Estruturalmente ele tem a conicidade e a tessitura semelhante ao oboé.


 Os primeiros métodos para o instrumento eram de oboé pela semelhança
de tessitura. Atualmente as principais universidades do mundo e do
Brasil que oferecem o curso de bacharelado em saxofone erudito
utilizam-se de um dos principais métodos escritos para oboé, FERLING,
W. 48 Études. Paris: Alphonse Leduc, 1946.
 A digitação é semelhante à flauta e a clarineta.
 O sistema de chaveamento assemelha-se aos demais instrumentos dessa
família, ou seja, as notas são obtidas por combinações de chaves; uma
combinação de chaves é acionada e os orifícios são abertos ou fechados
dependendo da nota.
 A boquilha é semelhante à da clarineta.
 O som é obtido por meio da vibração de uma palheta simples como a
clarineta (de todos os instrumentos da família das madeiras somente a
flauta não utiliza palheta).
 As características timbrísticas originais (som real).
 Quando há a participação do saxofone nas orquestras (seja ela qual for)
e bandas sinfônicas (neste caso sempre), o saxofone posiciona-se com a
seção das madeiras (inclusive ensaia junto com este naipe).

A seguir um excerto visual da obra “Bolero de Ravel”, onde os saxofones tenor e soprano são
utilizados. Nota-se que o posicionamento de ambos é feito na mesma fileira das madeiras, ao
lado dos clarinetes, clarones e fagotes, e atrás do flautim, flautas, oboés e corne inglês:

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 16
Demais
madeiras

Saxofone
Tenor

Demais
madeiras

Saxofone
Soprano Reto

Todos os fatores elencados na página anterior, somados ao capítulo do livro didático


Instrumentos da Orquestra de Roy Bennett (BENNETT, 1988, p. 12-30) onde o saxofone está
incluído como instrumento pertencente à família das madeiras, reforça a tese que o saxofone
pertence a esta família. Outrossim, se queremos o saxofone com tal característica sonora para
o bem de nossas orquestras, é importante reforçar isso, porém, como tudo na vida, nada é
absoluto.

Nas orquestras da Congregação Cristã no Brasil, o saxofone é considerado como família, pela
grande quantidade desta categoria existente no seio das orquestras (desproporcional se
comparado aos demais instrumentos) e pelo fato que é admitido o quarteto de saxofones:
soprano (reto ou curvo), alto, tenor e barítono. Todavia tem que ser referenciado pela escola
erudita do instrumento, buscando sempre uma sonoridade dentro dos padrões da música
sinfônica.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 17
BOQUILHA

As boquilhas normalmente são construídas em ebonite ou


metal, mas também podem ser construídas em plástico e,
muito raramente, em madeira ou cristal.

Ao contrário do que se costuma pensar, o material com que as


boquilhas são construídas importa muito menos do que a sua
forma, pois a geometria da boquilha é mais determinante na
formação do timbre. Todavia, atualmente não existem
boquilhas de metal em fabricação adequadas para a prática da
música de concerto. A boquilha é constituída por várias partes:
a abertura, a mesa, a câmara, paredes laterais, bisel, janela e
ponta.

A abertura é a distância que separa a ponta da boquilha da


palheta. Com uma abertura pequena (uma boquilha fechada),
o saxofonista tem tendências a tocar com palhetas mais duras
e o seu som será mais fosco e aveludado (som de madeira).
Com uma abertura grande (uma boquilha aberta), será difícil tocar afinado e a tendência é tocar
com palhetas moles, deixando o som mais brilhante e estridente.

A mesa da boquilha é a parte plana que se prolonga até a parte curva. É sobre esta (mesa) que
deve ser colocada a palheta. O comprimento da mesa inclui também o comprimento da parte
curva. A câmara é a parte interior da boquilha onde nasce o som. O seu formato é muito
importante e determina a qualidade do som. Uma câmara pequena, com um teto baixo produz
um som rico em harmônicos.

Por outro lado, uma câmara grande, com um teto alto produz um som mais sombrio. Em geral,
na música erudita utiliza-se uma boquilha com uma mesa curta ou mediana e de abertura
pequena (boquilha fechada). No Jazz, as boquilhas com abertura grande são as preferidas
(boquilha aberta). Existem muitas boquilhas voltadas a prática da música popular, Pierret, Otto
link, Claude Lakey, Bari, Yamaha, Yanagisawa, B e N, Meyer, etc.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 18
 Alguns modelos de Boquilhas apropriadas para a prática do saxofone (clássico)
voltado à música de concerto (orquestra / música sacra CCB).

Saxofone soprano:

1. Vandoren - S15, S25


2. Selmer Concept
3. Selmer Série C* S80
4. Selmer Série S90 170
5. Optimum - SL3, SL4 e SL5

Saxofone Alto:

1. Vandoren - A17, A20, A27 e A28


2. Selmer Concept
3. Selmer Série C* S80
4. Selmer Série S90 170
5. Optimum - AL3, AL4 e AL5

Saxofone Tenor:

1. Vandoren - T20
2. Selmer Série C* S80
3. Selmer Série S90 170 até 200
4. Optimum - TL3, TL4 e TL5

Saxofone Barítono:

1. Vandoren - B35
2. Selmer Série C* S80
3. Selmer Série S90 170 até 200
4. Optimum - BL3, BL4 e BL5

Palhetas indicadas para as boquilhas relacionadas acima:


Vandoren Tradicional - números: 2.5 / 3.0 / 3.5
Rico Reserve - números: 2.5 / 3.0 / 3.5

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 19
 Outras boquilhas de modelos similares para a prática da música de concerto
(orquestra / música sacra):

Eugene Rousseau modelo Classic “R” e modelo New Classic

Jaf (linha erudita)

Barkley (linha erudita) “Classic S”

Nota: Para obter o som puro do saxofone, além de embocadura apropriada, respiração correta
e boquilha indicada é necessária uma combinação de boquilha e palheta com numeração
adequada para essa boquilha (conforme exemplo citado). É importante também colar uma
almofada (adesivo gelatinoso colado onde se apoiam os dentes sobre a boquilha no bisel). Além
do conforto e de interferir diretamente na sua embocadura e sonoridade, este adesivo amortece
a vibração na boquilha produzida pela palheta, principalmente nos instrumentos mais graves
(tenor, barítono, baixo e c. baixo). As horas de estudo somadas ao longo do tempo podem afetar
a dentição superior causando enfraquecimento e soltura da raiz dos dentes.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 20
PALHETAS

A palheta, somada aos outros itens elencados no capítulo “o saxofone e a família das madeiras”
desta apostila, classificam o saxofone como membro pertencente à família das madeiras. É uma
das partes mais delicadas e importantes para a emissão do som. Da sua qualidade depende não
só o som, mas também a flexibilidade do instrumentista.

As palhetas de saxofone extraem-se duma planta chamada Arundo donax. O Arundo donax mais
apreciado provém de da região de Var, no sul de França junto ao Mediterrâneo. Dependendo
da parte onde é cortada pé ou cabeça da planta, a palheta tem qualidades diferentes, distribuindo
de maneira diferente a umidade e resistindo de maneira diferente à temperatura. A palheta é
constituída por várias partes: talão, partes laterais, bisel, coração e ponta.

Se a sua palheta está molhada, seque o mínimo possível com pano de algodão e guarde numa
caixa especial de palhetas, nunca deixe a palheta solta no estojo, ela é muito frágil e vai quebrar.
Evite passar panos e os dedos na palheta demasiadamente. Procure tocar apenas na parte onde
há a casca. Devemos ter um cuidado especial com as palhetas. Tenha pelo menos 4 palhetas e
use-as alternadamente para que durem mais.

Nunca mexa na ponta da palheta, não corte, não aperte, não toque, não lave, não esquente, não
lixe, não torça. Se você acha que a sua palheta precisa ser ajustada, peça ajuda a quem sabe
fazer isso. Se mesmo depois de ajustada, a palheta não ficar boa, jogue fora e compre outra,
pois palhetas não duram para sempre, elas precisam ser trocadas sempre que não estiverem
vibrando mais ou estiverem quebradas. Tente não se acostumar a “trabalhar” (lixar, raspar,
cortar) todas as suas palhetas, pois a tendência é que, com o passar do tempo, só se consiga
tocar com palhetas previamente lixadas ou modificadas.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 21
Quando for comprar uma palheta, escolha uma que seja simétrica: coloque-a contra a luz e
observe se ela é igual: se um lado não está mais escuro que o outro. (foto1). Escolha palhetas
maduras, fuja das verdes e claras: olhe na parte traseira e você vai observar uma linha escura
muito fina logo abaixo da casca; isso indica que a palheta está madura (foto 2). Não fique
trocando de marca e número de palheta todo dia.

Use a mesma marca e número durante alguns meses, antes de criar sua opinião sobre ela.
Sempre umedeça a palheta antes de tocar, colocando-a na boca por alguns instantes. Se preferir
molhá-la com água, não a deixe imersa por muito tempo, pois isso a deformará. Existem
fabricantes que pesquisam palhetas de outros materiais, que não são cana.

No mercado atualmente, além das palhetas plastificadas (plasticover), temos palhetas em


plástico e fibra de vidro (bari e fibracell). A vantagem dessas palhetas é estarem sempre prontas
para o uso e estáveis com as mudanças climáticas. Contudo, nenhuma dessas tecnologias
ainda foi capaz de reproduzir o som rico em harmônicos e o timbre caloroso e vivo de uma
palheta de cana.

Não se acostume a usar apenas uma palheta. A pressão da embocadura se relaxa à medida que
a palheta se enfraquece e assim todas as palhetas parecerão forte demais.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 22
ABRAÇADEIRA

Para fixar a palheta à boquilha, Adolphe Sax, já em meados do século XIX, fabricou uma
abraçadeira metálica com parafusos (parecida com a que se utiliza hoje em dia). Mesmo assim
os fabricantes e saxofonistas não param de criar novos modelos de abraçadeiras que permitam
uma maior aderência de palheta à mesa da boquilha sem ter de pressionar demasiado o talão.

Abraçadeiras metálicas: São mais adequadas para grandes salas de concerto ou para solistas.

Abraçadeiras maleáveis (couro e outros): São em geral adequadas a pequenas salas, musica
de câmara ou pequenos grupos.

Como testar uma abraçadeira:

Toque primeiro com sua abraçadeira habitual. Depois, sob as mesmas condições, teste a nova
abraçadeira; procure observar a suavidade, passagem por entre os registros, a consistência de
volume e qualidade de som nos graves, médios e agudos. Ao mesmo tempo, escute as diferenças
encontradas quando toca piano e forte. Verifique se é mais fácil tocar staccato ou não. Se
possível faça o teste com outro músico presente. Por vezes, as diferenças entre as abraçadeiras
são identificadas mais facilmente por outra pessoa e não pelo próprio músico. Como escolher
uma abraçadeira: Experimente os vários modelos de abraçadeiras disponíveis em uma loja.
Diversos tipos de abraçadeiras satisfazem necessidades diversas, qualquer que seja o modelo.

Existem também outros modelos e marcas diferentes. Vale sempre lembrar:” A melhor
abraçadeira é a que melhor se adapta as suas necessidades”.

CORREIAS

Para o estudo do saxofone, evite usar a alça de sustentação (talabarte ou correia) no pescoço,
busque aquelas que distribuem o peso do instrumento sobre a região dorsal. E isso não apenas
para os saxofones maiores, como o tenor e o barítono, mas também para o alto.

Exemplos de correias alternativas para os saxofones Alto, Tenor e Barítono:

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 23
CUIDADOS BÁSICOS

Mais importante do que ter um instrumento de boa marca, é que o seu ESTEJA bom. Portanto,
entregue seu saxofone sempre que for preciso aos cuidados de um técnico profissional e
responsável para realizar a sua manutenção. Ele só trabalha com isso e tem ferramentas e
acessórios apropriados para a realização de tais serviços. Desconfie se seu instrumento estiver
apresentando muita resistência ou grande dificuldade na emissão de algumas notas; pode ser
que o problema seja de regulagem mecânica e não de execução.

Nunca, em hipótese alguma, lave seu instrumento montado na água corrente ou na banheira!
Limpe seu saxofone por fora após tocá-lo com uma flanela macia e seque-o por dentro com um
pano amarrado a um barbante numa ponta e um pequeno peso revestido na outra. A cada dois
anos, no máximo, leve seu instrumento ao seu técnico de confiança para fazer uma limpeza
completa e ele desmontará totalmente o saxofone e limpará minuciosamente peça por peça.
Seque seu instrumento mesmo depois de ter tocado poucos minutos, pois a condensação começa
a se formar a partir dos primeiros instantes de uso. Não utilize o “Pad Saver”, também chamado
de escovão (espécie de arame com fios sintéticos em sua volta), feito para ficar dentro do
instrumento. Ele é extremamente ineficaz, pois conserva a umidade e permite a oxidação dentro
do corpo do saxofone e dos reverberadores (presos às sapatilhas) quando feitos em metal.
Também soltam fios dentro do tubo, e se um desses fios ficarem entre uma chaminé e uma
sapatilha isso causará o chamado micro vazamento. Além disso, o couro das sapatilhas perde
sua elasticidade e prejudica a sua função de junta. Depois de algum tempo de utilização,
algumas sapatilhas têm tendência a colar. Para evitar que isso aconteça, passe um pano que não
solte fios com um pouco de álcool líquido entre a sapatilha e a chaminé. Melhor que o papel
com talco que com o tempo acentua o problema. - Use pedaços de papel recortados em forma
de quadrado para secar as sapatilhas. Isso retardará o desgaste das mesmas, principalmente as
das chaves do registro agudo, que ficam mais úmidas que as demais. Lubrifique seu saxofone
em intervalo máximo de dois meses. O atrito de metal contra metal é a principal causa de jogo
nas chaves. Use uma pequena chave de fenda para colocar uma gota de óleo em cada junta com
parafuso e não se esqueça de lubrificar as molas.

ORIENTAÇÕES PARA COMPRAR O INSTRUMENTO

Na hora de comprar um saxofone, temos dúvida sobre as marcas de saxofones. São


recomendados para os iniciantes os saxofones de mecânica moderna “made in China”, porque
são baratos, mais fáceis de pagar, de boa afinação e anatomia moderna. Algumas marcas são
facilmente encontradas no mercado como: Michel, Dolphin, Coniff, Condor, Eagle, Vince,

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 24
CSA, Maxtone, Conductor, Stagg, Jupiter, HandCraft, SelmerBandy, Shelter, Century, Olds,
L.A., Armstrong, Winston, Arena, Rmv, Pierret, Dolnet, York, Antigua, Winds, Buffet
Crampon, Conn e o nacional WERIL. Para quem deseja adquirir um instrumento superior
existem as linhas profissionais Yamaha, Yanagisawa, ou Selmer (Frances). Se preferir comprar
um instrumento mais antigo, os chamados instrumentos “vintage”, como por exemplo: Martin,
Buerscher, Conn, King, Galasso, Weril e outros, apesar de sua comprovada e incontestável
superioridade sonora, você pode se deparar com uma série de inconvenientes, como afinação,
mecânica ruim, ergonomia ruim e etc. Nesse caso é preciso consultar uma pessoa experiente.

SUGESTÃO PARA POSTURA DO CORPO E O USO DE CORREIAS

Posição do corpo:

Os ombros devem estar soltos (sem tensão) para criar espaço para o pescoço. Ajuste a correia
para que o saxofone fique numa altura confortável e que sua cabeça não fique forçada para trás
nem para frente. O tudel e a boquilha devem ser girados e ajustados numa posição em que não
seja necessário dobrar a coluna ou o pescoço para o lado, em função de alcançar a boca na
boquilha. É o instrumento que deve moldar-se no corpo e não ao contrário. A melhor maneira
de posicionar as mãos no instrumento pode ser definida como uma maneira sem nenhuma
tensão nos dedos, nas mãos, nos braços ou nos ombros. O peso não pode ficar totalmente sobre
as mãos e a maior parte do peso do instrumento deve ser distribuído na correia. Com uma
posição correta é muito fácil chegar a uma boa técnica com limpeza e agilidade nas notas. As
mãos com os dedos nas chaves devem estar em forma de “C” e não em forma de “V”.

SAXOFONE SOPRANO

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 25
SAXOFONE TENOR

SAXOFONE BARÍTONO

SAXOFONE ALTO

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 26
EXEMPLOS: Mão esquerda, como não devemos fazer...

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 27
Exemplo correto/mão esquerda:

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 28
Mão direita: Como não devemos fazer...

Mão direita: Maneira correta

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 29
PRINCÍPIOS DA RESPIRAÇÃO PARA SAXOFONE

Texto, exercício e ilustrações extraídos do trabalho acadêmico “Respiração para instrumentos


de sopro” do professor Amarildo Nascimento (NASCIMENTO, 2015, p. 6-11).

Antes de começar a tentar produzir qualquer tipo de som em qualquer instrumento de sopro, é
de fundamental importância que se aprenda a respirar de maneira correta de forma a aplicar
essa respiração ao tocar. Cabe ao professor ser rigoroso em ensinar este tópico a seus alunos. A
prática da respiração deve ser feita diariamente antes de abrir o estojo do instrumento e essa
prática será para a vida toda. O processo respiratório é realizado de forma simples e natural com
apenas dois atos: inspirar (“puxar” o ar para dentro dos pulmões) e expirar ou exalar (soltar o
ar que entrou nos pulmões). Mas, até que o ar chegue aos pulmões é necessário que percorra
um longo caminho. Todo esse processo do ar acontece através de um sistema chamado: Sistema
Respiratório. O sistema respiratório é formado por: “dois pulmões, as fossas nasais, a boca, a
faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos”.

Veja ilustração do sistema respiratório na figura abaixo.

Todo ser - humano respira desde o primeiro até o último segundo de vida sem que ninguém lhe
ensine. Respirar é um processo natural e é uma das funções mais importantes do corpo. Porém,
quando se trata de tocar um instrumento de sopro ou de cantar, a respiração que utilizamos em
nosso cotidiano não é suficiente para a realização dessas atividades. É necessário que se estude
como respirar corretamente de maneira a aplicar estes estudos na realização de tais atividades.

O músico que toca instrumento de sopro ou canta precisa ter em mente que, além de tocar ou
cantar, o corpo necessita do ar para manter seu bom funcionamento. O primeiro treinamento
respiratório que se deve fazer é: como ter uma respiração completa. Para a maioria das pessoas
acontece o seguinte: quando se pede para alguém, não treinado, fazer uma respiração profunda,
nota-se que esse alguém estufa o tórax de maneira à quase “explodir”. Percebe-se que essa não
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 30
foi uma respiração completa porque, foi utilizada apenas uma parte dos pulmões. Para que a
respiração seja completa, é necessário que se imagine que está “enchendo a barriga de ar” e
depois o “tórax”. (Foi dito para imaginar porque é impossível encher a barriga ou o tórax de ar.
O ar só vai para um local: os pulmões). Entre os diversos músculos que envolvem o ato de
respirar, existe um que é o mais importante entre eles. Esse músculo é o diafragma. O diafragma
é classicamente descrito como um músculo delgado e achatado, que separa a cavidade torácica
da cavidade abdominal.

Veja figura abaixo.

Quando inspiramos de maneira correta, o diafragma desce, aumentando a cavidade do peito e


diminuindo a pressão interna do ar, que por consequência, entra nos pulmões. Pode-se observar
também que os órgãos do corpo logo abaixo do diafragma ficam com menor espaço, o que
causa uma expansão do diâmetro da cintura. A expansão da cintura é um resultado da contração
do diafragma no momento da inspiração. A respiração está para os instrumentos de sopro assim
como o arco está para o violino e os instrumentos da família das cordas. Um dos primeiros
ensinamentos que um aluno de violino recebe é como se deve trabalhar o arco, porque, para
produzir som o violinista dependerá totalmente dos exercícios realizados com o arco. Do
mesmo modo, os instrumentistas de sopro dependerão exclusivamente do ar para conseguir
produzir qualquer tipo de som. Levando tudo isso para a prática, é o momento de vivenciar
alguns exercícios de respiração para serem aplicados ao tocar.

EXERCÍCIO DE RESPIRAÇÃO

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 31
(ESTUDO DIÁRIO)

1- Com o dedo indicador encostado nos lábios (veja figura abaixo), faça inspirações e
expirações lentas e profundas. Respire sempre pela boca mantendo os cantos relaxados.
Pronuncie WÔW ao inspirar e THÔW ao expirar.

2- Encoste o dedo indicador nos lábios (como na figura acima) mantendo os cantos da boca
relaxados. Agora, pela boca, faça uma inspiração de 5 tempos seguida de uma expiração
de 5 tempos. Ao inspirar, pronuncie a palavra WÔW. Ao expirar pronuncie a palavra
THÔW.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 32
EMBOCADURA

A embocadura é a posição dos lábios e da musculatura facial correta para se obter o som do
instrumento. A embocadura é a conexão mais importante com seu instrumento.

Existem três conceitos básicos de embocadura.

1- Os dentes superiores se fixam sobre a boquilha (F.1).

2- Os lábios e a musculatura facial envolvem a boquilha por todos os lados (F.4).

3- O lábio inferior fica em contato com a palheta (F.1).

A partir deste conceito existem as variações:

A quantidade de boquilha que se põe dentro da boca determina a qualidade do som. Pouca
boquilha na boca (tocando na pontinha) deixa o som apagado a instável. Muita boquilha na
boca (engolindo mais) deixa o som estourado e descontrolado.

Geralmente os dentes superiores posicionam-se em torno de um centímetro e meio (1½)


partindo da ponta da boquilha (F. 3). A quantidade de lábio inferior para dentro ou para fora
depende da formação física de cada um. Contudo não se deve dobrar todo o lábio inferior, nem
deixar que a parte interna, mais vermelha, do lábio inferior escape para fora e apareça.

Exercícios:

1 - Faça várias vezes a embocadura sem o instrumento na frente de um espelho, sempre se


avaliando. Observe a máscara facial e veja se está no formato dos exemplos.

2 – Repita a etapa anterior só com o tudel, boquilha e palheta, depois com o saxofone (tocar
notas longas). Procurar não dobrar muito o lábio inferior, porque quanto menos lábio na palheta,
mais ela vibra produzindo mais harmônicos.

 Importante: Evite a embocadura “lip out” (Lábio para fora)

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 33
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 34
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 35
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 36
.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 37
Nota
 Todos os exercícios intitulados como Estudos Diários deverão ser praticados na frente
de um espelho com o auxilio de metrônomo e afinador, observando a embocadura,
respiração, postura, precisão rítmica e afinação.
Exemplos musicais elaborados com Finale 2014

NOTAS LONGAS

“Para produzir um som firme, limpo e principalmente afinado, é extremamente importante que
todos os músicos pratiquem exercícios com notas longas diariamente, (não “pulem” essa parte
do estudo em hipótese alguma). Infelizmente, o estudo de notas longas tem sido muito
negligenciado pelos estudantes de instrumentos de sopro na CCB. Muitos acham que o estudo
é “chato” e outros, têm pressa para começar a tocar um “monte” de notas rápidas ou “passar
logo” aquele estudo do método para começar a tocar mais rápido nos ensaios e cultos, mas se
esquecem de que: para correr é preciso, primeiro, saber andar” (NASCIMENTO, 2014, p. 23).
Músicos profissionais estudam notas longas todos os dias.

Principais benefícios:
.
 Estabilidade do fluxo da coluna de ar e domínio sobre a velocidade do ar, habilitando
para execução de dinâmicas mp, p e pp.
 Fortalecimento e moldagem da mascara facial (todos os músculos que compõem a
embocadura).
 A somatória dos itens acima resulta em uma melhora significativa favorecendo o maior
controle sobre a afinação.

Pratique os exercícios de notas longas a seguir:

EXERCÍCIO DE NOTAS LONGAS

Estudo diário: estudar em media 2 exercícios por dia, não mais. Exemplo, “A” e “C”

Procurar tocar com som firme e reto, atento à embocadura, afinação, respirações,
indicação de metrônomo e dinâmicas.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 38
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 39
H) Praticar somente com a boquilha:
1 - Tocar uma nota o mais grave que consiga alcançar somente com a boquilha.
Após encontrar e estabilizar esta nota, tocar de forma diatônica ascendentemente partindo da
nota mais grave até completar um pentacorde.
Exemplo - Sax alto: Fá, Sol, La, Si, Dó.
2 – Repetir o exercício completando o pentacorde cromaticamente.
Exemplo: De meio em meio tom, Fá, Fá#, Sol, Sol#, La, La#, Si, Dó.
3 - Havendo progresso nas etapas anteriores, estudar a parte do soprano dos Hinos 39 e 208
(somente com a boquilha).

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 40
AFINAÇÃO

Estude com o afinador eletrônico, mas não tenha nele seu único recurso. Aprenda utilizar seus
ouvidos para corrigir as falhas de afinação do seu instrumento, e lembre-se que mesmo as
melhores marcas de saxofones também têm correções de afinação a ser feitas. O uso do afinador
é de grande utilidade, mas o principal objetivo é o desenvolvimento do treinamento auditivo e
não do visual.

Ao afinarmos o nosso instrumento com uma nota de referência (órgão na igreja ou com diapasão
e etc.) sopre sempre de forma natural e procure com pequenas alterações de pressão e
relaxamento na embocadura, perceber se sua afinação está “alta” ou “baixa” em relação a
referência. Ou seja, se houver oscilações ao tocar junto e elas diminuírem à medida que você
aumenta um pouco a pressão dos lábios, sua afinação está “baixa”. Se as oscilações diminuírem
à medida que você relaxa a pressão dos lábios, sua afinação está alta.

Principais benefícios:

 Notas bem afinadas estabilizam o acorde beneficiando todo o conjunto musical.

ARTICULAÇÃO

Damos o nome de articulação ao procedimento utilizado para iniciar um som ou separa-lo de


outro. Esta tarefa é realizada com a língua. No jargão musical, você verá muitas vezes,
referindo-se ao início do som, termos como “golpe de língua” e “ataque”. Apesar de serem
termos válidos e consagrados pelo uso, deve-se ter cuidado, porque muitas vezes eles podem
inconscientemente conter um significado muito agressivo. Um golpe pode conter uma carga de
agressividade. Esta pode ser uma das razões do porque muitos saxofonistas usam a língua de
maneira excessivamente percussiva e agressiva. Fica grosseiro e pesado. É muito melhor pensar
em termos como início da nota ou pronúncia (PINTO, 2014, p.14).

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 41
EXEMPLOS DE ALGUNS TIPOS DE ARTICULAÇÃO (MED, 1996, p. 218-220):

 As formas de execução das articulações exemplificadas permitem pequenas


variações dependendo do período da historia música e/ou do compositor.
Recomenda-se pesquisar a representação gráfica dos sons segundo o autor
Bohumil Med (MED, 1996, p. 218-220).

OUTRAS SÍLABAS UTILIZADAS PARA ARTICULAÇÃO:

 LETRA “N”: “NA”, “NI” e “NU”


 LETRA “F”: “FU”
 LETRA “D”: “DA”, “DE”, “DI” e “DU”
 LETRA “H”: “HOO” (Mais utilizada na música popular)

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 42
EXERCÍCIO DE ARTICULAÇÃO

(ESTUDO DIÁRIO)

O estudo da articulação é para que se obtenha controle sobre a língua, tanto na pronúncia da
sílaba quanto na velocidade, bem como a clareza e definição das notas.

Principais benefícios:

 Precisão, agilidade e leveza na emissão do som,


 Iniciar a nota com qualidade sonora, intensidade correta (conforme a necessidade) e
afinação constante.
 Articular as notas sem alterar a forma de soprar.

Obs.: O domínio da articulação contribui significativamente para um melhor manuseio do


fraseado no texto musical. Por se tratar de ser um trabalho voltado para a TÉCNICA BÁSICA
do estudo do saxofone, nos exercícios propostos, é indicado somente o uso da silaba “T”, por
entendermos ser a articulação mais difícil de obter o controle.

Pronunciar as notas com a sílaba “TU” (“Ti”)

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 43
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 44
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 45
ARTICULAÇÃO/LIGADURA/ALTERNANCIA DE REGISTRO

(Na mudança de registro não fazer band/glissando (“Quaein”).

ESCALA MAIOR

A escala é a fonte para o domínio do idioma do instrumento e também um meio de comunicação


dentro da linguagem musical.

A importância do estudo das escalas:

“O estudo de escalas auxilia o músico a ter uma boa afinação e uma melhora na sincronia dos
dedos. É importante enfatizar que qualquer música é escrita a partir de uma escala. Portanto, é
imprescindível o estudo de escalas. Na CCB, é impressionante a quantidade de irmãos músicos
que não tem a menor noção do que é uma escala (a maioria conhece o “famoso” dó a dó). Todo
músico tem por obrigação decorar, no mínimo, todas as escalas maiores haja vista que os hinos
são todos em tonalidade maior” (NASCIMENTO, 2014, p. 35).

Principais benefícios:

 O estudo diário das escalas propicia maior agilidade nos dedos e maior fluência na
digitação em todas as tonalidades.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 46
EXEMPLO DE EXERCÍCIO DE ARTICULAÇÃO SOBRE A ESCALA MAIOR
(ESTUDO DIÁRIO)

Praticar este estudo sobre a escala maior em todos os tons com dinâmicas diferentes e
articulações variadas.

Forma de estudo: Começar lento, havendo progresso, aumentar a velocidade em quatro bpm
para cada repetição, objetivando cada vez mais, fluência nas escalas e suavidade nas
articulações.

EXERCÍCIOS DE MECANISMOS

(ESTUDO DIÁRIO)

Principais benefícios:

 O estudo dos exercícios de mecanismos proporciona precisão, agilidade e familiaridade


com todas as posições objetivando o desenvolvimento do equilíbrio na velocidade da
digitação do saxofone.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 47
Mecanismos 1

Mecanismos 2

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 48
OBSERVAÇÕES PARA A PRÁTICA EM GRUPO

Nos cultos e ensaios, nota-se que há muitos irmãos tocando saxofone com sonoridades que não
são compatíveis com a massa sonora de uma orquestra e também não é raro a prática de tocar
mais forte, com uma intensidade muito acima dos demais instrumentos que tocam a mesma
voz, até mesmo, cobrir toda uma orquestra com o som do seu instrumento. Fato que se dá,
talvez, por não possuírem boas referências sonoras do instrumento e não ter o entendimento da
proposta musical de uma orquestra e principalmente das orquestras da CCB.

Efeitos: bands (Quaein), glissando, som rocado e outros.

Na música popular, muito embora haja liberdade para o uso, estes efeitos/ornamentos, são
utilizados comedidamente. Na música erudita ou na chamada música de concerto
contemporânea, também são utilizados quando o compositor escreve na partitura o efeito
desejado por ele. Nas orquestras da CCB não devemos fazer uso de tais efeitos por duas razões
lógicas; os hinos não são considerados música popular e tais ou nenhum efeito está escrito no
hinário. Portanto cuidemos para guardar os princípios básicos de coerência musical.

ESTUDO/PRÁTICA DE CONJUNTO

Este estudo destina-se para aplicação de todas as técnicas estudadas nas etapas anteriores.

Principais benefícios:

 Desenvolver a prática de grupo, percepção e a cognição musical.


 Aprimoramento da escuta ativa. A escuta ativa é não ouvir apenas apropria voz, é ouvir
ou tentar ouvir todas as vozes ao mesmo tempo e interagir de maneira apropriada.
 Desenvolver a capacidade de timbrar o som. Primeiro com o seu naipe ou categoria,
segundo com os outros instrumentos que tocam a mesma voz e por fim, com todo o
conjunto/orquestra.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 49
©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 50
SAXOFONE BARÍTONO

“Efeito Ping-pong”

O que trataremos aqui como “efeito ping-pong” são as quebras de frases ocorridas durante a
execução da quarta voz do nosso hinário pelo sax barítono. A quarta voz também é tocada pelos
saxofones, baixo e contra baixo, porém esses são menos propensos a tal problema (efeito ping-
pong) pelo fato de alcançar até a nota Fá -1 (uma oitava abaixo do que está escrito).

Na busca por notas no registro mais grave do instrumento, os irmãos tocam uma oitava abaixo
do que está escrito, além de saírem da tessitura proposta no hinário, gera saltos inexistentes na
voz do baixo, contrários aos escritos originalmente, proporcionando alteração de timbre e
quebra de frase no caso especificamente do saxofone barítono.

OITAVA CORRETA DO SAXOFONE BARÍTONO NO HINÁRIO:

O saxofone barítono deve fazer a voz do baixo (salvo em necessidades especiais). Para uma
correta execução do baixo pelo saxofone barítono, é necessário que ele toque na altura escrita
no hinário, ocupando o espaço entre o baixo profundo (tuba e pedaleira) e o tenor, cumprindo
assim a sua função de barítono*.

Essa regra (de não trocar as oitavas do baixo) pode parecer ter sido criada somente para
“atrapalhar”, porém é muito fácil compreender sua lógica se fizermos o mesmo em outra parte
que não seja o baixo:

Exemplo: Troca de oitava na voz do soprano

OBS: Essa regra também se aplica aos seguintes instrumentos: Violoncelo, Fagote, Clarinete
baixo (“Clarone” baixo) Eufônio/Bombardino (de 3 ou 4 pistos).

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 51
EFEITO PING PONG NO HINO 395.

As figuras circuladas são as notas que a tessitura do saxofone barítono não alcança quando
tocado uma oitava abaixo do que está escrito para a quarta voz.

Obs.: As notas assinaladas com asterisco*(Sib) são alcançadas apenas pelos saxofones barítonos
modificados. Esta modificação acrescenta geralmente as notas Lá, Lab e Sol (Do, Si e Sib – som
real) nos saxofones com mais de vinte anos. Lab e Sol (Si e Sib – som real) para os saxofones
fabricados a partir de vinte anos, aumentando sua extensão respectivamente até a nota Sib -1 (som
real).

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 52
SAXOFONES, BARÍTONO, BAIXO E CONTRA BAIXO

Quando tocamos em naipe, tudo é importante em relação à unidade sonora. A primeira


preocupação que devemos ter é com a afinação e o timbre, precisamos tocar afinados, timbrar
e equilibrar o som com os outros instrumentos que fazem a mesma voz. Para os saxofones,
equilibrar o som buscando uma unidade sonora com as tubas é uma tarefa que exige bastante,
devido às diferenças nas características construtivas desses instrumentos. Além disso, os
saxofones (barítono, sax baixo e contra baixo) usados na CCB, atualmente, são poucos os
modelos originais. Muitos destes instrumentos foram adaptados para alcançarem notas mais
graves e outros até construídos ou reconstruídos artesanalmente. Como resultado, temos
percebido ao longo do tempo, muitos problemas ergonomia e principalmente de afinação.

Portanto, toque sempre dentro da tessitura escrita no hinário e use instrumentos originais
buscando sempre uma unidade sonora com os outros instrumentos que tocam a quarta voz.

BOQUILHAS PARA SAX BAIXO E CONTRA BAIXO

Boa parte dos irmãos que tocam sax baixo acaba usando boquilha de sax barítono por serem
muito parecidas. Por fora as boquilhas se parecem em forma e tamanho, porém as câmaras
possuem tamanhos diferentes, fato que dificulta um timbre homogêneo com os demais
instrumentos que fazem a quarta voz. Outro fator que contribui significativamente para isso são
os preços. Atualmente existem poucos fabricantes e o preço de uma boquilha para sax baixo
custa em torno do dobro de uma para barítono. Uma saída para este problema é buscar
alternativas em boquilhas de marcas genéricas.

EXERCÍCIO FINAL:

APLICAÇÃO PRÁTICA DAS TÉCNICAS ESTUDADAS NO HINÁRIO

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 53
REPERTÓRIO BÁSICO PARA REFERÊNCIA

“A escuta musical, além de ser um prazer, é considerado parte dos estudos”.

Repertório sinfônico:

Quadros de uma exposição Modest Mossorgsky - orquestração de Maurice Ravel, A Criação


do Mundo – Darius Milhaud, Suíte L`arlesiana - Georges Bizet, Sinfonia Domestica -
Richard Strauss, Porg and Bess, Rapsody in blue - George Gershwin, Opera de quatsous -
Kurt Weill, O tenente Kijé op. 60 - Prokofiev, Concerto em memória de um anjo- Alban Berg,
Sinfonia nº 6 - Vaugham-Williams, Polyphonie- Pierre Boulez, Gruppen – Karlheinz
Stokhausen, West Side Story - Leonard Bernstein.

Concertos para saxofone e orquestra:

Concerto em Eb - Alexander Glazounov, Concertino da Câmera - Jacques Ibert, Concerto -


Pierre Max Dubois, Ballade - Henri Tomasi, Ballade - Frank Martin, Scaramouche – Darius
Milhaud, Concertino para sax alto e orquestra - Radamés Gnattali, Fantasia para sax soprano
e orquestra - Villa Lobos.

Repertório camerístico (solo, duos e pequenas formações):

Capriceen Forme de Valse -Paul Bonneau, 12 Études-Caprices – Eugène Bozza,


Improvisation I, II e III- Ryo Noda, Sequenza IX b - Luciano Berio, Aria - Eugène Bozza,
Sonate - Paul Hindemith, Sonatine Sportive - Alexandre Tcherepnine, Sonata Opus 19. -
Paul Creston, Quartett Op.109 - Alexander GLASOUNOV.

Métodos adicionais para o estudo do saxofone:

FERLING, W. 48 Études du Marcel Mule. Paris: Alphonse Leduc, 1946.

KLOSÉ, H. Methode Complete per Saxophones. Paris: Alphonse Leduc, 1951.

LACOUR, Guy. 50 Études Faciles et Progressives 1 e 2. Paris: Gérard Billaudot, 1989.

LONDEIX, Jean Marie. Exercises Méchaniques pour lês Saxophones vol. 1. París: Henry
Lemoine, 1961.

MULE, Marcel. Enseignement du Saxophone – 24 Études Faciles – A. Samie. Paris:


Alphonse Leduc, 1946.

PRATTI, Hubert. L´Alphabet du Saxophoniste-Méthodo pour débutants. Paris: Gérard


Billaudot, 1979.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 54
CONCLUSÃO

Buscou-se neste trabalho, abordar a técnica básica e os principais benefícios proporcionados


pelo estudo consciente e sistemático delas, fundamentado nos principais pilares para uma boa
execução do saxofone. Espera-se com isso, auxiliar nossos irmãos encarregados regionais,
locais e instrutores no ensino do instrumento, como também propagar e incentivar o estudo do
saxofone na música de concerto, visando um futuro próspero do mesmo dentro de nossas
orquestras.

Entretanto, é extremamente importante que os irmãos músicos e candidatos que desejam tocar
saxofone na CCB, estarem esclarecidos sobre qual é a proposta musical de uma orquestra e que
o saxofone oferece inúmeras possibilidades de som, por isso, é preciso estar atento e consciente
buscando sempre o timbre do instrumento referenciado na escola erudita do saxofone.

É sabido que o estudo de qualquer instrumento musical exige disciplina durante uma vida toda,
é necessário ter paciência, força de vontade e saber que é somente com o tempo e a prática
constante que se alcançará um maior domínio técnico e mecânico sobre o instrumento.

A persistência ainda é o melhor método para vencer as dificuldades.

“Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem uma
recompensa” (II Crônicas – 15:7).

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, Bruno Barreto. A trajetória do saxofone no cenário musical erudito brasileiro sob
o enfoque do representacional.169 p. Dissertação (Mestrado em Música) – Programa de Pós-
Graduação em Música Stricto Sensu da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade
Federal de Goiás. Goiânia, 2012.
BATISTA, Paulo Cesar. A metodologia para o estudo do trompete.Dissertação (Mestrado em
Musicologia) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2010.
BENNETT, Roy. Instrumentos da orquestra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
CAPISTRANO, Rodrigo. Apostila para o primeiro festival de musica de câmara do Ceará.
Paraná, 2006.
EGLER, Guy. L’Enseignement du Saxophone. Pour Une Double Pedagogie. França, 1997.
GUEST, Ian. Arranjo, Método Prático Vol I, II e III. Lumiar Editora: Rio de Janeiro,
1996.
KLOSÉ, H. Methode Complete per Saxophones. París: Alphonse Leduc, 1951.
LIMA, César Edgar Ribeiro. O Saxofone: História e Evolução, contributos para uma nova
sonoridade na Música Erudita. Belo Horizonte, UFMG, 2003.
FALLEIROS, Manu. O som do Sax - Método de Saxofone. São Paulo: Editora Hmp, 2008.
MED, Bohumil. Teoria da Música. 4 ed. rev. e simpl. Brasilia: Musimed, 1996.
METAIS, Sax &,Revista. Melhore o som e a técnica nº 18. São Paulo: M e M editorial, 2008.
MIJAN, M. Técnica de Base - Escuela Moderna de Saxofone – Vol. 1 Cidade: Real Musical,
1976.
NASCIMENTO, Amarildo Coelho do. A respiração para instrumentos de sopro. Faculdade
Cantareira: São Paulo, 2015.
__________, Fundamentos do Trompete. Suzano: CCB, 2014.
PAIS, Erik Heimann. Sopro Novo Yamaha: Caderno de Saxofone. São Paulo: Irmãos Vitale,
2008.
PINTO, Marco Túlio de Paula. Saxofone fácil: método prático para iniciantes. 1 ed. – São
Paulo: Irmãos Vitale, 2014.
PRATTI, Hubert. L´Alphabet du Saxophoniste – Méthode pour débutants. Paris: Gérard
Billaudot, 1979.
REGENMORTER, Paula J. Van.Brazilian music for saxophone: a Survey of solo and small
chamber Works.Dissertation submitted to the Faculty of the Graduate School of the University
of Maryland, College Park, in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor
of Musical Arts, 2009.

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 56
RASCHÈR, Sigurd. The Saxophone History. (1972). Disponível em
<http://www.classicsax.com> Acesso em 12 de janeiro. 2016.
RASCHÈR, Sigurd. Top-tones for the saxophone. New York: Carl Fischer, inc , 1941.
RYDLEWSKI, Paulo Eduardo de Mello. Uma Abordagem do Processo Composicional de
Mario Ficarelli a Partir da Análise de “Concertante para Sax Alto e Orquestra”. Dissertação
(Mestrado em Musicologia) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo,
1999.
SAX, Adolphe. In: The New Grove's Diccionary Of Music And Musicians. London:
Macmillan Publisher Limited, 1980.
SAXOPHONE. In: The New Grove's Diccionary Of Music And Musicians. London:
Macmillan Publisher Limited, 1980: 534-539.
SOARES, Carlos. O saxophone na música de câmara de Heitor Villa-Lobos. UFRJ –
Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2001.
TRONI, Paolo. Objetivos de la Orquesta en la Congregación. Pg. 232 – 241. Barcelona,2015.

Sites de interesse para compra e informações sobre saxofones, boquilhas, palhetas e


acessórios:
http://www.armazemdosopro.com.br/
http://www.jazzlab.com/en/
http://www.amazon.com/Jazzlab-Saxholder-Harness-All-Saxophones/dp/B005J3EZZY
http://www.saxplus.com/

©José de Carvalho/2016
josedecarvalhosax@gmail.com 57

Você também pode gostar