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1. Introdução
O ensino de física na educação básica tem se mostrado muitas vezes pouco eficiente. O
que constatamos, e até certo ponto temos sido forçados a nos inserir, circunscreve-se a
uma tradição constituída por uma prática fundamentada em uma transmissão mecânica
mediante mera memorização, o que ocorre muitas vezes durante todo o ensino
básico. Este ensino tradicional é concebido em cima de uma sequência rígida quanto à
maneira de abordar os assuntos. Desta forma, habitualmente o conteúdo é selecionado,
organizado e colocado como um produto pronto e acabado, às vezes reduzido à
resolução de exercícios mediante aplicação direta e pouco crítica de fórmulas
matemáticas.
Todo este contexto faz com que o aluno produza inferências falsas sobre a
natureza da ciência. Assim, ele passa a conceber a ideia de que a Física foi construída a
partir de descobertas de fórmulas mediante pesquisa simplesmente empírica, ou que as
descobertas emergiram por acaso, que a ciência está totalmente desligada do contexto
histórico e social e que conceitos metafísicos não influenciaram o desenvolvimento
científico. O ensino de Física sem uma visão da história da formação dos conceitos irá
gerar uma imagem falsa da ciência. Efetivamente, a construção da ciência se dá de uma
maneira não-linear e, deste modo, se apresenta como muito diferente da imagem
propiciada por uma educação científica empobrecida e distorcida como aquela ensejada
pelo, assim chamado, ensino tradicional.
O ensino de Física ficaria mais rico e motivador com uma inserção histórico-
filosófica. Para consubstanciar esta afirmação, ver por exemplo, (Peduzzi, 2005) que
aponta onze razões em prol da referida inserção.
No ensino de Física há graves lacunas acerca de abordagens histórico-filosóficas
dirigidas para a educação básica. No entanto, também há uma grande potencialidade de
utilização de expedientes cognitivos tais como os objetos virtuais de aprendizagem
(OVA) para a finalidade pedagógica aqui perseguida e que esses contemplem a inserção
da história e filosofia da ciência no ensino de Física. Devido a isso é que propomos aqui
um OVA no qual esteja inserido a crítica de Leibniz a Descartes (Silva, Bastos Filho,
1995) acerca da verdadeira causa motora dos fenômenos naturais. Argumentamos que o
conceito moderno de energia poderá ser compreendido mais profundamente se
trabalharmos o seu embrião que consiste no conceito leibniziano de “vis viva”. Com
base nesta motivação é que o trabalho ora exposto se justifica.
4. Considerações Finais
Somos levados à conclusão de que as visualizações ensejadas pelo OVA em tela
propiciam múltiplos canais cognitivos que se potencializam entre si em ajuda mútua e
sinérgica. Também as razões que justificam a introdução da História e Filosofia da
Ciência em um OVA pensado para o ensino médio se evidenciam enquanto grandes
potencialidades que devem ser exploradas.
5. Referências
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