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CONTRATO DE TRANSPORTE (Art.

730 a 756, CC)

1. CONCEITO

O contrato de transporte é o contrato pelo qual alguém


se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para
outro pessoas ou bens.

Art. 730, CC. Pelo contrato de transporte alguém se


obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para
outro, pessoas ou coisas.

Pela dicção do art. 730, observamos que o contrato de


transporte se compõe de três elementos: o transportador, o
passageiro e a transladação.

 Transportador: Aquele que executa o transporte.

 Passageiro: Pode ser a pessoa que adquiriu a


passagem ou quem recebeu deste. Aquele que entrega
as coisas para o transporte se chama expedidor.

 Transladação: Que é a transferência ou remoção de


um lugar para outro.

O contrato de transporte se caracteriza precipuamente


na atividade desenvolvida pelo transportador, de deslocamento
físico de pessoas ou coisas de um local para o outro, sub sua total
responsabilidade. Constitui, bem a verdade, o objeto específico
do contrato de transporte.

Necessário ainda que o objeto do contrato seja


especificamente o deslocamento (pessoa/coisa), vez que em
algumas situações a relação de transporte pode apresentar-se
como acessória de outro negócio jurídico, como a venda de uma
mercadoria que deverá ser entre em outra localidade.

Diante do exposto, o contrato de transporte gera, para


o transportador, uma obrigação de resultado, qual seja, a de
transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem
avarias, ao seu destino.

E a não obtenção do resultado importa o


inadimplemento das obrigações assumidas e a responsabilidade
pelo dano ocasionado.

2. CARACTERÍTICAS

 Contrato de adesão: Categoria de contrato em que as


partes não discutem amplamente as suas cláusulas, como
acontece no tipo tradicional, ou seja, cláusulas préviamente
estipuladas por uma das partes, às quais a outra
simplesmente adere. Há uma espécie de preponderância da
vontade de um.

Via de regra existe um regulamento, previamente redigido por


um deles, e que o outro aceita ou não contrata. O regulamento
é baseado em normas legais inclusive.

Exemplos: Quem toma um ônibus, avião, taxi,


etc...Tacitamente celebra um contrato de adesão com a
empresa transportadora e adere ao seu regulamento. E o
transportador assume a obrigação de conduzi-lo ao seu
destino, são e salvo.

 Bilateral ou Sinalagmático: pois gera obrigações para


ambas as partes;
 Consensual – porque se aperfeiçoa com simples acordo de
vontades;
 Oneroso – porque as partes buscam vantagens recíprocas,
o destino para a coisa ou para o passageiro e preço para o
transportador;
 Típico – porque previsto no CC de 2002;
 De duração – pois sua execução não se limita em um só
ato ou instantaneamente, necessitando sempre de um lapso
temporal para ser cumprido;
 Comutativo – porque as partes conhecem as obrigações
respectivas de início, não dependendo de evento futuro ou
incerto;
 Não solene – porque não depende de forma prescrita para
ser concluído.

3. ESPÉCIES DE TRANSPORTE:

O Código Civil de 2002 disciplinou o contrato de


transporte em capítulo próprio, dividindo-o em três seções
intituladas: “Disposições gerais”, “Do transporte de pessoas” e
“Do transporte de Coisas”.

Portanto, o transporte é de pessoas e coisas, e pode


ser terrestre, aéreo e marítimo ou fluvial.

O terrestre, por sua vez, se subdivide em ferroviário e


hidroviário. Em função da extensão coberta, pode ser também
urbano, intermunicipal, interestadual e internacional.

Observação: O transporte de bagagem é acessório do


contrato de transporte de pessoas. O viajante, ao comprar a
passagem, assegura o direito de transportar consigo a sua
bagagem. Ao mesmo tempo, o transportador assume,
tacitamente, a obrigação de efetuar o transporte.

Art. 734, CC: O transportador responde pelos danos


causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo
motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente
da responsabilidade.

Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a


declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da
indenização.
4. DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS ÀS VÁRIAS
ESPÉCIES DE CONTRATO DE TRANSPORTE

Art. 731. O transporte exercido em virtude de autorização,


permissão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e
pelo que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do disposto
neste Código.

Na seção de disposições gerais o Código traçou regras


comuns a todos os contratos de transporte, fazendo, porém,
certas ressalvas.

Assim, nos termos do art. 731, sempre que o


transporte for privativo do Poder Público, pode este conferir a
exploração a particulares por meio de institutos do direito público,
como a autorização, permissão ou concessão. Nesse caso, o
Estado fixa as regras, as condições e as normas que regerão os
serviços, sobretudo no tocante a itinerários, tarifas, prazos e
normas regulamentares, sem prejuízo das disposições do Código
Civil.

5. O CARÁTER SUBSIDIÁRIO DA LEGISLAÇÃO ESPECIAL,


DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS.

Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando


couber, desde que não contrariem as disposições deste Código, os
preceitos constantes da legislação especial e de tratados e convenções
internacionais.

6. TRANSPORTE DE PESSOAS:

 No transporte de pessoas, mediante o pagamento do valor da


passagem pelo usuário, o transportador obriga-se a cumprir o
contrato, deslocando a pessoa e sua eventual bagagem, com
segurança, sem danos, até o lugar previsto, obedecendo aos
horários e itinerários.
 E a partir do momento em que o indivíduo incide na direção de
esfera do transportador, responde pela integridade/incolumidade da
pessoa.

- O art. 734 do CC prescreveu a responsabilidade objetiva do


transportador, proibindo qualquer cláusula de não indenizar, inclusive
não afastando quando o dano for causado por culpa de terceiro,
vez que nesse caso o transportador permanece responsável perante
o passageiro, tendo, todavia, ação regressiva perante o terceiro (art.
735).

Transporte ferroviário: início quando o passa pela roleta e ingressa


na estação de embarque.

Transporte rodoviário: A execução se inicia com o embarque.

Transporte aéreo: Início da execução da avença.

Transporte Ferroviário. Passageiro atingido por uma bala de


revólver enquanto aguardava o trem na plataforma de
embarque. Ferrovia que se responsabiliza pela incolumidade
física do usuário a partir do momento em que este adquire o
bilhete de acesso, até o instante em que ele chegue ao seu
destino. Inocorrência de caso fortuito ou força maior.
Indenização devida aos familiares da vítima. (RT, 795/228).

 A única excludente de responsabilidade seria a forcaa maior


(derivada dos acontecimentos naturais), como raio, inundação,
terremoto, etc...Não abrangeu situações como greve, motim, guerra,
que seriam Casos Fortuito (que decorre do fato alheio à vontade das
partes).

- Exemplos: estouro de pneus, quebra de barra de direção,


rompimento dos freios e outros defeitos mecânicos não afastam a
responsabilidade do transportador.

 Não elide a responsabilidade a culpa de terceiros: Art. 735, do


Código Civil. Em matéria de responsabilidade civil o transportar e a
jurisprudência já na vinha admitindo como excludente o fato de
terceiro. Justifica-se o rigor, tendo em vista a maior atenção que
deve ter o motorista obrigado a zelar pela integridade de outras
pessoas. Súmula 187: “A responsabilidade contratual do
transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por
culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”.

- Assim, deve primeiro indenizar o passageiro para depois discutir a


culpa pelo acidente, na ação regressiva movida contra terceiro.

- O fato de terceiro só exonera o transportador quando efetivamente


constitui causa estranha ao transporte, isto é, quando elimina,
totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho
do contrato, como na hipótese de o passageiro ser ferido por uma
bala perdida.

 Responsabilidades do passageiro: O passageiro tem a obrigação de


observar as normas estabelecidas pelo transportador, especificadas
no bilhete ou que de outra forma lhe tenha sido dado conhecimento,
bem como de se comportar de maneira a não incomodar ou
prejudicar os demais passageiros, a não danificar o transporte,
dificultar ou impedir os serviços de transporte (Art. 738, CC).

- Regras de rescisão do contrato de transporte pelos passageiros.

7. TRANSPORTE DE COISAS

- No transporte de coisas, o transportador tem a obrigação de levar o


bem que lhe foi entregue ao destino solicitado, dentro do prazo
contratado ou previsto, devendo tomar todas as providências e os
cuidados para manter o seu bom estado.

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