O contrato de transporte é o contrato pelo qual alguém
se vincula, mediante retribuição, a transferir de um lugar para outro pessoas ou bens.
Art. 730, CC. Pelo contrato de transporte alguém se
obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para outro, pessoas ou coisas.
Pela dicção do art. 730, observamos que o contrato de
transporte se compõe de três elementos: o transportador, o passageiro e a transladação.
Transportador: Aquele que executa o transporte.
Passageiro: Pode ser a pessoa que adquiriu a
passagem ou quem recebeu deste. Aquele que entrega as coisas para o transporte se chama expedidor.
Transladação: Que é a transferência ou remoção de
um lugar para outro.
O contrato de transporte se caracteriza precipuamente
na atividade desenvolvida pelo transportador, de deslocamento físico de pessoas ou coisas de um local para o outro, sub sua total responsabilidade. Constitui, bem a verdade, o objeto específico do contrato de transporte.
Necessário ainda que o objeto do contrato seja
especificamente o deslocamento (pessoa/coisa), vez que em algumas situações a relação de transporte pode apresentar-se como acessória de outro negócio jurídico, como a venda de uma mercadoria que deverá ser entre em outra localidade.
Diante do exposto, o contrato de transporte gera, para
o transportador, uma obrigação de resultado, qual seja, a de transportar o passageiro são e salvo, e a mercadoria, sem avarias, ao seu destino.
E a não obtenção do resultado importa o
inadimplemento das obrigações assumidas e a responsabilidade pelo dano ocasionado.
2. CARACTERÍTICAS
Contrato de adesão: Categoria de contrato em que as
partes não discutem amplamente as suas cláusulas, como acontece no tipo tradicional, ou seja, cláusulas préviamente estipuladas por uma das partes, às quais a outra simplesmente adere. Há uma espécie de preponderância da vontade de um.
Via de regra existe um regulamento, previamente redigido por
um deles, e que o outro aceita ou não contrata. O regulamento é baseado em normas legais inclusive.
Exemplos: Quem toma um ônibus, avião, taxi,
etc...Tacitamente celebra um contrato de adesão com a empresa transportadora e adere ao seu regulamento. E o transportador assume a obrigação de conduzi-lo ao seu destino, são e salvo.
Bilateral ou Sinalagmático: pois gera obrigações para
ambas as partes; Consensual – porque se aperfeiçoa com simples acordo de vontades; Oneroso – porque as partes buscam vantagens recíprocas, o destino para a coisa ou para o passageiro e preço para o transportador; Típico – porque previsto no CC de 2002; De duração – pois sua execução não se limita em um só ato ou instantaneamente, necessitando sempre de um lapso temporal para ser cumprido; Comutativo – porque as partes conhecem as obrigações respectivas de início, não dependendo de evento futuro ou incerto; Não solene – porque não depende de forma prescrita para ser concluído.
3. ESPÉCIES DE TRANSPORTE:
O Código Civil de 2002 disciplinou o contrato de
transporte em capítulo próprio, dividindo-o em três seções intituladas: “Disposições gerais”, “Do transporte de pessoas” e “Do transporte de Coisas”.
Portanto, o transporte é de pessoas e coisas, e pode
ser terrestre, aéreo e marítimo ou fluvial.
O terrestre, por sua vez, se subdivide em ferroviário e
hidroviário. Em função da extensão coberta, pode ser também urbano, intermunicipal, interestadual e internacional.
Observação: O transporte de bagagem é acessório do
contrato de transporte de pessoas. O viajante, ao comprar a passagem, assegura o direito de transportar consigo a sua bagagem. Ao mesmo tempo, o transportador assume, tacitamente, a obrigação de efetuar o transporte.
Art. 734, CC: O transportador responde pelos danos
causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a
declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização. 4. DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS ÀS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO DE TRANSPORTE
Art. 731. O transporte exercido em virtude de autorização,
permissão ou concessão, rege-se pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos, sem prejuízo do disposto neste Código.
Na seção de disposições gerais o Código traçou regras
comuns a todos os contratos de transporte, fazendo, porém, certas ressalvas.
Assim, nos termos do art. 731, sempre que o
transporte for privativo do Poder Público, pode este conferir a exploração a particulares por meio de institutos do direito público, como a autorização, permissão ou concessão. Nesse caso, o Estado fixa as regras, as condições e as normas que regerão os serviços, sobretudo no tocante a itinerários, tarifas, prazos e normas regulamentares, sem prejuízo das disposições do Código Civil.
5. O CARÁTER SUBSIDIÁRIO DA LEGISLAÇÃO ESPECIAL,
DOS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS.
Art. 732. Aos contratos de transporte, em geral, são aplicáveis, quando
couber, desde que não contrariem as disposições deste Código, os preceitos constantes da legislação especial e de tratados e convenções internacionais.
6. TRANSPORTE DE PESSOAS:
No transporte de pessoas, mediante o pagamento do valor da
passagem pelo usuário, o transportador obriga-se a cumprir o contrato, deslocando a pessoa e sua eventual bagagem, com segurança, sem danos, até o lugar previsto, obedecendo aos horários e itinerários. E a partir do momento em que o indivíduo incide na direção de esfera do transportador, responde pela integridade/incolumidade da pessoa.
- O art. 734 do CC prescreveu a responsabilidade objetiva do
transportador, proibindo qualquer cláusula de não indenizar, inclusive não afastando quando o dano for causado por culpa de terceiro, vez que nesse caso o transportador permanece responsável perante o passageiro, tendo, todavia, ação regressiva perante o terceiro (art. 735).
Transporte ferroviário: início quando o passa pela roleta e ingressa
na estação de embarque.
Transporte rodoviário: A execução se inicia com o embarque.
Transporte aéreo: Início da execução da avença.
Transporte Ferroviário. Passageiro atingido por uma bala de
revólver enquanto aguardava o trem na plataforma de embarque. Ferrovia que se responsabiliza pela incolumidade física do usuário a partir do momento em que este adquire o bilhete de acesso, até o instante em que ele chegue ao seu destino. Inocorrência de caso fortuito ou força maior. Indenização devida aos familiares da vítima. (RT, 795/228).
A única excludente de responsabilidade seria a forcaa maior
(derivada dos acontecimentos naturais), como raio, inundação, terremoto, etc...Não abrangeu situações como greve, motim, guerra, que seriam Casos Fortuito (que decorre do fato alheio à vontade das partes).
- Exemplos: estouro de pneus, quebra de barra de direção,
rompimento dos freios e outros defeitos mecânicos não afastam a responsabilidade do transportador.
Não elide a responsabilidade a culpa de terceiros: Art. 735, do
Código Civil. Em matéria de responsabilidade civil o transportar e a jurisprudência já na vinha admitindo como excludente o fato de terceiro. Justifica-se o rigor, tendo em vista a maior atenção que deve ter o motorista obrigado a zelar pela integridade de outras pessoas. Súmula 187: “A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”.
- Assim, deve primeiro indenizar o passageiro para depois discutir a
culpa pelo acidente, na ação regressiva movida contra terceiro.
- O fato de terceiro só exonera o transportador quando efetivamente
constitui causa estranha ao transporte, isto é, quando elimina, totalmente, a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do contrato, como na hipótese de o passageiro ser ferido por uma bala perdida.
Responsabilidades do passageiro: O passageiro tem a obrigação de
observar as normas estabelecidas pelo transportador, especificadas no bilhete ou que de outra forma lhe tenha sido dado conhecimento, bem como de se comportar de maneira a não incomodar ou prejudicar os demais passageiros, a não danificar o transporte, dificultar ou impedir os serviços de transporte (Art. 738, CC).
- Regras de rescisão do contrato de transporte pelos passageiros.
7. TRANSPORTE DE COISAS
- No transporte de coisas, o transportador tem a obrigação de levar o
bem que lhe foi entregue ao destino solicitado, dentro do prazo contratado ou previsto, devendo tomar todas as providências e os cuidados para manter o seu bom estado.