Você está na página 1de 98

CURSO BÁSICO

DE TEOLOGIA

foiceis, parasaia
rassmm^psstahi,
aiftHomaiâa
S4 pois, es» homem !p0
quebrado?ou
igémseagtòaí pw~:;;
>, e arrojados para ^ 0 wF- ?:Viveo Senhor, que iea
n#smess5®is?ora,eíPÍ|

daSanhor.
Mm dize;
* *k trouxe a geração da casa de ís-
da tens do norte, e de todas a-
.«fsspara onde os tinha arrojado, SEITAS E
? Quantoac®profetas. O meu cora- V ~_
tãoeítíqueeraníado dentro de mim-, despr®
axteos measossosestremecem; sou e a qua
v^mankfflaemembriagado, e esmo:pésáaot
"hoaKmvenddo do vinho. norrau- --- a
HERESIAS

Pr. Antônio Siqueira


SEITAS E HERESIAS

ANTÔNIO SIQUEIRA
© 2012 Assembleia de Deus em Anápolis . Ministério Madureira

Autor Livro-Texto para o Curso Básico de


Antônio R. Siqueira Teologia do IBMA.
Publicado com a devida autorização
Direção Geral
e com todos os direitos reservados
Pr. Bertiê Adais Magalhães
para a Igreja Evangélica Assembleia
de Deus em Anápolis - Ministério
Direção Editorial Madureira.
Pb. Vânio Alves Limiro - Editor
Proibida a reprodução deste livro por
Supervisão qualquer meio sem a devida
SUPEC - Sup. de Educação Cristã permissão, podendo ser usado
Pr. Baltazar Pedro Cai rias apenas para breve citações.

Revisão
Vânio Limiro
Pr. Joaquim B. Silva

Projeto Gráfico | Capa


Vânio Alves Limiro

1" edição - junho de 2012

Impressão e acabamento
Editora Visão
( 62 ) 3211-1600

Siqueira, Antônio R.
Seitas e Heresias, Antônio R. Siqueira - Anápolis, 2012

Publicação da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Anápolis - Ministério Madureira.


Fundada em 05 de março de 1940 - CNPJ: 01.108.778/0001-81
Av. Tiradentes 1299 . Centro. CEP: 75040-100. Anápolis GO
Tel: (62) 3902-2767 - www.adanapolis.com.br - Email: supec@adanapolis.com.br
APRESENTAÇAO

"E muitos seguirão as suas dissoluções, pelo quais


blasfemam o caminho da verdade" (2 pe 2.2).

P or fa lta de co n h ecim en to da P a la v ra e,
consequentemente, das verdades bíblicas, as heresias têm
comprometido a qualidade espiritual de muitos cristãos,
os instrumentos que contrariam as verdades de deus são
considerados pelas escrituras como os falsos mestres, eles
procuram atacar todas as bases do cristianismo a fim de
atingir a fé do cristão, e muitos são levados por encantos
e fantasias sem nenhum embasamento bíblico.
Para iniciarmos a defesa da fé que confessamos é
interessante conhecer pelo menos um pouco sobre as re­
ligiões, seitas e heresias, pois elas nunca mostram a sua
verdadeira face, comumente se apresentam de maneira
arguciosa, por isso as pessoas fracas e simples acabam
aderindo e somente depois percebem que é uma verda­
deira dissimulação.
Que Deus te ilumine no entendimento deste tão
importante ensino. É este o propósito deste livro e deste
curso. Tenha um bom proveito.
Pb. Vânio Limiro
Editor
E jesus, respondendo, disse-lhes:
Acautelai-vos, que ninguém vos engane;
porque muitos virão em meu nome, dizendo:
eu sou o cristo; e enganarão a muitos.
Mateus 24:4-5
SUMARIO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................... 3

PARTE 1
RELIGIÕES, SEITAS E HERESIAS
IN TRO D UÇ Ã O ............................................................................................................8

CAPÍTULO 1
AS RELIGIÕ ES............................................................................................................ 12

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO E GEOGRÁFICADAS RELIGIÕES ............................................. 14

CAPÍTULO 3
A CLASSIFICAÇÃO FILOSÓFICA DASRELIGIÕES.................................................18

CAPÍTULO 4
AS SEITA S....................................................................................................................30

CAPÍTULO 5
A IDENTIFICAÇÃO DAS SEITAS...............................................................................34

CAPÍTULO 6
O PERIGO DAS SEITAS ............................................................................................ 39

PARTE 2
ASPECTOS COMPARATIVOS DE RELIGIÕES E SEITAS

CAPÍTULO 7
O CATOLICISMO...................................................................................................... 46

CAPÍTULO 8
O ESPIRITISM O......................................................................................................... 54

CAPÍTULO 9
ADVENTISMO DO SÉTIMO D IA ............................................................................. 64

CAPÍTULO 10
O MORMONISMO...................................................................................................73

CAPÍTULO 11
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.................................................................................84
CAPÍTULO 12
O ISIAMISMO ....................................................................................................89

CAPÍTULO 13
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS......................................................................... 93

CAPÍTULO 14
A NOVA ERA......................................................................................................95

BIBLIOGRAFIA................................................................................................... .....97

Atividade de Verificação de Aprendizagem ................................................................99


PARTE 1

RELIGIÕES, SEITAS
E HERESIAS
8 | SEITAS E HERESIAS

IN TRO D U ÇÃO

O homem é um ser religioso e na constante busca


de saciar essa sua fome pela espiritualidade, a humani­
dade sempre se valeu de meios e recursos que satisfi­
zessem sua curiosidade pelo o que está além dele, em
esferas espirituais. Essa ação religiosa no homem é re­
sultante da criação do homem para viver em comunhão
com o seu criador. A perda dessa comunhão com Deus
foi desastrosa para a humanidade em vários aspectos, e
ao se dar conta desse prejuízo, o homem sempre tentou
se reconectar com o seu criador, mas sem pre do seu
modo, originando assim vários tipos de crenças.
Não há como negar as seitas fazem parte do nosso
cotidiano. Como disse certo autor,
Algumas são populares e amplamente aceitas na
sociedade. Outras são isolacionistas e procuram se es­
conder ao máximo, para evitar o estudo de suas ações.
Elas crescem e florescem a cada dia. As seitas causam
grande prejuízo e sofrimento a alguns de seus seguido­
res, mas existem outras que parecem beneficiar profun­
damente seu seguidor.
Não devemos nos assustar com o aumento do nú­
mero cie seitas e heresias que estão surgindo a cada dia.
É quase profético, Jesus já nos advertira que no final dos
tempos surgiria esse tipo de movimento, "novas seitas
religiosas e filosóficas, responsáveis pelos grandes ab­
surdos e desvios doutrinários, provocando uma inun­
dação de ideias com o objetivo de confundir as mentes
desavisadas ou despreparadas".
SEITAS E HERESIAS | 9

I) DEFINIÇÃO DE TERMOS
1. Religião
Deriva do termo latino "Re-Ligare", que significa
"religação" com o divino. Essa definição engloba neces­
sariamente qualquer forma de aspecto místico e religio­
so, abrangendo seitas, m itologias e quaisquer outras
doutrinas ou formas de pensamento que tenham como
característica fundamental um conteúdo Metafísico, ou
seja, de além do mundo físico.

2. Mitologia
É uma coleção de contos e lendas com uma concep­
ção mística em comum, sendo parte integrante da maio­
ria das religiões, mas suas formas variam grandemente
dependendo da estrutura fundamental da crença religi­
osa. Não há religião sem mitos, mas podem existir mitos
que não participem de uma religião.

3. Seitas
Etimologicamente falando, pode-se derivar seita do
verbo latino sequi, seguir; donde seita seria o seguimen­
to de alguma concepção ou teoria ou também de algum
grande Mestre. Há quem derive o vocábulo de seco,
secare, cortar, donde seita seria algo cortado ou dissi­
dência. Como quer que seja na realidade é difícil definir
o que é uma seita, pois são várias as modalidades de
seitas, de modo que as definições correm o risco de não
abranger todas as respectivas notas. Eis, porém, algumas
das conceituações mais frequentes:
0 Grupo religioso que professa doutrinas que divergem
dos verdadeiros ensinos bíblicos, sendo que muitos,
apesar de utilizarem a Bíblia distorcem ou negligen-
10 I SEITAS E HERESIAS

ciam a mensagem central das Escrituras. Normalmen­


te, formam uma comunidade fechada de cunho radi­
cal cujo sistema diverge da opinião geral, mas é se­
guido por muitos que se dedicam intensamente ao
proselitism o".
• Um g ru p o n ã o -o rto d o x o , eso té rico (do grego
esoterikós, que significa conhecimento secreto, ao al­
cance de poucos). Podem ter devoção a uma pessoa,
objeto, ou a um conjunto cie ideias".
• Veja o que dizem Escobar e J. M. Ganuza:
"Seitas são grupos constituídos por homens e mu­
lheres, geralmente pequenos grupos, cujos mem­
bros são unidos entre si por uma ou várias ideias
religiosas, filosóficas, ocultistas, espíritas, mági­
cas ou por uma mistura de todas ou de algumas
destas ideias. Tais grupos garantem reter a ver­
dade absoluta e a solução para todos os problemas
do homem. Além do quê, caracterizam-se pelo se­
guimento irrestrito do(s) seu(s) líder (es)" (Juan
Daniel Escobar, Sectas, Cristianismo y Catolicis­
mo. (Análisis eclesiologico, em Medellin n° 87,
setembro 1996, p. 26).
"As seitas são grupos religiosos, geralmente pe­
quenos, cheios de entusiasmo, constituídos por
homens e mulheres, associados voluntariamente
após uma conversão. Acreditam ter descoberto a
verdade e a solução; excluem radicalmente os ou­
tros crentes; colocam-se contra as Igrejas e contra
o mundo e obedecem cegamente ao(s) seu(s) fun­
dador (es)". (J. M. Ganuza, Las Sectas nos
dividen, Santiago 1993, p. 14)
SEITAS E HERESIAS | 11

4. Heresias
Heresia deriva da palavra grega "haireses" e signi­
fica "escolha", "seleção", "preferência" ou "partido".
"Do ponto de vista cristão heresia é o ato de um
indivíduo ou de um grupo se afastar do que ensina
a Palavra de Deus e adotar e divulgar suas própri­
as ideias ou as de outrem, em matéria de religião. É
o abandono da verdade". (OLIVEIRA, p.02)

Uma definição bem clássica de heresia pode ser re­


sumida como "Um a doutrina ou um conjunto delas que
divergem dos verdadeiros ensinos bíblicos, e apesar de
terem "aparência" de verdade, contudo não passam de
mentiras. Suas origens quase sempre são as distorções
nos ensinos da Bíblia".
CAPÍTULO

1
AS RELIGIÕES
Religião (do latim religare, significando religação
com o divino [1]) é um conjunto de sistemas culturais e
de crenças, além cie visões de mundo, que estabelece os
sím b o lo s que re la cio n a m a h u m a n id a d e com a
espiritualidade e seu próprios valores morais.
Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições
e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida
ou explicar a sua origem e do universo. As religiões ten­
dem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou
um estilo cie vida preferido de suas ideias sobre o cos­
mos e a natureza humana.
A palavra religião é muitas vezes usada como sinô­
nimo cie fé ou sistema de crença, mas a religião difere da
crença privada na medida em que tem um aspecto pú­
blico. A maioria das religiões têm comportamentos or­
ganizados, incluindo hierarquias clericais, uma defini­
ção do que constitui a adesão ou filiação, congregações
de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de
veneração ou adoração de uma divindade ou para a ora­
ção, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras
sagradas para seus praticantes.
SEITAS E HERESIAS | 13

A prática de uma religião pode também incluir ser­


mões, comemoração das atividades de um deus ou deu­
ses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, servi­
ços funerários, serviços matrimoniais, meditação, músi­
ca, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura
humana.
A palavra "religião" foi usada durante séculos no
contexto cultural da Europa, marcado pela presença do
cristianismo que se apropriou do termo latino religio.
No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona
(século IV d.C.) afirma que religio deriva de religere, "re­
eleger". Através da religião a humanidade reelegia de
novo a Deus, do qual se tinha separado. Mais tarde, na
obra De vera religione Agostinho retoma a interpretação
de L actân cio, que via em relig io um a relação com
"religar".
Independente da origem, o termo é adotado para
designar qualquer conjunto de crenças e valores que com­
põem a fé de determinada pessoa ou conjunto de pesso­
as. Cada religião inspira certas normas e motiva certas
práticas.
CAPÍTULO

2
CLASSIFICAÇÃO E
GEO GRÁFICA DAS RELIGIÕES
Esta classificação procura agrupar as religiões com
base em critérios geográficos, como a concentração numa
determinada região ou o facto de certas religiões terem
nascido na mesma região do mundo. As categorias mais
empregues são as seguintes:
1. Religiões abraâmicas: judaísmo, cristianismo,
islamismo, zoroastrismo, fé bahá'í;
2. Religiões da Ásia Oriental: confucionismo, taoísmo,
budismo mahayana e xintoísmo;
3. Religiões da índia: hinduísmo, jainismo, budismo e
siquismo;
4. Religiões africanas: religiões dos povos tribais da
África Negra;
5. Religiões da Oceania: religiões dos povos das ilhas
do Pacífico, da Austrália e da Nova Zelândia;
6. Religiões da Antiga Grécia e Roma.
Esta classificação não se refere à forma como tais
religiões estão distribuídas hoje pela Terra, mas às regi­
ões onde elas surgiram. Fundamenta-se no fato de que
as religiões paridas em regiões próximas mantém tam-
SEITAS E HERESIAS | 15

bém proximidades em relação aos seus credos, por exem­


plo: as religiões nascidas no Oriente Médio em geral são
monoteístas e submetem seus crédulos a forte regime de
proibições e obrigações, sempre se utilizando de amea­
ças pós-mortem como a do inferno cristão.
Já as religiões nascidas no Oriente Distante são ou
politeístas ou espiritualistas (não pregam a existência de
nenhum deus, mas acreditam em forças espirituais) e são
mais flexíveis quanto suas normas morais.
A distribuição atual das religiões não corresponde
às suas origens, já que algumas perderam força em suas
regiões nativas e ganharam participação em outras par­
tes do planeta, um exemplo básico é o cristianismo, que
é minoritário no Oriente Médio (onde surgiu) e majori­
tário em todo o Ocidente e na Oceania (para onde m i­
grou). Há ainda o caso das religiões greco-romanas que
dominaram a Europa por séculos mas hoje são religiões
mortas, provavelmente sem nenhum seguidor vivo em
todo o planeta.
C ris tia n is m o R e lig iõ e s P r e d o m in a n te no m undo
a b r a â m ic a s o c id e n ta l (E u ro p a , A m é r ic a s e
O c e a n ia ) , Á f r ic a s u b s a a r ia n a ,
F i li p in a s e T i m o r - L e s t e no
S u d e s te d a Á s ia . E x is t e m
m in o r ia s n o m u n d o to d o .

Is lã R e lig iõ e s O rie n te M é d io , N o rte d a Á fric a ,


a b r a â m ic a s Á s ia C e n tra l, S u l d a Á s ia , Á fric a
O c id e n ta l, A r q u ip é la g o M a la io ,
c o m g ra n d e s c o m u n id a d e s n a
Á fric a O r ie n ta l, B á lc ã s , R ú s s ia e
C h in a ( v e r is lã o p o r p a ís ). [4 ]

S e m re lig iã o S e c u la ris m o P re d o m in a n te no mundo


o c id e n ta l. E x is te m m in o r ia s a o
r e d o r d o m u n d o ( v e r irr e lig iã o p o r
p a ís ).
16 i SEITAS E HERESIAS

H in d u ís m o R e lig iõ e s S u l d a Á s ia , B a li, M a u ríc ia , F iji,


in d ia n a s G u ia n a , T r in id a d e Tobago,
S u r in a m e e m in o r ia s a o r e d o r d o
m undo.

B u d is m o R e lig iõ e s S u l d a Á s ia , Á s ia O r ie n t a l,
in d ia n a s S u d e s te d a Á s ia , A u s tr á lia e
a lg u m a s r e g iõ e s d a R ú s s ia .

R e lig iõ e s R e lig iõ e s Á fric a , Á s ia , A m é r ic a s


fo lc ló ric a s fo lc ló ric a s
R e lig iã o R e lig iõ e s d a Á s ia O r ie n ta l, V ie tn ã , S in g a p u ra
tra d ic io n a l Á s ia O rie n ta l e M a lá s ia .
c h in e s a

X in to ís m o R e lig iõ e s d a
Japão
Á s ia O rie n ta l

S ik h is m o R e lig iõ e s S u b c o n tin e n te in d ia n o ,
in d ia n a s A u s tr a lá s ia , A m é r ic a d o N o rte ,
S u d e s te d a Á s ia , R e in o U n id o e
E u ro p a o c id e n ta l.

E s p iritis m o Religiões Em to do o mundo, mas


abraâmicas J p r in c ip a lm e n te n o B ra s il, C u b a e
Novo movimento n a J a m a ic a .
religioso.

J u d a ís m o R e lig iõ e s Is ra e l e a o r e d o r d o m u n d o
a b r a â m ic a s a tr a v é s d a d iá s p o r a ju d a ic a
( m a io r p a rte n a A m é r ic a d o
N o rte , A m é ric a d o S u l, E u ro p a e
Á s ia ).

J a in is m o R e lig iõ e s In d ia e Á fr ic a O rie n ta l.
In d ia n a s

F é B a h á 'í R e lig iõ e s D is p e rs a p e lo m u n d o , m a s c o m
a b r a â m ic a s g ra n d e s p o p u la ç õ e s ( c e rc a d e
6 0 % d o s a d e p to s d a F é B a h á 'í),
n a í n d ia , E s t a d o s U n id o s ,
V ie tn ã ,Q u ê n ia , C o n g o , F ilip in a s ,
Z â m b ia , Á f r ic a d o S u l, Irã e
B o lív ia

C a o d ai R e lig iõ e s d a V ie tn ã .
Á s ia O rie n ta l
SEITAS E HERESIAS | 17

C h e o n d o ís m o R e lig iõ e s d a C o r e ia d o N o rte e d o S u l
Á s ia O rie n ta l

T e n rik y o R e lig iõ e s d a J a p ã o e B ra s il.


Á s ia O rie n ta l

W ic c a N ovo E stados U n id o s , A u strá lia ,


m o v im e n to E u ro p a , C a n a d á .
r e lig io s o
Igreja M essiânica R e lig iõ e s d a J a p ã o e B ra s il
Mundial Á s ia O rie n ta l
S e ic h o -n o -ie R e lig iõ e s d a J a p ã o e B ra s il
Á s ia O rie n ta l
M o v im e n to N ovo J a m a ic a , C a r ib e e Á fric a .
ra s ta fá ri m o v im e n to
r e lig io s o
U n itá rio - N ovo E stados U n id o s, Canada,
U n iv e rs a lis m o m o v im e n to E u ro p a .
r e lig io s o
CAPÍTULO

3
A CLASSIFICAÇÃO
FILO SÓ FICA DAS RELIGIÕES
Há várias formas de religião, e são muitos os mo­
dos que vários estudiosos utilizam para classificá-las.
Porém há características comuns às religiões que apare­
cem com maior ou menor destaque em praticamente to­
das as divisões.
A primeira destas características e cronológica, pois
as formas religiosas predominantes evoluem através dos
tempos nos sucessivos estágios culturais de qualquer
sociedade.
Outro modo é classificá-las de acordo com sua soli­
dez de princípios e sua profundidade filosófica, o que
irá separá-las em religiões com e sem livros sagrados.
A classificação que leva em conta essas duas carac­
terísticas, divicie as religiões em quatro grandes grupos
distintos: PANTEÍSTAS, POLITEÍSTAS, MONOTEÍSTAS
e ATEÍSTAS.
I) O PANTEÍSMO E NEOPANTEÍSMO
As Religiões panteístas são as m ais antigas, do­
m inando em sociedades m enores e mais "p rim itivas".
SEITAS E HERESIAS | 19

Tanto nos primórdios da civilização mesopotâmica, eu­


ropeia e asiática, quanto nas culturas das Américas, Áfri­
ca e Oceania.
A palavra PANTEÍSMO vem do grego, pan, "tudo",
+ Theós, "d eu s", dando a entender que tudo é Deus. De
acordo com o panteísmo, Deus é o cabeça da totalidade,
e o mundo é o seu corpo. A forma objetivada, "panteísta",
foi cunhada pela primeira vez por John Toland, em 1705.
Por sua vez, Fay atacou a filosofia de Toland, e usou a
forma nominal "panteísm o". E, desde então o termo tem
sido continuamente usado.
O panteísmo é uma espécie de monismo, que iden­
tifica a mente e a matéria, e que pensa que a unidade é
divina. E assim, o finito e o infinito tornam-se uma e a
mesma coisa, embora diferentes expressões de uma mes­
ma coisa. O universo passa a ser auto-existente, sem co­
meço, embora sujeito a modificações. De acordo com o
panteísmo, todos os seres e toda a existência de Deus,
são concebidos como um todo.
O panteísmo é a crença de que o Universo ou a na­
tureza e deus são idênticos. Sendo assim, os adeptos
dessa posição, os panteístas, não acreditam num deus
pessoal, antropomórfico ou criador. Embora existam di­
vergências dentro do panteísmo, as ideias centrais dizem
que deus é encontrado em todo o Cosmos como uma
unidade abrangente.
O panteísmo tende a divinizar os elementos da na­
tureza, referindo-se à própria natureza por deus. No
panteísm o, deus tem tamanho igual ao universo. No
panenteísmo, deus está dentro do Universo, mas existe
também fora dele. As formas de panteísmo mais impor­
tantes são:
20 | SEITAS E HERESIAS

1. Hilozoísta - O divino é imanente do mundo e é carac­


terizado como elemento básico do mundo que em­
presta mudança e movimento à sua totalidade;
2. Imanentista - Deus faz parte do mundo e é imanente
nele;
3. Monista absolutista - Deus é tanto absoluto quanto
idêntico com o mundo;
4. Monista Relativista - O mundo é real e m utável.
Sendo assim , Deus é im utável e não é afetado pelo
m undo;
5. Acósmico - Deus é absoluto e constitui a totalidade
da realidade;
6. Identidade dos Opostos - qualquer dissertação a
respeito de Deus deve necessariam ente apelar aos
opostos;
7. Neoplatônico - Deus é absoluto em todos os aspec­
tos, removido do mundo transcendente sobre ele.

O panteísta é aquele que acredita, ou tem a percep­


ção da natureza e do Universo como divindade. Ao con­
trário dos deístas, ele não advoga a existência nem de
um Deus criador do Universo, tampouco das divinda­
des teístas intervencionistas, mas simplesmente especu­
la que tudo o que existe é manifestação divina, auto cons­
ciente.
De entre as doutrinas ocidentais, o panteísmo é uma
das que mais se aproximam das filosofias orientais como
o Budismo, o Jainismo, o Taoísmo e o Confucionismo.
É também a linha filosófica que mais se aproxima
da filosofia hermética do antigo Egito, onde o principal
objetivo é fazer parte da conspiração Universal, Ou cons­
piração Cósmica.
SEITAS E HERESIAS 21

Contudo, o panteísta não vê a Ciência de maneira


diversa de um ateu, não atribuindo a nenhum tipo de
divindade fatos como a origem do Universo, da Vida e
da espécie Humana. Deus, no panteísmo, é todo o Uni­
verso. O seu templo é qualquer lugar e sua lei é a das
Ciências Naturais, a lei natural.
Do ponto de vista bíblico, o panteísmo é deficiente
por causa de duas considerações:

* Negação da transcendência de Deus e defende Sua


imanência radical, enquanto que a Bíblia apresenta
um equilíbrio, onde Deus está ativo na história e na
sua criação, mas não é idêntico a elas.
• Tendência de identificar Deus com o mundo materi­
al, negando assim, o caráter pessoal de Deus. Nas
Escrituras, Deus é retratado supremamente como uma
pessoa.

O Neopanteísmo é uma tentativa de aperfeiçoamen­


to do panteísmo. Para tal, se vale de ideias da química e
física contemporâneas.
A base do argumento neopanteísta é a de que ma­
téria é energia aprisionada. Deus seria essa energia, que
impulsiona o universo.
No Neopanteísmo encontram os religiões e sitas
com o o R acionalism o C ristão, o N eo-G n osticism o,
aTeosofia, aWicca, as crenças esotéricas, bem como o
Espiritsmo Kardecista, apesar do Kardecismo não se con­
siderar Panteísta e sim antes Monoteísta.
II) O POLITEÍSMO
As Religiões POLITEÍSTAS por vezes se confun­
dem com as Panteístas, mas surgem num estágio pos­
terior do desenvolvimento de uma cultura. Quanto mais
22 1 SEITAS E HERESIAS

a sociedade se torna complexa, mais o Panteísmo vai se


tornando Politeísmo.
Politeísm o (do grego: Poli, muitos, Théos, deus:
muitos deuses) consiste na crença em mais do que uma
divindade de gênero masculino, feminino ou indefini­
do, sendo que cada uma é considerada uma entidade
individual e independente com uma personalidade e
vontade próprias, governando sobre diversas atividades,
áreas, objetos, instituições, elementos naturais e mesmo
relações humanas.
Ainda em relação às suas esferas de influência, de
notar que nem sempre estas se encontram claramente
d ife re n c ia d a s , p od en d o n a tu ra lm en te h a v er um a
sobreposição de funções de várias divindades.
O reconhecimento da existência de múltiplos deu­
ses e deusas, no entanto, não equivale necessariamente à
a d o ração de tod as as d iv in d ad es de um ou m ais
panteões, pois o crente tanto pode adorá-las no seu con­
junto, como pode concentrar-se apenas num grupo es­
p e cífico de d e id a d es, d eterm in a d o p or d iv ersa s
condicionantes como a ocupação do crente, os seus gos­
tos, a experiência pessoal, tradição familiar, etc.
São exemplos de religiões politeístas as da antiga
Grécia, Roma, Egito, Escandinávia, Ibéria, Ilhas Britâni­
cas e regiões eslavas, assim como as suas reconstruções
m odernas com o a W icca, Xam anism o , D ruidism o,
Dodecateísmo e ainda o Xintoísmo.
III) O MONOTEÍSMO
As religiões monoteístas são mais recentes, e atual­
m en te as m ais d issem in a d a s, o M o n o teísm o
quantitativamente ainda domina mais de metade da hu­
manidade.
SEITAS E HERESIAS | 23

O m onoteísm o (do grego: iüíio, transi, m ónos,


"ú n ico", e èâüò, transi, théos, "deu s": único deus) é a
crença na existência de apenas um só D eus.[l] Diferen­
te do politeísm o que conceitua a natureza de vários
deuses, como também diferencia-se do henoteísmo por
ser este a crença preferencial em um deus reconhecido
entre muitos.
A divindade, nas religiões monoteístas, é onipoten­
te, onisciente e onipresente, não deixando de lado ne­
nhum dos aspectos da vida terrena. São exemplos de re­
ligiões monoteístas:

1. Cristianismo
2. Espiritismo
3. Fé Bahá'í
4. Islamismo
5. Judaísmo
6. Zoroastrismo

IV) O ATEÍSMO
Embora possa parecer estranho, existem religiões
ateístas, que negam a existência de um ser supremo cen­
tral, embora possam admitir a existência de entidades
espirituais diversas. Essas religiões geralmente surgem
como um reação a um sistema religioso Monoteísta ou
pelo menos Politeísta, e em muitos aspectos se confun­
de com o Panteísmo embora possua características ex­
clusivas.
Ateísmo, num sentido amplo, é a rejeição ou au­
sência da crença na existência de divindades e outros seres
sobrenaturais. O ateísmo é contrastado com o teísmo, que
em sua forma mais geral é a crença de que existe pelo
24 | SEITAS E HERESIAS

menos uma divindade. Num sentido mais restrito, o ate­


ísmo é precisamente a posição de que não existem di­
vindades.
O termo ateísmo, proveniente do grego clássico èaíò
(atheos), que significa "sem Deus", foi aplicado com uma
conotação negativa àqueles que se pensava rejeitarem os
deuses adorados pela maioria da sociedade. Com a di­
fusão do pensamento livre, do ceticismo científico e do
consequente aumento do criticismo à religião, a aplica­
ção do termo foi reduzida em seu escopo. Os primeiros
indivíduos a identificarem-se como "ateus" surgiram no
século XVIII.
Os ateus tendem a ser céticos em relação a afirma­
ções so b re n a tu ra is, c ita n d o a fa lta de ev id ê n cia s
empíricas. Os ateus têm oferecido vários argumentos para
não acreditar em qualquer tipo de divindade. Estes in­
cluem o problema do mal, o argumento das revelações
inconsistentes e o argumento de descrença. Outros argu­
mentos do ateísmo são filosóficos, sociais e históricos.
Embora alguns ateus adotem filosofias seculares,
não há nenhuma ideologia ou um conjunto de compor­
tamentos a que todos os ateus aderem. Na cultura oci­
dental, assum e-se frequentem ente que os ateus são
irreligiosos embora outros ateus sejam espiritualistas.
Ademais, o ateísmo também aparece em certos sistemas
religiosos e de crenças espirituais, como o jainismo, bu­
dismo e hinduísmo.
O jainismo e algumas formas de budismo não de­
fendem a crença em deuses, enquanto o hinduísmo man­
tém o ateísmo como um conceito válido, mas difícil de
acompanhar espiritualmente.
SEITAS E HERESIAS | 25

V) QUADROS COMPARATIVOS DOS GRUPOS


RELIGIOSOS
1. Épocas de surgimento e predomínio
PANTEÍSMO: As mais antigas, remontando a pré-his­
tória onde tinham predominância abso­
luta, e também presentes em muitos dos
povos silvícolas das Américas, África e
Oceania.

POLITEÍSMO: Surgem num estágio posterior de desen­


volvimento social, tendo sido predomi­
nantes na Idade Antiga em todo o velho
mundo, e mesmo nas civilizações mais
avançadas das Américas pré-colombia­
nas.
MONOTEÍSMO: Mais recentes, surgindo a partir do últi­
mo milênio aC e predominando da Ida­
de Média até a atualidade.
ATEÍSMO: Surgem a partir do século V aC, tendo
vingado somente no Oriente e no Oci­
dente ressurgindo somente após a renas­
cença numa forma mais filosófica que re­
ligiosa.
Neo PANTEÍSMO: Embora possuam representantes em to­
dos os períodos históricos, popularizam-
se ou surgem a partir do século XVIII.
2. Base literária
PANTEÍSMO: Próprias de culturas ágrafas, não possu­
em em geral qualquer forma de base es­
crita, sendo transmitidas por tradição
oral.
26 | SEITAS E HERESIAS

POLITEÍSMO: Nas sociedades letradas possuem fre­


quentemente registros literários sobre
seus mitos, e mesmo nas ágrafas possu­
em tradições icônicas mais elaboradas.
MONOTEÍSMO: Possuem Livros Sagrados definidos e que
padronizam as formas de crença, servin­
do como referência obrigatória e trazen­
do códigos de leis. São tidos como de­
tentores de verdades absolutas.
ATEÍSMO: Possuem textos básicos de conteúdo pre­
dominantemente filosófico, não possuin­
do entretanto força dogmática arbitrá­
ria ainda que sendo também revelados
por sábios ou seres iluminados.
Neo PANTEÍSMO: Seus textos sao em geral filosóficos, em-
bora possuam mais força doutrinária,
não incorrendo porém em dogmas arbi­
trários.
3. M itologia
PANTEÍSMO: Deus é o próprio mundo, tudo está inter­
ligado num equilíbrio ecossistêmico e mís­
tico. Crê-se em espíritos e geralmente em
reencarnação, é comum também o culto
aos antepassados. Procura-se manter a
harmonia com a natureza, e o mundo
comumente é tido como eterno.
POLITEÍSMO: Diversos deuses criaram, regem e destro­
em o mundo. Se relacionam de forma
tensa com os seres humanos, não raro
hostil. As lendas dos deuses se asseme­
lham a dramas humanos, havendo con­
tos dos mais diversos tipos.
SEITAS E HERESIAS | 27

MONOTEÍSMO: Um Ser transcendente criou o mundo e


o ser humano, há uma relação paternal
entre criador e criaturas. Na maioria dos
casos um semi-deus se rebela contra o
criador trazendo males sobre todos os
seres. Messias são enviados para condu­
zir os povos, profetiza-se um evento re­
novador violento no final dos tempos,
onde a ordem será restaurada pela di­
vindade.
ATEÍSMO: O Universo é uma emanação de um prin­
cípio primordial "vazio", um Não-Ser.
Crê-se na possibilidade de evolução es­
piritual através de um trabalho íntimo,
crê-se em diversos seres conscientes dos
mais variados níveis, e geralmente em
reencarnação.
Neo PANTEÍSMO: Acredita-se em geral no Monismo, um
substância única que permeia todo o
Universo num Ser único. São em geral
reencarnacionistas e evolutivas. A
desatribuição de qualidades do Ser su­
premo por vezes as confunde com o Ate­
ísmo.
4. SIMBOLOGIA
PANTEÍSMO: Utilizam no máximo totens e alguns ou­
tros fetiches, é comum o uso de vegetais,
ossos, ou animais vivos ou mortos.
POLITEÍSMO: Surgem os ídolos zoo ou antropomórficos
na forma de pinturas e esculturas em
larga escala. A simbologia icônica se tor­
na complexa em alguns casos resultan­
do em formas de escrita ideográfica.
28 | SEITAS E HERESIAS

MONOTEÍSMO: O Deus supremo geralmente não possui


representação visual, mas os secundári­
os sim. Utilizam símbolos mais abstratos
e de significados complexos.

ATEÍSMO: O Não-Ser supremo não pode ser repre­


sentado, mas há muitas retratações dos
seres iluminados. Há vários símbolos re­
presentativos da natureza e metafísica
do Universo.

Neo PANTEÍSMO: Diversos símbolos e mitos de diversas


outras religiões são resgatados e
reinterpretados, também não há repre­
sentação específica do Ser Supremo mas
pode haver de outros seres elevados.

5. RITUALISMO
PANTEÍSMO: Geralmente ligados a natureza e ocor­
rendo em contato com esta. E comum o
uso de infusões de ervas, danças, orácu­
los e cerimônias ao ar livre.

POLITEÍSMO: Passam a surgir os templos, embora em


geral não abandonem totalmente os ri­
tuais ao ar livre. Em muitos casos ocor­
rem os sacrifícios humanos, oráculos e
as feitiçarias de controle ambiental.

MONOTEÍSMO: Geralmente restritas ao templos, as hie­


rarquias ritualistas são mais rígidas, não
há oráculos pessoais mas sim profecias
generalizadas com base no livro sagra­
do. Não há rituais de controle ambiental.
SEITAS E HERESIAS | 29

ATEÍSMO: Embora ainda comuns nos templos são


também frequentes fora destes. Desen-
volvem-se técnicas de concentração,
meditação e purificação mais específicas,
baseadas antes de tudo no controle dos
impulsos e emoções.

Neo PANTEÍSMO: Em geral baseados no uso de "energias"


da natureza. Não mais têm influência
nos processos civis, sendo restritos a cu­
ras, proteção contra ameaças físicas e
extrafísicas.

6. Exemplos
PANTEÍSMO: Religiões silvícolas, xamanismo, religiões
célticas, druidismo, amazônicas, indíge­
nas norte americanas, africanas e etc.

POLITEÍSMO: Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo,


Mitologia Nórdica, Religião Azteca,
Maia etc.

MONOTEÍSMO: Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo,


Cristianismo, Islamismo, Sikhismo.
ATEÍSMO: Orientais: Taoísmo, Confucionismo, Bu­
dismo, Jainismo.
Ocidentais: Filosofias NeoPlantônicas, Ateísmo Filosófico
(Não Religioso)

Neo PANTEÍSMO: Espiritismo Kardecista*, Racionalismo


Cristão, Neo-Gnosticismo, Teosofia,
Wicca, "Esotéricas", etc.
CAPÍTULO

4
AS SEITAS
A palavra Seita vem do latim “secta" = " seguidor",
proveniente de "sequire", equivalente a "seguir”.
De forma geral é um conceito complexo, utilizado
para designar, em princípio, simplesmente qualquer dou­
trina, ideologia ou sistema "Filosófico - Político" que di­
virja da correspondente doutrina ou sistema dominante
nacional. E que dessa forma provoque ruptura no nacio­
nalismo - existente. Bem como também para designar o
próprio - conjunto de pessoas (o grupo organizado ou
movimento aderente a tal Doutrina, Ideologia(palavra
derivada de ídolo, cie adoração "que se choca - direta­
mente - frontalmente, à comunidade que se insere") e/
ou sistema que incorpore tudo isso), os quais, conquan­
to divergentes da opinião geral, apresentam significância
social.
Usualmente conecta-se superficialmente, somente
ao termo à sua significação específica (stricto sensu) "ape­
nas religiosa", com o que por "seita" entende-se, a priori
e de ordinário, imediatamente "seita religiosa". Porém,
tal nexo causal não é imperativo, pois nem sempre uma
seita está apenas no domínio religioso. Assume portan­
to uma conotação bem mais abrangente e extrapola a parte
SEITAS E HERESIAS | 31

religiosa - pura, incorporando-se ao chamado Fanatismo


de pessoas de tendência Fanática e/ou conduzidas por
essas pessoas.
O conceito essencial de "seita" conecta-se portanto,
não só com o conceito de "heresia(seria muito simples e
fácil, se o fosse só isso)", já que este significa o conjunto
de ideias que, em princípio e face às consideradas domi­
nantes, destas divergem e devem, portanto, ser rejeita­
das e/ou aceitas, e, que, muitas vezes fogem da Lógica
formal.
Assim como a definição de seita é complexa, a clas­
sificação das mesmas é difícil, pois algumas se podem
arrolar debaixo de mais de um título. Eis, porém, uma
tentativa plausível:

I) SEITAS PSEUDO CRISTÃS


São aquelas que negam os pontos centrais da fé cris­
tã, entre elas citamos algumas aqui:

1. As Testemunhas de Jeová, negam a existência da Tri-


unidade e a fé em Jesus Deus e Homem.
2. Os Mórmons ou Igreja dos Santos dos Últimos Dias.
Afirmam que o Pai tem carne e osso; quanto ao Filho
e ao Espírito Santo, são apenas emanações do Pai.
Além disto, têm um código sagrado próprio - o Livro
de Mórmon - além da Bíblia.
3. A Igreja da Unificação ou Associação para a Unifica­
ção do Cristianismo Mundial ou Moonismo, que jul­
ga ser o Rev. Moon o verdadeiro Messias, autor de
um código sagrado chamado "O s Princípios Divinos".
4. A Ciência Cristã, que nega o mal como se fosse coisa
aparente apenas; nega também a doença, que o medo
agrava.
32 I SEITAS E HERESIAS

5. Os Meninos de Deus ou a Família do Amor ou ainda


A Família, que cedem à libertinagem sexual, sob pre­
texto de exercer amor.
II) SEITAS ESOTÉRICAS
São comunidades que professam doutrinas secre­
tas, reservadas unicamente aos iniciados. Distinguem
entre o saber popular superficial e o saber autêntico,
único, guardado para os sábios e profetas. Entre elas es­
tão as seitas como:

1. Rosa-Cruz, que reivindica origem no Egito antigo, mas


que na verdade só começou a existir na Idade Moder­
na, ou se ja , em 1614. T em fu n d o p a n te ísta e
reencarn acionista.
2. A Teosofia, que não é cristã, mas indiana e promete
revelações de ordem superior a seus adeptos, ou seja,
o su p rassu m o de todas as relig iõ es. T am bém é
panteísta e reencarnacionista.
3. A Antroposofia, derivada da Teosofia, portadora de
semelhante mensagem, mais voltada para o homem.
4. A "Igreja Gnóstica", que se diz herdeira de doutrinas
reveladas por Cristo a discípulos seletos.
5. A "Igreja da Cientologia", que comunica a Dianética
a seus seguidores e os submete a processos de "higi­
ene m ental" violentos; ver pp. 66-75 deste fascículo.
6. As Correntes Ufológicas, que acreditam receber de
seres extraterrestres mensagens a respeito do futuro
do planeta Terra.

III) SEITAS DE ORIGEM ORIENTAL


A lgum as destas provém da ín d ia (têm índole
panteísta e reencarnacionista), outras vêm do Japão e do
SEITAS E HERESIAS | 33

Irã, sem contar o Moonismo, que vem da Coreia do Sul.


As mais conhecidas são:
1. De origem indiana.
• A Sociedade Internacional para a Consciência de
Krishna
• A Ioga
• O Budismo e o Zen-budismo
• A Meditação Transcendental
2. De origem japonesa.
• Johrei, que apregoa a Luz Divina a se derramar so­
bre os crentes por imposição das mãos de um mes­
tre.
• Perfect Liberty, sistema de Ética, de religiosidade
atenuada.
1. De origem persa.
• A Crença Bahai.
IV) SEITAS NECROMÂNTICAS
Acreditam na comunicação com os mortos e na re-
encarnação. As de origem africana têm concepções
politeístas ou semideuses.
Sob esta perspectiva da comunicação com os mor­
tos, enquadram -se, com o seguidores, o Espiritism o
kardecista e ramos afins e as religiões afro-brasileiras
CAPÍTULO

A IDENTIFICAÇÃO DAS SEITAS


Algumas denominações chamadas "Ig rejas" po­
dem, na verdade, ser seitas em certo grau ou plenamen­
te, desde que apresentem algumas das características tí­
picas.
Existem muitos aspectos comuns entre as seitas que
têm se disseminado pelo mundo. É importante que saiba­
mos reconhecer^suas características, a fim de que não seja­
mos enganados e até mesmo desviados da fé genuína.
I) CARACTERÍSTICAS DAS SEITAS
Explicitando o conteúdo destas definições, podem-
se indicar algumas características, todas ou quase todas
presentes em uma seita:
1. Os respectivos membros de uma seita rompem os la­
ços sociais que tinham com a família, os amigos e,
eventualmente, com o cônjuge, o estudo e o trabalho.
2. A seita oferece um clima de comunidade fechada, em
que cada indivíduo está em total dependência do gru­
po. É supressa a liberdade pessoal de cada um.
3. As seitas afirmam que a sociedade (o mundo) e suas
instituições estão totalmente corrompidas, de modo
que é preciso afastar-se delas.
SEITAS E HERESIAS | 35

4. A mesma rejeição se dá em relação às correntes reli­


giosas cristãs e não cristãs. A Igreja Católica, em par­
ticular, ter-se-ia distanciado das Escrituras.
5. M u itas se ita s u tiliz a m so fistica d a s técn ica s
neurofisiológicas, que se ocultam sob os títulos de Me­
ditação, Controle Mental, Renascimento Espiritual.
Tais procedimentos têm por efeito anular o raciocí­
nio e a vontade de seus clientes. Evita-se assim o even­
tual espírito crítico e rebelde dos adeptos.
6. Entre as atividades prim ordiais das seitas estão o
proselitismo e a arrecadação de dinheiro mediante
cursos, venda de livros explicativos, cassetes, vídeos,
bibelôs, símbolos.
7. Exclui-se todo controle sobre a seita que possa ser
exercido por instâncias estranhas ao próprio grupo.
8. Requer-se submissão incondicional à direção do gru­
po, seja ela representada por um chefe (guru, pastor...)
"carism ático", seja por um colegiado. A organização
é piramidal, de modo que existe um controle absolu­
to dos dirigentes sobre todos os membros do grupo.
9. A seita tem, não raro, objetivos econômicos ou políti­
cos, mascarados por pretextos religiosos.
10. ) Muitas vezes as seitas exercem pressão psicológica
sobre seus membros para que se desfaçam do seu
patrimônio financeiro em favor do grupo.
II) PRÁTICAS COMUNS DAS SEITAS
As seitas costumam fazer uso de práticas severas
no intuito de "dom inar" seus seguidores. Entre as práti­
cas mais comuns estão:
1. São frequentemente isolacionistas - para facilitar o con­
trole dos membros fisicamente, intelectualmente, fi­
nanceiramente e emocionalmente.
36 | SEITAS E HERESIAS

2. São frequentemente apocalípticas - dão aos membros


um enfoque no futuro e um propósito filosófico para
evitar o apocalipse.
3. Fornecem uma nova filosofia e novos ensinos - reve­
lados por seu líder.
4. Fazem doutrinação - para evangelismo e reforço das
convicções de culto e seus padrões.
5. Fazem uso de privações - quebrando a rotina do sono
normal e privação de comida, combinados com a dou­
trinação repetida (condicionamento), para converter
o candiciato em membro.
6. É normal que as seitas ofereçam um sistema de con­
vicção não verificável. Por exemplo, alguns ensinam
algo que não pode ser verificado - uma nave espacial
que vem atrás de um cometa para resgatar os mem­
bros, ou então Deus, um anjo ou um extraterrestre apa­
receu e deu a mensagem para o líder. Frequentemen­
te a filosofia da seita só faz sentido se você adotar o
conjunto de valores e definições que ela ensina. Com
este tipo de convicção, a verdade fica inverificável,
interiorizada e facilmente manipulável pelos sistemas
filosóficos de seus inventores.
III) A IDENTIFICAÇÃO DE UMA SEITA.
As seitas normalmente buscam se firmar na socie­
dade fazendo boas obras, caso contrário teriam dificul­
dade de serem aceitas. Parecem ser boas moralmente e
possuem um padrão de ensino ético. Às vezes para faze­
rem seus ensinamentos utilizam-se da Bíblia, mas sutil­
mente introduzem "escritos" que possuem no entendi­
mento deles o mesmo valor que a Escritura. O uso da
Bíblia por esses grupos é sempre distorcida, com inter­
pretações próprias que vão de encontro com os valores
filosóficos da seita.
SEITAS E HERESIAS | 37

Num resumo das características das seitas podemos


afirmar que as cinco características abaixo, servem como
um teste para usarmos com várias religiões e denomina­
ções, para assim podermos determinar se elas são real­
mente cristãs (bíblicas), ou se elas realmente são seitas (que­
rendo ser consideradas cristãs, mas na realidade sendo
opostas à Bíblia em áreas fundamentais). A falha em ape­
nas UM só dos cinco testes abaixo é uma infalível indica­
ção de que tais religiões e denominações SÃO uma seita.
1. Têm Fontes de Autoridade Extra Bíblicas. Este pon­
to leva uma seita a dizer e tentar provar aquilo que
não é verdadeiro e, especialmente, não é bíblico. O
próprio caráter de Deus é atacado. 2Tim 3:1-17; 2Ped
1:19-21
2. Negam a real divindade de Jesus Cristo. Negar que
Jesus é o Deus altíssimo, incriado, criador de tudo,
eterno e todo-poderoso, é negar a autoridade das Es­
crituras e a necessidade de obedecer a Deus. Muitos
chamarão Jesus de o filho de Deus, de um dos deu­
ses, mas não o chamarão de o Deus altíssimo, incriado,
criador de tudo, eterno e todo-poderoso. Seu nasci­
mento virginal e Sua eternidade são atacados. João
1:1,14; 10:26-33; 14:8-9.
3. Ensinam que a Expiação-Propiciação de Cristo não
foi Total nem foi Suficiente. As seitas pseudo cristãs
usam esta artimanha para fazerem seus membros tra­
balharem sem nunca terem real sossego, e para
escravizá-los aos minuciosos padrões criados pelas
seitas, assim mantendo controle sobre seus membros.
João 19:30; Heb 9:8-16.
4. Ensinam que a "Organização ou "Denominação" de­
les tem um papel central na Profecia dos Últimos
Dias. Esta artimanha é usada para provar que é a
38 | SEITAS E HERESIAS

denominação deles que saudará o retorno de Deus


ou de Cristo ao mundo. Ademais, isto adiciona uma
falsa legitimidade [ou mesmo exclusividade] à seita
deles. Apo 7:4-8.
5. Ensinam que a "Organização ou "Denominação"
deles é a única organização a ser salva. Se você não é
um membro da denominação deles, então não há es­
cape: você não está salvo, não está indo para o céu.
Isto piora ainda mais a ideia de se esforçar trabalhan­
do para obter a salvação pelas obras (sem nunca ter
segurança total), piora os falsos ensinos, etc. João 3:16;
Rom 10:8-10,13.
IV) AS CARACTERÍSTICAS DO LÍDER DE UMA
SEITA
O líder de um a seita é geralm ente uma pessoa
carismática e é considerado pelos seguidores como uma
pessoa especial pelos seguintes motivos:

1. É alguém que recebeu uma revelação especial de


Deus;
2. É alguém que reivindica ser a encarnação de uma
deidade, anjo ou mensageiro especial;
3. É alguém que reivindica ser designado por Deus para
uma missão especial;
4. É alguém que reivindica ter habilidades especiais e
autoridade especial concedida por Deus.
Em virtude dessas características atribuídas ao lí­
der, ele está quase sempre acima de repreensões e não
pode ser negado nem contradito.
CAPITULO

O PERIGO DAS SEITAS


Num sentido geral todos estão sujeitos e são vul­
neráveis aos tentáculos de uma seita. O rico, pobre, edu­
cado, não educado, velho, jovem , religioso, ateu, etc.
Quero destacar aqui dois aspectos que são importantes
para estabelecer o "grupo de risco"

I) O PERFIL GERAL DO MEMBRO EM POTENCIAL


DE UMA SEITA
A pessoa que tem um perfil de membro potencial
para uma seita desenvolve alguns ou todos os sintomas
dos itens a seguir:
• Desilusão com estabelecimentos religiosos convenci­
onais;
• Confusão intelectual em relação a assuntos religiosos
e filosóficos;
• Desilusão com a sociedade em geral;
• Carência emocional
• Necessidade de apoio e encorajamento
• Necessidade de obter propósito para viver, um obje­
tivo na vida;
® Necessidade financeira.
40 | SEITAS E HERESIAS

II) TÉCN ICA S DE RECRUTAM EN TO DE UM A


SEITA
As técnicas de recrutamento de uma seita são mui­
to eficazes e portanto merecem consideração. As mais
comuns são:
1. Preenchim ento de necessidades em ocionais

a. Demonstração constante de amor, afeto através de


palavras e ações;
b. Às vezes se usa muito contato físico - abraços, tapi-
nha nas costas, aperto de mão...
c. Emprestam apoio emocional;
d. Ajuda de vários modos, de forma a deixar a sensa­
ção de débito para com o grupo;
e. Elogios que fazem a pessoa pensar que é o centro
das atenções.
2. Usam a B íb lia ou m encionam Jesus como um dos
seus, dando assim validade ao seu sistema.

a. Distorcem a Escritura;
b. Usam versículos fora do contexto;
c. Misturam os versículos com a filosofia que pregam
criando verdadeiras aberrações.
3. Promovem o envolvim ento gradual

a. Alterando lentamente o processo de pensamento e


o sistema de convicções da pessoa. Isso se dá pela
constante repetição de seus ensinamentos.
b. As pessoas normalmente aceitam a doutrina da sei­
ta a conta-gotas - um ponto de cada vez;
c. As novas convicções vão sendo reforçadas pelos
membros da seita.
SEITAS E HERESIAS | 41

III) PORQUE ALGUÉM SE SENTE SEDUZIDO POR


UMA SEITA?
Algumas seitas possuem um conjunto de crenças e
práticas tão absurdo, que é difícil acreditar como alguém
pode se envolver com esse corpo de doutrina. Veremos
com os tópicos abaixo que as seitas podem atrair pesso­
as com mais facilidade do que imaginamos, não apenas
pelo conteúdo, mas principalmente pelas estratégias bem
elaboradas. Entre os pontos que levam uma pessoa a ser
seduzida por uma seita destacamos:
1. A busca pela satisfação de necessidades.
a. No âmbito psicológico - alguém que eventualmen­
te possua uma personalidade fraca, facilm ente
manipulável;
b. No âmbito emocional - pessoas que sofreram um
trauma emocional recente ou num passado distan­
te;
c. No âmbito intelectual - o membro tem perguntas
que este grupo responde.
2. A seita oferece a seus membros a aprovação, aceitação,
propósito a sensação de pertencer a algum grupo.
3. A seita pode ser atraente, por vários motivos.
a. Rigidez moral e demonstração de pureza;
b. Segurança financeira;
c. Promessas de exaltação, redenção, "consciência ele­
vada" ou um conjunto de outras recompensas.
IV) COMO AS PESSOAS SÃO MANTIDAS EM UMA
SEITA
As seitas usam de artifícios nada convencionais
para manter um adepto. Os itens discriminados abaixo
42 | SEITAS E HERESIAS

mostram como é difícil se desvencilhar dos tentáculos


de uma seita. Eles usam as seguintes ferramentas:

1. Dependência. As pessoas querem permanecer por­


que a seita oferece a satisfação de suas necessidades
emocionais, psicológicas, intelectuais e espirituais. É
realmente como um vício.
2. Isolamento. O contato com as pessoas de fora do gru­
po é reduzido e cada vez mais a vida do membro é
construída em torno da seita.
Com o isolamento fica mais fácil controlar o mem­
bro, que fica cada vez mais vulnerável.
3. Reconstrução cognitiva (lavagem cerebral). Uma vez
que a pessoa é doutrinada, os seus processos de pen­
samento são reconstruídos para serem consistentes
com a seita e serem submissos a seus líderes; isso fa­
cilita o controle pelo líder.
4. Substituição. A seita e os lideres ocupam frequente­
mente o lugar e o papel de pai, mãe, pastor, profes­
sor, etc. Frequentemente o membro assume as carac­
terísticas de uma criança dependente, que busca ga­
nhar aprovação do líder ou do grupo.
5. Obrigação. O membro fica endividado emocionalmen­
te com grupo, e às vezes financeiramente;
6. Culpabilidade. É dito para a pessoa que se ela sair
da seita é uma traição ao líder, a Deus, ao grupo. É
dito também que deixar o grupo é rejeitar o amor e a
ajuda que o grupo deu;
7. Ameaça. Ameaça de destruição por "D eus" por des­
viar-se da verdade. Em alguns casos a ameaça física é
usada. Há também a ameaça de perder o apocalipse,
ou ser julgado no futuro.
SEITAS E HERESIAS | 43

V) COMO TIRAR ALGUÉM DE UMA SEITA


O trabalho de retirar uma pessoa de uma seita não
é uma tarefa simples e requer habilidade de que se pro­
põe a cumprir tal obra. Oferecemos a seguir algumas dicas
que podem ser úteis:

1. A melhor coisa é não tentar um confronto direto logo


no primeiro encontro ou oportunidade. Isso pode as­
sustar o membro e afastá-lo de você.
2. Faça intercessão por essa pessoa;
3. Tirar uma pessoa de uma seita leva tempo, energia e
apoio. Prepare-se para uma tarefa longa e às vezes
cansativa. Importante estar preparado para não de­
sistir;
4. Ensine a verdade:
5. Mostre uma alternativa convincente para substituir
sua convicção;
6. À luz da Bíblia, mostre as inconsistências do seu sis­
tema de crenças
7. Estude a seita e aprenda sua história, isto lhe dará
condições de dialogar;
8. Tente afastá-lo temporariamente do convívio com a
seita, para quebrar o isolamento;
9. Dê o apoio emocional de que ele precisa;
10. Alivie a ameaça de que se ele deixar o grupo, estará
condenado ou em perigo;
11. Não ataque o líder da seita. Frequentemente os mem­
bros de uma seita desenvolvem uma lealdade e res­
peito absoluto e inquestionável por seu líder ou fun­
dador. Leve-o a descobrir por si só.
ASPECTOS COMPARATIVOS
DE RELIGIÕES E SEITAS
CAPÍTULO

7
O CATOLICISM O

1 )0 FUNDAMENTO
Assim como todas as religiões cristãs se conside­
ram originárias da Igreja estabelecida por Cristo, tam­
bém a Igreja Católica reivindica seu surgimento na Igre­
ja Cristã Primitiva no ano 33 d .C , entretanto não se sabe
exatamente quando a igreja romana começou a se desvi­
ar do evangelho, degenerando doutrinária, moral e espi­
ritualmente, tornando-se diferente da Igreja Cristã Pri­
mitiva. Os problemas começaram em 321 d.C quando o
imperador Constantino "aceitou" o evangelho, decretan­
do assim a religião oficial do estado, acabando com as
perseguições.
A seguir, com a convocação do Concilio de Niceia,
adotou-se o Credo Apostólico. Entretanto, milhares de
pagãos não convertidos batizaram-se e tornando-se mem­
bros da igreja, contaminando-a com a idolatria, com os
costumes, deuses e superstições do paganismo. Assim a
igreja corrompida tornou-se uma religião com poderes
políticos e religiosos. Sendo Roma a capital do império,
o bispo de Roma alcançou posição de extraordinária
importância.
SEITAS E HERESIAS | 47

O quadro abaixo elaborado por Raimundo Olivei­


ra nos mostra como a igreja romana vai se afastando das
verdades bíblicas:

Século Ano Dogma ou Cerimônia

I-II 33-196 Nesse período da História, a Igreja não


aceitou ne-nhuma doutrina anti-bíblica.

II 197 Zeferino, bispo de Roma, começa um


movimento herético contra a divindade
de Cristo.

III 217 Calixto se torna bispo de Roma, pondo-


se à frente da propaganda herética e le­
vando a Igreja de Roma para mais longe
do caminho de Cristo.

III 270 Origem da vida monástica no Egito, por


Santo Antônio.

IV 370 Culto dos santos professado por Basílio


de Cesareia e Gregório de Nazianzo. Pri­
meiros indícios do turíbulo (incensário),
paramentos e altares nas igre-jas, usos
esses introduzidos pela influência dos
pagãos convertidos.

IV 400 Orações pelos mortos e sinal da cruz fei­


to no ar.

V 431 Maria é proclamada a "Mãe de Deus".

VI 593 O dogma do Purgatório começa a ser


ensinado.

VI 600 O latim passa a ser usado como língua


oficial nas VI celebrações litúrgicas.
48 | SEITAS E HERESIAS

VII 609 Começo histórico do papado.


VIII 758 A confissão auricular é introduzida na
igreja por re-ligiosos do Oriente.
VIII 789 Início do culto das imagens e das relí­
quias.
IX 819 A festa da Assunção de Maria é obser­
vada pela pri-meira vez.

IX 880 Canonização dos santos.


X 998 Estabelecimento do Dia de Finados.
X 998 Quaresma.
X 1000 Cânon da Missa.
XI 1074 Proíbe-se o casamento para os sacerdo­
tes.
XI 1075 Os sacerdotes casados devem divorciar-
se, compulsoriamente, cada um de sua
esposa.
XI 1095 Indulgências plenárias.
XI 1100 Introduzem-se na igreja o pagamento da
missa e o culto aos anjos.
XI 1115 A confissão é transformada em artigo de
fé.
XII 1025 Entre os cônegos de Lião aparecem as
primeiras idéi-as da Imaculada Concei­
ção de Maria.
XII 1160 Estabelecidos os 7 sacramentos.
XII 1186 O Concilio de Verona estabelece a "San­
ta Inquisição".
SEITAS E HERESIAS | 49

XII 1190 Estabelecida a venda de indulgências.

XII 1200 Uso do rosário por São Domingos, chefe


da inquisição.

XII 1215 A transubstanciação é transformada em


artigo de fé.

XIII 1220 Adoração à hóstia.

XIII 1226 Introduz-se a elevação da hóstia.

XIII 1229 Proíbe-se aos leigos a leitura da Bíblia.

XIII 1264 Festa do Sagrado Coração.

XIII 1303 A Igreja Católica Apostólica Romana é


proclamada como sendo a única verda­
deira, e somente nela o homem pode
encontrar a salvação...

XIV 1311 Procissão do Santíssimo Sacramento e a


oração da Ave-Maria.

XIV

XV 1414 Definição da comunhão com um só ele­


mento, a hós-tia. O uso do cálice fica res­
trito ao sacerdote.

XV 1439 Os 7 sacramentos e o dogma do Purga­


tório são trans-formados em artigos de
fé.

XVI 1546 Conferida à Tradição autoridade igual


a da Bíblia.

XVI 1562 Declara-se que a missa é oferta


propiciatória e con-firma-se o culto aos
santos.
50 | SEITAS E HERESIAS

XVI 1573 É estabelecida a canonicidade dos livros


apócrifos.

XIX 1854 Definição do dogma da Imaculada Con­


ceição de Maria.

XIX 1864 Declaração da autoridade temporal do


papa.

XIX 1870 Declaração da infalibilidade papal.

XX 1950 A assunção de Maria é transformada em


artigo de fé.

A igreja católica crê que a Bíblia é a palavra de Deus


inspirada. Entretanto o catolicismo afirma que a Palavra
de Deus está também na "tradição eclesiástica". Assim a
igreja católica coloca a sua autoridade acima ou pelo
menos no mesmo nível da autoridade da Escritura. En­
tre os dogmas da igreja está aquele que defende a im­
possibilidade de a Bíblia ser interpretada pelos leigos.
Seguntio a doutrina romana, apenas o sacerdote pode
interpretar a Bíblia que é obscura. Raimundo Oliveira
faz a citação do ensinamento do padre Bernhard Conway
sobre a Bíblia:
A Bíblia não é a tínica fonte de fé, como Lutero
ensinou no século XVI, porque, sem a interpreta­
ção de um apostolado divino e infalível, separado
da Bíblia, jamais pode-remos saber, com certeza,
quais são os livros que constituem as Escrituras
inspiradas, ou se as cópias que hoje possuímos
con-cordam com os originais. A Bíblia, em si mes­
ma, não é mais do que letra morta, esperando por
um intérprete divino; ela não está arranjada de
form a sistem ática; é obscura, e de difícil
en-tendimento, como São Pedro diz de certas pas­
SEITAS E HERESIAS | 51

sagens das Car-tas de Paido (2 Pe 3.16, cf. At


8.30,31); corno ela é, está aberta à falsa interpre­
tação. Além disso, certo número de verdades re­
veladas tem chegado a nós, somente por meio da
Tradição divina. (The Question Box).

No Compêndio do Vaticano II, lê-se o seguinte:


"N ão é atra-vés da Escritura apenas que a Igreja deriva
sua certeza a respeito de tudo que foi revelado. Por isso
ambas (Escritura e Tradição) devem ser aceitas e venera­
das com igual sentido de piedade e re-verência" (p. 127).
III) A SALVAÇÃO
Para a igreja católica nenhuma pessoa pode ter cer­
teza da salvação. A salvação depende das boas obras
praticadas e da obediência aos ritos da igreja:
1. Sacramentos. São sete: o batismo, a confirmação, a
e u c a ristia , a p e n itê n c ia , a ex trem a u n çã o , o
matrimonio e a ordenação. Sendo que os cinco pri­
meiros são necessários para a salvação da alma.
2. Batismo. Ensinam que o batismo por aspersão é ne­
cessário para a salvação porque ele regenera e purifi­
ca do pecado original, e outros pecados cometidos.
IV) A MORTE
Ensinam que os que passam pelo purgatório vão
para o céu e os que cometem pecados mortais vão para o
inferno. A ideia do purgatório é uma mistura de doutri­
nas budistas e outros sistemas de crenças pagãs da anti­
guidade. Essa doutrina foi introduzida na Igreja pelo papa
Gregório I.
Esse papa adicionou o conceito de fogo purifica­
dor à crença, então corrente, de que havia um lugar entre
o céu e o inferno, para onde eram enviadas as almas da-
52 | SEITAS E HERESIAS

queles que não eram tão maus, a ponto de merecerem o


inferno, mas também, não eram tão bons, a ponto de
merecerem o céu. Assim, surgiu a crença de que o fogo
do Purgatório tem poder de purificar a alma e todas as
suas escóri-as, até fazê-la apta a se encontrar com Deus.
(OLIVEIRA, p. 13)
O papa Pio IV respondeu à pergunta sobre quem
deveria passar pelo purgatório:
Os que morrem culpados de pecados menores, que
costumamos chamar veniais, e que muitos cris­
tãos cometem — e que, ou por morte repentina,
ou por outra razão, são chamados desta vida, sem
que se tenham arrependido destas faltas ordinári­
as. 2. Os que, tendo sido formalmente culpados de
peca-dos maiores, não deram plena satisfação de­
les à justiça divina. (A Base da Doutrina Católi­
ca Contida na Profissão da Fé).

V) OUTRAS PRÁTICAS
Algumas práticas comuns entre os católicos são:

1. Confissão e perdão de pecados. Ensinam que Deus


deu autoridade para os apóstolos e sacerdotes católi­
cos para perdoar e absolver pecados;
2. Missa e Transubstanciação. Ensinam que a missa é o
oferecimento repetitivo do sacrifício de Cristo na cruz,
pelos vivos e mortos. As pessoas podem pagar mis­
sas por parentes mortos para retirá-los do purgató­
rio. Também afirmam que a hóstia (pão) e o vinho se
transformam no sangue e corpo de Cristo.
3. Pecados mortais e venais. Ensinam que os pecados
venais, os de menor gravidade, são expiados nesta vida
ou no purgatório, e a pessoa não perde a salvação. Mas
SEITAS E HERESIAS | 53

os pecados mortais levam a perda da salvação e ao


castigo eterno no inferno, a não ser que o pecador al­
cance o perdão, cumprindo os sacramentos da igreja.
4. A virgindade de Maria. Ensinam que Maria, a mãe
de Jesus, foi concebida no ventre de sua mãe sem pe­
cado, esta é a doutrina da imaculada conceição. Ensi­
nam que Maria ressuscitou e subiu ao céu, onde foi
recebida como "rainha do céu", essa é a doutrina da
assunção de Maria. Também ensinam que Maria é a
mãe de Deus, e mediadora entre a humanidade e Deus
(peça a mãe que o filho dá) intercedendo junto a seu filho
Jesus por nós e que deve ser adorada.
CAPÍTULO

O ESPIRITISMO
Segundo o dicionário Luft, espiritismo é uma dou­
trina filosófico-religiosa que se baseia na crença da co­
municação entre vivos e mortos. O dicionário Aurélio
define o espiritismo como uma doutrina que se baseia
na crença da sobrevivência da alma e da existência da
comunicação, por meio da mediunidade, entre vivos e
m ortos, entre os espíritos encarnados e os espíritos
desencarnados.
Espiritismo é, portanto, a doutrina dos que creem
que podem ser evocados os espíritos dos mortos. Em
outras acepções, nomeadamente segundo Rivail, dito
Allan Kardec (1804-1869), é compreendido como uma
doutrina de cunho filosófico-religioso voltada para o
aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na pos­
sibilidade de comunicação com os espíritos através de
médiuns.
D esse m od o, o term o pod e se re fe rir ao
Espiritualismo e às Doutrinas Espíritas.
I) ESPIRITUALISMO
O Espiritualismo é uma doutrina filosófica que ad­
mite a existência de Deus, de forças universais e da Alma,
SEITAS E HERESIAS | 55

com a visão de que existem milhares de coisas abstratas.


É o contrário de materialismo, que só admite a existên­
cia da matéria.
Afirma a existência de uma alma imortal no homem,
isto é, de um princípio substancial distinto da matéria e
do corpo, razão absoluta de ser da vida e do pensamen­
to. Em sentido mais lato, doutrina que, além da tese refe­
rida, reconhece a existência de Deus, a imortalidade da
alma e da existência de valores espirituais ou morais que
são o fim específico da atividade racional do homem. E
um conjunto de doutrinas que consideram o homem um
espírito imortal que alterna experiências nos mundos, ma­
terial e espiritual, de acordo com a doutrina da reen-
carnação, com o objetivo de evoluir, tanto moral quanto
intelectualm ente, rumo a Deus. Considera tam bém a
comunicabilidade entre os vivos e os mortos, geralmen­
te por meio de um médium, ou seja, de um mediador. A
expressão também designa a doutrina e as práticas das
pessoas que partilham dessa crença.
II) A DOUTRINA ESPÍRITA
A Doutrina espírita, Kardecismo, segundo a defini­
ção de seu codificador, o pedagogo francês Hippolyte
Léon Denizard Rivail - que adotou o pseudônimo Allan
Kardec - é uma ciência que trata da natureza, origem e
destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o
mundo corporal.
A doutrina espírita é baseada nos cinco livros da
Codificação Espírita escrita por Kardec, descrevendo ses­
sões em que ele diz ter observado uma série de fenôme­
nos que atribuiu à inteligência incorpórea (espíritos).
Sua premissa da comunicação do espírito nunca foi
validada por cientistas que estudaram os fenômenos. Seu
56 | SEITAS E HERESIAS

trabalho foi posteriormente prorrogado por escritores


com o L éon D en is, A rth u r C on an D o y le, C a m ille
Flam marion, Ernesto Bozzano, Chico Xavier, Divaldo
Pereira Franco, Waldo Vieira, Johannes Greber e outros,
que, segundo eles, revelaram pelo Espírito de Allan
Kardec.

III) BREVE HISTÓRIA DO ESPIRITISMO


A doutrina espírita como conhecemos hoje, especi­
almente o kardecismo surgiu em 1857, com a publicação
dos livros dos espíritos, por Allan Kardec.
Mas a fascinação do ser humano pelo oculto não é
fato novo. Vários povos antigos, como os egípcios, os
caldeus e os assírios incorporaram em sua cultura religi­
osa a tentativa de comunicação com os mortos. Pitágoras,
filosofo grego, pai da matemática e de outras ciências
que conhecemos, é de certa forma um dos precursores
da doutrina espírita da reencarnação. Enquanto a filoso­
fia grega mudava de Jônia para Atenas, mudando o foco
do pensam ento filosófico do cosmos para o homem,
Pitágoras se preocupava com o imaterial, com a origem
do ser imaterial, com a alma do indivíduo.
Pitágoras viajou até a índia, onde conheceu e for­
malizou a teoria da metempsicose, ou transmigração da
alm a. Segu n d o essa teo ria a alm a dos seres vivos
transmigram de um corpo para outro. Essa teoria veio a
se transformar no embrião da reencarnação. A diferença
entre elas é que enquanto na transmigração a alma migra
para qualquer ser vivo, independente da espécie, na re­
encarnação a migração é entre espécie.
O espiritismo que conhecemos hoje nada mais é do
que o a p rim o ra m en to de p rá tica s o cu lta s e da
necromancia de povos antigos.
SEITAS E HERESIAS | 57

Rinaldi e Romero (1996, p.183) afirmam que:


"em certo sentido espiritismo é uma das religiões
mais antigas do mundo. Segundo eles, "pode-se
dizer que a primeira sessão espírita se realizou no
jardim do Éden, quando a serpente, incorporando
o diabo, estabeleceu um diálogo com a mulher".

A Bíblia é reconhecidamente contra toda prática


espírita, e não se omite em retratar que esse costume abo­
minável acompanha o homem caído. Desde os tempos
mais remotos da história bíblica, o povo de Deus é ad­
vertido a não se envolver com essas práticas.
Sabemos que os egípcios conheciam e acreditavam
naquilo que hoje chamamos de reencarnação e não tinham
medo de manipular o mundo dos espíritos. Uma vez que
Israel teve contato com essa cultura, Deus em Êxodo 22.18
e Levíticos 20.27, proíbe sob pena de morte quem prati­
casse a necromancia, colocando esse pecado no rol da­
queles que Deus considera como abomináveis. Levíticos
19.31 e 20.6 considera como amaldiçoados aqueles que
consultam os mortos.
Os caldeus, povo de onde saiu Abraão, também ti­
nha sua cultura religiosa envolvida com o ocultismo. Nos
dias do exílio na Babilônia, Daniel e todos os outros ju ­
deus conviveram com os magos, astrólogos que serviam
ao rei.
IV) BREVE HISTÓRIA DO ESPIRITISMO NO
BRASIL
A influência espírita no Brasil tem pelo menos três
fontes: os índios que aqui viviam e seus rituais de paje-
lança, os portugueses que aqui chegaram e trouxeram a
bruxaria europeia e os escravos africanos com as tradi­
ções animistas.
58 | SEITAS E HERESIAS

Rinaldi e Romero (1996, p. 176) datam a organiza­


ção formal do espiritismo em terras tupiniquins em 17
de setembro de 1865, na cidade de Salvador - BA, onde
se realizou a primeira sessão espírita no Brasil.
Segundo o site espirita www.ceallankardec.org.br
- os prim eiros m édiuns no Brasil foram os m édicos
hom eopatas Bento Murk, este Francês e o português
João Vicente Martins, que chegaram por aqui em 1840.
Eles davam passes em seus clientes, enquanto falavam
de Deus, Cristo e Caridade. Ainda segundo este site,
José Bonifácio, o patriarca da independência foi tam­
bém um dos primeiros a experimentar o fenôm eno es­
pírita no Brasil.
No site da Federação Espírita do Ceará, temos a
inform ação de que segundo o censo do IBGE de 200, o
Brasil possui hoje cerca de 2,3 milhões de espíritas, cons­
tituindo assim o terceiro maior grupo religioso do país,
o que dá ao Brasil o título de maior país espírita do
mundo.
1. Causas do crescimento do espiritismo no Brasil.
As causas do crescimento da doutrina de Kardec
no Brasil podem ser atribuídas a várias razões, entre elas:
a. O espírito religioso do brasileiro. O brasileiro tem
grande tendência ao sincretismo religioso. A religi­
osidade do brasileiro é um emaranhado de cren­
ças. C o m p re en d er com o lid a m o s com a
esp iritu alid ad e é um grande desafio. G ilberto
Freyre fala dessa mistura de crenças no brasileiro:
O brasileiro é por excelência o povo da crença so­
brenatural; em tudo que nos rodeia sentimos o to­
que de influências estranhas; de vez em quando os
jornais revelam casos de aparições, mal-assombra­
SEITAS E HERESIAS | 59

dos, encantamentos. Daí o sucesso em nosso meio


do alto e baixo espiritismo. (FREYRE, apud NO­
GUEIRA, 2009).

b. Vínculos familiares "eternos". A necessidade de


manter-se vinculado ao ente querido que partiu, ali­
ado à promessa de que é possível manter um canal
de comunicação com esse ente, tem sido um gran­
de fator de crescimento e aceitação do espiritismo
em nosso país.
c. O efeito Chico Xavier. Segundo o site espírita
religespkardec, Chico Xavier ampliou, explicou e
desenvolveu a doutrina de Kardec. Ainda segundo
este site "a expansão do kardecismo se deve ao tra­
balho de divulgação feito por Chico Xavier ao lon­
go de seus 92 anos. Chico Xavier foi o responsável
pelo aumento de adeptos, ele triplicou o número
de seguidores do espiritismo no Brasil." A obra de
Chico Xavier inclui 451 obras e vendeu mais de 50
milhões de exemplares.

V) ASPECTOS COMPARATIVOS DO ESPIRITISMO


1. A Trindade. O espiritismo nega a doutrina da Trin­
dade, alegando ser esse um ensinamento obscuro e
incompreensível.
2. As Escrituras. O Livro dos Espíritos publicado em
1857, O que é Espiritismo publicado em l859, O Livro
dos M édiuns publicado em 1861, O Evangelho Segun­
do Allan kardec publicado em 1864, O Céu e o Inferno
publicado em 1865, A gênese publicado em 1868,
Obras Póstumas. Estas são as principais literaturas
do espiritism o.
60 | SEITAS E HERESIAS

Em relação a Bíblia a doutrina espírita nega a sua


inspiração. A Bíblia contém evidentemente fatos que
a razão, desenvolvida pela ciência, não pode aceitar,
e outros que parecem singulares e que repugnam, por
se ligarem a costumes que não são mais os nossos. ...
Deus que é a pura verdade, não podia conduzir os
homens ao erro, consciente, nem inconsciente, do con­
trário não seria Deus. Portanto se os fatos contradi­
zem as palavras atribuídas a Deus, é preciso concluir
que ele não as pronunciou ou que foram tomadas em
senticio contrário. (A Genese p.936).
3. Deus. Para o Espiritismo Deus é inteligência infinita.
Poder impessoal controlando o Universo.
4. Jesus. Cristo foi um homem, não Deus. Quando este­
ve na Terra, ele foi um profeta e um médium avança­
do (alguém que se comunica com o mundo dos espí­
ritos). Agora, Jesus é um espírito com o qual se comu­
nica com o mundo dos espíritos. Com relação a Jesus
a doutrina espírita é bem enfática.
a. Negam a divindade de Jesus. Segundo o espiritis­
mo, em nenhum lugar do Novo Testamento encon­
tramos afirmação formal de que Jesus é Deus. No
livro espírita Obras Póstumas, encontramos a seguin­
te declaração::
No princípio era o verbo, e o verbo estava com
Deus, e o verbo era Deus. ... Primeiramente é
preciso notar que as palavras são de João e não
de Jesus. Admitindo que não tenham sido altera­
das, não exprimem na realidade, senão uma opi­
nião pessoal, uma indução que deixa transparecer
o misticismo habitual, contrária às reiteradas
afirmações do próprio Jesus. (Obras Póstumas,
p . 1 1 8 2 ).
SEITAS E HERESIAS | 61

b. Negam a ressurreição corporal de Jesus. Ao negar


a ressurreição de Jesus, a doutrina espírita prega
outro evangelho. O texto espírita A gênese declara
sua opinião sobre a ressurreição de Jesus:
Depois do suplício de Jesus, o seu corpo lá ficou
inerte e sem vida. Foi sepultado como os corpos
comuns e todos puderam vê-lo e tocá-lo. Depois
da ressurreição, quando quis deixar a terra, não
tornou a morrer, seu corpo elevou-se, apagou-se e
desapareceu sem deixar vestígio algum. ... Jesus
teve, pois, como toda a gente um corpo carnal e
um corpo fluídico. (A Gênese, p. 1054-1055).

c. Negam os milagres de Jesus. Ao negarem a divin­


dade de Jesus, necessariamente rejeitam os mila­
gres, pois, estes são evidência da divindade de Je­
sus. De acordo com a doutrina espírita, Jesus é ape­
nas um médium e os milagres por ele realizados é
o resultado de sua mediunidade.
5. O Espírito Santo. Este é uma falange de espíritos. Ci­
tam Jo 14.16,26; 15.26 para apoiar a doutrina de que o
Espiritismo cumpriu a promessa de Jesus, que disse
que enviaria o Consolador.
6. A Salvação. O conhecimento e as boas obras possibi­
litam o acesso a um nível superior na vida futura.
Arrependimento, expiação e reparação são as condi­
ções básicas para obtermos um espírito puro.
Para a doutrina espírita o sangue de Jesus não é
capaz de salvar a humanidade. A salvação é pessoal,
cada indivíduo deve providenciar sua própria salva­
ção. A declaração fundamental do espiritismo quan­
to a salvação é que fora da caridade não há redenção.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, p. 631).
62 | SEITAS E HERESIAS

7. As Doutrinas Eternas.
a. Negam a existência do céu como lugar de felicida­
de eterna. Os espíritas não aceitam a doutrina bí­
blica de que o céu é a habitação do Senhor e que
viveremos com Ele por toda a eternidade, confor­
me promessa de Jesus, de que onde ele estivesse,
estaríamos com Ele. (Jo 17.24).
Em que sentido se deve entender a palavra céu?
Achais que seja um lugar, como o campo Elíseos
dos antigos, onde todos os bons espíritos estão pro-
miscuamente aglomerados, sem outra preocupação
que a de gozar pela eternidade toda, de uma felici­
dade passiva? Não; é o espaço universal, são os pla­
netas, as estrelas. (Livro dos Espíritos, p. 250).
b. Negam a existência do inferno como lugar de tor­
mento eterno. Segundo o espiritismo Jesus nunca
ensinou enfaticamente sobre a existência do infer­
no. Por isso não acreditam que ele exista.
c. Negam a existência do diabo e seus demônios. Para
o espiritismo satanás é um ser irreal, é uma perso­
nificação do mal. O Livro dos Espíritos afirma que
se demônios existem, eles seriam criação de Deus,
e Deus não é injusto para criar seres voltados para
a maldade.
VI) AS PRINCIPAIS DOUTRINAS ESPÍRITAS.
1. Comunicação com os mortos. O espiritismo se fun­
damenta em 1 Samuel 28, para justificar a comunica­
ção com os mortos. A Bíblia é clara em afirmar que os
mortos não podem se comunicar com os vivos. (Mt
25.41,46; Lc 16.19-31; Hb 9.27).
2. Reencarnação. O espiritismo tenta justificar a doutri­
na da reencarnação como sendo uma doutrina bíbli-
SEITAS E HERESIAS | 63

ca. O Livro dos Espíritos (p. 96) diz que o princípio


da reencarnação ressalta através de muitas passagens
bíblicas, encontrando-se especialmente formulada, de
maneira explícita, nos evangelhos. Kardec justifica a
doutrina da reencarnação dizendo que é a forma de
satisfazer a justiça de Deus. A doutrina da reencarna­
ção consiste em admitir para o homem muitas exis­
tências sucessivas, é a única que corresponde à ideia
da justiça de Deus, com respeito aos homens de con­
dição moral inferior, a única que pode explicar o nos­
so futuro e o fundamento de nossa esperança, pois
oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros,
através de nossas provas. (Livro dos Espíritos, p. 84).
3. Salvação pelas obras. "Fora da caridade não há sal­
vação". Essa é a máxima espírita para explicar o pro­
cesso salvífico do homem. A Bíblia afirma que as boas
obras nunca salvaram e nem salvarão qualquer pes­
soa.
VII) OUTRAS PRÁTICAS ESPÍRITAS.
1. Sessões para contatar os mortos.
2. Curas psíquicas.
3. Serviços congregacionais com cânticos, músicas, ser­
mões, mensagens de espíritos dos mortos e profecias.
Atraem as pessoas enlutadas, pois elas têm esperan­
ça de contatar o ente querido que morreu.
CAPÍTULO

ADVENT1SMO DO SÉTIMO DIA

I) O FUNDAM ENTO
Guilherm e Miller nasceu em 1787, em Pittsfield,
Massachutss, EUA. Ellen G. White nasceu em 1827. Miller
era um pastor batista que começou a estudar escatologia
e deparou-se com um texto de Daniel 8.14 "Ele me disse:
A té duns mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será
purificado". Sua interpretação desse texto o levou a mar­
car um a data para o advento de Cristo, daí o nome
adventismo.
Interpretando cada dia da profecia de Daniel como
sendo um ano, e julgando que o regresso de Esdras do
cativeiro da babilônia se deu em aproximadamente 457
a.C, ele conclui que Jesus voltaria fisicamente a terra em
1843 d.C.. A repercussão das palavras de Miller foi tão
grande que crentes vindos de várias localidades vende­
ram tudo o que tinham, abandonaram seus postos de tra­
balho e se preparam para receber o Senhor Jesus no dia
21 de marco de 1843.
Como sabemos o evento não se concretizou e Miller
refazendo os cálculos remarcou a data do advento de
Cristo para o ano seguinte na mesma data, 21 de março
SEITAS E HERESIAS | 65

de 1844. A data chegou e para a decepção de todos, cerca


de cem mil fieis a profecia não se cumpriu, mas Miller
insistiu em sua teoria remarcando a volta de Cristo para
outubro do mesmo ano, o que de novo não se concreti­
zou. É possível imaginar a decepção entre os seguidores
de Miller e o escárnio devido a esse fracasso profético.
Sabemos que não se pode prever a volta de Cristo, as
Escrituras revelam isso (Mt 24.36).
II) OS PILARES DO ADVENTISMO DO SÉTIMO
DIA
O adventismo surge em função da interpretação
equivocada das profecias de Daniel, em especial os ca­
pítulos 7, 8,9. Baseando se nessa hermenêutica equivo­
cada o adventismo se erigiu sobre os seguintes pilares:
1. A purificação do santuário celestial em 1844
2. O início do juízo investigativo no céu em 1844
3. A contagem simbólica das 2.300 tardes e manhãs
4. A identificação do "chifre pequeno' de Daniel 7 e 8
com Roma
5. A permanência de Cristo no lugar chamado "Santo"
por dezoito séculos
6. A passagem de Cristo do lugar santo para o lugar
santíssimo em 1844.
7. O bode emissário como representante de satanás
8. Ellen White como profetisa da igreja
9. O cumprimento prática da lei
10. A guarda do sábado
III) ASPECTOS ESCRITURÍSTICOS
O Adventismo do Sétimo Dia considera os livros
de Ellen White inspirados por Deus. O livro O Grande Con-
66 | SEITAS E HERESIAS

flito é considerado uma obra-prima. Outras publicações


são: Vida de Jesus, Patriarcas e Profetas, Veredas de Cristo, O
Desejado de Todas as Nações.
A Revista Adventista (fev. 1984, p.84) afirma:
Cremos que Ellen White foi inspirada pelo Espíri­
to Santo, e seus escritos, o produto dessa inspira­
ção, têm aplicação e autoridade especial para os
Adventistas do Sétimo Dia. Negamos que a quali­
dade ou grau de inspiração dos escritos de Ellen
White sejam diferentes dos encontrados nas escri­
turas sagradas.

O adventismo possui uma brochura intitulada "ori­


entação profética d movimento adventista" e nesta obra
consta que "pouca atenção tem sido dada a Bíblia, e o
Senhor nos deu uma luz menor para guiar homens e
mulheres para uma luz m aior". Essa luz maior é a pala­
vra da Sra White. É vedado ao fiel adventista o direito de
examinar ou duvidar das profecias de Ellen White. Se­
gundo a profetisa em um dos seus escritos (primeiros
escritos, p. 258) "disse o meu anjo assistente: ai daquele
que mover um bloco ou mexer um alfinete dessas men­
sagens".
As profecias da Sr3 White não subsistem a um exame
acurado. Após a decepção de 1844, White anunciou a fe­
chamento da porta da graça de Deus ao mundo, anunci­
ando que Deus nunca mais agiria em graça salvadora no
mundo. Ellen White escreveu em uma de suas profecias:
"Que o irmão negro se case com uma irmã negra
que seja digna, que ame a Deus e guarde os seus
mandamentos. Que a irmã branca que pensa em
unir-se em matrimônio com um irmão negro, se
recuse a dar esse passo, pois o senhor não está
SEITAS E HERESIAS 67

dirigindo nessa direção, (mensagens escolhidas


I, p.344).

White previu uma guerra armada entre a Inglaterra


e os Estados Unidos, segundo ela:
"Quando a Inglaterra declarar guerra, todas as
nações terão o seu próprio interesse em acudir, e
haverá uma guerra geral" (testemunhos, volu­
me I).

As afirmações da profetisa são claras, e mesmo que


tentem alegar que ela não profetizou essa guerra, suas
palavras falam mais que os argumentos na tentativa de
dissuadir.
A Igreja Adventista arroga para si o título de a igre­
ja remanescente, porque segundo eles a igreja possui o
dom da profecia na pessoa da Sra. White, profecias essas
que se mostraram falsas.
IV) O ADVENTISMO E A OBRA DE JESUS CRISTO.
Jesus e o arcanjo Miguel são a mesma pessoa. Pos­
sui natureza pecaminosa, não concluiu a obra de Reden­
ção na cruz. Está fazendo o juízo investigativo.
Antes que se complete a obra de Cristo para a re­
denção do homem, há também uma expiação para
tirar o pecado do santuário. Este é o serviço inici­
ado quando terminaram os 2.300 dias. Naquela
ocasião, conforme fora predito pelo profeta Daniel,
nosso sumo sacerdote entrou no lugar santíssimo
para efetuar a última parte de sua solene obra -
purificar o santuário. (WHITE, 1981, p.420).

A justificativa dos Adventistas para a não vinda de


Cristo em 1844, como fora previsto é que Jesus entrou no
santuário para purificá-lo ao invés de vir a terra.
68 | SEITAS E HERESIAS

Para os adventistas, Jesus ainda não concluiu a sua


obra redentora, contrariando claramente os preceitos bí­
blicos que ensinam explicitamente que a obra de Cristo
não está incompleta. Hebreus 1.3; 9.24-28 afirma catego­
ricamente que ao subir aos céus a obra de Cristo estava
definitivamente realizada. O mesmo livro de Hebreus
(6.19,20; 7.23-28; 8.1,2; 9.1-14) declara que Cristo já entrou
no santo dos santos, e o livro que foi escrito por volta de
63 d.C, já trata esse assunto como passado.
Advindo dessa teoria os adventistas colocam a obra
da redenção não apenas como incompleta, mas atribu­
em a participação de satanás na obra redentora dos ho­
mens. Eles afirmam que os dois bodes (Levíticos 16.5,10)
apresentados para a expiação dos pecados são a repre­
sentação de Cristo e satanás. O livro "O Ritual do Santu­
ário" traz a seguinte declaração:
Quando, portanto, os dois bodes eram postos pe­
rante o Senhor no dia da expiação, representavam
Cristo e Satanás. ... Satanás não somente arras­
tou o peso e o castigo de seus próprios pecados,
mas também dos pecados da hoste dos remidos,
os quais foram colocados sobre ele, e também deve
sofrer pela ruína de almas por ele causada. (Ritu­
al do Santuário, p. 168 e 315).

No centro desta afirmação está o ensinamento de


que somos livres de nossos pecados pela ação de satanás
e não de Cristo. O ensinamento de Levíticos é que da
congregação de Israel Arão tomaria dois bodes para a
oferta pelo pecado. Os dois bodes seriam então levados
perante o Senhor. Diante da porta da tenda da congrega­
ção, Arão deveria lançar sorte para definir um bode para
oferta ao Senhor e outro para ser o bode emissário. O
bode sobre qual cair a sorte de oferta ao Senhor será ofe­
SEITAS E HERESIAS | 69

recido em oferta pelo pecado, mas o bode que cair a sor­


te para bode emissário será apresentado vivo perante o
Senhor, para fazer expiação por meio dele e enviá-lo ao
deserto como bode emissário.
Compreendemos do texto de Levíticos, que o sacri­
fício é completo com os dois bodes, enquanto o expiatório
fazia a expiação dos pecados, o emissário afasta o peca­
do do arraial. De acordo com Rinaldi e Romeiro:
"Uma vez que a morte do primeiro bode efetuou a
plena redenção dos pecados, a maldição e eles de­
vida foi removida, afastada e isso de modo a não
mais retornar". (Rinaldi e Romeiro, 1996, p.17).

A doutrina adventista coloca os nossos pecados


sobre satanás, fazendo dele co- redentor da humanida­
de. O salvador é o diabo e não Cristo, é assim que enten­
de a doutrina da redenção a profetisa adventista Ellen
White:
"Como o sacerdote, ao remover dos santuários os
pecados, confessava-os sobre a cabeça do bode emis­
sário, semelhantemente Cristo porá esses pecados
sobre satanás, originador e instigador do pecado.
Quando Cristo, pelo mérito do seu próprio sangue,
remover do santuário celestial os pecados do seu
povo, ao encerrar-se o seu ministério, ele os coloca­
rá sobre satanás que, na execução do juízo, deverá
arrostar a pena final" (WHITE, 1981, p. 489).

As afirm ações de W hite pod em ser assim sin ­


tetizad as:
1. Os pecados dos crentes estão no santuário celestial
aguardando a finalização da obra redentora de Cris­
to, portanto nada de perdão de pecados.
70 | SEITAS E HERESIAS

2. Estes pecados serão transferidos para satanás e pas­


sam a pertencer a ele. Nesse caso é o diabo que assu­
me os pecados da humanidade.
3. No final, quando satanás for destruído, os pecados
que estão com ele também serão aniquilados, sendo
assim o grande vencedor é satanás que acabou com o
pecado.
4. Os adventistas negam a salvação em Cristo Jesus, di­
m inuem a obra realizad a por C risto na cruz do
calvário. Para os adventistas há pecados perdoados,
mas não extirpados. Satanás arcará com os pecados
dos crentes e quando for aniquilado, os pecados se­
rão cancelados. Guarda do Sábado é essencial à sal­
vação.
V) A M O RTE
Após a morte, o espírito, que não é uma personali­
dade, mas apenas um fôlego de vidn desaparecerá junta­
mente com o corpo - o sono após a morte. A doutrina
adventista ensina que
"o que o homem possui é o fôlego da vida, que lhe
é retirado por Deus, quando expira. O fôlego é
reintegrado no ar, por Deus, mas não é entidade
consciente ou homem real com querem os
imortalistas" (Sutilezas do Erro, p.217).

A doutrina Bíblia é bem diferente daquilo que en­


sina os adventistas. Podemos sintetizar o ensinamento
bíblico e desmascarar essa doutrina do sono da alma.
Primeiro a Bíblia é muito clara em dizer que o espírito
não morre, mesmo que o homem morra (Mt 10.28; Ec
12.17). Segundo, a Bíblia afirma que por ocasião da mor­
te, o espírito se separa do corpo (Lc 20.37-38; 23.43). Ter­
SEITAS E HERESIAS | 71

ceiro, quando a Escritura fala de sono, se refere ao corpo


e não à alma (Mt 27.52).
VI) OUTRAS CARACTERÍSTICAS
1. Aniquilamento dos ímpios. Jesus, em 1844, passou
do primeiro compartimento do Santuário Celestial
para o Santo dos Santos para concluir a obra de Re­
denção, onde está ocorrendo o juízo investigativo.
Quando satanás for aniquilado, todos os que o seguem
também serão aniquilados.
2. A guarda do sábado. Muitos pensam que o grande
centro da doutrina adventista está no sábado. Infeliz-
mente, como já vimos o centro teológico deles é outro
e muito pior. Se a grande heresia dos adventistas fos­
se a guarda do sábado e o cumprimento da lei, pode­
ríam os ter esp eran ça de v ê-lo s salv os. Para os
Adventistas a guarda da lei continua obrigatória, é
compreensível uma vez que negam a finalização da
obra de Cristo.
3. Cristo não veio para revogar a lei, mas para cumpri-
la. Na sua obra de redenção Cristo demonstrou a toda
humanidade como poderíamos viver em conformida­
de com a vontade de Deus, e agora vivemos sob a lei
de Cristo, não a lei que foi dada no Sinai, mas a que
veio do monte de Sião (Hebreus 12.18-24). Rinaldi e
Romero fazem as seguintes ponderações:
• A promessa de Deus foi cumprida, sendo estabele­
cido o Novo Concerto;
• Israel rejeitou a Jesus, o mediador do Novo Con­
certo, passando este a abranger o mundo todo (Jo
1.12, Gn 12.3; G13.14)
• O Novo Concerto é melhor do que o Antigo Concer­
to e está firmado em melhores promessas (Hb 8.6)
72 | SEITAS E HERESIAS

• O primeiro era repreensível (Hb 8.7), isto é, não al­


cançou o fim desejado.
• Este concerto novo é melhor, pois está escrito no
coração (Hb 8.10-11);
• Sendo estabelecido o Novo Concerto, o primeiro
envelheceu (Hb 8.13) e foi posto de lado - e com ele
o sábado (Cl 2.14-17);
• Em Hebreus 12.18-24, referindo-se aos crentes, em
Jesus, é dito que eles não chegaram ao monte Sinai
(onde foi dado o Antigo Concerto), mas ao monte
Sião... A Jesus, o mediador do Novo Concerto;
• O mesmo é repetido em Gálatas 4.21-31 (na compa­
ração entre as duas mulheres de Abraão: Sara e Agar)
"Lança fora a escrava" (G14.30) significa: lança fora
o antigo concerto. Logo, o sábado, que dele fazia
p arte, não vigora para o cristão. (R IN A LD I E
ROMERO, 1996, p.20)
CAPÍTULO

10
O M ORMONISMO

1 )0 FUNDAMENTO
Joseph Sm ith Jr (1805-1844), fundou a Igreja de Je­
sus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD) em 1830,
em Nova York, nos Estados Unidos da América. A sede
dos Santos dos Últimos Dias se encontra em Salt Lake
City, Utah. EUA.
Smith era filho de um homem místico e aventureiro
que vivia a busca de tesouros perdidos. Sua mãe era uma
mulher mística e cheia de superstições.
Segundo Joseph Smith, o próprio Deus e Jesus apa­
receram para ele e lhe declararam a necessidade da cria­
ção da religião mórmon. De acordo com Smith, em seus
dias eles viviam um período de conturbação da ordem
social, em virtude das disputas religiosas que ocorriam.
Em meio a essa confusão Smith relata que se retirou para
buscar sabedoria de Deus com o intuito de descobrir qual
religião era a correta. No livro "Pérolas de Grande Va­
lor" Smith relata que quando Deus Pai e Jesus se aproxi­
mam dele em uma visão, após intensa luta com os pode­
res das trevas ele finalmente pode indagar a Deus sobre
qual de todas as seitas é a verdadeira e qual delas ele
74 | SEITAS E HERESIAS

deveria se unir. (PGV, Joseph Smith, 2.18). Segundo Smith


a resposta foi que ele não deveria se unir a nenhuma
delas porque todas estavam erradas e seus credos não
passavam de abominação na presença de Deus. (PGV,
Joseph Smith 2.19).
Alguns anos mais tarde, Smith alega ter recebido a
visita de um anjo chamado Moroni, que disse a Smith
que este teria sido escolhido por Deus para uma tarefa
especial (PGV, Joseph Smith 2.33). Nesta visita o anjo
Moroni informa a Smith sobre a existência de um livro,
escrito em placas de ouro, que dava conta da história dos
antigos habitantes do continente americano e continha
também a plenitude do evangelho eterno.
De acordo com Rinaldi e Romero (1996, p.94) as vi­
sões de Joseph Smith eram, por um lado experiências
subjetivas e por outro lado são completamente contradi­
tórias com a bíblia. É muito clara a doutrina bíblica de
que nenhum homem poderá ver a Deus e permanecer
vivo, o que Deus jamais foi visto. (Ex 33.20; Jo 1.18; 1 Tm
1.17; 6.16). As visões de Smith também sucumbem dian­
te da história. A informação dada por Smith que houvera
uma grande agitação religiosa em 1820, onde ele cita os
metodistas, os presbiterianos (PGV, Joseph Smith, 2.5) é
uma farsa, não existe relato de movimento de avivamen-
to ou qualquer agitação naqueles dias.
Rinaldi e Romeiro citam uma das distorções das
visões de Smith.
Quanto A primeira visão, o mormonismo diz que
Joseph tinha 14 anos de idade quando Deus Pai e
o Filho apareceram a ele, e que três anos mais tar­
de o anjo Moroni o visitou. Porém, Brigham
Young (sucessor de Smith) diz que 'o Senhor não
veio, mas enviou o seu anjo'. (RINALDI E RO­
MEIRO, 1996, p.95)
SEITAS E HERESIAS | 75

Embora os Mórmons queiram dizer que Smith mor­


rera como mártir, como uma ovelha que é levada ao m a­
tadouro (Doutrinas e Convênios, 135.4), ele jam ais pode
ser considerado mártir, uma vez que ele não morreu sem
resistência, o que é peculiar dos mártires. Smith morreu
em um tiroteio, no qual morreram mais duas pessoas.
II) ASPECTOS ESCRITURÍSTICOS
O Livro de Mórmon, Doutrinas e Convênios, A Pé­
rola de Grande Valor e a Bíblia. Estes são as principais
literaturas usadas pelo mormonismo. Mas não se anime
pelo fato de eles usarem a Bíblia, pois o que eles afir­
m am so b re a B íb lia não é nada ortod oxo. P ara o
mormonismo a Bíblia é a Palavra de Deus, conquanto
seja correta a sua tradução. Eles consideram a bíblia pas­
sível de erro por que na compreensão deles ao ser incor­
retam ente traduzido o texto sagrado foi corrompido.
Rinaldi e Romeiro (1996, p. 97) fazem uma referência ao
fato de Smith ter feito uma versão inspirada da Bíblia, na
qual ele acrescentou o que teria sido removido.
O liv ro de m órm o n é o tex to sa g ra d o do
mormonismo. Ele é chamado de "um outro testamento
de Jesus Cristo" e é considerado pelos seguidores da seita
como superior à Bíblia. No livro de 1 Néfi 13.24ss. Smith
faz referência à Bíblia. No verso 24 ele diz:
"e me disse o anjo do Senhor: viste o livro que
procedeu da boca de um judeu; e ao proceder da
boca de um judeu, continha a plenitude do evan­
gelho do Senhor, de quem os apóstolos testificam;
eles testificam de acordo com a verdade que está
no Cordeiro de Deus".

Ele segue seu texto dizendo que depois que a Es­


critura foi transmitida dos judeus para os gentios
76 | SEITAS E HERESIAS

"tiraram do evangelho do cordeiro muitas partes


que são claras e sumamente preciosas; e também
muitos convênios do Senhor foram tirados".

Segundo Smith, tudo o que foi retirado do evange­


lho foi com o objetivo de perverter os caminhos retos do
Senhor e assim cegar olhos e endurecer o coração dos
homens. No verso 28 ele diz:
"Vês, portanto, que depois de haver o livro passa­
do pelas mãos da grande e abominável igreja, fo ­
ram suprimidas muitas coisas claras e preciosas
do livro, que é o livro do cordeiro de Deus".

Segundo Smith a Bíblia é um livro que contém er­


ros, está mutilada e é instrumento de satanás para escra­
vizar os homens.
No mesmo capítulo 13 de 1 Néfi, Joseph Smith afir­
ma que o livro de mórmon é a revelação verdadeira de
Deus. Segundo ele Deus não permitirá que os gentios
permaneçam na escuridão e cegueira para sempre:
"serei misericordioso para com os gentios, visi­
tando os remanescentes da casa de Israel com gran­
de julgamento (...) esses remanescentes de quem
falo são a semente de seu pai, (,..)Eu me manifes­
tarei a tua semente, de modo que ela escreverá
muitas coisas que lhe ensinarei, as quais serão cla­
ras e preciosas (...) estas coisas serão escondidas
para serem reveladas aos gentios (...) e nelas será
escrito o meu evangelho, diz o cordeiro.

O Livro de mórmon é considerado por eles como o


livro mais correto de todos os livros da terra. Apesar de
ele já ter passado por mais de quatro mil alterações des­
de que foi editado pela primeira vez, em 1830. Mesmo
SEITAS E HERESIAS | 77

assim em Rinaldi e Romero (1996, p.99) temos a afirmati­


va de um dos seguidores da seita em que ele assevera
que nenhum homem se achega a Deus sem seguir os pre­
ceitos do livro de mórmon.
Nenhum outro livro pode fazer isso com tanta efi­
ciência quanto os escritos do profeta Smith. Se isto for
verdade, e o livro de mórmon for escritura sagrada, en­
tão não obedecê-lo implica em condenação, ou seja, o
livro é considerado como essencial para a salvação, por­
tanto, tem mais valor que a Bíblia.
O livro de mórmon assim como as visões de Joseph
Sm ith não suporta um exame acurado. Ele é falho do
ponto de vista teológico, histórico e científico.
Do ponto de vista histórico o livro de mórmon che­
ga perto da fantasia. Nenhum arqueólogo, que não seja
mórmon, reconhece a história contada por Smith. Os
motivos para esse descrédito são vários. Um deles é que
não existe nenhuma evidência científica da existência dos
lugares ou povos citados no livro. Rinaldi e Romero fa­
zem menção a uma lista de falta de evidências históricas
do livro de mórmon;

• Nenhuma cidade do livro de mórmon fo i localizada;


• Nenhum nome do livro de mórmon fo i encontrado em
inscrições do Novo Mundo;
• Nenhuma inscrição genuína em Hebraico fo i encon tra-
da;
• Nenhuma inscrição em egípcio ou qualquer língua que
pudesse vir a ser o "egípcio reformado" de joseph Smith
fo i encontrada;
• Nenhuma cópia antiga das escrituras do livro de
mórmon fo i encontrada;
78 I SEITAS E HERESIAS

• Não há inscrição de qualquer espécie que indique os que


os antigos habitantes tinham crenças hebraicas ou cris­
tãs, todas eram pagãs;
• Nenhuma menção de pessoas, nações ou lugares do li­
vro de mórmon é verdadeiro ou fo i encontrado;
• Nenhum artefa to de qualquer espécie que demons tre que
o livro de mórmon é verdadeiro fo i encontrado;
• O mormonismo afirma que o índio americano é de ori­
gem hebraica. A ciência afirma que o índio americano é
de origem mongoloide (asiático);
• A última palavra do livro de Jacó é uma saudação em
francês, na edição inglesa. O problema é que o livro data
de 600 a .C .e a língua francesa só começou a ser form a­
da em 700 d.C. (H O U G EY apud R IN A LD I e
ROMERO, 1996, p. 100-101).
Do ponto de vista teológico, o livro de mórmon tam­
bém é uma farsa. Smith diz ter produzido uma versão
inspirada da bíblia, mas essa versão deixou noventa por
cento do texto como estava. Ele omitiu e acrescentou
muitas coisas, por exemplo, omitiu o livro de Cantares
de Salomão. Smith não acrescentou os livros que disse
ter sido omitido da Bíblia.
Qualquer pessoa em são juízo reconhece que o li­
vro de mórmon é uma grande farsa na tentativa de pare­
cer palavra de Deus, mas na verdade é uma revelação do
inferno. D iante da im possibilidade de com provar a
historicidade e a teologia do texto, os mórmons apelam
para o elemento subjetivo. A igreja orienta os fieis a orar
com fé e perguntarem a Deus se o livro de mórmon é ou
não verdadeiro. Segundo eles quem ora com sincerida­
de sentirá um 'ardor no peito'. Quem não sentir esse tal
ardor, certamente será taxado como insincero. As pala-
SEITAS E HERESIAS | 79

vras de Rinaldi e Romero são próprias para finalizar esse


tema:
"O livro de mórmon é um livro desacreditado por
causa de seus muitos erros. Não pode, por conse­
guinte ter origem divina, visto que Deus não erra
e nem se frustra (...) e não será uma experiência
subjetiva de "ardor no peito" que provará o con­
trário. Não é próprio do cristianismo o estruturar-
se sobre uma fé cega, baseada em sentimentos e
emoções exclusivamente, antes firma-se em fatos
que não se furtam a uma análise objetiva.
(RINALDI e ROMERO, 1996, p.104).

III) DEUS E O MORMONISMO


Deus Pai existiu como homem para chegar a ser
Deus. Teve corpo físico, assim como também uma espo­
sa (mãe celestial). Não há trindade. O Pai, o Filho e o
Espírito Santo são três deuses separados. Os homens dig­
nos podem um dia chegar a serem deuses também.
No primeiro artigo das regras de fé do mormonismo
está escrito: " cremos em Deus o Pai Eterno, em seu Filho Jesus
Cristo e no Espírito Santo". Não pense que por isso a fé dos
mórmons seja ortodoxa, e que eles sejam ou possam ser
considerados como um grupo cristão. A forma como eles
interpretam essa declaração é uma heresia absoluta.
O mormonismo não crê na trindade. Segundo eles
existem na verdade três deuses. Joseph Smith afirma em
seus ensinamentos:
"Eu sempre declarei que Deus é um personagem
distinto, que Jesus é um personagem distinto e se­
parado de Deus, o Pai, e que o Espírito Santo é
outro personagem distinto e é espírito: são três
personagens distintos e três deuses".
80 | SEITAS E HERESIAS

(Ensinamentos do profeta Joseph Smith, p.361).

Segundo Joseph Smith "o Pai possui um corpo de


carne e ossos tão tangível como o do homem; o filho tam­
bém; mas o Espírito Santo não possui um corpo de carne
e osso, mas é um personagem de Espírito." (D&C 130.22).
Na doutrina do mormonismo, os homens podem
evoluir até chegar a condição de se tornar Deus. Esse é o
caso com Deus, segundo Smith, Deus já foi homem como
nós, já habitou entre nós, da mesma maneira como Cris­
to já habitou em nosso m eio. O sucessor de Sm ith,
Brigham Young disse:
Quando nosso pai, Adão, chegou ao jardim do
Éden, veio com um corpo celestial e trouxe consi­
go uma de suas esposas, Eva. Ele ajudou a fazer e
organizar este mundo. Ele é Miguel, o arcanjo, o
ancião de Dias, do qual têm falado e escrito ho­
mens santos. Ele é o nosso Deus, o único Deus
com quem temos algo a ver. (DOUTRINAS DE
SALVAÇÃO, vol 1, p.105).

A síntese do ensinamento do mormonismo é a dou­


trina do progresso eterno, como eles afirmam "com o o
homem é, Deus já foi; Como Deus é, o homem poderá
vir a ser. (Regras de Fé, p.430). Com certeza esse não é o
Deus revelado nas Escrituras.

IV) JESUS
Jesus é um Deus separado do Pai (Elohim). Ele foi
criado como um filho espiritual pelo Pai e mãe no céu. E
o irmão mais velho de todos os homens e seres espirituais.
Seu corpo foi criado através da união sexual entre Elohim
e Maria. Jesus foi casado, segundo o mormonismo, Jesus
era o noivo na festa de Caná da galileia. Sua morte na
cruz não proveu a expiação completa por todos os peca­
SEITAS E HERESIAS | 81

dos, mas propiciou a ressurreição para todos. Existem


pecados que só com a morte do pecador eles podem ser
expiados.
Brigham Young no Journal Discourses (Vol 3, p 219
- 220) afirma que ele pode contar muitos testemunhos
de homens que têm sido justamente mortos a fim de ex­
piarem seus próprios pecados. Ele afirma ainda que se
alguém precisa de ajuda, deve ser ajudado, se deseja
salvação, e para isso for necessário derramar o seu san­
gue na terra para o indivíduo seja salvo, então que se
derrame. Vejamos o que ele escreveu:
"Qualquer homem ou mulher que violar as alian­
ças feitas com seu Deus terá de pagar o débito. O
sangue de Cristo nunca apagará esse erro. O indi­
víduo tem de expiá-lo com seu próprio sangue. Mais
cedo ou mais tarde lhe sobrevirão os castigos do
Toão-Poderoso e cada um terá de fazer expiação
pelas suas alianças.... Todos os homens amam a si
mesmos, e, se todos conhecessem esses princípios,
de bom grado derramariam seu próprio sangue...
Eu poderia citar inúmeros casos de homens que fo­
ram mortos legitimamente, para expiação de seus
pecados... Isto é amar ao próximo como a si mes­
mo; se ele precisar de auxílio, ajude o; e se ele "
quiser ser salvo e for necessário derramar seu san­
gue na terra para que ele possa ser salvo, derrame-
o. (JORNAL OF DISCOURSES, vol. III pág.247,
e vol. IV p. 219 e 220).

Brigham Young define assim a sua Cristologia:


"Quando a virgem Maria concebeu o menino Jesus,
o Pai havia gerado a sua própria semelhança. Ele foi
gerado pelo Espírito. Jesus, o nosso irmão mais ve­
lho, foi gerado na carne pelo mesmo personagem que
82 i SEITAS E HERESIAS

estava n jardim do éden, e que é nosso pai celestial.


(Journal of discourses, vol 1 pp. 50 -51)

O Jesus que o mormonismo prega não é o Jesus da


Bíblia, mas outro.
V) A SALVAÇÃO
Na doutrina do mormonismo não existe espaço para
a salvação mediante a graça, pela fé em Cristo Jesus, mas
pelas obras, incluindo lealdade aos líderes, batismo para
a remissão, dizimar, ordenanças, matrimonio e cerimô­
nias secretas no templo.
Só há vida eterna para aquele que for da igreja
Mórmon. No mormonismo existem dois tipos de salva­
ção: aquela que é geral e a salvação individual. Na sal­
vação geral a doutrina mórmon ensina o universalismo,
doutrina que afirma que no final dos tempos, Deus irá
punir de forma restauradora a alma dos homens que ne­
garam a Jesus como Senhor e Salvador, dando-lhes de­
pois de um tempo de castigo a reconciliação. Em outras
palavras, no final Deus salva todo mundo.
Na salvação individual, o mormonismo ensina a
condicionalidade. Segundo os mórmons para se obter a
salvação existem muitas condicionais e uma delas é ser
membro da Igreja dos Santos dos Últimos Dias. Clara­
m ente as escritu ras sagradas rejeitam esse tipo de
ensinamento.
VI) A MORTE
Uma vez que o mormonismo ensina que somos eter­
no como Deus, e que como Deus é o homem será para
chegarmos a esse estágio precisamos passar por alguns
estágios: primeiro, o estágio da pré-existência, quando
existíamos como inteligências. Segundo, passamos para
SEITAS E HERESIAS | 83

o estágio do estado pré-mortal. Nesse período nascemos


por meio da procriação de Deus com uma de suas espo­
sas. O terceiro estágio é o da mortalidade. Nesse estágio,
que é o momento presente sofremos a provação da mor­
te. O ultimo estágio é da pós-morte. O nosso destino
depois da morte depende dos nossos atos nessa vida.
O mormonismo atesta a existência de três reinos
celestiais e que quase todos irão a um dos três reinos
celestiais separados, alguns obtendo a divindade. Os
apóstatas e os assassinos irão para o reino das trevas,
que é o reino Telestial. No reino terrestrial ficarão as pes­
soas boas, mas que não se converteram ao mormonismo.
E o reino celestial reservado somente para os mórmons,
que se casaram no templo e que se tornaram dignos de
chegarem a exaltação ou a divindade.
VII) OUTRAS CARACTERÍSTICAS
O adepto do Mormonismo não pode beber álcool,
café, chá ou usar tabaco. Batismo em nome dos mortos.
Trabalho missionário gratuito. Visitas de casa em casa.
Cerimônias secretas no templo somente para membros
de boa reputação. Rede social muito extensa. As pessoas
negras não tiveram acesso ao sacerdócio Mórmon e ou­
tros privilégios até 1978. Depois dessa data, não há mais
restrição ao sacerdócio de pessoas negras.
CAPÍTULO

AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

I) O FUNDAMENTO
Charles Taze Russel (1852-1916),o fundador das tes­
tem unhas de Jeová nasceu na Pensilvânia, EUA, era
p resbiterian o de origem , depois pertenceu à igreja
Congregacional e a seguir a igreja Adventista. Em 1874
começou um movimento chamado de russelita. Em 1879
começou a publicação da "Torre de Vigia de Sião" hoje
conhecida como "Sentinela".
Russel era perturbado especialmente pela doutri­
na das p en as ete rn a s. Por isso se a p ro x im o u do
adventismo, mas devido as suas opiniões pessoais essa
junção com o adventismo durou pouco tempo. Não de­
morou muito e Russel começou a censurar a igreja e seus
líderes, alegando que eles estavam a serviço das trevas,
e do engano.
Russel escreveu uma obra para o treinamento de
seus discípulos intitulada "estudos na escritura", que ele
recomenda ser melhor leitura do que a Bíblia. Russel que
alegava serem os seus escritos melhores que a Bíblia,
profetizou que a batalha do Armagedon ocorreria em
1914, depois alterou para 1915 e depois como nada acon­
SEITAS E HERESIAS | 85

teceu, remarcou a data para 1918, mas ele não pode vi­
ver para confirmar que sua profecia de novo estava equi­
vocada, pois ele morreu em 1916.
As Testemunhas de Jeová são extremamente zelo­
sas e fervorosas em sua dedicação à sua fé. São reconhe­
cidas como esforçadas e em alguns casos citados como
exemplo de pessoas dedicadas ao seu ministério. O que
alguns não sabem que esse esforço não é resultado de
convicção e nem de espontaneidade, mas sim, de medo.
As Testemunhas de Jeová são pressionadas a trabalhar
com afinco sob pena de serem rebaixadas ao nível de
"servos inferiores".
De acordo com Raimundo Oliveira
"A maior parte dos seus esforços é gasta procu­
rando alcançar pessoas já membros de igrejas evan­
gélicas, cujos preceitos eles põem em dúvida por
meio de ensinos subversivos."

II) A SPECTO S E SC R IT U R ÍST IC O S


A Bíblia (Tradução do Novo Mundo), todas as publi­
cações atuais da Torre de Vigia, as revistas: A Sentinela e
Despertai, publicadas quinzenalmente, são as principais
literaturas das Testemunhas de Jeová. O Dr. Bruce M.
Metzger, da Universidade de Princeton, fala acerca dos
escritos das Testemunhas de Jeová, e da maneira como
seus escritos são aceitos pelos seguidores:
"Dizem que ninguém pode compreender a Bíblia
sem a revista A Sentinela. Não reconhecem qual­
quer outra versão da bíblia, além da sua versão de­
turpada chamada "Tradução Novo Mundo".Esta
tradução foi preparada para contrabandear as cren­
ças Pré-Fabricadas da Torre de Vigia para o texto
86 | SEITAS E HERESIAS

das Escrituras. Trata-se de uma obra mutilada, ten­


denciosa, viciada e cheio de Interpolações. Tradu­
ziram (João. 1:1 por: E a Palavra era [um] deus'.)
(Seitas e heresias, p.12).

III) DEUS
Deus é uma pessoa, cujo nome exclusivo é Jeová.
Não creem na Trindade. Jesus foi o primeiro ser criado
por Jeová.
IV) JESUS
Quanto a doutrina de Cristo as Testemunhas de
Jeová são essencialmente arianas. Jesus é um segundo as
Testemunhas de Jeová um semi-deus, ou um demiurgo
(deus menor). Antes de vir ao mundo, ele era o arcanjo
Miguel. Jeová criou o universo por meio de Jesus. Quan­
do Jesus estava na Terra, ele foi um homem que viveu
perfeitamente. Depois de haver morrido numa estaca (não
numa cruz), foi ressuscitado como espírito e seu corpo foi
destruído. O homem Jesus não existe mais. Jesus não virá
outra vez. Ele já veio invisivelmente em 1914, em espírito.
Em relação a Cristo seus ensinamentos podem ser
resumidos assim:
1. Rejeitam a divindade de Cristo
Sobre a divindade de Cristo, afirmam as Testemu­
nhas de Jeová:
"Este [Jesus Cristo], não era Jeová Deus, mas es­
tava 'existin-do na forma de Deus'. Como assim?
Ele era uma pessoa espiritu-al, assim como 'Deus
é Espírito'; era poderoso, mas não Todo-poderoso
como o é Jeová Deus: também ele existia antes de
todas as outras criaturas de Deus porque foi o pri­
meiro filho que Jeová Deus trouxe à existência.
SEITAS E HERESIAS | 87

Por isso é chamado 'o Filho unigénito' de Deus,


porque Deus não teve associado ao trazer à exis­
tência o seu unigénito Filho... Ele não é o autor da
criação de Deus; mas, depois de Deus o haver cri­
ado como primogênito, usou-o como seu ohreiro
associado ao trazer à existência todo o resto da
cria-ção" (Seja Deus Verdadeiro, pp. 34,35).

2. Negam a segunda vinda de Cristo


As Testemunhas de Jeová fazem uma verdadeira
miscelânea no que diz respeito à escatologia. Primeiro
eles negam a segunda vinda de Cristo, segundo eles, Je­
sus vem não em forma humana, mas como criatura espi­
ritual e gloriosa... Ele vem, portanto, desta vez, não em
humi-lhação, não na semelhança dos homens, mas em
sua glória, e to-dos os anjos com ele. Alguns podem citar
as palavras dos anjos: 'Esse Jesus que dentre vós foi re­
cebido no céu, assim virá do modo como o vistes ir para
o céu' (At 1.11). Notem, porém, que este texto não diz
que ele virá com a mesma aparência, ou no mesmo cor­
po, mas somen-te do mesmo modo" (Seja Deus Verdadei­
ro, pp. 184,185).
Segundo, pelos ensinos de Rüssel, Jesus voltou à
terra em 1914 e estabeleceu o seu governo de paz. De
acordo com seus ensinamentos a " batalha do grande dia
do Deus Todo-poderoso (o Armagedon) terminará em
1914, com a derrocada completa do governo do mundo...
e o pleno estabelecimento do reino de Cris-to" (Russell,
Estudos nas Escrituras, vol. II, pp. 101,170).
Consequentemente, o juízo final já está em anda­
mento. Assim ensinam as Testemunhas de Jeová:
"Na primavera de 1918, veio o Senhor, e come­
çou o juízo, primeiro da 'casa de Deus' e depois
88 | SEITAS E HERESIAS

das nações deste mundo" (Seja Deus Verdadei­


ro, p. 284).

V) O ESPÍRITO SANTO
É a força ativa invisível de Jeová. Não é pessoal.
VI) A SALVAÇÃO
Ser batizado como Testemunha de Jeová. A maio­
ria dos seguidores tem que ganhar a vida eterna na Ter­
ra, trabalhando áe casa em casa. A salvação no céu está limi­
tada aos 144 mil ungidos.
VII) A MORTE
Os 144 mil viverão no céu como seres espirituais.
O rem anescente dos justos, a grande multidão viverá na
Terra e obedecerá a Deus perfeitamente por 1000 anos.
Depois, deverão suportar a prova final, quando Sata­
nás for solto do poço do abismo. As testem unhas de
Jeová não acreditam na existência do inferno, de acor­
do com eles:
A doutrina de um inferno ardente onde os iníquos,
depois da morte, são torturados para sempre, não pode
ser verdadeira, prin-cipalmente por quatro razões: 1) está
inteiramente fora das Escri-turas; 2) é irracional; 3) é con­
trária ao amor de Deus; 4) é repug-nante à justiça" (Seja
Deus Verdadeiro, p. 79).
VIII) OUTRAS CRENÇAS
Reúnem-se aos domingos nos Salões do Reino. Os
membros ativos são instruídos a distribuir literatura de casa
em casa. Uma vez por ano celebram a Refeição Noturna. Só
os ungidos podem participar. Não comemoram feriados nem
aniversários. Não saúdam a bandeira, não prestam serviço
militar, não aceitam transfusões de sangue.
CAPÍTULO

12
O ISLAMISMO

I) FUNDAMENTO
Islamismo, Islão ou Islã, em árabe: "al-Islâm ", é uma
religião abraâmica monoteísta articulada pelo Corão, um
texto considerado por seus seguidores como a palavra
litera l de D eus, e pelos en sin am en tos e exem p los
norm ativos (a cham ada Suna, parte do H adith) de
Maomé, considerado pelos fiéis como o último profeta
de Deus. Um adepto do islamismo é chamado de m u­
çulmano.
Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra árabe
muslim, que deriva do "aslam a", designando "aquele
que se submete".
Os muçulmanos acreditam que Deus é único e in­
comparável e o propósito da existência é adorá-lo. Eles
também acreditam que o islã é a versão completa e uni­
versal de uma fé primordial que foi revelada em muitas
épocas e lugares anteriores, incluind o por m eio de
Abraão, Moisés e Jesus, que eles consideram profetas.
Os seguidores do islã afirmam que as mensagens e reve­
lações anteriores foram parcialmente alteradas ou cor­
rompidas ao longo do tempo, mas consideram o Alco-
90 | SEITAS E HERESIAS

rão como uma versão inalterada da revelação final da


Deus. Os conceitos e as práticas religiosas incluem os
cinco pilares do islã, que são conceitos e atos básicos e
obrigatórios de culto, e a prática da lei islâmica, que atin­
ge praticamente todos os aspectos da vida e da socieda­
de, fornecendo orientação sobre temas variados, como
sistema bancário e bem-estar, à guerra e ao meio ambi­
ente.
Maomé (579-632 d.C). Surgiu por volta de 610 d.C,
em Meca e Medina. A sede se encontra em Meca, na
Arábia Saudita. As divisões principais do islamismo são
os Sunitas e Xiitas.
Os Sunitas formam o maior ramo do Islão, ao qual
no ano de 2006 pertenciam mais de 70% do total dos
muçulmanos. A maioria dos sunitas acredita que o nome
deriva da palavra Suna (Sunna), que se refere aos precei­
tos e s ta b e le c id o s no sé cu lo V III, b a se a d o s nos
ensinamentos de Maomé e dos quatro califas ortodoxos.
Os Xiitas, em árabe: Shia'a ou Shiat Ali, "partido de
Ali", são o segundo maior ramo de crentes do Islamismo,
constituindo cerca de 30% do total dos muçulmanos. Eles
consideram Ali, o genro e primo do profeta Maomé, como
o seu sucessor legítimo e consideram ilegítimos os três
califas sunitas que assumiram a liderança da comunida­
de muçulmana após a morte de Maomé.
II) ASPECTOS ESCRITURÍSTICOS
A lei maior do islamismo é o Alcorão, escrito em
árabe. El Hndith (as palavras e obras de Maomé).
A Lei de Moisés, os Salmos e os Evangelhos são
aceitos pelo Alcorão. Os muçulmanos, entretanto, os con­
sideram adulterados.
O Alcorão (literalmente: recitação) é a principal au­
SEITAS E HERESIAS | 91

toridade islamismo. Para o Islã Deus revelou cada pala­


vra através do anjo Gabriel a Mohammad, que era anal­
fabeto. Este teve de memorizar todas as palavras, ditan­
do-as aos seus discípulos.
Depois de sua morte, um grupo de escribas come­
çou a assentar tudo por escrito. O resultado final é uma
obra contendo 114 suratas (capítulos). Há extensa cita­
ção (indireta) tanto do Antigo quanto do Novo Testamen­
tos (embora apregoe que estas obras literárias tenham
sido corrompidas através dos séculos). A segunda fonte
de autoridade para os muçulmanos é a Sunna, a coleção
da tradição das declarações e dos feitos de Mohammad,
apresentados em forma de hadis (breves narrativas). (Sei­
tas e Heresias, p. 100)
III) DEUS
Alá é Deus . Ele revelou o Alcorão a Maomé por
intermédio do anjo Gabriel. Alá é um juiz severo e não é
representado como amoroso.
A fé Islâmica é essencialmente monoteísta. A con­
cepção de um Deus uno, faz com que rejeitem na doutri­
na da Trindade, afirmando que esta é uma deturpação
do monoteísmo bíblico. Diz que os cristãos "inventaram
a Trindade ou a copiaram da idolatria pagã". (Seitas e
heresias, p.100).
IV) JESUS
Jesus é um dos 124 mil profetas enviados por Deus
a diferentes culturas. Abraão, Moisés e Maomé são al­
guns. Jesus nasceu de uma virgem, mas não é o Filho de
Deus sem pecado. Negam assim a sua divindade, bem
como a sua morte (ascendeu ao céu sem ser morto). Des­
ta forma para o islã, Jesus na fez um sacrifico vicário e
não atribuem à morte de Jesus a redenção da raça huma-
92 | SEITAS E HERESIAS

na. A ideia de Jesus ser Deus encarnado, na visão do


islamismo diminui a transcendência de Deus, fazendo
desta uma doutrina ultrajante.
Jesus é conhecido como Messias e Ayntollah (Aynt
Allnh, sinal de Alá). Jesus regressará no futuro para viver
e morrer.
V) O ESPÍRITO SANTO
O Alcorão se refere a Jesus como o Espírito de Deus.
Os eruditos muçulmanos veem o anjo Gabriel como o
Espírito Santo.
VI) A SALVAÇÃO
Os homens são basicamente bons, mas falíveis e
precisam de direção. O equilíbrio entre as boas obras e
as más determinam o destino eterno: paraíso ou inferno.
A salvação no Islã depende do cumprimento dos
cinco pilares sobre os quais o Islamismo está fundamen­
tado: confessar que Alá é o único Deus verdadeiro e
Maomé o seu profeta, orar cinco vezes ao dia voltado
para Meca, dar esmolas, jejuar durante o mês de Ramadã
e fazer uma peregrinação a Meca (ao menos uma vez na
vida).
VII) A MORTE
O Islamismo admite a ressurreição dos corpos, averá
um dia final para julgar e recompensar. O paraíso eterno
para aqueles que creram no Islamismo, o inferno para os
infiéis que não aceitaram o Islamismo.
VIII) OUTRAS CARACTERÍSTICAS
Os adeptos são chamados M uçulmanos. Vão às
mesquitas (templos) para orar, ouvir sermões e conse­
lhos. Esforço santo para expandir o Islamismo.
CAPÍTULO

13
RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS
Com a vinda dos escravos para o Brasil, seus costu­
mes deram origem a diversas religiões, tais como o can­
domblé, que tem milhões de seguidores, principalmen­
te entre a população negra, descendente de africanos.
Estão concentradas em maior número nos grandes cen­
tros urbanos do Norte e do Nordeste do país, mas tam­
bém com grande presença no Sudeste. Diferente do can­
domblé, que é a religião sobrevivente da África ociden­
tal, há também a Umbanda, que representa o sincretismo
religioso entre o catolicismo, espiritismo e os orixás afri­
canos. As religiões de matriz africana foram e ainda são
perseguidas e discriminadas no Brasil.
As chamadas religiões afro-brasileiras compõem o
candomblé que é dividido em várias nações, o batuque,
o Xangô do Recife e o Xambá foram trazidas original­
m ente pelos escravos. Estes escravos cultuavam seu
Deus, e as divindades cham adas Orixás, Voduns ou
inkices com cantos e danças trazidos da África.
Desde o início as religiões afro-brasileiras se fize­
ram sincréticas, estabelecendo paralelismos entre divin­
dades africanas e santos católicos, adotando o calendá-
94 | SEITAS E HERESIAS

rio de festas do catolicismo, valorizando a frequência aos


ritos e sacramentos da igreja.
As religiões afro-brasileiras na maioria são relacio­
nadas com a religião yorúbá e outras religiões tradicio­
nais africanas, é uma parte das religiões afro-americanas
e diferentes das religiões afro-cubanas como a Santeria
de Cuba e o Vodou do Haiti pouco conhecidas no Brasil.
O universo das religiões afro-brasileiras é bastante
com plexo, visto que diferentes grupos étnicos deram
origem a uma constelação de denominações religiosas.
Também a grande variedade leva em conta os aspectos
coloniais nas mais diferentes regiões e estados do Brasil,
como podemos observar:

• Babaçuê - Maranhão, Pará


• Batuque - Rio Grande do Sul
• Cabula - Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Ja­
neiro e Santa Catarina.
• Candomblé - Em todos estados do Brasil
• Culto aos Egungun - Bahia, Rio de Janeiro, São
Paulo
• Culto de Ifá - Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
• Encantaria - Maranhão, Piauí, Pará, Amazonas
• Omoloko - Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo
• Pajelança - Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas
• Quimbanda - Em todos estados do Brasil
• Tambor-de-Mina - Maranhão
• Terecô - Maranhão
• Umbanda - Em todos estados do Brasil
• Xambá - Alagoas, Pernambuco
• Xangô do Nordeste - Pernambuco
CAPÍTULO

14
A NOVA ERA
O movimento da Nova Era - do inglês New Age -
possui muitas subdivisões, sendo geralmente uma fu­
são de ensinos metafísicos de influência oriental, de li­
nhas teológicas, de crenças espiritualistas, animistas e
paracientíficas, com uma proposta de um novo modelo
de consciên cia m oral, p sicológ ica e social além de
integração e simbiose com o meio envolvente, a Nature­
za e até o Cosmos.
É uma teologia ou uma "filosofia de vida" de bem-
estar, tolerância universal. A Nova Era pretende realizar
o que seu nome indica: "derramamento de água" ou "era
de aquários" sobre o mundo, para simbolizar a vinda de
um novo "espírito" ou "nova mentalidade". Esta "nova
mentalidade" provocará nos seres humanos uma expres­
são (ou "despertar") de consciência. Para auxiliar neste
processo, algum as psicotécnicas tam bém podem ser
empregadas, tais como: Tarô, Yoga, Meditação, Mapa
Astral, Gurus, Esoterismo, novas culturas, orações, jogo
de Búzios, pirâm ides, cristais, num erologia, G nose,
Teosofia, Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Pacifis­
mo, Rebieth, Channellins, Sincretismo, busca interior, li­
vros de autoajuda, magia, predição, novo pensamento
96 | SEITAS E HERESIAS

etc. e esta iluminação deverá possibilitar uma vida com


menos dificuldades e menos problemas. A "N ova Era"
não é vista por seus seguidores como uma religião pro­
priamente dita, mas apresenta propostas de vida religi­
osa. Não é um movimento filosófico propriamente dito -
pois não parte de construções racionais para justificar
suas proposições -, mas tenta dar respostas (ditas) filo­
sóficas a questões existenciais. Não é uma ciência, mas
b u sca a lic e rç a r-s e em le is c ie n tífic a s (ou
pseudocientíficas).
No âmbito religioso misturam também princípios
filosóficos e místicos. Alguns instrumentos usados para
esses fins são as pirâmides, filosofias orientais, energias
cósmicas, cristais energéticos, amuletos, pensamentos
positivos, esoterismo (cabala, horóscopo, mantra, mapa
astral, Yoga, relaxamento, "ecologia", aura em harmonia
com o corpo, Yin Yang). Acredita-se que a humanidade,
assim como todas as coisas, são UM (estão em unidade)
com o Cosm os (ou "D eu s"). Você m esm o assum e-se
como parte de Deus.
O oculto, o misterioso, o esoterismo, a astrologia,
destino, medicina alternativa com filosofias, estrelas in­
fluenciando as nossas atitudes, livros de autoajuda. Tudo
isso faz parte da Nova Era. Esse movimento se sustenta
em 4 pilares (Subestrutura científica, O uso de "doutri­
nas" das religiões orientais, Nova Psicologia e Astrolo­
gia). Dentro do prisma da "N ova Era" está a uniformiza­
ção, principalmente a do sistema econômico, as "leis"
da globalização, como percebemos em nossos dias, es­
tão envolvidas nesse processo.
SEITAS E HERESIAS | 97

BIBLIOGRAFIA

O LIVRO DE MÓRMQM Igreja de Jesus Cristo dos San­


tos dos Últimos Dias. (1995).. Salt Lake City.
ARAÚJO, U. T. (1981). O A dventism o. diversos, (s.d.).
áshared. Acesso em 10 de 10 de 2011, disponível em Sei­
tas e Heresias: http://www.4shared.com
Heresiologia, apostasia, Seitas e Heresias, do paganis­
mo e do pseudo cristianismo, (s.d.). Acesso em 10 de 10
de 2 011, d isp o n ív e l em h e re sio lo g ia : h ttp :/ /
solascriptura-tt.org/Seitas/ index.htm
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. (1950).
D outrinas e Convênios e Pérolas de G rande Valor. Jackson.,
Missouri.
NOGUEIRA, J. (07 de 24 de 2009). Sincretismo Religioso no
Brasil em Casa Grande Senzala: Influências na Religiosidade
Brasileira. Acesso em 10 de 10 de 2011, disponível em
H isto ria e H istó ria : h ttp :/ /
w w w . h i s t o r i a e h i s t o r i a . c o m . b r /
m ateria.cf m? tb=alunos&id=205
RINALDI, N. e. (1996). Desmascarando as seitas. Rio de Ja­
neiro, RJ: CPAD.
WHITE, E. G. (1981). O Grande Conflito. Santo André, SP:
Casa Publicadora Brasileira.
Pr. Antônio R. Siqueira

Ministro do Evangelho,
graduado em Teologia pelo
Seminário Teológico Cristão
Evangélico do Brasil (SETECEB),
com intragalização de créditos
pela FTSA (Faculdade Teológica
Sul Americana), pós graduado
em Teologia e em Docência
Universitária, professor no
Seminário Teólogico Batista
Nacional.

A p o io :

Você também pode gostar