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ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DA

COMARCA DE CURITIBA - ESTADO DO PARANÁ

PROCESSO ADMINISTRATIVO N° ....

PERFUMARIA BRASIL LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob o nº 77047718/0001-09, com sede na Rua das Flores, 30, Bairro Prado
Velho, Curitiba/PR, CEP n°..., endereço eletrônico..., vem, respeitosamente, por meio
de seu advogado abaixo assinado (procuração e atos constitutivos anexos) com
endereço profissional situado na Rua..., n°..., Bairro..., Cidade..., Estado..., CEP n°...,
onde recebe intimações, à presença de Vossa Senhoria apresentar

IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA

ao Auto de Infração/Apreensão n°_____/____ lavrado em __/__/2019 em


epígrafe, com base no artigo 5º, inciso XXXIV da Constituição Federal, na
Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e demais diplomas pertinentes, em face
dos argumentos a seguir aduzidos.

I - DA TEMPESTIVIDADE

Os prazos para impugnação de lançamento constam nas Notificações e


Autos de Infração e, via de regra, o contribuinte tem 30 dias do recebimento para
contestar o lançamento. A presente impugnação é tempestiva vez que o prazo para
a apresentação da mesma é de 30 dias, e o prazo começou a correr na data do
recebimento da notificação, que ocorreu aproximadamente no dia xx de Agosto de
2019.
II – DA SÍNTESE FÁTICA

A empresa autuada teve contra si lavrado o referido Auto de


Infração/Apreensão em xx de agosto de 2019, sendo cientificada no dia xx do mesmo
mês, sob a alegação de que creditou-se o montando de R$ xyz (valor por escrito)
referente ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica para fato gerador ocorrido no
período de xx de yy de 1990.

Conforme disposto neste Auto de Apreensão, ficaram apreendidos na


oportunidade da sua lavratura 10.000 (dez mil) unidades de perfumes diversos, e foi
descrito no referido documento "A presente apreensão decorre do não recolhimento
dos tributos devidos e em execução no processo n°0001368-20.2018.8.16.0001" onde
constava também a determinação de que caso tais bens não fossem reclamados em
5 dias, os mesmos seriam levados a leilão público.

Diante do exposto, não resta outra opção, senão apresentar a presente


impugnação, a fim de anular o Ato de Autuação administrativa em epígrafe.

III - DA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA E PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

O IRPJ é tributo sujeito ao lançamento por homologação, no qual o


contribuinte emite a declaração, discrimina os rendimentos tributáveis e efetua o
recolhimento deste aos cofres públicos, através da guia de recolhimentos. Ou seja,
faz o pagamento com base em apuração realizada por ele próprio. Por isso, se diz
pagamento antecipado, porque feito antes do lançamento (antes da participação da
autoridade administrativa). A extinção do crédito tributário não se verifica com o
pagamento, mas com a soma deste com a homologação do lançamento (art. 150, §
4º, do CTN).
Em vista desta antecipação de pagamento, é permitido ao Fisco
homologá-lo em um prazo decadencial de 5 anos, contados a partir do fato gerador.
O transcurso in albis do quinquênio decadencial, sem que se faça uma conferência
expressa, provocará o procedimento homologatório tácito, segundo o qual perde o
Fisco o direito de cobrar uma possível diferença, vindo a reboque a perda do direito
de lançar. Sendo assim, extingue-se definitivamente o crédito tributário, conforme o
art. 156, VII, do CTN.

Uma vez que o fato gerador ocorreu no xx de yy de 1990, o Fisco


deveria ter homologado o lançamento no período de xx e yy de 1996. Porém, o Auto
de Infração nº _______ data de xx de agosto de 2019 e, portanto, expirado o prazo
quinquenal, decai o direito do Fisco em efetuar um novo lançamento e, por
conseguinte, é devido o cancelamento do referido documento, com base no disposto
pelos artigos 150, § 4º e 156, VII do CTN.

IV- DA ILEGALIDADE DA APREENSÃO DE MERCADORIA

O fisco não possui legitimidade legal para realizar apreensões com o


objetivo de forçar o contribuinte a pagar tributos ou realizar ele mesmo a execução de
bens para satisfazer o seu crédito, trata-se de conhecimento sumulado pelo Supremo
Tribunal Federal, conforme súmula 323 “É inadmissível a apreensão de mercadorias
como meio coercitivo para pagamento de tributos”. Para isso, a medida correta seria
a ação de cobrança junto ao poder judiciário.

O instituto da apreensão a ser realizada pelo fisco, visa tão somente o


objetivo de reunir provas para subsidiar e lavrar o auto de infração, e identificar o
proprietário, e, logo em seguida liberar a mercadoria.

Nessa mesma linha de raciocínio, o professor Roque Carrazza leciona:

“De fato, assim que lavrado o auto de infração e imposição de


multa, a mercadoria há de ser imediatamente liberada. É que o
ato de apreensão visa apenas assegurar a prova material da
infração cometida. Por isso mesmo, deve subsistir somente
enquanto estiver sendo realizada a coleta dos elementos
necessários à caracterização de eventual ilícito tributário.”

O Supremo Tribunal Federal também entende que essa apreensão pode


ser provisória, apenas com o objetivo de identificar o contribuinte e configurar o ilícito
tributário, esse é teor da ADIn 395:
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 163, § 7°, DA
CONSTITUIÇÃO DE SÃO PAULO: INOCORRÊNCIA DE
SANÇÕES POLÍTICAS. AUSÊNCIA DE AFRONTA AO ART. 5º,
INC. XIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA.

1. A retenção da mercadoria, até a comprovação da


posse legítima daquele que a transporta, não constitui coação
imposta em desrespeito ao princípio do devido processo legal
tributário.

2. A hipótese de retenção temporária de mercadoria


prevista no art. 163, § 7º, da Constituição da legislação tributária
nesse território e consubstancia exercício do poder de polícia da
Administração Pública Fazendária, estabelecida legalmente
para os casos de ilícito tributário. Inexiste, por isso mesmo, a
alegada coação indireta do contribuinte para satisfazer
débitos com a Fazenda Pública.

ADIn 395 julgada em 17/05/2007. Min. Cármen


Lúcia.

V – DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Tendo em vista a apresentação da presente Impugnação, requer-se que


a Ilma. Autoridade Administrativa reconheça a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário discutido no Auto de Infração nº _______, em razão da existência do artigo
151, III do CTN que confere tal direito.
VI – DO REQUERIMENTO FINAL

Diante do exposto requer-se:

a) o recebimento da presente Impugnação, uma vez que tempestiva e


pertinente;

b) que seja cancelado o Auto de Infração, em razão da decadência,


conforme artigos 150, § 4º e 156, VII do CTN;

c) que seja reconhecida a suspensão da exigibilidade do crédito


tributário, enquanto estiver em discussão administrativa o presente Auto de
Infração, conforme dispõe o artigo 151, III, do CTN;

d) que seja imediatamente liberada as mercadorias ilegalmente


apreendidas, conforme fundamentado nos tópico IV.

Termos em que,

Pede o deferimento.

Curitiba, 12 de agosto de 2019.

ADVOGADO....
OAB...

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