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PÓS

ARTIGO FINAL DE CURSO

IDENTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDOS OCUPACIONAIS GERADOS EM


MARMORARIA

Sthive Alisson da Silva e Silva 1


Edenilson Elcesar Pereira 2
Rodrigo de Freitas 3

RESUMO

O objetivo deste trabalho, é verificar os níveis de ruídos gerados por uma marmoraria
aferindo com a NR 15, e minimizar os riscos à saúde dos trabalhadores expostos a
esse agente, proporcionando melhores condições no ambiente de trabalho. A
mensuração do ruído foi realizada no setor administrativo e de produção através de
um decibelímetro digital. No setor administrativo foram encontrados valores dentro do
limite permitido, já no setor de produção os níveis de ruído encontrados estão acima
dos limites permitidos necessitando o uso de equipamento de proteção individual aos
trabalhadores expostos. Através desse estudo conclui-se que o beneficiamento de
mármore expõe seus trabalhadores a condições impróprias com níveis sonoros de até
101 dba.

Palavras-chave: Marmoraria. Níveis de ruídos. Saúde dos Trabalhadores.

ABSTRACT

The objective of this work is to verify the noise levels generated by a marble factory
measuring NR 15, and to minimize the health risks of workers exposed to this agent,
providing better conditions in the work environment. Noise was measured in the
administrative and production sectors using a digital decibel meter. In the
administrative sector were found values within the allowed limit, while in the production
sector the noise levels found are above the allowed limits requiring the use of personal
protective equipment to exposed workers. From this study it is concluded that marble
processing exposes its workers to improper conditions with sound levels up to 101 dba.

Keywords: Marbling. Noise levels. Workers Health.


1 Acadêmico da Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade
Paranaense, Campus Francisco Beltrão. E-mail: sthive15@gmail.com
2 Acadêmico da Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade

Paranaense, Campus Francisco Beltrão. E-mail: edenilson.pereira@sistemafiep.org.br


3 Prof. Orientador, Identificação dos Níveis de Ruídos Ocupacionais Gerados em uma Marmoraria, do

curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, da Universidade Paranaense,


Campus Francisco Beltrão. E-mail: rodrigo@engtechne.com.br

1
1 INTRODUÇÃO

O som é essencial para a vida humana, pois através dele nos comunicamos e
nos interagimos, o som pode nos trazer boas sensações e também desconforto,
quando ele é indesejável e nos incomoda, ele pode ser considerado como ruído. Com
o desenvolvimento tecnológico a sociedade vem sofrendo graves problemas de
poluição, um dos problemas mais comuns é a poluição sonora que prejudica o meio
ambiente e a todos que estão inseridos.
O desordenado crescimento industrial e estilo de vida das pessoas, vem
aumentando os níveis sonoros em nossa sociedade, assim ficamos expostos a esses
níveis e por consequência acabamos nos acostumando e não percebemos as
consequências que ele traz a saúde humana.
Os riscos ocupacionais mais comuns encontrados em ambientes de
trabalho é a exposição sonora, a exposição ocupacional prolongada e com altos níveis
de ruído não trazem só problemas a audição, mas também para o sistema nervoso
ocasionando stress físico e mental.
No beneficiamento do mármore os trabalhadores estão expostos a vários
riscos ocupacionais devidos os métodos de produção existente nas marmorarias, os
riscos mais comuns no processo de produção é o ruído, poeira, vibração, riscos
ergonômicos e de acidentes.
Foi constatado o elevado número de profissionais com perda auditiva
induzida pelo ruído que atuam no setor produtivo das marmorarias, pois estes estão
expostos a níveis de ruído acima do permitido pela legislação vigente [1].
Este estudo teve como objetivo analisar os níveis de ruído a que os
trabalhadores estão expostos durante a jornada de trabalho na marmoraria,
verificando quais os setores, máquinas e equipamentos que geram ruído, bem como
os níveis sonoros gerados por esses equipamentos verificando a necessidade da
utilização de equipamentos de proteção individual.

2
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Riscos ambientais relacionado ao trabalho


Fatores ou riscos ambientais são uma denominação genérica que se dá aos
possíveis agentes de patologias ocupacionais que podemos encontrar em uma
atividade ou local de trabalho. São considerados como riscos ambientais os agentes
físicos, químicos e biológicos [2].
Os agentes biológicos, físicos e químicos, são considerados riscos ambientais
presentes em ambientes de trabalho que podem gerar riscos à saúde dos
trabalhadores que estão expostos a estes agentes [3]. Os riscos ambientais existentes
em ambientes de trabalhos são produzidos por agentes químicos, físicos e biológicos,
que podem ser prejudiciais à saúde dos trabalhadores conforme a sua exposição e
intensidade desses agentes [4].
Os agentes físicos é uma forma de energia liberada por equipamentos e métodos de
trabalho a que o trabalhador está exposto, considera-se como agente físico o ruído,
vibrações, temperaturas extremas, pressões anormais e radiações ionizantes e não
ionizantes.
A ocorrência de riscos ambientais, verificados em ambientes de trabalho
podem causar problemas à saúde do trabalhador, considerando a quantidade,
intensidade e exposição a esses agentes, os riscos ambientais são agentes de
natureza químico, físico e biológico [5]. Para evitar riscos à saúde do trabalhador é
necessário o reconhecimento, antecipação e avaliar os possíveis risco ambientais.
Denomina riscos ambientas como possíveis danos à saúde e a integridade
física das pessoas, devido a exposição a um ambiente de trabalho insalubre com
presença de riscos físicos, químicos e biológicos [6]. São considerados como riscos
físicos o ruído, vibração, pressões anormais, radiações ionizantes, não ionizantes e
temperaturas extremas.

2.2 Poluição sonora

Conforme a Lei 6938 de 1981 em seu artigo terceiro inciso III define poluição
como:
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

3
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos [7];

A Lei 9605 de 1998 define poluição sonora: “Causar poluição de qualquer


natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana,
ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora” [8].
Conceitua poluição sonora como a emissão de ruídos, que alcançando tais níveis,
afetam os sistemas auditivos e nervosos causando assim incômodos prejudiciais à
saúde das pessoas e animais [9].
Um dos problemas ambientais mais frequentes e graves dos grandes centros
urbanos é a poluição sonora, devido à nocividade da exposição diária ao ruído [10].
Uma das formas mais presentes de poluição sonora em indústrias é o ruído.
Suas características são uma mescla de sons que não seguem uma frequência
regular gerando sons indesejáveis [11]. Umas das formas de perda auditiva estão
relacionadas à exposição excessiva ao ruído.
A poluição sonora tem sido a causa de perdas auditivas tanto em adultos
quanto em crianças nas sociedades industrializadas, além disso, compromete a saúde
física geral e emocional das pessoas [12].

2.3 Ruído
O ruído está inserido em vários ramos das atividades econômicas e pode trazer
danos à saúde das pessoas que estão expostas a esse agente, umas das
reclamações mais frequentes pelos trabalhadores é a perda auditiva pela exposição
ao ruído [13].
O ruído é considerado por um conjunto de tons descoordenados, onde os
componentes de suas frequências não estão em harmonia e são considerados sons
indesejáveis por causarem desconforto [4]. O ruído causado por indústrias pode
apresentar muitas frequências audíveis, e é um dos agentes físicos mais encontrados
em ambientes de trabalho.
Um dos agentes mais nocivos encontrados nos locais de trabalho é o ruído ele
pode trazer graves riscos à saúde das pessoas como perda auditiva pela exposição

4
de níveis elevados desse agente [14]. O ruído é considerado um som indesejável e
incômodo e suas características são indefinidas de variações de pressão em função
de sua frequência.
Caracteriza ruído ou barulho como um som que emite inúmeras vibrações
acústicas em relação a sua amplitude e suas fases distribuídas ao acaso
proporcionando um som desconfortável e indesejável [15].
O som pode nos trazer sensações agradáveis e também desagradáveis
causando até dor, quando o som se torna desconfortável e indesejável podemos
considerá-lo como ruído, e ele está presente em nossa vida em praticamente todas a
situações [6].

2.4 Ruído de impacto ou impulsivo


Define ruído de impacto como: “Entende-se por ruído de impacto aquele que
apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos
superiores a 1 (um) segundo [16].
O ruído de impacto são picos de energia que não duram mais que um segundo
e com espaços de tempo superior a um segundo [5]. O autor ainda afirma que os
trabalhadores não devem ficar expostos sem proteção a níveis superiores a 140 dB
de ruído de impacto.
O ruído de impacto é aquele cujo o pico de energia acústica possui curta
duração com tempo inferior a um segundo e podem chegar a níveis de 110 a 140 dB
[17]. São considerados ruídos de impacto sons inesperados, como: grito, buzinas,
batidas de porta que se destacam no meio ambiente.
Destaca que o ruído de impacto tem como características elevados níveis de
intensidade sonora em tempo muito curto, são basicamente gerados através de
explosões e impactos [18]. São ruídos gerados através prensas, britadeiras, disparo
de tiros.

2.5 Ruído contínuo ou intermitente


Define ruído contínuo ou intermitente como: “Entende-se por ruído contínuo ou
intermitente, o ruído que não seja ruído de impacto [16].
A NR 15, em seu anexo 1, tabela com limites de tolerância para exposição ao
ruído contínuo e intermitente.

5
Tabela 1: Limites de tolerância para exposição ao ruído contínuo e intermitente.

Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível

85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 30 minutos
94 2 horas
95 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
Fonte: NR15.

O ruído contínuo é aquele que ocorre com uma certa uniformidade durante todo
expediente de trabalho [17]. O ruído contínuo ou intermitente é todo aquele que não é
de impacto.
Ruído contínuo ou intermitente é todo aquele ruído que não é considerado
como de impacto ou impulsivo [5]. No ambiente de trabalho os ruídos continuo
geralmente são gerados por máquinas que funcionam sem interrupção.
O nível de pressão do Ruído contínuo varia no máximo 3dB em um período
maior de 15 minutos, já o ruído intermitente sua pressão sonora varia no máximo 3 dB
em um período de até 15 minutos [19].

6
2.6 Ruído e a saúde humana
A exposição ao ruído pode gerar alguns distúrbios ao organismo humano, como
problemas gastrointestinais e relacionado ao sistema nervoso. O ruído continuo e de
impacto aumenta a aceleração do pulso, a pressão arterial, contrai vasos sanguíneos,
contrai os músculos do estômago e diminui a capacidade auditiva [5].
Assegura que os efeitos do ruído sobre o corpo humano podem causar
aceleração cardíaca, aumento da pressão arterial e contração dos vasos sanguíneos
[20]. A exposição prolongada ao ruído pode gerar uma sobre carga ao coração
resultando em secreções incomuns aos hormônios e tensão musculares, os afeitos
dessas alterações no organismo podem gerar o nervosismo, cansaço mental, baixo
aproveitamento no trabalho, absenteísmo e irritabilidade.
O ruído pode afetar o homem em sua vida social, física, psicológico. É
verificado alterações gastrointestinais, na visão com a dilatação da pupila,
cardiocirculatórias causando hipertensão arterial, neuropsíquicas com o aumento da
ansiedade, irritação, alterações na habilidade e concentração e a dificuldade de
comunicação com outras pessoas [6].
Ruído pode provocar reações prejudiciais ao nosso organismo, verificando o
aumento do estresse e da fadiga [17]. O ruído intenso pode afetar o trabalho que exija
atenção, concentração, velocidade e movimentos precisos. O trabalho que exija
comunicação verbal pode ser afetado por que as pessoas necessitam falar alto para
serem compreendidas.
A exposição ao ruído sem a devida proteção pode acarretar um grave problema
a saúde que é a perda auditiva induzida pelo ruído [21]. A perda auditiva é um
problema que ocorre com muita frequência em trabalhadores do setor produtivo, a
perda auditiva é irreversível, além de problemas auditivos, o ruído pode gerar outros
problemas a saúde como: alterações fisiológicas, fadiga e diminuição da
concentração.
A perda auditiva induzida pelo ruído - PAIR, é consequência da elevada
exposição ao ruído, é de caráter irreversível e de continua evolução com sua
exposição ao ruído [22].

7
2.7 Ruído em marmoraria
Os processos de beneficiamento de mármore em marmorarias envolvem vários
procedimentos como o transporte, corte e acabamento. Na realização dessas tarefas
os trabalhadores estão expostos a diversos riscos ambientais gerados pelo ruído e
vibração dos equipamentos, poeira gerado no corte e no acabamento a seco, riscos
ergonômicos no transporte e no processo de acabamento e riscos de acidentes [21].
O processo produtivo presente em marmorarias, com uso de máquinas e
ferramentas para o corte, desbaste de acabamento e lixamento, geram elevados
níveis de ruído expondo os trabalhadores a níveis acima do limite de tolerância
permitido, que pode ocasionar a perda auditiva pela exposição [23].
Os trabalhadores de marmorarias estão expostos a grandes níveis de pressão
sonora, associado ao descaso com o uso de equipamentos de proteção individual
nesses trabalhadores podem ocorrer a perda auditiva pela exposição ao ruído [24].
O trabalhador exposto ao ruído acima do valor limite recomendado para uma
jornada de trabalho de oito horas diárias é de 85 dB [25]. Foi constatado em
marmorarias valores que variam de 92 dB a 108 dB. O trabalhador poderia estar
exposto a três horas diárias ao valor de 92 dB, já o trabalhador exposto a 108 dB
deveria ficar apenas vinte minutos exposto a esse valor. O que acontece é que os
trabalhadores estão expostos a esses níveis de ruído durante toda a jornada de
trabalho de oito horas diárias.

2.8 Formas de prevenção do ruído


O modelo de processo produtivo presente em marmorarias se faz necessário o
uso de proteção auricular como uma das medidas de prevenção da perda auditiva
devido aos elevados níveis de ruído a que os trabalhadores estão expostos [1].
Quando os trabalhadores ficarem expostos ao ruído acima de 85 dB é
necessário tomar providencias para diminuir a sua intensidade, limitando o período de
exposição e protegendo o trabalhador [17]. Algumas medidas importantes para
redução do ruído são:

 Reduzir o ruído diretamente na fonte, substituindo por maquinas menos


barulhentas.
 Isolar a fonte, enclausurando as fontes de ruído.

8
 Reduzir a reverberação, ou seja, todos sons que são refletidos pelo teto,
piso e outros objetos, podendo ser evitado com absorvedores como instalação de
carpetes no piso ou cortinas.
 Remover o trabalhador mudando o layout da fábrica.
 Adotar controles administrativos, conscientizando os trabalhadores
oferecendo cursos sobre os riscos a que estão expostos e importância do uso de epi’s.
 Proteger o trabalhador, quando as outras medidas não forem suficientes
será necessário o uso de epi’s.
É necessário diminuir o ruído na fonte adquirindo máquinas mais silenciosas,
realizando manutenção periódicas nas mesmas e confinando as máquinas mais
ruidosas [26]. A organização do trabalho também é importante, separando o trabalho
ruidoso do silencioso, mantendo distância da fonte geradora de ruído, uso de materiais
acústicos no piso e teto e uso de barreiras acústicas.
Consideram-se três medidas importantes para o controle do ruído, ou seja,
reduzir na fonte substituindo máquinas por outras mais silenciosas, no controle de sua
trajetória evitando sua propagação por meio de isolamento acústico e proteção no
homem limitando a sua exposição e o uso de epi’s [5].
A maneira mais recomendável para evitar a perda auditiva é a retirada dos riscos ao
ruído ou das pessoas da fonte de ruído. Para o controle é necessário enclausurar os
equipamentos para a atenuação do ruído, rotatividade de função diminuindo o tempo
de exposição dos trabalhadores, proteção auditiva com uso de epi’s, educação,
supervisão e treinamento para todos os setores da empresa e realização periódica de
audiometria [20].

2.9 Equipamento de proteção individual (epi)


EPI é todo equipamento ou dispositivo para uso pessoal utilizados pelos
trabalhadores para proteção de riscos ambientais existente em ambientes de trabalho
[27].
Caracteriza a obrigação da empresa disponibilizar equipamentos de proteção
individual para seus funcionários gratuitamente, os equipamentos de proteção
individual devem ser usados sempre que os elementos de proteção coletivas não
sejam suficientes para a preservação da integridade física dos trabalhadores [28].
O protetor auricular é um equipamento de proteção individual muito importante
para a diminuição dos riscos de perda auditiva. Os protetores auriculares devem

9
possuir o certificado de aprovação o que comprova a sua eficácia e qualidade, é
importante o uso correto deste EPI para a atenuação do ruído [29].
As características existentes na produção e beneficiamento do mármore, uma
medida de controle necessária para o ruído que os trabalhadores estão expostos é o
uso de protetores auriculares, pois elas protegem os trabalhadores dos riscos de
perdas auditivas induzidas pelo ruído [21]. É importante que os trabalhadores usem
os protetores auriculares de maneira correta e contínua durante todo o expediente.
O EPI para proteção auditiva tem a função de reduzir a força da energia sonora
a que é transmitida para nosso sistema auditivo durante o expediente de trabalho [30].
Os protetores auriculares tipo concha atenuam de 20 a 40 dB, é recomendado o seu
uso para exposição ao ruído de impacto ou intermitente. Os protetores auriculares de
inserção são indicados para exposição ao ruído contínuo e atenuam cerca de 10 a 20
dB.

2.10 Formas de medir o ruído


Os equipamentos usados para avaliar o ruído devem possuir um computador
para processar as velocidades de resposta, de acordo com a característica do ruído
[4]. A diferença entre essas posições está no tempo de integração do sinal e sua
constante de tempo. Slow – resposta lenta, para análise de ruídos intermitentes ou
contínuos. Fast – resposta rápida, para análise do ruído de impacto, com ponderação
dB, calibração. Impulse – resposta de impulso, para análise de ruído de impacto com
ponderação linear.
Assegura que o decibelímetro é um equipamento que mensura o ruído
precisamente e também outros níveis de som, ele pode ser digital ou analógico, o
digital mede todas as características do ambiente incluído gráficos de barras e possui
outras características de gravação. O decibelímetro é um equipamento leve e de fácil
manusear [18].
Determina que o ruído contínuo ou intermitente deve ser mensurado em
decibéis, utilizando um equipamento de nível de pressão sonora executando em
circuito de compensação “A” e circuito de resposta Lenta “slow”, sendo mensurado
próximo ao ouvido do trabalhador [16].
Para mensurar o ruído de impacto deve ser utilizado um equipamento de nível
de pressão sonora executando o circuito linear e circuito de resposta para impacto o
ruído de impacto deve ser mensurado em decibéis [16].

10
3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado em uma marmoraria localizado no sudoeste do Paraná.

3.1 Atividades da empresa


A marmoraria trabalha com artefatos beneficiados do mármore e granito, a
empresa produz mesas, pias, pisos, rodapés entre outros produtos. O mármore é
comprado em chapas de várias espessuras. O processo de beneficiamento do
mármore é feito através do corte, lixamento, polimento e montagem. A empresa se
divide em dois setores: o setor administrativo e setor de produção.

3.1.1 Setor administrativo


O setor administrativo possui 1 funcionário, que faz administração da empresa,
sendo responsável por serviços de recursos humanos, financeiro, atendimento a
clientes e fornecedores, e também auxilia na produção.

3.1.2 Setor de produção


O setor de produção possui 03 funcionários contando com o dono da empresa,
sendo que se revezam entre si, na operação dos equipamentos como, (cortar, polir,
perfurar e acabamento. Esses funcionários executam também o transporte das
chapas de mármore, corte das chapas conforme a medida desejada, perfuração
quando necessário, lixamento, polimento e montagem das peças.
Figura 2: Serra de bancada.

Fonte: Autores (2019)

11
Estas atividades são realizadas por serra de bancada e máquinas manuais,
após o corte do mármore é necessário um acabamento das partes cortadas e
polimento para realçar a beleza do produto.

Figura 3: Lixadeira manual.

Fonte: Autores (2019)

Figura 4: Serra manual

Fonte: Autores (2019)

12
3.2 Técnicas utilizadas para as medições
Para avaliação do ruído deve ser utilizado um decibelímetro que atenda as
seguintes normas IEC 804-85, IEC 651-79, ANSI S1. 4-1983, e portaria 3.214/78 do
MTB [21].
O equipamento utilizado para avaliar o ruído foi um decibelímetro digital da
marca ICEL modelo DL- 4020, este modelo obedece à determinação da NR 15 e
possui seguintes características conforme a Tabela 2.

Tabela 2: Características do decibelímetro Digital.


DECIBELÍMETRO DIGITAL ICEL DL-4020
Circuito de ponderação “A”
Circuito de resposta “SLOW”
Circuito de frequência 85 dB(A)
Nível limiar de integração 85 dB (A)
Faixa de medição 85 a 115 dB (A)
Incremento de duplicação da dose 5
Indicação de ocorrência de níveis superiores a 115 dB (a.) Sim
Fonte: Autores (2019)
A mensuração do ruído foi realizada no setor administrativo e no setor de
produção. O decibelímetro foi posicionado no local para obter a quantificação de um
modo geral para obter os níveis de ruídos a que os funcionários estão expostos em
cada setor.
Foram mensurados também os níveis de ruído gerados por equipamentos
existentes no setor de produção. Verificou-se o ruído gerado pela serra de mesa, serra
manual, lixadeira, furadeira de bancada e furadeira manual. Para esses
procedimentos, o decibelímetro foi posicionado próximo ao ouvido dos trabalhadores
quando executavam suas atividades.
Para a avaliação do ruído, foram realizados alguns procedimentos no
decibelímetro, os quais foram: calibração do aparelho de acordo com recomendações
do fabricante, verificação dos níveis de carga da bateria, ajustes dos parâmetros de
mensuração e testes do aparelho.
Os resultados obtidos na mensuração devem ser confrontados com os valores
da Tabela 1, conforme determinação da NR 15, os valores encontrados não devem
ultrapassar os valores presentes nesta tabela, caso ultrapasse deve ser tomado
providências quanto a proteção dos funcionários expostos a este agente

13
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos resultados obtidos na mensuração do ruído, nos setores


administrativo e de produção, estes valores foram confrontados com o limite de
tolerância presentes na NR 15, já exposto no item 2.5.

4.1 Setor administrativo


No setor administrativo são utilizados equipamentos de escritório como
computador, impressora, telefone. Os valores encontrados no setor administrativos
mensurados são os seguintes:

Tabela 3: Níveis de Ruídos encontrados no Setor Administrativo.


Exposição ao Ruído

Concentração Exposição Tolerância

82,3 dB(A) 8 horas (expediente) 85dB(A)

Fonte: Autores (2019)


Os níveis de ruído encontrados neste setor estão dentro dos níveis aceitáveis
pela NR 15, pois o limite máximo de tolerância é de 85 dB para uma exposição de 8
horas de trabalho.
Nesse setor não há máquinas ou equipamentos que gerem elevados níveis de
ruído. O ruído encontrado nesse setor é proveniente do setor de produção que fica
próximo ao setor administrativo.
Para diminuir a exposição é necessário melhorar o isolamento acústico do
setor, principalmente nas portas e janelas, é necessário o uso de protetor auricular de
funcionários desse setor sempre que adentrarem no setor de produção.
Neste caso é recomendado o uso de protetores auriculares tipo plug que
possuem atenuação de até 18 dB.

14
Figura 5: Protetor auricular tipo plug

Fonte: 3M 2011

4.2 Setor de produção


O setor de produção apresentou elevados níveis de ruído devido às
características do processo de produção com uso de serra de mesa, serra manual,
lixadeira, furadeira de bancada e furadeira manual.
A Tabela 4 mostra os níveis de ruídos existentes neste setor a que os
trabalhadores estão expostos.

Tabela 4: Níveis de exposição no setor de produção.


Exposição ao Ruído no setor de Produção

Concentração Exposição Tolerância

95,7 dB(A) 8 horas (expediente) 85dB(A)

Fonte: Autores (2019)


Através dos resultados obtidos, o ruído a que os funcionários estão expostos
neste setor é de 95,7 dB (A) este valor está acima dos limites permitidos pela a NR
15, onde o limite máximo permitido para uma exposição de 8 horas é de 85 dB (A).

15
Para o valor obtido de 95,7 dB (A) a exposição máxima diária permitida é de 2 horas.
Foi constatado que os funcionários estão expostos a esses níveis de ruído no período
de trabalho sem uso de nenhum equipamento de proteção individual. Neste setor os
funcionários devem usar um protetor auricular tipo concha pois estes possuem
atenuação de até 25 dBa.

Figura 6: Protetor auricular tipo concha

Fonte: 3M, 2011.

Foi mensurado também os níveis de ruídos gerados pelos equipamentos


utilizados no processo de beneficiamento do mármore.
A Tabela 5 identifica os equipamentos e os dBa que estes geram na confecção
das peças.
Tabela 5: Equipamentos e ruídos gerados.
Equipamentos utilizados no setor de Produção

Equipamento Ruído Gerado

Serra de mesa 101 dB(A)

Serra manual 99 dB(A)

Lixadeira 86 dB(A)

Furadeira de bancada 91 dB(A)

Furadeira Manual 83 dB(A)

16
A furadeira manual foi o único equipamento que apresentou níveis de ruído
abaixo de 85 dBa, é recomendado a manutenção periódica em todas as máquinas e
uso de discos com alma silenciosa nas serras de corte.

4.3 Recomendações
É necessário que a empresa implante o PPRA (programa de prevenção de
riscos ambientais) e o PCMSO (programa de controle medico de saúde ocupacional),
visto a inexistência desses programas.
A empresa deve fornecer os protetores auriculares aos funcionários que estão
expostos ao ruído, além de oferecer diferentes modelos para escolha do modelo que
melhor se adapte ao funcionário e responsabilizando-se pela a higienização dos EPI’s.
Todo EPI fornecido deve conter o certificado de aprovação emitido pelo ministério do
trabalho e emprego.
É importante que a empresa além de fornecer os EPI’s, faça os treinamentos e
oriente os funcionários sobre a maneira correta de uso e também a conscientização
da importância do uso dos EPI’s para a preservação da saúde.

17
5 CONCLUSÃO

O ruído proveniente do setor de produção está acima dos valores fixados pela
NR 15, onde o valor máximo permitido para exposição de uma jornada de trabalho de
8 horas é de 85 dBa e o valor encontrado foi de 95,7 dB (A).
Através dos resultados obtidos fica claro que o beneficiamento de mármore,
expõem seus funcionários a condições impróprias de trabalho, necessitando medidas
de controle como o uso de equipamentos de proteção individual.
A empresa deve fornecer os equipamentos de proteção individual adequados
e certificados, cabe a empresa orientar sobre o uso correto, pois o uso incorreto ou o
não uso pode acarretar sérios problemas à saúde dos trabalhadores.
É importante que a empresa implante o programa de controle médico de saúde
ocupacional, pois assim haverá um acompanhamento das condições de saúde dos
trabalhadores com a realização de exames periódicos.

18
6 REFERÊNCIAS

[1] SANTOS, A, M. Recomendações de Segurança e Saúde no Trabalho. São


Paulo: FUNDACENTRO, 2008.

[2] VIEIRA, G. R. Equipamento de Proteção Auditiva um Estudo nas empresas de


Florianópolis. Monografia de conclusão do curso de especialização em Audiologia
Clínica. Itajaí, 2000.

[3] NORMA REGULAMENTADORA - NR 9. Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais – PPRA. Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994. DOU de 30 de
dezembro de 1994.

[4] SESI - Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Técnicas de


avaliação de agentes ambientais: manual SESI. Brasília: SESI, 2007.

[5] SALIBA, T, M. Curso Básico de Segurança e Higiene Ocupacional. 3 ed. São


Paulo: LTr, 2010.

[6] BARBOSA, A, N. Segurança do Trabalho &Gestão Ambiental. 3 ed. São Paulo:


Atlas, 2010.

[7] BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Brasília, DF, 31 ago.,1981. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em 25/09/19.

[8] BRASIL. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais
e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
outras providências. Brasília, DF, 12 fev.,1998. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm >. Acesso em 25/09/19

[9] PEREIRA, J, S, Nota Ténica: Legislação Federal Sobre Poluição Sonora


Urbana. Brasília: Camara dos Deputados, 2002.

[10] DERISIO, J, C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. 3 ed. São


Paulo: Signus, 192p, 2007.

[11] MORAES, M, V, G. Enfermagem do Trabalho: Programas Procedimentos e


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[14] FERNANDES, A, P, S. Avaliação Da Influencia Das Ações Do Programa De


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[15] VIEIRA, S, I. Manual de saúde e segurança do trabalho. 2 Ed, São Paulo: LTR,
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[16] NORMA REGULAMENTADORA - NR 15. Atividades e Operações insalubres.


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[17] LIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2005.

[18] GALLINA, C, M. Instrumentos de medição de intensidade sonora.


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[19] CATAI, R, E. MATERIAIS, TÉCNICAS E PROCESSOS PARA ISOLAMENTO


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[20] GERGES, S, N, Y. Ruído e Suas Consequências. 2. Ed. São Paulo: LTR, 2008.

[21] FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança


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[22] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Perda auditiva induzida por ruído (PAIR). Brasília.
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[25] TAVARES, J, C, F. Condições De Trabalho Em Marmorarias: Um Estudo De


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[28] BRASIL. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Título


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e dá outras providências. Brasília, DF, 22 dez., 1977. Disponível:
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[29] SALIBA, M. T.; CORRÊA, M. A. C. Insalubridade e periculosidade - aspectos


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[30] CEZAR, M, R, V. Atuação do Fonoaudiólogo na Prevenção da Perda Auditiva
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