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RAFAEL ALVES DE FIGUEIREDO

Causação formativa de Rupert Sheldrake

UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO
2019
RAFAEL ALVES DE FIGUEIREDO
Número USP: 8983401

Causação formativa de Rupert


Sheldrake

UNIVERSIDADE DE
SÃO PAULO
2019

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Introdução

Falar-se-á no presente trabalho acerca da hipótese da


causação formativa. Parte, tal proposta teórica, do princípio de que a
natureza segue hábitos, tanto no comportamento de animais, quanto
no comportamento de cristais e material não biológico.

Seguindo, portanto, todas as espécies de animais e plantas


padrões de comportamento e desenvolvimento, tal qual ocorreria com
cristais, moléculas e de certa forma todo o universo.

Tal teoria, desenvolvida pelo biólogo britânico Rupert


Sheldrake, buscava descobrir novas hipóteses para soluções de
problemas que a ciência até então não conseguiu responder de
maneira completamente satisfatória.

O problema da morfogênese.

Nesse aspecto, cita-se o problema da morfogênese, ou seja,


questões sobre o desenvolvimento de seres vivos, por exemplo um
mamífero, a partir da fecundação do óvulo pelo espermatozoide,
seguir divisões e caraterísticas morfológicas específicas.

Outra questão relevante sobre esta teoria reside na tentativa de


explica o comportamento dos animais e plantas, uma vez que as
teorias do instinto e da biologia mecanicista tradicionais não
satisfazem a contento a explicação de diversos tipos de
comportamentos de animais e plantas.

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No mesmo sentido, agora no campo da física, a modificação ao
longo dos anos dos pontos de fusão e ebulição de compostos recém-
descobertos sob as mesmas condições. Ora, quando um cristal é
constituído pela primeira vez, apresenta determinados pontos de
fusão e ebulição. Após algum tempo, sendo constituídos tais cristais,
os pontos de fusão e ebulição so composto passam a diminuir
(Sheldrake, 2013). A constatação de Sheldrake considera na
constituição de tais cristais ausência de possibilidade de erros
estatísticos razoáveis, uma vez consistente as mudanças de pontos
de fusão e ebulição.

Causação formativa.

Segundo Sheldrake, a causação da forma dá-se pelo que o


autor chama de morfogenéticos. Assim, a teoria desenvolvida busca
explicar comportamentos físicos e biológicos até então sem
explicação.

Dessa forma, estes campos morfogenéticos seriam:

“campos organizadores de moléculas, cristais, células,


tecidos e, na verdade, todos os sistemas
biológicos...também haveria os campos organizadores
do comportamento animal e de grupos sociais. Enquanto
os campos morfogenéticos influenciam a forma, os
campos comportamentais influenciam o
comportamento... todos eles são campos mórficos. Todo
campo mórfico tem um memória inerente dada pela
ressonância mórfica” .

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Desenvolve, assim, Sheldrake, uma linguegem específica
designando o modelo de campo morfogenético. Para ele, há, portanto,
um campo de natureza ainda desconhecida, passível de investigação,
que moldaria os corpos biológicos e substâncias, no caso dos campos
morfogenéticos, bem como os comportamentos de animais em
campos comportamentais.

Seriam, assim, tais campos análogos a campos de força física,


com uma zona de influência, dependendo da história anterior de
desenvolvimento de determinado grupo, a influência exercida por esta
zona e as forças que fariam com que cada tais grupos tendam a
seguir determinada direção, havando, nesse sentido, algo análogo a
uma “memória” de campo, que levaria a tendência comportamentais e
formas corporais conforme sua história pregressa, através da
“ressonância mórfica” entre o campo coletivo e o campo individual do
animal, planta ou cristal.

Paradigmas teóricos

Claramente, Sheldrake apresenta algumas hipóteses de


trabalho, não uma teoria concreta, havendo três possíveis explicações
para as teorias de morfogênese (Sheldrake, 2013): Mecanicista,
Vitalista e Organicista.

Mecanicismo:

“A teoria mecanicista não sugere apenas que os


processos físicos tenham um papel na morfogênese, ela

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assevera que a morfogênese é inteiramente explicável
sob a ótica da física. O que significa isso? Se tudo que
se pode observar é definido como sendo explicável
fisicamente, em princípio, só porque ocorre, então deve
sê-lo por definição. Mas isso não significa
necessariamente que possa ser explicado do ponto de
vista das leis conhecidas da física” (Sheldrake, 2013)

Quanto a explicação mecanicista, Sheldrake não vê este


paradigma epistemológico como razoável para o desenvolvimento de
sua teoria, uma vez que há problemas no mundo físico (por exemplo,
com as modificações dos pontos de fusão e ebulição
supramencionados), não explicados por esta vertente.

Vitalismo:

“O vitalismo assevera que os fenômenos da vida não


podem ser plenamente compreendidos sob a ótica de
leis físicas derivadas apenas do estudo de sistemas
inanimados, mas que há o fator causal adicional nos
organismos vivos... formas e qualidades que não
aparecem, exceto no organismo” (Sheldrake, 2013)

As teorias vitalistas como a de Driesch são colocadas em pauta


como possibilidade, diante do fracasso das teorias mecanicistas para
o que Sheldrake busca explicar. A controvérsia no entanto gira em
torno dualidade destas teorias, uma vez separadas a entidade física
da entidade metafísica. Sheldrake é mais simpático a teorias do
âmbito Organicista, em que esta dualidade é menos problemática.

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Organicismo: é neste paradigma que Sheldrake vê que sua
teoria poderia desenvolver mais frutos. Para ele os campos
morfogenéticos tem total compreensão organicista.

“Teorias organicistas da morfogênese se desenvolveram


sob diversas influências: Algumas vieram de sistemas
filosóficos... algumas da física moderna, especialmente
do conceito de campo, outras da psicologia da Gestalt...
e algumas do vitalismo de Driesch. Essas teorias tratam
dos mesmos problemas que Driesch considerava
insolúveis em termos mecanicistas – regulação,
regeneração e reprodução – mas enquanto Driesch
propunha a enteléquia não física para justificar as
propriedades de integridade e direcionamento exibidas
pelo organismo em desenvolvimento, os organicistas
propunham campos morfogenéticos ( ou embriônicos, ou
de desenvolvimento).” (Sheldrake, 2013)

Sheldrake então vê que o organicismo desenvolve de maneira


não dualista o problema que pretende se debruçar, tornando
desnecessário este viés metafísico da enteléquia e resolve isto com o
campo morfogenético.

Como se daria isto Sheldrake apresenta diversas hipóteses


possíveis, com uma filosofia do materialismo modificado ou uma teoria
do eu consciente ou até mesmo teorias de universo criativo. Em todas
elas ele revê o mecanicismo e tenta desenvolver explicações
integrativas e organísmicas e a hipótese de campos morfogenéticos é
a sua aposta explicativa

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REFERÊNCIAS

SHELDRAKE, Rupert. “Uma nova ciência da vida”. Editora Cultrix,


São Paulo, 2013

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