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Mediunidade/Incorporação

O fenômeno da mediunidade é uma manifestação que ocorre no ser humano,


independentemente de sua crença ou religião. Existem médiuns nas
assembleias evangélicas, entre os padres na igreja católica, entre os dirigentes
dos centros kardecistas etc. Cada local apresenta níveis vibratórios e magnéticos
específicos. Um toque de candomblé apresenta um campo de ação bem
delineado e, quando se tem mediunidade, é nesse local e nesse momento que se
tem a sensação de “estar em casa”. Além disso, o jogo de búzios sempre
determina quando se as pessoas “tem missão” a cumprir, que pode ter havido,
em seus antepassados, um envolvimento do espírito com vivências religiosas
que lhe serão úteis na realização de seu trabalho.

O candomblé é uma religião mediúnica por excelência, ou seja, ela assume


publicamente que quem age são orixás/entidades espirituais, diferentemente
de outras religiões que ou “disfarçam” ou escondem o fenômeno. Pesquisa
mostram que, se tomarmos um grupo de 100 pessoas, mais de 80% delas são
rodantes.

Todo desenvolvimento mediúnico exige disciplina e paciência. O problema é


que a incorporação requer uma atenção especial, uma vez que as pessoas em
geral estão sujeitss a perturbações que levam ao desequilíbrio de seu campo
mediúnico. Muitos médiuns precisam passar por um longo tratamento
espiritual antes do desenvolvimento, por apresentarem interferências negativas.
Outros não conseguem a sintonia perfeita, têm dificuldade em incorporar
naturalmente e desistem. Por não persistirem em seu aperfeiçoamento, muitas
vezes pagam alto preço, pois a falta de controle do fenômeno irá mais cedo ou
mais tarde atrapalhar sua vida.

A verdadeira incorporação se dá de dentro para fora (enquanto na umbanda as


entidades começam a se manifestar pelos pés, no candomblé nossos orixás nos
“pegam” pela cabeça) ori-inu, daí a necessidade de se fazer bori (dar comida a
cabeça). Um orixá até pode pegar um abian, mas ele não é obrigado a fazê-lo
uma vez que a cabeça não está preparada. Se a pessoa já passou por umbanda,
então o processo é mais fácil, já aprendeu a se concentrar.

Para estar sempre em harmonia, é necessário:

a) manter o equilíbrio psíquico, promovendo a reforma íntima e trabalhando


seus sentimentos negativos, como a raiva, o medo, o ressentimento, o ciúme,
que podem colocar a perder o trabalho de todo um grupo;
b) deixar de lado preocupações materiais, que são passageiras.
c) agradecer pela oportunidade de aceleração do crescimento espiritual,
evitando fazer comparações de sua trajetória com a trajetória de seus irmãos,
uma vez que todos nós estamos num processo evolutivo, mas em etapas
diferentes. Não nos é permitido saber como foi nosso passado espiritual; sendo
assim, é impossível comparar, por exemplo, o tempo que uma pessoa demora
para firmar-se com seu orixá com o tempo do outro.
d) não temer as manifestações, acreditando no poder dos mais velhos e
confiando na atuação deles; se houver necessidade de interferir, com certeza
eles o farão.
e) acolher e auxiliar os irmãos mais novos, dando as orientações necessárias
para fortalecer os laços de união da casa; quanto mais rapidamente os novos
irmãos se adaptarem, melhor para todos.

Esclarecimentos gerais:

 Bater cabeça é um ato de humildade em que a pessoa prepara seu campo


magnético para receber as vibrações e as manifestações do orixá. Não
pode ser um gesto mecânico, não é exercício físico. É como selar um
compromisso. É preciso entregar o melhor de si às entidades que irão
usar seu corpo. É também um gesto de respeito e obediência aos Orixás e
aos donos da casa, ou seja, nossa cabeça, que nos rege, está se
submetendo ao poder deles.

 Uma das maneiras de saudar os Orixás é bater paô, que têm a finalidade
de chamar as entidades, mostrar-se a elas, comunicar-se de uma maneira
diferente (sem ser por palavras).

 A defumação afasta as energias negativas, preparando o ambiente e as


pessoas para receber vibrações mais sutis e bons fluídos. O elemento
vegetal (ervas) se une ao elemento fogo e ao ar para liberar suas
qualidades limpadoras, curativas e propiciatórias dos campos astrais.

 Tomar banho de amassi: abre a consciência, limpa, firma e fortalece


nossa coroa para o recebimento mais eficaz das vibrações dos Orixás.
Estabelece uma ligação mais forte com eles, uma vez que cria um vínculo
energético entre Orixás, nós mesmos e a casa.

 Ninguém entra na casa de uma pessoa sem pedir licença. Da mesma


forma, não podemos adentrar no ilê sem cumprimentar os donos
daquele espaço. E assim como é costume despedir-se dos donos da casa
visitada quando nos retiramos, também devemos prestar reverência aos
donos da mesma.

 A cor branca usada como cor das roupas de ração, é um símbolo de


unidade e fraternidade nas ordens religiosas mais antigas de que se tem
conhecimento na história da humanidade. Tem sido assim na Ásia, na
Índia, na Europa, no Oriente em geral. O branco para nós símbolo de
paz, amor, harmonia. Como Oxalá, orixá funfun puro, tem a cor branca
como representação, ela se sobrepõe às outras cores. Sabemos que a cor
branca contém dentro de si todas as outras cores (é possível decompor a
cor branca em todas as cores do espectro solar por meio de um prisma).

 Os fios de contas funcionam como um para-raios em relação às descargas


negativas que nos atingem. Por isso, muitas vezes arrebentam. Uma vez
ritualisticamente preparados e imantados, oferecem segurança e nos
auxiliam nas incorporações à medida que atraem vibracionalmente os
orixás que representam.

 Conhecer as cantigas, “Tudo vibra no universo” (Hermes Trismegisto).


A cadência e o ritmo dos atabaques, danças, bem como as cantigas, criam
um campo sonoro e as vibrações chegam ao nosso mental, estimulam
nossa epífise (glândula pineal) e facilitam o trabalho de ajuste dos
padrões magnéticos. Nossos xacras recebem estímulos e giram com
maior rapidez, captando mais energia etérea e tornando nosso campo
mediúnico mais sutil. Os orixás/entidades aproveitam que o nosso
emocional está “adormecido” (quando cantamos e dançamos, apagamos
nossas preocupações, esquecemos de tudo) e entram em seu campo
eletromagnético, adequando-o a seu próprio padrão vibratório, que por
sinal, é muito mais sutil que o nosso. Por meio de vibrações mentais, as
entidades fixam na pessoa esse padrão mais elevado. Com o passar do
tempo (observando-se a importância da repetição) as pessoas
acostumam-se e entram em sintonia com esse padrão, saindo do seu
padrão normal (que é denso), podendo incorporar mesmo sem o auxílio
dos instrumentos. As cantigas não são meras canções; são como mantras,
capazes de diluir energias pesadas e dinamizar forças da natureza. São
preces cantadas que nos colocam em sintonia direta com os Orixás que
estão sendo evocados. Em algumas ocasiões, as cantigas “seguram” o
toque, mantendo a vibração elevada, impedindo que interferências
externas. Daí a importância de se conhecerem todas as cantigas e
cantarem todos juntos.

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