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A INTERFERÊNCIA DA AÇÃO ANTRÓPICA NA MODIFICAÇÃO DO CENÁRIO

URBANO NO MUNICÍPIO DE BOCAINA-PI

THE INTERFERENCE OF ANTHROPIC ACTION IN MODIFICATION OF THE


URBAN SCENARIO IN THE MUNICIPALITY OF BOCAINA-PI

Francisco Antônio Gonçalves de Carvalho1, Wesley Fernandes Araújo2, Antonia Alikaene de


Sá3, José Janielson da Silva Sousa4, Raissa Nuala Feitosa5
1
Universidade Federal do Piauí – UFPI/Prodema/Tropen (tonyogc@hotmail.com)
2
Universidade Federal do Piauí – UFPI/Prodema/Tropen (fa.wesley@homail.com)
3
Universidade Federal do Piauí – UFPI/Prodema/Tropen (allyknsa@hotmail.com)
4
Universidade Federal do Piauí – UFPI/Prodema/Tropen (jannyellsonwatson@gmail.com)
5
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (raissanuala@hotmail.com)

Grupo de Trabalho: DESENVOLVIMENTO REGIONAL E URBANO

Resumo
Com a necessidade de se expandirem e crescerem cada vez mais, o desenvolvimento das
cidades se tornou algo visível no decorrer das últimas décadas, sejam elas pequenas ou grandes.
Com o processo de industrialização e modernização atual o meio ambiente vem sofrendo com
ações aplicadas pelo homem em relação a natureza sem se preocupar com os prejuízos que essas
ações podem causar futuramente. Diante disso o presente artigo buscou compreender o processo
de surgimento do município de Bocaina-PI; identificar o papel do homem na modificação do
cenário urbano na cidade; e analisar a percepção dos habitantes em relação a interferência
humana na cidade e o impacto dessas ações diante da opinião destes residentes da região. A
pesquisa realizada é de abordagem qualitativa, no qual para a coleta de dados utilizou-se de
entrevistas com base em um roteiro semiestruturado. Os resultados puderam constatar que a
opinião dos moradores é dividida na qual uns concordam com o processo de urbanização
trazidos pelo progresso e outros que não concordam pelo fato de trazer prejuízos ao meio natural
no entorno da cidade.
Palavras-chave: Desenvolvimento urbano. Sustentabilidade. Interferência humana. Impactos.
Bocaina.

Abstract
With the need to expand and grow more and more, the development of cities has become visible
in the last decades, whether small or large. With the process of modern industrialization and
modernization, the environment has been suffering from man-made actions against nature
without worrying about the damages that these actions may cause in the future. In view of this
the present article sought to understand the process of emergence of the municipality of
Bocaina-PI; identify the role of man in modifying the urban setting in the city; and analyze the
inhabitants' perception of human interference in the city and the impact of these actions on the
opinion of these residents of the region. The research carried out is of a qualitative approach,
in which the data collection was based on interviews based on a semi-structured script. The
results showed that the opinion of the residents is divided in which some agree with the process
of urbanization brought by progress and others who do not agree because it causes damages
to the natural environment around the city.
Key words: Urban development. Sustainability. Human interference. Impacts. Bocaina.

Parnaíba - PI, 18 a 21 de abril de 2019.


XXV ERECO NE – Encontro Regional dos Estudantes de Economia
1. INTRODUÇÃO
Presenciamos através dos principais canais de comunicação a degradação ambiental sem
precedentes e o agravamento dos problemas urbanos movidos pelo crescimento caótico, e pela
falta de estrutura administrativa das cidades. Assim, cada vez mais se faz necessário um
planejamento adequado de cidades mais sustentáveis que visem melhorar a qualidade de vida
de sua população, tendo em vista, também, o aumento da poluição, as elevadas emissões de
dióxido de carbono e a resultante ameaça do clima (GEHL, 2013).
Pudemos observar com o passar dos anos uma maior peregrinação da população rural
para a zona urbana devido a melhores condições de vida e de serviços que os centros urbanos
oferecem. Isso acarretou na concentração de um contigente populacional maior causando assim
desequilibros nas cidades.
No Brasil, pelo próprio contexto da colonização, as cidades cresceram
desordenadamente, principalmente devido a falta de um planejamento eficaz, o que acabava
por interferir diretamente na modificação do ambiente natural, realidade que não foge do
município de Bocaina – PI, que atualmente possui uma população estimada em 4.369
habitantes, localizada no sertão piauiense (sudeste do Estado).
A pesquisa se justifica pelo fato que a cidade de Bocaina - PI é bastante conhecida por
vários fatores dentre eles: religiosos, históricos, turismo e lazer dentre outros, além da sua
localização ser proxima a cidade de Picos –PI da qual possui uma maior cobertura de serviços
essenciais por ser a terceira em numero maior de população do estado. Por ser um tema muito
rico e de um vasto acervo bibliográfico julgou-se oportuno desenvolver uma pesquisa que
responda ao sequinte questioário: De que forma a interferência humana modificou o cenário
natural no município de Bocaina-PI? Nesse sentido foram estabelecidos os seguintes objetivos
para responder ao referido questionamento: compreender o processo de surgimento do
município de Bocaina-PI; identificar o papel do homem na modificação do cenário urbano na
cidade; e analisar a percepção dos habitantes em relação a interferência humana na cidade e o
impacto dessas ações diante da opinião destes moradores da região.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta parte do artigo será exposta a fundamentação teórica que serviu como apoio para
construção do desenvolvimento do referido estudo.

2.1 AS MODIFICAÇÕES ANTRÓPICAS SOBRE O AMBIENTE EM QUE HABITA


O ser humano, no transcorrer de sua história, como um ser social, busca na natureza
meios de atender suas necessidades de sobrevivência. Como a sociedade está em permanente
mudança de hábitos em momentos históricos diferentes, ela sempre estará construindo o seu
espaço e sendo construída por ele ao mesmo tempo, o problema é que muitas vezes essa relação
não é harmoniosa (CAVALCANTE; CAVALCANTE, 2009).
O homem possui capacidade de adaptação nos ambientes naturais se diferenciando dos
outros animais, e desta maneira cria seu próprio ambiente diferente de outros seres ao seu redor
por questão de sobrevivência. Desde a pré-história, o homem vem alterando o meio ambiente,
no qual superou seus limites criando ferramentas que ampliavam suas aptidões. Com a

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domesticação de animais e o domínio de técnicas de plantio, por exemplo, surgiu a primeira
revolução científico-tecnológica (agrícola), permitindo deste modo a fixação das pessoas no
que podem ser consideradas como as primeiras vilas e cidades (Dias, 2007).
Kruguer (2001), quando apresenta a interação do ser humano com a natureza nos
primórdios da humanidade, introduz que entre 50 e 40 mil anos atrás essa natureza dominava o
homem. No entanto, após a nascimento da agricultura há cerca 10 mil anos o ser humano passou
a reverter essa relação e atualmente o homem moderno domina e a transforma e logo sofre os
reflexos da sua má utilização, a qual tem impacto direto no clima e na vida na terra. Segundo
Berté, (2009) os impactos ambientais são ocasionados por choques de interesse diretos ou
indiretos envolvendo o homem e a natureza. Esse conflito ambiental torna-se notório por meio
do consumo e exploração dos recursos naturais renováveis, além de se tornarem altamente
poluídos, vão se esgotando a ponto de atingirem níveis críticos (ROCHA, 1999).
Philippi Junior, Romero e Bruna (2004) seguem a mesma linha de raciocínio e afirmam
que a princípio, as transformações eram insignificantes, e se acentuaram com o passar dos
tempos, principalmente a partir da primeira revolução industrial, no qual começa a se perceber
uma agrupamento populacional crescente nos centros urbanos. Quanto maior a aglomeração de
pessoas maiores eram os danos ambientais. Os ambientes naturais foram transformados em
ambiente urbano devido à aglomeração de pessoas que necessitam dos recursos naturais para
sobreviver.
A partir do controle das técnicas de produção, do desenvolvimento da forma de se
relacionar com o trabalho, o homem expandiu suas potencialidades de domínio sobre o meio
ambiente e o conhecimento da natureza foi tornando o homem cada vez mais senhor de si e
com isso seu poder de transformação da natureza obviamente acendeu. Essa nova concepção
de mundo mudou sua relação com a natureza, tendo como consequência dessa transformação
efeitos negativos (ALVES, 2017). Em resumo, seu poder de alterar a natureza deriva de sua
habilidade de domínio de novas ferramentas e técnicas de trabalho, sua organização em
sociedades humanas e da criação de instituições e por fim sua evolução do conhecimento
técnico-científico. Essas aptidões mudaram drasticamente a forma de relacionamento homem-
natureza (MEDINA, 1996).
Nas últimas décadas é perceptível que os impactos ambientais provocados por alterações
antrópicas, principalmente nos espaços urbanos, têm aumentado de maneira expressiva,
provocando destruição e alteração nos ecossistemas. A justificativa dos problemas e impactos
ambientais decorrentes do desenvolvimento econômico, conforme Chaves (2017, p. 2), “foram
por muitos anos colocados como sendo um ‘mal necessário’ indispensável no fator de
crescimento e um desenvolvimento progressivo” e ainda ao mesmo tempo tem-se que “a
responsabilidade socioambiental das empresas se confrontava com seus paradigmas de
maximização de capital, com isso a maioria das empresas se limitavam-se a cumprir as normas
e leis ambientais vigentes”. Esse modelo de desenvolvimento econômico aliado ao crescimento
exponencial da populacional e a ausência de comprometimento ambiental têm ocasionado
rupturas ecológicas que ameaçam a capacidade de suporte do planeta (MEDEIROS, et al.,
2006).
A exploração industrial do meio ambiente manteve-se sem discussão durante todo o
século XIX e na maior parte do século XX. A noção equivocada de que os recursos naturais
eram ilimitados, e que desenvolvimento significava dominar a natureza e os homens, só foi
repensada nos anos 1970, quando se notou que os recursos naturais são sim exauríeis e que o
crescimento sem limites começava a se revelar insustentável. Em outras palavras, passou-se a

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se perceber que essa exploração estava resultando em efeitos perversos à natureza e ao ser
humano. (CUNHA; GUERRA, 2009).
No entanto, mesmo com as novas perspectivas apresentadas ao fim do século XX, Bello
e Hüffner (2012), ponderam que a urbanização verificada na atualidade não difere da praticada
a partir da revolução industrial, pois, naquele período a industrialização promoveu o nascimento
de grandes centros e aglomerados urbanos sem estrutura, condições salubres de moradia, ou
saneamento, particularidades estas cada vez mais evidentes nas cidades contemporâneas,
capitais e regiões metropolitanas.

2.1.1 A tragetória da interferência humana na modificação do espaço urbano no Brasil


A partir do século XVI, a ocupação no Brasil se concentra no litoral, devido ao
extrativismo e, posteriormente, à produção de açúcar. O país possuia grandes cidades
expremamente concentradas no litoral e o seu interior muito vazio.
Para Dulley (2004) o que motivou o Brasil a ocupar o seu interior e começar colocar
cidades longe do litoral, foi justamente o descobrimento de ouro e principalemnte o crescimento
da pecuaria brasileira, que ocupou maior parte do interior do país. Começa-se a perceber
naquela época um perfil espacial em que as cidades que antes eram localizadas no litoral, agora
localizam-se no interior atrás de atividades econômicas que também geravam empregos.
Já no início do século XIX o Brasil começa a ter uma distribuição melhor, onde graças
ao café, os núcleos urbanos brasileiros começam a ter uma concentração de venda muito
importante.
Marcos (2013) diz que os lucros na produção de café, tem seu surgimento no Vale do
Paraiba no Rio de Janeiro , caminha para o Oeste Paulista e termina no Noroeste do Paraná,
onde se possibilitou a criação dos centros urbanos com a concentração de renda e infraestrutura.
Todo lucro do café acabou criando centros urbanos cada vez mais ricos, esses espaços
que acabaram concentrando uma maior renda no Brasil. A infraestrutura diferente começa a
surgir ainda no século XIX, no sentido de linhas férreas e as cidades começaram a tomar
proporções urbanas como vistas nos dias atuais, construções e atividades diferentes, e o
surgimento de novos serviços na sociedade.
No século XX, mas precisamente na década de 30, 40, e 50, a industrialização
aconteceu de forma eficaz, gerando a criação de empregos nas cidades e
mecaniação do campo, todos estes fatores contribuiram para o marco da
urbanização no Brasil (NUNES, p. 24, 2007).
Em 1960 a construção de Brasília, distribuiu a população na região Centro-Oeste, até
então ocupada apenas pelas comunidades dos povos tradicionais. Percebeu-se nesse período a
formação de um dos centros urbanos mais bem planejados do país, local no qual é foco da
administração econômica da nação onde se tem um fluxo continuo de geração de emprego e
renda.

2.2 A NATUREZA, O AMBIENTE E O MEIO AMBIENTE HUMANO


A natureza e o ambiente de certa forma podem ser considerados a mesma coisa,
constando que a natureza é algo que exista indiferente do ser humano, mas que vai se tornando
em “ambiente” na medida em que o homem a conhece e transforma. Sendo assim, podemos

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dizer que o ambiente, como reflexão humana, se forma a partir de uma conotação mais prática,
no sentido de utilidade que a natureza pode ter tanto para o homem quanto para outra espécie.
Visentini (2005) diz que o meio ambiente pode ser observado a partir da consideração
de que o ambiente seria observado pelo prisma de espaço macroscópico e o meio ambiente
numa perspectiva microscópica.
Tendo em vista que o meio ambiente é a parcela do ambiente que reúne condições
necessárias para o desenvolvimento de uma espécie ou organismo, podemos considerar que o
meio ambiente humano mais comum é o meio ambiente modificado ou construído, ou seja, as
cidades, que podem ser denominadas de centros urbanos específicos.
Sendo assim, a natureza assume-se como conceito dinâmico em constante
transformação, na medida em que é constantemente transformada em meio ambiente humano
por meio do conhecimento que se tem dela e da utilização que se faz dos elementos que
interessam mais a ordem social produtiva, ou seja, indispensáveis para a sobrevivência humana
e necessários para o sistema de metabolismo social.
A utilização destes elementos da natureza indispensáveis ao modelo social produtivo
vai acarretar a transformação do meio ambiente humano em meio ambiente econômico, isto é,
ao inter-relacionar determinados elementos do ambiente global, tendo como objetivo específico
favorecer o sistema produtivo, poderíamos dizer que o meio ambiente humano assume novas
necessidades e identidades de acordo com os sistemas produtivos, logo, o meio ambiente
humano pode ser mutável em favorecimento do meio ambiente econômico. Um bom exemplo
disso é o caso da agricultura, que é um ecossistema cultivado e pode ser considerado meio
ambiente (um meio ambiente específico do homem, visando fins específicos).
Logo, podemos delimitar o ambiente urbano como a natureza conhecida e modificada
de acordo com os interesses humanos que correspondem às necessidades e interesses do sistema
social de produção, constando que cada sistema produtivo se relaciona a um período da história.
Na atualidade, o sistema social produtivo tem interesses sociais e econômicos
contraditórios e antagônicos, pois o sistema capitalista traz implícito em sua estrutura uma
divisão de classes e, portanto de interesses. Logo, o nosso meio ambiente tem consigo a
possiblidade real tanto de preservação quanto de depredação da natureza.
Neste ponto, temos que esclarecer que a natureza em sua formação dinâmica e sempre
mutável está sempre se reequilibrando, se reajustando a partir de mecanismos próprios e que
indiferentemente do nosso sistema social produtivo estar preservando ou depredando, a
natureza não poderá ser destruída por completo, pois sua dinamicidade daria origem a outros
meios ambientes, simplesmente transformando a natureza tal qual como conhecemos.
O grande risco então da maneira como nosso sistema produtivo interfere no equilíbrio
da natureza diz respeito mais à destruição do meio ambiente humano e do ambiente como
conhecemos, além do meio ambiente de outras espécies, fato que não tem tido muita atenção
quando se coloca a questão ambiental.
No caso do ser humano deteriorar o seu meio ambiente até excluir definitivamente sua
possibilidade de existência e havendo assim a extinção da raça humana, a noção de meio
ambiente e ambiente também seriam extintas, uma vez que estes são conceitos pensados pelo
homem, embora a natureza não possa ser extinta pelo ser humano.
Ambiente é toda a natureza que conhecemos e que por isso utilizamos em
nosso meio ambiente através de nosso sistema social de produção, uma vez

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que este é composto pelos meios humanos (conhecimento, força de trabalho,
cultura, entre outros) que são aplicados no meio inanimado (rochas, madeira,
minerais) com a finalidade de extrair energia do meio vivo (plantas, animais),
tendo como finalidade principal satisfazer nossas necessidades (OLIVEIRA,
p. 57, 1982).
No entanto, é importante considerar o papel dos serviços ambientais prestados pela
natureza, ou seja, a produção da água, a manutenção dos ciclos de nutrientes do solo, entre
outras grandes produções da natureza que são ofertadas a todas as espécies, indistintamente da
raça humana, e que isso mesmo podem ser considerado como patrimônio coletivo da natureza.
Assim, a deterioração do meio ambiente humano, a questão do solo, ar, água, entre
outros, implica também a perda da qualidade e potência dos meios ambientes de outras espécies,
colocando assim a questão da natureza como “patrimônio humano” em causa.
Tendo em vista isso, a questão ambiental está declaradamente relacionada também à
questão social, sendo a natureza e seus benefícios um patrimônio coletivo, a questão de sua
preservação e do ambientalismo ganham um argumento interessante, pois para o sistema
jurídico, a questão da propriedade privada e seu uso perdem seus efeitos frente aos direitos
coletivos e seus interesses.
Apesar do termo meio ambiente ser muito usado nos últimos anos, sendo reflexo da
crise que alcançou todo o planeta, nota-se que as preocupações mais objetivas com o tema são
pontuais e descontinuadas, refletindo um posicionamento muito mais mercadológico, um
produto de consumo, o “produto verde”.
Segundo Marafon e Bezzi (2006) os interesses econômicos ainda se contrapõem aos da
preservação real do meio ambiente, mesmo que do próprio, assim o termo e seu conceito sofrem
um processo de depreciação quanto a seu sentido verdadeiro, tornando-se apenas uma expressão
cotidiana.
Temos que os componentes do meio ambiente são diversos e podem ser classificados
em abióticos (embasamento geológico, o relevo e o clima), bióticos (flora e a fauna, incluindo
o homem) e bióticos-abióticos, o solo, praticamente a base da vida junto com a água. São os
dois que dão suporte à vida integral e por sua vez à vida animal, originando assim a cadeia
alimentar com toda a sua complexidade. O homem, em decorrência do uso racional de seu
cérebro e das ações frutos de seu pensamento, produz arranjos próprios chamados de culturais
que dependem dos componentes socioeconômicos. Logo, o homem demonstra ser
simultaneamente, um componente biótico e cultural.
O homem ao conhecer e compreender a natureza transforma-a em ambiente,
reconhecendo nela os elementos que são indispensáveis para sua
sobrevivência, utilizando-a como recursos ambientais, assim ele constrói o seu
meio ambiente que será organizado de acordo com seu sistema social
produtivo, produzindo assim um meio ambiente econômico (MARCOS, p. 20,
2013).
Para Rodrigues (2002) o agravamento dos problemas ambientais, o dano ao meio
ambiente humano e de outras espécies, está ligado à forma como o conhecimento técnico-
científico vem sendo aplicado no processo produtivo capitalista, sendo, portanto, uma
característica inerente à modernidade, que mostra, acima de tudo, a incapacidade de controlar
os efeitos gerados pelo desenvolvimento industrial, constando que os desastres ambientais não
são calculáveis, nem em termos espaciais, nem em termos temporais.

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Embora problemas ambientais perpassem semelhantemente por todos os países, porém
com algumas especificidades, há extenso constrangimento ao delinear ações resolutivas e
responsabilizadoras. Se por um lado, o discurso dos órgãos oficiais se direcione aos países
elencando a dimensão social no sentido de fator socioeconômico dos países menos
desenvolvidos como entrave para a solução da questão ambiental (por exemplo, o
desmatamento da Amazônia sendo considerado pela perspectiva socioeconômica de que as
populações pobres é que desmatam), por outro lado, não se lembram de questionar o alto grau
de desenvolvimento industrial dos países desenvolvidos e os custos ambientais implícitos, tais
como a questão enérgica dos Estados Unidos que consomem 30% da energia global. Logo,
observamos que mais que jogos de culpa entre países, o que realmente prevalece são os
interesses em jogo da sociedade globalizada, do sistema social de produção, o capitalismo.

2.2.1 Caminhos para a sustentabilidade: breve resumo dos acontecimentos históricos


Uma das grandes questões do século XXI é a sustentabilidade. Desenvolver-se local e
globalmente interagindo constantemente com o meio ambiente, conservando para as gerações
futuras. O conceito de desenvolvimento sustentável surge então para enfrentar a crise ecológica
promovendo mudanças no modelo de desenvolvimento das sociedades atuais nas suas
condições de vida e ambiental (PORTO, 1998). Machado (2011) contribui ainda ao afirmar que
o desenvolvimento sustentável não dificulta o padrão de crescimento econômico, apenas
incorpora a necessidade de conservação do meio ambiente em escala mundial.
Quando tratamos de sustentabilidade, tem-se segundo Sachs (2007), que a mesma pode
ser de cunho social, econômico, ecológico, cultural e geográfico. A primeira é caracterizada
pela equiparação da qualidade de vida proporcionada pela justa distribuição de renda, enquanto
que a segunda ocorre quando se concede recursos públicos e privados, regulados pelo eficiente
manuseio dos recursos naturais.
A sustentabilidade ecológica, propõe a produção de recursos renováveis a partir da
preservação do capital natural e sugere a exploração dos recursos não-renováveis com reservas
e limitações. A sustentabilidade cultural, de acordo com o próprio Sachs (2007), se apresenta
de difícil consolidação em virtude das amplas condições de acesso à modernidade. Por fim, a
sustentabilidade geográfica, diz respeito a um melhor equilíbrio na relação existente entre a
ocupação do meio urbano e rural, de maneira que não haja uma aglomeração urbana acentuada
a partir do abandono da zona rural, nem ao menos, que exista uma pressão urbana indesejável
sobre o campo.
Quanto a sustentabilidade urbana, entende-se que ela somente deverá ocorrer a partir da
boa condução dos seus vários aspectos, como a sustentabilidade econômica, social, política,
intra-urbana e ambiental. (MOLFI, 2009). Esta percepção de mundo veio de forma um pouco
tardia e se apresentou por meio de encontros, convenções e tratados internacionais que
discutissem e procurassem meios de minimizar os impactos ambientais, sociais, econômicos e
políticos exitentes.
Segundo Seiffert (2011), o debate sobre as questões ambientais, no mundo, se deu a
partir da década de 1960, graças ao aumento da população e a redução dos recursos naturais.
Com o avanço desses debates, no ano de 1992 ocorreu um dos mais importantes encontros sobre
o meio ambiente no mundo, a Eco-92, na cidade do Rio de Janeiro ocasião em que foram
propostas várias medidas de combate à poluição, e formas de conservação do meio ambiente e
de seus recursos. Durante o evento foram discutidos, analisados e aprovados documentos acerca

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de temas ambientais (PEREIRA; CURI, 2012). Vale destacar ainda um novo encontro 20 anos
depois (RIO+20) que objetivou observar o cumprimento das metas da Agenda 21 e para propor
novas metas relacionadas ao tema para as próximas décadas.
Nesta mesma linha, tem-se que a partir da primeira metade do século passado começou
a se estabelecer o conceito de que a humanidade deveria conservar o ambiente como forma de
garantir a coexistência das futuras gerações. O desenvolvimento histórico da abordagem
representada pelos estudos de impactos ambientais inicia-se na década de 1960, quando
começam a surgir os movimentos para que o tema ambiental e o social sejam incorporados no
processo de desenvolvimento, além de questionamentos sobre o valor dos prejuízos ambientais
causados em função do paradigma do “progresso” (SÁNCHEZ, 2008).

2.3 IMPACTOS DAS AÇÕES ANTRÓPICAS SOBRE O MEIO AMBIENTE URBANO


A ação antrópica causa danos à natureza, modificando o meio natural e prejudicando a
atual e futura gerações. Como também transtornos sociais, frutos do crescimento da pobreza e
da marginalidade urbana (AMARAL, 2013). As mudanças ocasionadas no ambiente em função
da ação antrópica refletem as alterações significativas no equilíbrio dos ecossistemas naturais,
principalmente no decorrer das últimas décadas, com o aumento da população e do processo de
urbanização, onde intensificaram-se os impactos da interferência humana na paisagem. Estes
processos transformaram toda a estrutura ecológica e social, provocando, assim, uma maior
fragilidade e vulnerabilidade do ambiente (RODRIGUES, et al., 2009).
As modificações ambientais urbanas são encontradas de muitas formas, como: nos
vários tipos de contaminação (do ar, da água, do solo, visual e sonora), nas ilhas de calor, em
deslizamentos de encostas, no assoreamento de rios, dentre outras. Estes desequilíbrios são
considerados impactos ambientais, conforme afirma Cappelli (2011, p. 34) “impacto ambiental
é, então, o processamento de mudanças sociais e ecológicas internas à artigo astral e ecológico,
histórico e socialmente determinado”.
Assim, impacto ambiental é a alteração no meio ambiente por determinada ação ou
atividade. O planeta Terra enfrenta fortes sinais de transição, levando o homem a rever seus
conceitos sobre natureza. Esta conscientização da humanidade está gerando novos paradigmas,
determinando novos comportamentos e exigindo novas providências na gestão de recursos do
meio ambiente. No Brasil, a percepção de que o meio natural precisa de uma atenção
principalmente de políticas rigorosas, uma vez que os mais diversos ambientes naturais, estão
de alguma forma, sendo modificados pela ação humana, direta ou indiretamente (CUNHA;
GUERRA, 2009).
A intensificação da ação provocadas pelo ser humano na constituição do meio urbano
com a falta de planejamento acarreta problemas ambientais de diversas dimensões. Dentre eles,
pode-se citar uma redução das áreas verdes que deveriam ser de conservação ambiental e que
são visivelmente ocupadas pela proliferação do zoneamento urbano.
Para Borelli (2007) houve na verdade um gigante descompasso entre o crescimento
urbano e o desenvolvimento econômico, uma vez que tal crescimento se deu sem o
planejamento adequado, havendo insuficiência estrutural na produção de bens de consumo
coletivo, o que contribuiu significativamente para a intensificação da degradação ambiental no
país e para a redução da qualidade de vida da população.

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Os aspectos que envolvem a expansão urbana são apontados por Lima, Lopes e Façanha
(2017) como expressividade concreta pela busca e produção do espeço físico. A concentração
de pessoas no espaço urbano devido ao trabalho e ao consumo, promove o desenvolvimento
econômico e acelera a reprodução do capital, o que aumenta, ainda mais, a concentração e
crescimento populacional e a necessidade, cada vez maior, de espaço.
Uma das atividades que provoca impacto, é a agricultura, pois sendo feita de forma
equivocada, ou mal elaborada, traz danos para o meio ambiente, e para os seres humanos,
conforme salienta Ab`Sáber (2006, p. 32):
Os impactos da agricultura sobre os ecossistemas naturais, organizados em
mosaicos regionais, são muito mais drásticos e muitas vezes irreversíveis do
que se possa imaginar. Nas áreas tropicais dotadas de florestas e savanas, há
séculos eliminam-se coberturas arbóreas biodiversas e seus componentes
vivos para se produzirem espaços agrários. Os ciclos econômicos
identificados na história do mundo rural, em sua grande maioria, foram ciclos
de predação da natureza vegetal e animal. A supressão das florestas para as
grandes plantações de cana, café, soja ou pastos era tida como uma
necessidade normal e habitual para a organização de espaços produtivos de
alimentos e insumos agroindustriais.
Assim, o homem passou a ter uma maior participação nas transformações do ambiente,
principalmente, nos quadros negativos, passando a aumentar cada vez mais essas ações,
conforme as suas necessidades e também a utilização de outros recursos naturais.
Da mesma maneira, temos problemas relacionados com a água, que mesmo sendo
considerada um dos recursos naturais mais afetados pela ação direta do homem, estando a sua
qualidade intimamente ligada com a urbanização. Para isso, Oliveira (2008) alega que a
intervenção humana no ciclo da água aumenta na proporção do crescimento populacional, da
urbanização e do seu uso desordenado e irracional. Nesse viés, Silva Neto, et al. (2012) destaca
que o modelo de desenvolvimento econômico vigente, aliado ao crescimento da população e à
ausência de Educação Ambiental, têm provocado rupturas ecológicas que vem ameaçando a
capacidade de suporte do planeta. Para o autor, a situação de degradação e poluição tem
despertado a atenção das comunidades atingidas.
A ação do homem pode acelerar a degradação ambiental, mas, ao mesmo tempo, através
do uso e manejo adequados, pode retardar que esses processos ocorram (CUNHA; GUERRA,
2009). Para Coelho (2001), a generalização da ideia de que os seres humanos são, por natureza,
depredadores, faz com que, geralmente, as vítimas dos impactos ambientais sejam
responsabilizadas e transformadas em culpadas. Pelo contrário, na medida em que precisam dos
recursos naturais para sua sobrevivência, as pessoas podem se tornar aliadas da conservação do
meio ambiente, desde que sejam garantidas as necessidades básicas da população, como acesso
à moradia adequada e infraestrutura, e sejam conscientizadas através da educação ambiental.
A ocupação de áreas de proteção ambiental para fins de moradia ocasiona um duplo
problema, pois, além das baixas condições de habitabilidade da edificação e da exclusão à
cidade formal, estes loteamentos irregulares impactam no meio ambiente. As ocupações em
APP´s (Áreas de preservação permanente), são parte integrante de um problema maior dentro
das cidades, o fenômeno dos assentamentos e loteamentos irregulares. No entanto, a
complexidade das ocupações em margem de cursos d´água é ainda mais expressa, pois está em
desacordo com duas normas: a de posse e a pertinente às questões ambientais (MARTINS,
2006).

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Vale destacar ainda, conforme Salles, Grigio e Silva, (2013, p. 285) que:
As cidades estão em processos contínuos de construção, influenciadas por
desordens em torno do uso e da ocupação do solo urbano, conflitos
socioambientais, injustiças e exclusões. Onde existem interesses, pressões e
disputas quanto a esse uso e apropriação do solo e dos recursos disponíveis.
Paralelamente convivem no mesmo ambiente da “cidade” problemas como os
baixos padrões de vida, conflitos e ocupações em áreas vulneráveis, e altos
padrões de vida e os desperdícios de consumo. Representando assim diversos
desejos e interesses em um único ambiente.
Bispo e Levino (2011), citam os principais problemas advindos de uma ocupação
desordenada do solo urbano, quer seja por planejamento inadequado, inexistência de
planejamento ou omissão do poder público, neste caso, reproduzindo o que os autores já
trouxeram, temos:
Alteração do regime de produção: a impermeabilização do solo impede a
infiltração da água, acentuando os problemas da erosão urbana e aumentando
os picos de cheia. Por outro lado, a minimização da recarga nos solos, reduz a
disponibilidade de água nos períodos de baixa precipitação.
Ausência de infraestrutura básica: a falta de coleta e tratamento de esgotos e
a disposição inadequada de resíduos leva contaminantes aos rios, que têm a
qualidade da água comprometida, o que dificulta a potabilização da água.
Desperdício: diferentes usos da água associados ao baixo custo e a
disponibilidade aparentemente abundante torna o recurso natural de uso mais
negligente, mal administrado e desperdiçado pelo homem. (BISPO; LEVINO,
2011, p. 3-4)
Outra característica da urbanização problemática é que “o aumento da população urbana
é muito maior do que sua capacidade de gerar empregos.” Além disso, deve-se destacar que
“suas atividades sem projetos urbanos definidos geram mais impactos negativos ao meio
ambiente e consequentemente locais hostis e desumanos.” As reduções desses resultados
passam por um processo de planejamento da ocupação do solo (ALVES, 2017, p. 12).
Ainda conforme Alves (2017, p 26):
A rápida urbanização, o contingente de pessoas sem possuir uma mão-de-obra
adequada, associada à inexistência de planejamentos e crises econômicas,
provoca total transtorno, gerando desorganização no uso do solo, o que dá
origem a bairros sem nenhuma infraestrutura pelo preço da destruição de áreas
verdes e rios, além de provocar a saturação dos serviços públicos.
A dinâmica de urbanização pela expansão de áreas periféricas gerou um ambiente
urbano com divisões sociais e altamente degradado, com efeitos muito graves sobre a qualidade
de vida de sua população. Pode-se dizer que existe uma estreita relação entre riscos urbanos e
a questão do uso e ocupação do solo. A ausência de saneamento em muitas favelas e
loteamentos, por exemplo, além de poluir diretamente as águas dos rios e córregos, compõe um
problema de saúde e de baixa qualidade de vida para a população residente, assim como a perda
do valor das águas (JACOB, 2006).
A ocupação desordenada é vista como o principal motivo dos problemas ambientais
urbanos. Conforme Molfi (2009), isso pode estar mais diretamente relacionado a questões
sociais e econômicas, muito em razão da ocupação se dar de forma rápida e não planejada, uma
vez que a falta de recursos da população menos favorecida a conduz para as periferias dos

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centros urbanos da mesma maneira que a carência de investimentos faz com que esta ocupação
se dê sem o mínimo planejamento e implemento da imprescindível infra-estrutura. Outro fator
que contribui para o problema diz respeito ao próprio sistema empregado no planejamento
urbano que é bastante burocrata, apresentando caráter centralizador e proporciona
desarticulação entre os vários agentes envolvidos no processo (BEZERRA; RIBAS, 2004).
Segundo Oliva Júnior (2012) a degradação ambiental, cada vez mais presente nos dias
atuais, leva-nos a procurar formas, possíveis soluções que faça diminuir ou tentar estabilizar
estes processos degradatórios, que causa uma série de danos muitas das vezes irreparáveis ao
meio ambiente, devido à ação humana, e a exploração de forma erronia dos recursos naturais.

3. METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como exploratória, pois buscará novas informações sobre o
tema proposto. A pesquisa possui o objetivo de identificar de que forma a interferência humana
modificou o cenário natural no municipio de Bocaina. O intuito da pesquisa exploratória, de
acordo com Gil (1995), é proporcionar uma visão geral sobre a temática debatida, de forma que
se tenha uma visão e compreensão do problema abordado.
A pesquisa possui uma abordagem qualitativa, onde serão analisadas diferentes
perspectivas sobre uma mesma temática. Os sujeitos da pesquisa serão os moradores que
residem no zoneamento urbano da cidade de Bocaina-PI, que poderão esclarecer o seu ponto
de vista diante da situação estudada. Um critério que pode determinar os sujeitos que serão
entrevistados é o fator idade, tendo em vista que pessoas mais velhas puderam obserar de perto
as mudanças que ocorreram na cidade com o passar dos anos devido a interferência humana
sobre o meio natural. Para Gil (1995), o uso dessa abordagem propicia um aprofundamento da
investigação das questões relacionadas ao fenômeno em estudo e das suas relações.
Os dados são coletados através de registros fotográficos, observação do ambiente em
estudo e de entrevistas com roteiros previamente elaborados pelo pesquisador. Logo em seguida
os dados são analisados através da técnica análise de conteúdo. Essa análise permite identificar
outros significados intrínsecos na mensagem que se estuda, aumentando a possibilidade de
descobertas, podendo se buscar provas para a afirmação de uma hipótese.
Por fim, cabe ressaltar que algumas limitações poderão ser encontradas no decorrer do
desenvolvimento da pesquisa. Considerando os recursos humanos e financeiros disponíveis
para a coleta de dados percebe-se uma dificuldade para obtenção das informações necessárias,
além de uma possível não concordância na participação da pesquisa por parte de alguns
moradores que não se sintam confortáveis em fornecer uma entrevista sobre o tema.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS


Nesta seção são exibidos e discutidos os resultados desta pesquisa. O estudo foi
desenvolvido através de entrevistas com os moradores da cidade de forma que possam
atender aos objetivos em descrição. O público-alvo escolhido para a pesquisa foram
habitantes mais velhos que vivem na cidade há tempo consideravel e presenciaram o
processo de modificação do meio natural devido a ação humana ao passar dos anos.

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4.1 A história da cidade de Bocaina-PI
A história de Bocaina-PI tem início ainda no período colonial por volta de 1712 e
denominada de Fazenda Bocaina, quando chega da Bahia o português Antônio Borges Leal
Marinho, sua mulher Maria da Conceição de Sousa Brito e seus irmãos Francisco e Albino
Borges Leal Marinho com bastante e alguns escravos, ocupando vastos territórios para iniciar
as primeiras atividades pecuárias. Os Borges Marinho instalaram-se à margem direita do rio
Guarituba, na afluência com o riacho Barrocão, fazendo ali beneficiamentos, além de firmar
marcos e sinais convencionais de sua posse e implantou uma criação de gado. Durante a
ocupação do território, providenciou logo a construção de uma casa com materiais vindos de
Oeiras. Católico devoto, logo providenciaria a construção da primeira capela na região que é
finalizada em 1754. Em suas viagens a Bahia ele traz consigo um missionário jesuíta e assim
essa capela passaria a ser dedicada à Nossa Senhora da Conceição, batizando a Igreja e as
imagens de Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Rosário, que era a padroeira dos
escravos. (IBGE, 2019)
Com o passar do tempo o povoado de Bocaina foi desmembrado de Oeiras e anexada
ao território de Picos. Elevado à categoria de município e distrito com a denominação de
Bocaina, pela lei estadual nº 2561, de 19/12/1963, desmembrado de Picos. (IBGE, 2019)

4.2 A modificação do cenário urbano sob a análise dos moradores


Um dos questionamentos levantados nesse estudo diz respeito sobre o papel que o
homem teve na modificação do ambiente urbano na cidade de bocaina. Essas interferências
podem provocar mudanças no meio natural e beneficiar a população em alguns aspectos pois
pode trazer desenvolvimento para uma localidade, geração de emprego e renda em um curto
espaço de tempo. Entretanto essas mudanças podem também causar desconfortos para parte
alguns moradores que defendem a ideia de que o meio natural deve permanecer intacto. A seguir
apresentamos algumas das falas dos entrevistados e suas percepções a cerca do tema:
“Meu jovem, eu já moro aqui há cinquenta e quatro anos, vi muita coisa
acontecer na cidade, muita mudança, umas benéficas e outras que não
foram muito boas, um exemplo que eu te cito é o fato da barragem de
bocaina, que já foi uma coisa linda de se ver, e hoje está praticamente
seca, e eu sei que isso tudo é por cusa que não cuidamos do que é nosso,
nunca vi uma seca tão grande como essa que presenciei nos ultimos
anos, e nós cidadãos temos uma dose de culpa, a nutureza está se
voltando contra nós, outra coisa que te falo é o fato das pessoas não
valorizarem a história, os monumentos que fizeram parte dessa cidade,
desde a fundação até os dias de hoje, essa geração de hoje parece que
não entende a importancia de manter a cultura historica.” (Entrevistado
1).
“Uma das coisas que mais me incomodam é quando chega o periodo
das queimadas, a tempeatura já é quente como é e as pessoas ainda
tocam fogo pra piorar a temperatura e isso deixa a paisagem muito feia,
a gente abre a janela e a coisa que vê são cinzas e mais cinzas, isso deixa
a terra feia, sem brilho.” (Entrevistado 2).
“A cidade se desenvolveu sim, e trouxe com ela o progresso, mas a
beleza de antes não é mais a de hoje, a gente vê como as coisas mudam
com o passar dos anos, hoje o que é bonito pra você pode não ser pra

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mim , não é verdade? Eu vi o asfalto chegar e com ele veio os carros,
as motos, e tudo mais, na epoca de carnaval aqui então nem se fala,
ninguém nem dorme. Antes era tudo mais calmo, e hoje isso não
acontece mais, e eu sinto falta daquele tempo.” (Entrevistado 3).
Podemos perceber na fala de alguns moradores que a interferência do homem no meio
natural pode sim afetar a populaçaõ de uma determinada localidade. Diante dessas análises
percebemos como o meio natural na cidade foi modificado com o passar dos anos, através de
varios fatores que foram abordados pelos entrevistados, entre eles as queimadas, que danificam
a paisagem e trazem danos não só para a natureza como também para a população e isso ajuda
a intensificar as temperaturas pois contribuem com o aquecimento global, causando prejuízos
assim nas bacias hidricas como relata um dos moradores ao falar sobre a barragem que serve
de abastecimento para a cidade, onde o mesmo relata o fator da estiagem na região ao longo
dos anos
Entetanto presenciamos que as cidades mudam seus ambientes constantemente e que
varios fatores contribuem para essas mudanças, entre elas podemos citar: população, turismo,
clima dentre outros. As cidades passaram a se desenvolver com mais intensidade e acompaham
a modernização da era moderna. E diante desse contexto, existem moradores que acham que
houveram inumeros benefícios na cidade, como pode ser observado nos pronunciamentos na
sequência:
“Eu acho que tudo mudou pra melhor, antes era uma dificuldade danada, hoje
tem escola pra menino, comércio pra gente comprar alguma coisa sem precisar
andar uma légua de distância, tem banco pra gente tirar nosso aposento, tem
emprego pra esse povo mais novo então as coisas ficou mais fácil, e foi bom eu
viver pra poder ver isso de perto.” (Entrevistado 4).
“Eu vi muita gente chegar aqui pra morar, antes era uma casa ali e outra acolá,
compraram terreno e construiram, é muita construção, agora é mais gente, mais
pessoas, eu mesmo achei foi bom, num sei como esse povo da cidade prefere
morar naquele perigo, eu não sairia daqui pra nenhum lugar, a vida na cidade
pequena é melhor do que na cidade grande.” (Entrevistado 5).
“Olha mudou muita coisa, a igreja, a praça , as casas, as ruas, o centro da cidade,
tudo foi mudado, e isso é bom porque deixa a cidade mais bonita, quem vem de
fora, de outros lugares e vê tudo arrumadinho, tudo novo, é bom, e eu espero
que continue assim, que tudo fique cada vez mais bonito, hoje a cidade deixou
de ser velha pra ser nova, e olha que eu já moro aqui a 46 anos, a gente
acompanha a modernidade sentado na calçada de casa.” (Entrevistado 6).
“Hoje a cidade possui várias lojas, supermercados, coisa que antes não tinha,
era obrigado a gente ir pra Picos pra comprar alguma coisa, e a estrada era ruim,
hoje é um tapete. Claro que com esse asfalto o calor aumentou né, desde o
começo dos anos dois mil muita coisa mudou, tudo se modernizou, até mesmo
as casas que antes eram feitas com material mais fraco e hoje são mais
resistentes, as ruas mudaram, as praças, a igreja foi reformada, ta tudo diferente,
mas é um diferente bom.” (Entrevistado 7).
Os fragmentos acima mostram a satisfação dos moradores com a modificação do cenário
urbano na cidade, e que essas mudanças trouxeram progresso para a localidade. Esses fatores
devem ser levados em consideração quando se trata dos aspectos que contribuem para o
desenvolvimento das cidades. Contudo, vale um destaque para questão do clima como ponto
negativo em dos comentários pois, como foi possível observar, se nota uma elevação na

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temperatura da cidade provocada pela implantação do asfalto e que, além disso, ainda pode
dificultar a permeabilização do solo em períodos de chuvas, o que contribui para maiores
chances de inundações.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo visou englobar a trajetória da interferência do homem no zoneamento urbano
da cidade de Bocaina-PI, através da análise dos próprios moradores. Podemos perceber com a
realização da pesquisa que a opinião dos moradores é dividida onde alguns concordam com o
processo de urbanização trazidos pelo progresso e outros se sentem desconfortáveis pelo fato
desse processo prejudicar o meio ambeinte em algum grau.
Por fim, pode-se dizer que o universo a ser investigado é bastante vasto, complexo, além
de trazer um esclarecimento para a comunidade sobre o assunto. Espera-se que diante da
pesquisa, seja possível colaborar na divulgação da importância do tema fortalecendo assim o
progresso da ciência.

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