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Notas de Aula - Fı́sica para o ensino médio

Lucas de Lima Vieira Campos

Sumário
1 Primeiro Ano 3
1.1 Aula 1 - Conversa sobre mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.1 Sistema internacional de medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.1.2 Notação cientı́fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.4 Exercı́cios em sala . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 Aula 2 - Quantidade de movimento (momento linear) . . . . . . . . . . . . 6
1.2.1 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.2.2 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Aula 3 - Leis de Newton e Impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.3.1 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3.2 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4 Aula 4 - Sı́ntese das leis de Newton, força de atrito, elástica e peso . . . . . 14
1.5 Aula 5 - Mais aplicações das leis de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.6 Aula 6 - Coisas que rodam (momento angular) . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.7 Aula 7 - Momento de inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.8 Aula 8 - Torque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.9 Aula 9 - Cinemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.10 Aula 10 - Lançamentos e movimento circular . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.11 Aula 11 - Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.12 Aula 12 - Energia mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.13 Aula 13 - Gravitação universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.14 Aula 14 - Estática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.15 Aula 15 - Hidrostática 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.16 Aula 16 - Hidrostática 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.17 Aula 17 - Hidrostática 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2 Segundo Ano 15
2.1 Aula 1 - Conversa sobre termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.1 A hipótese atômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.1.2 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.3 Relações entre as escalas termométricas . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.1.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2 Aula 2 - Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.1 Calor Latente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.2.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1
2.3 Aula 3 - Trocas de calor e processos de troca de calor . . . . . . . . . . . . 21
2.3.1 Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3.2 Convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3.3 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.4 Efeito Estufa e mudança climática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3.5 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Aula 4 - Dilatação térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.5 Aula 5 - Mudanças de fase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3 Terceiro Ano 27
3.1 Aula 1 - Conversa sobre eletromagnetismo e sua história . . . . . . . . . . 27
3.1.1 A evolução do Eletromagnetismo (EM) . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.1.2 Cargas e campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Aula 2 - Condutores e isolantes, eletrização e polarização da carga elétrica 28
3.2.1 Condutores e isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2.2 Eletrização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.3 Polarização da carga elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3 Aula 3 - Força e Campo elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Aula 4 - Potencial elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2
1 Primeiro Ano
1.1 Aula 1 - Conversa sobre mecânica
O que você entende quando falam a palavra mecânica?
Cada elemento dito por vocês é de extrema importância para o prosseguimento do
curso. Agora quero que me ajudem a fazer uma distinção de cada elemento em uma certa
classificação.
A primeira classificação que quero falar é sobre a translação. Vocês sabem o que é o
movimento de translação? A translação é o movimento de um objeto de um ponto a outro.
Pode ser o deslocamento paralelo como o movimento em linha reta. Logo, gostaria que
vocês me falassem quais dos elementos citados pode vocês se encaixam nessa classificação.
A segunda classificação é o movimento de rotação. Como a própria palavra diz, é o
movimento giratório em torno de um eixo fixo. Um eixo é uma linha reta, que atravessa o
centro de um corpo e em, torno do qual esse corpo efetua ou pode efetuar um movimento
de rotação. Com essa explicação, quais elementos citados por vocês se encaixam nessa
classificação?
Para a terceira classificação precisamos discutir sobre o equilı́brio. Na fı́sica, o equilı́brio
é a condição de um sistema em que as forças sobre ele anulam-se. É uma posição estável
de um corpo ou sistema. Mas o que é sistema? É um conjunto de elementos, que podem
está organizados ou não. E o que é força? É um agente fı́sico capaz de alterar o estado
anterior de um corpo ou sistema.
Com essas informações podemos agora ter a terceira classificação, que são os objetos
que ampliam forças. Quais citados por vocês se classificam neste caso?
Após essa discussão bastante interessante nos resta falar um pouco mais sobre algo de
extrema importância na fı́sica: unidades de medidas.

1.1.1 Sistema internacional de medidas


Quais as grandezas bases para a mecânica a partir do que foi discutido anteriormente?
A primeira que podemos citar é o comprimento. Ele tem unidade de metro e a sim-
bologia para facilitar a notação é a letra ”m”.
A segunda grandeza mais importante é a massa de um corpo. A massa de um corpo
tem unidade quilograma e é simbolizada por ”kg”.
A terceira grandeza mais importante é o tempo. Ele te unidade de medida sendo o
segundo, simbolizado por ”s”.
Dessas três grandezas podemos derivar várias outras grandezas que serão discutidas
ao longo do curso. Elas foram adotadas como as unidades do sistema internacional de
medidas. O importante no momento é pensar na possibilidade de nos depararmos com
outras unidades de medidas diferentes das unidades acima. Para essa situação, podemos
fazer uma conversão de escala para obter as unidades de medida que estão acima.
Para o comprimento, temos as seguintes possibilidades de unidades, com o seu simbolo
e a sua conversão para o metro:

1. quilômetro; km; 1km = 1000m

2. decı́metro; dm; 1dm = 0, 1m

3. centı́metro; cm; 1cm = 0, 01m

3
4. milı́metro; mm; 1mm = 0, 001

Essas são as mais usuais para comprimento que podem aparecer em problemas de
fı́sica.
Para o tempo, temos:

1. minuto; min; 1min = 60s

2. hora; h; 1h = 60min = 3600s

3. dia; d; 1d = 24h = 1440min = 86400s

Para a massa, temos:

1. tonelada; t; 1t = 1000kg

2. grama; g; 1g = 0, 001kg

Se observamos cada conversão, percebemos que existem números grandes e pequenos,


com muitas casa decimais. Podemos facilitar a escrita desses números utilizando a notação
cientı́fica.

1.1.2 Notação cientı́fica


Números grandes ou pequenos podem ser simplificados pela notação cientı́fica. Um
número está em notação cientı́fica se é escrito na forma

I · 10n . (1)
onde I é um número inteiro e n é um número inteiro que deve ser maior e igual a 1.
Observe que sempre fica uma potência de 10 em um número em notação cientı́fica. A
tabela 1 temos alguns números em notação cientı́fica.

Prefixo Sı́mbolo Fator de multiplicação


tera T 1012
giga G 109
mega M 106
quilo k 103
hecto h 102
deca da 101
deci d 10−1
centi c 10−2
mili m 10−3
micro µ 10−6
nano n 10−9
pico p 10−12
Tabela 1: número decimais em notação cientı́fica

Mas como colocar um número em notação cientı́fica? Bem, temos que observar cada
número proposto. Vejamos o exemplo com o número 0,1. Para que ele fique em notação
cientı́fica devemos colocar esse número na base 10.

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Observe que se você multiplica essa número por 10, o valor que encontraremos será
igual a 1. Isso é importante para sabermos qual número ficara multiplicando com o 10
elevado a alguma coisa.
O truque está em olhar para a vı́rgula que está no número. Ela está antes do número
1. Se movimentarmos essa vı́rgula para a direita do número 1, ou seja, deixar da forma
1,0, observamos que fica o número 1 apenas.
Tá, legal, mas isso não coloca o número em notação cientı́fica. De fato o número não
está em notação cientı́fica e para que ele fique precisamos efetuar mais um passo que é
multiplicar o número encontrado anteriormente, no caso o 1, por 10 e elevar ao número
-1.
Então em notação cientı́fica, toda vez que queremos converter um número do tipo
0,..., é só deslocar a vı́rgula presente no número para a direita e contar quantas vezes essa
vı́rgula foi deslocada para a direita. A quantidade de vezes em que a vı́rgula foi movida
para a direita é o número elevado com a base 10. Mas não somente isso, toda vez que
você movimentar a vı́rgula para a direita, a base 10 será elevada ao sinal negativo. No
nosso caso ela foi deslocada apenas uma vez, logo encontramos que

0, 1 = 10−1 . (2)
Para número grandes, como 1000, o processo é bem parecido, mas dessa vez devemos
descolar a vı́rgula para a esquerda. Mas como assim para a esquerda sendo que nem
aparece vı́rgula no número 1000? Bem, é só reescrever ele na forma 1000, 0.
Do mesmo modo para o caso negativo de números pequenos, para números grandes a
quantidade de vezes em que você deslocar a vı́rgula para a esquerda é o número que fica
elevado na base 10. Para o caso do número 1000, temos então

1000 = 103 . (3)


Agora que sabemos sobre unidades de medidas e notação cientı́fica, é possı́vel fazer
alguns exemplos interessantes.

1.1.3 Exemplos
Vamos aplicar nossos conhecimentos com dois exemplos.
1. Na vida cotidiana, costumamos exprimir a velocidade em km/h em
nossos carros. A quantos km/h equivale 1 m/s?
Bem, esse é um problema de fı́sica que envolve velocidades, que vamos abordar mais
pra frente o que é. O que importa aqui é somente converter os valores que foram colocados.
Se um objeto se move com velocidade de 1 m/s, isso quer dizer que a cada segundo
ele percorre 1 m. Sabemos que 1 hora equivale a 3.600 s, com isso ele percorrerá 3.6000
m em uma hora. Então quantos km ele percorre em 1 hora?
Bem, para isso podemos utilizar o que chamamos de regra de três.
1 km está para 1.000 m, logo x, que é o valor que queremos encontrar, está para 3.600
m. Matematicamente o arranjo fica da seguinte maneira

1km − 1.000m
x − 3.600m (4)
Como sabemos, na regra de três devemos fazer multiplicações cruzadas. Mas o que é
isso? Isso quer dizer que, temos que multiplicar o número que está em cima a esquerda,

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na equação acima, pelo número que está a direita, só que na equação abaixo. Do mesmo
modo temos que multiplicar o número que está abaixo a esquerda pelo número que está
acima a direita. Após multiplicar esses valores, igualamos uma multiplicação a outra, da
seguinte maneira, usando os números acima:

1km · 3.600m = x · 1.000m (5)


Resolvendo essa igualdade, encontramos que
3.600
x= = 3, 6km. (6)
1.000
Ele percorreu 3,6 km em uma hora. Desse modo, podemos exprimir a velocidade da
seguinte maneira:

1m/s = 3, 6km/h. (7)


Essa relação é bastante importante na hora de converter velocidades.
2. Escreva em notação cientı́fica o número 149.000.000.000 m
Temos 11 casas até o primeiro número, logo

1, 49 · 1011 m (8)

1.1.4 Exercı́cios em sala


1. Converta os seguintes valores para o SI:
a) 7 km
b) 5 min
c) 8 h
d) 580 cm
e) 15.000 mm
f) 85 cm
g) 600 g
h) 4 t
i) 3.200 g
2. Converta as seguintes medidas de massa para gramas e apresente os seus resultado
em notação cientı́fica:
a) 0,4 kg
b) 400 mg
c) 3.000 kg
d) 2 t

1.2 Aula 2 - Quantidade de movimento (momento linear)


Para iniciarmos a aula, vamos pensar em uma pessoa e uma bola de futebol. A bola
está em repouso e o pé do jogador de futebol atinge a bola, fazendo a mesma adquirir
movimento. Uma outra situação interessante é a de bolas de gude colidindo, onde uma
está parada e a outra entra em movimento, quando elas se encontram, ou seja, se chocam,
a outra é colocada em movimento.
O choque entre dous objetos trocam ”algo”que está associado ao movimento. Esse algo
é uma quantidade que devemos definir melhor. No caso da bola de gude, uma situação

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que pode existir é a de que, uma bola de gude está em movimento anteriormente, se choca
com a bola de gude, a outra bola de gude entra em movimento e a primeira bola de gude
para. Nesse caso, a bola que estava parada inicia um movimento e a outra para, como se
”algo”fosse ”transferido”integralmente para a bola que estava em repouso.
Na interação entre dois objetos sempre ocorre uma mudança no movimento de cada
um. Essa mudança, conforme discutido já, está associada como o intercâmbio de ”algo”entre
os objetos.
Quais outros tipos de movimentos que vocês conhecem que ocorre a transferência de
”algo”de um objeto para outro?
Mas essa transferência de algo não ocorre somente com um corpo em movimento, o
outro parado, e após a interação entre eles, que no caso não precisa ser um choque, o
segundo corpo para e o outro continua em movimento. Pode ocorrer dos dois corpos esta-
rem em movimento e após a interação entre eles, os dois pararem, ou os dois continuarem
em movimento. Do mesmo modo, se um está em movimento e o outro parado, após a
interação os dois corpos podem continuar em movimento.
De qualquer modo, o ”algo”que é transferido de um objeto para outro se conserva,
sempre tende a compensar a falta de movimento de um objeto e etc. Esse ”algo”nós
denominamos de Quantidade de movimento.
Podemos chamar a quantidade de movimento simplesmente de momento linear, e esse
momento tem relação com o movimento de translação de um corpo. De modo simples, o
momento é a tendência de um corpo se movimentar, ou seja, a inércia do movimento de
um corpo.
Nota-se que ao atribuir movimento ao objeto requer que tenha existência de um termo
que denominamos por velocidade. Mas o que é a velocidade?
Bem, velocidade pode se relacionado com espaço e tempo. Imagine você saindo de
sua casa em direção a escola. Você percorre uma certa distância, que podemos chamar de
espaço. Durante essa distância, você ”gasta”uma certa quantidade de tempo. A relação
entre distância e tempo, dada por uma divisão, é o que chamamos de velocidade média.
Em termos matemáticos, temos então que a velocidade é
∆s
v= . (9)
∆t
O que significa ∆s, ∆t, s e t? S é o que chamamos de distância, t o tempo. O sı́mbolo
∆ simboliza a variação de alguma grandeza, que no nosso caso são a distância e o tempo.
Sua unidade de medida é o metro divido por segundo (m/s).
A variação do espaço pode ser explicada pensando exatamente no exemplo de você
ir da sua casa para a escola. Sua casa é o que denominamos por posição inicial, que é
simbolizada por s0 . A posição final, o destino que você quer chegar, que é a escola, e
simbolizado por sf . Então a diferença entre a posição final e inicial é o que chamamos
de ∆s. Ocorre o mesmo para o tempo, onde normalmente escolhemos o tempo inicial t0
igual a zero.
Definindo velocidade, percebemos que ela é um grande fator para que um corpo esteja
ou não em movimento, mas existe um outro fator importante quando falamos de movi-
mento, que é a massa de um corpo. A massa de um corpo definir a inércia do corpo,
ou seja, o quão difı́cil é para se colocar o corpo em movimento ou não. A massa é uma
caracterı́stica intrı́nseca do corpo e na mecânica clássica ela é imutável, seu valor nunca
varia.
Com todas essas colocações, percebemos que para que um objeto se movimento ele
deve ter velocidade e que esse objeto sempre é caracterizado por um fator de inercia, que

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chamamos de massa. Portanto, definimos a quantidade de movimento sendo o produto
entre a massa e a velocidade que o corpo adquire

Q = mv, (10)
onde m é a massa do corpo e v a velocidade, que pode ser a velocidade média definida
anteriormente.
Percebemos que quanto maior a velocidade, maior será a quantidade de movimento,
do mesmo modo com a massa. Para certas velocidades, a quantidade de movimento será
maior para massas maiores.
Voltando para as bolas de gude, vamos imaginar cada uma com massas diferentes, de
mesmo tamanho, sendo uma de vidro e outra de aço. Se atirarmos a bola de vidro e ela
colidir frontalmente com a de aço, que está parada, esta avançará um pouco e a bola de
vidro recuará com certa velocidade. Se fizermos o contrário, atirarmos a bola de aço, após
a colisão, ambas avançarão no mesmo sentido, mas com velocidades diferentes.
Percebemos que existem duas situações diferentes, que falam sobre direção e sentido.
Além de seu valor número, definido pela multiplicação entre massa e velocidade, o mo-
mento é definido como um vetor, pois depende da direção e sentido do movimento,
No caso das bolas de gude, elas podem, ao mesmo tempo ir para frente, ou uma para
frente e a outra para trás, podem ir em uma determinada direção ou outra, dependendo
de como ocorre a colisão entre elas. Claramente que não só o momento é definido como
um vetor, mas também a velocidade é. A velocidade de um objeto também depende da
direção e sentido para ser bem definida. A massa do corpo, que depende apenas de seu
valor numérico, que chamamos de intensidade, é definida como um escalar.
Para simbolizar vetores, colocamos setas em cima da letra que define a quantidade.
Logo, podemos reescrever a equação 10 da seguinte maneira:
⃗ = m⃗v .
Q (11)

Conforme discutido, o momento é sempre conservado, isso quer dizer que o momento
antes de dois objetos interagirem permanece igual após a interação entre os objetos.
Matematicamente isso é simbolizado por
⃗i = Q
Q ⃗f, (12)

onde Q⃗ i é o momento inicial e Q⃗ f é o momento final.


Muitos movimentos não são de colisões frontais. O caso da bola de gude, uma bola
pode bater na outra um pouco de lado e as duas bolas se afastam em direções diferentes.
Mesmo nessa situação, a quantidade de movimento se conserva, mas quando vamos somar
todos os momentos, percebemos seu caráter vetorial.
A conservação da quantidade de movimento em um sistema é um dos princı́pios funda-
mentais de conservação da Fı́sica. Ele tem diversas aplicações práticas no nosso dia-a-dia.
Conforme discutimos na aula anterior, a unidade de medida da quantidade de movi-
mento no SI é kg · m/s.
Se tivermos n corpos interagindo, a conservação da quantidade de movimento de um
sistema isolado, sem agentes externos, apenas com forças de interação entre os corpos, é
definida sendo

⃗ sistema = constante.
m1⃗v1 + ... + mn⃗vn = Q (13)

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1.2.1 Exemplo
Vamos aplicar o conceito de conservação do momento em um exemplo. Um homem e
um menino movimentam-se com patins, numa mesma linha, em sentidos opostos, onde o
menino se movimenta da esquerda para direita e o homem se movimenta da direita para a
esquerda. O homem vem numa velocidade de 2 m/s; o menino, 3 m/s. Ao se encontrarem,
eles se abraçam. A massa do menino é de 40 kg e do homem de 60 kg. O que acontece
com o movimento dos dois no momento do abraço?
Resolução:
Para resolver esse problema, precisamos usar o principio da conservação do momento.
A quantidade de movimento final Qf do sistema, logo após o abraço é igual a quantidade
de movimento inicial do sistema, antes do abraço.
Convencionamos que o sentido positivo do movimento é dado para o movimento
começando na esquerda e indo para a direita.
Temos que a quantidade de movimento do menino é dada por:

Qmenino = mmenino vmenino = 40 · 3 = 120kg · m/s. (14)


A quantidade de movimento do homem, lembrando que ele está em sentido oposta ao
do menino, logo o sinal da velocidade é negativo, é

Qhomem = mhomem vhomem = 60 · (−2) = 120kg · m/s. (15)


A quantidade de movimento inicial do sistema como um todo, que é a soma da quan-
tidade de movimento entre menino e homem, é dada pela equação

Qi = Qmenino + Qhomem = 120 + (−120) = 0. (16)


Como os dois se abraçam no momento de encontro, eles devem permanecer juntos com
velocidade V após o abraço. Logo a quantidade de movimento final é

Qf = mmenino V + mhomem V = (mmenino + mhomem )V. (17)


A conservação do momento diz que

Qi = Qf , (18)
ou seja,
(mmenino + mhomem )V = 0. (19)
Resultando em V=0. Isso significa que após eles se abraçarem, eles param.
Essa é uma aplicação da conservação da quantidade de movimento.

1.2.2 Exercı́cios
1. Um atirador segura firmemente sua arma preparando-se para o tiro. Por que razão
ele sente o impacto exercido pela arma no seu ombro?
2. Quem tem maior momento: um caminhão pesado em repouso ou uma prancha de
skate em movimento?
3. Qual é o momento de uma bola de boliche de 8 kg que rola a 2 m/s?
4. Um pedaço arredondado de 2 kg de massa de vidraceiro move-se a 3 m/s quando
colide violentamente contra outro pedaço parecido, de 2 kg, do mesmo material, que se
encontra em repouso. Mostre que, imediatamente após a colisão, a velocidade do bocado
de massa formado pelos dois originais, agora grudados um no outro, vale 1,5 m/s.

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1.3 Aula 3 - Leis de Newton e Impulso
Lembrando da aula anterior, temos que a quantidade de movimento é a tendência
de um corpo se movimentar. Se imaginarmos um nadador em movimento, ele empurra a
água para conseguir se movimentar, adquirindo quantidade de movimento em um sentido.
Quanto mais água ele empurra, maior será o esforço muscular e quantidade de movimento
que ele adquire.
No caso na bola de bilhar, para colocar a bola em movimento, o jogador faz um esforço
muscular para imprimir uma velocidade no taco. Quando o taco entra em contato com a
bola, este exerce uma força que por sua vez depende do tipo de tacada.
Pode-se dizer que, para alterar a quantidade de movimento de um objeto, é necessária
a ação de uma força que também é uma grandeza vetorial, dependendo da direção e
sentido da variação da quantidade de movimento.
Imagine um carro que fique sem gasolina. Uma pessoa que tente o empurrar sozinha
vai demorar um tempo significativo para imprimir uma certa quantidade de movimento no
mesmo. Duas pessoas empurrando o carro conseguem a mesma quantidade de movimento
em um tempo menor que só uma pessoa empurrando. Para frear um carro, o motorista
deve imprimir uma força de sentido contrário ao do movimento.
Uma freada repentina, as rodas são impedidas de girar e os pneus são arrastados no
chão. O atrito entre o pneu e o chão, vai agora tentar empurrar o chão para frente e o
carro para trás, fazendo com que a quantidade de movimento do carro diminua até ele
parar.
Uma freada suave os pneus não são arrastados. A ação dos freios faz diminuir a
velocidade de rotação da roda. Como a força de atrito que aparece entre o pneu e o chão
é menor que na situação anterior, o carro leva mais tempo até parar.
Você deve está pensando o que é força de atrito. Ela é uma força contrária ao movi-
mento como percebeu. Não se importe agora sobre ela, voltaremos a discuti-lá logo.
Para as duas situações, a força de atrito diminui de uma para a outra, levando um
intervalo de tempo maior para que o carro para de andar. Com o carro freando a partir
da mesma velocidade inicial, a variação da velocidade para os dois casos ∆⃗v é a mesma,
já que a velocidade final é nula. A massa é constante em ambos os casos, temos a mesma
variação da quantidade de movimento:

⃗ = m∆⃗v .
∆Q (20)
A variação da quantidade de movimento em cada caso é provocada por forças de atrito
cada vez menores, atuando em intervalos de tempo cada vez maiores. Matematicamente
podemos dizer então que a variação da quantidade de movimento é:

⃗ = F⃗ ∆t,
∆Q (21)
onde F representa a força de atrito, mas poderia ser qualquer outra força, uma vez que
esse princı́pio pode se generalizar. ∆t é a variação de tempo entre os instantes iniciais e
finais. A variação da quantidade de movimento representa o que chamamos de impulso.
Para os presentes casos, como estamos freando, ∆Q ⃗ é negativo, já que Q
⃗ f inal é nula.
Sendo assim, temos que

⃗ =Q
∆Q ⃗ f inal − Q
⃗ inicial . (22)
A força neste caso também é negativa, já que ela se opõe ao movimento.

10
A variação da quantidade de movimento de um objeto é igual ao produto da força
que a provoca pelo intervalo de tempo em que esta força é aplicada. Isso só vale se F⃗ for
constante ou se ∆t for muito pequeno.
De forma geral, temos que a força é dada pela equação:

∆Q⃗
F⃗ = . (23)
∆t
A força responsável pela variação da quantidade de movimento de um objeto é igual a
razão entre esta variação e o tempo necessário para produzi-la. Essa força tem direção e
sentido, o mesmo da variação da quantidade de movimento.
Pela equação 20 e 21 vemos uma relação entre essas duas equações. A primeira está
associada a variação de velocidade que um corpo está sujeito e a outra está associada
à força que é provocada durante um certo intervalo de tempo. Se uma dada força for
aplicada a um objeto durante um dado intervalo de tempo, quanto maior for a massa do
objeto, menor será a variação da velocidade do objeto. Para levar um objeto do repouso a
uma certa velocidade, quanto maior for a força aplicada, menor será o tempo de aplicação
necessário. Essa é a relação entre essas duas equações que podemos colocar em destaque
numa igualdade:

F⃗ ∆t = m∆⃗v . (24)
Dividindo essa equação em ambos os lados por ∆t, temos assim

∆⃗v
F⃗ = m . (25)
∆t
Definimos a divisão ∆⃗v /∆t sendo a aceleração de um corpo. A aceleração é a taxa de
variação da velocidade por unidade de tempo. Essa é a aceleração média. Sua unidade de
medida é, então metro dividido por segundo vezes segundo, ou seja, metro dividido por
segundo ao quadrado (m/s2 ). Podemos então definir a aceleração sendo:

∆⃗v
⃗a = . (26)
∆t
A aceleração é um vetor como a velocidade e tem a mesma direção e sentido da variação
da velocidade.
Temos assim que a força pode ser definida sendo:

F⃗ = m⃗a. (27)
A unidade de força é o quilograma da massa vezes o metro e dividido por segundo ao
quadrado (kg · m/s2 ), ou então para abreviar, o Newton (N). Sempre falamos na unidade
Newton para força.
A massa que aparece tanto na quantidade de movimento, tanto na definição de força,
é a medida da inércia de um corpo. Quanto maior for a massa, mais difı́cil será alterar a
velocidade.
Com todas essas implicações podemos assim enunciar as três leis de Newton. Conforme
discutimos, a massa é o fator de inércia de um corpo. Podemos dizer que a quantidade
de movimento de um objeto ou sistema se conserva se a resultante de todas as forças
externas atuantes nele for zero. Forças externas que dizer que só podem existir forças de
contato entre os corpos, que iremos discutir melhor posteriormente.

11
Esta afirmação da conservação da quantidade de movimento implica então que na
ausência de forças externas o estado de movimento (ou não movimento) de um objeto
se mantêm. Essa é a formulação da primeira lei de Newton. De forma mais sintetizada,
quando não há aceleração, ou seja, variação da velocidade, o corpo tende a continua em
seu estado anterior.
Se a velocidade é nula, a quantidade de movimento é nula e o corpo fica parado. Se
o corpo tem velocidade, ele está em movimento, tendo quantidade de movimento. Esse
estado só é modificado se alterarmos a velocidade, ou seja, produzirmos uma força.
a primeira lei de Newton sintetiza tudo discutido anteriormente e podemos definir ela
de forma mais simples: ”Se um corpo está parado ou em movimento, ele tende a continua
em seu estado anterior, a não ser que se aplique uma força para mudar o seu estado.”A
primeira lei de Newton define os referenciais inerciais.
A segunda lei de Newton é a força como a variação da quantidade de movimento por
unidade de tempo, ou seja,


∆Q
F⃗ = = m⃗a. (28)
∆t
é a definição de força.
Para um carro se mover em um sentido, ele empurra o chão em sentido oposto. Para
que exista aceleração é preciso que exista atrito entre os pneus e o chão para acelerar ou
frear o carro.
No caso de um jogador de futebol, quando o mesmo chuta uma bola com o pé, atua
uma força de igual intensidade, direção, mas de sentido oposto à força para golpear a
bola. Tal força age sobre o desportista e ela sempre aparece aos pares e são denominadas
de ação e reação.
Na colisão de dois carros, a intensidade da força que um exerce no outro é a mesma.
Estas forças provocam a mesma variação da quantidade de movimento de cada um dos
carros, mas em sentidos opostos. Ou seja,

⃗ carro1 = −∆Q
∆Q ⃗ carro2 . (29)
Se dividirmos essa equação por ∆t, temos então que:

F⃗carro1 = −F⃗carro2 . (30)


Podemos dizer então que à ação de uma força sempre corresponde a reação de outra
força que lhe é igual em módulo e direção, mas com sentido oposto. Essa é a terceira
lei de Newton. A ação e a reação atuam em objetos diferentes, e portanto em diferentes
partes de um sistema. Essas três leis implicam em como uma força muda o movimento e
em como a quantidade de movimento do sistema se conserva.

1.3.1 Exemplos
Exemplo: Após o chute para cobrança de uma penalidade máxima, uma bola de
futebol de massa igual a 0,4 kg sai com velocidade igual a 24 m/s. O tempo de contato
entre o pé do jogador e a bola é de 0,03 s.
a) qual a quantidade de movimento adquirida pela bola com o chute?
b) qual a força média aplicada pelo pé do jogador?
Resolução

12
a) a bola está inicialmente em repouso, logo sua velocidade inicial, ⃗vi , é nula. Só após
o chute adquire uma velocidade que podemos designar como ⃗vf , velocidade final. Logo,
temos que a variação da velocidade é

∆⃗v = ⃗vf − ⃗vi = ⃗vf . (31)


Temos que a variação da quantidade de movimento é

⃗ = m∆⃗v = m⃗vf .
∆Q (32)
A variação da quantidade de movimento adquirida pela bola tem a mesma direção e
sentido da velocidade final. Vamos calcular apenas o módulo dela.
Temos com, m = 0,4 kg e vf = 24m/s:

∆Q = 0, 4 · 24 = 9, 6 kg · m/s. (33)
Como a bola está inicialmente em repouso, a quantidade de movimento inicial é nula
Qi = 0. Logo, com ∆Q = Qf − Qi , temos:

Qf = 9, 6 kg · m/s. (34)
E tem a mesma direção e sentido de vf .

1.3.2 Exercı́cios
1. A aceleração é proporcional à força resultante ou ela é igual à força resultante?
2. Enuncie a segunda lei de Newton do movimento.
3. Se a força resultante que atua sobre um bloco que desliza é de algum modo tripli-
cada, em quanto cresce a aceleração?
4. Quando você empurra uma parede com seus dedos, eles se dobram porque sofrem
ação de uma força. Identifique essa força.
5. Enuncie a terceira lei de Newton do movimento.
6. Considere um sistema que consiste em uma única bola de futebol. Se você chutá-la,
existirá uma força resultante para acelerar o sistema? Se um colega seu chutar a bola ao
mesmo tempo e com uma força de mesma intensidade e sentido contrário, existirá uma
força resultante para acelerar o sistema?
7. Um avião a jato cuja massa é de 40 toneladas ejeta 100 kg de gás que sofre uma
variação de velocidade de 500 m/s.
a) qual a variação da velocidade do avião?
b) qual a força aplicada no avião se o tempo de ejeção foi de 5 segundos?
c) qual a variação da quantidade de movimento ou impulso sofrida pelo avião?
8. Um menino se surpreende ao machucar o pé chutando uma caixa que ele julgava
vazia. Entretanto, havia um tijolo no seu interior. Como as leis de Newton permitem
interpretar situações desse tipo?
9. Um cavalo está atrelado a uma carroça e a puxa com uma força F⃗ . Por outro lado,
a carroça puxa o cavalo com uma força F⃗ , de mesma intensidade e de sentido contrário.
Sendo assim, por que o cavalo se move?

13
1.4 Aula 4 - Sı́ntese das leis de Newton, força de atrito, elástica
e peso
1.5 Aula 5 - Mais aplicações das leis de Newton
1.6 Aula 6 - Coisas que rodam (momento angular)
1.7 Aula 7 - Momento de inércia
1.8 Aula 8 - Torque
1.9 Aula 9 - Cinemática
1.10 Aula 10 - Lançamentos e movimento circular
1.11 Aula 11 - Trabalho
1.12 Aula 12 - Energia mecânica
1.13 Aula 13 - Gravitação universal
1.14 Aula 14 - Estática
1.15 Aula 15 - Hidrostática 1
1.16 Aula 16 - Hidrostática 2
1.17 Aula 17 - Hidrostática 3

14
2 Segundo Ano
2.1 Aula 1 - Conversa sobre termodinâmica
Quais são as coisas e os fenômenos relacionados ao aquecimento e ao resfriamento que
você conhece?
Vocês podem citar substâncias e suas propriedades, além de aparelhos e processos
térmicos envolvidos que conheçam. De todo modo, é importante discutir o funcionamento
de alguns aparelhos que forem citados, para que toda a turma compreenda a relação com
a pergunta acima. Um dos processos que se espera citar, e caso não cite é importante
ressaltar, é o da troca de calor, que será discutido posteriormente.
Ao longo de toda a abordagem foram citados diferentes elementos e cada um deles
pode ser classificado da seguinte maneira:

1. substâncias e materiais;
2. processos, fenômenos e conceitos;
3. aparelhos, sistemas naturais e máquinas.

O principal foco desse levantamento é a ideia de que a termodinâmica estuda um


sistema com muitas partı́culas que podemos chamar de moléculas.
A termodinâmica estuda fluidos e fases. O tratamento de fluidos de modo básico é
ministrado no primeiro ano do ensino médio. Trataremos especificamente de gases.
Antes de mencionar gases é importante ressaltar de modo breve o que são átomos e
moléculas.

2.1.1 A hipótese atômica


O átomo vem da ideia de algo que não se divide. Essa noção foi identificada na história
pelos gregos do século V a.c. Os gregos pensavam que toda matéria era feita desses
pequenos átomos. Aristóteles, que estudou o movimento, tinha a noção que toda matéria
é formada por diferentes combinações de quatro elementos. Essa hipótese discordava da
ideia dos gregos.
Em 1800 John Dalton explicou as reações quı́micas com a suposição de que toda
matéria é formada de átomos. E essa hipótese é bastante similar com a dos gregos.
Quando observamos a matéria em um microscópio, notamos movimentos aleatórios e
irregulares dos pequenos átomos presentes. Esse movimento é chamado de Browniano.
Os átomos são bem pequenos e invisı́veis a olho nu.
Algumas caracterı́sticas dos átomos são:

1. eles são incrivelmente pequenos;


2. os átomos são numerosos;
3. os átomos estão em perpétuo movimento.

Praticamente toda a massa de um átomo está em seu núcleo atômico. O seu núcleo é
extremamente denso.
Agora um novo conceito se faz importante, que é o de moléculas. De modo bem simples
uma molécula consiste em dois ou mais átomos mantidos juntos pelo compartilhamento
de elétrons.

15
Com toda essa discussão podemos definir um gás. Um gás é um aglomerado de
moléculas que não estão tão próximas assim, que podem fluir livremente em qualquer
lugar, recipiente e que tem um movimento bastante aleatório.

2.1.2 Temperatura
Conforme discutimos anteriormente, um gás contém muitas moléculas. Essas moléculas
estão em um movimento aleatório que já denominamos de Browniano. Esse movimento
tem relação com o que chamamos de temperatura.
Toda matéria, seja sólida, lı́quida ou gasosa, é composta desses átomos e moléculas
em constante movimento. Por conta desse movimento aleatório, os átomos e moléculas
da matéria possuem energia cinética. A média da energia cinética de todas as moléculas
individuais produz a sensação de quente.
A quantidade que informa quão quente ou frio é um objeto em relação a algum padrão
é o que chamamos de temperatura. Um instrumento que mede a temperatura é chamado
de termômetro.
IMAGEM DE UM TERMÔMETRO FEITA POR MIM!!!
Expressamos a temperatura da matéria por meio de um número que corresponde
à quantidade de graus de aquecimento ou de esfriamento em alguma escala escolhida.
Quando se eleva a temperatura os materiais sofrem uma dilatação. Se contraem quando
as temperaturas diminuem. Termômetros medem a temperatura por meio da dilatação
ou contração de um lı́quido, dentro de um tubo de vidro dotado de uma escala. Existem
três tipos de escalas que são bem conhecidas no mundo.
A escala mais usada é a Celsius. Ela define que o número zero é a temperatura na
qual a água congela e o número 100 quando a água entra em ebulição. O espaço entre
esses dois números é dividido em 100 partes iguais, chamadas de graus.
A escala Fahrenheit define que o número 32 de sua escala é quando a água congela e
212 quando a água ferve.
a escala Kelvin é calibrada em termos da energia da água. O número zero absoluto é
a temperatura mais baixa, na qual a energia cinética das moléculas é praticamente nula.
O zero absoluto é dado por −273◦ na escala Celsius. As divisões da escala Kelvin tem o
mesmo tamanho da escala Celsius, de modo que a temperatura de fusão do gelo é 273K.
Não existe número negativos nessa escala.
De modo geral, a temperatura está relacionada ao movimento aleatório dos átomos
e moléculas de uma substância. A temperatura é proporcional à energia cinética média
”translacional”do movimento molecular.

2.1.3 Relações entre as escalas termométricas


Vamos chamar de θC a temperatura em Celsius, θF em Fahrenheit e T em Kelvin.
Podemos relacionar as três escalas por meio de algumas equações que iremos abordar em
seguida.
Celsius e Fahrenheit

θC − 0 θF − 32
=
100 − 0 212 − 32
θC θF − 32
= . (35)
5 9

16
Fahrenheit e Kelvin
θ − 32 T − 273
= (36)
9 5
Celsius e Kelvin

θC T − 273
=
5 5
θC = T − 273. (37)

Agora vamos resolver alguns exercı́cios para fixar as ideias de temperatura.

2.1.4 Exercı́cios
1. Transforme 250◦ C em graus:
a) fahrenheit;
b) Kelvin.
2. Um termômetro de mercúrio é calibrado de modo que, a temperatura de 0◦ C, a
altura da coluna é de 4 cm, e, na temperatura de 100◦ a altura é de 8 cm. Determine:
a) a função termométrica que relaciona a temperatura θC com altura h da coluna de
mercúrio;
b) a altura da coluna quando a temperatura é de 40◦ C.

2.2 Aula 2 - Calor


Conforme conversamos na aula anterior, podemos pensar em alguns equipamentos do
nosso dia-a-dia que façam parte da fı́sica térmica e que tenham relação com tempera-
tura. Um primeiro equipamento que pensamos são os fogões e aquecedores em geral, que
funcionam queimando combustı́vel ou utilizando resistores.
Para o caso dos que funcionam queimando combustı́vel, eles funcionam por meio da
transformação de energia quı́mica em energia térmica. No caso dos resistores existe a
transformação de energia elétrica em energia térmica.
O combustı́vel utilizado nos fogões é o GLP (gás liquefeitos de petróleo), contido em
botijões de gás. Quando ele é liberado, entrando em contato com o oxigênio do ar e na
presença de uma faı́sca, transforma a energia quı́mica em energia térmica. Esse processo
recebe o nome de combustão. A energia térmica em questão chamamos de calor. Há
várias maneiras de se obter esse tipo de energia além da combustão. Podemos encontrar
também por meio do atrito entre objetos ou moléculas.
Carros, outros veı́culos, aviões e o corpo humano também precisam dessa energia para
funcionar perfeitamente. No caso do corpo humano não é utilizado um combustı́vel lı́quido
como nos anteriores, é utilizada a reação da queima dos alimentos para sua manutenção.
Conforme foi falado, o atrito também provoca calor, como as freadas dos carros, esfre-
gando as mãos, a compressão do ar pelas bombas de bicicleta, marteladas. Compressão
de gases e choques mecânicos estão classificados juntamente com a energia proveniente do
atrito. O aquecimento dos objetos nesses casos acontecem pela transformação de energia
mecânica em energia térmica.
Uma outra forma de perceber a transferência de energia é entre dois corpos que estão
com temperaturas diferentes. Observando o exemplo da água, quando fervemos ela, ini-
cialmente ela está com uma temperatura, só que o fogo, que é o proveniente de energia,

17
no caso, do calor, está com uma temperatura maior. Com isso, percebe-se que a energia
é transferida de um corpo mais quente para o corpo mais frio.
Então o calor é a energia transferida de uma coisa para outra coisa por causa da dife-
rença de temperatura entre elas. A fonte de calor em todos os processos de transferência
de calor é o que está com a temperatura maior. Quanto maior aquecido um objeto, maior
a temperatura do mesmo.
Quando dois sistemas estão com a mesma temperatura eles não trocam calor, havendo
assim o que chamamos de equilı́brio térmico. O calor é a energia em trânsito de um corpo
para outro, em que o corpo proveniente de calor está com uma temperatura maior que o
do outro corpo, e não uma energia do corpo em si. Uma vez transferida, a energia deixa
de ser calor.
Para entender isso podemos fazer a analogia de calor com trabalho, em que um corpo
não tem um trabalho associado a ele e sim realiza trabalho.
Desde o estudo da mecânica, aprendemos diversos conceitos e também que existem
vários tipos de energia. Com a discussão acima, aprendemos sobre o calor que é um tipo
de energia. Mas agora vamos falar de um outro conceito que é o de energia interna do
sistema.
A energia interna é a soma total de todas as energias no interior de uma substância.
Logo, um corpo ou substância não tem calor próprio, mas tem uma energia interna asso-
ciada a ele. Essa energia pode ser cinética, potencial, quı́mica, entre outras. Quando um
corpo absorve ou cede calor a sua energia interna aumenta ou diminui.
Se dois corpos estão em contato térmico, o calor flui de um corpo com a temperatura
maior para o de menor temperatura, mas isso não ocorre se um corpo tem maior energia
interna que o outro que tem menor energia interna. Uma tigela de água morna tem mais
energia interna do que uma tachinha com faı́scas. A tachinha com faı́scas que cederá calor
para a tigela, uma vez que sua temperatura é maior.
A quantidade que flui de calor não depende apenas da diferença de temperatura entre
os corpos, ela depende também da quantidade de material que existe. Um balde cheio de
aguá quente transfere mais calor que uma xı́cara de café quente para outro corpo.
A unidade de medida de calor é o joules, mas também é utilizada a unidade de medida
chamada: caloria. A caloria é definida sendo a quantidade de calor para alterar a tempe-
ratura de uma frama de água em um grau Celsius. Calor é uma forma de transferência
de energia, e não uma substância com sua própria existência. A relação entre caloria e
joules é:

1 caloria = 4, 184 joules


Agora vamos pensar no caso em que dois objetos, supondo um pão em que colocamos
e ma fritadeira para que fique quente e uma sopa, ambos a mesma temperatura. Passado
alguns minutos, observamos que o pão ficou frio e a sopa não ficou tanto assim. Qual
relação com a energia interna do sistema tem essas duas situações? Bem, substâncias
diferentes possuem capacidades diferentes de armazenar energia. Para aquecer a água até
ela entrar em ebulição, ou seja, começar a evaporar, demora um tempo maior do que para
aquecer uma barra de ferro.
Diferentes materiais requerem diferentes quantidades de calor para elevar a tempera-
tura de uma determinada massa a um determinado número de graus. Logo, materiais
diferentes absorvem energia de maneiras diferentes.
Diferentes substâncias são formadas por moléculas de distintas massas. Dessa forma,
para uma massa total, a substância constituı́da por moléculas de menor massa conterá

18
um número maior de moléculas se a compararmos com outra substância cujas moléculas
têm massas menores.
Com a hipótese de que à mesma temperatura as moléculas devem ter a mesma energia
cinética, então é necessário fornecer no total maior quantidade de calor àquela substância
cujas moléculas são de menor massa e, portanto, são em maior número, ou seja, àquela
que possui maior calor especı́fico.
Podemos dizer que o calor especı́fico de qualquer substância é definido como a quanti-
dade de calor requerida para alterar a temperatura de uma unidade de massa da substância
em um grau. Denotamos o calor especı́fico com a letra c.
Para uma determinada massa de uma determinada substância, quanto maior a quan-
tidade de calor fornecida, maior a variação da temperatura do objeto. Além disso, quanto
maior a massa do objeto, maior a quantidade de calor necessária para provocar a mesma
variação de temperatura dessa substância. Podemos designar assim o calor especı́fico pela
equação:
Q
c= , (38)
m∆T
onde Q é a quantidade de calor fornecida ou cedida; m é a massa da substância; ∆T é a
variação de temperatura.
Essa equação define bem como relacionar quantidade de calor, massa, calor especı́fico
e a variação da temperatura em um processo que é cedido ou fornecido calor a um corpo.
De modo geral, nos livros a equação é denotada da forma:

Q = mc∆t. (39)
Existe também um outro ente importante que é a capacidade térmica, denotada pela
letra C, de um corpo. Ela é a capacidade de calor necessária para elevar ou diminuir a
temperatura de um corpo de 1◦ . Matematicamente, temos
Q
C= . (40)
∆T
Observando as duas últimas equações, temos que a capacidade térmica de um corpo é
também definida sendo

C = mc. (41)

2.2.1 Calor Latente


Uma substância pode sofrer uma mudança em seu estado fı́sico de uma substância
significa uma nova disposição das moléculas que a constituem. Aquecendo uma substância
que está inicialmente em estado sólido, as moléculas vão se movimentando, aumentando
sua energia cinética até a substância atingir uma certa temperatura. Essa é a temperatura
de mudança de estado. As moléculas vão se afastando e adquirem velocidade para romper
toda a rede cristalina e começa a mudança de estado.
Continuando a transferir energia para a substância, o processo de afastamento das
moléculas contı́nua até que toda a rede se desfaça e a substância passe para o estado
lı́quido dela. A temperatura permanece constante durante esse processo. O ponto de
fusão da substância o valor da temperatura em que ele muda de estado.
No caso contrário, a transferência de energia da substância para a sua vizinhança,
a distância entre as moléculas diminui. A energia cinética se mantém durante todo o

19
processo de mudança de estado. Existem outras mudanças de estado que iremos discutir
posteriormente.
O calor latente está associado especificamente às mudanças de estado, e pode ser
entendida como a energia necessária para romper a interação entre as moléculas. Essa
propriedade varia de acordo com a mudança de estado. E ele também é distinto para
diferentes substâncias.
Podemos dizer então que o calor latente está relacionado com a quantidade de calor
necessária para modificar o estado fı́sico de uma substância, alterando a organização en-
tre suas moléculas, aumentando ou diminuindo a energia potencial entre elas (atração).
Quanto maior for a massa de uma substância, maior a quantidade de calor que deve-
mos ceder para realizar a mudança de estado, pois também o número de moléculas que
interagem é maior. O calor latente pode ser expresso da seguinte maneira:
Q
L= , (42)
m
onde L é o calor latente da substância; Q a quantidade de calor fornecida ou cedida; m a
massa da substância. Por essa equação temos que a quantidade de calor necessária para
derreter (ou mudar o estado de outra forma) certa massa de uma substância é:

Q = mL. (43)
Retornaremos a essa equação quando discutirmos a mudança de estado de forma mais
detalhada.

2.2.2 Exemplos
Exemplo 1. Para enchermos uma bola de futebol com uma bomba, é necessário
adaptar a ela um ”bico”, que diminui a área por onde o ar é expelido. Se o corpo da
bomba dor de metal, é possı́vel perceber que, ao efetuarmos essa operação, a bomba
apresenta determinado aquecimento. Explique por que isso ocorre.
Resolução
O aquecimento que ocorre nessa operação se deve ao atrito entre o pistão e o corpo da
bomba e também à compressão do ar. A passagem do ar para dentro da bola é dificultada
pelo ”bico”e pelo aumento da pressão do ar dentro da bola. Dessa forma, a cada bombada
torna-se necessário comprimir cada vez mais o ar que se encontra no interior da bomba.
São essas compressões que, além do atrito, provocam o aquecimento da bomba.
Exemplo 2. Um corpo com 250 g, ao absorver 930 cal, aumenta sua temperatura em

40 C. Utilizando as informações sobre calores especı́ficos apresentada na página 24, de
que substância pode ser constituı́do esse corpo?
Resolução
Ao absorver uma quantidade de calor Q = 930cal, a temperatura aumenta em ∆T =
40◦ C. Assim, temos que:

Q = mc∆T
930 = 250 · c · 40
930
c= = 0, 093cal/g ◦ C
10.000
Pesquisando rapidamente, descobrimos que a substância é o cobre.

20
2.2.3 Exercı́cios
1. Em que sentido flui a energia interna entre objetos quentes e frios?
2. Faça distinção entre calor e energia interna ou os dois termos são a mesma coisa?
3. O que aquece mais rápido quando lhe é fornecido calor – ferro ou prata? Exempli-
fique o motivo.
4. Uma substância que esfria rapidamente possui um calor especı́fico alto ou baixo?
5. Um atleta põe na perna uma bolsa de água quente, com 600 g de água à temperatura
inicial de 60◦ C.Após 1 hora ele observa que a temperatura da água é de 42◦ C. Se o calor
especı́fico da água é igual a 1 cal/g ◦ C, qual é a perda de energia da água por segundo?
6. Sabendo que o calor latente de fusão do gelo é igual a 80 cal/g, calcule quantas
calorias 200 g de gelo a 0◦ C devem absorver para fundir completamente, sem variação de
temperatura.

2.3 Aula 3 - Trocas de calor e processos de troca de calor


Na troca de calor entre objetos que estão com diferentes temperaturas em sistemas
isolados a energia se conserva, ou seja, a energia cedida ou liberada pelo objeto que está
a maior temperatura deve ser igual à recebida pelo objeto que está a menor temperatura.
Uma das consequências da troca de calor entre corpos é a variação de temperatura, sendo
essa variação positiva. Neste caso, dizemos que o calor é positivo.
Um corpo que cede calor também tem por consequência a variação da sua temperatura.
Neste caso a variação é negativa e o seu calor cedido é negativo.
Pelo princı́pio da conservação da energia podemos dizer que dois ou mais corpos trocam
calor apenas entre si quanto estão isolados. A soma das quantidades de calor trocadas
entre eles até atingir o equilı́brio térmico deve ser igual a zero, ou seja,

Qcedido + Qrecebido = 0. (44)


Para medir a quantidade de calor trocada entre corpos utilizamos o calorı́metro. O
calorı́metro não pode permitir perdas de energia para o meio externo, logo ele deve ser
feito de paredes adiabáticas. Processos adiabáticos não permitem a troca de calor com o
meio.
Tendo dito isso, agora vamos falar dos diferentes tipos de troca de calor. Vamos
abordar as três diferentes formas em que o calor é transmitido.

2.3.1 Condução
Quando colocamos uma panela sobre uma chama de fogão observamos que ela leva
certo tempo para ser totalmente aquecida. Até mesmo as superfı́cies interna e externa do
fundo da panela, onde se encontram os alimentos.
O aquecimento da panela, mesmo o das partes que não entram em contato direto com
a chama, nos indica que houve propagação de calor através do material que a constitui.
Microscopicamente, isso significa que as moléculas que entram em contato com a fonte de
calor adquirem energia cinética extra.
Na interação entre as moléculas, esse aumento de energia cinética altera a energia
potencial de interação entre as moléculas vizinhas, pois ao vibrar mais intensamente as
moléculas se afastam mais da posição de equilı́brio.

21
Essas interações são interpretadas como choques entre as moléculas, que se propagam
por toda a extensão do objeto, resultando no aquecimento da parte que não estava em
contato direto com a fonte de calor.
Imagina então você tostando um marshmallow na ponta de um garfo, sobre uma
fogueira de acampamento. Durante o aquecimento, não só o marshmallow, mas o garfo
vai ficando mais quente e consequentemente esse calor chega até a sua mão. Logo esse é
um exemplo prático do que foi explicado acima.
O processo de troca de calor por condução, que é o que acabamos de explicar, está
vinculado com a interação entre as moléculas. Quanto maior a interação, mais eficiente
será a troca. Assim, podemos entender por que uma substância no estado sólido é em
geral melhor condutora de calor do que uma que está em estado lı́quido ou gasoso.
Os sólidos formados por átomos com um ou mais de seus elétrons mais externos “fra-
camente” ligados, são bons condutores de calor (e de eletricidade). Os metais possuem os
elétrons externos mais “fracamente” ligados, que são livres para transportar energia por
meio de colisões através do metal. Por essa razão, eles são excelentes condutores de calor
e de eletricidade. A prata é o melhor condutor de todos, seguido do cobre e, entre os
metais comuns, o alumı́nio e depois o ferro são os próximos em ordem. Lã, madeira, ca-
nudo, papel, cortiça e isopor, por outro lado, são condutores de calor pobres. Os elétrons
mais externos dos átomos desses materiais estão firmemente ligados. Os maus condutores
são denominados isolantes. Lã, madeira, palha, papel, cortiça e isopor são bons isolantes
térmicos. Diferentemente dos elétrons dos metais, os elétrons mais externos dos átomos
desses isolantes se encontram firmemente presos.
Vamos pensar em um parede recebendo luz do sol durante uma tarde inteira, onde a
temperatura é bastante elevada. Ao anoitecer essa parede ainda pode estar quente. Esse
aquecimento depende do material de que é feita a parede, da sua espessura e da diferença
de temperatura entre o ambiente externo e interno da casa.
Vamos considerar dois ambientes, 1 e 2, que estão separados por uma parede de área
A e espessura e, conforme a imagem a baixo.
IMAGEM QUE EXEMPLIFIQUE ISSO FEITA POR MIM
Cada meio é mantido em temperaturas θ1 e θ2 constantes, sendo que θ1 > θ2 . A
quantidade de calor Q é transmitida através da parede no tempo ∆t, e a quantidade
que relaciona essas duas grandezas é o fluxo de calor Φ, que passa através da parede.
Matematicamente, temos que:
Q
Φ= . (45)
∆t
O fluxo de calor é diretamente proporcional à área atravessada e à diferença de tempe-
ratura entre os dois lados da parede. Ele também é inversamente proporcional à espessura
da parede atravessada. Matematicamente essas grandezas são expressas por:

Q A(θ1 − θ2 )
Φ= =K . (46)
∆t e
A constante K depende das caracterı́sticas do material que constitui a parede. Chamamos
ela como a condutividade térmica ou coeficiente de condutividade térmica do material.
Ela é a capacidade do material de conduzir calor. Essa passagem de calor é por meio da
condução térmica.

22
2.3.2 Convecção
Os lı́quidos e os gases transmitem calor principalmente por convecção, que é a trans-
ferência de calor devido ao próprio movimento do fluido. Diferentemente da condução
(em que o calor é transmitido por meio de sucessivas colisões de átomos e de elétrons), a
convecção envolve o movimento de “bolhas” de matéria – fruto do movimento médio das
moléculas de um fluido.
A convecção pode ocorrer em todos os fluidos, sejam lı́quidos ou gases. Se aquecemos
água em uma panela ou aquecemos o ar de uma sala, o processo é o mesmo.
FIGURA MOSTRANDO ISSO
Quando o fluido é aquecido por baixo, as moléculas do lı́quido que estão no fundo
passam a mover-se mais rapidamente, afastando-se, em média, mais umas das outras,
tornando menos denso o material, de maneira que surge uma força de empuxo que empurra
o fluido para cima. O fluido mais frio e mais denso, então, move-se de modo a ocupar o
lugar do fluido mais quente do fundo. Dessa maneira, as correntes de convecção mantêm
o fluido em circulação enquanto ele esquenta – o fluido mais aquecido afastando-se da
fonte de calor e o fluido mais frio movendo-se em direção à fonte de calor.
Como o empuxo da água está relacionado com a força gravitacional, então podemos
dizer que ela ação da força gravitacional, as camadas de água mais densas (mais frias)
descem ao fundo da panela, deslocando as camadas menos densas (já aquecidas) para
cima.
As correntes de convecção ocorrem também na atmosfera, afetando com isso o clima.
Quando o ar é aquecido, ele se expande. Desse modo, ele se torna menos denso que o
ar circundante. Como um balão, ele sofre ação de um empuxo ascendente. Quando o ar
que se elevou alcança uma altitude na qual sua densidade se iguala à do ar circundante,
ele para de subir. Isso é evidente quando vemos a fumaça do fogo elevar-se e depois se
acomodar quando resfria e sua densidade se iguala à do ar circundante mais no alto. O
ar aquecido se expande ao elevar-se, porque ao atingir altitudes maiores, uma pressão
atmosférica menor o estará comprimindo. Quando o ar se expande, se resfria. (Faça
o seguinte experimento agora mesmo: com sua boca aberta, sopre sobre sua mão. Sua
respiração é morna. Agora repita isso, mas desta vez contraia seus lábios para que formem
uma passagem estreita, de modo que o ar de sua respiração se expanda ao deixar sua boca.
Observe que esse ar está bem mais frio! Expandindo-se, o ar esfria. Isso é o oposto do
que ocorre quando o ar é comprimido.
Podemos compreender o resfriamento do ar que sofre uma expansão concebendo as
moléculas de ar como sendo minúsculas bolas de pingue-pongue ricocheteando umas nas
outras. Uma bola aumenta sua rapidez ao ser atingida por outra que se aproxima dela
com uma rapidez maior. Mas quando uma delas colide com outra que está se afastando,
sua rapidez após o ricocheteio é reduzida. Analogamente com uma bola de pingue-pongue
que se movimenta em direção à raquete; ela se torna mais rápida depois de colidir com
uma raquete que se aproxima, mas perde rapidez ao colidir com uma raquete que se afasta.
A mesma ideia se aplica a uma região em que o ar está se expandindo: suas moléculas
colidem, em média, mais com moléculas que estão se afastando, do que com moléculas
que estão se aproximando.
A convecção ocorre sempre que fluidos estão submetidos a temperaturas diferentes.
Ela é a responsável pelas nuvens do céu e contribui para as correntes oceânicas de águas
profundas. No próprio interior da Terra, a convecção do material semiderretido é pro-
vavelmente a causa da deriva das placas tectônicas, o que produz terremotos e erupções
vulcânicas. A convecção desempenha um papel importante também no interior do Sol.

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Ela é o processo central responsável por muito do que acontece ao nosso redor.

2.3.3 Radiação
A energia vinda do Sol atravessa o espaço, depois a atmosfera terrestre para, então,
aquecer a superfı́cie da Terra. Essa energia não passa através da atmosfera por condução,
pois o ar é um mau condutor. Também não passa por convecção, pois esta só tem inı́cio
quando a Terra já está aquecida. Também sabemos que no espaço vazio entre nossa
atmosfera e o Sol não é possı́vel haver transmissão da energia solar por convecção ou
condução. Assim, vemos que a energia deve ser transmitida de outra maneira – por
radiação. A energia transmitida dessa maneira é denominada energia radiante.
A energia radiante está na forma de ondas eletromagnéticas. Isso inclui as ondas de
rádio, as micro-ondas, a radiação infravermelha a luz visı́vel, a radiação ultravioleta, os
raios X e os raios gama. Essas formas de energia radiante estão listadas por ordem de
comprimento de onda, do mais longo para o mais curto. A radiação infravermelha (abaixo
do vermelho) tem um comprimento de onda mais longo do que o da luz visı́vel. Os mais
longos comprimentos de onda visı́veis são os da luz vermelha e os mais curtos são os da
luz violeta. A radiação ultravioleta (além do violeta) tem comprimentos de onda mais
curtos ainda.
Todas as substâncias a qualquer temperatura acima do zero absoluto emitem energia
radiante. Se tudo está emitindo energia, então por que os objetos todos não esgotam
finalmente sua energia? A resposta é: tudo está absorvendo energia. Bons emissores de
energia radiante são também bons absorvedores dela; maus emissores são maus absorve-
dores. Por exemplo, uma antena de rádio construı́da para ser um bom emissor de ondas
de rádio é também, por sua própria concepção, um bom receptor (absorvedor) delas. Uma
antena transmissora mal projetada será também um mau receptor.

2.3.4 Efeito Estufa e mudança climática


Um automóvel estacionado em uma rua sob o Sol brilhante em um dia quente, com
as janelas fechadas, pode atingir uma temperatura interior muito elevada – consideravel-
mente maior do que a do ar exterior. Este é um exemplo do efeito estufa, assim chamado
porque é o mesmo efeito que ocorre em uma estufa de floricultura. Compreender o efeito
estufa requer o conhecimento de dois conceitos.
O primeiro deles já foi estabelecido – que todas as coisas irradiam, e a frequência
e o comprimento de onda da radiação dependem da temperatura do objeto emissor da
radiação. Objetos em altas temperaturas irradiam ondas de comprimentos de onda curtos;
a temperaturas baixas, os objetos irradiam ondas longas. O segundo conceito de que
precisamos é conhecer como a transparência de coisas como o ar ou o vidro depende do
comprimento de onda da radiação. O ar é transparente tanto às ondas infravermelhas
(longas) quanto às ondas visı́veis (curtas), a menos que o ar contenha um excesso de
vapor d’água e de dióxido de carbono, quando passa a ser opaco ao infravermelho. O
vidro é transparente às ondas visı́veis, mas é opaco a ondas infravermelhas.
Como e por que um carro fica tão quente à luz solar: comparada ao carro, a tempera-
tura do Sol é muito alta. Isso significa que as ondas irradiadas por ele são muito curtas.
Estas facilmente atravessam tanto a atmosfera terrestre quanto o vidro das janelas do
carro. Assim a energia proveniente do Sol penetra no interior do carro, onde, exceto por
reflexões, ela é absorvida. O interior do carro se aquece e irradia suas próprias ondas
correspondentemente, porém, uma vez que o interior do carro não é tão quente quanto

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o Sol, as ondas emitidas são mais longas. As ondas longas irradiadas deparam-se com o
vidro, que não é transparente a elas. Assim, a energia reirradiada permanece dentro do
carro, o que o aquece ainda mais (razão porque definitivamente não é uma boa ideia você
deixar seu animal de estimação no carro em um dia quente e ensolarado).
O mesmo efeito ocorre na atmosfera da Terra, que é transparente à radiação solar. A
superfı́cie da Terra absorve essa energia e reirradia parte dela como radiação terrestre de
comprimento de onda mais longo. Os gases da atmosfera (principalmente o vapor d’água
e o dióxido de carbono) absorvem e reemitem boa parte dessa radiação terrestre de longo
comprimento de onda de volta para a Terra. A radiação terrestre que não consegue escapar
da atmosfera terrestre evita que a Terra seja fria demais para nós. Este efeito estufa é
muito benéfico, pois a Terra seria tão fria quanto −18◦ C. Durante os últimos 500.000
anos, a temperatura média da Terra tem flutuado desde abaixo de zero, nas idades do
gelo, até os 15◦ C do presente ponto alto – e continua subindo.
Um credo importante é: “você jamais altera apenas uma coisa”. Altere uma coisa, e
você alterará outra. Uma temperatura terrestre ligeiramente mais alta significa oceanos
ligeiramente mais quentes, o que leva a mudanças no clima e nos padrões de tempestade.
Tem se formado um consenso entre os cientistas de que o clima da Terra está se tornando
mais quente rápido demais. Este fenômeno é denominado aquecimento global ou seu
resultado – mudança climática.
O tempo é o estado da atmosfera em um particular momento e em um determinado
local – sua temperatura, umidade, pressão, precipitação, vento e nuvens. O clima é o
padrão do tempo em regiões maiores e a longo de durações maiores. Um verão quente ou
um único furacão não constitui evidência de aquecimento global ou mudança climática.
O aquecimento global e a mudança climática são mais do que flutuações do tempo, que
vão e que vêm. O consenso cientı́fico é de que a mudança climática é real.

2.3.5 Exercı́cios
1. Qual é o papel desempenhado nos condutores de calor pelos elétrons “fracamente”
ligados?
2. Por que materiais como lã, peles de animais e penas de aves são bons isolantes
térmicos?
3. Com a quantidade de calor que ”atravessa”uma parede de concreto de 10 cm de
espessura (K = 2 · 10−3 cal/s · cm ·◦ C) e área de 9 · 104 cm2 , em um intervalo de tempo de
100 s, quando suas faces experimentam uma diferença de temperatura de 40◦ C, é possı́vel
fundirmos um cubo de gelo de 10 cm de aresta, a 0◦ C e pressão normal. O calor latente
do gelo é 80 cal/g. Determine a densidade do cubo de gelo.
4. Uma barra de alumı́nio tem uma de suas extremidades em contato com vapor de
água, e a outra com gelo em fusão. O comprimento da barra é 25 cm e a sua seção
transversal é 5cm2 . Sabendo que a barra é isolada lateralmente, calcule:
a) o fluxo de calor na barra em meia hora;
b) a massa de gelo que se funde em meia hora;
c) a massa de vapor que se condensa no mesmo tempo.
Utilize os dados: Kar = 0, 5cal/s · cm ·◦ C; LF = 80cal/g; LV = 540cal/g.
5. Um bom isolante impede o calor de atravessá-lo ou torna mais lenta a sua passagem?
6. Quando uma molécula de ar é atingida por uma molécula que está se aproximando
rapidamente, em sentido oposto, sua rapidez após o ricochete aumenta ou diminui? E
quando ela é atingida por uma molécula que está se aproximando com o mesmo sentido?

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7. Por que o aparelho de ar condicionado deve ser colocado na parte superior do
ambiente?
8. De que maneira as velocidades das moléculas do ar são afetadas quando elas se
afastam umas das outras ao saı́rem pelo bico de um balão de criança?
9. Qual é a principal diferença entre a propagação de calor por condução e por
convecção?
10. Em dias frios os pássaros costumam eriçar suas penas. Por que isso ocorre e qual
o processo de troca de calor que está acontecendo?
11. O que é radiação terrestre?
12. Um recipiente contém água quente. Ao aproximar uma das mãos sem encostar
nele, primeiro ao lado, depois acima, e em seguida abaixo, talvez você tenha sensações
diferentes. Considerando os processos de transmissão de calor, explique por quê.
13. Uma vez que todos os objetos emitem energia para sua vizinhança, então por que
suas temperaturas não diminuem continuamente?
14. Qual é a explicação para que cobertas feitas de penas de ave esquentem melhor?
15. Duas xı́caras idênticas, uma pintada de branco e a outra pintada de preto, recebem
a mesma quantidade de café à temperatura de 80◦ C. Qual delas esfria mais depressa?
16. Um calorı́metro cujo equivalente em água é igual a 35 g, contém 115 g de água à
temperatura de 20◦ C. Colocam-se, então, no calorı́metro, mais 300 g de água à tempera-
tura de 50◦ C. Calcule a temperatura de equilı́brio térmico.

2.4 Aula 4 - Dilatação térmica


2.5 Aula 5 - Mudanças de fase

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3 Terceiro Ano
3.1 Aula 1 - Conversa sobre eletromagnetismo e sua história
Quais aparelhos e componentes elétricos e eletrônicos vocês utilizam e conhecem? Essa
abordagem inicial é interessante por nos guiar para caminhos interessantes no ramo do
eletromagnetismo. De todos os elementos ditos por vocês nós podemos agrupar cada um
deles em diferentes ramos do eletromagnetismo. Os ramos são:
1. aparelhos resistivos;

2. motores elétricos;

3. fontes de energia elétrica;

4. elementos de sistemas de comunicação e informação;

5. semicondutores;

6. componentes elétricos e eletrônicos.


Essa discussão visa ter o entendimento que o eletromagnetismo está muito presente
em nosso dia-a-dia em diversos contextos interessantes. E desses contextos podemos
compreender muito bem a vida em nossa volta.
Agora vamos trabalhar com a evolução dos conceitos do eletromagnetismo.

3.1.1 A evolução do Eletromagnetismo (EM)


No inı́cio, várias áreas do EM se desenvolveram independentemente.

1. eletricidade ≈ 1650 − 1820

2. magnetismo ≈ 1650 − 1820

3. galvanismo (eletricidade animal) ≈ 1780 − 1870

4. óptica ≈ 1670 − 1860

A teoria do EM foi construı́da no paradigma da mecânica. Sabemos que a natureza é


constituı́da de partı́culas, que interagem via forças no espaço vazio. Neste caso, todos os
fenômenos seriam mecânicos.
Um exemplo disso é: a luz foi inicialmente considerado como constituı́da de partı́culas
(Newton), e quando passou a ser onda (Hyngens, Young 1800) era uma oscilação de um
meio elástico (éter). Com a relatividade, o éter sumiu, e a luz passou a ser uma onda não
mecânica. Na mecânica quântica a luz é feita de ”partı́culas”(1925).
Os principais eventos da unificação do EM:
-Oersted(1820): A corrente elétrica tem efeito sobre um ı́mã. Corrente é fonte de
magnetismo.
-Bio e Savart(1820)/Ampère(1820): Uma descrição qualitativa sobre corrente e
calculo da força magnética entre duas correntes.
-Faraday(1831): Campo magnético variável no tempo gera campo elétrico.
-Maxwell(1864): Ele conseguiu unificar todas as equações de campo do EM. Previu
que um campo elétrico variável no tempo gera campo magnético.

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A combinação das duas leis da indução descreve uma onda eletromagnética (detectada
cerca de 1930, anos após a descoberta) A luz é uma onda eletromagnética.
Na eletrostática, uma fonte gera um campo. Um campo é um ente fı́sico no espaço
que é capaz de exercer forças em outros entes que o sentem ao entrar em contato com ele.

3.1.2 Cargas e campos


Vamos iniciar falando sobre a carga elétrica.
Charles de Fay (cerca de 1733) disse que existem dois tipos de carga elétrica.
Os não metais podem ser carregados eletricamente por fricção, aquecimento e indução.
Os dois tipos de cargas: ”vétrea”que é designada como positiva e ”resinosa”que é
designada como negativa (âmbar - ”elektron”).
Corpos carregados com eletricidades do mesmo tipo se repelem e de tipos diferentes
se atraem. Designamos o sinal negativo para cargas negativas e positivo para cargas
positivas.
A carga elétrica de um sistema de cargas é sempre conservada.
Todas as cargas elétricas são múltiplos da carga do elétron, ou seja,

Q = ne (47)
A unidade de carga no SI é o Coulomb. O valor da carga do elétron é

e = 1, 6 × 10−19 C. (48)

A carga elétrica é que gera um campo no espaço. Podemos então pensar em cargas
elétricas positivas. As linhas de campo que saem de uma carga positiva é sempre para
fora da carga. Já para cargas negativas é o contrario, as linhas de campo sempre entram
na carga negativa.
IMAGENS QUE MOSTREM ISSO FEITAS POR MIM
Quanto maior a distância da carga elétrica que gerou o campo, menor será a interação
e a força sentida pela outra carga que entrou naquele espaço. A carga elétrica que gera o
campo não sente a ação do próprio campo gerado por ela.
A carga elétrica é conservada. É um principio fundamental da fı́sica que a carga se
conserve. Em um átomo neutro, existe o mesmo número de elétrons e prótons, de modo
que a carga total é nula. As positivas cancelam exatamente as negativas. Se um elétron
for removido de um átomo, então ele não será mais neutro. O átomo terá, neste caso,
uma carga positiva (um próton) a mais em relação às negativas (os elétrons), e se diz que
ele está positivamente carregado ou eletrizado. Um átomo carregado é chamado de ı́on.
Um ı́on positivo possui uma cara positiva. Um ı́on negativo é negativamente carregado.

3.2 Aula 2 - Condutores e isolantes, eletrização e polarização


da carga elétrica
3.2.1 Condutores e isolantes
É fácil estabelecer uma corrente elétrica - que vamos discutir o que seja posteriormente,
mas de modo geral podemos dizer que são as cargas em movimento - em metais, porque
um ou mais dos elétrons das camadas mais externas desses átomos não estão firmemente
presos aos núcleos. Ao contrário, eles são praticamente livres para vagar pelo material.
Tais materiais são chamados de bons condutores.

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Em outros materiais, borracha e vidro, por exemplo, os elétrons estão firmemente
ligados e pertencem de fato a átomos individuais. Eles não são livres para vagar por
entre os outros átomos do material. Consequentemente, não é fácil fazê-los fluir. Esses
materiais são maus condutores de corrente elétrica pela mesma razão pela qual eles são
normalmente maus condutores de calor. Esses materiais são chamados de bons isolantes.
Alguns materiais, como o germânio (Ge) e o silı́cio (Si), não são bons condutores nem
bons isolantes. Esses materiais caem no meio da faixa de resistividade elétrica, sendo
condutores medı́ocres em sua forma cristalina pura e tornando-se excelentes condutores
quando apenas um átomo em 10 milhões é substituı́do por uma impureza, que adiciona
ou retira elétrons da estrutura cristalina. Materiais que podem se comportar algumas
vezes como isolantes e algumas vezes como condutores são chamados de semicondutores.
Camadas finas de materiais semicondutores empilhadas juntas formam os transı́stores,
usados para controlar o fluxo de corrente em circuitos, detectar e amplificar sinais de rádio
e produzir oscilações elétricas em transmissores; atuam também como chaves digitais.
Um condutor ordinário oferece apenas uma pequena resistência ao fluxo de carga
elétrica. Um isolante oferece uma resistência muito maior (abordaremos o tópico sobre
resistência elétrica nas próximas aulas). Incrivelmente, em certos materiais a tempera-
turas suficientemente baixas, a resistência elétrica desaparece. O material então deixa
de oferecer resistência (condutividade infinita) ao fluxo de carga. Esses são os materiais
supercondutores.

3.2.2 Eletrização
Podemos eletrizar objetos transferindo elétrons de um lugar para outro. Podemos fazer
isso por contato fı́sico, como ocorre quando as substâncias são friccionadas uma na outra,
ou simplesmente se tocam. Ou podemos redistribuir a carga de um objeto simplesmente
colocando um objeto eletricamente carregado próximo a ele – isso é chamado de indução.
Uma atividade que quero que façam é estudar e anotar as principais consequências de
cada eletrização dita acima.

3.2.3 Polarização da carga elétrica


A eletrização por indução não é um processo restrito aos condutores. Quando um
bastão eletrizado é trazido para próximo de um isolante, não existem elétrons livres para
migrar através do material isolante. Em vez disso, ocorre um rearranjo das cargas no
interior dos próprios átomos e moléculas. Embora os átomos não se movam de suas
posições relativamente fixas, seus “centros de carga” são deslocados. Um dos lados do
átomo ou molécula, pela indução, torna-se mais negativo (positivo) do que o lado oposto.
Dizemos que o átomo ou molécula está eletricamente polarizado. Se o bastão estiver
negativamente eletrizado, digamos, então a parte positiva do átomo ou molécula é puxada
em direção ao bastão, e sua parte negativa, no sentido oposto. As parte positiva e negativa
dos átomos ou moléculas tornam-se alinhadas. Eles estão eletricamente polarizados.

3.3 Aula 3 - Força e Campo elétrico


3.4 Aula 4 - Potencial elétrico

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