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DIREITO AMBIENTAL1
PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL
Pessoal, agrupei alguns pontos que podem ser tratados em conjunto e, por isso, vocês podem ter a impres-
são que o material está fora de ordem, mas tudo de importante está por aqui 😊
Vamos juntos!
1 - Meio Ambiente. Teoria Geral do Direito Ambiental. Conceito. Natureza. Fontes e Princípios.
Conceito clássico, que engloba ar, água, solo, etc. Previsto na PNMA como “o conjunto
Meio Ambiente Na- de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
tural (Físico) permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. O conceito legal é amplo, mas
não o suficiente para o presente na CF/88.
Meio Ambiente do Integra a proteção do homem em seu local de trabalho, com observância das normas
Trabalho de segurança. Abrange saúde, prevenção de acidentes, dignidade, etc.
4 - Bens Ambientais.
Competências Legislativas
Segundo o STF, os Estados e Municípios podem legislar sobre o meio ambiente, desde que maneira har-
mônica com a norma federal sobre o tema.
Na verdade, o STF manteve norma estadual questionada na ADI, mas não por considerá-la compatível com
a norma geral editada pela União. Como a causa de pedir nas ações de controle abstrato de constitucionalidade é
aberta, o Supremo acabou por declarar a inconstitucionalidade da norma federal (lei 9.055/95, art. 2º) que permitia
o uso do amianto com certas restrições, de modo que, ausente norma geral de caráter nacional, são válidas as
normas estaduais que proíbem o uso do amianto, como a lei estadual impugnada na ADI em questão.
As leis estaduais que proíbem o uso do amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95
é inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado
em 24/8/2017 (Info 874).
#SELIGANASÚMULA
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. STJ. 1ª
Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).
#DEOLHONAJURIS #FOCOMUNICIPAL: O Município é competente para legislar sobre o meio ambiente, jun-
tamente com a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu interesse local e desde que esse regramento seja
harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da CF/88).
O STF julgou inconstitucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego de fogo para fins de
limpeza e preparo do solo no referido município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de cana-
-de-açúcar e de outras culturas. (Info 776).
#DEOLHONAJURIS: Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos
de embarcações, oleodutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente,
sendo essa matéria de competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI
2030/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).
#DEOLHONAJURIS #FOCOMUNICIPAL: É constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja
a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões
considerados aceitáveis. O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição,
quando se tratar de interesse local. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
#JURIS #AJUDAMARCINHO: É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que
os usuários dos serviços de água tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede pública de
água. O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abastecimento de água para as casas por meio
de poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede pública de saneamento básico. STJ. 2ª Turma.
REsp 1306093-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Info 524).
As águas subterrâneas são consideradas como bens do Estado-membro (art. 26, I da CF/88).
A competência para legislar sobre a defesa dos recursos naturais e a proteção do meio ambiente é concorrente,
sendo, portanto, também de competência dos Estados-membros (art. 24, VI da CF).
Por fim, é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger o meio
ambiente (art. 23, VI) e registrar, acompanhar e fiscalizar a exploração de recursos hídricos e minerais em seus
territórios (art. 23, XI).
Assim, a intervenção dos Estados-membros nos assuntos hídricos não só é permitida como é também impera-
tiva.
ESTRUTURA DO SISNAMA
Órgão Consultivo e
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
Deliberativo
#ATENÇÃO: No texto da Lei 6.938/81 consta como órgão central a “Secretaria de Meio Ambiente”. Contudo,
em 1992, esta secretaria foi transformada em Ministério do Meio Ambiente. Consequentemente, o presidente do
CONAMA que era o Secretário passou a ser o Ministro.
LICENCIAMENTO LICENÇA
Apenas um ente político (U, E, DF ou M) expede a licença. Não há possibilidade de mais de um ente expedir licença
para o mesmo empreendimento.
LICENCIAMENTO
LICENÇA DE INSTALA-
ORDINÁRIO Autoriza a instalação do empreendimento.
ÇÃO
RENOVAÇÃO DO O pedido de renovação deve ser feito com antecedência MÍNIMA de 120 dias.
LICENCIAMENTO
O prazo de validade ficará AUTOMATICAMENTE renovado até manifestação definitiva
(LC 140/2011 e Res.
do órgão ambiental competente.
CONAMA 237/97)
A LC 140 aponta que o poder de polícia administrativo deve ser exercido pelo órgão res-
ponsável pelo licenciamento.
- A LC 140 denomina taxa de licenciamento o valor devido pelo empreendedor ao órgão ambiental competente.
Contudo, a taxa de licenciamento não se confunde com a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA).
#DEOLHONAJURIS
A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal dos cursos d’água, em toda
sua extensão, fixado pelo Código Florestal. A norma federal conferiu uma proteção mínima, cabendo à legisla-
ção municipal apenas intensificar o grau de proteção às margens dos cursos d’água, ou quando muito, manter
o patamar de proteção ( jamais reduzir a proteção ambiental). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 07/02/2019 (Info 643).
#JURISPRUDÊNCIAIMPORTANTE #AJUDAMARCINHO
O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:
1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar a intervenção
excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional
à atividade proposta;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de
que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área de preservação permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas entre
áreas com identidade ecológica;
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da
execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de deca-
dência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorren-
tes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição
ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”.
Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais. STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF,
ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018 (Info 892)
Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos
do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiver-
sidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;
A obrigação de reparação a degradação ambiental é “propter rem”, isto é, adere ao título de domínio ou posse
independente do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação.
Art. 7º, §2º. A obrigação prevista no §1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência
de domínio ou posse do imóvel rural.
O STJ entende que a pretensão para a reparação ambiental é imprescritível (REsp 1.120.117).
#DEOLHONAJURIS: Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja regis-
trada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no Cadastro Ambiental
Rural (CAR). STJ (Info 561).
UTILIDADE PÚBLICA
INTERESSE SOCIAL
#AJUDAMARCINHO
“não se mostra compatível com o art. 225 da CF/88 autorizar-se a relativização da proteção da vegetação nativa
protetora de nascentes, por exemplo, para “gestão de resíduos” ou para a realização de competições esportivas.”
“A intervenção em áreas de preservação permanente deve ser excepcional, a fim de evitar o comprometimento
das funções ecológicas de tais áreas. Diante disso, o STF afirmou que essa previsão do art. 3º, VIII e IX, é consti-
tucional, mas que a interpretação a ser dada é a de que somente pode haver intervenção em área de proteção
permanente (APP) em casos excepcionais e desde que comprovada a inexistência de alternativa técnica e/ou
locacional à atividade proposta.”
#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO
É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização de atividades
exclusivamente de lazer
É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de vegetal em Área de Preservação
Permanente (APP) para a realização de “pequenas construções com área máxima de 190 metros
quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de inconstitucionalidade formal
e material. Há inconstitucionalidade formal porque o Código Florestal (lei federal que prevê as normas gerais
sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de edi-
ficação com finalidade meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve um
excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente ecologicamente equi-
librado, cujo titular é a coletividade, em face do direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de LEI, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
DOMÍNIO E POSSE
PRIVADO PÚBLICO OU PRIVADO PÚBLICO
Monumento Natural (MONA) Estação Ecológica (EE)
Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Reserva Biológica (RB)
Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Nacional (PARNA)
Reserva Particular
do Patrimônio Sus- Floresta Nacional (FLONA)
tentável (RPPN) Área de Relevante Interesse Reserva Extrativista (RESEX)
Ecológico (ARIE) Reserva de Fauna (REFAU)
Reserva de Desenvolvimento Sustentável
(RDS)
#NÃOCONFUNDIR:
Todas as “reservas”, com exceção da RPPN, são de domínio público.
Todas as “áreas” podem ser de domínio público ou privado.
Unidades de uso sustentável: admite-se o uso direto da natureza, desde que de forma sustentável.
É a UC que pode ser formada por áreas públicas ou particulares, em geral extensas,
Área de proteção com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos ou mesmo
ambiental culturais, visando promover a diversidade e assegurar a sustentabilidade do uso dos
recursos.
É a UC que pode ser formada por áreas públicas ou particulares, em geral de pouca
Área de relevante extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais
interesse ecológico extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, visando manter a
manter ecossistemas naturais de importância regional ou local.
É a UC de propriedade pública, composta por uma área coberta de vegetação
predominantemente nativa, com o objetivo de manter o uso sustentável dos recursos
Floresta nacional
e desenvolver a pesquisa científica, sendo permitida a ocupação por populações tra-
dicionais.
É a UC de propriedade pública utilizada pelas populações extrativistas tradicionais
como condição de sobrevivência, que têm o uso concedido pelo Poder Público, po-
Reserva extrativista
dendo haver agricultura e criação de animais de pequeno porte, sendo permitida a
visitação pública e a pesquisa.
É a UC de propriedade pública, composta por área natural com animais nativos,
Reserva da fauna adequada ao estudo científico, ligada ao manejo dos recursos faunísticos, permitida
a visitação pública e proibida a caça.
É a UC de propriedade pública composta por área natural e que abriga popula-
Reserva de desen-
ções tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração
volvimento susten-
transmitidos por gerações, protegendo a natureza, permitida a visitação pública e a
tável
pesquisa.
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
A compensação ambiental é instrumento previsto no art. 36 da Lei 9.985/00. Obriga o empreendedor a apoiar a
implantação e manutenção de Unidades de Conservação do Grupo de Proteção Integral nos casos de empreendi-
mento que causem significativo impacto ambiental com fundamento no EIA/RIMA.
#DEOLHONAJURIS: O STF na ADI 3.378-6 entendeu que a compensação ambiental é constitucional, ela não
ofende o princípio da legalidade e também não há violação ao princípio da separação dos Poderes. Contudo,
à luz do princípio da proporcionalidade, o STF entendeu inconstitucional a fixação de percentual mínimo para
reparação. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental,
após estudo em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa.
#AJUDAMARCINHO
Deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas
entre áreas com identidade ecológica. Veja o que diz a Lei:
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa jurídica de direito públi-
co ou privado, mediante termo assinado pelo titular da CRA e pelo adquirente. (...) § 2º A CRA só pode ser utilizada
para compensar Reserva Legal de imóvel rural situado no mesmo bioma da área à qual o título está vinculado.
A compensação da Reserva Legal é um mecanismo previsto no Código Florestal segundo o qual o pro-
prietário ou possuidor que não estiver cumprindo os percentuais de Reserva Legal em sua propriedade poderá
regularizar a situação adquirindo (comprando) CRAs.
Quem tem uma propriedade que cumpre os percentuais de Reserva Legal e possui vegetação excedente
(“a mais” do que exige a lei) pode emitir CRA e quem tem déficit de Reserva Legal pode compensá-lo compran-
do CRA.
O novo Código Florestal adotou o critério do bioma para fins de compensação da Reserva Legal. Assim, o
§ 2º do art. 48 previu que a CRA pode ser utilizada para compensar Reserva Legal de imóvel situado no mesmo
bioma da área à qual o título está vinculado. Em outras palavras, o proprietário que quiser adquirir CRA deverá
comprar de imóveis rurais situados no “mesmo bioma”.
O STF entendeu que a aquisição de uma área no mesmo bioma é insuficiente como mecanismo de com-
pensação. Isso porque pode acontecer de, dentro de um mesmo bioma, existir uma alta heterogeneidade de
formações vegetais. Assim, pela redação legal, o proprietário poderia, dentro de um mesmo bioma, “compensar”
áreas com formações vegetais completamente diferentes, já que, como dito, existe essa grande heterogeneida-
de.
Desse modo, o STF acolheu os argumentos técnicos no sentido de que as compensações devem ser
realizadas somente em áreas ecologicamente equivalentes, considerando-se não apenas o mesmo bioma, mas
também as diferenças de composição de espécies e estrutura dos ecossistemas que ocorrem dentro de cada
bioma.
Em outras palavras, não basta que a área seja do mesmo bioma, é necessário também que haja identida-
de ecológica entre elas.
STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados
em 28/2/2018 (Info 892).
FUNDAMENTOS
Água é um bem de domínio público: reitera o domínio estatal das águas conforme o previsto na CF, que re-
parte entre os Estados e a União. O STJ entende insuscetível de apropriação, podendo o particular no máximo
explorar com autorização (REsp 518.744).
A PNRH foi editada visando assegurar à atual e presentes gerações disponibilidade de água em padrões
adequados, utilização racional e integrada de tais recursos e prevenção e defesa contra eventos hidrológicos
críticos, seja de origem natural ou pelo uso inadequado dos recursos.
Água é um recurso natural limitado com valor econômico: a cobrança tem como fundamento máximo
racionalizar seu uso e evitar seu desperdício, dando noção ao usuário do seu real valor, além de obter recursos
para financiar os projetos e intervenções. Consagra o princípio do usuário-pagador.
Os valores arrecadados devem ser utilizados prioritariamente na mesma bacia hidrográfica.
Em situações de escassez o uso prioritário é o consumo humano e dessedentação de animais, isso pode inclu-
sive motivar a suspensão da outorga do direito de uso.
Gestão dos recursos deve proporcionar o uso múltiplo das águas: deve servir ao abastecimento humano,
irrigação, atividades industriais, respeitada a vocação da bacia hidrográfica, sendo integrada com a gestão
ambiental e realizada de maneira descentralizada, com a participação do Estado, usuários e comunidade.
A bacia hidrográfica é considerada a unidade territorial.
Não implica em alienação, apenas no direito de uso (Art. 18). No âmbito federal a entidade competente é a
ANA, por meio de autorização, devendo cada Estado fixar seu órgão para tal. Estão sujeitos a outorga inclusive
o lançamento de corpos nas águas.
Não depende de outorga o uso de recursos para satisfação de pequenos núcleos populacionais no meio rural,
derivação, captação, lançamento e acumulações consideradas insignificantes. Em tal caso não existe cobrança,
só é realizada quando há outorga.
Poluidor é pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por
atividade causadora de degradação ambiental.
#DEOLHONAJURIS: O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a céu aberto, em
local onde, apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a presença de material orgânico,
o acesso de outros particulares seja fácil, consentido e costumeiro, responde objetivamente pelos danos sofridos
por pessoa que, por conduta não dolosa, tenha sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decor-
rentes de contato com os resíduos. STJ (Info 544).
a) Penal
b) Cível
c) Administrativa
Art. 225, § 3º da CF/88. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou JURÍDICAS, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de re-
parar os danos causados [cível].
#DEOLHONAJURIS: Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a
sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente
degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo. STJ (Info 526)
#DEOLHONAJURIS: Determinada empresa de mineração deixou vazar resíduos de lama tóxica (bauxita), dei-
xando inúmeras famílias desabrigadas e sem seus bens móveis e imóveis. O STJ, ao julgar a responsabilidade
civil decorrente desses danos ambientais, fixou as seguintes teses em sede de recurso repetitivo: a) a responsa-
bilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral b) em decorrência do acidente, a
empresa deve recompor os danos materiais e morais causados e c) na fixação da indenização por danos morais,
recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa,
ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos
pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à reali-
dade da vida e às peculiaridades de cada caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa
de quem recebe a indenização e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados por
aquele que fora lesado. STJ. (Info 545).
#DEOLHONAJURIS:
- A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA, informada pela teoria do RISCO INTEGRAL. Não são
admitidas excludentes de responsabilidade, tais como o caso fortuito, a força maior, fato de terceiro ou culpa
exclusiva da vítima. O valor a ser arbitrado como dano moral não deverá incluir um caráter punitivo. É ina-
dequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo imediato, pois a punição é
função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim, não há que se falar em danos punitivos (punitive
damages) no caso de danos ambientais. STJ, julgado em 26/3/2014 (recurso repetitivo) (Info 538).
- As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicuña no momento de sua explosão, no Porto de
Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente suportados por pes-
cadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuízos (proibição temporária da
pesca) à conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol transportado). Situação concreta: três
indústrias químicas adquiriam uma grande quantidade de “metanol”, substância utilizada como matéria-prima
para a produção de alguns medicamentos. Elas adquiriram o metanol da METHANEX CHILE LIMITED, empresa
chilena que ficou responsável tanto pela contratação quanto pelo pagamento do frete marítimo. O navio con-
tratado pela empresa chilena para o transporte foi o “BTG Vicuña”, de bandeira do Chile. Ocorre que quando
já estava atracado no porto de Paranaguá/PR, o navio explodiu. Isso provocou uma tragédia ambiental porque
houve o vazamento de milhões de litros de óleo e de metanol. Em razão do derramamento, a pesca na região
ficou temporariamente proibida. STJ. 2ª Seção. REsp 1602106-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
25/10/2017 (Info 615).2
- João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa dos Estados de São
Paulo e Paraná. A empresa “XXX”, após vencer a licitação, iniciou a construção de uma usina hidrelétrica neste
rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve uma grande redução na quantidade de alguns peixes exis-
tentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Vale ressaltar que estes peixes eram os mais procurados
pela população e os que davam maior renda aos pescadores do local. Diante deste fato, João ajuizou ação de
indenização por danos morais e materiais contra a empresa (concessionária de serviço público) sustentando que
a construção da usina lhe causou negativo impacto econômico e sofrimento moral, já que ele não mais pode-
ria exercer sua profissão de pescador. O pescador terá direito à indenização em decorrência deste fato? Danos
materiais: SIM. Danos morais: NÃO. STJ. 4ª Turma. REsp 1371834-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
5/11/2015 (Info 574)
#DEOLHONASÚMULA
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. STJ. Corte Especial.
Aprovada em 24/10/2018, DJe 30/10/2018.
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018,
DJe 17/12/2018.
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de
não fazer cumulada com a de indenizar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
- Responsabilidade Administrativa:
#DEOLHONAJURIS: Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa sem a ne-
cessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98). STJ. (Info 561).
2 Como se vê dos julgados acima, em que pese a responsabilidade ser objetiva e informada pela teoria do risco integral, ainda assim há de ser comprovado
o nexo de causalidade.
A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou culpa
para sua configuração. STJ. 2ª Turma. REsp 1640243/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017.
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. STJ. 1ª
Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.
O que é a teoria do fato consumado?
Segundo a teoria do fato consumado, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas
por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança jurídica e da estabilida-
de das relações sociais (STJ. REsp 709.934/RJ).
A teoria do fato consumado não se aplica para violações ao meio ambiente. Nesse sentido:
“6. Não prospera também a alegação de aplicação da teoria do fato consumado, em razão de os moradores já
ocuparem a área, com tolerância do Estado por anos, uma vez que tratando-se de construção irregular em Área
de Proteção Ambiental-APA, a situação não se consolida no tempo. Isso porque, a aceitação da teoria equivaleria
a perpetuar o suposto direito de poluir, de degradar, indo de encontro ao postulado do meio ambiente equilibra-
do, bem de uso comum do povo essencial à qualidade sadia de vida. (...)” STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 28.220/
DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 18/04/2017.
Haverá a demolição mesmo que a construção irregular tenha sido feita com autorização dos órgãos
ambientais: Constatado que houve edificação irregular em área de preservação permanente, o fato de ter sido
concedido licenciamento ambiental, por si só, não afasta a responsabilidade pela reparação do dano causado ao
meio ambiente, mormente quando reconhecida a ilegalidade do aludido ato administrativo (STJ. 2ª Turma. AgInt
nos EDcl no AREsp 359.140/MS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 07/12/2017)
Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar
os danos causados.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu
órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou
partícipes do mesmo fato.
#JURIS: Atualmente, o STJ e o STF consideram que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por
delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em
seu nome.
Em suma:
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.
A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da “dupla imputação”.
STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (Info 566).
STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
a) a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e para o
meio ambiente;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
OBS: Embora não listada expressamente como sanção, o art. 24 da lei n. 9605 permite a liquidação forçada da
pessoa jurídica, quando esta tiver sido constituída preponderantemente com a finalidade de praticar delitos am-
bientais, sendo o patrimônio considerado instrumento do crime. De acordo com o STJ, a liquidação forçada, pre-
sentes os seus requisitos, é modalidade de pena autônoma adequada à natureza das PJ’s (REsp 610.114).
#JURIS: É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. Ex: pessoa encontrada em uma
unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena
embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016
(Info 816).
O STF entendeu que não existia, no caso concreto, o requisito da justa causa a propiciar o prosseguimento da
ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta do agente, pela ausência de periculosidade
social da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e pela inexpressividade da lesão ju-
rídica provocada. Assim, apesar de a conduta do denunciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, o STF
entendeu que não havia a tipicidade material, consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico,
em razão da insignificância da lesão produzida no bem jurídico tutelado. A jurisprudência do STF é no sentido
da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto
— em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34,
caput, da Lei nº 9.605/98. No processo em exame, não se produziu prova material de que tenha havido qualquer
dano efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante de crime de perigo abstrato, não é possível dispensar
a verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta praticada pelo acusado com relação
ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificou no caso concreto.
No mesmo sentido, STJ: Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que
há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).
i. Um Estado não pode alterar as condições naturais de seu território e causar danos a áreas fora de sua juris-
dição (dano ambiental transfronteiriço);
iii. Princípio da SOLIDARIEDADE Não existe fronteira para o dano ambiental, impondo aos Estados a
cooperação nesse campo.
vi. Princípio da competência prioritária dos Estados para formular e executar política ambiental dentro dos
respectivos territórios, dentro dos parâmetros estabelecidos pelas normas ambientais.
vii. Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: É o centro da preocupação das normas ambientais,
por isso é que o DIMA se guia pelo antropocentrismo, em prol do bem-estar das presentes e futuras gera-
ções.
viii. Princípio da INFORMAÇÃO: Os Estados e os atores relevantes devem intercambiar o máximo de informa-
ções entre si sobre questões ambientais e isso deve ser disponibilizado para toda a sociedade.
ix. Princípio da PRECAUÇÃO: Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis ao MA, a ausência de
certeza científica absoluta não deve ser utilizada como fundamento para o adiamento da tomada
das medidas cabíveis para prevenir a degradação ambiental.