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Os contribuintes de São Bernardo devem ficar atentos para não pagar a Taxa de Conservação

de Vias e Logradouros Públicos (Consvia). Cobrada até maio de 2014, o Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJ-SP) concedeu liminar para suspender a cobrança, que considerou
inconstitucional. No entanto, o município recorreu, e o processo tramita atualmente no
Supremo Tribunal Federal (STF). Como a decisão ainda está pendente, o tributo continua
sendo lançado.

Desde a decisão em primeira instância, a prefeitura já lançou valores para os anos de 2015,
2016 e 2017. Porém esses lançamentos não foram incluídos nos carnês do Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU). Ele pode ser consultado somente por meio do site da prefeitura.

Daniela Dell Mônica Pinto, 42, secretária executiva, mora no bairro do Taboão, em São
Bernardo. Ela descobriu a existência da taxa ao consultar a situação do IPTU e se assustou com
o lançamento. "Eu nunca recebi nenhuma notificação." Ao saber que a cobrança de R$ 41,57
não deveria ser paga, ela questionou: "Por que os lançamentos continuam e, inclusive, atualiza
o valor?".

A taxa de Conservação de Vias e Logradouros Públicos é lançada anualmente para


proprietários ou donos de qualquer título de imóvel. Ela foi criada para cobrir gastos com
capinação, desentupimento de bueiros, pavimentação, limpeza e afins. Porém, sua
inconstitucionalidade se dá pelo fato de ela ser cobrada individualmente, sendo que mais
pessoas fazem uso das vias e calçadas.

"Para cobrar um serviço dessa natureza é necessário que ele beneficie diretamente o
contribuinte", explica Maria Cristina Teixeira, professora de Direito Tributário e Constitucional
da Universidade Metodista de São Paulo. "Há um conjunto de decisões muito grande,
principalmente do STF, no sentido de que não pode cobrar esse tipo de coisa em um tributo a
parte."

Para decidir o valor que cada contribuinte deve pagar, a taxa Consvia baseia-se na metragem
da fachada do imóvel. Para o TJ-SP, ela utiliza-se de base de cálculo semelhante à do IPTU, que
também leva em consideração o tamanho da área do imóvel. De acordo com o advogado
tributarista, Heitor Kulig, a base de cálculo não pode ser repetida nas taxas dos impostos.
"Senão iria coincidir os dois tributos. Iria haver tributação em cima de tributação."

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Em recurso, a defesa da prefeitura alega que a base de cálculo não é igual à do IPTU. Apesar de
a taxa do IPTU também usar a metragem do imóvel em sua base de cálculo, ele também
considera outros fatores, como alíquota, localização e categoria do imóvel.

Caso o município ganhe a ação no STF é possível que os contribuintes tenham que pagar o os
lançamentos feitos entre a liminar do TJ-SP e a decisão final. No entanto, Maria não acredita
nessa hipótese. "Possível sempre é. Mas, é improvável porque o Tribunal de Justiça já disse
que ela é inconstitucional."

*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia da Universidade


Metodista de São Paulo

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