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FACULDADE BATISTA BRASILEIRA

BACHARELADO EM DIREITO

JULIO CESAR SOARES DE SOUZA

EDSON GOMES DAMACENO

O INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA NO BRASIL

SALVADOR
2019
EDSON GOMES DAMACENO

O INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA NO BRASIL

Artigo de Trabalho de conclusão do Curso de


Graduação em Direito, apresentado como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito
da Faculdade Batista Brasileira.

Orientadora Prof.ª Renata Lorena Ribeiro

SALVADOR
2019
TERMO DE APROVAÇÃO

EDSON GOMES DAMACENO

O INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA NO BRASIL

Artigo de Trabalho de conclusão do Curso de


Graduação em Direito, apresentado como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito
da Faculdade Batista Brasileira, sob orientação da
Prof.ª Renata Lorena Ribeiro.

Banca Examinadora

Renata Lorena Ribeiro Duarte – Orientadora


Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano, pela Universidade Salvador –
Laureate Internacional Universitie.

Professor 2 Murilo

Professor 3 Gustavo Gomez

Aprovado em 05 de Dezembro de 2019.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................3
2 COLABORAÇÃO PREMIADA NA NOVA LEI DO CRIME ORGANIZADO ......9
2.1 ENTENDIMENTOS DOUTRINARIOS ACERCA DA COLABORAÇÃO
PREMIADA..........................................................................................................9

2.1.1 CONTRÁRIOS...........................................................................................10

2.1.2 FAVORÁVEIS............................................................................................11

2.2 COLABORAÇÃO PREMIADA COM O PERDÃO JUDICIAL .......................12


CONCLUSÃO ....................................................................................................14
REFERÊNCIAS ................................................................................................15
O INSTITUTO DA COLABORAÇÃO PREMIADA NO BRASIL
.

Edson Gomes Damaceno1


edson.gomes13@hotmail.com

Resumo: A colaboração premiada trata-se de uma modalidade de investigação onde


consistente na oferta de benefícios pelo Estado àquele que confessar e prestar
informações úteis ao esclarecimento do fato delituoso. O presente artigo trata do
instituto da colaboração premiada e sua natureza jurídica de perdão judicial dentro
das legislações que dele tratam. A colaboração premiada pode ser encontrada em
oito legislações específicas diversas, tais quais as Leis: de Drogas, dos Crimes
Hediondos, Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e contra as Relações de
Consumo, Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, Crime Organizado, Crimes
de Lavagem de Dinheiro, Repressão a tóxicos, Programa de Vítimas e Testemunhas
e por último no Código Penal quando se trata de Crime de Extorsão Mediante
Sequestro.
Palavras-Chave: Colaboração Premiada. Crime Organizado. Perdão Judicial.

Abstract: The award-winning collaboration is a type of investigation where it consists in


offering benefits by the State to those who confess and provide useful information to
clarify the criminal offense. This article deals with the institute of award-winning
collaboration and its legal nature of judicial pardon within the laws that deal with it. The
award-winning collaboration can be found in eight different specific legislations, such
as: Drug Laws, Heinous Crimes, Crimes Against the Tax Order, Economic and
Consumer Relations, Crimes Against the National Financial System, Organized Crime,
Money Laundering, Drug Abuse, Victim and Witness Program and lastly in the Penal
Code when it comes to Crime of Extortion Through Kidnapping.
Keywords: Awarded Collaboration. Organized crime. Judicial pardon.

1 INTRODUÇÃO
A colaboração premiada constitui a atual discussão jurídica e social visto
que existem inúmeros casos de combate ao crime organizado por meio deste
instrumento da política criminal brasileira.  Nesse sentido, uma série de juristas
passou a teorizar sobre a possibilidade da caracterização da colaboração premiada

1 Artigo de Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito, apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito da Faculdade Batista Brasileira, sob
orientação da Prof.ª Renata Lorena Ribeiro.
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como instituto de perdão judicial, entendimento que vem constituindo celeuma diante
da divergência existente a esse respeito.  
A colaboração premiada está prevista atualmente em alguns diplomas legais,
como no artigo 159 §4ª do Código Penal que trata do crime de extorsão mediante
sequestro; na Lei nº. 8.072/90, precisamente no artigo 8º § único, sobre os crimes
Hediondos; Lei nº.8.137/90 no artigo 16, § único, sobre os crimes contra a ordem
Tributária, Econômica e contra as relações de Consumo; na Lei nº. 12.850/13 em seu
artigo 4º sobre o crime Organizado; Lei nº.12.683/12 no artigo 1º, § 5º que versa sobre
Lavagem de Dinheiro; na Lei nº.9.807/99 no artigo 14 sobre a Proteção a Vítimas e
Testemunhas. Ao analisar essas leis, pode-se observar que os dispositivos que
trazem se referem aos mesmos institutos em questão, não havendo diferenças, uma
vez que as particularidades são formas diferenciadas de tratar um mesmo item
essencial: o favor premial. Assim o réu que contribuir com informações na investigação
pode, dependendo do caso, obter benefícios em sua pena.  
Portanto, quando o colaborador, ao realizar sua confissão, aponta
um corréu que o tenha auxiliado no cometimento da ação delitiva, este ato é entendido
como uma prova que não tem valor confessional, mas vale como prova testemunhal.
 Como se vê, o instituto da colaboração premiada trata-se da autoincriminação do
acusado e pode gerar diminuição de pena para o seu autor,
na atualidade, este tipo de produção probatória vem sendo de grande
importância para a resolução de diversos crimes.
No Brasil, a colaboração premiada teve sua origem nas Ordenações Filipinas,
que esteve em vigência de 1603 até a entrada em vigor do Código Criminal de 1830.
A parte criminal do Código Filipino constava no Livro V, Título CXVI, que tratava da
colaboração premiada, sob o título “Como se perdoará aos malfeitores, que derem
outros à prisão”, que concedia o perdão aos criminosos delatores e tinha abrangência,
inclusive, por premiar, com o perdão, criminosos delatores de delitos alheios.
Depois das Ordenações Filipinas, quando houve a primeira previsão legal sobre
a colaboração premiada no Brasil, não se cogitaram mais desse instituto no
ordenamento jurídico brasileiro. Quase 400 anos depois, somente em 1990, surgiu a
primeira lei e viriam outras, para regulamentar o instituto: a lei dos crimes hediondos,
Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990.

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A colaboração premiada é uma das técnicas especiais de investigação com
previsão na Lei nº 12.850/2013. Essa mesma trouxe grande avanço no que tange aos
benefícios legais que podem ser concedidos ao colaborador. Visando assim reprimir
e prevenir a ocorrência de crimes a serem praticados por estas organizações, bem
como identificar e desmantelar as já existentes.
O presente artigo tem como objetivo pesquisar a importância e aplicação do
Instituto da Colaboração Premiada no combate ao crime organizado no Brasil.
Apresentar os posicionamentos doutrinários acerca deste Instituto premial, bem como
sobre sua eficácia e validade, correlacionar a colaboração premiada com o perdão
judicial.
Justifica-se este trabalho em virtude de se abordar um assunto tão atuante e
complexo em nossa sociedade que é a colaboração premiada frente ao crime
organizado, fazendo-se necessário para fomentar a discussão acerca deste instituto
intrigante e complexo, com o auxílio dos posicionamentos dos renomados
conhecedores sobre o assunto.

2 COLABORAÇÃO PREMIADA NA NOVA LEI DO CRIME


ORGANIZADO

A colaboração premiada foi instituída de forma mais completa e qualificada na


nova Lei do Crime Organizado que prediz normas de combate às organizações
criminosas. Antes da Lei nº 12.850/2013, já existia o instituto da colaboração
premiada, porém o legislador tratou apenas em seu aspecto material ao prever
benefícios de maneira variada e sem maior uniformidade àqueles que contribuíssem
para a persecução penal.
A prática judicial é que veio suprir as lacunas em relação ao procedimento, à
legitimidade, à garantia das partes etc. Vale ressaltar que a Lei nº 12.850/2013
(Organização Criminosa) modifica essa exposição ao tratar do conteúdo e da forma
da colaboração premiada que antevê normas de compreensão clara para sua
adesão ao prevê, de forma legítima, a formulação do pedido, permitindo maior

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eficácia na investigação e combate à criminalidade sem ferir os direitos e garantias
proporcionados ao delator.
Para que a colaboração premiada seja eficiente, é preciso atender os requisitos
essenciais: deve ser voluntária, A voluntariedade da colaboração (art. 4º, caput) da
Lei nº 12.850/2013 indica que a colaboração, embora não precise ser espontânea (ou
seja, pode decorrer de orientação do advogado ou de proposta do MP), não pode ser
fruto de coação, seja física ou psíquica, ou de promessa de vantagens ilegais não
previstas no acordo. O legislador toma, nesse sentido, diversas precauções e cautelas
para garantir a voluntariedade. Assim, exige-se que em todos os atos de negociação,
confirmação e execução, o colaborador esteja acompanhado e assistido pelo
advogado (art. 4º, §15º). É a chamada “dupla garantia”, ademais, a voluntariedade é
assegurada pelo controle judicial, ao realizar a análise sobre a homologação de
eventual acordo. com circunstâncias subjetivas são a voluntariedade, a primariedade
e a personalidade favorável do agente colaborador e objetivas favoráveis a
identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa, a localização da
vítima com a sua integridade física preservada, a recuperação total ou parcial do
produto do crime e as circunstâncias favoráveis referentes à natureza do fato, forma
de execução, gravidade objetiva e repercussão social do crime, o art.4º, § 1º,
estabelece que ao ser analisada a realização de um acordo de colaboração e a
concessão do benefício, o operador deve considerar, em qualquer caso, a
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a
repercussão social do fato criminoso, além da eficácia da contribuição do caso
concreto para verificar se é ou não cabível a colaboração.
A lei disciplinou o procedimento da colaboração que visa garantir os interesses
da parte e da persecução penal. Além disso, deve haver um acordo escrito entre os
interessados, sem participação do juiz, mas o investigado deve estar acompanhado
de advogado.
Dessa forma, destaca-se a importância da Lei nº 12850/2013 na esfera de
resguardar os direitos e garantias fundamentais contemplados pela constituição de
1988 em relação aos princípios da dignidade da pessoa humana, presunção de
inocência, individualização da pena e do devido processo legal, que antes era
renegado pela Lei nº 9.034/1995.

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2.1 ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIOS EM RELAÇÃO À
COLABORAÇÃO PREMIADA

A aceitação e o repúdio, quanto à existência e aplicação da colaboração


premiada na legislação brasileira, é uma constante de questionamentos entre os
doutrinadores e estudiosos, quer pelo seu significado, quer pela sua aplicação, ou
ainda inconstitucionalidade pela alegação da ausência do contraditório, ou pelas
vantagens. Proporcionadas por este instituto, dentre outros. Assim, a seguir serão
analisados alguns desses posicionamentos e suas justificativas.

2.2 Entendimento dos Doutrinadores Contrários

A corrente doutrinária que discorda da utilização da colaboração premiada,


alega que ela inviabiliza o contraditório e a ampla defesa, além de se mostrar um
instrumento antiético que instiga a traição, indo contra os princípios morais e éticos
do Estado Democrático de Direito.
Dessa forma Roberto Garcia define a Colaboração Premiada como:

A delação sempre é ato imoral e antiético, já que a vida em sociedade


pressupõe a confiança que os homens têm uns nos outros, cuja
quebra gera desagregação, que por sua vez traz desordem, que não
se coaduna com a organização visada pelo pacto social e com a
ordem constitucional instituída [...] Não podendo um Estado valer-se
de meios antiéticos nem pode incentivar condutas que não se
coadunem com os preceitos éticos e morais, ainda que, a sociedade
possa ao final se beneficiar.

Reforçando os argumentos contrários à colaboração, Luiz Flávio Gomes (2010,


p.73) afirma que:

Na base da delação premiada está a traição. A lei, quando a concebe


está dizendo: seja um traidor e receba um prêmio. Nem sequer o
código dos criminosos admite a traição, por isso, é muito paradoxal

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e antiético que ela venha a ser valorada positivamente na legislação
dos homens de bem.

Nesse sentido, afirma os doutrinadores contrários que a existência da


colaboração rompe com a unicidade do ordenamento jurídico, vez que não é
concebível a concessão de benesses ao infrator, pois cria uma diferença no
tratamento dos criminosos que compactuam do mesmo crime.
É repudiada a ideia de que o Estado promova e estimule a conduta de delatar,
pois ofende a ordem legal, promovendo o rompimento da norma ao inserir um
elemento alheio a todo o sistema, por ser mais que uma exceção à regra, mas um
atentado à homogeneidade do Direito. Em relação à obtenção da prova e sua
valoração, argumenta-se que não se podem conferir créditos às obtidas por meio da
colaboração, já que o delator ao prestar as informações, mediante seu depoimento
à autoridade judicial ou policial, pode omitir fatos relevantes sobre o que realmente
aconteceu, de modo a beneficiá-lo e prejudicar outros.
Como Corrobora Carvalho e Coutinho (2006 ) ao alegarem que:

Quanto à validade da prova obtida pela colaboração, argumenta-se


que ela deve ser verificada, para se puder dar alguma credibilidade
[...] tal prova constitui-se em meia-verdade, imposta pelo delator,
visto que este pode deixar de fora fatos, e principalmente, pessoas
que não interessa delatar, seja por seu interesse ou de terceiros,
restando ferida a isonomia constitucional.

Portanto, dentre outros motivos, o instituto da colaboração premiada é visto


como inconstitucional e desonesta não podendo existir no ordenamento jurídico,
devido a ser o Direito pautado nos princípios sociais, não podendo ser contraditório
e infringi-lo.

2.1.2 Entendimento dos Doutrinadores Favoráveis

No combate ao crime organizado, a colaboração premiada demonstra tal


eficácia com a colheita de informações precisas, investigações sigilosas, com a
consequente obtenção de provas válidas para, juntamente com outros elementos
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probatórios, sustentar o processamento da ação penal e a devida punição, livrando
a sociedade da incidência dos delitos especializados. Isso porque, ao conhecer a
estrutura e atuação das organizações criminosas, que a cada dia, aperfeiçoam suas
práticas e internacionalizam-se, torna-se mais fácil desestruturá-las impossibilitando
a continuidade das atividades delituosas.
Enrico Altavilla (2006) é um dos que admite a força incriminadora da colaboração
premiada lembra que não é a simples denúncia ou afirmação que dará prêmios ao
colaborador, mas a narração completa que informa a participação dos outros
envolvidos.
Dessa forma, a colaboração não garante benefícios a informações falsas, elas
têm que ser comprovadas, efetivas, por isso será averiguada nas investigações e se
forem falsas, serão desconsideradas. A validade será examinada em conjunto com
outras provas existentes no processo, não sendo considerada de forma única, como
disciplinou o Supremo Tribunal Federal.

PROVA – COLABORAÇÃO - VALIDADE. Mostra-se fundamentado o


provimento judicial quando há referência a depoimentos que
respaldam colaboração de co-réus. Se de um lado a colaboração, de
forma isolada não respalda condenação, de outro serve ao
convencimento quando contemporânea com as demais provas
coligidas. (HC 75.226/MS, Rel. Min. MARCO AURÉLIO).

Assim a colaboração premiada é um instrumento da persecução criminal e seu


valor probatório, ganha legitimidade, pois nenhuma prova é absoluta além disso, na
sistemática processual, auxilia na busca da verdade real, permitindo que a
persecução penal seja efetiva, prevalecendo à justiça sobre qualquer argumento.
Quanto ao caráter aético, à colaboração pode ser vista como um meio do
colaborador se redimir perante a sociedade ou diminuir os efeitos de seus atos
delitivos praticados.
Como entende Teixeira (2005, p.359) ao aludir que:

Antes de se dizer que a conduta do delator é antiética, o agente que


se dispõe a colaborar com, mas investigações assume uma postura
ética diferenciada de respeito aos valores sociais, demonstrando
assim, uma personalidade capaz de se envolver pelos valores das
normas jurídicas que imperam no meio social, ou seja com a atitude
de colaborar com a justiça, tem-se uma considerável diminuição de

9
sua periculosidade, pois se reduz a probabilidade de que o agente
venha a cometer outros fatos socialmente danosos.

2.2 A COLABORAÇÃO PREMIADA COM O PERDAO JUDICIAL

Não existe perdão extrajudicial, só judicial. A Lei nº 12.850/2013, que dispõe


sobre a investigação criminal e os meios de obtenção da prova, preceitua no seu
art. 4º caput textualmente que “o juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o
perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou
substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e
voluntariamente com a investigação e com o processo criminal”.
Conforme prescreve o artigo 4º da Lei 12.850/2013:

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão


judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade
ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados: I - a identificação dos demais coautores e
partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles
praticadas; II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de
tarefas da organização criminosa; III - a prevenção de infrações
penais decorrentes das atividades da organização criminosa; IV - a
recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações
penais praticadas pela organização criminosa; V – a localização de
eventual vítima com a sua integridade física preservada.

O texto da lei confere ao juiz o poder de decidir sobre a concessão do perdão


judicial ou reduzir em até 2/3 (dois terços) da pena aplicada, afastando assim, a tese
do perdão extrajudicial, aquele celebrado antes da ação penal entre o representante
do Ministério Público e o colaborador, não há imutabilidade nesse acordo.
Podemos dizer que o perdão judicial é o instituto pelo qual se deixa de se aplicar
a pena ao autor de fato criminoso. Ocorre que, sabiamente, não cuida a legislação de
conceituar o perdão judicial.
A doutrina pátria nos auxilia, conforme o conceitua Romeiro:

O perdão judicial (...) pode ser definido como o instituto jurídico pelo
qual o juiz, reconhecendo a existência de todos os elementos para
10
condenar o acusado, não o faz, declarando-o não passível de pena,
atendendo a que, agindo por essa forma, evita um mal injusto, por
desnecessário, e o acusado não tornará a delinquir. (ROMEIRO, 1978,
p.153-154).

Sobre o perdão judicial cabe ainda suscitar que este instituto é motivo de
inúmeras discussões acerca de sua natureza jurídica, vez que, alguns doutrinadores
julgam que a sentença que dele decorre tem caráter condenatório,

Á sentença que concede o perdão judicial é condenatória, uma vez que só se


perdoa a quem errou. O juiz deve, antes de conceder o perdão judicial, verificar se há
prova do fato e da autoria, se há causa excludente da ilicitude e da culpabilidade, para,
só então, condenar o réu e deixar de aplicar a pena concedendo o perdão. enquanto
outros a julgam declaratórios. Mas nos termos do entendimento do STJ tal instituto
tem natureza declaratória da extinção da punibilidade. Súmula nº 18 STJ. A sentença
concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
subsistindo qualquer efeito condenatório.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

11
Como demonstrado o presente artigo fez uma abordagem ao instituto da
colaboração premiada técnica especial de enfrentamento das organizações
criminosas está presente no ordenamento jurídico pátrio brasileiro desde 1990, tendo
sua primeira previsão legal na lei nº 8.072/1990, a lei dos crimes hediondos.
Estudando o instituto da colaboração premiada, com base na Lei 12.850/2013.
Pelo exposto, tem-se que ao reintroduzir o instituto da colaboração premiada no
ordenamento jurídico brasileiro, o legislador buscou uma alternativa para conter os
avanços da criminalidade organizada, que cresce e se fortalece a cada dia no seio da
sociedade, seja por formas discriminatórias, pela situação de desigualdades sociais,
seja como uma maneira de macular a ordem estatal e obter vantagens a partir dos
ilícitos. também foi visto os entendimentos dos doutrinadores contrários e favoráveis.
é clara, e até mesmo esperada, a diversidade de opiniões doutrinárias acerca da
estrutura da lei, de sua legalidade e até mesmo de sua constitucionalidade.
O presente trabalho tratou do instituto jurídico da colaboração premiada como
perdão judicial e pode-se, no decorrer deste estudo, analisar a relação entre a
Colaboração Premiada e o Perdão Judicial. Primeiramente apresentou-se a
colaboração premiada na nova lei do crime organizado, entendimento doutrinários
acerca da colaboração premiada, correlacionando a colaboração premiada com o
perdão judicial.
Podemos dizer que a colaboração é uma via de mão dupla: de um lado aquele
que colaborou ganhará benefícios na aplicação da sua pena ou até mesmo o perdão
judicial, de outro lado, o Estado terá, informações que auxiliará na obtenção de provas
e indícios. Espera-se com resultados deste estudo contribuir para ampliar o
conhecimento da sociedade sobre esse assunto.

REFERÊNCIAS

12
ALTAVILLA, Enrico. La psicologia giudiziaria, in: GUIDI, José Alexandre Marson.
Colaboração Premiada no combate ao crime organizado. Franca: Lemos & Cruz:
2006. p. 128.

AZEVEDO, David Teixeira de. A colaboração premiada num direito ético. In:
FRANCO, Alberto Silva. Crimes Hediondos. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.

CARVALHO, Edward Rocha; COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Acordos de


colaboração premiada e o conteúdo ético mínimo do Estado. Revista de Estudos
Criminais, Porto Alegre: Fonte do Direito, ano VI, n. 22, 75-84, 01 jun. 2017.

Código penal brasileiro Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/del2848compilado.htm
Acesso em: 10 de Abril de 2017.

DELAÇÃO Premiada Como Instituto De Perdão Judicial.


Disponível em: <http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14178> Acesso em 04
março 2017.

Delação Premiada e a sua colaboração para a Lava Jato disponível em:

https://jus.com.br/artigos/56836/delacao-premiada-e-a-sua-colaboracao-para-a-lava-
jato Acesso em 27/11/2019

A Delação Premiada na Nova Lei do Crime Organizado - Lei nº 12.850/2013

Disponível em: <https://silvamaura.jusbrasil.com.br/artigos/273325253/a-delacao-


premiada-na-nova-lei-do-crime-organizado-lei-n-12850-2013> Acesso em 27/11/2019

13
Delação premiada como instituto de perdão judicial disponível em:

<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/delacao-premiada-como-
instituto-de-perdao-judicial/> Acesso em 27/11/2019

GOMES, Luiz Flávio. Seja um traidor e ganhe um prêmio. Folha de São Paulo, São
Paulo, 12 nov. 1994. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/12/painel/3.html.>
Acessado em: 01 jun 2017.

GARCIA, Roberto Soares. Colaboração Premiada: ética e moral às favas. Boletim


IBCCRIM, São Paulo, ano 13, nº. 159, maio 2017.

A importância do instituto da colaboração premiada disponivel em:


<
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Criminal/Investigacao_Criminal/Artigos_e_
Noticias/Colaboracao_Premiada/14%20-
%20A%20import%C3%A2ncia%20do%20Instituto%20da%20Dela%C3%A7%C3%A
3o_Ynhoene%20Ferreira.pdf > Acesso em 01/jun2017
ROMEIRO, Jorge Alberto. Elementos de direito penal e processo penal. São Paulo:
Saraiva, 1978.
O instituto da delação premiada no ordenamento jurídico brasileiro diponivel em:
<https://blog.grancursosonline.com.br/palavra-de-quem-entende-o-instituto-da-
delacao-premiada-no-ordenamento-juridico-brasileiro/> Acesso em 27/11/2019

https://jus.com.br/artigos/56836/delacao-premiada-e-a-sua-colaboracao-para-a-lava-
jato

https://jus.com.br/artigos/45475/a-delacao-premiada-na-nova-lei-do-crime-
organizado-lei-n-12-850-2013 Acessado em: 01 jun 2017.

14
Disponível:
file:///C:/Users/user/Downloads/2013_Direito_Publico_Andrey_delacao_premiada.pdf
Acessado em: 02 nov 2019.

Disponível: https://correio-forense.jusbrasil.com.br/noticias/476173047/delacao-
premiada-o-perdao-judicial-e-prerrogativa-do-juiz-e-nao-do-ministerio-publico
Acessado em: 02 nov 2019

Disponível:
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/Pet7.074QOvotoMCM.pdf
Acessado em: 02 nov 2019.

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