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marialopespiano@gmail.com , atelles@uevora.pt
ABSTRACT
This article focuses on the pianists´, from secondary education, individual study, when prioritization
becomes relevant and indispensable for the progress of the pianist. The research question to be answered is:
Given an extensive program, how do pianists organize their study and make decisions about what is a
priority? Based on the authors' experience, it is concluded that one of the possible answers lies in the lack
of identification of the priority elements in the study planning. Moreover, reports by other authors add that
by analysing the process of the pianists´ individual study, it is possible to achieve more answers to the
research question presented.
Este artigo foca-se no processo de estudo de pianistas, a partir do ensino secundário, quando a
prioritização se torna relevante e indispensável para o progresso do pianista. A questão de
investigação que se pretende responder é: Diante de um programa extenso, como é que os
pianistas organizam o seu estudo e tomam decisões sobre o que é prioritário? Com base na
experiência dos autores conclui-se que uma das respostas possíveis se encontra na indefinição da
identificação dos elementos prioritários na planificação do estudo. Além disso, relatos de outros
autores acrescentam que através da análise do processo do estudo do piano obtêm-se mais
respostas para a questão de investigação que apresentamos.
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pianistas experientes. A segunda secção demonstra as pesquisas de outros autores e
através destas formula hipóteses para a questão de investigação.
Figura 1: Programa mínimo para o 8º Grau no Conservatório de Música de Viseu Dr. José de
Azeredo Perdigão.
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Cada período letivo tem cerca de três a quatro meses sem interrupção
(portugal.gov.pt, junho 2019) tornando assim extremamente árdua a preparação do
repertório proposto nesse curto espaço de tempo. A estipulação de objetivos, juntamente
com o professor, atenuará a complexidade dos processos e aumentará a confiança e
motivação dos alunos (McPherson & Zimmerman, 2002). Na planificação e estipulação
de objetivos deve-se procurar a prioritização de objetivos de menor escala ao invés de
objetivos mais longíquos e difíceis de atingir (McPherson & Zimmerman, 2002). O termo
“recital” descreve o tipo de performance a solo, aparecendo pela primeira vez com Franz
Liszt (1811-1886) e também com Clara Schumann (1819-1896). No entanto, era bastante
comum, antes da época dos recitais , os concertos conterem repertório diversificado com
outros instrumentistas e música de câmara (Ge, 2017). A figura 2 apresenta um exemplo
de programa de recital do pianista e compositor Moritz Rosenthal (1862-1946), em
meados do século XX, com um programa extenso, variado e com alternações entre peças
pesadas e leves (Ge, 2017).
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Na secção que segue pretende-se responder à questão de investigação apresentada
anteriormente: Diante um programa extenso como é que os pianistas organizam o seu
estudo e tomam decisões sobre o que é prioritário?
2. Prática e Investigação
(...) it may be necessary to practice difficult passages hundreds of times and, once in a while,
up to 10,000 times before you can play the most difficult passages with ease. Now if you
were to practice a Beethoven Sonata at, say, half speed (you are just learning it), it would
take about an hour to play through. Therefore, repeating it 10,000 times would take 30
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years, or almost half a lifetime, if you had, say, one hour per day to practice and practiced
only this sonata 7 days a week.
Chang (2016) revela que no método de estudo usual dos pianistas existem cinco
fases: (1) Exercícios técnicos (nomeadamente escalas) de aproximadamente 30 minutos;
(2) Leitura à primeira-vista, lenta, com ambas as mãos de uma peça nova. O pianista
repete até soar razoável, e aumenta a velocidade gradualmente; (3) Após duas horas de
estudo, o cansaço revela-se e o pianista toca a peça a grandes velocidades desfrutando da
arte da música; (4) Quando a peça soar satisfatoriamente, o pianista tenta memorizá-la.
(5) No dia da performance o pianista toca o repertório o máximo de vezes possível à
velocidade final ou ainda mais rápido. Chang (2016) discorda com todas as fases
afirmando que o aluno não conseguirá evoluir após um determinado momento, devido
a este estudo repetitivo, mecânico e insconsciente, enquanto que o estudo deliberado e
mental é mais eficaz e evita o desperdício de tempo. Para Chang (2016) pianistas com boa
capacidade de memorização organizam o seu repertório de forma a criar uma imagem
mental para diminuir o risco de esquecimento. Estes pianistas observam a estruturação
dos temas musicais e como estes se desenrolam ao longo da peça. O estudo lento é
bastante eficaz para a memorização para apurar todos os detalhes e contornos da peça
(Chang, 2016).
According to his own testimony, Liszt sometimes practised for ten or twelve
hours a day, and much of this labour was expended on endurance exercises—
scales, arpeggios, trills, and repeated notes. He set great store by the absolute
independence of each finger. Every scale was practised with the fingering of
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every other scale (using, say, C-major fingering for F-sharp major, and D-flat
major fingering for C-major.) (Wallick, 2013, p.9-10).
(…) the more the piece is practiced the longer are the fragments selected for attention and
the shorter is the time assigned for each fragment (…) and observing our subject we may
say that what he has been doing is to prepare effective sub-routines of a more complex
programme which in turn will make him able to perform the musical composition at a
satisfactory level of proficiency.
Miklaszewski (1995) constata que um grande número de pianistas usam o seu tempo
ineficazmente devido a maus hábitos ou a um falso sentimento de insegurança. O autor
afirma que a maioria dos pianistas toca muito repertório romântico, sendo que o hábito
torna a linguagem deste repertório mais inteligível do que com o repertório de outras
eras. De forma a evitar o estudo repetitivo do repertório com que o pianista se sente
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confortável é prioritário o estudo do repertório com o que ele não se sente acomodado.
Assim, devem ser aplicados métodos de estudo eficazes e compenetrantes para uma
melhor gestão do tempo (Wallick, 2013).
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enquanto que na performance de andamentos rápidos o resultado provém da
automatização dos movimentos. Durante o estudo individual da pianista Gabriela Imreh,
a atenção foi dada às secções problemáticas do andamento fornecendo ao mesmo tempo
a intenção expressiva de cada momento. Chaffin (2002, p.342) explica a abordagem da
pianista:
During practice, attention is directed mainly toward problems. In performance, however,
problems must recede into the background so that musical expressiveness can take center
stage, both in mind of the performer and (as a result) in the aesthetic experience of the
audience. This transformation does not happen by magic but requires preparation.
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time and comparatively small investment of mentality”. Todavia, foi provado que através da
repetição e do practice o pianista aprende de uma forma que não é possivel por outra.
Josef Lhevinne (1874-1944), citado por Cooke (1999), pianista russo, acredita que as
escalas e exercícios técnicos são fundamentais como trabalho preliminar no estudo
porque garantem as bases do repertório mais avançado. Além disso, Lhevinne citado por
Cooke (1999) afirma que apesar de estes serem repetitivos, a dificuldade aumenta com o
desenvolvimento do aluno (mais rápidas, ritmos novos, mais variedades). O studying
implica um trabalho mental elevado, “it presupposes absolute accuracy in notes, time,
fingerings, etc., and implies the closest possible attention to those things which are generally,
through erroneously, regarded as lying outside of technique, such as tonal beauty, dynamic
shading, rhythmical matter, and the like” (Cooke, 1999, p.160-161). Complementando estas
duas formas de estudo é possível atingir os resultados pretendidos pelo pianista.
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Conclusão
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Referências
Chaffin, R., & Imreh, G. (2002). Practicing Perfection: Piano Performance as Expert
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Wallick, B. (2013). Piano Practice: Practice Routines and Techniques for Concert Pianists
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