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Maria João Lopes Outubro de 2019

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Mestrado em Ensino de Música


Disciplina de Didática Específica de Ensino Vocacional da Música III

A Importância da Música de Câmara na Didática


Específica para o Ensino Vocacional da Música.

Introdução:

A prática de música em conjunto é conotada, numa perspetiva comum, como


propulsionadora da aprendizagem técnica e musical. O ambiente de aprendizagem ensina aos
alunos competências especifícas relacionadas com o discurso, postura crítica, participação para
elevar a motivação e desempenho interpessoal. Encontra-se, de igual forma, a denominação de
aprendizagem cooperativa; Isabel Cochito (2004) afirma que esta aprendizagem poderá levar
ao sucesso escolar; maior assimilação e consciencalização dos conteúdos lecionados; e
extinção de preconceitos e estereótipos. Procura-se saber qual a relevância que a Música de
Câmara proporciona na didática específica para o ensino vocacional da música, através da
exploração de ideias convalidades de alguns autores, que procuraram respostas a este assunto.

Ideias de Autores:

A música de câmara procura a ativa participação, dentro de aula, de todos os alunos. O


aumento da participação, segundo Arends (2008), será possível com a diminuição do ritmo de
transmissão de conceitos. Arends (2008, p.432) sugere a estratégia “pensar, emparelhar,
partilhar”, que corresponde a uma aprendizagem cooperativa que permite folgar os alunos para
refletirem e agirem com prontidão e diligência.

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Segundo a literatura, a cooperação interpessoal é fundamental para a comunicação;
implantação de um ambiente favorável para a aprendizagem; e igualdade. Ideais democráticos,
meios sociais multiculturais com atribuições heterogéneas, devem ser acompanhados por
estratégias de ensino inclusivas que permitam as divergências entre alunos (Pinto, 2003).

São encontrados quatro conceitos-chave por Bruner (2000): ação; reflexão;


colaboração; e cultura. Cochito (2004, p.21) salienta que a aprendizagem humana deve ser
fundamentalmente “participativa, proactiva, comunitária, colaborativa e mais votada à
construção de significados do que à sua receção”.

Música de Câmara na Aprendizagem Instrumental

A aprendizagem do instrumento musical é habitualmente feita num formato individual,


com apenas um professor na aula. A Música de Câmara pretende a junção de indíviduos de
diversos instrumentos, na interpretação de repertório musical coletivo. Na agregação deste
grupo, segundo Gil (2017, p.45), o professor deve decompor conceitos como “respiração,
afinação, postura, qualidade de som (...), articulação, uniformidade de registos, vibrato”. Estes
conceitos tornam-se numa incumbência ao nível do saber do professor. O professor deve saber
reconhecer e retificar cada conceito de forma multifuncional e polivalente aos instrumentos
que encontra, mesmo que não sejam da sua área específica.

Ao invés da aprendizagem individual, a música de câmara possibilita a aquisição de


capacidades e conceitos, que não serão possíveis de adquirir sem coletividade. As vantagens
que a música de cámara acarreta são visíveis não só no melhoramento das competências
técnicas dos alunos mas, também, no desenvolvimento de capacidades cognitivas e de
socialização. Estas capacidades vão ao encontro de uma aprendizagem inclusiva e sem
preconceitos e estereótipos.

Conclusões

Indubitavelmente que a música de câmara é vantajosa para a aprendizagem musical, e


apesar de terem sido identificados os benefícios, procura-se ainda compreender quais as

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desvantagens que a música de câmara poderá trazer. Supõe-se, através de uma opinião pessoal,
que a música de câmara será um obstáculo para alunos com dificuldades em socializar,
conviver e interagir interpessoalmente. Não obstante, serão estas dificuldades possíveis de
ultrapassar nas aulas individuais? Será uma permanente preocupação a integração e junção de
alunos de música? A componente artística e de performance está abraçada no percurso da
Música, e estas despertam outras e novas habilidades igualmente importantes. Todavia, a
Música de Câmara torna-se trascendente e auxilia na preparação de docentes mais competentes,
versáteis e meticulosos.

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Referências

Arends, R. (2008) Aprender a Ensinar. Nova Iorque: McGraw-Hill.

Bruner, J. (2000) The Culture of Education. Canadian Journal of Education. [online]


Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/259791720_The_Culture_of_Education_by_Jerome
_Bruner (Último acesso a 28 de Outubro de 2019)

Cochito, M. I. G. S. (2004). Cooperação e Aprendizagem. Porto: ACIME – Alto


Comissariado para a Imigração e Minorias Éticas.

Gil, E. (2017) A Importância da Música de Câmara na Aprendizagem Individual do


Clarinete. (tese de mestrado não publicada) Universidade de Évora. [online] Disponível em:
http://rdpc.uevora.pt/handle/10174/21032 (Último acesso a 29 de Outubro de 2019)

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