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Ana Paula Oliveira Migliari/TV Brasil – EBC Especial Minas Faz Ciência (15)
Eventos (136)
Comecemos pelo romance Pilatos, de 1974. Como foi o processo de
Fala Ciência (4)
escrita do livro, tido pelo senhor como um de seus melhores
FAPEMIG (54)
trabalhos?
Finit (1)
O livro começou a ser escrito por volta de 1970. Eu tinha sido preso,
Inova Minas (1)
em prisão meio estúpida, por uns dez dias. Quando voltei, estava
empregado, trabalhando nas memórias de JK na Manchete. Tinha um Inovação (11)
ordenado, realmente. E havia cado muitos anos sem nenhuma fonte Jornalismo Cientí co (15)
de renda, mas, com a história de trabalhar nas memórias de
Juscelino, fazia colaborações não só para a Manchete, mas, também,
MicrouniVersos (14)
que a literatura não signi cava nada. Então, resolvi fazer o livro, uma Mulheres na ciência (8)
espécie de fala do trono, e, com o tempo, eu lavava as mãos. Daí o
Na mídia (69)
título de Pilatos. A obra era isso: o símbolo do ato de “lavar as mãos”.
Nota 7 Capes (9)
Retirei a epígrafe de [Paulo] Vanzolini: “E assim me rendi ante a força
dos fatos / Lavei minhas mãos como Pôncio Pilatos”. Não podia fazer Pint of Science (17)
nada contra a força dos fatos, a não ser lavar as mãos. Por isso, Podcast Ondas da Ciência
escrevi um livro completamente descompromissado de bom gosto, (340)
de moral, e da própria técnica literária, além de repleto de coisas
Prêmio CAPES de Tese (10)
absurdas. En m, z o livro. Uma farsa, praticamente. E o realizei,
quase todo, nos intervalos de meu trabalho. Fechei meu gabinete Prêmios (14)
para construí-lo, e dei aquele tom picaresco, bastante debochado. Tecnologias (20)
Não tive receio de me enveredar pelo caminho de Rabelais, Swift,
Três perguntas para (2)
meus modelos de literatura. Esqueci Machado de Assis, Sartre, e
Vida de pós-graduando (1)
entrei, mesmo, no terreno dos malditos: um pouco de Sade e muito
de Swift e Rabelais. Depois da publicação, percebi que o livro
continha, como pano de fundo, uma situação, uma época. Falo de
uma geração castrada. As personagens são todas marginais, vítimas –
e, até certo ponto, cúmplices – de tudo aquilo. Gostei do livro porque
é muito próprio. Acho que qualquer um poderia escrever minhas
outras obras, de modo melhor ou piro. Pilatos, só eu poderia fazer.
De tal maneira isso me satisfez, que pensei: “Bom, agora, não preciso
escrever mais nada”. E quei 21 anos sem dedicar-me à cção.
1964,
Pessach
REVISTA MINAS FAZ CIÊNCIA MFC INFANTIL CIÊNCIA NO AR
e
Pilatos,
de que
modo o
senhor
bebe na
“fonte
existen
cialista”
? Quais
os ecos
de
Sartre
nas
referida
s
person Adaptada – Foto: Ana Paula Oliveira Migliari/TV Brasil – EBC
agens
(conyny
anas), assim como em suas crônicas?
Na hora, muita gente fugiu. Todo mundo foi para debaixo da cama,
queimou seus livros. Os que puderam fugiram. Eu não era engajado,
não tinha partido, não conhecia ninguém, não sabia nem o nome das
pessoas. Até hoje, não sei por que agi daquele modo. Se você
perguntar o nome de três ministros, eu ainda não sei. Naquela época,
muito menos. Então, comecei a reclamar, em reação à chamada
massi cação, à bossalização de uma nação diante da bota militar.
Esse era o tom.
minasfazciencia.com.br/2018/01/17/carlos-heitor-cony-literatura-politica-e-condicao-humana/ 6/12
14/11/2019 Carlos Heitor Cony: literatura, política e condição humana
Não, não. O fato político não me interessa. Fiz minha obrigação como
REVISTA MINAS FAZ CIÊNCIA
jornalista. Ou seja, me manifestei, condenei, critiquei, debochei, fui
MFC INFANTIL CIÊNCIA NO AR
Que relação, na visão do senhor, há, deve haver, ou não, entre arte
e resistência política e/ou social? E como o senhor analisa a
literatura produzida nas décadas de 1960 e 1970 no Brasil?
Não
queria,
mesmo,
se
engajar
?
Tinha
repugn
ância
pelo
fato
Ana Paula Oliveira Migliari/TV Brasil – EBC político.
Mas,
em Pilatos, a referência política é direta. A própria castração da
personagem não simboliza a ausência de direitos dos cidadãos?
E são frágeis…
agradar. Não precisa cortejar o público, pois não existe para ser visto.
Sua vantagem? Ele tem todo o oceano. Sim, ele é o senhor dos
oceanos.
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14/11/2019 Carlos Heitor Cony: literatura, política e condição humana
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